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PÁSCOA: Ele vive!

: Morte
Morte na Cruz=humilhação, fraqueza (fragilidade), maldição (condenação/decadência),
sofrimento, desprezo (sem valor), reconciliação (no sangue/paz)  libertação do pecado (DE NÓS
MESMOS). A humilhação prescede a glória (morte e ressurreição)
TUDO ESTÁ CRUCIFICADO: o poder da cruz de Cristo sobre o desejo
nós e o mundo estamos crucificados
Textos: Gl. 5.16-26 e 6.12-16
Introdução
- Falar sobre a morte de Cristo como substituição e como ele é a nossa Páscoa.
- Citar Paul Tournier (Culpa e Graça) e falar sobre o que é desejo e morte
Como crianças, temos pequenos caprichos e sonhos ingênuos, como crianças; e pequenas
covardias que cobrimos sob uma capa de gracejos ou de respostas evasivas, porque não ousamos
nos mostrar tais como somos. Assim como tememos os nossos sonhos, tememos também a Bíblia,
mesmo que a amemos muito, porque ela penetra no nosso íntimo como o raio X no nosso corpo:
"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes,
e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os
pensamentos e propósitos do coração " (Hb 4:12).
O que nos humilha não é somente o que descobrimos em nós mesmos mas, mais ainda, a nossa
impotência de fazer uma unificação, de apagar esta dualidade entre o nosso ser escondido e o
nosso ser aparente. Nisto não existe uma culpa no sentido moralista do termo, mas no seu sentido
existencialista: uma culpa em relação a si mesmo, que todo homem sente confusamente porque
existem nele forças obscuras, impulsos e inibições que nem a sua vontade, nem a sua inteligência,
nem a sua ciência podem dominar.
- O que é desejo? O que é morte? Como a morte de Cristo molda/forma os nossos desejos?
Desejo é a expressão daquilo que você é, é como você se realiza no mundo. As pessoas realizam-
se a partir de si mesmos através do alcance dos seus desejos no mundo. O ser humano realiza-se
no mundo. Ela não é direta, mas indireta, ela passa pela imitação de alguém, ou seja, não
desejamos algo simplesmente, mas desejamos aquilo eu outro já desejou e isto nos atrai, nos
impulsiona.
A morte: A morte é uma ruptura, de alguma forma é o fim. Todos os homens estão destinados a
mais cedo ou mais tarde morrerem. É algo inescapável. (algum poema ou trecho filosófico sobre a
morte). Ela é a maldição de Deus para o pecado do homem. Mas foi por meio dela que Deus realizou
sua maior benção, a salvação.
Quem eu sou? (identidade)  O que eu mais desejo?  Hábitos (liturgia)

O que você mais deseja? O que você quer? Jesus perguntava isto as pessoas.

Leitura:

“E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências (Gl. 5.24). Mas longe
esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado
para mim e eu para o mundo (Gl. 6.14).” Para o apóstolo Paulo, Cristo é tudo, ora, se Ele é tudo, tudo o
mais está crucificado (Cf. 2.20 e 3.1-Estou crucificado c/Cristo, que me amou e se entregou por mim, este
foi exposto).
5.16-26 (v.24) 6:12-16 (v.14)
(V.16,17,18) Tenham um estilo de vida espiritual (tenham (VV.12-13) – A prática da lei para estes era uma
bons hábitos/comportamentos - “andai pelo Espírito”) e desculpa para o orgulho e para evitar a perseguição por
assim não sentirão falta (ou realizarão?) dos maus desejos causa de Cristo. Nem os judeus são capazes de
(vícios – “desejos da carne”). Um conflito interno de desejos guardarem toda a lei, mas queriam que os gentios a
(cobiça) faz com que não façamos o que queremos (carne x guardassem para se orgulharem na carne deles.
Espírito). Mas os guiados pelo Espírito não estão debaixo da
condenação (lei).
Carne: limitação e mortalidade humana, inclinação ao pecado
(VV.19,20,21) – obras da carne (vícios-contrários ao amor a
Deus e ao próximo)  praticantes não herdarão o reino de
Deus. Oposição a lei de Deus.
(VV.22-23) – fruto do Espírito (virtudes-amor a Deus e ao
próximo)  não há necessidade de decretar uma lei, pois a
lei foi acrescentada devido as transgressões (“contra essas
coisas não existe lei”). Gl. 6.2- Cumprir a lei de Cristo é
suportar o peso uns dos outros, o que é exemplo
particular de amor ao próximo, que cumpre a lei. Isto é
andar em Espírito.
As obras da Lei sem a capacitação de Deus são obras
da carne (humanas).
(V.24)-E os que são de Cristo crucificaram a carne com as Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz
suas paixões (aquilo nos afeta) e concupiscências (forte de nosso Senhor Jesus Cristo, (Gl. 6.14a) pela qual (a
desejo, bom ou mau). cruz de nosso Senhor) o mundo está crucificado para
Os que pertencem (como propriedade) a Cristo estavam com mim e eu para o mundo (Gl. 6.14b).
Ele em sua morte, e agora estão completamente mortos p/ Para os gregos e romanos a circuncisão era uma
o pecado (c/ as paixões e desejos). mutilação, mas não se comparava a morte vergonhosa
Basílio de Cesaréia (SOBRE O BATISMO 1.15). A nossa carne e dolorosa da cruz. Paulo se gloria em algo muito mais
morreu na cruz na fé e no batismo da água (e do Espírito) para os grave e cruel que a circuncisão, a crucificação, assim ele
desejos terrenos degradantes, de modo semelhante a Cristo. Em não tem medo da perseguição.
Cristo há um novo ser que primeiro precisou morrer. EPÍPHANIUS: O farisaísmo procura uma autoglorificação pelo próprio
Se aqueles que são de Cristo crucificaram a carne, fica claro que os
trabalho e atividade (1) assim como ser aceito por Deus
escravos de Cristo apresentaram sua carne em pureza juntamente
com seus desejos e paixões. Eles estão participando de Cristo,
pela autojustificação (2). (poder x fraqueza ou domínio
reconhecendo assim que ele crucificou a carne. É por isso que os x serviço).
fiéis, pensando os mesmos pensamentos de seu Senhor, A cruz de Cristo de confiança em si mesmo, mas
crucificaram a carne. (...). PANARIÃO 42.12.3, SÉTIMA REFUTAÇÃO dependência da graça de Deus.
DE MARCIÃO O mundo é tudo que está em inimizade com Deus
Crisóstomo: Que tipo de pessoa é aquele que tem crucificado (pecado).
a carne? "E quem é assim?" Benfeitoras. Carne = más obras. Isto não A expressão “o mundo” representa nessa
quer dizer que destruíram a carne; (Como eles iriam viver? O que passagem tudo aquilo em que o homem deseja se
ele quer dizer é discipulado estrito (radical). Mesmo se os desejos “gloriar”, isto é, naquilo em que, num sentido
insistirem, eles se enfurecerão em vão (ou seja meus maus e antigos religiosos, iria supor ser capaz de depender.
desejos devem se tornar impotentes). Uma vez que o poder do Todas estas coisas foram crucificadas de uma vez
Espírito é tal, vivamos de acordo com ele e nos contentemos com por todas em Cristo. Tudo foi considerado
isso (HOMILIA AOS GALÁTAS 5.24). inadequado, inútil para o orgulho, passou a ver
visto como um poder que ameaçava o homem.
Só é possível lutarmos contra nossos desejos maus ao
imitarmos a Cristo (nos identificando com Ele) e ao assim Agora, de fato [a cruz] parece ser uma coisa
fazermos o Espírito neutraliza/aniquila a potência da carne, repreensível, mas apenas para o mundo e para os
não como ascetismo, mas como descanso na obra de Cristo. incrédulos. No céu e para os crentes é a mais alta glória.
Nestas passagens não descemos ou Pois a pobreza também é repreensível, mas é uma
ressuscitamos ainda, pelo contrário estamos unidos a causa de orgulho para nós. Muitos zombam da
Cristo em sua cruz, temos comunhão em sua morte. Eu simplicidade, mas somos disciplinados por ela. Desta
também estou suspenso naquela cruz até que Ele volte!!
O caminho para a glória da ressurreição passa pelo forma, a cruz ironicamente é também uma causa de
sofrimento da cruz, por uma crescente conformidade ostentação para nós. (...). Mas o que é isso se gabar na
com a morte de Cristo. No presente o poder da cruz? Que em meu nome Cristo assumiu a forma de um
ressurreição sempre é experimentado nas nossas escravo e sofreu o que sofreu por conta de mim o
fraquezas. O Espírito que dá a vida também traz a marca escravo, o inimigo, o ingrato (Crisóstomo em sua
da cruz. HOMILIA AOS GALÁTAS 6.14).

O modelo espiritual foi o ato de Cristo na cruz. O O mundo morto para mim e eu para o mundo. Por
corpo de Cristo (a igreja) só podia funcionar como tal, se “mundo” ele não significa céu nem terra, mas os
as palavras e ações expressassem o a graça de Cristo
assuntos da vida, louvor humano, posições distintas,
na cruz, a serviço de Deus e em benefício dos outros (s/
reputação, riqueza e todas as coisas que têm uma
egoísmo).
demonstração de esplendor. Todas essas coisas estão
mortas para mim. Tal deveria ser o caso de todos os
Por que existe violência? Porque o desejo do homem faz com cristãos. Nem ele está satisfeito apenas com o antigo
que ele faça tudo em nome de sua satisfação. Todo objeto modo comum de morrer, mas também introduz outro
de desejo e sua realização enquanto pessoa. tipo de morte: morrer para o próprio mundo
(Crisóstomo em sua HOMILIA AOS GALÁTAS 6.14).

Foi essa escravidão do pecado que a cruz e a


morte de Cristo destruíram. Não estamos mais
sujeitos ao seu poder, mas ao de Deus
(obediência). Ao morrermos com Cristo
escapamos do pecado e da lei.
Ele foi crucificado para o mundo: quando Cristo foi
crucificado, os seus foram retirados do mundo
como poder que exercia domínio e fascínio sobre
eles. No meio encontra-se a cruz, que tirou a Igreja
do mundo e o mundo tornou-se sem valor para a
Igreja. Fora de Cristo estávamos sob a ira de Deus
e a maldição da lei. A igreja escapou do modo de
existência do pecado.
(VV. 25-26) – Sejamos coerentes e honestos conosco, se (VV.15-16) - Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão,
temos uma vida dada pelo Espírito, tenhamos um estilo de nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser
vida espiritual também (se vivemos [...], andemos também uma nova criatura. E a todos quantos andarem
[...] em Espírito). O Espírito cria e mantem quem nós somos e conforme esta regra (qual?), paz e misericórdia sobre
por isso nossa conduta para fazer o bem. eles e sobre o Israel de Deus.
Não nos tornemos orgulhosos/arrogantes (“cobiçosos de
vanglórias”). Como? Na participação do Cristo crucificado inicia-se a nova
- Competindo (irritando-nos/provocando-nos/chamando ou criação
estimulando a disputa) uns aos outros  Brigando pelo que
os outros tem. A cruz de Cristo liberta do pecado. Somos
- Invejando-nos uns aos outros  moldados e afetados pelas cruz. Ela é essencial
para a a vida cristã. A morte de Cristo é o princípio,
Cruz=Coerência e humildade (“esvaziar o desejo”), serviço
meio e fim da salvação e da nova vida em Cristo
A harmonia e paz com Deus deve ser expressa uns com os nesta vida. Tira o homem do domínio do pecado e
outros. o reconcilia com Deus, MAS Antes de compartilhar
a ressurreição da vida em plenitude, precisamos
primeiro passar pela sombra da cruz, que continua
em nossa vida.

APLICAÇÃO APLICAÇÃO

O mundo crucificado através de Cristo desde que ele sofreu por todos. (Marius Victorinus)
Participação, incorporação, inclusão, pertencimento ao corpo de Cristo. A participação em Cristo
sempre incluía a participação na sua morte. Cristo habitando no crente

O mundo é considerado um poder que invade a vida dos fiéis onde não tem nenhuma autoridade
para fazê-lo. Há uma relação entre a crucificação de Cristo, a de Paulo e a do mundo. O poder que
o mundo outrora exercia sobre ele foi rompido. Paulo agora participa de uma nova criação que
existe graças à crucificação, na qual a autoridade e o domínio do mundo foram destruídos.

A cruz é a referência fundamental da fé (imóvel). É o início da fé e é para lá que voltamos


para nos fortalecermos em Cristo em nossas fraquezas. Pela participação em Cristo, o fiel
compartilha seus sofrimentos e sua morte. Nós os fieis permanecemos aqui, dedicados ao Cristo
crucificado, em meio a um mundo sofredor. A cruz é a imagem da nossa vida (cristã) neste mundo,
exatamente como é a esperança além deste mundo.

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