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Financeira dos
Clubes de Futebol
Brasileiros | 2016
1
Introdução
2
2015 | Uma Nova Esperança
A vida é feita de ciclos, e a esperança é um sentimento que move as pessoas. Dizem até que é a última que morre e a primeira que
nasce. A cada período de tempos difíceis surge, em algum momento, uma nova esperança no ar, trazida por quem quer momentos
melhores.
Não seria diferente no Futebol Brasileiro. Depois de 2012, auge do boom financeiro, turbinado pelo incremento das cotas de Transmissão
de jogos pela TV, pelo crescimento das Receitas de Publicidade e por todo o ambiente positivo no Brasil, o que se viu foram anos de
derrocada. Receitas que foram sendo engolidas por Custos e Investimentos cada vez mais altos. Dívidas que cresciam de forma
desordenada, notícias sobre atrasos de Impostos e Salários.
O auge dessa situação foi 2014, quando observamos e apontamos que o Futebol Brasileiro ia mal, mal demais.
Mas tal qual um Jedi redescoberto no tempo, eis que 2015 trouxe sinais de que há algo positivo se desenhando no ar. Assim como os
heróis liderados por Leah, Skywalker e Solo, a batalha dos Clubes para se ajustarem será longa e por vezes dolorosa. Clubes perderão
sua capacidade de disputa, terão que viver dentro de possibilidades financeiras mais modestas. O Título passará a ser um objetivo
distante.
O ano de 2015 marca um crescimento importante de Receitas, mas especialmente a manutenção de Custos e Despesas, que em termos
reais significa redução de cerca de 10%, apontando para um sinal de racionalização do uso dos recursos dos Clubes. Também os
Investimentos sofreram redução, outro sinal de adequação a uma realidade típica de Darth Vader: sofrida, sombria e ambígua. A linha
entre o bem e o mal é tênue, e entre a chance de ser campeão e a austeridade, é inegável a volúpia pelo título. Futebol é uma luta
constante entre os lados opostos da Força. Mas aos Dirigentes cabe pensar na sustentabilidade do Clube, muito mais que na vitória a
qualquer preço, pois ela muitas vezes tem sim um preço alto demais no longo prazo.
A ajuda do Profut na reestruturação das Dívidas Fiscais, e que deve contribuir para a evolução das estruturas profissionais e de
governança dos clubes, foi fundamental para que esta esperança surgisse. Controlados, os Clubes tendem a manter a galáxia em pleno
funcionamento. Mas não se deixe enganar, pois sempre haverá o lado sombrio da Força pronto a entrar em ação e devastar o que é
construído com sacrifício.
Este é apenas mais um episódio na saga dos Clubes Brasileiros de Futebol em busca da retomada do topo do Mundo, na busca entre o
equilíbrio da Força, aquele que é a diferença entre o gastar e o gastar bem. Que a Força esteja com eles.
Este é um trabalho feito pelos profissionais da Área de Crédito do Itaú BBA, baseado exclusivamente em informações públicas e
sem que tivéssemos qualquer contato com os clubes para explorar eventuais dúvidas e aprofundar algumas questões.
O objetivo é meramente informativo e tentamos apresentar aos Torcedores a visão de uma equipe técnica e multiclubística
sobre a condição financeira do Futebol Brasileiro e seus Clubes.
Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme
dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que
disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.
Por conta disso, podemos afirmar que o material reflete a realidade “pública” de cada clube, e nossas avaliações são feitas com
base em hipóteses técnicas, apenas. Por isso, quando falamos em “atrasos”, isto reflete uma avaliação técnica das
movimentações contábeis, baseado nos dados disponíveis. Trata-se de hipótese técnica e são suposições, apenas, e justificam o
fechamento do fluxo de caixa do período.
Não temos também qualquer contato com Patrocinadores, Federações, Parceiros, de forma que nossas avaliações consideram
informações publicadas pela Imprensa como única fonte externa aos Balanços, e refletem comentários dos Dirigentes e não
apenas opiniões de terceiros.
Evolução das Receitas Brutas Totais* | R$ milhões Evolução das Receitas Brutas Recorrentes** | R$ milhões
* Refere-se aos 27 clubes da análise ** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas
Em 2015 houve importante crescimento das Receitas Totais, 15% em termos nominais e 4% acima da inflação. Após um ano muito
difícil como 2014, quando houve queda nominal, este crescimento de 2015 merece ser celebrado, especialmente quando analisado
no contexto macro-econômico de queda de 4% no PIB Brasileiro daquele ano.
Nas Receitas Recorrentes – aqueles que desconsideram as Vendas de Direitos Econômicos de Atletas – o desempenho foi
semelhante. Isto indica consistência no crescimento das Receitas em 2015, uma vez que as que são mais facilmente administradas
pelos Clubes cresceram de forma importante.
Entretanto, ao longo da análise vamos avaliar cada uma das Receitas e conferir se de fato houve esta consistência apresentada aqui.
Aprofundando um pouco mais a análise sobre as receitas Recorrentes, nota-se de fato um crescimento de 5% acima da Inflação em
2015, desempenho que só se repetiu em 2011 e 2012, anos de efeitos relevantes nas Receitas com Publicidade e Direitos de TV.
Em 2015, sem nenhum impacto relevante de forma consolidada – não houve “boom” de Publicidade nem crescimento consolidado de
Receitas de TV, por exemplo – notamos este crescimento. Entretanto, ao longo da análise veremos que alguns fatos isolados podem
ter contribuído para isso.
Obs: para fins de comparação, corrigimos as receitas passadas pelo IPCA acumulado nos períodos., de forma que todas estivessem
em moeda corrente de 2015.
A mais relevante das Receitas cresceu 25% em 2015 em termos nominais, quase 13% em termos reais (acima da inflação). Para melhor avaliação do crescimento dessas receitas
precisamos analisar o gráfico de Share e Concentração e assumir algumas premissas.
Primeiramente, nota-se que alguns clubes tiveram expressivo crescimento de share – que é a participação do clube dentro do total – em especial Cruzeiro, Atlético MG e Vasco. O
Cruzeiro é o caso mais emblemático porque passou a ser a maior receita com Direitos de TV do País. Lembrando que esta Receita é a composição entre o que é obtido via
Campeonato Estadual, Brasileiro (Aberta e Pay Per View), Copa do Brasil e Libertadores. Independente dessa composição, as Receitas com o Campeonato Brasileiro são as mais
relevantes, e geralmente representam entre 70% e 80% do total
Assim, assumindo a premissa de que os maiores clubes do Brasil negociaram contratos com mesmo prazo de vencimento, não parece lógico que Cruzeiro e Atlético MG, os maiores
saltos em termos de share, tivessem vencimento anterior aos demais. Isto traz como hipótese para este crescimento uma renovação antecipada de contrato futuro e como
contrapartida o recebimento de luvas. Esta prática vigorou no início de 2016, quando da renovação dos contratos de TV Fechada a partir de 2019, com prazos variáveis conforme o
clube.
Confirmando-se esta hipótese, uma vez que outras como Adiantamento de Cotas não faz sentido porque não entra nas Receitas, e incrementos nos demais torneiros não têm
montante suficiente para gerar impacto de tamanha magnitude, então parte do crescimento das Receitas com TV vista no período não é recorrente, ou seja, não se repetirá nos
próximos anos, ao menos para Cruzeiro e Atlético MG, uma vez que outros clubes terão estas luvas em 2016, pela renovação com a Globo ou pelo novo contrato com o Esporte
Interativo.
Outro crescimento relevante foi o Vasco, mas a explicação está no fato de que em 2014 disputou a Série B e em 2015 participou da Séria A, o que gera uma mudança usual no
montante pago pela TV.
R$ milhões
o Exterior, apresentamos o histórico de desempenho em Reais e
em Dólares, visto que em 2015 houve desvalorização cambial
sensível da moeda Brasileira.
Ampliando um pouco mais a análise da capacidade de negociação de Atletas e de como os clubes conseguem transformar uma
Receita não recorrente em recorrente - ou, ao menos, de como alguns clubes se tornaram grandes exportadores de atletas –
acumulamos as Receitas com Venda de Direitos Federativos de 2010 a 2015. Desse total, que nesse período alcançou a marca de
R$ 2,4 bilhões, três clubes se destacam como os Maiores Vendedores de Direitos Federativos do País: São Paulo, Corinthians e
Internacional.
Num segundo bloco destacam-se Santos e Cruzeiro, para num terceiro bloco virem os demais clubes listados. Curioso ver que o
Flamengo, clube que sempre se destacou por revelar muitos atletas, possui baixo montante de Receitas com Venda de Direitos. A
despeito de não ser a receita mais segura nem a melhor, uma vez que os clubes são obrigados a se desfazerem de atletas
promissores para honrar com seus custos e despesas, se bem planejado pode ser uma fonte contínua de reciclagem de equipes e
entrada de caixa para o clube.
Outro ponto interessante é o da concentração. Os 12 clubes que mais venderam atletas nesse período, e que estão representados
no gráfico acima, somam R$ 2,1 bi ou cerca de 90% de tudo que foi arrecado com venda de atletas.
Apenas para ficar nos dois últimos anos, em 2014 o crescimento foi
praticamente igual ao da inflação e em 2015 ficou 7% menor que a
R$ milhões
inflação.
Vamos falar sobre Bilheteria e Programas de Sócio Torcedor. Temos boas e más notícias.
A má notícia é que nos dois últimos anos as Receitas com Bilheteria e Sócios Torcedores – que são uma espécie de Bilheteria antecipada – perderam da
inflação e tiveram queda real. Pequena, mas queda.
Entretanto, a boa notícia é que houve uma migração das Receitas vindas de Bilheteria pura para aquelas vindas dos programas de Sócio Torcedor. Esta
migração é importante para o clube porque substitui uma receita menos certa por outra mais previsível. Ao aderir a um programa de fidelização, o torcedor se
compromete a pagar mensalidade, cujo contrapartida é a possibilidade de comprar ingressos antecipadamente e a preços menores. Mas como nem todos
conseguem os ingressos ou vão ao estádio, na prática é uma Receita de Bilheteria sem a presença de Público. Nesse sentido, o preço médio do ingresso de
Sócio Torcedor é da ordem de 15% menor que o ingresso avulso. Ou seja, é o desconto pela antecipação da receita.
Imagine uma situação hipotética onde o estádio está vazio. Para um clube sem programa de fidelização a renda da Bilheteria seria Zero. Entretanto. Com o
programa, a receita já entrou com o pagamento da mensalidade. E se o clube arrecada R$ 2 milhões mensais e faz 4 jogos em casa por mês, então a renda
desse jogo pode ser considerada de R$ 500 mil.
Em 3 anos a parcela de Sócios Torcedores saltou de 38% para 52% na composição da Receita com Bilheteria. Este é o tipo de Receita que o Clube precisa
investir, trazendo para perto de si o Torcedor Sócio, que contribui espontaneamente e investe efetivamente no clube, e se afastando do Torcedor Organizado.
Nesse gráfico acompanhamos o comportamento dessas Receitas por clube. Na barra mais larga e mais clara estão as Receitas com
Bilheteria (azul) e Sócio Torcedor (laranja) de 2014 e na barra mais estreita e escura as de 2015.
Alguns destaques são o Corinthians, que a despeito de perder a receita com Bilheteria e parte do Sócio Torcedor para o pagamento do
Estádio, ainda mantém um bom volume de Receitas obtidas e não convertidas em bilheteria no dia do jogo. O Cruzeiro, no lado oposto,
viu suas Receitas caírem drasticamente por conta do fraco desempenho esportivo em 2015. O que mostra que esportivo e financeiro
andam de mãos dadas. Outro detalhe em relação ao Cruzeiro é que ele não divulga essa Receita detalhada entre Bilheteria e Sócio
Torcedor, dificultando a análise.
Outros destaques são o programa de Sócio Torcedor do Internacional, que apresentou crescimento, as Receitas com Bilheteria do São
Paulo, fruto do bom desempenho do time em parte do ano. E o maior destaque foi o Palmeiras, que viu suas Receitas com Bilheteria e
Sócio Torcedor cresceram de forma brutal em 2015, respondendo ao novo estádio e ao time reformulado, que terminou o ano Campeão
da Copa do Brasil.
Aqui vemos qual a proporção dos programa de Sócio Torcedor dentro das receitas totais com Bilheteria.
Enquanto alguns clubes conseguem praticamente 100% de suas Receitas com Sócio Torcedor, outros ainda engatinham e exploram pouco, ou mal essa
modalidade.
Mas há uma explicação para alguns desempenhos. Os programas de Sócio Torcedor ainda são, efetivamente, uma forma de vender ingresso antecipadamente e
com desconto. Geralmente funcionam melhor em clubes cujo oferta de assentos nos estádios é inferior à demanda. Isso está associado ao tamanho do estádio mas
ao momento esportivo. Quanto melhor vai o clube, mais demanda há, e quanto menor for o estádio, maior o interesse do torcedor em tentar conseguir um lugar. Isso
gera demanda e o programa de Sócio Torcedor permite vantagens na obtenção do ingresso.
Casos como os do São Paulo, Flamengo e Fluminense, que jogam para estádios com capacidade acima de 60 mil pessoas têm maior dificuldade em fazer com que
o programa tenha sucesso, pois o torcedor sente que dificilmente ficará sem ingresso, exceto em poucos momentos, como definições eliminatórios de Libertadores,
por exemplo.
Isto significa que os clubes precisam buscar alternativas que incrementem seus programas para trazer mais sócios, e sair da dependência do preço do ingresso para
manutenção da base de associados.
Pois bem, passados 4 anos o que vemos é que essa é realmente uma
lenda. Como sempre fazemos, dividimos o grupo de clubes em 4 blocos,
sendo que os três primeiros contém as 15 maiores receitas, divididos de 5
em 5 e o quarto bloco acumula os demais clubes.
R$ milhões
Mas há uma luz no fim do tunel. Ou como dissemos no início, é Uma Nova Esperança! Após um desempenho muito ruim em 2014,
onde o EBITDA consolidado caiu pela metade, em 2015 o trabalho parece ter sido bem feito. Além do crescimento das receitas
visto anteriormente, os Custos mantiveram-se surpreendentemente comportados, praticamente estáveis em termos nominais, o que
descontado a inflação significa que sofreram queda real. Isto permitiu que a Geração de Caixa crescesse 250%! Mesmo em termos
Recorrentes o desempenho foi muito bom. Depois de dois anos seguidos com EBITDA Recorrente negativo, em 2015 o
desempenho foi o melhor da amostra, desde 2010.
O que acreditamos é numa reação dos Dirigentes ao péssimo desempenho dos últimos dois anos, e a necessidade de organização
das casas, controlando melhor os gastos, esperando a chegada do Profut, que promete acompanhamento duro do pagamento das
obrigações.
Importante ressaltarmos que em 2015 dois clubes, Palmeiras e Flamengo, responderam por 36% do EBITDA total, enquanto em
2014 essa concentração entre os dois maiores, Flamengo e Botafogo, foi de 49%.
Graficamente fica claro como a maior parte dos clubes trata mal a questão dos Custos e Despesas. O EBITDA Recorrente
é usualmente negativo na grande maioria, mas em 2015 vemos mais barras cinzas para cima, indicando melhoria nas
gestões.
Mas atenção! A análise consolidada pode levar a interpretações equivocadas. A melhora do resultado consolidado na
magnitude apresentada está concentrada em dois clubes, Palmeiras e Flamengo, que sozinhos representam cerca de 85%
do EBITDA Total Recorrente. Logo, ainda há muito a ser feito para que a tendência positiva se torne realidade.
2015
2014
2013
R$ milhões
O que observamos é que a estabilidade dos Custos e Despesas, associado ao crescimento das Receitas, possibilitou enquadramento
bastante rápido da relação entre Folha de Pagamento e Receitas. Nas nossas avaliações consideramos todas as receitas e todos os
gastos com Folha de Pagamento, incluindo salários de todos os funcionários, e não apenas atletas, e direitos de imagem.
Desta forma, a relação entre Folha de Pagamento e Receitas Totais caiu de 57% para 50%. Se já estava enquadrada passou a ganhar
uma boa folga, ressalvada a questão do crescimento das Receitas sem explicações detalhadas, conforme mencionados anteriormente.
O que sempre foi uma preocupação parece estar se enquadrando. Mas é importante lembrar que os problemas dos Clubes não estão
associados exclusivamente aos Custos e Despesas. Há uma componente importante chamada “Investimento” que drena caixa de
forma bastante significativa, e em termos de fluxo de caixa costuma ser bastante danosa, porque o recurso sai antes para pagar a
aquisição, afetando o caixa, que depois faltará para fechar a conta.
Em termos gerais os Investimentos apresentaram o segundo ano consecutivo de queda, vindo de R$ 701 milhões em 2014 para R$
588 milhões em 2015. Isto é bastante positivo quando analisado em conjunto com a queda de Custos e Despesas, pois mostra a
preocupação no enquadramento das saídas de caixa às entradas (Receitas). Mas é importante lembrar que esta é uma visão
consolidada, e ao analisarmos os clubes individualmente encontraremos casos que fogem a esta regra.
Uma relação importante é a dos Investimentos com o EBITDA. Por que? Porque o EBITDA é o que sobra das receitas depois de
pagar Custos e Despesas. Esse montante de recursos deve ser direcionado aos Investimentos, pagamentos de juros e dívidas.
Quando a relação é maior que 100% significa que o clube investiu mais do que sobrou da sua gestão operacional. Isto indica
aumento de dívidas e atrasos de salários e impostos, bem como necessidade de adiantamentos.
Com a relação em 80%, fruto da queda nos Investimentos e do aumento do EBITDA, certamente alguns clubes conseguiram fazer
“sobrar” dinheiro para honrar dívidas, o que é mais um indicador de que as gestões estão mais preocupadas com solvência.
O ponto negativo é que os Investimentos continuam direcionados à formação de elenco. Enquanto 62% foram direcionados a
contratações, apenas 16% acabaram nas Categorias de Base, que deveriam ser o grande foco dos clubes.
Falando em Categorias de Base, o São Paulo continua sendo o clube que mais investe nesse segmento. Não é à toa que
continua sendo também quem mais faz receitas vendendo Direitos Federativos de Atletas. Nem todos são de sua base, mas
quando os forma consegue obter resultados financeiros expressivos. Precisa passar a obter mais resultados esportivos, pois os
objetivos de uma boa categoria de base são (i) formar jogadores mais baratos, (ii) que evitem gastos excessivos para contratar
atletas medianos, e (iii) conseguir fazer receita vendendo seus Direitos após algum tempo atuando pelo clube, o que ajuda a
reciclar o investimento na estrutura.
É interessante observar como os demais clubes oscilam no investimento em Base. Nenhum mantém uma regularidade em
níveis relevantes, nem o Santos, que tem se destacado na formação e utilização de atletas da Base.
crescimento das Dívidas, que foi de 4%, bem abaixo da inflação. De fato, a
sobra de EBITDA apresentada no item Investimentos gerou essa folga que
R$ milhões
Ainda há algum caminho a ser percorrido até que essa relação fique mais
próxima do ideal, especialmente na dívida total, mas quando analisamos as
Operacionais e as Bancárias, essa relação já começa a ficar sustentável,
ainda que sejam dívidas de prazo mais curto e que necessitam de reciclagem
com maior frequência.
Dívidas Tributárias
Observamos que com o advento do Profut a grande maioria dos clubes equalizou os supostos atrasos de pagamento de encargos e
impostos sobre remuneração. Lembrando que esta simulação que fazemos é um teste de sensibilidade relacionando Custos, Despesas
Provisionadas e Despesas Administrativas, que aponta para a quantidade de dias que as Despesas Provisionadas giram. Não é definitivo,
mas serve como orientação.
As análises econômico-financeiras são instrumentos flexíveis de avaliação, baseados em estruturas rígidas, os demonstrativos financeiros. E são flexíveis porque
devemos adotar variações e novas possibilidades dependendo da indústria que estamos acompanhando. No caso da Indústria do Futebol, temos buscado aplicar
conceitos simplificados, utilizados para outras Indústrias, especialmente as do Setor de Serviços.
Ocorre que nesses anos de relatório percebemos que algumas avaliações apresentadas não abarcaram todas as variáveis de um Clube de Futebol no que diz
respeito à análise do Fluxo de Caixa. Buscando o aprimoramento da avaliação passaremos a trabalhar com o conceito de Fluxo de Caixa Livre, adaptado à
realidade do Futebol.
O Fluxo de Caixa Livre inclui em sua composição algumas despesas que são tratadas usualmente como Investimentos, bem como outras que são mandatórias
mas costumam ficar fora do radar, como as Despesas Financeiras e o Pagamento de Impostos Parcelados. Nesse caso, é fundamental passarmos a inclui-lo na
conta, uma vez que a maioria dos clubes terá obrigações oriundas do Profut.
Num Clube de Futebol, os Investimentos em Categorias de Base e na Formação de Elenco (contratação de atletas) é praticamente mandatório, e contribui de
forma significativa no aperto de caixa apresentado por eles ao longo do ano. Muitos clubes gastam a folga de caixa no início do ano e isto causará problemas de
liquidez, que por sua vez geram atrasos de salários e impostos.
Resumidamente, o Fluxo de Caixa Livre será o resultado da soma entre Receitas Líquidas, Custos e Despesas, Investimentos em Base, Aquisição de Atletas e
Despesas Financeiras. A partir de 2016, quando o Profut entrará em vigor, incluiremos o pagamento dessa dívida na conta.
Valores Proporção
O que é interessante desta conta é que podemos avaliar se realmente faltou ou sobrou caixa para o clube no período, em termos
operacionais. Porque os investimentos citados são parte da estrutura operacional de um clube, e as Despesas Financeiras refletem a
necessidade histórica de tomada de dívida para fechar o caixa, seja via Adiantamentos, seja via Dívida Bancária.
Se o saldo for positivo, então o clube geriu bem suas contas e sobrou dinheiro para pagar Impostos atrasados – olha o Profut ! – e
liquidar Dívidas Bancárias, bem como reforçar o caixa para investimentos futuros. Se for negativo, então houve a necessidade de
captar recursos em algum lugar, e isto significa aumentar dívidas, consumir receitas futuras ou atrasar impostos e salários.
Analisando de forma consolidada, vemos que nos últimos 4 anos os clubes gastaram mais do que arrecadaram, sob esse conceito.
Entretanto, vemos que depois de dois anos muito ruins (2013 e 2014), em 2015 o cenário parece inverter o sinal e começa a melhorar,
reduzindo o déficit.
Avaliando cada conta separadamente, vemos que em 2014 o que ajudou a reduzir o tamanho do déficit foi o crescimento das Receitas
e a redução dos Investimentos em Categorias de Base, com baixíssimo crescimento de Custos e Despesas e Aquisição de Atletas.
Logo, ainda há espaço para melhorar, mas alguma coisa já vem sendo feita. É preciso acompanhar os próximos passos.
Ao analisarmos os clubes individualmente notamos que há um outlier: o Flamengo. Na prática, são poucos os clubes que
conseguiram manter a Geração de Caixa Livre positiva nos dois últimos anos. Além do Flamengo, Atlético PR e Goiás foram os
únicos. Para 2015, Bahia e Vitória reverteram o sinal da conta.
Alguns outros destaques são o Internacional, que reverteu um quadro muito ruim em 2014 e encerrou 2015 ligeiramente positivo.
Corinthians, Santos, São Paulo e Cruzeiro também reduziram seu déficit em proporção considerável. O Atlético MG também é um
destaque positivo relevante, saindo de uma posição de elevado déficit para algum superávit.
Negativamente, o Fluminense merece citação, pois aumentou de forma relevante seu déficit.
Este gráfico mostra que ainda há muito a ser feito para recuperar por completo os clubes, mas boa parte já trabalha com esse
objetivo.
Ao avaliar os Balanços e Demonstrativos de Resultados dos Clubes nos deparamos com algumas repetições de ações e comportamentos que entendemos
merecer uma breve introdução, pois facilitará o entendimento.
O primeiro aspecto que merece destaque é o que chamamos “Clube Regional”. Não há demérito nisso. Fazemos esta identificação pois notamos que há
características econômico-financeiras que permeiam alguns clubes. Quando separamos estes clubes percebemos que tratam-se de times com menor
alcance de torcida, normalmente de Estados menores em termos econômicos e que por isso mesmo se notabilizam por ter Receitas menores e erráticas, ao
mesmo tempo em que possuem condição econômico-financeira mais equilibrada, atuando dentro de suas possibilidades, sem dívidas, mas com poucos
investimentos.
Um movimento que percebemos nos fluxos de caixa dos clubes está associado aos Recursos oriundos das Cotas de TV. Em geral, quando um clube não faz
adiantamentos, as receitas com Cotas de TV são a única entrada de caixa deste assunto. Entretanto, repete-se com frequência o uso dos Adiantamentos
dessas Cotas para fechar o caixa, de forma que na variação de NCG (Necessidade de Capital de Giro) vemos entradas de recursos por conta desses
adiantamentos. Neste ano observamos que esta conta apresenta saída de caixa. Acreditamos que esta movimentação seja o reflexo dos Adiantamentos
recebidos no passado. Ou seja, seria uma espécie de redutor da Receita de TV. Veremos isto em vários clubes.
Há também o que chamamos de Fontes Operacionais de Financiamento. Será muito comum vermos entradas de caixa na NCG fruto do aumento da conta
Fornecedores, que em geral é pagamento parcelado da aquisição de atletas. A contrapartida dessa conta é o Investimento em Formação de Elenco, pois o
clube fez a aquisição mas ainda não pagou. Ou seja, em algum momento terá que pagar e a efetiva saída de caixa se consumará. Problema empurrado para
o futuro.
Outro aspecto que precisa ser avaliado é o da Geração de Caixa (EBITDA) e dos Investimentos. Entendemos que há um equívoco na forma como os Clubes,
amparados pelo código contábil, classificam os custos com Categorias de Base e Investimentos em Atleta. Ao serem considerados como Investimentos, não
transitam por Resultado. Desta forma, não compõem o EBITDA, o que muitas vezes da a sensação de que o clube está gerando muito caixa, quando na
verdade parte relevante desse caixa já foi utilizado na manutenção de atividades das Categorias de Base ou mesmo na contratação de Atletas. Assim, a
análise fria leva ao erro de acreditar numa eventual Geração de Caixa, que na prática não houve, pois parte desses gastos são recorrentes e necessários
para a performance do clube.
E para finalizar precisamos relembrar que estes balanços apresentam algumas contabilizações que entendemos precisarem de ajustes, e por isso fazemos
reclassificações de contas. Esta é a base de nossa análise: reclassificar as contas para que haja coerência e possibilidade de comparação. Isto significa fazer
exclusões, mudanças de linhas e muito das nossas conclusões está baseado nas movimentações contábeis e avaliação dessas.
a
b
c
Valores em R$ milhões
A variação negativa de R$ 3
milhões na NCG é meramente
operacional.
Encruzilhada
O América apresentou desempenho econômico-financeiro em 2015 bastante parecido com o de 2014. Ou seja, manutenção
da operação com déficit que vem sendo resolvido via aumento de Dívidas Tributárias e Bancárias.
O clube não tem conseguido ajustar suas contas, operando sempre acima da capacidade financeira.
O que tem feito de positivo é aumentar investimentos nas Categorias de Base, além de ter feito a venda de um terreno que
deve gerar um bom caixa ao longo do tempo, estimado em cerca de R$ 18 milhões. Isto deve aliviar as contas em algum
momento, mas é uma solução de médio prazo.
No curto prazo deixa de ter uma fonte ruim mas recorrente que é o atraso de Impostos. Ao aderir ao Profut terá que manter a
casa em ordem. Desafio grande para quem retornou à Serie A em 2016, e para se manter terá que investir.
Parece claro que o clube fez parte do seu dever de casa, ajustando a
posição de Custos e Despesas, mas também devemos ter em mente que o
crescimento surpreendente das Receitas de TV potencializou a melhora,
que precisa se provar sustentável no longo prazo.
Custos & Despesas
c
Valores em R$ milhões
A análise do Atlético MG é bastante complexa, pois envolve uma série de detalhes que contribuem mais para confundir que
para elucidar.
Por um lado vemos crescimento de Receitas, mas parte amparada por Venda de Direitos Econômicos, e parte por um
incremento da Receita com TV que é incomum e não conseguimos avaliar se será recorrente.
Na mesma rota vimos uma gestão que cortou Custos e Despesas e reduziu Investimentos, possibilitando aumento expressivo
da Geração de Caixa.
Entretanto, por conta da frágil condição financeira, que apresenta uma estrutura descapitalizada e com elevado
endividamento, as Despesas Financeiras do clube são elevadíssimas, consumindo parte relevante da “economia” obtida com
as ações citadas acima.
Além disso, vimos no início de 2016 o clube fazendo uma série de aquisições de atletas que podem voltar a desequilibrar a
geração de caixa.
Dessa forma, entendemos que o Atlético MG precisa deixar sinais mais claros sobre qual caminho pretende seguir: o da
austeridade ou o do título a qualquer custo.
a
b
c
Valores em R$ milhões
No fio da navalha
O desempenho de 2015 veio muito parecido com o de 2014 em termos de Receitas e Custos. Mas muito apoiado em Receitas
de menor previsibilidade.
A situação parece sob controle, mas desconsiderar esta questão das Receitas com Venda de Direitos Econômicos é um risco.
Na prática, o clube se movimenta no fio da navalha.
Além disso, seguiu com uma política de investimentos em estrutura que é positiva no longo prazo mas aperta o fluxo de caixa
até chegar lá. E esse investimento, bem como a reforma e conclusão da Arena da Baixada, foram financiados em boa parte
com Dívida Bancária.
Ou seja, o clube que mantém uma situação equilibrada hoje pode se apertar a qualquer momento, pois não trabalha com
folga de caixa. Há que se atentar para isso e buscar esse conforto para evitar situações delicadas.
Importante notar que este descontrole fez com que a relação entre Folha
de Pagamento e Receitas saltasse de 64% para 91%, ficando assim
desenquadrada dos parâmetros mínimos do Profut. Sinal de alerta ligado.
a
b
c
Valores em R$ milhões
O clube teve que se valer de O clube manteve o nível de Partindo de um EBITDA negativo,
financiamentos operacionais, investimentos nas Categorias de as soluções acabam sempre em
notadamente Despesas Base mas não fez nenhum grande aumento de Dívidas.
Provisionadas, o que denota movimento na contratação de
atraso de cargos e impostos, para atletas. Notamos aumento nas
ajudar a fechar as contas. Operacionais, conforme já
mencionado e em Impostos. Cerca
de R$ 9 milhões foram
supostamente atrasados como
forma de compor o caixa e
compensar o EBITDA negativo.
O Avaí é daqueles clubes que usualmente chamamos de “regionais”. Ou seja, são aqueles de alcance de torcida limitado à sua
região e Estado. Não há demérito nisso, mas limita muito a capacidade de ampliar suas Receitas.
Em 2015 o clube parece ter errado a mão. Mesmo com o aumento de Receitas, abusou na gestão de Custos e Despesas, com
elevação de Salários, possivelmente na busca de melhor desempenho na Série A. Mas não obteve êxito, na medida em que foi
rebaixado à Série B.
Gerir dessa forma coloca em risco a solvência do clube. No momento em que o Profut coloca restrições aos dirigentes, é
preciso muito cuidado na gestão para evitar riscos desnecessários.
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Valores em R$ milhões
Com a boa geração de caixa o O clube investiu bom montante Todas essas movimentações
clube não precisou de em Categorias de Base (R$ 7 teriam gerado impacto negativo
Adiantamentos. Pelo contrário, milhões) e foi mais comedido na (aumento) na Dívida, mas houve
em termos de TV foram formação de elenco profissional. entrada de R$ 12 milhões
consumidos R$ 6 milhões de Atitude correta para quem referentes à venda de um terreno
adiantamentos passados. participou da Série B. e isso contribuiu para que as
Dívidas fossem reduzidas.
Em termos de contas de Giro,
houve forte ajuste nas Despesas Desta forma, todas apresentaram
Provisionadas, possivelmente queda, fato bastante positivo.
impactados pela adesão ao Profut
– estimamos que encargos
trabalhistas foram colocados em
dia e/ou alongados – e restou um
valor a receber por venda de
atletas.
Operacionalmente conseguiu aumentar suas Receitas, reduziu Custos e Despesas e assim gerou mais caixa e de forma
consistente. Fez investimentos corretos, liquidou dívidas, aderiu ao Profut.
O desafio agora é manter esta política de austeridade sem ter sucesso esportivo, uma vez que segue no 2º ano jogando a
Série B. Mas persistência e paciência andam junto com processos de ajuste, pois o resultado aparece apenas no longo prazo.
Um clube saudável, equilibrado, tem mais chances de permanecer por mais tempo disputando a Série A.
queda de 25% nas Receitas Totais. Exceto pelos Direitos de TV, que
cresceram 10%, as demais receitas relevantes sofreram forte queda:
Publicidade (-73%), Venda de Direitos Econômicos (-61%), Bilheteria (-
33%).
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Valores em R$ milhões
A situação geral do Botafogo é muito complicada. Se por um lado há o esforço em manter um equilíbrio entre Receitas e
Custos, o que vem permitindo gerar um caixa operacional, por outro isso enfraquece o clube, uma vez que lhe sobra menos
capacidade de investimento. Ao mesmo tempo as Dívidas são muito pesadas, incompatíveis com a capacidade de pagamento,
mesmo após adesão ao Profut.
Ou seja, há um círculo vicioso em andamento, pelo qual o clube investe pouco, tem desempenho esportivo fraco, isso gera
menos receitas e essas receitas precisam servir uma dívida monstruosa, o que faz com que sobre menos dinheiro para
investimentos, e isso enfraquece o clube...
Isto significa jogar para cada vez menos torcida, de forma que o clube vai encolhendo a cada ano.
2015. O grande impulso se deu nas Receitas com TV, que cresceram
51%. Como os contratos são renovados anualmente, o bom
desempenho que o clube vem tendo esportivamente ajuda nos
aumentos. TV representa 54% do total.
Isso permite que o clube atue dentro das premissas do Profut, com Folha
Salarial representando perto de 70% das Receitas.
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Valores em R$ milhões
A Chapecoense é daqueles clubes que sabe das suas limitações em termos de alcance de torcida e Receitas. E faz um trabalho
excepcional, considerando essas limitações.
Equilibrado, gastando apenas o que arrecada, consegue mobilizar a cidade e fazer boa Receita com Bilheteria. Montando
equipes competitivas, se mantém na Série A e obtém Receitas mais consistentes da TV.
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Valores em R$ milhões
Em algum momento a conta do estádio chegaria. E de fato, ela já se apresentou. E será mais dura a cada ano.
O clube está abrindo mão de cerca de R$ 90 milhões* anuais em receitas de Bilheteria e propriedades do estádio que estão
sendo direcionadas para o pagamento das dívidas de construção do estádio. Isto faz muita falta. Toda a folga operacional que
o clube mostrou em 2012 e 2013 foi perdida e a geração de caixa caiu a níveis incompatíveis com o porte do clube. Para
piorar a situação, a partir de 2016 ocorrerão pagamentos mais significativos de principal e juros dos financiamentos, que
somam cerca de R$ 120 milhões anuais, conforme divulgado pela imprensa*. Ou seja, há um déficit potencial de cerca de R$
30 milhões que precisam ser pagos pelo Clube.
O fato é que com menor poder financeiro, há restrições de investimentos. Com a necessidade de aumentar o endividamento e
receber adiantamentos de TV para fechar as contas, as Despesas Financeiras cresceram absurdamente e isso também
colabora para deteriorar ainda mais a situação.
Resultado: o clube foi Campeão Brasileiro, a despeito disso. Mas teve que abrir mão de grande parte do elenco no início de
2016 para restringir a saída de caixa, pois nesse ano as contas do estádio causarão novos danos ao caixa do clube.
Mas veja que os Investimentos em 2015 já foram bastante modestos e devem repetir a dose em 2016 e enquanto durar o
estoque de dívida do estádio.
A situação não é nada confortável, e o clube precisa manter os pés no chão, controlar ainda mais os gastos e contar com o
incremento de Receitas da TV, que terá crescimento em 2016, para fechar essa conta.
E ainda terá que se manter disputando os campeonatos com chance de conquistas para que sobre receita para pagar o
Estádio. A vida não está fácil pelos lados da Zona Leste de São Paulo.
*Matéria da site da Revista Época de 01/04/16 assinada pelo jornalista Rodrigo Capelo
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Valores em R$ milhões
Chegando ao limite
O Coritiba parece ter encontrado seu limite em termos de crescimento. Se avaliarmos apenas as Receitas Recorrentes o clube
praticamente repete seu desempenhos nos últimos 4 anos, mostrando que há pouco a fazer para sair desse patamar.
O desafio é conseguir manter os Custos e Despesas comportados, dentro da capacidade do clube, e investir nas Categorias de
Base para formar elenco dentro de suas possibilidades e eventualmente vender Direitos de Atletas para reforçar o caixa e a
equipe.
E por mais que tenha feito esforço em reduzir Custos e Despesas, ainda
assim ficaram acima das Receitas, de forma que a geração de caixa foi
negativa, depois de anos operando dentro do equilíbrio.
Custos & Despesas
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Valores em R$ milhões
Ajuste Difícil
Cair para a Série B é um retrocesso financeiro incrível. Por isso os clubes se esforçam e até exageram para permanecer na
Série A. O Criciúma é uma vítima.
Por mais que tenha feito ajustes nos Custos e Despesas, ainda assim há contratos mais longos que não podem ser cancelados
e isto implica em custos que se perpetuam no tempo. Esta é uma possibilidade. A outra é que o clube decidiu investir em
salários e empréstimos de atletas para tentar retornar à Série A e não obteve êxito. Se foi isso, foi um erro, mesmo com
dinheiro de patrono.
O Futebol precisa de coerência. Coerência que sempre foi aplicada pelo próprio Criciúma, que se manteve equilibrado nos
anos anteriores. Precisa voltar a ser.
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Valores em R$ milhões
Além da ótima geração de caixa, o O investimento apresentou salto Financiamento para Investimentos
clube ainda teve algumas relevante, em todas as frentes. veio do atraso de Impostos. Foram
liberações operacionais, tais Para a Base foram direcionados R$ 41 milhões em 2015, que após
como recebimento de vendas de R$ 13 milhões e para reforçar o adesão ao Profut geraram
atletas (Clientes) e financiamento elenco mais R$ 42 milhões! As aumento importante na Dívida
de aquisição de Atletas. vendas que geraram aumento de com Impostos.
receitas foram quase todas
De outro lado, consumiu R$ 25 reinvestidas em novos atletas Positivamente, a Dívida Bancária
milhões que haviam sido profissionais. continua em queda e as
adiantados da TV em anos Operacionais permaneceram
anteriores. praticamente estáveis.
Alerta na Toca
O Cruzeiro apresentou dados econômico-financeiros bastante conflitantes. No lado das Receitas viu crescimentos que tendem a não se
repetir, como Venda de Direitos e o valor adicional da TV, ao mesmo tempo que perdeu muita Receita com Bilheteria, que vinha sendo um
destaque nos anos anteriores.
Por conta das sobras investiu muito, supostamente atrasou Impostos e viu sua Dívida Tributária, alongada no âmbito do Profut, crescer e esta
passará a exigir mais do clube. Além disso, as dívidas pesam nas Despesas Financeiras, que consomem montante relevante de caixa do
clube.
Ou seja, não há clareza na longevidade das receitas e nem qual é a política de investimentos do clube. As fontes externas de financiamento
secaram, e então o clube deveria colocar os pés no chão e se adequar a uma realidade de Receitas que deve ser diferente da apresentada em
2015.
O clube precisa mudar sua postura e fugir da zona de risco em que se coloca há algum tempo.
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Valores em R$ milhões
Vimos em 2015 um Figueirense um pouco diferente dos anos anteriores. Mais contido na gestão de Custos e Despesas,
investiu mais para ter um elenco reforçado e que permitisse se manter na Série A.
O clube não só precisa manter a boa postura de austeridade, mas reforça-la, reduzindo investimentos, ajustando fluxo de
caixa para evitar ter que recorrer a fontes externas para recompor o caixa, como Adiantamentos e novos atrasos, o que não
será permitia no âmbito do Profut.
A conferir.
Isso mostra que a maior parte das Receitas atingiu seu pico, e apenas
um bom desempenho em campo pode ajudar a agregar mais Receitas
com Bilheteria e Sócio Torcedor.
Geração de Caixa
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Valores em R$ milhões
Financeiramente a resposta é não. O clube mantém uma política de austeridade, gastando pouco com Folha de Pagamento,
maximizando as Receitas, pagando suas dívidas e investindo sem onerar em demasia o clube. A cartilha está sendo seguida à
risca e com muita competência, e o trabalho mais significativo agora é pensar na redução paulatina das Dívidas Bancárias,
ainda elevadas.
Entretanto, o desempenho esportivo está longe da unanimidade. Pelo menos para o Flamenguista.
Um fato importante é que o clube não deixou de investir. Em nossos cálculos foram R$ 60 milhões entre 2014 e 2015. O que
está faltando é montar um plano estratégico, ter os profissionais certos e melhorar o desempenho coletivo. Porque gestão
profissional não se resume ao financeiro, e necessariamente inclui o esportivo. Ambos andam lado-a-lado.
Já falamos isso no ano passado, e estamos repetindo agora. O clube precisa ter atenção para que a cada publicação de
balanços não deixe a sensação de estarmos vivendo o “Dia da Marmota”*.
* Referência ao filme “Feitiço do Tempo”, no qual o personagem do ator Bill Murray fica preso numa armadilhada do tempo
em que todos os dias se repetem exatamente da mesma forma.
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Valores em R$ milhões
Mudança de Hábito
Desde a saída do sponsor que mantinha boa parte do elenco, o Fluminense teve que se ajustar à nova realidade. Até 2014 o
trabalho vinha apresentando consistência, com equilíbrio operacional e investimentos dentro das possibilidades. Porém, em
2015 o clube abriu a carteira e investiu pesado em elenco profissional. O resultado foi aumento de Dívidas, necessidade de
Adiantamentos e financiamento de parte do investimento.
Considerando uma visão estratégica de longo prazo esta não é a melhor forma de gerir um clube. Coloca em risco receitas
futuras, trabalha com Custos acima da capacidade de geração de Receitas.
O clube precisa voltar ao bom hábito da gestão austera, gastando o possível e investindo ainda mais na Base. É preciso pensar
no longo prazo.
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Valores em R$ milhões
A despeito da boa gestão financeira, muito consistente, o Goiás foi rebaixado à Série B.
É bastante positivo ver que um clube, mesmo caminhando para o rebaixamento, mantém a postura e a essência. O clube não fez loucuras,
não apelou para contratações a qualquer preço, pois pensa no longo prazo, de maneira sustentável.
Naturalmente terá que se reinventar em termos esportivos, seja para disputar a Série B, seja para se recuperar em campo. Mas isso terá que
continuar a ser feito de forma consistente e austera.
TV, que cresceram 34%, bem acima da média vista nos demais clubes.
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Valores em R$ milhões
Complicou, Tchê!
Receitas em queda, custos estáveis, investimentos, efeitos de dívidas operacionais que precisaram ser ajustadas, aumento das dívidas
bancárias. Ainda tem a questão da Arena a ser solucionada, e passará a ter a pressão de pagamento das dívidas do Profut.
Ou seja, o que vimos em 2015 pode ser potencializado para os próximos anos, porque as receitas não devem subir, exceto se o clube
continuar a vender Direitos de Atletas, enfraquecendo o elenco.
É preciso equalizar a situação, reduzindo investimentos e custos, para que no longo prazo o clube se mantenha forte, relevante, e não mero
coadjuvante.
A única linha que teve crescimento mais relevante foi a Venda de Direitos
Econômicos, que saltou 29%. A TV cresceu 10% e é a segunda mais
relevante para o clube, representando 29% do total. A mais relevante para
o clube continua a ser a Bilheteria e o Programa de Sócio Torcedor, que
representa 35% do total.
Geração de Caixa
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Valores em R$ milhões
O Internacional sempre foi um modelo de gestão, que pensava no longo prazo, com bons números e desempenho
equilibrado. Em 2014 o clube perdeu a mão, pensando apenas em conquistas esportivas, sem olhar para a saúde
financeira. Passada a tempestade, o clube voltou aos trilhos em 2015, com alguma dor.
O clube fez o dever de casa, conseguindo aumentar as receitas, reduzir custo e investimentos, equacionar as dívidas
tributárias. Ainda assim, boa parte dos esforços serviu apenas para ajudar na correção da rota. Ainda falta ganhar
tração. Isto significa dizer que o clube precisa manter a postura austera para poder voltar a ter força financeira e
manter o time disputando títulos.
em 2015. O grande destaque foi a cota de TV, que subiu quase 200%.
Essas Receitas representam 43% do total.
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Valores em R$ milhões
O Joinville é um clube regional, com limitação de acesso a volumes relevantes de receitas e que trabalha um ano de cada vez.
Para 2015, conforme aumentaram as Receitas, reforçou a equipe, elevou gastos, mas mantendo o equilíbrio.
Difícil competir com os clubes de Receita muito maiores, e ainda jogou contra o fato de voltar à Série A depois de muitos
anos. Assim, o resultado esportivo não foi o esperado e o clube retornou à Série B em 2016.
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Valores em R$ milhões
Na corda bamba
O Náutico parece não se conhecer. Clube de alcance regional, tem acesso limitado a Receitas, mas ainda assim apresenta
Custos e Despesas acima das Receitas há dois anos. Isso só dificulta o clube a manter as contas em dia.
Se nada for feito para reverter o quadro, uma possível adesão ao Profut vai drenar caixa do clube e pode colocá-lo em risco
num futuro próximo. Mas sem isso fica impossível se equilibrar.
O Palmeiras apresentou o maior crescimento de Receitas em 2015, que foi de 57%. Destaque
absoluto para duas delas: Publicidade (201%) e Bilheteria/SócioTorcedor (240%).
Receitas
Estes movimentos são reflexos da mudança de gestão do clube, onde o Presidente colocou a
casa em ordem em termos financeiros e pode atrair um investidor publicitário que mudou o
patamar de receitas do clube. Além disso, a entrada em operação do novo estádio elevou o
número de Sócios Torcedores e adicionou público ao estádio. Tudo isso funcionou bem porque
em campo a equipe apresentou desempenho técnico que manteve interesse do torcedor.
Demais Receitas tiveram desempenho dentro de uma normalidade e hoje o clube possui uma
boa divisão na origem das receitas, entre TV, Publicidade e Bilheteria.
Geração de Caixa
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Valores em R$ milhões
A gestão de Presidente Paulo Nobre colocou ordem na casa em termos financeiros. As dívidas estão equacionadas, a
condição equilibrada trouxe investidores publicitários e o novo estádio, em conjunto com um time reforçado, trouxe
mais Receitas.
Se a Dívida Bancária está equacionada é porque o Presidente encontrou um modelo seguro para o clube repagá-lo.
Mas o crescimento das Receitas Publicitárias está concentrado num único sponsor, Isto coloca em risco as Receitas
caso haja uma ruptura. No momento não parece uma realidade, mas ela sempre pode chegar. E nesse caso o risco é
maior, porque o valor pago está bastante acima da média de mercado, conforme vimos no tópico sobre Receitas com
Publicidade.
O crescimento das Receitas com Bilheteria e Sócio Torcedor se deu em função do novo estádio e de um time
competitivo, montado a partir do crescimento de Receitas e da condição financeira equilibrada deixada pelo
Presidente. Mas esse sucesso dependerá necessariamente de um bom desempenho esportivo da equipe, porque
torcedor mantém a chama acesa quando há resultado em campo.
Além disso, a folga financeira obtida em 2015 tende a ser menor em 2016 por conta dos salários e manutenção de um
elenco tão grande.
Enfim, o cenário hoje é positivo, mas sucesso passado não garante sucesso futuro. O clube precisará se manter
organizado, precisará encontrar o equilíbrio quando o Presidente Paulo Nobre deixar o comando, para que este bom
momento se mantenha no longo prazo.
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Valores em R$ milhões
Em compensação as Tributárias
cresceram consideravelmente,
especialmente porque o clube
atrasou encargos para compor o
caixa, conforme aponta a variação
das contas.
A Ponte Preta mantém o perfil de clube de alcance regional, que trabalha um ano de cada vez. Como não tem contrato
de longo prazo com a TV e as demais Receitas não são relevantes, dependendo muito da Venda de Direitos
Econômicos para aumentar o poderia financeiro, então o clube calibra seus gastos de acordo com o momento.
Mas deveria olhar mais para a Base, investindo mais na formação de atletas, que tem custo mais compatível com sua
condição financeira.
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Valores em R$ milhões
Procurando se encontrar
O Santa Cruz em 2015 deve ser analisado sob duas óticas: i) esportivamente foi muito bem, especialmente
considerando sua capacidade de investimento, pois dos clubes analisados é um dos menores orçamentos; ii)
financeiramente foi bastante complexo, pois a geração de caixa foi negativa, teve pressão de giro relevante, muitas
saídas de caixa e ainda teve que se apoiar em bancos para fechar suas contas.
Vai contar com o crescimento das Receitas de quem chega à Série A para organizar a casa. Ou não, caso utilize o
dinheiro apenas para reforçar elenco e tentar permanecer na divisão de elite, o que não é recomendado se pensarmos
em estratégias de longo prazo.
Mais um clube que tem a vida difícil de quem tem poder financeiro limitado.
duas que mais cresceram, junto com Outras Receitas, para as quais não
temos identificação. As demais Receitas sofreram reduções da ordem de
24% (Publicidade) e 76% (Venda de Direitos de Atletas).
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Valores em R$ milhões
Espiral negativa
O Santos precisa ligar o sinal de alerta urgentemente. São 4 anos seguidos de queda nas Receitas e aumento de
Custos e Despesas. Em 2015 o desempenho econômico-financeiro só não foi pior porque houve um crescimento
inesperado – pelo menos sob o ponto de vista lógico – das Receitas com TV.
Apesar disso ainda teve que lançar mão de atrasos de Impostos, possivelmente encargos, e pagou valores elevados
de Despesas Financeiras. Um clube nessa condição é inviável no longo prazo, considerando que as Receitas que
mantém o clube relevante, como Publicidade e Bilheteria/Sócio Torcedor não apresentam volumes significativos para
servirem de base para uma guinada.
A verdade é que o clube não soube viver sem Neymar, e todas as alternativas até agora não surtiram efeito financeiro,
a despeito de algum sucesso esportivo, como a sequência de conquistas regionais, o vice-campeoanto da Copa do
Brasil e o bom desempenho no Brasileiro de 2015.
O clube precisa usar ainda mais atletas da Base, precisa equacionar a relação Receitas/Custos e precisa buscar
novas estratégias para obter mais Receitas sustentáveis.
caindo de 56% para 50%. Afinal, vendeu atletas e não repôs com outros
de valor salarial elevado, optando em parte pelo uso das categorias de
Base.
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Valores em R$ milhões
Quem gosta de filmes e séries de ação já se deparou com a cena onde uma bomba está prestes a explodir e o herói
permanece claudicante em frente a dois fios, decidindo qual deles cortar. Um deles desarma a bomba, mas o outro
acelera a explosão.
O São Paulo esteve nessa situação em 2015. Alertamos que o clube estava prestes a explodir. Felizmente as gestões
entenderam isso e aplicaram, ainda que de forma atabalhoada, soluções que permitiram cortar o fio correto.
Foram vendidos 8 atletas que trouxeram um volume expressivo de receitas. O clube lançou mão de alternativas
heterodoxas, como atrasos de salários e encargos, adiantou recursos de patrocinadores e investiu com dinheiro
emprestado. Além disso, apresentou programas de melhorias de gestão, contando com apoio de torcedores ilustres.
Fato é que sem esses movimentos o clube teria tido um ano ainda mais catastrófico. O resultado foi ruim, com déficit,
dívidas elevadas, pagamentos de mais de R$ 40 milhões em Despesas Financeiras, atrasos – situações incomuns na
história do clube – mas no episódio final, sobreviveu.
Entretanto, ainda há muito a fazer. Algumas Receitas estão aquém da possibilidade do clube, como a de Publicidade,
assim como o Estádio já não gera tanto como no passado. Em 2015 a Venda do Direito de Atletas salvou o clube, mas
essa é uma receita incerta. Há dívidas elevadas e caras.
O clube começa 2016 ao menos respirando mais aliviado. Precisa agora implementar medidas austeras para que
transforme o filme de horror que foi 2015 numa ação cujo final venha com títulos.
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Valores em R$ milhões
O Sport trabalhou numa condição O clube manteve bom volume de As dívidas tiveram bom
bastante equilibrada em 2015. investimentos na categoria comportamento. Começando
Apesar de utilizar bom volume de Profissional, com R$ 6 milhões, pelas Bancárias, permaneceram
Adiantamentos, seja de TV (R$ 11 mas praticamente não investiu na estáveis, enquanto as
milhões), seja em contas de giro Base. Operacionais cresceram em
(R$ 13 milhões), não havia função do crescimento da Folha.
necessidade de fazê-los, pois
havia geração de caixa suficiente Quem apresentou forte
para suas necessidades. O clube crescimento foram as Fiscais, em
aproveitou a oportunidade e função da adesão ao Profut, que
reforçou o caixa. trouxe dívidas para o balanço.
O Sport apresenta uma gestão organizada, controlada, que mantém as finanças equilibradas.
2015 foi um bom ano nesse sentido, onde vimos a equipe reestruturar suas dívidas tributárias, ao mesmo tempo que
se utilizou de adiantamentos para reforçar seu caixa e entrar em 2016 pronto para manter uma equipe competitiva
mas dentro de suas possibilidades.
É importante que o clube mantenha os pés no chão e suba de patamar de forma consistente.
Assim como ocorreu com outros clubes, não parece fazer muito sentido tal
crescimento sem que houvesse uma renovação antecipada de contrato e
recebimento de luvas. Mesmo com o retorno à Série A, o aumento não deveria
ser de tal magnitude.
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Valores em R$ milhões
Fogo na Colina
O clube retornou à Série A em 2015, apresentou aumento de Receitas, aumentou gastos para montar um time
supostamente compatível com a competição. Mas teve que pagar contas do passado, investiu além das possibilidades
e isto o levou atrasar Impostos.
Encerrado o ano o clube não conseguiu reduzir dívidas – ainda que tenha renegociado as Fiscais via Profut – não
reservou caixa, e acabou na Série B novamente. Para piorar, parte das receitas de 2015 não deverão se repetir nos
próximos anos, seja porque a TV continha parte não recorrente, seja porque a Publicidade reduz de valor ao jogar a
Série B.
Desta forma, fica cada vez mais distante de uma organização que permita ao clube voltar a ser a potência esportiva de
um passado cada vez mais distante. É preciso por os pés no chão, reorganizar Custos e Despesas e aceitar a
realidade de que os voos serão mais baixos, porém mais seguros.
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Valores em R$ milhões
Os contratos do clube são feitos O clube investiu R$ 5 milhões nas Dívidas Bancárias sofreram
em bases anuais e em 2015 Categorias de Base e muito pequena redução, enquanto as
recebeu de forma antecipada pouco, ou perto de zero na Operacionais caíram bastante em
parte do recurso referente a 2016. formação de elenco profissional. função da redução da Folha de
Tanto é que este recurso está no Pagamentos.
caixa do clube.
Enquanto isso as Despesas
Ao mesmo tempo consumiu R$ 7 Fiscais cresceram cerca de R$ 6
milhões em aplicações em giro, milhões, fruto de atrasos que
notadamente ajustes nas contas foram posteriormente alongados
de Despesas provisionadas, que no âmbito do Profut.
apresentaram redução em função
do menor valor da Folha de
Pagamentos.
Impressionante a postura correta adotada pela gestão do Vitória em 2015. Ao cair para a Série B e observar redução
potencial de Receitas o clube agiu e reduziu mais que proporcionalmente seus Custos e Despesas, adequando-os à
realidade do ano.
Resultado foi um desempenho econômico-financeiro equilibrado, com excepcional geração de caixa, contas
aparentemente em dia, e dinheiro em caixa para iniciar 2016 na Série A com mais fôlego para buscar sustentabilidade
de longo prazo na principal divisão do País.
Comportamento exemplar, incluindo a manutenção de investimentos em Base, que geram resultados de longo prazo.
Claramente um clube pensando no futuro.
O objetivo do “Earnings Preview” é menos o de acertar os dados, coisa de quem lê cartas ou bola de cristal, e mais
de apresentar o grau de transparência de cada clube em termos de disponibilidade de informações financeiras.
Vocês notarão que quanto mais dados divulgam, mais chegamos perto do resultado final auferido, e isto é muito
importante para que o torcedor acompanhe o desempenho financeiro do seu clube.
Se o objetivo não é necessariamente acertar, é sim dar uma dimensão da situação antes da publicação dos
balanços, para que os torcedores entendam os movimentos de início de ano. Seria muito melhor se todos
divulgassem dados intermediários que possibilitassem o acompanhamento mais de perto..
Ainda assim vamos considerar que nossa previsão poderia ter sido
melhor.
Flamengo
E que golaço!
Erramos!
O que é eficiência no Futebol? Muito provavelmente dirão os Torcedores e Analistas que são os Títulos! De certo modo, é verdade, afinal o “lucro” de um
clube deveria ser o título conquistado.
Mas a que preço chega esse título? Quanto vale o desempenho de um clube Campeão? Será possível chegar a conquistas gastando pouco?
Buscando respostas a essas e outras perguntas criamos um Índice de Eficiência do Futebol, que consiste em fazer um cruzamento entre Desempenho
Esportivo, tratado em duas dimensões, i) total de pontos obtidos no ano e ii) pontuação por colocação nos campeonatos disputados e desempenho
financeiro, tratado a partir dos Gastos Gerais, que como mostramos anteriormente, é a soma entre Custos, Investimentos e Despesas Financeiras.
Isso tudo é plotado num gráfico e dependendo da posição do clube nesse gráfico chegamos ´visualmente ao Índice de Eficiência.
Pontuação de Conquistas
Aqui encontramos 5 clubes apenas, com destaque para o Santa Cruz, Campeão Pernambucano e que conseguiu o acesso à Série A,
acumulando 15 pontos em nossa escala, e também ao Bahia, Campeão Baiano, mas que não conseguiu retornar à Séria A.
Os outros 3 – Botafogo, América MG e Vitória - estão nessa categoria por terem subido da Série B para a Séria A, e isto tem muito valor,
pois como observamos nas avaliações individuais, jogar a Série A garante um aumento expressivo de Receitas.
A eficiência, nesse sentido, não tem a ver necessariamente com títulos, mas com objetivo atingido. É fundamental que os clubes passem
a se organizar pensando em objetivo e esse nem sempre será o título. No momento em que uma posição intermediária na tabela, a
classificação à Série superior ou mesmo manutenção na Série A for tratada com o devido mérito, parte dos problemas financeiros cessa,
uma vez que os incentivos estarão alinhados com a capacidade financeira.
Custo por Ponto Conquistado
Mas fica uma questão: quem ficou mais feliz, o torcedor do Bahia ou o do Vitória? Tecnicamente, dado que a chance do Vitória ser
Campeão da Série A em 2016 não chega a ser grande, ao menos o torcedor do Bahia comemorou um título em 2015.
E então teremos que no desempenho comparativo, o Botafogo foi ligeiramente superior aos demais que subiram à Série A, pois
conquistou um dos de
Pontuação títulos possíveis.
Conquistas
Quem Deixou a Desejar foram Cruzeiro, Observando quem fez um Bom Trabalho, há
Flamengo e Fluminense, que encerram o que se considerar a questão do objetivo,
ano sem conquistas ou objetivos que nem sempre é a conquista de um título.
alcançados. Para muitas dessas equipes, a condição
apresentada é boa se pensarmos em termos
É natural que haja clubes que investem Nacionais. Entretanto, se incluirmos o
muito e não atinjam objetivos. Na prática, há aspecto Regional, para alguns o
apenas 2 Títulos Nacionais, algumas poucas desempenho foi aquém do esperado.
vagas à Libertadores e o que resta é sempre
Custo por Ponto Conquistado
À primeira vista parece que a quantidade de dinheiro indica claramente quem são os clubes de maior sucesso e
consequentemente mais conquistas. Mas não é bem assim.
Os dois grupos de maior destaque – Eficientes e Eficazes – conquistaram títulos, cada um dentro da sua
possibilidade, seja ela o de um Estadual, seja um Brasileiro, ou mesmo um bom posicionamento que permita
disputar a Libertadores no ano seguinte.
Mas o fato é que com mais ou menos dinheiro é possível atingir as metas, desde que as metas estejam
corretamente dimensionadas.
O que não chega a ser surpresa quando vemos clubes de pouco orçamento sendo rebaixados e não obtendo
sucesso. É parte de suas realidades. Ao mesmo tempo, não é parte da realidade um clube com orçamento elevado
ficar apenas no “zero”, o que indica estar claramente investindo de maneira menos eficiente e desperdiçando
dinheiro.
Obviamente que Futebol não é uma ciência exata, felizmente. Mas ter acesso a orçamentos mais robustos deveria
indicar maior capacidade de contratar bons profissionais e desempenhar melhores trabalhos.
Esta é a primeira vez que montamos esta avaliação e na próxima edição, com dados de 2016, veremos as
movimentações, que no longo prazo mostrarão de forma mais clara e objetiva se poderio financeiro é sinônimo de
poderio econômico.
De qualquer maneira, um dado para pensar: desde o início do Campeonato Brasileiro de Pontos Corridos houve
apenas 6 clubes Campeões: Corinthians por 4 vezes; Cruzeiro e São Paulo por 3 vezes; Fluminense por 2 vezes;
Flamengo e Santos por 1 vez.
Para fins de avaliação utilizamos todas as Dívidas Fiscais registradas no Passivo Exigível a Longo
Prazo, que em tese abarcam todos os tributos renegociados. Consideramos para fins de análise que
todos os clubes optaram pelo padrão de 240 meses, dentro das regras de correção pela Selic e
escalonamento de pagamento, sendo: 50% da parcela em 2016 e 2017; 75% da parcela em 2018 e
2019; 90% da parcela em 2020; 100% da parcela a partir de 2021. Além disso, diferença das
parcelas foi incorporada ao saldo a ser pago a partir de 2021.
Com isso, na sequência listaremos o valor da Dívida considerado para fins de cálculo, bem como o
valor da amortização anual dessa Dívida.
Com esta informação, verificamos qual o valor do Fluxo de Caixa Livre e adicionamos o valor da
parcela de 2016, para ver qual o tamanho do ajuste que cada clube terá que fazer ou qual a sobra
teria em função do início dos pagamentos do Profut.
Isto significa que muita gente precisa colocar a casa em ordem, conforme os dados a seguir.
O Palmeiras entra nessa classificação para fins de comparação, uma vez que não aderiu ao Profut. A tabela mostra que mesmo que entrasse o impacto no fluxo
de caixa do clube seria pequeno.
Após alguns anos apresentando funcionamento do Futebol em alguns países Latinoamericanos – Argentina, Chile,
Colômbia e México – optamos nessa edição em fazer uma comparação resumida nos números dos principais
clubes desses países, exceto o México, pois não há dados econômico-financeiros disponíveis.
De maneira geral, como não houve novidades nos modelos dos países, e como no caso Mexicano não há
disponibilidade de dados, há pouco a acrescentar.
Assim, a comparação de alguns dados, como Receitas, Despesas com Folha de Pagamentos e EBITDA nos
permitirá fazer uma avaliação da capacidade de competição entre os principais clubes Brasileiros e Latinos.
O que é possível avaliar nesses dados é enquanto falamos em “Espanholização” no Brasil, ela é praticada na Argentina. A distância de
Receitas entre os dois maiores clubes Argentinos – Boca Juniors e River Plate – é de mais que o dobro para o terceiro colocado, Racing Club.
Não tivemos acesso a outros dados, mas nos parece improvável que haja clubes próximos aos dois maiores, dado o perfil de cada um. Isto
porque na Argentina a Venda de Direitos Econômicos de Atletas chega a representar mais de 50% das Receitas Totais, e os grandes
vendedores de atletas são River Plate e Boca Juniors.
Enquanto isso, o Futebol no Chile e na Colômbia apresenta números bastante modestos, mesmo considerando na amostra os maiores clubes
Chilenos e dos dois representantes Colombianos na Libertadores 2016 que chegaram mais longe na competição.
Isto posto, observa-se que em termos de capacidade financeira, exceto pelos dois maiores Argentinos, os Brasileiros suplantam com certa
folga os demais. Os Custos e Salários do Racing Club, por exemplo, figurariam na metade de baixo da tabela entre os Brasileiro, Os Chilenos
e Colombianos estão abaixo dos 60% maiores clubes Brasileiros em termos de Receitas. Ou seja, é natural que o Brasil passe a ser um
centro Sulamericano, ao menos para os atletas de segundo nível, uma vez que os principais nomes e destaques seguem para a Europa e
México.
Nesse gráfico há uma representação visual clara da diferença nas Receitas dos clubes apresentados na comparação. Há 3 blocos
claros: o que vai do River Plate ao São Paulo, o segundo que é o Racing Club e o terceiro, composto pelo Rosário Central, Chilenos
e Colombianos.
Lembrando que os Países possuem diferenças relevantes na Governança. Enquanto Argentinos não tem obrigação de tornar seus
balanços públicos, os Brasileiros precisam fazê-lo por força de Lei. Enquanto isso, Chilenos possuem capital aberto e dados
públicos, ao mesmo em que os Colombianos estão em processo de abertura de capital e por enquanto são acompanhados pela
Superintendencia de Sociedads, órgão estatal que avalia as finanças dos clubes de futebol e coloca os que estão em dificuldades em
observação, podendo encerrar suas atividades caso não se recuperem.
Como os Clubes Mexicanos não divulgam balanços mas são um pólo que atrai muitos atletas de boa qualidade do Futebol
Sulamericano, fizemos um exercício para estimar qual a suposta Receita dos maiores clubes Mexicanos. Vale ressaltar que
é um mero exercício e que como os clubes possuem donos, nada os impede de injetar recursos de outros negócios para
reforçar os elencos.
O exercício tem como premissa a informação publicada pela Imprensa Mexicana sobre os Contratos de Direitos de TV dos
Clubes Mexicanos com as TVs do México e dos EUA. Lembrando que os contratos são celebrados de forma individual e
cada clube vende os jogos em seus estádios.
A partir dessa informação traçamos paralelos com a distribuição de Receitas dos 20 maiores clubes do Mundo e incluímos
as 5 Maiores Receitas do Brasil. Assim, trabalhamos com 3 cenários: i) Média dos 5 Países; ii) Itália (que é o país onde a TV
tem maior participação); iii) Alemanha País com menor participação da TV).
Dessa forma chegamos a 3 hipóteses de Receita Total dos Clubes Mexicanos, a partir das três distribuições apresentadas
abaixo. Os resultados estão na próxima página.
Receita Estimada
Com base nos percentuais apresentados na
página anterior e nos valores apresentados no
site “Futbol Sapiens”, chegamos nos supostos
valores de Receitas Totais dos Clubes
Mexicanos, e abaixo fizemos uma comparação
com os Sulamericanos. De fato, se as premissas
estiverem corretas, os Mexicanos possuem
elevada capacidade de competição financeira
com os Sulamericanos.
O objetivo é fazer uma comparação que fuja do erro comum que é comparar Receitas em Reais convertidas em Euros
com Receitas originadas em Euros.
Naturalmente que a capacidade de geração de Receitas dos Clubes Europeus será sempre maior que a dos
Brasileiros, pois as Economias são mais fortes e há uma questão cambial que distorce a relação.
Ao utilizarmos a comparação entre Receita e PIB do País, que é onde os clubes geram a maior parte de suas receitas,
com contratos de TV e Bilheteria, passamos a encontrar a relevância do Clube na Economia do País. Desta forma
podemos verificar quem consegue de fato extrair mais Receitas de sua Economia-Mãe.
A conta é bastante simples: dividimos a Receita da temporada pelo PIB médio dos anos em que questão. Por
exemplo, para a Temporada 2014/2015 utilizamos a Receitas dividida pelo PIB Médio entre 2014 e 2015. Como
mencionado, isto dá uma dimensão sobre a relevância dessa Receita em relação ao que o País produziu no mesmo
período.
Real Madrid e Barcelona mostram quão fortes são, visto que suas receitas frente ao PIB Espanhol são
substancialmente maiores que a dos pares Europeus.
Ao mesmo tempo, os Clubes Brasileiros se colocam em posições razoáveis dentro do cenário Mundial. Obviamente
que jamais competiremos com esses clubes na busca por algum atleta, mas podemos ver que alguns clubes atingem
níveis mundiais de Receitas.
Na comparação entre as duas últimas temporadas, nenhuma alteração nos dois primeiros postos: Real Madrid e Barcelona continuam com as maiores
Receitas e com elevada participação em relação ao PIB Espanhol. Isto ocorre porque o PIB da Espanha é inferior ao dos outros países da amostra e porque
a Receita desses clubes é substancialmente maior, nominalmente.
Quando adicionamos os 5 clubes de maior Receita no Brasil à lista, percebemos que na temporada 2014/2015* perdemos posições. A verdade é que a
distância aumentou, a despeito da queda do PIB Brasileiro, pois as receitas também sofreram queda. Além disso, clubes Europeus tiveram incremento de
Receita nominal acima da variação do PIB. A menor relação Receita/PIB da Temporada 13/14 era de 0,0050% e passou a 0,0063% na Temporada 14/15,
enquanto no Brasil a melhor relação caiu de 0,0075% para 0,0057%.
A competição entre Brasileiros e Europeus é muito difícil, em função da moeda, do poder de compra do torcedor e do volume de
dinheiro que gira nos mercados.
Fizemos o seguinte exercício: considerando a relação Receita/PIB dos clubes Europeus e aplicando-as ao PIB Brasileiro de 2015
(R$ 5,9 Tri), qual seria a Receita que o clube Brasileiro teria no ano? Qual o tamanho do crescimento em relação à receita do
Flamengo, maior do País em 2015?
Veja que para atingir 10ª relação Receita/PIB, que pertenceu ao Bayern Munich, de 0,0160%, a maior Receita do Brasil deveria ser
de R$ 942 milhões, ou 2,8 vezes maior que a auferida pelo Flamengo em 2015. Isto é bastante difícil, e esta dificuldade ajuda a
explicar o porquê da distância entre o Futebol Europeu e o Brasileiro. Por mais esforços aplicados para aumento das Receitas do
clubes Brasileiros, um crescimento dessa magnitude leva tanto tempo para ocorrer que o torna improvável, ao menos a curto e
médio prazos.
Vamos avaliar o perfil das Receitas dos 25 Clubes que compõem a tabela da página anterior e verificar se há alguma ação concreta de mudança de perfil de
geração de Receitas que possibilite aos clubes Brasileiros se aproximar mais rapidamente dos Europeus.
Primeiramente, não há padrão na origem das receitas. Há, em alguns casos, comportamentos próximos, como da Itália, onde dos 4 clubes da amostra apenas
o Milan possui mais Receitas Comerciais que de TV. Ou seja, padrão na Itália parece ser depender fortemente da TV. Quando comparamos com o Brasil isso
nem é a verdade absoluta, pois para fins de comparação incluímos a Venda de Direitos Econômicos de Atletas em Comerciais. Desta forma, os Brasileiros
passam a ter predominância desse tipo de Receita.
Na Alemanha as Receitas Comerciais são as mais relevantes, uma vez que a TV tem divisão de cotas de maneira a evitar discrepâncias significativas. Vale o
mesmo para a Inglaterra, porém clubes de menor expressão acabam dependendo mais da TV em função do valor que esta destina ao esporte.
Já na Espanha há maior equilíbrio, e Real Madrid e Barcelona, a despeito das enormes cotas de TV local, conseguem rentabilizar sua marca e gerar volume
expressivo de Receita Comercial. Tanto que o Atlético de Madrid depende mais da TV que os rivais. E no caso do Paris St Germain, as Receitas Comerciais se
destacam porque são aportes do acionista do clube.
Então, pensando em origem de Receitas parece não haver mudança relevante a ser feita, e a distância existe porque os volumes são realmente menores em
função da condição do País e há o aspecto Câmbio que distorce os dados em favor dos Europeus.
Comparação
A Indignação do Torcedor
A ideia de fazer esta comparação veio de conversas informais com torcedores do Flamengo, inconformados com o
fato do Leicester City, clube pequeno e de pouca expressão no Futebol Inglês, ter receita maior que a do Flamengo,
clube de maior torcida no Brasil.
Naturalmente que o título da Premier League da temporada 2015/16 foi o mote para a conversa. Mas a Receita do
clube Inglês já foi maior que a do Flamengo, em Reais, na temporada anterior, quando o clube retornou à Premier
League. E é com base nesses dados que faremos a comparação a seguir, sem ignorar que o título da última
temporada ainda fará aumentar mais as Receitas do Clube, em função de aumento na cota dos Direitos de TV.
Para fins de exercício convertemos os O Leicester City disputou a temporada 13/14 na Série
B da Inglaterra, subindo à Premier League na
dados do Leicester City de Libras para temporada seguinte. Isto possibilitou um grande salto
Reais, mas fizemos simulações nas Receitas em Libras: foram 235% de aumento.
utilizando as duas moedas, de forma a
Quando convertido para Reais o crescimento foi ainda
mostrar o efeito da variação cambial mais impressionante, chegando a 331%. Sem o efeito
entre as temporadas. cambial a Receita da temporada 14/15 teria alcançado
R$ 392 milhões, ainda assim maior que a auferida pelo
Flamengo em 2015.
O saldo dos Custos e da Folha Curiosamente, o Público Médio Enquanto a relação das Receitas
de Pagamento do Leicester City por partida de ambos os clubes com o PIB é muito próxima na
cresceram bastante entre as se comportou da mesma forma e temporada 14/15, quando
temporadas, acompanhando o com números bastante próximos. comparadas ao PIB Per Capita
aumento das Receitas, e natural mostram a distância entre os
para um clube que passa a atuar Ainda assim o Tícket Médio e mercados. São necessários
na Série A. Acontece também no consequentemente as receitas 3.747 Ingleses para gerar a
Brasil, como vimos de Bilheteria são maiores no Receita do Leicester City,
anteriormente. Flamengo, a despeito da Renda enquanto o Flamengo precisa de
Média do trabalhador Brasileiro 11.448 Brasileiros para compor a
Enquanto isso o Flamengo ser cerca de 25% da Renda sua. Se utilizarmos a Renda
manteve estáveis esses Média do trabalhador Britânico. Média esta distância se mantém
números, até porque possui elevada, ainda que um pouco
Dívidas para pagar e passa por menor (de 3,1x para 2,8x).
um momento de ajustes.
A comparação entre duas realidades muito diferentes do ponto-de-vista macroeconômico deixa clara a distância entre a
Indústria do Futebol Brasileira e Europeia, explicando o motivo de um clube recém promovido na Inglaterra ter Receitas
maiores que as do clube de maior torcida e receita do Brasil.
Primeiramente, o crescimento de Receitas do Leicester City no período está certamente associado ao aumento da cota
de TV pela mudança de Série, uma vez que se parece com os clubes menores Ingleses, onde a Receita de TV é
preponderante. Tanto é que a Receita de Bilheteria – o chamado “Matchday” - do Flamengo é maior que a do Leicester
City, mesmo com público médio próximo e renda média do Brasileiro bastante inferior.
Comparar Receitas e dados em Reais gera distorção por conta do efeito cambial. Vimos que o crescimento em Libras
foi elevado mas quando convertido em reais foi maior ainda. Logo, comparar moedas diferentes em realidades
diferentes gera distorções que não ajudam a explicar as diferenças estruturais. Mas quando balizadas pelo PIB, pelo
PIB Per Capita e pela Renda Média começam a fazer sentido e podemos encontrar os motivos que explicam a
distância. E podemos considerar que o problema está na Indústria e não nos Clubes. O Futebol Brasileiro se apropria de
muito menos Receita que o Futebol Inglês e os demais Europeus, simplesmente porque o País oferece menor
Receita/Renda Média por Cidadão.
O poder de compra do Brasileiro em relação ao torcedor Inglês faz toda a diferença na dimensão de uma série de
Receitas, especialmente na que vem da TV. A comparação no valor dos contratos na Inglaterra e no Brasil são a maior
diferença entre as Indústrias e que muda a relação entre Leicester City e Flamengo. Os direitos de TV estão associados
ao retorno que as TVs tem e isto está relacionado à renda da população, de forma que o mercado Inglês atinge renda
maior que o Brasileiro.
Não há segredo. Para a próxima temporada da Premier League o contrato anual de transmissão de jogos equivalerá a
R$ 9,3 bilhões, divididos de forma que mesmo os clubes menores tenham acesso a um volume astronômico de
recursos. No Brasil, em 2015, os 26 clubes da nossa análise receberam R$ 1,5 bilhão. A relação é de 5,5 vezes maior
para os Ingleses. Não há como competir.
Do ponto-de-vista financeiro o Futebol Brasileiro de Clubes parece ter entendido que há uma
realidade urgente a ser atendida, que é a da melhor organização financeira. Há que se ter mais
equilíbrio na gestão do clube, equilibrar Receitas e Despesas, controlar o ímpeto na hora de fazer
investimentos e pensar no longo prazo, na sustentabilidade dos clubes, das marcas. Porque o
Dirigente vai mas o Clube e sua Torcida ficam.
Acreditamos que o resultado de 2015 é um primeiro sinal de que os Clubes, de maneira geral,
passaram a ser geridos sob esta ótica. Naturalmente não são todos, naturalmente há muito a
caminhar, mas só de ver que a sangria foi de certa forma estancada, já é um sinal bastante positivo.
Positivo enquanto esperança, mas ainda frágil. Não basta uma pequena melhora para que se
comemore. Não é celebração, é alívio. E cada novo Dezembro precisa trazer novas boas notícias, até
que deixem de ser novas e se tornem apenas notícias, recorrência.
Agora é preciso manter passo. Esperamos que em 2017 possamos retornar contando boas estórias.
Mantemos o otimismo. Trata-se de uma indústria importante e que deve ser tratada como tal: com
profissionalismo, atenção e cuidado para se tornar cada dia maior.
Treinador
Cesar Grafietti
Comissão Técnica
Pasquale Di Caterina
Leandro Antunes
Balanços e dados econômico-financeiros dos Clubes Brasileiros foram obtidos através da imprensa e dos sites oficiais dos clubes e
Federações locais de Futebol.
Dados Econômicos dos Países foram obtidos junto ao site do Banco Mundial e FMI.
Dados dos Clubes Europeus foram obtidos junto aos estudos Football Money League, produzido pela Deloitte.
Dados econômico-financeiros dos clubes da Argentina, Colômbia, Chile e México foram obtidos através da imprensa, dos sites
oficiais dos clubes e da SVS Chilena.
Dados da UEFA Champion’s League foram obtidos através de report preparado pela UEFA e disponibilizado em seu site. Dados da
Libertadores da America foram obtidos através da imprensa.
Informações sobre Contratos de Televisionamento foram obtidas junto à imprensa, através de diversas matérias e fontes.