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Nos últimos descobriu-se que toda teologia é contextual, inclusive a teologia ortodoxa.
Muitas teologias "locais" tem surgido com esse "pós-iluminismo". Isso é normal na História do
cristianismo, onde sempre houve diversidade de doutrinas sem a perda do "núcleo duro" do
Evangelho. A pós-modernidade é um desafio, mas a igreja já venceu contextos e situações
semelhantes
A existência da Bíblia, pois ela vem de um Deus que se recusa a deixar sua Criação
caída, mas vai atrás dela, Se revela a ela para reconciliá-la com ela
"Interpretação missional" dos textos bíblicos NÃO SE RESUME a elaborar implicações
missiológicas. Mas na verdade significa LER O TEXTO como o resultado de uma missão em
ação. Tem a ver mais com a EXEGESE do texto bíblico do que em aplicações práticas atuais.
A pergunta é: "qual aspecto da missão está sendo abordado aqui?". Sempre há uma ameaça
ao povo de Deus, um erro do povo de Deus, uma questão a ser revelada e etc. No AT, por
exemplo, é Deus Se revelando à Israel, e a nação respondendo (ou não, quando estava em
desobediência) a essa revelação; não está absorvendo o caráter desse Deus e logo, deixando
de ser luz e missionário para as demais nações. Resumindo: os textos bíblicos
individualmente frequentemente revelam os conflitos de ser um povo em missão inserido em
um mundo cujas reivindicações culturais e religiosas rivalizam.
Logo, a Bíblia como um todo conta a história da missão de Deus por meio do povo de
Deus em seu envolvimento com o mundo de Deus em prol de toda a Criação de Deus –
EXCELENTE DEFINIÇÃO
A nossa dificuldade de entender a missão como base e essência da Bìblia se inicia pelo
fato de que vemos missão como algo que NÓS FAZEMOS (evangelismo, ação social e etc);
porém, na Bíblia, está claro que a missão não trata só de evangelizar ou etc, mas de uma
disposição do próprio Deus que vem em direção àqueles que estão caídos para redimí-los.
Temos que mudar nossos paradigmas de missão:
1. De iniciada em nós e feita por nós PARA iniciada em Deus e feita
primariamente por Ele (da agência humana para o propósito supremo do próprio Deus)
2. Da missão como "missões realizadas por nós" para "a missão como a grande
realização de Deus de eternidade em eternidade"
3. De uma concepção de mundo eclesiocêntrico para uma cosmovisão
radicalmente teocêntrico, porque a salvação (e a missão) pertencem ao nosso Deus (Ap 7)
Logo, não é que Deus tem uma missão para Sua Igreja no mundo, mas que Deus uma
Igreja para Sua miissão no mundo. A missão não foi criada para a Igreja, mas a Igreja foi
criada para a missão, que é a missão de Deus (da mesma forma como Israel foi criado para
ser o instrumento de revelação de Deus ao mundo) – PARÁGRAFO ÓTIMO
"Missio Dei" não é, primariamente, Deus agindo na História, mas a ideia de que o Pai
envia o Filho e de que ambos enviam o Espírito Santo como parte da missão redentora de
Deus. Então o termo "missio Dei" está mais restrito à ideia da Trindade "se enviando" para
cumprir os propósitos do Senhor no mundo
Quando dizemos que há uma grande narrativa na Bíblia abordando a missão de Deus,
isso não significa que TODOS os textos falam dessa missão, mas que há sim um grande
fluxo/enredo por toda a Bíblia. É como um rio, mas não um rio reto: há variações, braços e
etc. Não é uma narrativa monotemática, mas complexa, que envolve diversas outras
narrativas menores e não tão claras.
Então as histórias/narrativas têm sim uma integridade própria que não deve ser
perdida ou suprimida em prol da Grande História da Missão. Contudo, essa Grande História
deve dar significado mais amplo e final a todas essas narrativas, respeitando cada uma delas.
Assim não colocamos uma uniformidade rígida (camisa de força) nas Escrituras, mas uma
abordagem mais ampla, plural e aberta
O autor sabe que toda proposta de hermenêutica vai acabar distorcendo o texto de
alguma forma, porque se quisermos ser absolutamente fiéis ao texto, teremos que repeti-lo,
apenas. A hermenêutica é justamente uma tentativa de achar um meio de revelar a principal
mensagem/ideia do texto. Isso significa que teremos de omitir algumas coisas e ressaltar
outras. O autor diz: "uma hermenêutica é como um mapa, que não pode representar todos
detalhes de uma paisagem. Mas como um mapa, uma estrutura hermenêutica/interpretaiva
pode fornecer uma forma de enxergar a região toda, se orientar através dela e observar o
que é mais importante. É uma tarefa de encontrar a própria realidade exatamente como o
mapa nos revela o que de fato encontraremos se formos até os lugares que ele nos aponta.
Quanto mais leio a Bíblia pelo prisma fundamental da missão de Deus, mais parece que não
só os aspectos principais do cenário se destacam claramente como também outros caminhos
menos trilhados acabam apresentando férteis e surpreendentes panoramas
Algumas pessoas dizem que a frase "Jesus é Deus" não aparece no NT. Mas isso é
bom, porque "Deus" é um título pouco específico. Porém, há inúmeras ligações entre Jesus e
YHWH, o Deus único e verdadeiro. JEsus não é deus; Jesus é O Deus. Jesus revela isso em
identidade, caráter e ações que o identificam com YHWH
A Igreja reconhecia que Jesus era YHWH mesmo antes do ministério de Paulo. A
expressão kyrios ("Senhor", a mesma usada para se referir a YHWH na versão grega do AT)
era usada para falar do Pai e do Filho. Esse reconhecimento aconteceu bem cedo, como fica
claro em Fp 2.6-11, um cântico da Igreja feito logo após a ressurreição de Cristo, que aponta
a supremacia de Jesus sobre o Universo e que é uma referência a Isaías 45.21-24. A Igreja
pegou o texto do profeta e trocou "YHWH" por "Jesus", aplicando a Jesus ideias, versos e
adoração dada APENAS ao Criador no AT
Se a Terra inteira então pertence a Jesus, isso significa que não há lugar mais remoto
nessa terra ao qual podemos ir em missão que já não pertenceça a ele. Nenhum centímetro
quadrado do planeta pertence a outro deus, mesmo que as aparências não demonstrem isso.
Essa teologia da posse divina de toda a terra centrada em Cristo é um dos pilares principais
da prática missional, para nossa confiança na missão
Quatro formas pelas quais Jesus se identifica com YHWH: (1) Criador, (2)
Regente, (3) Juiz e (4) Salvador
- p. 112 em diante (até que página?), pegar textos sobre esses 4 tópicos pra
montar apostila do NT
Quando falamos dessas 4 funções de Cristo, percebemos que a função de Deus
não é somente salvar. Isso tem que ficar MUITO CLARO (ABSURDAMENTE CLARO!). A missão
de Deus é Se fazer conhecido através da Sua criação, regência, juízo e etc. Isso não significa
que a salvação não tenha certa "proeminência" sobre essas sub-missões, mas é fundamental
compreender que esses aspectos a mais
No NT, a palavra "salvador" é usada 8x para se referir a Deus e 16x falando de
JEsus. Não é aplicada a mais ninguém, mesmo que seja uma palavra muito comum no grego.
Ninguém mais é digno desse vocabulário, pois a salvação pertence ao nosso Deus e ao
Cordeiro (Jn e Ap)
Os primeiros seguidores judeus de Jesus, nascidos e criados sob uma visão
estritamente monoteística e javista, sabiam que não havia salvação foram de YHWH, mas
agora estavam tão convencidos da identidade divina de Jesus que passam a usar os mesmos
atributos e funções de Deus a esse homem (At 4.12, 2.38, 5.31, 13.38, 15.11, Hb 2.10, Hb
5.9, 7.25). Tito 2.13 diz: "nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus". Ou seja: no NT há
uma junção completa de YHWH e Cristo. Já não há mais uma distinção claríssima entre um e
outro
Resumindo: o NT, portanto, construído sobre o fundamento maciço da fé que
Israel tinha de YHWH, seu Deus-Salvador, cita o clímax da obra salvadora de Deus na Pessoa
de Jesus. E como a missão de YHWH era predominantemente "salvador", essa identificação
do Pai com o FIlho coloca Jesus no centro do plano divino missionário-redentor
Porém, saber que JEsus é YHWH, perceber intelectualmente essa expansão e
redefinição cristocêntrica da fé monoteística de Israel não é suficiente, porque Deus quer ser
conhecido por meio de Jesus, e não apenas compreendido intelectualmente. Deus quer
aliança
O Deus de ISrael cuja missão declarada era se tornar conhecido às nações por
meio de Israel agora quer se tornar conhecido às nações por meio do MEssias, Aquele que
encarna Israel na própria pessoa e cumpre a missão de Israel no mundo. Jesus cumpre a
ética, o caráter, a vida e a missão de Israel. POr isso ele é a "videira verdadeira": no AT,
"videira" era símbolo para ISrael, no NT, para Jesus. Isso significa que Jesus não é um mero
agente pelo qual o conhecimento de Deus é transmitido, pois qualquer um poderia ser um
mensageiro. Jesus é, ele mesmo, a própria mensagem. ONde ele é proclamado, resplandece
a glória de Deus. Deus não envia um mensageiro, mas envia-se a Si mesmo às nações (2 Co
4.4-6 e 1 Tm 2.3-7). Nesse texto de 1 Tm Paulo fala que só há um mediador, e ao mostrar
isso, está revelando que Deus não quer ser apenas conhecido como YHWH, mas quer ser
visto por intermédio de Jesus Cristo. Ele quer ser conhecido de forma salvífica através de
Cristo. Apenas conhecer a YHWH (como os judeus não-messiânicos) já não é mais suficiente,
pois Ele se revela por Jesus, que se tornou o ÚNICO mediador entre nós e o Pai. É
NECESSÁRIO PASSAR POR JESUS PARA IR ATÉ DEUS. Fazer o Pai conhecido também é um
anseio de Jesus (Jo 17.20-26). Ou seja: tudo converge para Deus se fazendo conhecido por
Jesus
Quando ocorre essa "virada" do NT (de monoteísmo javista para monoteísmo
cristão), os aspectos essenciais da fé de Israel não são comprometidos, mas ao contrário, são
afirmados e ampliados. Quando JEsus se torna o centro da fé cristã, não há uma negação do
judaísmo, mas consumação
Sobre o monoteísmo bíblico e o louvor: os atributos de Deus fazem com que Israel O
louve com tom de universalidade. Como YHWH é o único Deus, todas as nações devem vir
para adorar o Deus Vivo de Israel. Há um aspecto missional nisso, pois pelo testemunho do
louvor levamos as nações a conhecerem a Deus (semelhante ao material da CEM)
P. 135-136: citações sobre o assunto de cima
"Missões não é o objetivo supremo da Igreja. O objetivo supremo da Igreja é a
adoração. As missões existem porque a adoração não existe" (John Piper, querendo dizer que
se fôssemos mais adoradores, não precisaríamos criar um departamento de missões)
P. 137: por outro lado, a missão só existe porque existe adoração. A adoração é
o que energiza a Igreja para a missão, e também serve como lembrete constante de que
nossa missão flui da nossa comunhão obediente com Deus, de onde vem a missão. Por isso,
na medida em que a missão é nossa resposta como criaturas à revelação de Deus, o louvor
deve ser a forma básica dessa missão
P. 138 = trecho que vale a pena transcrever como conclusão do capítulo
CAPÍTULO 9– JUBILEU: O MODELO DIVINO DE RESTAURAÇÃO
O Êxodo foi um evento histórico único onde Deus libertou Israel e deu o formato e
conteúdo do que é "redenção"
Porém, o que Deus queria era que os princípios essenciais do Êxodo se
concretizassem continuadamente. Deveria haver o compromisso contínuo com a justiça
social, a libertação da opressão, adoração e etc. Para esse propósito foram concedidas as
estruturas, instituições e a legislação que encontramos na Lei de Israel. Ou seja: o Jubileu é a
restauração contínua ao modelo da redenção. É a "renovação" da Aliança. Assim, se o Êxodo
é o paradigma da redenção, o Jubileu é o paradigma da restauração
p. 301-312 = exposição genial do Jubileu (talvez inverter a ordem da exposição,
colocando primeiro os aspectos espirituais/teológicas do Jubileu e depois os mecanismos
sociais e seus desdobramentos econômicos e políticos)
O Jubileu sempre teve, além do aspecto histórico, um significado escatológico (caps.
finais de Isaías, como o 61)
p. 313 = Jesus vindo anunciar o ano favorável (talvez o Jubileu) do Senhor.
Jesus é o cumprimento total do Jubileu, pois ele vem e liberta todos de todos os tipos de
cativeiro. A missão de Jesus é holística/integral pois há vários apectos:
(1) a missão de Jesus é tanto proclamada quanto desempenhada
(2) a missão de Jesus é tanto espiritual quanto física
(3) a missão de Jesus é tanto para judeus quanto para gentios
(4) a missão de Jesus é tanto presente quanto escatológica
Ex: Jesus orando "perdoa nossas dívidas". A dívida aqui é tanto espiritual
quanto material. Há ecos dessa integralidade por todos os Evangelhos (Sermão do Monte,
resposta a João Batista, parabola do banquete e outros episódios)
Atos 1.6, 3.21, 2 Pe 3.10-13: ecos da Igreja Primitiva repetindo a ideia de Jubileu e da
restauração de todas as coisas, tanto futura quanto presente (At 4.34, ecoando Dt 15.4)
p. 487: "o Êxodo como fato histórico não faz de YHWH uma propriedade de Israel. O
Êxodo não traz benefícios automáticos aos judeus. O ato histórico pode, pela vontade divina,
tornar-se um meio de benção, mas o fato histórico em si jamais transmite essa benção pelo
mero fato de existir. NEsse sentido, o Israel do Êxodo está no mesmo patamar dos demais
povos, a não ser que haja fé no Senhor, consagração e missão. Não há parcialidade no
Senhor"
Isso não significa, contudo, que as demais nações tinham Aliança. Somente
Israel tinha, é claro, pois o pacto exige 2 lados: reciprocidade (que a nação pertença a YHWH
e Ele pertença a elas). As outras nações pertenciam a YHWH, mas YHWH não pertencia elas.
Ele não é o Deus que elas reconhecem e adoram, de maneira que não há reciprocidade
TUdo isso nos faz ver que não há sentido em tentar domesticar e reduzir e confinar
YHWH às fronteiras de Israel, pois o AT faz inúmeras afirmações universais sobre Deus
p. 488-489 = trecho que mostra