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Análise Econômico-

Financeira dos
Clubes de Futebol
Brasileiros | 2016

Dados Financeiros de 2015

1
Introdução

2
2015 | Uma Nova Esperança

Há pouco tempo, num cenário


muito, muito desanimador...

3 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


2015 | Uma Nova Esperança

É um momento de dificuldades. Partindo de um


período sombrio, com atraso de Salários,
aumento de Custos e Receitas em queda, os
Clubes Brasileiros de Futebol precisam de uma
revolução contra o Império da Má Gestão.

Durante o ano de 2015 apresentaram suas armas


e começaram um plano de reorganização, com
exército organizado que trouxe mais Receitas,
sufocou Custos e pulverizou Investimentos.

Perseguidos pelo sinistro mal da inconsequência,


Dirigentes se conscientizaram e auxiliados pelo
Profut iniciaram uma tentativa de proteger a
história dos Clubes, manter sua grandeza e
restaurar a qualidade do Futebol Brasileiro...

4 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


2015 | Uma Nova Esperança

A vida é feita de ciclos, e a esperança é um sentimento que move as pessoas. Dizem até que é a última que morre e a primeira que
nasce. A cada período de tempos difíceis surge, em algum momento, uma nova esperança no ar, trazida por quem quer momentos
melhores.

Não seria diferente no Futebol Brasileiro. Depois de 2012, auge do boom financeiro, turbinado pelo incremento das cotas de Transmissão
de jogos pela TV, pelo crescimento das Receitas de Publicidade e por todo o ambiente positivo no Brasil, o que se viu foram anos de
derrocada. Receitas que foram sendo engolidas por Custos e Investimentos cada vez mais altos. Dívidas que cresciam de forma
desordenada, notícias sobre atrasos de Impostos e Salários.

O auge dessa situação foi 2014, quando observamos e apontamos que o Futebol Brasileiro ia mal, mal demais.

Mas tal qual um Jedi redescoberto no tempo, eis que 2015 trouxe sinais de que há algo positivo se desenhando no ar. Assim como os
heróis liderados por Leah, Skywalker e Solo, a batalha dos Clubes para se ajustarem será longa e por vezes dolorosa. Clubes perderão
sua capacidade de disputa, terão que viver dentro de possibilidades financeiras mais modestas. O Título passará a ser um objetivo
distante.

O ano de 2015 marca um crescimento importante de Receitas, mas especialmente a manutenção de Custos e Despesas, que em termos
reais significa redução de cerca de 10%, apontando para um sinal de racionalização do uso dos recursos dos Clubes. Também os
Investimentos sofreram redução, outro sinal de adequação a uma realidade típica de Darth Vader: sofrida, sombria e ambígua. A linha
entre o bem e o mal é tênue, e entre a chance de ser campeão e a austeridade, é inegável a volúpia pelo título. Futebol é uma luta
constante entre os lados opostos da Força. Mas aos Dirigentes cabe pensar na sustentabilidade do Clube, muito mais que na vitória a
qualquer preço, pois ela muitas vezes tem sim um preço alto demais no longo prazo.

A ajuda do Profut na reestruturação das Dívidas Fiscais, e que deve contribuir para a evolução das estruturas profissionais e de
governança dos clubes, foi fundamental para que esta esperança surgisse. Controlados, os Clubes tendem a manter a galáxia em pleno
funcionamento. Mas não se deixe enganar, pois sempre haverá o lado sombrio da Força pronto a entrar em ação e devastar o que é
construído com sacrifício.

Este é apenas mais um episódio na saga dos Clubes Brasileiros de Futebol em busca da retomada do topo do Mundo, na busca entre o
equilíbrio da Força, aquele que é a diferença entre o gastar e o gastar bem. Que a Força esteja com eles.

5 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Disclaimer

Sempre importante lembrar

Este é um trabalho feito pelos profissionais da Área de Crédito do Itaú BBA, baseado exclusivamente em informações públicas e
sem que tivéssemos qualquer contato com os clubes para explorar eventuais dúvidas e aprofundar algumas questões.

O objetivo é meramente informativo e tentamos apresentar aos Torcedores a visão de uma equipe técnica e multiclubística
sobre a condição financeira do Futebol Brasileiro e seus Clubes.

Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme
dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que
disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.

Por conta disso, podemos afirmar que o material reflete a realidade “pública” de cada clube, e nossas avaliações são feitas com
base em hipóteses técnicas, apenas. Por isso, quando falamos em “atrasos”, isto reflete uma avaliação técnica das
movimentações contábeis, baseado nos dados disponíveis. Trata-se de hipótese técnica e são suposições, apenas, e justificam o
fechamento do fluxo de caixa do período.

Não temos também qualquer contato com Patrocinadores, Federações, Parceiros, de forma que nossas avaliações consideram
informações publicadas pela Imprensa como única fonte externa aos Balanços, e refletem comentários dos Dirigentes e não
apenas opiniões de terceiros.

6 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Sumário
1. Introdução 2 2. Clubes | Análise Individual 36
1.1 | 2015 | Uma Nova Esperança 3 2.1 | Alguns Conceitos Básicos 37
2.2 | América MG 38
1.2 | Disclaimer 6
2.3 | Atlético MG 43
1.3 | Receitas 8 2.4 | Atlético PR 48
1.4 | Receitas Totais Recorrentes 9 2.5 | Avaí 53
1.5 | Receitas | Diversas Frentes 10 2.6 | Bahia 58
2.7 | Botafogo 63
1.6 | Receitas | Direitos de TV 11
2.8 | Chapecoense 68
1.7 | Receitas de TV | Variações 12 2.9 | Corinthians 73
1.8 | Receitas| Direito Federativo 13 2.10 | Coritiba 78
1.9 | Receitas | Direitos Federativos 14 2.11 | Criciúma 83
1.10 | Receitas | Publicidade 15 2.12 | Cruzeiro 88
2.13 | Figueirense 93
1.11 | Publicidade | Detalhe por Clube 16 2.15 | Flamengo 98
1.12 | Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor 17 2.16 | Fluminense 103
1.12 | Receitas | Comparativo por Clube 18 2.17 | Goiás 108
1.13 | Sócio Torcedor | Relevância 19 2.18 | Grêmio 113
2.19 | Internacional 118
1.14 | Receitas | Concentração 20 2.20 | Joinville 123
1.15 | Receitas | Histórico por Clube 21 2.21 | Náutico 128
1.16 | Divisão das Receitas por Porte 22 2.22 | Palmeiras 133
1.17 | Custos & Despesas | EBITDA 23 2.23| Ponte Preta 138
2.24 | Santa Cruz 143
1.18 | Comportamento do EBITDA Recorrente 24
2.25 | Santos 148
1.19 | Custos & Despesas | Detalhamento 25 2.26 | São Paulo 153
1.20 | Investimentos 26 2.27 | Sport 158
1.21 | Investimentos | Categorias de Base 27 2.28 | Vasco da Gama 163
2.29 | Vitória 168
1.22 | Dívidas 28
1.23 | Dívidas 29 3. Hora da Verdade | Nossas projeções 173
1.24 | Dívidas Operacionais 30 4. Avaliação de Desempenho | Gráfico 179
1,25 | Liquidez 31
1.26 | Fluxo de Caixa Livre 32 5. Efeitos do Profut 189
1.27 | Um Novo Conceito: Fluxo de Caixa Livre 33 6. Soy Latinoamericano 193
1.28 | Geração de Caixa Livre 34
7. Futebol no Brasil x Futebol na Europa 199
1.29 | Fluxo de Caixa Livre por Clube 35
8. Leicester City x Flamengo | Comparação 207
9. Conclusões 212
10. Escalação 214

7 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 7


Receitas

Evolução das Receitas Brutas Totais* | R$ milhões Evolução das Receitas Brutas Recorrentes** | R$ milhões

* Refere-se aos 27 clubes da análise ** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas

Em 2015 houve importante crescimento das Receitas Totais, 15% em termos nominais e 4% acima da inflação. Após um ano muito
difícil como 2014, quando houve queda nominal, este crescimento de 2015 merece ser celebrado, especialmente quando analisado
no contexto macro-econômico de queda de 4% no PIB Brasileiro daquele ano.

Nas Receitas Recorrentes – aqueles que desconsideram as Vendas de Direitos Econômicos de Atletas – o desempenho foi
semelhante. Isto indica consistência no crescimento das Receitas em 2015, uma vez que as que são mais facilmente administradas
pelos Clubes cresceram de forma importante.

Entretanto, ao longo da análise vamos avaliar cada uma das Receitas e conferir se de fato houve esta consistência apresentada aqui.

8 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas Totais Recorrentes | Efeito Inflacionário

Aprofundando um pouco mais a análise sobre as receitas Recorrentes, nota-se de fato um crescimento de 5% acima da Inflação em
2015, desempenho que só se repetiu em 2011 e 2012, anos de efeitos relevantes nas Receitas com Publicidade e Direitos de TV.

Em 2015, sem nenhum impacto relevante de forma consolidada – não houve “boom” de Publicidade nem crescimento consolidado de
Receitas de TV, por exemplo – notamos este crescimento. Entretanto, ao longo da análise veremos que alguns fatos isolados podem
ter contribuído para isso.

Obs: para fins de comparação, corrigimos as receitas passadas pelo IPCA acumulado nos períodos., de forma que todas estivessem
em moeda corrente de 2015.

9 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas | Crescimento em diversas frentes

Breakdown das Receitas Totais por Origem


O primeiro aprofundamento vem na análise do comportamento
de cada tipo de Receita.

O breakdown ao lado mostra que todas tiveram crescimento,


R$ milhões

em maior ou menor magnitude.

O destaque foram as Receitas com TV, que cresceram 25%. As


Receitas com Vendas de Direitos Econômicos cresceram 22%,
impulsionadas pela desvalorização do Real.

As demais Receitas cresceram da seguinte forma:


- Publicidade: + 3%
- Bilheteria/Sócio Torcedor: + 7%
- Estádio: + 18%
- Outros: + 5%
Comportamento das Receitas por Origem
Observa-se claramente que ainda há uma enorme dependência
dos Clubes das Receitas com Direitos de TV. Em 2015
representaram 42% do Total, quando em 2014 foram 39%.

As Receitas com Venda de Direitos Econômicos


permaneceram estáveis em 12%, e as demais Receitas se
comportaram da seguinte forma:
R$ milhões

- Publicidade: de 17% para 15%


- Bilheteria/Sócio Torcedor: de 19% para 17%
- Estádio: manutenção em 6%
- Outras: de 8% para 7%

Mas o que explica este crescimento das Receitas com TV?


Veremos na sequência.

10 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas | Direitos de TV

Receita Total com TV Share e Concentração | 12 Clubes = 73,7%


R$ milhões

A mais relevante das Receitas cresceu 25% em 2015 em termos nominais, quase 13% em termos reais (acima da inflação). Para melhor avaliação do crescimento dessas receitas
precisamos analisar o gráfico de Share e Concentração e assumir algumas premissas.

Primeiramente, nota-se que alguns clubes tiveram expressivo crescimento de share – que é a participação do clube dentro do total – em especial Cruzeiro, Atlético MG e Vasco. O
Cruzeiro é o caso mais emblemático porque passou a ser a maior receita com Direitos de TV do País. Lembrando que esta Receita é a composição entre o que é obtido via
Campeonato Estadual, Brasileiro (Aberta e Pay Per View), Copa do Brasil e Libertadores. Independente dessa composição, as Receitas com o Campeonato Brasileiro são as mais
relevantes, e geralmente representam entre 70% e 80% do total

Assim, assumindo a premissa de que os maiores clubes do Brasil negociaram contratos com mesmo prazo de vencimento, não parece lógico que Cruzeiro e Atlético MG, os maiores
saltos em termos de share, tivessem vencimento anterior aos demais. Isto traz como hipótese para este crescimento uma renovação antecipada de contrato futuro e como
contrapartida o recebimento de luvas. Esta prática vigorou no início de 2016, quando da renovação dos contratos de TV Fechada a partir de 2019, com prazos variáveis conforme o
clube.

Confirmando-se esta hipótese, uma vez que outras como Adiantamento de Cotas não faz sentido porque não entra nas Receitas, e incrementos nos demais torneiros não têm
montante suficiente para gerar impacto de tamanha magnitude, então parte do crescimento das Receitas com TV vista no período não é recorrente, ou seja, não se repetirá nos
próximos anos, ao menos para Cruzeiro e Atlético MG, uma vez que outros clubes terão estas luvas em 2016, pela renovação com a Globo ou pelo novo contrato com o Esporte
Interativo.

Outro crescimento relevante foi o Vasco, mas a explicação está no fato de que em 2014 disputou a Série B e em 2015 participou da Séria A, o que gera uma mudança usual no
montante pago pela TV.

11 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receita de TV | Variações

Receitas com Direitos de TV


Nos gráficos ao lado fica ainda mais clara a
discrepância apontada na página anterior.

Note o salto relevante nas Receitas nominais de


R$ milhões

Atlético MG e Cruzeiro, reafirmados na variação


percentual anual apontada no gráfico abaixo.

O mesmo se aplica ao Vasco, por motivo


diferente.

Outro clube que apresentou salto relevante foi o


Santos, e nesse caso, como a renovação de
contrato se deu formalmente em 2016, conforme
anúncio entre as partes, não há explicação
Variação Anual pública que justifique mudança de patamar, nem
se o mesmo passa a ser seu novo valor.

Importante notar que os clubes mais


regionalizados, com menor alcance de audiência
e que fazem parte mais frequentemente da
gangorra entre as Séries A e B, oscilam de forma
mais relevante. Para esses clubes os contratos
costumam ser anuais e a permanência na Série
A mantém valores elevados, e a queda ou
ascensão mudam substancialmente o patamar
de Receitas.

12 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas | Venda de Direitos Federativos

Evolução da Receita Anual | Reais x Dólares Comparativo | 2015 x Mediana do Clube

Falando sobre Direitos Federativos, em 2015 as Receitas com a


venda desses cresceu 17% em Reais. Nesse caso, como a maior
parte das negociações relevantes em termos de valores ocorre com

R$ milhões
o Exterior, apresentamos o histórico de desempenho em Reais e
em Dólares, visto que em 2015 houve desvalorização cambial
sensível da moeda Brasileira.

Ainda que tenha apresentado crescimento em Reais, em Dólares


verificamos redução de Receitas já em 2014 e nova queda em
2015. Isto significa dizer que para o Clube estrangeiro o atleta
Brasileiro ficou mais barato, enquanto que para o Brasileiro foi uma
possibilidade de fazer mais caixa

Vários clubes se beneficiaram dessa situação, especialmente


Cruzeiro, São Paulo, Atlético PR, Fluminense e Atlético MG. No
gráfico ao lado comparamos as Receitas obtidas em 2015 com a
mediana do clube entre 2010 e 2015. Optamos pela mediana
porque a média distorce a conta para os clubes que tiveram um ano
de venda relevante, com valores menores nos demais, e mostra o
que é o mais comum na vida financeira do clube.

13 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas | Venda de Direitos Federativos
Participação no Total de Venda de Direito Federativo

Ampliando um pouco mais a análise da capacidade de negociação de Atletas e de como os clubes conseguem transformar uma
Receita não recorrente em recorrente - ou, ao menos, de como alguns clubes se tornaram grandes exportadores de atletas –
acumulamos as Receitas com Venda de Direitos Federativos de 2010 a 2015. Desse total, que nesse período alcançou a marca de
R$ 2,4 bilhões, três clubes se destacam como os Maiores Vendedores de Direitos Federativos do País: São Paulo, Corinthians e
Internacional.

Num segundo bloco destacam-se Santos e Cruzeiro, para num terceiro bloco virem os demais clubes listados. Curioso ver que o
Flamengo, clube que sempre se destacou por revelar muitos atletas, possui baixo montante de Receitas com Venda de Direitos. A
despeito de não ser a receita mais segura nem a melhor, uma vez que os clubes são obrigados a se desfazerem de atletas
promissores para honrar com seus custos e despesas, se bem planejado pode ser uma fonte contínua de reciclagem de equipes e
entrada de caixa para o clube.

Outro ponto interessante é o da concentração. Os 12 clubes que mais venderam atletas nesse período, e que estão representados
no gráfico acima, somam R$ 2,1 bi ou cerca de 90% de tudo que foi arrecado com venda de atletas.

14 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas | Publicidade

Receitas estabilizaram em termos nominais


Ano a ano o Futebol parece deixar de ser uma opção de investimento
do mercado publicitário. Ao menos é isso que mostra o gráfico ao
lado, onde vemos desempenho bastante tímido dessas Receitas.

Apenas para ficar nos dois últimos anos, em 2014 o crescimento foi
praticamente igual ao da inflação e em 2015 ficou 7% menor que a
R$ milhões

inflação.

Naturalmente que esse movimento tem relação com o cenário macro-


econômico do País, que viu dois anos consecutivos de queda de PIB.
Como os investimentos publicitários possuem correlação direta com o
crescimento da economia, naturalmente que a queda de PIB reflete na
redução do apetite do mercado publicitário como um todo.

Ainda assim, se o Futebol fosse uma espécie de porto seguro dos


investimentos publicitários, em momentos de restrição de orçamento
os agentes procurariam o esporte para aplicar seus recursos. Porém,
...mas perdeu da inflação em 2015 não é isso o que ocorre.

Na tabela abaixo vemos que o Futebol se apropria muito pouco de


todo o Investimento Publicitário feito no Brasil. Há certa estabilidade,
mas parece faltar estratégias que façam o esporte absorver mais.

15 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Publicidade | Detalhe por Clube
Flamengo e Corinthians recorrentes; Palmeiras crescendo de forma desproporcional
Claramente há dois clubes que se apropriam de
R$ milhões boa parte das Receitas destinadas ao Futebol:
Flamengo e Corinthians. Entretanto, em 2015
eles dividiram espaço com um novo entrante: o
Palmeiras.

Fruto de um contrato calcado num único


sponsor, o Palmeiras viu suas receitas com
Publicidade crescerem 201% e se tornou a
segunda maior receita publicitária entre os
clubes Brasileiros, atrás apenas do Flamengo
(R$ 85,5 milhões).

Entretanto, os valores nominais das Receitas


com Publicidade precisam ser analisados sob a
ótica do alcance. Na prática, uma marca associa
seu nome a um clube buscando acessar sua
torcida e o mercado associado ao Futebol. O
Receita de Publicidade x Torcedor (Base Ibope 2014) que vemos no gráfico abaixo é a relação entre
Receita com Publicidade e o tamanho das
Torcidas.

Note que os clubes de maior torcida –


Flamengo, Corinthians e São Paulo – recebem
entre R$ 2,40 e R$ 2,70 por torcedor – ao
mesmo tempo que clubes de torcidas menores,
como Fluminense e Internacional, por exemplo,
chegam a obter mais que R$ 7,00 por torcedor.

Fato é que parece haver uma distorção na


aplicação dos recursos, ao menos na proporção
entre valor e número de torcedores. Ou, os
clubes são vistos de forma diferente, sendo que
alguns vendem apenas para sua torcida,
enquanto outros podem atingir o Futebol de
forma mais ampla.

* Milhões de torcedores apurados na pesquisa Ibope de 2014 R$ / Torcedor

16 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor

Evolução das Receitas... ...e sua composição, em valores nominais.

Dados corrigidos pelo IPCA para moeda corrente de 2015. R$ milhões

Vamos falar sobre Bilheteria e Programas de Sócio Torcedor. Temos boas e más notícias.

A má notícia é que nos dois últimos anos as Receitas com Bilheteria e Sócios Torcedores – que são uma espécie de Bilheteria antecipada – perderam da
inflação e tiveram queda real. Pequena, mas queda.

Entretanto, a boa notícia é que houve uma migração das Receitas vindas de Bilheteria pura para aquelas vindas dos programas de Sócio Torcedor. Esta
migração é importante para o clube porque substitui uma receita menos certa por outra mais previsível. Ao aderir a um programa de fidelização, o torcedor se
compromete a pagar mensalidade, cujo contrapartida é a possibilidade de comprar ingressos antecipadamente e a preços menores. Mas como nem todos
conseguem os ingressos ou vão ao estádio, na prática é uma Receita de Bilheteria sem a presença de Público. Nesse sentido, o preço médio do ingresso de
Sócio Torcedor é da ordem de 15% menor que o ingresso avulso. Ou seja, é o desconto pela antecipação da receita.

Imagine uma situação hipotética onde o estádio está vazio. Para um clube sem programa de fidelização a renda da Bilheteria seria Zero. Entretanto. Com o
programa, a receita já entrou com o pagamento da mensalidade. E se o clube arrecada R$ 2 milhões mensais e faz 4 jogos em casa por mês, então a renda
desse jogo pode ser considerada de R$ 500 mil.

Em 3 anos a parcela de Sócios Torcedores saltou de 38% para 52% na composição da Receita com Bilheteria. Este é o tipo de Receita que o Clube precisa
investir, trazendo para perto de si o Torcedor Sócio, que contribui espontaneamente e investe efetivamente no clube, e se afastando do Torcedor Organizado.

17 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receita de Bilheteria | Comparativo por Clube
R$ milhões

Nesse gráfico acompanhamos o comportamento dessas Receitas por clube. Na barra mais larga e mais clara estão as Receitas com
Bilheteria (azul) e Sócio Torcedor (laranja) de 2014 e na barra mais estreita e escura as de 2015.

Alguns destaques são o Corinthians, que a despeito de perder a receita com Bilheteria e parte do Sócio Torcedor para o pagamento do
Estádio, ainda mantém um bom volume de Receitas obtidas e não convertidas em bilheteria no dia do jogo. O Cruzeiro, no lado oposto,
viu suas Receitas caírem drasticamente por conta do fraco desempenho esportivo em 2015. O que mostra que esportivo e financeiro
andam de mãos dadas. Outro detalhe em relação ao Cruzeiro é que ele não divulga essa Receita detalhada entre Bilheteria e Sócio
Torcedor, dificultando a análise.

Outros destaques são o programa de Sócio Torcedor do Internacional, que apresentou crescimento, as Receitas com Bilheteria do São
Paulo, fruto do bom desempenho do time em parte do ano. E o maior destaque foi o Palmeiras, que viu suas Receitas com Bilheteria e
Sócio Torcedor cresceram de forma brutal em 2015, respondendo ao novo estádio e ao time reformulado, que terminou o ano Campeão
da Copa do Brasil.

18 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Sócio Torcedor | Relevância

Aqui vemos qual a proporção dos programa de Sócio Torcedor dentro das receitas totais com Bilheteria.

Enquanto alguns clubes conseguem praticamente 100% de suas Receitas com Sócio Torcedor, outros ainda engatinham e exploram pouco, ou mal essa
modalidade.

Mas há uma explicação para alguns desempenhos. Os programas de Sócio Torcedor ainda são, efetivamente, uma forma de vender ingresso antecipadamente e
com desconto. Geralmente funcionam melhor em clubes cujo oferta de assentos nos estádios é inferior à demanda. Isso está associado ao tamanho do estádio mas
ao momento esportivo. Quanto melhor vai o clube, mais demanda há, e quanto menor for o estádio, maior o interesse do torcedor em tentar conseguir um lugar. Isso
gera demanda e o programa de Sócio Torcedor permite vantagens na obtenção do ingresso.

Casos como os do São Paulo, Flamengo e Fluminense, que jogam para estádios com capacidade acima de 60 mil pessoas têm maior dificuldade em fazer com que
o programa tenha sucesso, pois o torcedor sente que dificilmente ficará sem ingresso, exceto em poucos momentos, como definições eliminatórios de Libertadores,
por exemplo.

Isto significa que os clubes precisam buscar alternativas que incrementem seus programas para trazer mais sócios, e sair da dependência do preço do ingresso para
manutenção da base de associados.

19 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas | Concentração

Concentração Estável… …mas nominalmente, diferença aumentou.

Desde 2012, quando as Receitas com Direitos de TV tiveram um salto


significativo, criou-se uma espécie de lenda na qual o Futebol Brasileiro
passaria por uma “Espanholização”, fenômeno que ocorre na Espanha
pelo qual os dois maiores clubes (Real Madrid e Barcelona) respondem
por mais de 50% das Receitas Totais do Futebol daquele País.

Pois bem, passados 4 anos o que vemos é que essa é realmente uma
lenda. Como sempre fazemos, dividimos o grupo de clubes em 4 blocos,
sendo que os três primeiros contém as 15 maiores receitas, divididos de 5
em 5 e o quarto bloco acumula os demais clubes.

Note que o nível de concentração é bastante estável, oscilando muito


pouco ano-a-ano. Os clubes podem mudar de Grupo – e a lista de 2015 é
diferente de 2014, 2013, 2012...- mas a soma tem desempenho parecido.

Em nossas observações, no grupo dos 5 maiores quem sempre se


repetem são Flamengo, Corinthians e São Paulo, o que pode significar
certa resiliência e tendência a concentração, que na prática não se
R$ milhões

observa. Em 2014 a maior receita foi do Corinthians, que passou a ser a 3ª


maior.

Fato é que a ideia da “Espanholização” vinha associada ao valor recebido


da TV, e o que temos observado é a capacidade dos clubes de buscarem
outras Receitas que a anulam. Não significa que não haja diferenças
nessa origem, mas sim que os clubes trabalham para minimizá-las. Por
exemplo, a Venda de Direitos Econômicos e os programas de Sócio
Torcedor.

20 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas | Histórico por Clube

R$ milhões

21 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Divisão dos Clubes por Porte

Acima de R$ 250 milhões Entre R$ 100 milhões e R$ 250 milhões

Entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões Abaixo de R$ 50 milhões

22 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Custos e Despesas | EBITDA

Custos Estáveis… …e parece sobrar dinheiro.

Receitas Recorrentes | R$ milhões


Receitas Totais | R$ milhões

Vamos ao assunto que os clubes cuidam pior: os Custos e Despesas.

Mas há uma luz no fim do tunel. Ou como dissemos no início, é Uma Nova Esperança! Após um desempenho muito ruim em 2014,
onde o EBITDA consolidado caiu pela metade, em 2015 o trabalho parece ter sido bem feito. Além do crescimento das receitas
visto anteriormente, os Custos mantiveram-se surpreendentemente comportados, praticamente estáveis em termos nominais, o que
descontado a inflação significa que sofreram queda real. Isto permitiu que a Geração de Caixa crescesse 250%! Mesmo em termos
Recorrentes o desempenho foi muito bom. Depois de dois anos seguidos com EBITDA Recorrente negativo, em 2015 o
desempenho foi o melhor da amostra, desde 2010.

O que acreditamos é numa reação dos Dirigentes ao péssimo desempenho dos últimos dois anos, e a necessidade de organização
das casas, controlando melhor os gastos, esperando a chegada do Profut, que promete acompanhamento duro do pagamento das
obrigações.

Importante ressaltarmos que em 2015 dois clubes, Palmeiras e Flamengo, responderam por 36% do EBITDA total, enquanto em
2014 essa concentração entre os dois maiores, Flamengo e Botafogo, foi de 49%.

23 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Comportamento do EBITDA Recorrente | 2013 / 2014 / 2015

Graficamente fica claro como a maior parte dos clubes trata mal a questão dos Custos e Despesas. O EBITDA Recorrente
é usualmente negativo na grande maioria, mas em 2015 vemos mais barras cinzas para cima, indicando melhoria nas
gestões.

Mas atenção! A análise consolidada pode levar a interpretações equivocadas. A melhora do resultado consolidado na
magnitude apresentada está concentrada em dois clubes, Palmeiras e Flamengo, que sozinhos representam cerca de 85%
do EBITDA Total Recorrente. Logo, ainda há muito a ser feito para que a tendência positiva se torne realidade.

24 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Custos e Despesas | Detalhamento

Despesas com Pessoal em queda... ...ajudando na equação do Profut

2015
2014
2013

R$ milhões

O que observamos é que a estabilidade dos Custos e Despesas, associado ao crescimento das Receitas, possibilitou enquadramento
bastante rápido da relação entre Folha de Pagamento e Receitas. Nas nossas avaliações consideramos todas as receitas e todos os
gastos com Folha de Pagamento, incluindo salários de todos os funcionários, e não apenas atletas, e direitos de imagem.

Desta forma, a relação entre Folha de Pagamento e Receitas Totais caiu de 57% para 50%. Se já estava enquadrada passou a ganhar
uma boa folga, ressalvada a questão do crescimento das Receitas sem explicações detalhadas, conforme mencionados anteriormente.

O que sempre foi uma preocupação parece estar se enquadrando. Mas é importante lembrar que os problemas dos Clubes não estão
associados exclusivamente aos Custos e Despesas. Há uma componente importante chamada “Investimento” que drena caixa de
forma bastante significativa, e em termos de fluxo de caixa costuma ser bastante danosa, porque o recurso sai antes para pagar a
aquisição, afetando o caixa, que depois faltará para fechar a conta.

Por isso, vamos aos Investimentos.

25 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Investimentos

Investimentos perdem força… ...e as categorias de base não são prioridade.


R$ milhões

Em termos gerais os Investimentos apresentaram o segundo ano consecutivo de queda, vindo de R$ 701 milhões em 2014 para R$
588 milhões em 2015. Isto é bastante positivo quando analisado em conjunto com a queda de Custos e Despesas, pois mostra a
preocupação no enquadramento das saídas de caixa às entradas (Receitas). Mas é importante lembrar que esta é uma visão
consolidada, e ao analisarmos os clubes individualmente encontraremos casos que fogem a esta regra.

Uma relação importante é a dos Investimentos com o EBITDA. Por que? Porque o EBITDA é o que sobra das receitas depois de
pagar Custos e Despesas. Esse montante de recursos deve ser direcionado aos Investimentos, pagamentos de juros e dívidas.
Quando a relação é maior que 100% significa que o clube investiu mais do que sobrou da sua gestão operacional. Isto indica
aumento de dívidas e atrasos de salários e impostos, bem como necessidade de adiantamentos.

Com a relação em 80%, fruto da queda nos Investimentos e do aumento do EBITDA, certamente alguns clubes conseguiram fazer
“sobrar” dinheiro para honrar dívidas, o que é mais um indicador de que as gestões estão mais preocupadas com solvência.

O ponto negativo é que os Investimentos continuam direcionados à formação de elenco. Enquanto 62% foram direcionados a
contratações, apenas 16% acabaram nas Categorias de Base, que deveriam ser o grande foco dos clubes.

26 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Investimentos |Categoria de Base

Investimento por Clube | R$ milhões Acumulado | R$ 670 milhões

Falando em Categorias de Base, o São Paulo continua sendo o clube que mais investe nesse segmento. Não é à toa que
continua sendo também quem mais faz receitas vendendo Direitos Federativos de Atletas. Nem todos são de sua base, mas
quando os forma consegue obter resultados financeiros expressivos. Precisa passar a obter mais resultados esportivos, pois os
objetivos de uma boa categoria de base são (i) formar jogadores mais baratos, (ii) que evitem gastos excessivos para contratar
atletas medianos, e (iii) conseguir fazer receita vendendo seus Direitos após algum tempo atuando pelo clube, o que ajuda a
reciclar o investimento na estrutura.

É interessante observar como os demais clubes oscilam no investimento em Base. Nenhum mantém uma regularidade em
níveis relevantes, nem o Santos, que tem se destacado na formação e utilização de atletas da Base.

27 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Dívidas

Mais um aspecto positivo observado em 2015 foi a desaceleração no


Dívida Total

crescimento das Dívidas, que foi de 4%, bem abaixo da inflação. De fato, a
sobra de EBITDA apresentada no item Investimentos gerou essa folga que
R$ milhões

manteve controladas as dívidas.

Destaques: crescimento das Dívidas Bancárias, que podem indicar melhor


qualidade geral de alguns clubes, e queda das Operacionais, que em boa
parte significa a transferência de atrasos em impostos correntes para
alongamento via Profut.
Dívidas x EBITDA

Uma relação que se faz comumente é entre as Dívidas e o EBITDA, que em


tese – muito em tese – mostra a capacidade de pagamento dessas dívidas.
R$ milhões

Quanto menor for a relação, mais facilmente o clube – ou a empresa – podem


liquidar suas obrigações.

A manutenção das dívidas e o crescimento do EBITDA apontam relação mais


saudável em 2015

Depois da explosão de 2014, quando as dívidas cresceram muito e o EBITDA


veio para níveis muito baixos, em 2015 o cenário muda e a Alavancagem –
Alavancagem

relação entre Dívida e EBITDA – atingiu níveis mais racionais, praticamente


voltando aos níveis de 2013.

Ainda há algum caminho a ser percorrido até que essa relação fique mais
próxima do ideal, especialmente na dívida total, mas quando analisamos as
Operacionais e as Bancárias, essa relação já começa a ficar sustentável,
ainda que sejam dívidas de prazo mais curto e que necessitam de reciclagem
com maior frequência.

28 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Dívidas

Dívidas Tributárias

O crescimento das Dívidas Tributárias


está associado diretamente ao Profut.
Veremos que alguns clubes atrasaram
R$ milhões

muitos tributos em 2015 esperando a


renegociação e o alongamento, e isto
explica porque crescem os Impostos
de LP e caem os de CP.

Agora espera-se que o alongamento


permita que essa dívida seja
realmente paga no tempo. Veremos
mais no capítulo dedicado ao Profut.

Dívidas Bancárias Nas Dívidas Bancárias notamos


crescimento geral, tanto de curto
como de longo prazo. É possível que
alguns clubes tenham conseguido
acessar linhas bancárias pela melhora
de duas estruturas, e pode ser que os
juros mais elevados de 2015 tenham
sido incorporados ao principal,
R$ milhões

aumentando o total. Considerando que


o crescimento ficou abaixo do CDI
médio do período, esta é uma
explicação bastante possível.

29 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Dívidas | Operacionais

Nas Dívidas Operacionais o que vemos é o


crescimento de Fornecedores, em função de
R$ milhões

aquisições de atletas comprados de forma


parcelada, e a redução de Despesas
Provisionadas, indicando que os encargos e
tributos correntes estão agora em dia, após
passagem de parte para o longo prazo com
adesão ao Profut.

Clubes com Pagamentos em Dia Clubes com Pagamento Supostamente Atrasado


Dias

Observamos que com o advento do Profut a grande maioria dos clubes equalizou os supostos atrasos de pagamento de encargos e
impostos sobre remuneração. Lembrando que esta simulação que fazemos é um teste de sensibilidade relacionando Custos, Despesas
Provisionadas e Despesas Administrativas, que aponta para a quantidade de dias que as Despesas Provisionadas giram. Não é definitivo,
mas serve como orientação.

30 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Liquidez | Capital Circulante Líquido

Capital Circulante Líquido é a diferença entre os Ativos Circulantes e Liquidez


os Passivos Circulantes. Trata-se do tamanho da pressão ou folga
que o clube tem no curto prazo entre os valores que tem a receber
(Ativos) e a pagar (Passivos).

Quanto maior for este número, mais folgada está a companhia, ou em


outras palavras, há condições de honrar todas as dívidas que vencem
no próximo ano com os valores quer tem a receber no mesmo
período.

O problema ocorre quando este valor é negativo, como vemos em


todos os Clubes Brasileiros da amostra. Isto significa que não há
recursos suficientes para pagar todas as dívidas no período, e isto
implica que necessariamente o clube terá que adotar algumas
práticas: i) rolar as dívidas; ii) atrasar pagamentos; iii) aumentar as
dívidas de outra natureza – por exemplo, para pagar um Fornecedor
terá que tomar dinheiro em Banco.

Considerando que o Profut ajudou a ajustar a liquidez de 2014,


colocando boa parte das Dívidas Fiscais no longo prazo, o número de
2015 reflete a real condição de liquidez dos clubes. E ela é ruim.
Variação da Liquidez
Como Adiantamentos de Contratos estão limitados, assim como
atrasos de salários e encargos, restará aos clubes uma gestão árdua
do fluxo para que as dívidas sejam pagas em dia. Isto transforma a
gestão do caixa numa batalha diária, tomando muita energia dos
gestores.

O que nos preocupa é que apesar de alguma melhora, há problemas


estruturais e quanto maior o buraco, mais difícil é a solução, e em
alguns casos tememos que possa ser insolúvel.

Mas como se ajustar?

Alongando passivos, reduzindo custos para pagar dívidas. Mais que


simplesmente equilibrar a relação Receitas/Custos, é preciso que
fazer sobrar dinheiro para colocar a liquidez em ordem.

Repetindo: não será fácil.

31 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Mas nem tudo
são flores | Uma
introdução ao
Fluxo de Caixa
Livre

32 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 32


Um novo conceito: GASTOS TOTAIS e FLUXO DE CAIXA LIVRE
O que é?

As análises econômico-financeiras são instrumentos flexíveis de avaliação, baseados em estruturas rígidas, os demonstrativos financeiros. E são flexíveis porque
devemos adotar variações e novas possibilidades dependendo da indústria que estamos acompanhando. No caso da Indústria do Futebol, temos buscado aplicar
conceitos simplificados, utilizados para outras Indústrias, especialmente as do Setor de Serviços.

Ocorre que nesses anos de relatório percebemos que algumas avaliações apresentadas não abarcaram todas as variáveis de um Clube de Futebol no que diz
respeito à análise do Fluxo de Caixa. Buscando o aprimoramento da avaliação passaremos a trabalhar com o conceito de Fluxo de Caixa Livre, adaptado à
realidade do Futebol.

O Fluxo de Caixa Livre inclui em sua composição algumas despesas que são tratadas usualmente como Investimentos, bem como outras que são mandatórias
mas costumam ficar fora do radar, como as Despesas Financeiras e o Pagamento de Impostos Parcelados. Nesse caso, é fundamental passarmos a inclui-lo na
conta, uma vez que a maioria dos clubes terá obrigações oriundas do Profut.

Num Clube de Futebol, os Investimentos em Categorias de Base e na Formação de Elenco (contratação de atletas) é praticamente mandatório, e contribui de
forma significativa no aperto de caixa apresentado por eles ao longo do ano. Muitos clubes gastam a folga de caixa no início do ano e isto causará problemas de
liquidez, que por sua vez geram atrasos de salários e impostos.

Resumidamente, o Fluxo de Caixa Livre será o resultado da soma entre Receitas Líquidas, Custos e Despesas, Investimentos em Base, Aquisição de Atletas e
Despesas Financeiras. A partir de 2016, quando o Profut entrará em vigor, incluiremos o pagamento dessa dívida na conta.

Valores Proporção

33 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Geração de Caixa Livre

Receita X Gastos Totais Comportamento das Contas – Variações Anuais

Melhorou, mas ainda há déficit

O que é interessante desta conta é que podemos avaliar se realmente faltou ou sobrou caixa para o clube no período, em termos
operacionais. Porque os investimentos citados são parte da estrutura operacional de um clube, e as Despesas Financeiras refletem a
necessidade histórica de tomada de dívida para fechar o caixa, seja via Adiantamentos, seja via Dívida Bancária.

Se o saldo for positivo, então o clube geriu bem suas contas e sobrou dinheiro para pagar Impostos atrasados – olha o Profut ! – e
liquidar Dívidas Bancárias, bem como reforçar o caixa para investimentos futuros. Se for negativo, então houve a necessidade de
captar recursos em algum lugar, e isto significa aumentar dívidas, consumir receitas futuras ou atrasar impostos e salários.

Analisando de forma consolidada, vemos que nos últimos 4 anos os clubes gastaram mais do que arrecadaram, sob esse conceito.
Entretanto, vemos que depois de dois anos muito ruins (2013 e 2014), em 2015 o cenário parece inverter o sinal e começa a melhorar,
reduzindo o déficit.

Avaliando cada conta separadamente, vemos que em 2014 o que ajudou a reduzir o tamanho do déficit foi o crescimento das Receitas
e a redução dos Investimentos em Categorias de Base, com baixíssimo crescimento de Custos e Despesas e Aquisição de Atletas.
Logo, ainda há espaço para melhorar, mas alguma coisa já vem sendo feita. É preciso acompanhar os próximos passos.

34 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa Livre por Clube

Ao analisarmos os clubes individualmente notamos que há um outlier: o Flamengo. Na prática, são poucos os clubes que
conseguiram manter a Geração de Caixa Livre positiva nos dois últimos anos. Além do Flamengo, Atlético PR e Goiás foram os
únicos. Para 2015, Bahia e Vitória reverteram o sinal da conta.

Alguns outros destaques são o Internacional, que reverteu um quadro muito ruim em 2014 e encerrou 2015 ligeiramente positivo.
Corinthians, Santos, São Paulo e Cruzeiro também reduziram seu déficit em proporção considerável. O Atlético MG também é um
destaque positivo relevante, saindo de uma posição de elevado déficit para algum superávit.

Negativamente, o Fluminense merece citação, pois aumentou de forma relevante seu déficit.

Este gráfico mostra que ainda há muito a ser feito para recuperar por completo os clubes, mas boa parte já trabalha com esse
objetivo.

35 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Clubes | Análises
Individuais

36 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 36


Alguns Conceitos Básicos

Ao avaliar os Balanços e Demonstrativos de Resultados dos Clubes nos deparamos com algumas repetições de ações e comportamentos que entendemos
merecer uma breve introdução, pois facilitará o entendimento.

O primeiro aspecto que merece destaque é o que chamamos “Clube Regional”. Não há demérito nisso. Fazemos esta identificação pois notamos que há
características econômico-financeiras que permeiam alguns clubes. Quando separamos estes clubes percebemos que tratam-se de times com menor
alcance de torcida, normalmente de Estados menores em termos econômicos e que por isso mesmo se notabilizam por ter Receitas menores e erráticas, ao
mesmo tempo em que possuem condição econômico-financeira mais equilibrada, atuando dentro de suas possibilidades, sem dívidas, mas com poucos
investimentos.

Um movimento que percebemos nos fluxos de caixa dos clubes está associado aos Recursos oriundos das Cotas de TV. Em geral, quando um clube não faz
adiantamentos, as receitas com Cotas de TV são a única entrada de caixa deste assunto. Entretanto, repete-se com frequência o uso dos Adiantamentos
dessas Cotas para fechar o caixa, de forma que na variação de NCG (Necessidade de Capital de Giro) vemos entradas de recursos por conta desses
adiantamentos. Neste ano observamos que esta conta apresenta saída de caixa. Acreditamos que esta movimentação seja o reflexo dos Adiantamentos
recebidos no passado. Ou seja, seria uma espécie de redutor da Receita de TV. Veremos isto em vários clubes.

Há também o que chamamos de Fontes Operacionais de Financiamento. Será muito comum vermos entradas de caixa na NCG fruto do aumento da conta
Fornecedores, que em geral é pagamento parcelado da aquisição de atletas. A contrapartida dessa conta é o Investimento em Formação de Elenco, pois o
clube fez a aquisição mas ainda não pagou. Ou seja, em algum momento terá que pagar e a efetiva saída de caixa se consumará. Problema empurrado para
o futuro.

Outro aspecto que precisa ser avaliado é o da Geração de Caixa (EBITDA) e dos Investimentos. Entendemos que há um equívoco na forma como os Clubes,
amparados pelo código contábil, classificam os custos com Categorias de Base e Investimentos em Atleta. Ao serem considerados como Investimentos, não
transitam por Resultado. Desta forma, não compõem o EBITDA, o que muitas vezes da a sensação de que o clube está gerando muito caixa, quando na
verdade parte relevante desse caixa já foi utilizado na manutenção de atividades das Categorias de Base ou mesmo na contratação de Atletas. Assim, a
análise fria leva ao erro de acreditar numa eventual Geração de Caixa, que na prática não houve, pois parte desses gastos são recorrentes e necessários
para a performance do clube.

E para finalizar precisamos relembrar que estes balanços apresentam algumas contabilizações que entendemos precisarem de ajustes, e por isso fazemos
reclassificações de contas. Esta é a base de nossa análise: reclassificar as contas para que haja coerência e possibilidade de comparação. Isto significa fazer
exclusões, mudanças de linhas e muito das nossas conclusões está baseado nas movimentações contábeis e avaliação dessas.

Então, vamos aos números.

37 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


América Futebol Clube

38 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Crescimento de 37% nas Receitas Totais, impulsionado por Direitos de TV


Receitas

e Venda de Direitos Econômicos.

Na contramão, houve queda de Receitas com Publicidade, mesmo num


ano em que o clube conseguiu subir para a Série A, o que reflete o
momento difícil nesse segmento.
Geração de Caixa

Em contrapartida os Custos e Despesas cresceram 34%, o que


praticamente fez repetir o desempenho de 2014, com EBITDA negativo.

O que preocupa, além do próprio EBITDA negativo, é que sem a Venda de


Direitos Federativos ele fica ainda pior, o que mostra que há um forte
desequilíbrio nas contas do clube.
Custos & Despesas

Positivamente, a Folha de Pagamento está enquadrada nas regras do


Profut, e atingiram 61% das Receitas, abaixo dos 79% de 2014.

Isto significa que os demais Custos e Despesas são bastante elevados,


destacadamente as Despesas Administrativas, que atingiram 27% das
Receitas.

39 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


O América não se utiliza de forma
Clube investiu cerca de R$ 8 Para fechar as contas o Clube
sistemática de Adiantamentos de
milhões nas Categorias de Base atrasou Impostos num montante
TV ou Patrocínio. Na prática, como
em 2015, e praticamente nada na de cerca de R$ 11 milhões. Além
veremos no Balanço, ele mantém
saldo de cerca de R$ 7 milhões de contratação de Atletas para o disso, tomou novas Dívidas
Adiantamentos que são renovados elenco Profissional. Bancários da ordem de R$ 14
anualmente. milhões.

A variação negativa de R$ 3
milhões na NCG é meramente
operacional.

40 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


América Futebol Clube

Encruzilhada

O América apresentou desempenho econômico-financeiro em 2015 bastante parecido com o de 2014. Ou seja, manutenção
da operação com déficit que vem sendo resolvido via aumento de Dívidas Tributárias e Bancárias.

O clube não tem conseguido ajustar suas contas, operando sempre acima da capacidade financeira.

O que tem feito de positivo é aumentar investimentos nas Categorias de Base, além de ter feito a venda de um terreno que
deve gerar um bom caixa ao longo do tempo, estimado em cerca de R$ 18 milhões. Isto deve aliviar as contas em algum
momento, mas é uma solução de médio prazo.

No curto prazo deixa de ter uma fonte ruim mas recorrente que é o atraso de Impostos. Ao aderir ao Profut terá que manter a
casa em ordem. Desafio grande para quem retornou à Serie A em 2016, e para se manter terá que investir.

41 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


América Futebol Clube

Balanço auditado por Mário Tércio Giori Guimarães


42 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Clube Atlético Mineiro

43 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

O Atlético MG apresentou crescimento de 37% nas Receitas Totais,


impulsionado pelo aumento de 41% nas Receitas com Direito de TV.
Receitas

Conforme mencionamos no capítulo das Receitas, não vemos motivo claro


que justifique este aumento, exceto pelo recebimento de luvas por uma
hipotética renovação do contrato.

A venda de Direitos Econômicos também impulsionou o crescimento, pois


foram R$ 34 milhões acima do número de 2014. Negativamente, vemos a
queda de 30% nas Receitas com Publicidade, reflexo do cenário
macroeconômico.
Geração de Caixa

Houve dois movimentos importantes que alteraram de forma até


surpreendente o desempenho do Atlético MG em 2015. O primeiro foi o já
mencionado aumento das Receitas. Mas também houve uma importante
redução de Custos e Despesas, da ordem de 18%.

Parece claro que o clube fez parte do seu dever de casa, ajustando a
posição de Custos e Despesas, mas também devemos ter em mente que o
crescimento surpreendente das Receitas de TV potencializou a melhora,
que precisa se provar sustentável no longo prazo.
Custos & Despesas

E considerando os movimentos acima, a Folha de Pagamento caiu de


forma relevante na comparação com as Receitas, de forma que em 2015
passou a se enquadrar nos limites do Profut.

44 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


Em 2015 o comportamento das
Diferente do observado em 2014, Dessa forma, o que vemos foi um
contas de Capital de Giro pode ser
quando o clube investiu R$ 28 pequeno aumento nas Dívidas
considerado normal, uma vez que
milhões na contratação de atletas, Bancária e com Impostos. No
as variações foram módicas. Não
identificamos adiantamentos de em 2015 esse número caiu para caso dos Impostos está
qualquer natureza. R$ 9 milhões, com mais R$ 2 associado à adesão ao Profut, o
milhões investidos nas Categorias que possivelmente ensejou incluir
de Base. dívidas que estavam off balance -
é comum, para casos em
discussão judicial.

Importante ressaltar que o clube


paga um volume elevado de
Despesas Financeiras, que
consomem parte relevante do
EBITDA (70%).

45 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Clube Atlético Mineiro

Ser ou não ser

A análise do Atlético MG é bastante complexa, pois envolve uma série de detalhes que contribuem mais para confundir que
para elucidar.

Por um lado vemos crescimento de Receitas, mas parte amparada por Venda de Direitos Econômicos, e parte por um
incremento da Receita com TV que é incomum e não conseguimos avaliar se será recorrente.

Na mesma rota vimos uma gestão que cortou Custos e Despesas e reduziu Investimentos, possibilitando aumento expressivo
da Geração de Caixa.

Entretanto, por conta da frágil condição financeira, que apresenta uma estrutura descapitalizada e com elevado
endividamento, as Despesas Financeiras do clube são elevadíssimas, consumindo parte relevante da “economia” obtida com
as ações citadas acima.

Além disso, vimos no início de 2016 o clube fazendo uma série de aquisições de atletas que podem voltar a desequilibrar a
geração de caixa.

Dessa forma, entendemos que o Atlético MG precisa deixar sinais mais claros sobre qual caminho pretende seguir: o da
austeridade ou o do título a qualquer custo.

46 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Clube Atlético Mineiro

Balanço auditado por Soltz, Mattoso e Mendes


47 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Clube Atlético Paranaense

48 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Receitas do clube se mantiveram praticamente estáveis em 2015, com


pequenas oscilações dentro de cada origem. Não houve destaques
Receitas

relevantes nesse sentido.

Entretanto, é importante ressaltar que o Atlético PR depende bastante da


Venda de Direitos Econômicos na composição de suas receitas. Em 2014
representou 26% do total e em 2015 passou a 29%, de forma a ser mais
importante que a receita com TV. Considerando sua não recorrência, é
um sinal de alerta que se acende.
Geração de Caixa

Seguindo a tendência das Receitas, os Custos e Despesas


permaneceram praticamente estáveis, com leve queda.

Ao compararmos o EBITDA com o EBITDA Recorrente nota-se


novamente que há uma dependência da Venda de Direitos Econômicos
na composição da geração de caixa, pois tanto em 2014 como em 2015,
sem essas Receitas, o clube teria apresentado EBITDA negativo.
Custos & Despesas

Como não houve mudança significativa nas estruturas de Receitas e


Custos, então o clube manteve a relação entre Folha de Pagamento e
Receitas inalteradas e enquadradas na demanda do Profut.

49 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Em 2015 os Adiantamentos Dobrou o valor investido em Com tantas saídas, o EBITDA de


consumiram caixa. Como havia relação a 2014. Foram R$ 8 R$ 31 milhões foi consumido e se
adiantado recursos de TV em milhões no total, divididos entre transformou numa necessidade
outros anos, em 2015 foi momento Base e Profissional. adicional de Dívida de R$ 38
de “devolver”, assim como em milhões, que foi captada junto a
2014. Na prática, significa que Ainda dentro de investimentos, Bancos.
houve uma redução nas Receitas mas especificamente em estrutura
apontadas como vindas da TV. (Capex), foram investidos mais R$ As demais dívidas tiveram pouca
Foram R$ 11 milhões. 35 milhões. O movimento mais oscilação. Destaque para a
relevante apontado no balanço redução nas Dívidas Operacionais,
Nas contas de Capital de Giro, refere-se a compra de terrenos. com o pagamento de
movimentações naturais, sendo Fornecedores, citado
que a maior parte dos R$ 8 anteriormente.
milhões de saída foram para pagar
Fornecedores.

50 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Clube Atlético Paranaense

No fio da navalha

O desempenho de 2015 veio muito parecido com o de 2014 em termos de Receitas e Custos. Mas muito apoiado em Receitas
de menor previsibilidade.

A situação parece sob controle, mas desconsiderar esta questão das Receitas com Venda de Direitos Econômicos é um risco.
Na prática, o clube se movimenta no fio da navalha.

Além disso, seguiu com uma política de investimentos em estrutura que é positiva no longo prazo mas aperta o fluxo de caixa
até chegar lá. E esse investimento, bem como a reforma e conclusão da Arena da Baixada, foram financiados em boa parte
com Dívida Bancária.

Ou seja, o clube que mantém uma situação equilibrada hoje pode se apertar a qualquer momento, pois não trabalha com
folga de caixa. Há que se atentar para isso e buscar esse conforto para evitar situações delicadas.

51 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Clube Atlético Paranaense

Balanço auditado por BDO


52 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Avaí Futebol Clube

53 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Receitas apresentaram crescimento de 48%, fortemente impulsionadas pelo


aumento nas Receitas com TV.
Receitas

Este aumento está associado ao retorno do clube à Série A, onde as receitas


de transmissão são maiores. Os clubes de menor torcida costumam fechar
seus contratos anualmente com TV para o Campeonato Brasileiro, e isto
causa oscilações como a observada em 2015.

Demais Receitas não apresentaram movimentação relevante, exceto a queda


nas Receitas om Publicidade, refletindo momento econômico do País.
Geração de Caixa

Se as receitas cresceram 48%, a gestão de Custos e Despesas foi muito


ruim. Estas contas apresentaram crescimento de 87%, mostrando total
descontrole.

Com isso a Geração de Caixa que sempre foi timidamente negativa,


explodiu e atingiu níveis comprometedores para as finanças do clube.
Custos & Despesas

Importante notar que este descontrole fez com que a relação entre Folha
de Pagamento e Receitas saltasse de 64% para 91%, ficando assim
desenquadrada dos parâmetros mínimos do Profut. Sinal de alerta ligado.

54 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

O clube teve que se valer de O clube manteve o nível de Partindo de um EBITDA negativo,
financiamentos operacionais, investimentos nas Categorias de as soluções acabam sempre em
notadamente Despesas Base mas não fez nenhum grande aumento de Dívidas.
Provisionadas, o que denota movimento na contratação de
atraso de cargos e impostos, para atletas. Notamos aumento nas
ajudar a fechar as contas. Operacionais, conforme já
mencionado e em Impostos. Cerca
de R$ 9 milhões foram
supostamente atrasados como
forma de compor o caixa e
compensar o EBITDA negativo.

55 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Avaí Futebol Clube

Muito risco por nada

O Avaí é daqueles clubes que usualmente chamamos de “regionais”. Ou seja, são aqueles de alcance de torcida limitado à sua
região e Estado. Não há demérito nisso, mas limita muito a capacidade de ampliar suas Receitas.

Em 2015 o clube parece ter errado a mão. Mesmo com o aumento de Receitas, abusou na gestão de Custos e Despesas, com
elevação de Salários, possivelmente na busca de melhor desempenho na Série A. Mas não obteve êxito, na medida em que foi
rebaixado à Série B.

Gerir dessa forma coloca em risco a solvência do clube. No momento em que o Profut coloca restrições aos dirigentes, é
preciso muito cuidado na gestão para evitar riscos desnecessários.

56 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Avaí Futebol Clube

Balanço auditado por AudiBanco


57 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Esporte Clube Bahia

58 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos
Receitas Brutas
Valores em R$ milhões

O Bahia apresentou crescimento de cerca de 17% nas Receitas, com


oscilações em algumas linhas.

O que se observa é a manutenção da dependência de Receitas com TV


(58%) e um pequeno aumento da participação de Publicidade, saindo de
2% para 7%. Além disso, a venda de Direitos Econômicos (Transação
de Atletas), cresceu quase 50% e passou a representar 15% das
Receitas do clube.
Geração de Caixa

Positivamente, em termos de geração de caixa, o Bahia se comportou


muito bem em 2015. Com incremento de Receitas e forte redução de
Custos e Despesas, o clube conseguiu gerar caixa tanto recorrente
como não recorrentemente.
Custos & Despesas

Nota-se claramente a redução nas Despesas com Folha de Pagamento,


que inclusive sofreram forte queda na relação com as Receitas, de 77%
para 50%, enquadrando-se assim nas métricas do Profut.

59 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Com a boa geração de caixa o O clube investiu bom montante Todas essas movimentações
clube não precisou de em Categorias de Base (R$ 7 teriam gerado impacto negativo
Adiantamentos. Pelo contrário, milhões) e foi mais comedido na (aumento) na Dívida, mas houve
em termos de TV foram formação de elenco profissional. entrada de R$ 12 milhões
consumidos R$ 6 milhões de Atitude correta para quem referentes à venda de um terreno
adiantamentos passados. participou da Série B. e isso contribuiu para que as
Dívidas fossem reduzidas.
Em termos de contas de Giro,
houve forte ajuste nas Despesas Desta forma, todas apresentaram
Provisionadas, possivelmente queda, fato bastante positivo.
impactados pela adesão ao Profut
– estimamos que encargos
trabalhistas foram colocados em
dia e/ou alongados – e restou um
valor a receber por venda de
atletas.

60 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Esporte Clube Bahia

Colocando a casa em ordem

O Bahia apresentou um comportamento bastante bom em 2015.

Operacionalmente conseguiu aumentar suas Receitas, reduziu Custos e Despesas e assim gerou mais caixa e de forma
consistente. Fez investimentos corretos, liquidou dívidas, aderiu ao Profut.

O desafio agora é manter esta política de austeridade sem ter sucesso esportivo, uma vez que segue no 2º ano jogando a
Série B. Mas persistência e paciência andam junto com processos de ajuste, pois o resultado aparece apenas no longo prazo.
Um clube saudável, equilibrado, tem mais chances de permanecer por mais tempo disputando a Série A.

61 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Esporte Clube Bahia

Balanço auditado por Performance


62 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Botafogo de Futebol e Regatas

63 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

O desempenho do Botafogo em termos de Receitas foi sofrível, com


Receitas Brutas

queda de 25% nas Receitas Totais. Exceto pelos Direitos de TV, que
cresceram 10%, as demais receitas relevantes sofreram forte queda:
Publicidade (-73%), Venda de Direitos Econômicos (-61%), Bilheteria (-
33%).

Este foi, possivelmente o efeito de ter participado da Série B. Mas note


que as Receitas com TV, que normalmente sofrem redução quando há
rebaixamento, aumentaram, o que pode ser efeito de Pay per view ou
mesmo luvas de novos contratos..
Geração de Caixa

Os Custos e Despesas sofreram redução de 15%. Ainda que não tenha


sido na mesma magnitude das Receitas, a redução foi suficiente para
manter o nível de geração de caixa positivo, mas inferior ao desempenho
2014. De qualquer forma, nota-se o esforço na manutenção do equilíbrio
operacional.
Custos & Despesas

O grande problema do Botafogo nem é a Folha de Pagamento. Tanto em


2014 como em 2015 a relação dessas Despesas com as Receitas ficou
próxima a 30%, o que é muito bom. Entretanto, o volume de Despesas
Gerais e Administrativas foi elevado em 2015. Ainda assim, a relação
geral é positiva.

64 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Apesar da geração de caixa Os investimentos se comportaram Assim, o comportamento das


positiva, o clube precisou adiantar bem, abaixo do que foi investido Dívidas foi até positivo. As
recursos da TV (R$ 17 milhões) em 2014 e compatíveis com a Bancárias permaneceram
porque teve volume expressivo de disputa da Série B. estáveis, enquanto as
saídas de giro. Foram R$ 49 Operacionais e com Impostos
milhões, que incluem ajustes em sofreram redução por conta da
contratos de patrocínio, uso do adesão ao Profut, que permitiu
direito de imagem, impostos a alongamento e perdão de
recuperar, entre outros. São encargos. Ainda assim os valores
movimentos de caixa que são incompatíveis com a
impactam o clube. capacidade de pagamento de
geração de resultados do clube.

65 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Botafogo de Futebol e Regatas

Como será o amanhã?

Responda quem puder.

A situação geral do Botafogo é muito complicada. Se por um lado há o esforço em manter um equilíbrio entre Receitas e
Custos, o que vem permitindo gerar um caixa operacional, por outro isso enfraquece o clube, uma vez que lhe sobra menos
capacidade de investimento. Ao mesmo tempo as Dívidas são muito pesadas, incompatíveis com a capacidade de pagamento,
mesmo após adesão ao Profut.

Ou seja, há um círculo vicioso em andamento, pelo qual o clube investe pouco, tem desempenho esportivo fraco, isso gera
menos receitas e essas receitas precisam servir uma dívida monstruosa, o que faz com que sobre menos dinheiro para
investimentos, e isso enfraquece o clube...

Isto significa jogar para cada vez menos torcida, de forma que o clube vai encolhendo a cada ano.

Mas, voltando a pergunta: o destino será como Deus quiser.

66 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Botafogo de Futebol e Regatas

Balanço auditado por UHY Moreira Auditores


67 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Associação Chapecoense de Futebol

68 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Muito bom desempenho das Receitas, com crescimento de 34% em


Receitas

2015. O grande impulso se deu nas Receitas com TV, que cresceram
51%. Como os contratos são renovados anualmente, o bom
desempenho que o clube vem tendo esportivamente ajuda nos
aumentos. TV representa 54% do total.

Receitas com Publicidade também cresceram mas representam pouco


do total. Destaque também para a Bilheteria, que representa 23% do
total e se manteve estável em 2015.
Geração de Caixa

O clube trabalha de forma equilibrada. Veja que o EBITDA fica sempre


em torno do break-even, e os Custos e Despesas se comportaram de
acordo com as Receitas, bastante previsíveis.
Custos & Despesas

Isso permite que o clube atue dentro das premissas do Profut, com Folha
Salarial representando perto de 70% das Receitas.

69 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


O clube é bastante equilibrado e não Clube investe dentro de sua Volume de Dívidas muito pequeno,
se utiliza de adiantamentos. capacidade, e em 2015 utilizou maior maior parte Operacionais e que
parte dos recursos na Base. cresceram em função do aumento da
Folha de Pagamento.

70 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Associação Chapecoense de Futebol

Exemplo para os pares

A Chapecoense é daqueles clubes que sabe das suas limitações em termos de alcance de torcida e Receitas. E faz um trabalho
excepcional, considerando essas limitações.

Equilibrado, gastando apenas o que arrecada, consegue mobilizar a cidade e fazer boa Receita com Bilheteria. Montando
equipes competitivas, se mantém na Série A e obtém Receitas mais consistentes da TV.

Gestão consciente e cujo resultado se vê nos balanços e em campo.

71 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Associação Chapecoense de Futebol

Balanço auditado por RL Solutions


72 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Sport Club Corinthians Paulista

73 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

O Corinthians apresentou crescimento de 16% nas Receitas, com bom


Receitas

desempenho em praticamente todas as linhas. Os Direitos de TV


cresceram 12%, a Venda de Direitos Econômicos saltou 26% e o
destaque foi a parcela de Sócios Torcedores cuja receita entrou no caixa
do clube e não foi revertida em ingressos nos jogos.

A TV ainda representa a maior parte das Receitas (41%).


Geração de Caixa

Operacionalmente o desempenho de 2015 foi melhor que o de 2014.


Ainda que os Custos e Despesas tenha crescido (+ 4%) ficaram abaixo
da variação das Receitas e isso permitiu que a geração de caixa fosse
melhor, ainda que abaixo das possibilidades apresentadas em outros
anos. Lembrando que 2013 foi o último ano onde a Receita integral da
Bilheteria ficou com o Clube.
Custos & Despesas

Positivamente a Folha de Pagamentos é comportada e fica abaixo de


50% das Receitas. Entretanto, há uma conta chamada “Serviços de
Terceiros” que tem valor relevante – chegou a R$ 43 milhões em 2015 –
que não tem detalhamento e está considerada em Outras. Se houver
associação com Folha de Pagamento, a relação com as Receitas sobe
para 67%, ainda assim dentro do permitido pelo Profut.

74 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


Apesar da geração de caixa Os investimentos foram bem mais Algumas dívidas cresceram
positiva, o clube precisou de modestos que os apresentados muito. Vale ressaltar que apesar
Adiantamentos de TV na em 2014. A Base saiu de R$ 27 de parte das necessidades de
composição do caixa. Foram R$ milhões para R$ 7 milhões, caixa terem sido supridas com
31 milhões. enquanto o Profissional recebeu Adiantamentos de TV, o clube
R$ 14 milhões em aquisições de pagou R$ 41 milhões em
Em termos de contas de giro, atletas. Despesas Financeiras e investiu
houve saída de R$ 15 milhões, em R$ 15 milhões em Estrutura física.
diversas contas, que vão do Logo, houve necessidade de
financiamento da venda de aumentar as Dívidas Bancárias,
atletas, passando por direitos de para fechar a conta.
imagem, entre outras
movimentações. Nos Impostos o salto representa a
adesão ao Profut.

75 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Sport Club Corinthians Paulista

A conta do estádio chegou

Em algum momento a conta do estádio chegaria. E de fato, ela já se apresentou. E será mais dura a cada ano.

O clube está abrindo mão de cerca de R$ 90 milhões* anuais em receitas de Bilheteria e propriedades do estádio que estão
sendo direcionadas para o pagamento das dívidas de construção do estádio. Isto faz muita falta. Toda a folga operacional que
o clube mostrou em 2012 e 2013 foi perdida e a geração de caixa caiu a níveis incompatíveis com o porte do clube. Para
piorar a situação, a partir de 2016 ocorrerão pagamentos mais significativos de principal e juros dos financiamentos, que
somam cerca de R$ 120 milhões anuais, conforme divulgado pela imprensa*. Ou seja, há um déficit potencial de cerca de R$
30 milhões que precisam ser pagos pelo Clube.

O fato é que com menor poder financeiro, há restrições de investimentos. Com a necessidade de aumentar o endividamento e
receber adiantamentos de TV para fechar as contas, as Despesas Financeiras cresceram absurdamente e isso também
colabora para deteriorar ainda mais a situação.

Resultado: o clube foi Campeão Brasileiro, a despeito disso. Mas teve que abrir mão de grande parte do elenco no início de
2016 para restringir a saída de caixa, pois nesse ano as contas do estádio causarão novos danos ao caixa do clube.

Mas veja que os Investimentos em 2015 já foram bastante modestos e devem repetir a dose em 2016 e enquanto durar o
estoque de dívida do estádio.

A situação não é nada confortável, e o clube precisa manter os pés no chão, controlar ainda mais os gastos e contar com o
incremento de Receitas da TV, que terá crescimento em 2016, para fechar essa conta.

E ainda terá que se manter disputando os campeonatos com chance de conquistas para que sobre receita para pagar o
Estádio. A vida não está fácil pelos lados da Zona Leste de São Paulo.

*Matéria da site da Revista Época de 01/04/16 assinada pelo jornalista Rodrigo Capelo

76 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Sport Club Corinthians Paulista

Balanço auditado por Parker Randall Brasil


77 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Coritiba Foot Ball Club

78 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

As Receitas do Coritiba permaneceram estáveis em 2015. A variação


Receitas

foi mínima em todas as contas, de forma que não há destaques.

Proporcionalmente, as Receitas de TV representam a maior parcela,


com 45% do total, seguido de Bilheteria, com 35%. Ou seja, o mix de
receitas do clube é pobre, com muita concentração nessas duas
citadas.
Geração de Caixa

A despeito disso, os Custos e Despesas se comportaram bem, ficando


24% abaixo do observado em 2014. isto permitiu ao clube gerar caixa,
diferente do observado no ano anterior.
Custos & Despesas

Vemos que a Folha de Pagamento caiu drasticamente quando


comparada às receitas, saindo de 75% em 2014 para 59% em 2015,
enquadrando-se assim nas demandas do Profut.

79 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


O Clube não se utilizou de Apresentou bom nível de As Dívidas com Impostos
Adiantamentos de TV para fechar investimentos nas Categorias de cresceram, fruto de novos atrasos
suas contas e nem teve Base, mas reduziu o destino para em 2015 e que foram
movimentações relevantes em o Profissional, o que é um sinal incorporadas ao Profut ao final do
giro. de boa gestão. ano.

Esses atrasos tiveram que


compensar o elevado valor pago
como Despesas Financeiras.

As demais dívidas sofreram


redução, sendo que parte das
Operacionais também foram
alongadas no âmbito do Profut.

80 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Coritiba Foot Ball Club

Chegando ao limite

O Coritiba parece ter encontrado seu limite em termos de crescimento. Se avaliarmos apenas as Receitas Recorrentes o clube
praticamente repete seu desempenhos nos últimos 4 anos, mostrando que há pouco a fazer para sair desse patamar.

O desafio é conseguir manter os Custos e Despesas comportados, dentro da capacidade do clube, e investir nas Categorias de
Base para formar elenco dentro de suas possibilidades e eventualmente vender Direitos de Atletas para reforçar o caixa e a
equipe.

Se entender que esta é a realidade, pode ter vida longa na Série A.

81 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Coritiba Foot Ball Club

Balanço auditado por Mazars


82 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Criciúma Esporte Clube

83 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas Receitas & Custos Valores em R$ milhões

A queda para a Série B foi um verdadeiro furação na vida do Criciúma.


As Receitas caíram 57%, especialmente as com TV, onde o clube
“perdeu” mais de R$ 20 milhões!

As demais Receitas até que se comportaram dentro da normalidade,


mas insuficientes para manter o poder financeiro do clube.
Geração de Caixa

E por mais que tenha feito esforço em reduzir Custos e Despesas, ainda
assim ficaram acima das Receitas, de forma que a geração de caixa foi
negativa, depois de anos operando dentro do equilíbrio.
Custos & Despesas

Naturalmente a Folha de Pagamento ficou incompatível com o tamanho


do clube, de forma que ela sai de uma situação confortável em 2014
para o desastre em 2105.

84 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


Como a TV faz contratos anuais, e Pouco investimentos e na Base. Ao As Dívidas se comportaram bem.
ainda houve forte queda no valor, menos o caminho está correto. Não há Dívidas com bancos e
não há adiantamentos. As contas mesmo as Operacionais
de giro permaneceram dentro do diminuíram com a redução nominal
esperado. na Folha de Pagamentos.

Para fechar as contas o clube


recebeu aporte de uma empresa,
que deve ter ligação com algum
torcedor/patrono do clube.

85 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Criciúma Esporte Clube

Ajuste Difícil

Cair para a Série B é um retrocesso financeiro incrível. Por isso os clubes se esforçam e até exageram para permanecer na
Série A. O Criciúma é uma vítima.

Por mais que tenha feito ajustes nos Custos e Despesas, ainda assim há contratos mais longos que não podem ser cancelados
e isto implica em custos que se perpetuam no tempo. Esta é uma possibilidade. A outra é que o clube decidiu investir em
salários e empréstimos de atletas para tentar retornar à Série A e não obteve êxito. Se foi isso, foi um erro, mesmo com
dinheiro de patrono.

O Futebol precisa de coerência. Coerência que sempre foi aplicada pelo próprio Criciúma, que se manteve equilibrado nos
anos anteriores. Precisa voltar a ser.

86 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Criciúma Esporte Clube

Balanço auditado por OMV Auditores Independentes


87 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Cruzeiro Esporte Clube

88 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Receitas do Cruzeiro cresceram 30%, aumento bastante acima da média dos


clubes em 2015, impulsionado por duas das Receitas: TV (+101%!) e Venda de
Direitos Econômicos (+179%!).
Receitas

O comportamento da Venda de Direitos é compreensível, após o Bi-Campeonato


Brasileiro onde alguns atletas tiveram destaque. Agora, o aumento das Receitas
com TV nessa magnitude não tem explicação dentro do contexto usual.

O destaque negativo foi a queda de 50% na Bilheteria. O clube chegou às


Quartas-de-final da Libertadores, mas o desempenho no campeonato Brasileiro
foi fraco, desestimulando o torcedor a ir ao estádio.
Geração de Caixa

Os Custos e Despesas permaneceram praticamente estáveis. Dessa


forma, com o forte incremento de Receitas o clube conseguiu reverter um
comportamento histórico e gerou caixa em 2015. Ainda assim, em termos
recorrentes manteve a condição de degeração de caixa, o que mostra
que estruturalmente ainda há ajustes a fazer.
Custos & Despesas

O Clube já operava com a Folha de Pagamentos dentro da regra


estabelecida pelo Profut, e com o incremento de Receitas ganhou uma
folga.

89 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Além da ótima geração de caixa, o O investimento apresentou salto Financiamento para Investimentos
clube ainda teve algumas relevante, em todas as frentes. veio do atraso de Impostos. Foram
liberações operacionais, tais Para a Base foram direcionados R$ 41 milhões em 2015, que após
como recebimento de vendas de R$ 13 milhões e para reforçar o adesão ao Profut geraram
atletas (Clientes) e financiamento elenco mais R$ 42 milhões! As aumento importante na Dívida
de aquisição de Atletas. vendas que geraram aumento de com Impostos.
receitas foram quase todas
De outro lado, consumiu R$ 25 reinvestidas em novos atletas Positivamente, a Dívida Bancária
milhões que haviam sido profissionais. continua em queda e as
adiantados da TV em anos Operacionais permaneceram
anteriores. praticamente estáveis.

O clube ainda apresentou


entradas de caixa de cerca de R$
15 milhões, sem detalhamento de
origem.

90 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Cruzeiro Esporte Clube

Alerta na Toca

O Cruzeiro apresentou dados econômico-financeiros bastante conflitantes. No lado das Receitas viu crescimentos que tendem a não se
repetir, como Venda de Direitos e o valor adicional da TV, ao mesmo tempo que perdeu muita Receita com Bilheteria, que vinha sendo um
destaque nos anos anteriores.

Por conta das sobras investiu muito, supostamente atrasou Impostos e viu sua Dívida Tributária, alongada no âmbito do Profut, crescer e esta
passará a exigir mais do clube. Além disso, as dívidas pesam nas Despesas Financeiras, que consomem montante relevante de caixa do
clube.

Ou seja, não há clareza na longevidade das receitas e nem qual é a política de investimentos do clube. As fontes externas de financiamento
secaram, e então o clube deveria colocar os pés no chão e se adequar a uma realidade de Receitas que deve ser diferente da apresentada em
2015.

O clube precisa mudar sua postura e fugir da zona de risco em que se coloca há algum tempo.

91 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Cruzeiro Esporte Clube

Balanço auditado por Dênio Lima e Mário


92 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Guimarães
Figueirense Futebol Clube

93 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Se manter na Série A possibilita manter boas Receitas, ainda que exija


mais Custos e Despesas. Em 2015 o Figueirense viu suas Receitas
Receitas

cresceram 14%, impulsionado pelo aumento na TV (+30%) e esta


continua sendo o carro chefe, representando 51% do total..

As demais linhas de Receita permaneceram praticamente estáveis, sem


destaques.
Geração de Caixa

Positivamente o clube reduziu Custos e Despesas em 17%, o que


possibilitou reverter a incômoda posição de degerador de caixa nos
últimos 3 anos.
Custos & Despesas

Naturalmente, observa-se queda relevante na Folha de Pagamento, cuja


relação com as Receitas caiu de 65% pra 47%.

94 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


Parte da geração de caixa foi Em 2015 investiu R$ 7 milhões no Parte das necessidade de caixa
“devolvida” com os ajustes nos elenco profissional, acima do que foram supridas com atrasos de
Adiantamentos de TV. Foram R$ foi investido em 2014. Impostos, posteriormente
11 milhões adiantados que em Possivelmente para montar um alongados no âmbito do Profut.
2015 reduziram a entrada de caixa elenco que permitisse a
do clube. manutenção da equipe na Série A. Positivamente, as Dívidas
Bancárias e Operacionais
Para compensar recebeu permaneceram estáveis.
Adiantamentos de contratos de
Patrocínio em R$ 6 milhões.

95 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Figueirense Futebol Clube

Nadando contra a maré

Vimos em 2015 um Figueirense um pouco diferente dos anos anteriores. Mais contido na gestão de Custos e Despesas,
investiu mais para ter um elenco reforçado e que permitisse se manter na Série A.

O desempenho em 2015 foi no limite, mas o objetivo foi alcançado.

O clube não só precisa manter a boa postura de austeridade, mas reforça-la, reduzindo investimentos, ajustando fluxo de
caixa para evitar ter que recorrer a fontes externas para recompor o caixa, como Adiantamentos e novos atrasos, o que não
será permitia no âmbito do Profut.

A conferir.

96 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Figueirense Futebol Clube

Balanço auditado por Mazars


97 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Clube de Regatas do Flamengo

98 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

O crescimento das Receitas foi modesto, atingindo 4%. Não houve


grandes destaques, exceto o incremento de 11% nas Receitas de TV,
Receitas

possivelmente reajuste inflacionário. Há um equilíbrio na geração de


Receitas entre TV (38% do total), Publicidade (25%) e Bilheteria (22%).

Isso mostra que a maior parte das Receitas atingiu seu pico, e apenas
um bom desempenho em campo pode ajudar a agregar mais Receitas
com Bilheteria e Sócio Torcedor.
Geração de Caixa

O pequeno crescimento de Receitas veio acompanhado de pequena


redução nos Custos e Despesas. Dessa forma o clube continua
priorizando sua saúde financeira, atingindo impressionantes R$ 137
milhões em EBITDA em 2015. Como depende pouco da Venda de
Direitos Econômicos, parte relevante das Receitas é recorrente.
Custos & Despesas

A Folha de Pagamentos continua em níveis bastante baixos e


comportados, confirmando a política de austeridade implementada há
alguns anos no clube.

99 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


O clube liquidou posição de Em 2015 o clube investiu menos Dívidas Operacionais controladas,
adiantamentos de TV feitos no que em 2014 mas ainda assim em Dívidas com Impostos caindo
drasticamente, por efeito de pagamento
passado (R$ 17 milhões) e ainda volume considerável: foram R$ 21 (R$ 24 milhões) e adesão ao Profut .
viu outros adiantamentos serem milhões no elenco profissional.
compensados (R$ 27 milhões), Entretanto, a despeito da boa condição
especialmente de contratos de Ou seja, o problema não é falta de operacional, o clube precisou captar
dinheiro junto a Bancos, aumentando esta
licenciamento. investimento. dívida. Terá que coordenar a reciclagem
da Dívida Bancária, visto que boa parte
O investimento na Base voltou, vence no curto prazo.
mas ainda em valores módicos.
Ainda existe um problema que são as
Despesas Financeiras, pois com o
montante de Dívida total na casa dos R$
540 milhões não há como fugir dessa
realidade.

100 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Clube de Regatas do Flamengo

Espelho, espelho meu

Existe alguém melhor gerido do que eu?

Financeiramente a resposta é não. O clube mantém uma política de austeridade, gastando pouco com Folha de Pagamento,
maximizando as Receitas, pagando suas dívidas e investindo sem onerar em demasia o clube. A cartilha está sendo seguida à
risca e com muita competência, e o trabalho mais significativo agora é pensar na redução paulatina das Dívidas Bancárias,
ainda elevadas.

Entretanto, o desempenho esportivo está longe da unanimidade. Pelo menos para o Flamenguista.

Um fato importante é que o clube não deixou de investir. Em nossos cálculos foram R$ 60 milhões entre 2014 e 2015. O que
está faltando é montar um plano estratégico, ter os profissionais certos e melhorar o desempenho coletivo. Porque gestão
profissional não se resume ao financeiro, e necessariamente inclui o esportivo. Ambos andam lado-a-lado.

Já falamos isso no ano passado, e estamos repetindo agora. O clube precisa ter atenção para que a cada publicação de
balanços não deixe a sensação de estarmos vivendo o “Dia da Marmota”*.

* Referência ao filme “Feitiço do Tempo”, no qual o personagem do ator Bill Murray fica preso numa armadilhada do tempo
em que todos os dias se repetem exatamente da mesma forma.

101 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Clube de Regatas do Flamengo

Balanço auditado por Mazars


102 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Fluminense Football Club

103 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Desempenho muito bom o do Fluminense em termos de Receitas, com


Receitas

crescimento de 45% em relação a 2014. Destaques para a Venda de


Direitos Econômicos (+430%!), Publicidade (+94%) e Bilheteria (+84%).

A despeito da relevância da TV (38% do total), o clube apresentou boa


distribuição em suas receitas. Entretanto, como a Venda de Direitos
Econômicos é incerta, há que se ter atenção nesse ponto, pois
representou 20% do total em 2015.
Geração de Caixa

O clube aumento Receitas e trouxe junto os Custos e Despesas, com


aumento de 50%.

Ainda assim, manteve o nível de geração de caixa em termos nominais.


Entretanto, como parte relevante do crescimento veio da Venda de
Direitos Econômicos, quando analisamos o EBITDA Recorrente, vemos
degeração de caixa. Ou seja, parte dos Custos e Despesas foi coberto
com receitas voláteis.
Custos & Despesas

Em termos de Folha de Pagamento houve uma melhora, que passou de


54% das Receitas Totais para 49%. Importante ressaltar o elevado
volume de Outras Despesas, sem abertura e explicação suficiente.

104 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


Apesar da geração de caixa O clube investiu impressionantes Com os Investimentos, mais o
positiva, o clube ainda buscou R$ 60 milhões em elenco aumento nominal da Folha de
fontes externas de financiamento. profissional, enquanto nas Pagamentos, o clube apresentou
Houve adiantamentos de TV de R$ Categorias de Base foi apenas R$ aumento em todas a s Dívidas. No
26 milhões e financiamento de 1 milhão. caso de Impostos o efeito foi a
aquisição de Direitos Econômicos adesão ao Profut, que trouxe
de Atletas de R$ 32 milhões. Este diversas dívidas para o balanço.
valor está associado aos
Investimentos em Elenco, pois o
clube adquiriu para pagar no
futuro.

105 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluminense Football Club

Mudança de Hábito

Desde a saída do sponsor que mantinha boa parte do elenco, o Fluminense teve que se ajustar à nova realidade. Até 2014 o
trabalho vinha apresentando consistência, com equilíbrio operacional e investimentos dentro das possibilidades. Porém, em
2015 o clube abriu a carteira e investiu pesado em elenco profissional. O resultado foi aumento de Dívidas, necessidade de
Adiantamentos e financiamento de parte do investimento.

Considerando uma visão estratégica de longo prazo esta não é a melhor forma de gerir um clube. Coloca em risco receitas
futuras, trabalha com Custos acima da capacidade de geração de Receitas.

O clube precisa voltar ao bom hábito da gestão austera, gastando o possível e investindo ainda mais na Base. É preciso pensar
no longo prazo.

106 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluminense Football Club

Balanço auditado por UHY Moreira


107 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Goiás Esporte Clube

108 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Receitas Totais do Goiás cresceram 13%, e o maior crescimento foi na


Receitas

Venda de Direitos Econômicos, em 173% (de R$ 7 milhões para R$ 18


milhões). As demais Receitas tiveram comportamento muito parecido
entre 2014 e 2015.

A TV ainda é a maior fonte de Receitas, representando praticamente


50% do total.
Geração de Caixa

Positivamente, o crescimento das Receitas não trouxe junto os Custos e


Despesas, que sofreram uma pequena redução, da ordem de 8%.

Desta forma, o nível de geração de caixa foi bastante bom, atingindo R$


35 milhões. E mesmo em termos recorrentes o clube repetiu o bom
desempenho de 2014.
Custos & Despesas

A boa gestão manteve a Folha de Pagamentos em nível bastante bom,


representando 32% das Receitas, melhor que o dado obtido em 2014
(44%).

109 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


O clube reconheceu R$ 6 milhões Manteve o nível de investimentos As Dívidas tiveram bom
referentes a Adiantamentos de TV perto do histórico, sem grandes comportamento, com redução na
feito no passado. destaques. Dívida Bancária e Operacionais,
enquanto os Impostos
Ao mesmo tempo, ao financiar a mantiveram-se estáveis.
venda de Direitos Econômicos,
consumiu parte da boa geração
de caixa (R$ 13 dos R$ 15
milhões).

110 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Goiás Esporte Clube

Tudo bom, tudo bem, mas não deu certo.

A despeito da boa gestão financeira, muito consistente, o Goiás foi rebaixado à Série B.

É bastante positivo ver que um clube, mesmo caminhando para o rebaixamento, mantém a postura e a essência. O clube não fez loucuras,
não apelou para contratações a qualquer preço, pois pensa no longo prazo, de maneira sustentável.

Naturalmente terá que se reinventar em termos esportivos, seja para disputar a Série B, seja para se recuperar em campo. Mas isso terá que
continuar a ser feito de forma consistente e austera.

111 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Goiás Esporte Clube

Balanço auditado por Floresta Auditores


112 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Independentes
Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense

113 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Grêmio apresentou queda de 10% nas Receitas Totais. O desempenho é


reflexo de queda em praticamente todas as linhas, exceto nos Direitos de
Receitas

TV, que cresceram 34%, bem acima da média vista nos demais clubes.

Há dois grandes responsáveis pela queda de Receitas: Publicidade (-37%)


e Venda de Direitos Econômicos (-73%), o que comprova que a venda de
Atletas é uma receita com a qual não se pode contar. E apesar da boa
performance no Brasileiro, a receita de Bilheteria também caiu (-11%), mas
ainda representa 25% do total.
Geração de Caixa

Com a queda de receita o clube conseguiu, positivamente, manter os


Custos estáveis. Isto permitiu manter um nível mínimo de geração de
caixa, ainda que apenas 1/3 do realizado em 2014.
Custos & Despesas

Manutenção de Custos e queda de Receita fizeram com que a


participação da Folha de Pagamentos nas Receitas subisse para 53%,
ainda dentro das regras definidas pelo Profut.

114 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


O clube manteve investimentos em
Não houve Adiantamento de TV Resultado foi aumento de Dívidas
Base bastante modestos, mas
em 2015, mas em contrapartida, o Bancárias, para suprir o buraco de
gastou cerca de R$ 27 milhões em
clube perdeu cerca de R$ 22 caixa do ano.
atletas profissionais.
milhões em financiamentos
operacionais, basicamente Nas Operacionais houve ajuste já
Considerando que a geração de
envolvendo redução de Despesas abordado nos Adiantamentos, e os
caixa foi bem menor que em 2014,
Operacionais – possivelmente Impostos sofreram queda por
que houve saídas relevantes de
colocando atrasos em dia – e adesão ao Profut.
recursos de giro, investir R$ 27
redução de Direitos de Imagem,
milhões foi acima das
também possivelmente Parte da redução veio com a
possibilidades do clube.
associados ao ajuste de atrasos entrada de cerca de R$ 23 milhões
de remuneração. de caixa sem notas explicativas no
balanço.

115 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense

Complicou, Tchê!

O Grêmio apresentou desempenho econômico-financeiro bastante ruim em 2015.

Receitas em queda, custos estáveis, investimentos, efeitos de dívidas operacionais que precisaram ser ajustadas, aumento das dívidas
bancárias. Ainda tem a questão da Arena a ser solucionada, e passará a ter a pressão de pagamento das dívidas do Profut.

Ou seja, o que vimos em 2015 pode ser potencializado para os próximos anos, porque as receitas não devem subir, exceto se o clube
continuar a vender Direitos de Atletas, enfraquecendo o elenco.

É preciso equalizar a situação, reduzindo investimentos e custos, para que no longo prazo o clube se mantenha forte, relevante, e não mero
coadjuvante.

116 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense

Balanço auditado por Rokembach + Lahm,


117 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Villanova, Gais e Cia Auditores
Sport Club Internacional

118 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Receitas do Internacional cresceram 9% em 2015.


Receitas

A única linha que teve crescimento mais relevante foi a Venda de Direitos
Econômicos, que saltou 29%. A TV cresceu 10% e é a segunda mais
relevante para o clube, representando 29% do total. A mais relevante para
o clube continua a ser a Bilheteria e o Programa de Sócio Torcedor, que
representa 35% do total.
Geração de Caixa

O trabalho em termos de correção de rumo foi muito bem feito em 2015. Os


Custos e Despesas caíram 20% e associado ao aumento da Receita
possibilitou uma boa geração de caixa, atingindo R$ 64 milhões. Mesmo
considerando apenas as Receitas Recorrentes, ainda assim foi positivo, e
mostra uma evolução quando comparado aos 3 anos anteriores, onde essa
conta foi negativa.
Custos & Despesas

A redução de Custos atingiu diretamente a Folha de Pagamento, que caiu


de 71% das Receitas para 46%, mostrando que o trabalhou foi na direção
correta.

119 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

O clube não se utilizou de O clube investiu R$ 11 milhões em Dívidas com Impostos e


Adiantamentos de TV, e ainda contratações de profissionais, Operacionais sofreram redução
consumiu R$ 6 milhões de volume bem menor que os R$ 94 relevante, parte pelo próprio ajuste
adiantamentos passados. milhões aplicados em 2014, o que de Custos (Operacionais), parte por
mostra uma profunda mudança na conta da adesão ao Profut
O que gerou forte impacto no caixa postura. (Impostos).
foi o consumo de contas de giro.
Foram R$ 40 milhões, sendo parte Em compensação as Dívidas
referente a pagamento de atletas Bancárias cresceram
(R$ 18 milhões), financiamento de consideravelmente, porque o fluxo
atletas vendidos (R$ 14 milhões) e de caixa ficou apertado em função
licenciamentos (R$ 16 milhões). dos ajustes de giro, bem como das
relevantes Despesas Financeiras e
do Capex.

120 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Sport Club Internacional

Colocando a casa em ordem

O Internacional sempre foi um modelo de gestão, que pensava no longo prazo, com bons números e desempenho
equilibrado. Em 2014 o clube perdeu a mão, pensando apenas em conquistas esportivas, sem olhar para a saúde
financeira. Passada a tempestade, o clube voltou aos trilhos em 2015, com alguma dor.

O clube fez o dever de casa, conseguindo aumentar as receitas, reduzir custo e investimentos, equacionar as dívidas
tributárias. Ainda assim, boa parte dos esforços serviu apenas para ajudar na correção da rota. Ainda falta ganhar
tração. Isto significa dizer que o clube precisa manter a postura austera para poder voltar a ter força financeira e
manter o time disputando títulos.

121 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Sport Club Internacional

Balanço auditado por Saweryn e Associados


122 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Auditores
Joinville Esporte Clube

123 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Disputar a Série A possibilitou ao clube crescer suas Receitas em 41%


Receitas

em 2015. O grande destaque foi a cota de TV, que subiu quase 200%.
Essas Receitas representam 43% do total.

As receitas com Bilheteria também apresentaram bom crescimento, da


ordem de 30% e representam 33% do total. Nota-se, dessa forma, alto
grau de concentração na geração de Receitas.
Geração de Caixa

Conforme as receitas cresceram, os Custos e Despesas vieram junto,


crescendo na mesma proporção, de forma que o EBITDA nominal ficou
próximo ao de 2014.
Custos & Despesas

Folha de Pagamento manteve proporção em relação às Receitas, abaixo


de 65% e conforme a demanda do Profut.

124 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


Clube que não se utiliza de Valores baixos, de acordo com a Crescimento das Dívidas
Adiantamentos e com capacidade financeira do clube. Operacionais, de acordo com o
movimentações pequenas em crescimento das Folha de
termos de giro. Pagamento. No caso dos
Impostos, crescem em função de
adesão ao Profut.

125 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Joinville Esporte Clube

Fazendo o que é possível

O Joinville é um clube regional, com limitação de acesso a volumes relevantes de receitas e que trabalha um ano de cada vez.
Para 2015, conforme aumentaram as Receitas, reforçou a equipe, elevou gastos, mas mantendo o equilíbrio.

Difícil competir com os clubes de Receita muito maiores, e ainda jogou contra o fato de voltar à Série A depois de muitos
anos. Assim, o resultado esportivo não foi o esperado e o clube retornou à Série B em 2016.

Mas o ponto positivo é a capacidade de se reconhecer e trabalhar dentro do limite de Receitas.

126 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Joinville Esporte Clube

Balanço auditado por Selecta Auditores


127 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Clube Náutico Capibaribe

128 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas Receitas & Custos Valores em R$ milhões

O Náutico não apresenta detalhes das Receitas. Em 2015 o total


cresceu 15%, mas não temos como avaliar este crescimento.
Geração de Caixa

Apesar do crescimento das Receitas, os Custos mantiveram-se


elevados. Apesar da queda de 12%, o nível de partida era elevado, de
forma que continuou acima das Receitas e o EBITDA permaneceu
negativo.
Custos & Despesas

O clube continua com Folha de Pagamento muito acima dos patamares


máximos estabelecidos pelo Profut. Há muito ajuste a ser feito.

129 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

a
b

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Não há movimentos de Investimentos mínimos em Atletas O Endividamento continua


Adiantamentos de TV, porém o Profissionais. Ao menos o clube crescendo. O Bancário é limitado,
clube teve entradas de caixa não gastou muito além do que porém observamos a
referentes a contas de giro, como poderia. possibilidade de atrasos nos
Despesas Provisionadas. Isso encargos e salários correntes,
pode indicar eventuais atrasos. bem como em pagamentos
relativos ao passado, o que
explica o crescimento das Dívidas
Operacionais e com Impostos.

130 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Clube Náutico Capibaribe

Na corda bamba

O Náutico parece não se conhecer. Clube de alcance regional, tem acesso limitado a Receitas, mas ainda assim apresenta
Custos e Despesas acima das Receitas há dois anos. Isso só dificulta o clube a manter as contas em dia.

Se nada for feito para reverter o quadro, uma possível adesão ao Profut vai drenar caixa do clube e pode colocá-lo em risco
num futuro próximo. Mas sem isso fica impossível se equilibrar.

131 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Clube Náutico Capibaribe

Balanço auditado por Equity Auditoria


132 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Sociedade Esportiva Palmeiras

133 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

O Palmeiras apresentou o maior crescimento de Receitas em 2015, que foi de 57%. Destaque
absoluto para duas delas: Publicidade (201%) e Bilheteria/SócioTorcedor (240%).
Receitas

Estes movimentos são reflexos da mudança de gestão do clube, onde o Presidente colocou a
casa em ordem em termos financeiros e pode atrair um investidor publicitário que mudou o
patamar de receitas do clube. Além disso, a entrada em operação do novo estádio elevou o
número de Sócios Torcedores e adicionou público ao estádio. Tudo isso funcionou bem porque
em campo a equipe apresentou desempenho técnico que manteve interesse do torcedor.

Demais Receitas tiveram desempenho dentro de uma normalidade e hoje o clube possui uma
boa divisão na origem das receitas, entre TV, Publicidade e Bilheteria.
Geração de Caixa

Apesar do impressionante crescimento de Receitas, os Custos e


Despesas apresentaram pequena queda em relação a 2014. Isto
possibilitou ao clube apresentar uma geração de caixa elevadíssima, de
R$ 142 milhões.
Custos & Despesas

Dados a manutenção dos Custos e o crescimento das receitas, a relação


entre Folha de Pagamento e as Receitas ficou em patamares bastante
baixo, ainda menores que os de 2014.

134 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


Os números mostram que O clube foi o maior investidor As Dívidas tiveram comportamento
houve Adiantamento de TV de em Atletas Profissionais de esperado para um clube que tem a
cerca de R$ 16 milhões. 2015. Foram R$ 94 milhões! situação financeira em ordem.

As Bancárias sofreram redução,


Além disso, observa-se que as Ou seja, parte relevante da
dentro do esperado e de acordo com o
contas de giro trouxeram mais geração de caixa foi aplicada em cronograma estipulado com o
R$ 18 milhões de caixa, parte atletas profissionais. Presidente, onde 10% das Receitas
pelo financiamento de aquisição pagam o empréstimo feito por ele.
de direitos de atletas, parte pelo Além disso o clube investiu R$
aumento das Despesas 14 milhões nas categorias de As Operacionais crescem porque os
Provisionadas. Base. salários nominalmente cresceram. E
os Impostos tiveram pequeno
crescimento, possivelmente correção
monetária.

135 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Sociedade Esportiva Palmeiras

Passado. Presente! Futuro?

A gestão de Presidente Paulo Nobre colocou ordem na casa em termos financeiros. As dívidas estão equacionadas, a
condição equilibrada trouxe investidores publicitários e o novo estádio, em conjunto com um time reforçado, trouxe
mais Receitas.

Mas nem tudo é tão simples.

Se a Dívida Bancária está equacionada é porque o Presidente encontrou um modelo seguro para o clube repagá-lo.
Mas o crescimento das Receitas Publicitárias está concentrado num único sponsor, Isto coloca em risco as Receitas
caso haja uma ruptura. No momento não parece uma realidade, mas ela sempre pode chegar. E nesse caso o risco é
maior, porque o valor pago está bastante acima da média de mercado, conforme vimos no tópico sobre Receitas com
Publicidade.

O crescimento das Receitas com Bilheteria e Sócio Torcedor se deu em função do novo estádio e de um time
competitivo, montado a partir do crescimento de Receitas e da condição financeira equilibrada deixada pelo
Presidente. Mas esse sucesso dependerá necessariamente de um bom desempenho esportivo da equipe, porque
torcedor mantém a chama acesa quando há resultado em campo.

Além disso, a folga financeira obtida em 2015 tende a ser menor em 2016 por conta dos salários e manutenção de um
elenco tão grande.

Enfim, o cenário hoje é positivo, mas sucesso passado não garante sucesso futuro. O clube precisará se manter
organizado, precisará encontrar o equilíbrio quando o Presidente Paulo Nobre deixar o comando, para que este bom
momento se mantenha no longo prazo.

136 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Sociedade Esportiva Palmeiras

Balanço auditado por GF Auditores


137 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Associação Atlética Ponte Preta

138 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

As Receitas da Ponte Preta cresceram 139% em 2015, muito em função


do retorno da equipe à Série A. A Receita de TV saltou 300%, e a Venda
Receitas

de Direitos Econômicos foi 41% maior.

Em 2015 TV representou quase 50% do total das Receitas, seguida por


Venda de Direitos de Atletas, que atingiu 21%. Demais Receitas dividem
o restante, sem destaques.
Geração de Caixa

Depois de 3 anos o clube conseguiu equilibrar Receitas e Custos e


Despesas, de forma a atingir o break-even. Mas não porque houve
controle dos Custos e sim porque eles cresceram menos que as Receitas,
depois de um ano de Custos e Despesas módicos em função da disputa
da Série B.
Custos & Despesas

Desta forma, a Folha de Pagamentos atingiu o patamar máximo definido


pelo Profut, bastante superior ao apresentado em 2014.

139 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


Como os contratos com TV são Para disputar a Série A o clube Praticamente não há Dívida
anuais, não há Adiantamentos. E as investiu R$ 4 milhões em Atletas Bancária e as Operacionais
contas de giro apresentam Profissionais e muito pouco na mantiveram-se comportadas,
movimentação sem destaque. Base. apesar do aumento da Folha de
Pagamento.

Em compensação as Tributárias
cresceram consideravelmente,
especialmente porque o clube
atrasou encargos para compor o
caixa, conforme aponta a variação
das contas.

140 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Associação Atlética Ponte Preta

Um ano de cada vez

A Ponte Preta mantém o perfil de clube de alcance regional, que trabalha um ano de cada vez. Como não tem contrato
de longo prazo com a TV e as demais Receitas não são relevantes, dependendo muito da Venda de Direitos
Econômicos para aumentar o poderia financeiro, então o clube calibra seus gastos de acordo com o momento.

Mas deveria olhar mais para a Base, investindo mais na formação de atletas, que tem custo mais compatível com sua
condição financeira.

Difícil a vida de um clube cuja luta é para permanecer na Série A.

141 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Associação Atlética Ponte Preta

Balanço auditado por Audcorp


142 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Santa Cruz Futebol Clube

143 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

A abertura de informações do Santa Cruz é bastante deficiente,


Receitas

dificultando nossa análise. De qualquer forma, as Receitas tiveram queda


de 16% em 2015, apesar do bom desempenho em campo, inclusive com
o retorno à Séria A após muitos anos. Sem detalhes não há como
fazermos uma avaliação do clube.
Geração de Caixa

O que observamos é que além da queda nas Receitas ainda houve


aumento nos Custos e Despesas, de forma que a geração de caixa foi
negativa pelo segundo ano seguido.
Custos & Despesas

Como os Custos e Despesas cresceram, a relação da Folha de


Pagamento com as Receitas cresceu também. Ainda está abaixo das
demandas do Profut, mas há que se ter atenção. Sem detalhes, não
conseguimos avaliar das demais Despesas.

144 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


Não se utiliza de Adiantamentos de Impossível fechar as contas do Notamos crescimento importante
TV, mas as contas de giro deixaram volume de Investimentos, mas da Dívida Bancária, que foi a fonte
uma pressão de R$ 11 milhões em aparentemente o clube investiu de recursos para os Ajustes de
2015, vindas basicamente da redução cerca de R$ 2 milhões, sem conta do clube, seja dos
nas Despesas Provisionadas. detalhamento para onde foi o Investimentos, da necessidade de
recurso, se Base ou Profissional. giro, do pagamento de impostos
atrasados.

Demais Dívidas apresentaram


queda relevante, possivelmente
apoiadas pela adesão ao Profut.

145 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Santa Cruz Futebol Clube

Procurando se encontrar

O Santa Cruz em 2015 deve ser analisado sob duas óticas: i) esportivamente foi muito bem, especialmente
considerando sua capacidade de investimento, pois dos clubes analisados é um dos menores orçamentos; ii)
financeiramente foi bastante complexo, pois a geração de caixa foi negativa, teve pressão de giro relevante, muitas
saídas de caixa e ainda teve que se apoiar em bancos para fechar suas contas.

Vai contar com o crescimento das Receitas de quem chega à Série A para organizar a casa. Ou não, caso utilize o
dinheiro apenas para reforçar elenco e tentar permanecer na divisão de elite, o que não é recomendado se pensarmos
em estratégias de longo prazo.

Mais um clube que tem a vida difícil de quem tem poder financeiro limitado.

146 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Santa Cruz Futebol Clube

Balanço auditado por N/A


147 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Santos Futebol Clube

148 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Receitas praticamente estáveis, mas com mudança relevante em sua


composição. TV (+40%) e Bilheteria/Sócio Torcedor (+60%) foram as
Receitas

duas que mais cresceram, junto com Outras Receitas, para as quais não
temos identificação. As demais Receitas sofreram reduções da ordem de
24% (Publicidade) e 76% (Venda de Direitos de Atletas).

Interessante este crescimento de Receitas de TV do Santos, sem motivo


aparente. Possivelmente teve renovação de contrato em 2015 que gerou
Luvas, uma vez que não houve entrada adicional que justifique tamanho
crescimento.
Geração de Caixa

Custos e Despesas cresceram 14%, e com a manutenção das Receitas


fez com que a geração de caixa fosse de apenas R$ 1 milhão,
completando o 4º ciclo de queda, desde os R$ 69 milhões de 2012. O
que se observa é queda constante de Receitas e aumento de Custos,
indicando tendência bastante negativa para o clube.
Custos & Despesas

A Folha de Pagamento caiu de 58% para 52% das Receitas, indicando


melhora no índice. Entretanto, há um volume considerável de Outras
Despesas sem detalhes e que foram as responsáveis pela deterioração
da condição do clube.

149 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


Consumiu caixa referente a Observamos elevação de Mas para fechar as contas,
Adiantamentos de TV feitos no investimento nas Base, de R$ 2 considerando que além do que foi
passado. milhões para R$ 5 milhões. citado anteriormente o clube ainda
Enquanto isso foram investidos R$ pagou R$ 40 milhões de Despesas
Em termos de contas de giro, houve 9 milhões em Atletas Profissionais, Financeiras, as Dívidas
entrada de caixa da ordem de R$ 14 metade do que foi investido em aumentaram. Apenas com Impostos
milhões, muito em função de 2014, e mostrando maior supostamente atrasados foram R$
financiamento de aquisição de racionalidade no uso do caixa. 38 milhões. As Operacionais
Direitos de Atletas e recebimentos de permaneceram estáveis, mas as
vendas. Bancárias subiram R$ 13 milhões.

150 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Santos Futebol Clube

Espiral negativa

O Santos precisa ligar o sinal de alerta urgentemente. São 4 anos seguidos de queda nas Receitas e aumento de
Custos e Despesas. Em 2015 o desempenho econômico-financeiro só não foi pior porque houve um crescimento
inesperado – pelo menos sob o ponto de vista lógico – das Receitas com TV.

Apesar disso ainda teve que lançar mão de atrasos de Impostos, possivelmente encargos, e pagou valores elevados
de Despesas Financeiras. Um clube nessa condição é inviável no longo prazo, considerando que as Receitas que
mantém o clube relevante, como Publicidade e Bilheteria/Sócio Torcedor não apresentam volumes significativos para
servirem de base para uma guinada.

A verdade é que o clube não soube viver sem Neymar, e todas as alternativas até agora não surtiram efeito financeiro,
a despeito de algum sucesso esportivo, como a sequência de conquistas regionais, o vice-campeoanto da Copa do
Brasil e o bom desempenho no Brasileiro de 2015.

O clube precisa usar ainda mais atletas da Base, precisa equacionar a relação Receitas/Custos e precisa buscar
novas estratégias para obter mais Receitas sustentáveis.

O Santos precisa urgentemente rever seus conceitos.

151 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Santos Futebol Clube

Balanço auditado por N/A


152 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
São Paulo Futebol Clube

153 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

As Receitas do São Paulo cresceram 12%, impulsionadas pela Venda de


Direitos Econômicos (50%) e pela Bilheteria/Sócio Torcedor (47%).
Receitas

Das demais Receitas, há dois destaques negativos: Publicidade, que


caiu 7% e o Estádio, que perdeu 18% em relação a 2014.

O fato é que o bom desempenho do clube no Brasileiro trouxe mais


público e a venda de 8 atletas profissionais gerou Receitas que reduziu a
pressão de caixa do clube.
Geração de Caixa

Ao mesmo tempo que conseguiu elevar as Receitas, o clube trabalhou na


redução de Custos e Despesas, seja por força de corte de custos, seja
pela saída dos atletas vendidos. Fato é que a geração de Caixa saltou de
R$ 13 milhões em 2014 para R$ 50 milhões em 2015, mostrando que
houve ação para reverter o quadro ruim do ano anterior.

Melhorou também a relação entre Folha de Pagamento e Receitas,


Custos & Despesas

caindo de 56% para 50%. Afinal, vendeu atletas e não repôs com outros
de valor salarial elevado, optando em parte pelo uso das categorias de
Base.

154 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida


Não houve Adiantamento de TV, O clube continuou investindo As Dívidas bancárias
mas consumo de R$ 5 milhões volumes significativos. Na Base permaneceram estáveis, assim
adiantados em anos anteriores. foram R$ 24 milhões enquanto no como as Dívidas Operacionais.
Profissional foram R$ 32 milhões. Entretanto, as Tributárias
Entretanto, o clube obteve R$ 28 Parte desses Investimentos foi cresceram porque o clube lançou
milhões de financiamentos financiada com aporte de terceiros mão do atrasos de encargos e
operacionais, parte possivelmente de cerca de R$ 24 milhões. E isso impostos para ajudar no
são dívidas que o clube tem com fechamento do caixa.
pelo Adiantamento de Contratos
de Patrocínio – cerca de R$ 17 esses financiadores e que não estão
no gráfico acima. Ou seja, há dívida E ressaltamos que há R$ 24 milhões
milhões – e parte com o
a ser acrescida. de novas dívidas utilizadas para
financiamento de aquisição de aquisição de atletas, conforme nota
atletas. de balanço.

155 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


São Paulo Futebol Clube

Cortaram o fio certo

Quem gosta de filmes e séries de ação já se deparou com a cena onde uma bomba está prestes a explodir e o herói
permanece claudicante em frente a dois fios, decidindo qual deles cortar. Um deles desarma a bomba, mas o outro
acelera a explosão.

O São Paulo esteve nessa situação em 2015. Alertamos que o clube estava prestes a explodir. Felizmente as gestões
entenderam isso e aplicaram, ainda que de forma atabalhoada, soluções que permitiram cortar o fio correto.

Foram vendidos 8 atletas que trouxeram um volume expressivo de receitas. O clube lançou mão de alternativas
heterodoxas, como atrasos de salários e encargos, adiantou recursos de patrocinadores e investiu com dinheiro
emprestado. Além disso, apresentou programas de melhorias de gestão, contando com apoio de torcedores ilustres.

Fato é que sem esses movimentos o clube teria tido um ano ainda mais catastrófico. O resultado foi ruim, com déficit,
dívidas elevadas, pagamentos de mais de R$ 40 milhões em Despesas Financeiras, atrasos – situações incomuns na
história do clube – mas no episódio final, sobreviveu.

Entretanto, ainda há muito a fazer. Algumas Receitas estão aquém da possibilidade do clube, como a de Publicidade,
assim como o Estádio já não gera tanto como no passado. Em 2015 a Venda do Direito de Atletas salvou o clube, mas
essa é uma receita incerta. Há dívidas elevadas e caras.

O clube começa 2016 ao menos respirando mais aliviado. Precisa agora implementar medidas austeras para que
transforme o filme de horror que foi 2015 numa ação cujo final venha com títulos.

156 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


São Paulo Futebol Clube

Balanço auditado por CCA Continuity


157 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Sport Clube do Recife

158 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas Receitas & Custos Valores em R$ milhões

O Sport não apresenta suas Receitas com a riqueza de detalhes


necessárias para uma boa análise. O que observamos foi um
crescimento de 44% nas Receitas Totais.
Geração de Caixa

Custos e Despesas cresceram 36% e mantiveram a Geração de Caixa


perto do break-even.
Custos & Despesas

Sem grandes detalhes, vemos que a relação entre Folha de Pagamento


e Receita caiu de 84% para 66%, mas houve crescimento das Despesas
Administrativas e de Outras Despesas, sem que houvesse
detalhamentos a respeito.

159 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

O Sport trabalhou numa condição O clube manteve bom volume de As dívidas tiveram bom
bastante equilibrada em 2015. investimentos na categoria comportamento. Começando
Apesar de utilizar bom volume de Profissional, com R$ 6 milhões, pelas Bancárias, permaneceram
Adiantamentos, seja de TV (R$ 11 mas praticamente não investiu na estáveis, enquanto as
milhões), seja em contas de giro Base. Operacionais cresceram em
(R$ 13 milhões), não havia função do crescimento da Folha.
necessidade de fazê-los, pois
havia geração de caixa suficiente Quem apresentou forte
para suas necessidades. O clube crescimento foram as Fiscais, em
aproveitou a oportunidade e função da adesão ao Profut, que
reforçou o caixa. trouxe dívidas para o balanço.

160 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Sport Clube do Recife

Olhando para o futuro

O Sport apresenta uma gestão organizada, controlada, que mantém as finanças equilibradas.

2015 foi um bom ano nesse sentido, onde vimos a equipe reestruturar suas dívidas tributárias, ao mesmo tempo que
se utilizou de adiantamentos para reforçar seu caixa e entrar em 2016 pronto para manter uma equipe competitiva
mas dentro de suas possibilidades.

É importante que o clube mantenha os pés no chão e suba de patamar de forma consistente.

161 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Sport Clube do Recife

Balanço auditado por BDO RCS


162 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Club de Regatas Vasco da Gama

163 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

Receitas Totais cresceram 47%, fortemente impulsionadas pelos Direitos de TV,


que subiram 43% e representam 55% das Receitas Totais.
Receitas

Assim como ocorreu com outros clubes, não parece fazer muito sentido tal
crescimento sem que houvesse uma renovação antecipada de contrato e
recebimento de luvas. Mesmo com o retorno à Série A, o aumento não deveria
ser de tal magnitude.

Outro destaque está nas Receitas de Publicidade, que cresceram 63%.


Geração de Caixa

O retorno à Série A ensejou aumento de Custos e Despesas proporcional


ao aumento nas Receitas. O salto foi de 45%. Ainda assim a geração de
caixa atingiu um bom número, chegando a R$ 19 milhões.
Custos & Despesas

A Folha de Pagamento subiu 18%, mas apresentou redução na relação


com as receitas, de 50% para 40%.

O que o Vasco apresenta sem mais detalhes são chamadas de Outras


Despesas, num volume bastante elevado.

164 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Não observamos Adiantamentos No retorno à Série A o clube A Dívida Bancária apresentou


de TV. Entretanto, houve investiu pouco na aquisição de crescimento modesto, enquanto as
consumo de R$ 14 milhões de atletas Profissionais, apenas R$ demais Dívidas mantiveram-se
caixa referente a pagamentos de 4 milhões, e positivamente um estáveis.
Fornecedores e consumo de bom volume na Base: R$ 12
Adiantamentos de cotas milhões. Vale ressaltar que o clube teve R$
publicitárias de anos anteriores. 113 milhões em tributos
“perdoados” no âmbito do Profut.
Isto mesmo depois de ter atrasado
cerca de R$ 25 milhões no ano
corrente de 2015. Tudo dentro do
que reza a legislação.

165 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Club de Regatas Vasco da Gama

Fogo na Colina

O que esperar do Vasco da Gama?

O clube retornou à Série A em 2015, apresentou aumento de Receitas, aumentou gastos para montar um time
supostamente compatível com a competição. Mas teve que pagar contas do passado, investiu além das possibilidades
e isto o levou atrasar Impostos.

Encerrado o ano o clube não conseguiu reduzir dívidas – ainda que tenha renegociado as Fiscais via Profut – não
reservou caixa, e acabou na Série B novamente. Para piorar, parte das receitas de 2015 não deverão se repetir nos
próximos anos, seja porque a TV continha parte não recorrente, seja porque a Publicidade reduz de valor ao jogar a
Série B.

Desta forma, fica cada vez mais distante de uma organização que permita ao clube voltar a ser a potência esportiva de
um passado cada vez mais distante. É preciso por os pés no chão, reorganizar Custos e Despesas e aceitar a
realidade de que os voos serão mais baixos, porém mais seguros.

166 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Club de Regatas Vasco da Gama

Balanço auditado por Azevedo & Lopes Auditores


167 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Esporte Clube Vitória

168 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receitas & Custos Valores em R$ milhões

O Vitória apresentou redução de 16% nas Receitas, e em todas as


Receitas

linhas. Ao disputar a Série B o clube viu suas cotas de TV sofrerem


redução de 7%. Bilheteria caiu 33%, Publicidade caiu 10%.
Geração de Caixa

Muito positivamente o clube reduziu drasticamente seus Custos e


Despesas, de R$ 54 milhões para R$ 28 milhões, queda de 48%, o que
fez a geração de caixa saltar de praticamente zero - desempenho
histórico, aliás – para R$ 26 milhões.
Custos & Despesas

O que vimos foi uma forte redução na Folha de Pagamentos, de forma


que a relação com as Receitas fosse de 71% para módicos 41%.

169 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
Composição da Dívida

c
Valores em R$ milhões

a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida

Os contratos do clube são feitos O clube investiu R$ 5 milhões nas Dívidas Bancárias sofreram
em bases anuais e em 2015 Categorias de Base e muito pequena redução, enquanto as
recebeu de forma antecipada pouco, ou perto de zero na Operacionais caíram bastante em
parte do recurso referente a 2016. formação de elenco profissional. função da redução da Folha de
Tanto é que este recurso está no Pagamentos.
caixa do clube.
Enquanto isso as Despesas
Ao mesmo tempo consumiu R$ 7 Fiscais cresceram cerca de R$ 6
milhões em aplicações em giro, milhões, fruto de atrasos que
notadamente ajustes nas contas foram posteriormente alongados
de Despesas provisionadas, que no âmbito do Profut.
apresentaram redução em função
do menor valor da Folha de
Pagamentos.

170 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Esporte Clube Vitória

Vitória de todos os Santos

Impressionante a postura correta adotada pela gestão do Vitória em 2015. Ao cair para a Série B e observar redução
potencial de Receitas o clube agiu e reduziu mais que proporcionalmente seus Custos e Despesas, adequando-os à
realidade do ano.

Resultado foi um desempenho econômico-financeiro equilibrado, com excepcional geração de caixa, contas
aparentemente em dia, e dinheiro em caixa para iniciar 2016 na Série A com mais fôlego para buscar sustentabilidade
de longo prazo na principal divisão do País.

Comportamento exemplar, incluindo a manutenção de investimentos em Base, que geram resultados de longo prazo.
Claramente um clube pensando no futuro.

171 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Esporte Clube Vitória

Balanço auditado por Convicta Auditores


172 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Hora da Verdade |
Como foram
nossas previsões
para 2015

173 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 173


Como fomos e o que projetamos

O objetivo do “Earnings Preview” é menos o de acertar os dados, coisa de quem lê cartas ou bola de cristal, e mais
de apresentar o grau de transparência de cada clube em termos de disponibilidade de informações financeiras.

Vocês notarão que quanto mais dados divulgam, mais chegamos perto do resultado final auferido, e isto é muito
importante para que o torcedor acompanhe o desempenho financeiro do seu clube.

Se o objetivo não é necessariamente acertar, é sim dar uma dimensão da situação antes da publicação dos
balanços, para que os torcedores entendam os movimentos de início de ano. Seria muito melhor se todos
divulgassem dados intermediários que possibilitassem o acompanhamento mais de perto..

Quem sabe um dia?

Vamos aos resultados!

174 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Projeções 2015 X Realizado 2015
Atlético Mineiro Valores em R$ milhões

Erramos por muito. Não contávamos com o crescimento incomum nas


Receitas com TV (R$ 30 milhões acima da nossa previsão) nem da Venda de
Direitos Econômicos (R$ 21 milhões acima).

Além disso os Custos e Despesas vieram consideravelmente abaixo de


nossas expectativas. Há que se considerar a falta de dados intermediários.

Paciência. Mais treino para a próxima!


Botafogo

No Botafogo consideramos Receitas com TV um pouco abaixo do


realizado e Custos pouco acima. Dado que não havia dados parciais,
apenas um orçamento, consideramos que nossa avaliação chegou
perto.

Um pouco mais de precisão no chute na próxima temporada!

Nossas considerações, mesmo tendo dados de Agosto/15, ficaram


Corinthians

abaixo do realizado por conta de não considerarmos Receitas com


Sócio Torcedor, que foram superiores ao uso de Bilheteria no ano.

Ainda assim consideramos que faltou pouco para o Gol, especialmente


porque acertamos os Custos e Despesas.

175 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


CruzeiroProjeções 2015 x Realizado 2015 Valores em R$ milhões

Mesmo sem apresentar dados intermediários, e considerando que o


clube apresentou Receitas com TV bem acima do usual, tivemos bom
desempenho. Nossa avaliação não contemplou a redução de Custos
com Folha Salarial implementada pelo clube.

Ainda assim vamos considerar que nossa previsão poderia ter sido
melhor.
Flamengo

Com parcial publicada em Setembro/15, chegamos muito perto do


desempenho final do Flamengo. Pequeno descompasso em relação às
Receitas, mas muito em linha de forma geral.

Parabéns ao clube pela transparência que nos permitiu antever seus


dados finais!
Fluminense

E que golaço!

Ajudou muito termos acesso aos dados intermediários de


Setembro/15, mas nossa margem de erro aqui foi mínima.

Parabéns também ao Fluminense pela transparência, que ajuda o


torcedor a acompanhar a realidade financeira do clube.

176 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Grêmio Projeções 2015 x Realizado 2015 Valores em R$ milhões

Os números eram intermediários de Junho/15, e isso não deu a pista


completa, mas ao menos a direção não foi muito torta. Na trave!

Nosso maior erro foi considerar Receitas de TV R$ 13 milhões abaixo


do realizado e Custos levemente acima. Faz parte.
Internacional

Erramos feio no Internacional! Não tínhamos dados preliminares,


apenas um orçamento revisado com informações vagas, então nosso
exercício foi realmente em cima de hipóteses, todas infundadas.

Mais treino, por favor!

Tínhamos dados do Palmeiras até Novembro/15, e isso deveria trazer


Palmeiras

maior grau de acerto em nossa previsão. Ocorre que houve muitos


ajustes tanto nas Receitas como nos Custos. Ou seja, mesmo com
informação, se ela não for detalhada, não é possível entender a
realidade dos dados.

Erramos, mas havia um buraco no campo.

177 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Projeções 2015 x realizado 2015 Valores em R$ milhões

Mais um golaço na temporada!


Santos

Apensar de termos dados intermediários de Março/15, conseguimos


avaliar corretamente o comportamento das Receitas e dos Custos e
Despesas, de forma que o resultado apontado nas previsões foi
próximo do realizado.

O São Paulo também não divulga dados intermediários, e isto


São Paulo

ocasionou alguns erros de avaliação. Acabamos errando um pouco em


cada conta de Receita e não conseguimos considerar corretamente as
economias implantadas pela Diretoria.

Erramos!

Erramos a dimensão mas acertamos a diferença.


Vasco

O Vasco não divulga dados intermediários, então não tínhamos como


imaginar que haveria salto tão grande nas Receitas de TV, o que
possibilitou crescimento de Custos e Despesas na mesma proporção.

Faltou bola de cristal, mas conceitualmente chegamos perto.

178 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Avaliação de
Desempenho |
Gráfico de
Eficiência
Futebolística

179 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 179


Conceito | Visão geral
Como medir a eficiência de uma equipe

O que é eficiência no Futebol? Muito provavelmente dirão os Torcedores e Analistas que são os Títulos! De certo modo, é verdade, afinal o “lucro” de um
clube deveria ser o título conquistado.

Mas a que preço chega esse título? Quanto vale o desempenho de um clube Campeão? Será possível chegar a conquistas gastando pouco?

Buscando respostas a essas e outras perguntas criamos um Índice de Eficiência do Futebol, que consiste em fazer um cruzamento entre Desempenho
Esportivo, tratado em duas dimensões, i) total de pontos obtidos no ano e ii) pontuação por colocação nos campeonatos disputados e desempenho
financeiro, tratado a partir dos Gastos Gerais, que como mostramos anteriormente, é a soma entre Custos, Investimentos e Despesas Financeiras.

Isso tudo é plotado num gráfico e dependendo da posição do clube nesse gráfico chegamos ´visualmente ao Índice de Eficiência.

A seguir um pouco sobre as 3 dimensões.

Gastos Gerais Relação com os Pontos As Conquistas


Daí cruzamos o Custo por Ponto com
É a soma conforme citamos acima. Ela Dividimos então o valor dos Gastos outra pontuação, a das Conquistas.
indica quanto o clube investiu no Futebol, Gerais pelo total de pontos obtidos pelo Atribuímos pontuações para conquistas e
seja via Salários, despesas que clube ao longo de todo o ano, em todos decepções, na seguinte proporção:
sustentam o negócio, Investimentos em os campeonatos oficiais.
Atletas Profissionais e da Base – ou seja, Títulos Estaduais e Regionais:.....10 pts
Copa Sulamericana:.................... 10 pts
reforço da mão-de-obra – e quanto Com isto chegamos ao Custo de cada Classificação para Libertadores:. 10 pts
pagou de Custos Financeiros, que na ponto, que de maneira geral nos grandes Títulos da Copa do Brasil:........... 15 pts
prática representa o preço do dinheiro clubes chega a valer Milhões de Reais. Brasileiro: ....................................20 pts
tomado para cobrir buracos de caixa Libertadores: ...............................25 pts
Mundial: .......................................30 pts
originados pela atividade, seja por conta Mas ele sozinho não diz nada, pois um
de Dívidas, seja por Adiantamentos. clube pode ter conquistado um bom Subir para Série A:....................... 5 pts
volume de pontos mas não ter Cair para Série B: .....................- 15 pts
conquistado Títulos.
O resultado veremos a seguir, com o
cruzamento plotado num gráfico e a
classificação de cada clube.

180 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Os Grupos | Como definimos cada posição no gráfico
Os grupos levam em consideração a pontuação total das conquistas, ou seja, se um clube venceu o Estadual e fez 5
pontos, mas foi rebaixado na Série A e perdeu 15 pontos, então no ano seu resultado foi menos 10 pontos. Um título é
importante, mas vemos que a permanência na Série A traz mais retorno financeiro no longo prazo.

Eficientes Eficazes Bom Trabalho

São os que conseguiram São os que conseguiram Gastaram relativamente


mais Conquistas gastando mais Conquistas gastando pouco e apesar de não
menos por ponto. Eficiência mais por ponto. O resultado conquistarem nada,
é conseguir resultados ao veio, mas a um custo permaneceram nas suas
menor custo. excessivo. Séries.

Deixaram a Desejar Não deu Perdulários

Estes também Gastaram pouco, era o Gastaram muito e o


permaneceram em suas possível, e o resultado não resultado ao final da
Séries, mas gastando muito só não veio como o clube temporada foi negativo.
mais. Ou seja, o gasto foi ainda foi Rebaixado de Pode até ter conquistado um
improdutivo. Série. título menor, mas o
rebaixamento de Série pôs
tudo a perder.

181 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Custo por Ponto Conquistado | R$ milhões / ponto
O Gráfico

Pontuação de Conquistas

Eficazes Bom Trabalho Não Deu

Eficientes Deixou a Desejar Perdulários

182 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


O Gráfico

Dos 7 clubes definidos como “Eficazes”, 5 tiveram bom


desempenho em competições Nacionais, seja pelos títulos –
Corinthians e Palmeiras – seja pelo pela classificação à
Libertadores – Atlético MG, Grêmio, São Paulo.

Entre esses clubes ainda vale um destaque adicional para


Corinthians e Palmeiras, uma vez que estão nessa condição
por terem conquistado títulos Nacionais. Podemos inclusive
dizer que o gasto foi mais qualificado que os demais.
Custo por Ponto Conquistado

No caso do Atlético MG, a despeito de estar praticamente na


mesma posição do Corinthians, seus triunfos foram a
conquista do de
Pontuação Estadual e a classificação à Libertadores, ou
Conquistas
seja, desempenho inferior ao de um título Nacional.

Apenas 2 clubes tiveram boa colocação por conta do


torneio Regional: Santos e Internacional, Campeões
Estaduais. Nesse sentido, o Internacional conseguiu melhor
desempenho comparativo, pois gastou bem menos que o
rival Paulista.

Eficazes Bom Trabalho Não Deu

Eficientes Deixou a Desejar Perdulários

183 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


O Gráfico

Aqui encontramos 5 clubes apenas, com destaque para o Santa Cruz, Campeão Pernambucano e que conseguiu o acesso à Série A,
acumulando 15 pontos em nossa escala, e também ao Bahia, Campeão Baiano, mas que não conseguiu retornar à Séria A.

Os outros 3 – Botafogo, América MG e Vitória - estão nessa categoria por terem subido da Série B para a Séria A, e isto tem muito valor,
pois como observamos nas avaliações individuais, jogar a Série A garante um aumento expressivo de Receitas.

A eficiência, nesse sentido, não tem a ver necessariamente com títulos, mas com objetivo atingido. É fundamental que os clubes passem
a se organizar pensando em objetivo e esse nem sempre será o título. No momento em que uma posição intermediária na tabela, a
classificação à Série superior ou mesmo manutenção na Série A for tratada com o devido mérito, parte dos problemas financeiros cessa,
uma vez que os incentivos estarão alinhados com a capacidade financeira.
Custo por Ponto Conquistado

Mas fica uma questão: quem ficou mais feliz, o torcedor do Bahia ou o do Vitória? Tecnicamente, dado que a chance do Vitória ser
Campeão da Série A em 2016 não chega a ser grande, ao menos o torcedor do Bahia comemorou um título em 2015.

E então teremos que no desempenho comparativo, o Botafogo foi ligeiramente superior aos demais que subiram à Série A, pois
conquistou um dos de
Pontuação títulos possíveis.
Conquistas

Eficazes Bom Trabalho Não Deu

Eficientes Deixou a Desejar Perdulários

184 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


O Gráfico

Quem Deixou a Desejar foram Cruzeiro, Observando quem fez um Bom Trabalho, há
Flamengo e Fluminense, que encerram o que se considerar a questão do objetivo,
ano sem conquistas ou objetivos que nem sempre é a conquista de um título.
alcançados. Para muitas dessas equipes, a condição
apresentada é boa se pensarmos em termos
É natural que haja clubes que investem Nacionais. Entretanto, se incluirmos o
muito e não atinjam objetivos. Na prática, há aspecto Regional, para alguns o
apenas 2 Títulos Nacionais, algumas poucas desempenho foi aquém do esperado.
vagas à Libertadores e o que resta é sempre
Custo por Ponto Conquistado

um disputado torneiro Estadual ou mesmo Veja os casos de Atlético PR e Coritiba, que


um Regional. não conseguiram sequer o título Estadual.
Nesse caso, o “bônus” foi perdido. Se
NessePontuação
sentido,desurgem as disputas locais,
Conquistas analisarmos os Catarinenses, a chance de
como no caso do Cruzeiro, que teve “bônus” ficou justamente com o Joinville,
desempenho bem inferior ao do Atlético MG, que caiu para a Série B, negativamente a
e da dupla Fla-Flu, que mostrou conquista do Estadual. Ao mesmo tempo, o
desempenho muito abaixo do seu potencial, “zero” do Criciúma é inferior ao de
se considerarmos que no Estadual o Figueirense e Chapecoense, pois enquanto
Campeão foi o Vasco, rebaixado à Série B. esses permaneceram na Série A, o primeiro
manteve-se na Série B. Visão equivalente
para a comparação entre Sport e Náutico.

Eficazes Bom Trabalho Não Deu

Eficientes Deixou a Desejar Perdulários

185 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


O Gráfico

Chamamos de Perdulários aqueles que gastam como


vencedores mas acabam com desempenho muito aquém do
esperado em função dos gastos. O Vasco, apesar da
conquista do título Estadual, foi rebaixado à Série B. Para
um clube da história e grandeza do Vasco a permanência na
Série A tem mais valor que o título estadual, tantas vezes
conquistados.

Enquanto isso, para quem Não Deu, há que se separar os


Custo por Ponto Conquistado

desempenhos de Joinville e Goiás, que foram rebaixados


mas conquistaram seus títulos Estaduais – dentro do
conceito de Objetivo Alcançado há um consolo – quando se
Pontuação de Conquistas compara ao que ocorreu com o Avaí, que nada conquistou e
ainda caiu para a Série B.

Eficazes Bom Trabalho Não Deu

Eficientes Deixou a Desejar Perdulários

186 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Análise do Índice de Eficiência Financeira

À primeira vista parece que a quantidade de dinheiro indica claramente quem são os clubes de maior sucesso e
consequentemente mais conquistas. Mas não é bem assim.

Os dois grupos de maior destaque – Eficientes e Eficazes – conquistaram títulos, cada um dentro da sua
possibilidade, seja ela o de um Estadual, seja um Brasileiro, ou mesmo um bom posicionamento que permita
disputar a Libertadores no ano seguinte.

Mas o fato é que com mais ou menos dinheiro é possível atingir as metas, desde que as metas estejam
corretamente dimensionadas.

O que não chega a ser surpresa quando vemos clubes de pouco orçamento sendo rebaixados e não obtendo
sucesso. É parte de suas realidades. Ao mesmo tempo, não é parte da realidade um clube com orçamento elevado
ficar apenas no “zero”, o que indica estar claramente investindo de maneira menos eficiente e desperdiçando
dinheiro.

Obviamente que Futebol não é uma ciência exata, felizmente. Mas ter acesso a orçamentos mais robustos deveria
indicar maior capacidade de contratar bons profissionais e desempenhar melhores trabalhos.

Esta é a primeira vez que montamos esta avaliação e na próxima edição, com dados de 2016, veremos as
movimentações, que no longo prazo mostrarão de forma mais clara e objetiva se poderio financeiro é sinônimo de
poderio econômico.

De qualquer maneira, um dado para pensar: desde o início do Campeonato Brasileiro de Pontos Corridos houve
apenas 6 clubes Campeões: Corinthians por 4 vezes; Cruzeiro e São Paulo por 3 vezes; Fluminense por 2 vezes;
Flamengo e Santos por 1 vez.

187 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Índice de Eficiência | Detalhamento
Classificação por Custo por Ponto

Naturalmente que esta classificação contém premissas e


avaliações que apresentam potencial de discussão. Os dados
estão aí e são objetivos, a classificação é mero ordenamento
baseado em nossa visão.

Nesse sentido, dentro da classificação de “Bom Trabalho”,


alguns clubes podem ser vistos sob a lógica do “copo meio
cheio” ou “como meio vazio”. Para os que estavam na Série A
e permaneceram nela, parece bom. Mas para quem estava
na Série B, se manteve nela e não conseguiu subir para a
Série A, o desempenho parece ruim. E todos estão
classificados da mesma forma.

Não tem jeito. Avaliações como esta precisam de critérios


objetivos e abrangentes e não podem ser feitos sob medida
para abarcar um ou outro nome específico. Logo, distorções
que consideramos aceitáveis podem ocorrer, mas que não
mudam a lógica da avaliação.

188 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Efeitos do Profut

189 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 189


Profut | Comentários Gerais e Premissas

Como chegamos aos números

Para fins de avaliação utilizamos todas as Dívidas Fiscais registradas no Passivo Exigível a Longo
Prazo, que em tese abarcam todos os tributos renegociados. Consideramos para fins de análise que
todos os clubes optaram pelo padrão de 240 meses, dentro das regras de correção pela Selic e
escalonamento de pagamento, sendo: 50% da parcela em 2016 e 2017; 75% da parcela em 2018 e
2019; 90% da parcela em 2020; 100% da parcela a partir de 2021. Além disso, diferença das
parcelas foi incorporada ao saldo a ser pago a partir de 2021.

Com isso, na sequência listaremos o valor da Dívida considerado para fins de cálculo, bem como o
valor da amortização anual dessa Dívida.

Com esta informação, verificamos qual o valor do Fluxo de Caixa Livre e adicionamos o valor da
parcela de 2016, para ver qual o tamanho do ajuste que cada clube terá que fazer ou qual a sobra
teria em função do início dos pagamentos do Profut.

Isto significa que muita gente precisa colocar a casa em ordem, conforme os dados a seguir.

190 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Profut | Números

Dívida Total e Parcelas Anuais

O Palmeiras entra nessa classificação para fins de comparação, uma vez que não aderiu ao Profut. A tabela mostra que mesmo que entrasse o impacto no fluxo
de caixa do clube seria pequeno.

191 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Profut | O Tamanho do Ajuste

A maior parte dos clubes precisam fazer algum ajuste já para


2016, em maior ou menor escala.

Na coluna “2016**” está o potencial tamanho do ajuste,


considerando que um clube deveria ter uma relação
equilibrada entre Receitas e Gastos.

Para fins de comparação e avaliação do tamanho do ajuste


que precisa ser feito, ao lado incluímos a Receita e o EBITDA
de 2015.

Assim, em tese, para equilibrar as contas o Santos, por


exemplo, tem que aumentar Receitas ou reduzir gastos em R$
50 milhões em 2016, considerando que as Receitas foram de
R$ 167,8 milhões.

Fazendo essa comparação é possível ter uma noção do


tamanho do ajuste que cada clube terá que fazer para se
enquadrar a uma realidade mais próxima do ideal.

O QUE ESPERAMOS A PARTIR DE 2016

A adesão ao Profut vem acompanhada de uma série de


obrigações aceitas pelos clubes, como limite de gastos salarial,
pagamentos em dia de salário e tributos correntes e
reestruturados. O ideal é que nos balanços de final de ano haja
uma demonstração clara do atingimento das metas, de forma
que as obrigações se tornem Covenants, que no mercado
corporativo são índices de restrição e controle, que orientam os
stakeholders no acompanhamento das demonstrações das
companhias. Esperamos ter a demonstração clara de que
todas as obrigações estão sendo cumpridas.

192 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Soy Latino-
Americano |
Comparação
entre Clubes da
Argentina, Brasil,
Chile e Colômbia

193 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 193


Futebol Sulamericano | Argentina, Chile, Colômbia e México

Como estão nossos hermanos?

Após alguns anos apresentando funcionamento do Futebol em alguns países Latinoamericanos – Argentina, Chile,
Colômbia e México – optamos nessa edição em fazer uma comparação resumida nos números dos principais
clubes desses países, exceto o México, pois não há dados econômico-financeiros disponíveis.

De maneira geral, como não houve novidades nos modelos dos países, e como no caso Mexicano não há
disponibilidade de dados, há pouco a acrescentar.

Assim, a comparação de alguns dados, como Receitas, Despesas com Folha de Pagamentos e EBITDA nos
permitirá fazer uma avaliação da capacidade de competição entre os principais clubes Brasileiros e Latinos.

Vamos aos números,

194 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Sulamericanos | Comparativo Base 2015

O que é possível avaliar nesses dados é enquanto falamos em “Espanholização” no Brasil, ela é praticada na Argentina. A distância de
Receitas entre os dois maiores clubes Argentinos – Boca Juniors e River Plate – é de mais que o dobro para o terceiro colocado, Racing Club.
Não tivemos acesso a outros dados, mas nos parece improvável que haja clubes próximos aos dois maiores, dado o perfil de cada um. Isto
porque na Argentina a Venda de Direitos Econômicos de Atletas chega a representar mais de 50% das Receitas Totais, e os grandes
vendedores de atletas são River Plate e Boca Juniors.

Enquanto isso, o Futebol no Chile e na Colômbia apresenta números bastante modestos, mesmo considerando na amostra os maiores clubes
Chilenos e dos dois representantes Colombianos na Libertadores 2016 que chegaram mais longe na competição.

Isto posto, observa-se que em termos de capacidade financeira, exceto pelos dois maiores Argentinos, os Brasileiros suplantam com certa
folga os demais. Os Custos e Salários do Racing Club, por exemplo, figurariam na metade de baixo da tabela entre os Brasileiro, Os Chilenos
e Colombianos estão abaixo dos 60% maiores clubes Brasileiros em termos de Receitas. Ou seja, é natural que o Brasil passe a ser um
centro Sulamericano, ao menos para os atletas de segundo nível, uma vez que os principais nomes e destaques seguem para a Europa e
México.

195 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Sulamericanos | Visão Comparativa

Nesse gráfico há uma representação visual clara da diferença nas Receitas dos clubes apresentados na comparação. Há 3 blocos
claros: o que vai do River Plate ao São Paulo, o segundo que é o Racing Club e o terceiro, composto pelo Rosário Central, Chilenos
e Colombianos.

Lembrando que os Países possuem diferenças relevantes na Governança. Enquanto Argentinos não tem obrigação de tornar seus
balanços públicos, os Brasileiros precisam fazê-lo por força de Lei. Enquanto isso, Chilenos possuem capital aberto e dados
públicos, ao mesmo em que os Colombianos estão em processo de abertura de capital e por enquanto são acompanhados pela
Superintendencia de Sociedads, órgão estatal que avalia as finanças dos clubes de futebol e coloca os que estão em dificuldades em
observação, podendo encerrar suas atividades caso não se recuperem.

196 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Comparando com o México

Como os Clubes Mexicanos não divulgam balanços mas são um pólo que atrai muitos atletas de boa qualidade do Futebol
Sulamericano, fizemos um exercício para estimar qual a suposta Receita dos maiores clubes Mexicanos. Vale ressaltar que
é um mero exercício e que como os clubes possuem donos, nada os impede de injetar recursos de outros negócios para
reforçar os elencos.

O exercício tem como premissa a informação publicada pela Imprensa Mexicana sobre os Contratos de Direitos de TV dos
Clubes Mexicanos com as TVs do México e dos EUA. Lembrando que os contratos são celebrados de forma individual e
cada clube vende os jogos em seus estádios.

A partir dessa informação traçamos paralelos com a distribuição de Receitas dos 20 maiores clubes do Mundo e incluímos
as 5 Maiores Receitas do Brasil. Assim, trabalhamos com 3 cenários: i) Média dos 5 Países; ii) Itália (que é o país onde a TV
tem maior participação); iii) Alemanha País com menor participação da TV).

Dessa forma chegamos a 3 hipóteses de Receita Total dos Clubes Mexicanos, a partir das três distribuições apresentadas
abaixo. Os resultados estão na próxima página.

197 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


México | Quantificando as hipóteses

Receita Estimada
Com base nos percentuais apresentados na
página anterior e nos valores apresentados no
site “Futbol Sapiens”, chegamos nos supostos
valores de Receitas Totais dos Clubes
Mexicanos, e abaixo fizemos uma comparação
com os Sulamericanos. De fato, se as premissas
estiverem corretas, os Mexicanos possuem
elevada capacidade de competição financeira
com os Sulamericanos.

Comparando com os Clubes Sulamericanos

198 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Futebol no Brasil
x
Futebol na Europa

199 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 199


Brasil x Europa | Relação Receita x PIB de cada País

A real distância entre nós

O objetivo é fazer uma comparação que fuja do erro comum que é comparar Receitas em Reais convertidas em Euros
com Receitas originadas em Euros.

Naturalmente que a capacidade de geração de Receitas dos Clubes Europeus será sempre maior que a dos
Brasileiros, pois as Economias são mais fortes e há uma questão cambial que distorce a relação.

Ao utilizarmos a comparação entre Receita e PIB do País, que é onde os clubes geram a maior parte de suas receitas,
com contratos de TV e Bilheteria, passamos a encontrar a relevância do Clube na Economia do País. Desta forma
podemos verificar quem consegue de fato extrair mais Receitas de sua Economia-Mãe.

A conta é bastante simples: dividimos a Receita da temporada pelo PIB médio dos anos em que questão. Por
exemplo, para a Temporada 2014/2015 utilizamos a Receitas dividida pelo PIB Médio entre 2014 e 2015. Como
mencionado, isto dá uma dimensão sobre a relevância dessa Receita em relação ao que o País produziu no mesmo
período.

Real Madrid e Barcelona mostram quão fortes são, visto que suas receitas frente ao PIB Espanhol são
substancialmente maiores que a dos pares Europeus.

Ao mesmo tempo, os Clubes Brasileiros se colocam em posições razoáveis dentro do cenário Mundial. Obviamente
que jamais competiremos com esses clubes na busca por algum atleta, mas podemos ver que alguns clubes atingem
níveis mundiais de Receitas.

200 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Distância aumentou

Posições em 2013/2014 Posições em 2014/2015

Na comparação entre as duas últimas temporadas, nenhuma alteração nos dois primeiros postos: Real Madrid e Barcelona continuam com as maiores
Receitas e com elevada participação em relação ao PIB Espanhol. Isto ocorre porque o PIB da Espanha é inferior ao dos outros países da amostra e porque
a Receita desses clubes é substancialmente maior, nominalmente.

Quando adicionamos os 5 clubes de maior Receita no Brasil à lista, percebemos que na temporada 2014/2015* perdemos posições. A verdade é que a
distância aumentou, a despeito da queda do PIB Brasileiro, pois as receitas também sofreram queda. Além disso, clubes Europeus tiveram incremento de
Receita nominal acima da variação do PIB. A menor relação Receita/PIB da Temporada 13/14 era de 0,0050% e passou a 0,0063% na Temporada 14/15,
enquanto no Brasil a melhor relação caiu de 0,0075% para 0,0057%.

* No casos dos Brasileiros utilizamos as Receitas de Dezembro/15

201 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Dificilmente atingiremos patamares mais elevados

A competição entre Brasileiros e Europeus é muito difícil, em função da moeda, do poder de compra do torcedor e do volume de
dinheiro que gira nos mercados.

Fizemos o seguinte exercício: considerando a relação Receita/PIB dos clubes Europeus e aplicando-as ao PIB Brasileiro de 2015
(R$ 5,9 Tri), qual seria a Receita que o clube Brasileiro teria no ano? Qual o tamanho do crescimento em relação à receita do
Flamengo, maior do País em 2015?

Veja que para atingir 10ª relação Receita/PIB, que pertenceu ao Bayern Munich, de 0,0160%, a maior Receita do Brasil deveria ser
de R$ 942 milhões, ou 2,8 vezes maior que a auferida pelo Flamengo em 2015. Isto é bastante difícil, e esta dificuldade ajuda a
explicar o porquê da distância entre o Futebol Europeu e o Brasileiro. Por mais esforços aplicados para aumento das Receitas do
clubes Brasileiros, um crescimento dessa magnitude leva tanto tempo para ocorrer que o torna improvável, ao menos a curto e
médio prazos.

202 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Comportamento das Receitas por Origem
Comparativo por Origem de Receita | 2015

Vamos avaliar o perfil das Receitas dos 25 Clubes que compõem a tabela da página anterior e verificar se há alguma ação concreta de mudança de perfil de
geração de Receitas que possibilite aos clubes Brasileiros se aproximar mais rapidamente dos Europeus.

Primeiramente, não há padrão na origem das receitas. Há, em alguns casos, comportamentos próximos, como da Itália, onde dos 4 clubes da amostra apenas
o Milan possui mais Receitas Comerciais que de TV. Ou seja, padrão na Itália parece ser depender fortemente da TV. Quando comparamos com o Brasil isso
nem é a verdade absoluta, pois para fins de comparação incluímos a Venda de Direitos Econômicos de Atletas em Comerciais. Desta forma, os Brasileiros
passam a ter predominância desse tipo de Receita.

Na Alemanha as Receitas Comerciais são as mais relevantes, uma vez que a TV tem divisão de cotas de maneira a evitar discrepâncias significativas. Vale o
mesmo para a Inglaterra, porém clubes de menor expressão acabam dependendo mais da TV em função do valor que esta destina ao esporte.

Já na Espanha há maior equilíbrio, e Real Madrid e Barcelona, a despeito das enormes cotas de TV local, conseguem rentabilizar sua marca e gerar volume
expressivo de Receita Comercial. Tanto que o Atlético de Madrid depende mais da TV que os rivais. E no caso do Paris St Germain, as Receitas Comerciais se
destacam porque são aportes do acionista do clube.

Então, pensando em origem de Receitas parece não haver mudança relevante a ser feita, e a distância existe porque os volumes são realmente menores em
função da condição do País e há o aspecto Câmbio que distorce os dados em favor dos Europeus.

203 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receita dos Europeus | Match Day
Em € milhões

204 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Em € milhões
Receita dos Europeus | TV

205 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Receita dos Europeus | Comerciais
Em € milhões

206 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Leicester City
X
Flamengo

Comparação

207 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 207


Leicester City x Flamengo | Por que?

A Indignação do Torcedor

A ideia de fazer esta comparação veio de conversas informais com torcedores do Flamengo, inconformados com o
fato do Leicester City, clube pequeno e de pouca expressão no Futebol Inglês, ter receita maior que a do Flamengo,
clube de maior torcida no Brasil.

Naturalmente que o título da Premier League da temporada 2015/16 foi o mote para a conversa. Mas a Receita do
clube Inglês já foi maior que a do Flamengo, em Reais, na temporada anterior, quando o clube retornou à Premier
League. E é com base nesses dados que faremos a comparação a seguir, sem ignorar que o título da última
temporada ainda fará aumentar mais as Receitas do Clube, em função de aumento na cota dos Direitos de TV.

Vamos aos dados.

208 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Leicester City x Flamengo | Comparação

209 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Comentários
Receitas

Para fins de exercício convertemos os O Leicester City disputou a temporada 13/14 na Série
B da Inglaterra, subindo à Premier League na
dados do Leicester City de Libras para temporada seguinte. Isto possibilitou um grande salto
Reais, mas fizemos simulações nas Receitas em Libras: foram 235% de aumento.
utilizando as duas moedas, de forma a
Quando convertido para Reais o crescimento foi ainda
mostrar o efeito da variação cambial mais impressionante, chegando a 331%. Sem o efeito
entre as temporadas. cambial a Receita da temporada 14/15 teria alcançado
R$ 392 milhões, ainda assim maior que a auferida pelo
Flamengo em 2015.

Custos e Folha de Pagamento Bilheteria e Público Relação com a Renda

O saldo dos Custos e da Folha Curiosamente, o Público Médio Enquanto a relação das Receitas
de Pagamento do Leicester City por partida de ambos os clubes com o PIB é muito próxima na
cresceram bastante entre as se comportou da mesma forma e temporada 14/15, quando
temporadas, acompanhando o com números bastante próximos. comparadas ao PIB Per Capita
aumento das Receitas, e natural mostram a distância entre os
para um clube que passa a atuar Ainda assim o Tícket Médio e mercados. São necessários
na Série A. Acontece também no consequentemente as receitas 3.747 Ingleses para gerar a
Brasil, como vimos de Bilheteria são maiores no Receita do Leicester City,
anteriormente. Flamengo, a despeito da Renda enquanto o Flamengo precisa de
Média do trabalhador Brasileiro 11.448 Brasileiros para compor a
Enquanto isso o Flamengo ser cerca de 25% da Renda sua. Se utilizarmos a Renda
manteve estáveis esses Média do trabalhador Britânico. Média esta distância se mantém
números, até porque possui elevada, ainda que um pouco
Dívidas para pagar e passa por menor (de 3,1x para 2,8x).
um momento de ajustes.

210 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Leicester City x Flamengo | Avaliação geral

A comparação entre duas realidades muito diferentes do ponto-de-vista macroeconômico deixa clara a distância entre a
Indústria do Futebol Brasileira e Europeia, explicando o motivo de um clube recém promovido na Inglaterra ter Receitas
maiores que as do clube de maior torcida e receita do Brasil.

Primeiramente, o crescimento de Receitas do Leicester City no período está certamente associado ao aumento da cota
de TV pela mudança de Série, uma vez que se parece com os clubes menores Ingleses, onde a Receita de TV é
preponderante. Tanto é que a Receita de Bilheteria – o chamado “Matchday” - do Flamengo é maior que a do Leicester
City, mesmo com público médio próximo e renda média do Brasileiro bastante inferior.

Comparar Receitas e dados em Reais gera distorção por conta do efeito cambial. Vimos que o crescimento em Libras
foi elevado mas quando convertido em reais foi maior ainda. Logo, comparar moedas diferentes em realidades
diferentes gera distorções que não ajudam a explicar as diferenças estruturais. Mas quando balizadas pelo PIB, pelo
PIB Per Capita e pela Renda Média começam a fazer sentido e podemos encontrar os motivos que explicam a
distância. E podemos considerar que o problema está na Indústria e não nos Clubes. O Futebol Brasileiro se apropria de
muito menos Receita que o Futebol Inglês e os demais Europeus, simplesmente porque o País oferece menor
Receita/Renda Média por Cidadão.

O poder de compra do Brasileiro em relação ao torcedor Inglês faz toda a diferença na dimensão de uma série de
Receitas, especialmente na que vem da TV. A comparação no valor dos contratos na Inglaterra e no Brasil são a maior
diferença entre as Indústrias e que muda a relação entre Leicester City e Flamengo. Os direitos de TV estão associados
ao retorno que as TVs tem e isto está relacionado à renda da população, de forma que o mercado Inglês atinge renda
maior que o Brasileiro.

Não há segredo. Para a próxima temporada da Premier League o contrato anual de transmissão de jogos equivalerá a
R$ 9,3 bilhões, divididos de forma que mesmo os clubes menores tenham acesso a um volume astronômico de
recursos. No Brasil, em 2015, os 26 clubes da nossa análise receberam R$ 1,5 bilhão. A relação é de 5,5 vezes maior
para os Ingleses. Não há como competir.

211 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Conclusões

212 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 212


Conclusão

Do ponto-de-vista financeiro o Futebol Brasileiro de Clubes parece ter entendido que há uma
realidade urgente a ser atendida, que é a da melhor organização financeira. Há que se ter mais
equilíbrio na gestão do clube, equilibrar Receitas e Despesas, controlar o ímpeto na hora de fazer
investimentos e pensar no longo prazo, na sustentabilidade dos clubes, das marcas. Porque o
Dirigente vai mas o Clube e sua Torcida ficam.

Acreditamos que o resultado de 2015 é um primeiro sinal de que os Clubes, de maneira geral,
passaram a ser geridos sob esta ótica. Naturalmente não são todos, naturalmente há muito a
caminhar, mas só de ver que a sangria foi de certa forma estancada, já é um sinal bastante positivo.
Positivo enquanto esperança, mas ainda frágil. Não basta uma pequena melhora para que se
comemore. Não é celebração, é alívio. E cada novo Dezembro precisa trazer novas boas notícias, até
que deixem de ser novas e se tornem apenas notícias, recorrência.

Agora é preciso manter passo. Esperamos que em 2017 possamos retornar contando boas estórias.
Mantemos o otimismo. Trata-se de uma indústria importante e que deve ser tratada como tal: com
profissionalismo, atenção e cuidado para se tornar cada dia maior.

213 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Escalação

214 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 214


Elenco

Treinador

Cesar Grafietti

Comissão Técnica

Pasquale Di Caterina

Bernardo Lopes de Oliveira

Marcelo Ferreira Costa

Ederson Pinho Biagio

Leandro Antunes

215 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016


Referências

216 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 216


Referências

Balanços e dados econômico-financeiros dos Clubes Brasileiros foram obtidos através da imprensa e dos sites oficiais dos clubes e
Federações locais de Futebol.

Dados Econômicos dos Países foram obtidos junto ao site do Banco Mundial e FMI.

Dados dos Clubes Europeus foram obtidos junto aos estudos Football Money League, produzido pela Deloitte.

Dados econômico-financeiros dos clubes da Argentina, Colômbia, Chile e México foram obtidos através da imprensa, dos sites
oficiais dos clubes e da SVS Chilena.

Dados da UEFA Champion’s League foram obtidos através de report preparado pela UEFA e disponibilizado em seu site. Dados da
Libertadores da America foram obtidos através da imprensa.

Informações sobre Contratos de Televisionamento foram obtidas junto à imprensa, através de diversas matérias e fontes.

217 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016

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