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Capítulo 5 SISTEMA EM POR UNIDADE

Sumário
5.1 Introdução
5.2 Sistema PU em Transformadores Monofásicos
5.3 Mudança de Base
5.4 Sistema PU em Circuitos Trifásicos Equilibrados
5.5 Sistema PU em Transformadores Trifásicos
5.6 Transformadores com Relação de Transformação Fora
do Nominal
5.7 Transformadores em Paralelo
5.8 Considerações Finais
5.1 Introdução

Em muitas aplicações na engenharia é útil escalar, ou normalizar,


quantidades com dimensão tornando-as adimensionais. Vários
componentes físicos do sistema têm diferentes valores nominais.
Torna-se conveniente, portanto, obter a representação do sistema com
uma base comum.

O sistema por unidade permite uma pronta combinação dos elementos


de circuito de um sistema, em que estão presentes diferentes níveis
de tensão, sem a necessidade de converter impedâncias cada vez que
se deseja uma resposta em um diferente nível de tensão.

Quando um equipamento elétrico, por exemplo, uma máquina elétrica


ou um transformador, é analisado usando as grandezas exatas ou
dimensionais de seus parâmetros, não fica imediatamente evidente o
seu desempenho quando comparado a seu similar projetado para
diferente tensão e potência nominal. Entretanto, se tais parâmetros
forem expressos em relação a valores de base pré-especificados, e
em geral aos valores nominais do próprio equipamento, as
comparações entre equipamentos de mesma natureza podem ser
estabelecidas. Por exemplo, quando é dito que o enrolamento primário
de um transformador é 10Ω, este valor de resistência pode ser muito
alto para um transformador ou muito baixo para um outro
transformador. No entanto, se é dito que a resistência de primário é
0,1pu, significa que a queda de tensão na resistência para a corrente
nominal será de 10% da tensão nominal. Este resultado tem
significado independente da tensão e correntes nominais do
transformador.

Historicamente, nos Sistemas Elétricos de Potência a normalização


das grandezas do sistema foi adotada para simplificar os cálculos
numéricos. O uso de computadores digitais embora tenha resolvido o
problema com o volume de cálculos não fez cair a representação do
sistema ‘por unidade’.

Uma grandeza expressa em pu (por unidade) é definida como:


5-3

Valor Dimensional
p.u. = (5.1)
Valor Base

O valor dimensional refere-se ao valor real da grandeza. Este valor


real depende das condições operacionais. O valor de base tem a
mesma dimensão do valor dimensional.

Características do sistema pu:

Š Grandeza adimensional.
Š Valor dimensional pode ser complexo.
Š Valor base é sempre um número real.
Š Ângulo da grandeza complexa não é normalizado.

Vantagens do Sistema Por Unidade - PU

ƒ Normaliza ou referencia as grandezas com dimensão.


ƒ Os equipamentos podem variar largamente em tamanho e suas
perdas e queda de tensão também variarão consideravelmente.
Porém, para equipamentos de mesma natureza, as perdas e queda
de tensão em pu estão na mesma ordem de grandeza
independente do tamanho do equipamento.
ƒ Torna possível a comparação de desempenho entre equipamentos.
ƒ Os parâmetros dos equipamentos expressos em pu tendem a
situar-se em uma faixa estreita de valores, tornando os erros mais
evidentes.
ƒ Elimina os enrolamentos de um transformador ideal quando a
relação entre as tensões de base é igual à relação entre as tensões
nominais dos enrolamentos de primário e secundário.
ƒ O uso do fator √3 é eliminado nas relações entre tensão de linha e
de fase, e na definição de potência trifásica.
ƒ O fator 3 é eliminado na equivalência de cargas em Y e Δ, e na
relação entre potência trifásica e monofásica.
ƒ O circuito trifásico é analisado como um circuito monofásico.

Nos sistemas elétricos de potência para expressar os parâmetros de


um equipamento em valores normalizados ou em pu, os valores de
referência ou valores de base devem ser inicialmente selecionados.

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5-4

Na escolha dos valores de base, os valores nominais do equipamento


são normalmente escolhidos como referência. Com base na relação
|S| = |V|.|I|, não importa se para valores de base são selecionadas
tensão nominal e corrente nominal, ou tensão nominal e potência
nominal, ou corrente nominal e potência nominal. Uma vez escolhidos
dois valores de base, os demais serão determinados em função dos
dois primeiros.

É comum ter como valores de base a tensão nominal em kV e a


potência aparente nominal em kVA ou MVA, por serem estas duas
grandezas, na sua grande maioria, disponibilizadas pelos fabricantes
de equipamentos ao usuário.

Os sistemas de transmissão e várias partes do sistema de distribuição


operam com tensões em nível de quilo volts (kV). Isto resulta em
grandes quantidades de potência sendo transmitida, na faixa entre
kVA e MVA. Por isso, é interessante tomar como valores de base
grandezas elétricas com grandes valores.

Em se tratando de um sistema, com diversos equipamentos de


diferentes valores nominais, os valores de base podem ser
selecionados arbitrariamente.

— A tensão Vb pode ser selecionada “arbitrariamente”, mas em geral


coincide com o valor nominal de um dos lados, primário ou
secundário, de um transformador que compõe o sistema. Ex.:
13,8kV, 69kV, 138kV, 230kV, etc.

— A potência aparente de base, Sb, é escolhida arbitrariamente, e em


geral com um valor múltiplo de 10. Ex.: 1MVA, 10 MVA, 100 MVA.

Se Vb e Sb são tensão e potência de base, a corrente e impedância de


base são obtidas, respectivamente, por:

S
Ib = b (5.2)
Vb
e

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5-5

Vb Vb2
Zb = = (5.3)
Ib Sb

A impedância em pu é dada por:

Z R ± jX R X
Zpu = = = ±j (5.4)
Zb Zb Zb Zb

Portanto, a resistência em pu é a relação entre resistência e


impedância de base, e a reatância em pu é definida pela relação entre
reatância e impedância de base. Vale lembrar que a impedância de
base é uma grandeza real, portanto trata da magnitude da impedância.

A potência complexa em pu é definida como:

S P ± jQ P Q
S pu = = = ±j (5.5)
Sb Sb Sb Sb

em que Sb é uma potência aparente.

Note que a relação 5.4 e 5.5 não alteram o ângulo de fase da


grandeza complexa.

Problema 5.1

Considere uma fonte senoidal monofásica de 100 V em série com um


resistor de 3 Ω, um indutor de 8 Ω e um capacitor de 4 Ω.
a) Desenhe o diagrama unifilar do circuito representando suas
grandezas V e Z.
b) Para valores de base Vb=100 V e Sb=500 VA, represente o circuito
equivalente monofásico do item (a) em pu.
c) Qual a potência em cada componente do circuito?
d) A partir dos valores em pu, obtenha as grandezas reais do circuito.

Problema 5.2

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5-6

Uma carga consome 2 A a um fator de potência de 0,9 capacitivo


quando conectada a uma fonte de 600V, 60Hz. Determine as
grandezas atuais e em pu, V, I, S e Z, da carga para valores de base
de 100 V e 1000 VA.

5.2 Sistema PU em Transformadores Monofásicos

Para cada lado do transformador existe uma tensão de base, tensão


de base de primário V1b e tensão de base de secundário V2b.

As tensões de base entre primário e secundário, V1b/V2b, obedecem a


relação de transformação do transformador, V1,Nom/V2,Nom.

A potência aparente de base é a mesma para os dois lados do


transformador.

V1 V2 V1 V2

N1 N2 a : 1

Figura 5.1: Relação de Transformação em Transformador Monofásico.

A grandeza “a“ representa a relação de transformação entre tensão de


primário e tensão de secundário representadas pelos sub-índices 1 e 2
respectivamente1.

A tensão em pu é dada por:

1
Observe que se “a” é a relação entre tensão de primário e secundário, para a>1 tem-se um transformador
abaixador e para a<1 tem-se um transformador elevador. Há autores que expressam a relação de
transformação de um trafo como sendo tensão de secundário pela tensão de primário. Neste caso, a>1 trata-se
de trafo elevador e a<1 trafo abaixador.

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5-7

V1
V1pu =
V1b
aV2 (5.6)
=
aV2 b

Portanto
V1pu = V2pu (5.7)

Como visto no Capítulo 4, a impedância ôhmica de um transformador


pode ser referenciada quer ao primário, quer ao secundário.

Figura 5.2 Circuito Equivalente Monofásico.

Quando a impedância é referida ao lado do secundário, tem-se:

1
R2,eq = R2 + 2
⋅ R1 (5.8)
a
e
1
X 2,eq = X 2 + 2
⋅ X1 (5.9)
a

De modo semelhante, quando a impedância é referida ao lado do


primário tem-se:
R1,eq = R1 + a ⋅ R2
2
(5.10)
e
X 1,eq = X 1 + a ⋅ X 2
2
(5.11)

É também possível calcular a impedância equivalente do primário


refletida no secundário como se segue:

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5-8

R2,eq + jX 2,eq =
1
2 (R 1,eq + jX 1,eq )
a

=
a
1
2 ( R1 + a R2 + jX 1 + j a X 2
2 2
)
(5.12)
⎛ 1 ⎞ ⎛ 1 ⎞
= ⎜ R2 + 2 R1 ⎟ + j ⎜ X 2 + 2 X1 ⎟
⎜ a ⎟ ⎜ a ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠

De modo semelhante, a impedância equivalente do secundário vista


do primário é expressa como:

R1,eq + jX 1,eq = a
2
(R 2,eq + jX 2,eq ) (5.13)

Pode-se então observar que a impedância equivalente de primário


está relacionada com a impedância equivalente de secundário pela
magnitude da relação de transformação ao quadrado.

Para expressar a impedância de um transformador em p.u. é


necessário calcular as impedâncias de base do transformador.

Como regra, toma-se para potência aparente de base a potência


aparente nominal do transformador. As tensões de base podem ser
também as tensões nominais. Portanto, duas impedâncias de base
serão calculadas: uma para o lado primário e outra para o secundário.

V12b
Z1b = (5.14)
Sb
e
V22b
Z2b = (5.15)
Sb

A relação entre as Eq.5.14 e 5.15 resulta em:

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5-9

V1b2 2
Z1b S ⎛V ⎞
= 2 b = ⎜ 1b ⎟ = a
2

Z 2b V2b ⎝ V2b ⎠
Sb

Z1b = a ⋅ Z 2b
2
(5.16)

As impedâncias em p.u. são calculadas dividindo-se a impedância


equivalente do lado primário, Z1eq, e do lado secundário, Z2eq, pelas
respectivas impedâncias de base, Z1b e Z2b.

Z1,eq
Z1p.u. = (5.17)
Z1b
e
Z 2,eq
Z 2 p .u . = (5.18)
Z2b

A impedância Z2p.u., por exemplo, pode ser re-escrita:

1
2
Z1,eq
a
Z 2 p.u . = = Z1 p.u .
1 (5.19)
2
⋅ Z1,b
a

A impedância em p.u. de um transformador é a mesma independente


do lado do transformador.

Quando a relação das tensões operativas de um transformador (V1/V2)


é igual à relação de suas tensões de base (Vb,1/ Vb,2) que é igual à
relação entre as tensões nominais (Vb,1/ Vb,2= VNOM,1/ VNOM,2), a relação
de transformação “a” em p.u. torna-se:

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5-10

V1
Vb ,1 V1 Vb , 2 1
a p. u . = = ⋅ = a⋅ =1
V2 V2 Vb ,1 a (5.20)
Vb , 2

A relação de transformação é então 1:1. Isto é, quando o


transformador opera com relação de espiras igual a nominal (N1:N2) a
relação de transformação em pu é igual a 1.

Neste caso, o circuito equivalente do transformador, sem considerar o


ramo em derivação, no sistema em p.u. é mostrado na figura abaixo.

Fig.5.3. Circuito Equivalente em PU de Transformador Monofásico

Note que a relação de transformação foi eliminada, pois em pu a f.e.m.


de primário é igual a f.e.m. de secundário. A diferença entre as
tensões terminais V1pu e V2pu é dada pela queda de tensão provocada
pela impedância equivalente em pu..

Exemplo 5.1

Considere um transformador monofásico com valores nominais de


tensão de 220V/110V, operando em sua relação nominal de espiras
(N1:N2). Se o transformador está com uma tensão no primário de 215
V, considerando que a tensão de base do primário é igual à tensão
nominal de 220 V, determine:
a) A relação de transformação nominal.
b) A tensão de base do secundário.
c) A tensão em pu de primário e secundário.
d) A relação de transformação em p.u.

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5-11

A relação de transformação do transformador é

a = 220/110 = 2

A tensão de base do secundário

V2b = (1/a)V1b = 220/2 = 110 V

A tensão do primário em pu

V1pu = V1/V1b = 215/220 = 0,98 pu

Note que é perceptível que a tensão de primário é 98% da nominal.

A tensão do secundário em pu é obtida calculando-se em primeiro


lugar a tensão atual do secundário sob a condição que o trafo opera
na relação N1:N2, i.é.,

V2 = (1/a)V1 = 215/2 = 107,5V


V2pu = V2/V2b = 107,5/110 = 0,98 pu

A relação "a" em pu é dada por

apu = (V1/V1b)/(V2/V2b) = (215/220)/(107,5/110) =1

Exemplo 5.2

Um transformador de 1,1kVA, 440/110 V, 60 Hz tem os seguintes


parâmetros referidos ao primário: R1,eq=1,5Ω, X1,eq=2,5Ω, Rc=3000Ω, e
Xm=2500Ω. O transformador quando em plena carga opera à tensão
nominal, alimentando uma carga com um fator de potência de 0,707
atrasado. Determine para valores de base iguais aos nominais de
Sb=1100VA e V2b=110 V:
a) Os parâmetros em pu, R1,eq, X1,eq, Rc e Xm.
b) A regulação de tensão.
c) A eficiência do trafo.

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5-12

A tensão de base no primário é:

⎛ V1NOM ⎞ 440
V1b = V = aV2b = ⎜ NOM
'
2b ⎟ V2b = 110 = 440V
⎝ V2 ⎠ 110

Os valores de base das outras quantidades do transformador são:

I1b=Sb/V1b=1100/440=2,5A
e
Z1b=V1b/I1b=440/2,5=176Ω

ou simplesmente
V12b 4402
Z1b = = = 176Ω
Sb 1100

Os parâmetros equivalentes em pu são calculados como:

R 1eq,pu= 1,5/176=0,0085 pu
X 1eq,pu= 2,5/176=0,0142 pu
R 1c,pu= 3000/176=17,0455 pu
X 1m,pu= 2500/176=14,2045 pu

Notar que as impedâncias do transformador quando expressas em pu


independem do lado do transformador, i.é., a impedância em pu no
primário é a mesma impedância em pu no secundário. Para verificação
da afirmação considere a impedância equivalente de primário refletida
para o secundário:

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5-13

1
R 2, eq + jX 2, eq = 2
⋅ R1, eq + jX1, eq = 0,375 + j0,625Ω
a

A impedância de base do secundário é dada por:


1
Z2 b = 2 ⋅ Z1b = 44Ω
a

A impedância equivalente em pu vista do secundário é então:

(R 2,eq + jX 2,eq )
pu
=
1
Z 2b
⋅ ( R2,eq + jX 2,eq )

1
= ( 0,375 + j 0, 625)
44
= 0, 0085 + j 0, 0142 [ pu ]

Como a tensão e corrente nominais são os valores de base, a tensão


e corrente da carga em pu refletidas para o primário são:

V’1pu = 1,0∠0o pu
I’1pu = 1,0∠-45o pu

em que –45o corresponde a um fator de potência de 0,707 indutivo.

A corrente de excitação I0 é dada pela componente de corrente


através do resistor mais a componente de corrente através da
reatância de magnetização.

1∠0 0
I C, pu = = 58,67 × 10 −3 ∠0 0 pu
17,0455

1∠0 0
I m ,pu = = 70,40 × 10 −3 ∠ − 90 0 pu
j14,2045

e finalmente a corrente de excitação I0

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5-14

I0,pu=IC,pu + jIm,pu = (58,67-j70,40)x10-3pu=91,64 x10-3∠-50,19o pu

A corrente I1pu é dada por:

I1pu = I’1pu + I0pu= 1,0∠-450+ 91,64 x10-3∠-50,19o=1,09∠-45,410 pu

A tensão aplicada V1pu é dada por:

V1pu= V’1pu + (R1eq,pu +j X 1eq,pu)I1pu

=1∠0o+(0,0085+j0,0142)(1,09∠-45,410) = 1,02∠0,24º pu

A tensão de primário V1 é 2% maior que a tensão nominal de primário


para que a tensão no secundário se mantenha em seu valor nominal
de 110 V.

A tensão primária em Volts é

V1=V1b.V1pu=440. 1,02∠0,24o= 448,80∠0,24o V

A regulação de tensão é:
V vazio − V PC
RV% = ×100
V PC

Em plena carga a tensão no secundário é de 110 V, para tanto a


tensão no primário deve ser mantida em 448,80V. Em vazio, para uma
tensão no primário de 448,8V a tensão corresponde no secundário é
de 112,2V. Assim a regulação de tensão pode ser obtida a partir de
valores dimensionais ou em pu:

112,2 − 110
RV % = × 100 = (1,02 − 1) × 100 = 2%
110
ou
1,02 − 1,0
RV % = × 100 = 2%
1,0

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5-15

Se ao invés de tensão no lado do secundário a regulação for calculada


para valores de tensão no primário nas condições em vazio e plena
carga, tem-se:

448,80 − 440
RV % = × 100 = (1,02 − 1) × 100 = 2%
440

A eficiência do transformador é calculada pela relação entre perdas e


potência de entrada, i.é.,

P P − Perdas Perdas
η = out = in =1−
Pin Pin Pin

A potência útil de entrada em pu é dada por

Pin,pu=V1pu.I1,pu.cosθ

portanto

Pin,pu=V1pu.Iin,pu.cosθ=1,02x1,09.cos(0,24o+45,41o)= 0,78 pu

As perdas ativas no núcleo

Pc,pu=Rc,puIc,pu2=17,0455x(58,67x10-3)2=0,059 pu

As perdas ativas de enrolamento representadas pela resistência


equivalente de primário:

Penr,pu=R1eq,pu.(I1pu)2=0,0085x(1,09)2=0,010 pu

A perda total

Pt = Pc + Penr = 0,059 + 0,010= 0,069

O rendimento do transformador é então de:

0,069
η = 1− = 0,912 ou 91,2%
0,78

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5-16

5.3 Mudança de Base de Valores em PU

Em muitas circunstâncias, a impedância em pu de um componente do


sistema elétrico é especificada com relação aos valores nominais do
próprio componente, os quais podem diferir dos valores de base
selecionados para a parte do sistema onde o componente está
inserido. No entanto, para proceder a análise de um sistema, faz-se
necessário que todas as impedâncias em qualquer parte do sistema
sejam expressas em uma mesma base. Como resultado é necessário
converter os valores em pu, expressos em relação a uma base dita
“velha”, para uma base comum a todo sistema dita “nova”.

No processo de conversão de uma impedância em pu da base velha


para a base nova, tem-se em primeiro momento que:

(V
Z old = b
old
[kV ])2

(5.21)
b [MVA ]
b
S old
e
(V
Z new = b
new
[kV ])2

(5.22)
b
S new
b [MVA]
A impedância em seu valor dimensional Z é obtida por:

[ ] old Vb
Z Ω = Zpu ⋅
old
(
kV
2
[ ])
(5.23)
Sold
b MVA [ ]
A mudança para a nova base Zpunew:

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5-17

Z new
= Z⋅
Snew
b
=Z old

(V [kV])
old
b
2


Snew
b [MVA]
pu
(V )
new 2
b
pu
S old
b [MVA] (Vbnew [kV])2
2
old ⎛ kVb ⎞ ⎛ MVA new ⎞
old (5.24)

= Zpu ⋅ ⎜ new ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ b
old
⎟⎟
⎝ kVb ⎠ ⎝ MVA b ⎠

Na mudança de base de impedância de um transformador, é


importante notar que é indiferente se se usa tensões de primário ou
tensões de secundário na relação de tensões, contanto que se VbOLD é
de primário, VbNEW deverá ser de primário, ou se VbOLD é de
secundário, VbNEW deverá ser de secundário.

Em sistemas trifásicos, é indiferente se se usa potências monofásicas


ou potências trifásicas, conquanto que as potências nova e velha
sejam do mesmo tipo, quer monofásicas, ou quer trifásicas. Ainda em
sistemas trifásicos pode-se usar quer tensões de linha, quer tensões
de fase contanto que as tensões velha e nova sejam do mesmo tipo.

Exemplo 5.3

Considere o sistema mostrado na figura abaixo em que dois


transformadores monofásicos alimentam uma carga resistiva de
10kVA, a tensão na carga sendo mantida a 200 V. Determine o circuito
equivalente em pu considerando uma potência de base de 10kVA.
T1 T2

A B C
Vs ~ 200V

100:400V 400:200V
X=0,1pu X=0,15pu
15kVA 15kVA

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5-18

No circuito apresentado há três níveis de tensão envolvidos: 100 V no


segmento A, 400 V em B e 200 V em C. Para cada segmento do
circuito deverá ser obtida uma tensão de base. Embora não seja
essencial que as tensões nominais sejam usadas como base, é
essencial que as tensões de base estejam relacionadas pela relação
de tensões nominais.

Se a tensão do segmento A é tomada como tensão de base, Vb,A=100


V, então as tensões de base dos segmentos B e C são:

1 ⎛V ⎞
Vb,B = ⋅ Vb ,A = ⎜⎜ 2 ⎟⎟ ⋅ Vb ,A = 4 × 100 = 400V
a T1 ⎝ V1 ⎠ T1

1 ⎛V ⎞
Vb,C = ⋅ Vb ,B = ⎜⎜ 2 ⎟⎟ ⋅ Vb ,B = 0,5 × 400 = 200V
a T2 ⎝ V1 ⎠ T 2

Para uma potência de base igual a Sb=10 kVA, as reatância dos


transformadores 1 e 2 devem ser transformadas para os novos valores
de base, i.e.:
2
⎛V ⎞ ⎛S ⎞
X T1,pu = X OLD
T1, pu ⋅ ⎜⎜ b ,OLD ⎟
⎟ ⋅ ⎜⎜ b , NEW ⎟

⎝ Vb , NEW ⎠ ⎝ S b ,OLD ⎠
2
⎛ 100 ⎞ ⎛ 10 ⎞
= 0,1 ⋅ ⎜ ⎟ ⋅⎜ ⎟
⎝ 100 ⎠ ⎝ 15 ⎠
2
⎛ 400 ⎞ ⎛ 10 ⎞
= 0,1 ⋅ ⎜ ⎟ ⋅ ⎜ ⎟ = 0,0667 pu
⎝ 400 ⎠ ⎝ 15 ⎠

2
⎛ 400 ⎞ ⎛ 10 ⎞
X T 2,pu = 0,15 ⋅ ⎜ ⎟ ⋅⎜ ⎟
⎝ 400 ⎠ ⎝ 15 ⎠
2
⎛ 100 ⎞ ⎛ 10 ⎞
= 0,15 ⋅ ⎜ ⎟ ⋅ ⎜ ⎟ = 0,1pu
⎝ 100 ⎠ ⎝ 15 ⎠

A impedância da carga é dada por:

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5-19

2002
ZL = = 4Ω
10.000

A impedância de base em C é dada por:

2002
Z b,C = = 4Ω
10.000

A resistência da carga em pu:

R 4
R L, pu = = = 1pu
Zb, C 4

O circuito equivalente em pu é mostrado a seguir:

j0,0667pu j0,1pu

T1 T2
VS VL=1∠0opu
RL=1,0pu

A tensão na carga é 1,0∠0o pu uma vez que a tensão na carga é igual


à tensão de base em C. Qual o valor da tensão Vs?

VS = jX ⋅ I + VL

Se a resistência da carga é igual 1,0 pu e a tensão na carga também


igual 1,0∠0o pu, a corrente então é de 1,0∠0o pu. Assim, a tensão Vs é
dada por:

Vs=(0,1667∠90o x 1,0∠0o) + 1,0∠0o =1,014∠9,4810opu


ou
Vs=(1+0,1667∠90o). 1,0∠0o=1,014∠9,4810opu

A tensão Vs em volts:

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5-20

Vs = Vs , pu ⋅ Vb, A = 1,014∠9,5 D × 100 = 101,4∠9,5 D V

Se a potência de base escolhida fosse de 15kVA, mantida as mesmas


tensões de base, as reatâncias de dispersão dos transformadores T1 e
T2 não sofreriam alteração, mas apenas a resistência da carga que
passaria a ser de:

( 200 )
2
Vb2,C
Z b ,C = = = 2, 67 [ Ω ]
Sb 15 × 103

4
Z L , pu = = 1,5 [ pu ]
2, 67

Neste caso, a corrente no circuito em pu é igual a:

VL , pu 1, 0∠0D
I L , pu = = = 0, 67∠0D [ pu ]
Z L , pu 1,5∠0 D

e a tensão VS igual a:

Vs=(0,25∠90o x 0,67∠0o) + 1,0∠0o =1,014∠9,4810o pu

A tensão Vs em volts:

Vs = Vs , pu ⋅ Vb, A = 1,014∠9,5 D × 100 = 101,4∠9,5 D V

Se a tensão de base escolhida fosse de 500 V para o segmento B do


circuito e a potência de base 10kVA, ter-se-ia que as reatâncias dos
transformadores para os novos valores de base seriam:

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5-21

2
⎛ Vb ,OLD ⎞ ⎛ Sb , NEW ⎞
X T 1, pu = X OLD
T 1, pu ⎜⎜ ⎟⎟ ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ Vb , NEW ⎠ ⎝ Sb ,OLD ⎠
2
⎛ 400 ⎞ ⎛ 10 ⎞
= 0,1⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ 500 ⎠ ⎝ 15 ⎠
2
⎛ 100 ⎞ ⎛ 10 ⎞
= 0,1⎜ ⎟ ⎜ ⎟ = 0, 0427 [ pu ]
⎝ 125 ⎠ ⎝ 15 ⎠

2
⎛ 400 ⎞ ⎛ 10 ⎞
X T 2, pu = 0,15 ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ 500 ⎠ ⎝ 15 ⎠
2
⎛ 200 ⎞ ⎛ 10 ⎞
= 0,15 ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ = 0, 064 [ pu ]
⎝ 250 ⎠ ⎝ 15 ⎠

Independente qual seja os valores de base selecionados, a


impedância em pu de T1 é menor que a de T2.

A tensão de entrada Vs,pu:

Vs , pu = j ( X T 1, pu + X T 2, pu ) I L , pu + VL , pu

A tensão da carga em pu:

VL VL 200∠0D 200∠0D
VL , pu = = = = = 0,8∠0D [ pu ]
Vb ,C 1 ⋅V 500 250
aT 2 b , B 2

A corrente em pu da carga:


⎛ S L , pu ⎞ 1∠0D
I L , pu =⎜ ⎟⎟ = = 1, 25∠0D [ pu ]
⎜ VL , pu
⎠ 0,8∠0
D

Então, Vs,pu:

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5-22

Vs , pu = ( j 0, 043 + j 0, 064 )1, 25∠0D + 0,8∠0D

[ pu ]
D
= 0,107∠90D ⋅1, 25∠0D + 0,8∠0D = 0,134∠90D + 0,8∠0D = 0,81∠9,5

O valor da tensão Vs em volts é simplesmente:

⎛ 100 ⎞
Vs = Vs , pu ⋅ Vb , A = 0,81∠9,5D × ⎜ × 500 ⎟ = 0,81× 125 = 101, 25∠9,5D [V ]
⎝ 400 ⎠

O mesmo circuito pode ser analisado para obtenção de VS, utilizando-


se valores dimensionais. As correntes e tensões obtidas a partir da
condição de operação da carga devem ser refletidas para o primário
de T1, levando-se em consideração as relações de transformação
existentes entre fonte e carga, bem como as impedâncias. O volume
de cálculo, neste caso, seria maior.

5.4 Sistema PU em Circuitos Trifásicos Equilibrados

a) Tensão

Tensão linha-neutro em pu:


VLN
VLN , pu = (5.25)
VLN ,b

Tensão linha-linha em pu:


VLL
VLL , pu = (5.26)
VLL ,b

A relação entre as tensões de base de linha-linha e linha-neutro é


dada por:
VLL ,b
VLN ,b = (5.27)
3

Substituindo em VLNpu os valores de linha-neutro por valores de linha-


linha tem-se:

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5-23

VLL
∠ − 30 D
VLN , pu = 3
VLL ,b 3
(5.28)
V
= LL ∠ − 30 D
VLL ,b
Portanto
VLN , pu = VLL , pu ∠ − 30 D (5.29)

Em um sistema trifásico equilibrado, a tensão de fase em pu difere da


tensão de linha em pu apenas na abertura angular sendo as
magnitudes iguais.

Na obtenção da tensão linha-linha em pu a partir de tensões linha-


neutro em pu, tem-se que:

Vab Va − Vb
Vab , pu = =
VLL ,b VLL ,b
(5.30)
1 ⎛ Va − Vb ⎞ 1
= ⎜
3 ⎜⎝ VLN ,b
⎟⎟ = (Va, pu − Vb, pu )
⎠ 3

A Eq. 5.30 é válida para sistemas equilibrados e desequilibrados. Se o


sistema é equilibrado tem-se que:

Vab , pu =
1
3
(Va, pu − Vb, pu )
=
1
3
( Va , pu − Va , pu ∠ − 120D )
(5.31)
( ) ( )
Va , pu Va , pu
= 1 − 1∠240D = 3∠30D
3 3
= Va , pu ∠30 D

Note que para condição de tensões desequilibradas a relação


|Vab|=√3|Va| já não mais se aplica e a igualdade entre tensões de linha
em pu e tensões de fase em pu deixa de existir. No entanto, na análise
de sistemas de potência, como p.ex. fluxo de carga, o sistema é

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5-24

considerado equilibrado. Em análise de curto-circuito para a condição


pré-falta é assumido que o sistema está equilibrado.

b) Potência

Potência monofásica em pu:


S1φ
S1φ , pu = (5.32)
S1φ ,b
Potência trifásica em pu:
S3φ
S3φ , pu = (5.33)
S3φ ,b

Relação entre a potência de base trifásica e monofásica:

S 3φ ,b
S1φ ,b = (5.34)
3

Expressando S1φpu em termos de potência trifásica, tem-se:

S3φ 3
S1φ , pu = (5.35)
S3φ base 3
Portanto

S1φ , pu = S 3φ , pu (5.36)

A expressão 5.36 é válida somente para sistemas equilibrados. Em um


sistema trifásico qualquer se tem que:

S a + Sb + Sc 1
= (S a , pu + S b , pu + S c , pu )
S 3φ
S 3φ , pu = = (5.37)
S 3φ ,b 3S1φ ,b 3

Quando o sistema é equilibrado (Sa,pu= Sb,pu= Sc,pu) a potência trifásica


em pu torna-se igual à potência monofásica em pu.

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5-25

c) Corrente

Corrente de fase em pu:


IF
I F,pu = (5.38)
I F ,b

Corrente de linha em pu:


IL
I L ,pu = (5.39)
I L ,b

A relação entre as correntes de base de linha e de fase é:

I L ,b
I F ,b = (5.40)
3

Expressando a corrente de fase em pu, IFpu, em termos de valores de


linha, tem-se:

IL
Ica ∠ + 30D
3 I L ∠ + 30D
I F , pu = =
Iab I L ,b I L ,b
(5.41)
3
Ibc Ia = I L , pu ∠ + 30D

Em um sistema trifásico qualquer (desequilibrado ou equilibrado), tem-


se que a corrente de linha a é dada por:

I a = I ab − I ca (5.42)
Em pu:

I a , pu =
( I ab − I ca ) = 1 ( I ab − I ca )
⋅ =
1
⋅ ( I ab , pu − I ca , pu ) (5.43)
I L ,b 3 IF 3

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5-26

d) Impedância

Impedância Y em pu:
2
VLN VLL2
ZY = ∗ ou ZY = ∗ (5.44)
S1φ S3φ

2
VLN
S1∗φ
ZY , pu = (5.45)
Z Y ,b
ou
VLL2
S3∗φ
ZY , pu = (5.46)
Z Y ,b

Impedância Δ de cada fase em pu:

VLL2
S1∗φ
Z Δ , pu = (5.47)
Z Δ ,b

Expressando a relação entre as impedâncias de base Y e Δ, tem-se:

Z Δ ,b = 3Z Y ,b (5.48)

A impedância Y em pu expressa em função da impedância em Δ:

VLL2 VLL2
S3∗φ S1∗φ
ZYpu = =
Z Δ ,b Z Δ ,b
3

Portanto
Z Y ,pu = Z Δ ,pu (5.49)

ou simplesmente

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5-27


Z Δ ,pu =
Z Δ ,b
3Z Y (5.50)
= = Z Y ,pu
3Z Y ,b

Exemplo 5.4

Teste de curto circuito em um transformador monofásico de 100 kVA,


2400 V:120 V, 60 Hz, resultou em impedância série equivalente
referida ao lado de alta tensão igual a 0,478+j1,19 Ω. Três dessas
unidades monofásicas são conectadas em Δ-Y formando um banco de
transformadores trifásicos. O banco é suprido por um alimentador cuja
impedância por fase é de 0,065+j0,87 Ω. A tensão no terminal
transmissor da linha é mantida constante em 2400 V linha-linha.
Escolha valores de base convenientes e determine a tensão em pu no
lado de baixa tensão do transformador quando o banco entrega
corrente nominal a uma carga trifásica equilibrada de fator de potência
unitário.
Vs Vr
ZLT ZT a∠-30º:1

Vs = ⎛⎜ 2400 ⎞⎟ ∠θ I r = 1∠0D [ pu ]
⎝ 3⎠

Seleção de valores de base:


Sb ,3φ = 300 [ kVA]
Vb1 = 2400 [V ]

Cálculo da impedância de base:


Como a impedância dada do transformador é referida ao lado AT e os
enrolamentos estão em Δ, a impedância de base é dada por:

( 2400 )
2
Vb2,1
Z b1 = = = 57, 6 [ Ω ]
Sb ,1φ 100 ×103

Cálculo da impedância do transformador monofásico em %:

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5-28

Z1,T 0, 478 + j1,19


ZT , pu = = = 2, 22%∠68,12D = 0,83 + j 2, 07%
Z b ,1 57, 6

A impedância ZT,pu pode representar a impedância do transformador


no lado de alta e de baixa tensão, para conexão Δ ou Y.

A impedância da linha em pu:

( 2400 )
2
VL2,b
Zb = = = 19, 2 [ Ω ]
S3φ ,b 300 ×103
Z 0, 065 + j 0,87
Z LT , pu = LT = = 4,54%∠85, 73D = 0,33 + j 4,53%
Z b ,1 19, 2

Como o transformador entrega corrente nominal a uma carga resistiva,


significa que a corrente entregue à carga é igual a 1,0∠0o pu. Assim,

Vs Vr
ZLT ZT 1∠-30º:1

I r = 1∠0D [ pu ]

Vs , pu = ( Z LT , pu + ZT , pu ) I r′, pu + Vr′, pu
1, 0∠θ = ( ( 0, 0033 + j 0, 045 ) + ( 0, 0083 + j 0, 021) )1, 0∠ − 30D + Vr′, pu ∠ − 30D
= ( 0, 012 + j 0, 066 )1, 0∠ − 30D + Vr′, pu ∠ − 30D
= ( 0, 043 + j 0, 051) + ( 0,866 − j 0,5 ) Vr′, pu

Embora existam 2 incógnitas, a equação acima pode ser dividida em


parte real e parte imaginária:

cos θ = 0, 043 + 0,866 Vr′, pu


senθ = 0, 051 − 0,5 Vr′, pu

Elevando ao quadrado as duas equações acima e somando-se o


resultado, obtém-se:

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5-29

( ) = 0, 0018 + 0, 074 V ′ + 0, 75 V ′
2 2
cos 2 θ = 0, 043 + 0,866 Vr′, pu r , pu r , pu

sen θ = ( 0, 051 − 0,5 V ′ ) = 0, 0026 − 0, 051 V ′ + 0, 25 V ′


2 2
2
r , pu r , pu r , pu

2
1 = 0, 0044 + 0, 023 Vr′, pu + Vr′, pu
2
Vr′, pu + 0, 023 Vr′, pu − 0,996 = 0

Resolvendo a equação do 2º grau em Vr′, pu , tem-se:

−0, 023 ± ( 0, 023) − 4 × 1× ( −0,996 )


2

Vr′, pu =
2 ×1
−0, 023 ± 3,984 −0, 023 ± 1,996
= =
2 2

Como Vr′, pu refere-se a valor eficaz, tem-se que:

Vr′, pu = 0,987 pu

A tensão de fase em volts na carga:

Vr = Vr , pu ⋅ Vb ,2 = 0,987 × 120 = 118, 4∠0D [V ]

A magnitude da tensão de linha na carga:

Vr , LL = 3 Vr = 3 ⋅ (118, 4 ) = 205,1[V ]

Para uma tensão de linha no terminal transmissor igual a 2400 V, a


tensão de linha na carga é de 205,1V, quando a tensão nominal na
carga é de 207,8 V.

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5-30

Exemplo 5.5

Um transformador trifásico de 300 kVA, Δ-Y, 2400/208 V de tensão de


linha, 60 Hz, tem como parâmetros Z=2,23% e R/X=40,17%. Calcule a
impedância por fase do transformador em ohms, vista do lado de alta
e baixa tensão.

A impedância do transformador é obtida por:

Z 2 = R 2 + X 2 = ( 0, 4017 X ) + X 2 = 1,16 X 2
2

( 0, 0223)
2

X =± = ±2, 07%
1,16

Como a reatância série do transformador é indutiva a raiz negativa é


desconsiderada e a resistência é então dada por:
R = 0, 4017 X = 0,832% ≡ 0, 00832 pu

Assim:

ZT , pu = 0, 0083 + j 0, 0207 pu ≡ 0,832 + j 2, 07 %

As impedâncias de base do transformador são:

( 208 )
2
Vb2,2
Z b ,2 = = = 0,144 [ Ω ]
Sb 300 × 103

( 2400 )
2
Vb2,1
Z b ,1 = = = 57, 6 [ Ω ]
Sb 100 ×103

Note que as impedâncias de base do secundário estão relacionadas


ao tipo de conexão Y, i.e., Zb,2 refere-se à conexão estrela e Zb,1
refere-se à conexão delta.

A impedância do transformador em ohms vista do lado Y e delta é


dada por:

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5-31

ZT ,Y = ZT , pu ⋅ Z b ,2 = ( 0, 00832 + j 0, 0207 ) ⋅ 0,144


= 0, 0012 + j 0, 003 = 0, 00321∠68,1D [ Ω ]

ZT ,Δ = ZT , pu ⋅ Z b ,1 = ( 0, 00832 + j 0, 0207 ) ⋅ 57, 6


= 0, 479 + j1,192 = 1, 29∠68,1D [ Ω ]

Note que se para ZΔ vista do primário for calculada seu equivalente Y e


refletida para o secundário, tem-se:

1 ⎛ ZT , Δ ⎞ 1 ⎛ 1, 29∠68,1D ⎞
ZT′ ,Y = 2 ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟
a ⎝ 3 ⎠ 133,14 ⎝ 3 ⎠
= 0, 00323∠68,1D = 0, 0012 + j 0, 003 = 0, 00321∠68,1D [ Ω ]

Observe que ZΔ é a impedância em ohms do transformador


monofásico do Exemplo 5.4.

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