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MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO
Curitiba
2010
UILIAN LUCAS DE SOUZA
Curitiba
2010
UILIAN LUCAS DE SOUZA
Orientadora:
______________________________________
Profª. Maila Teixeira de Faria, Esp.
Professora do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do
Trabalho, UTFPR.
Banca:
______________________________________
Prof. Rodrigo Eduardo Catai, Dr.
Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR.
______________________________________
Prof. Carlos Augusto Sperandio, Msc.
Professor do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do
Trabalho, UTFPR.
______________________________________
Prof. Adalberto Matoski, Dr.
Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR.
Figura 29: Guincho para içamento de trilhos, montado em vagão plataforma ....................... 35
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 17
3.2.3 Marreta............................................................................................................... 24
5. CONCLUSÕES ............................................................................................................ 43
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 45
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1. INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo
Esta pesquisa constitui-se em um estudo do tipo qualitativo e exploratório, onde no
levantamento buscou-se inicialmente caracterizar as principais etapas dos serviços de
manutenção ferroviária atribuídas aos conservadores da via permanente.
1.2 Justificativa
Com o objetivo de atenuar ou até mesmo anular os riscos existentes aos trabalhadores
da via permanente, elaborou-se uma Análise Preliminar de Riscos (APR) para as suas
principais atividades. Essa análise vai determinar e ponderar os agentes de riscos existentes,
dentre eles, físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. A partir dos resultados,
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evidencia-se a necessidade de se tomar atitudes para reduzir ou eliminar tais riscos, seja de
mudança de processo, de maquinário, de ferramentas ou de adoção de EPCs e EPIs
adequados.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Para Cardella (1999 p.107) “O fato de que o dano é produzido pelo agente agressivo,
mas isso só ocorre se existir um alvo e se esse alvo for exposto”. E ainda complementa “O
dano não ocorre na ausência do agente, do alvo ou da exposição” Portanto a combinação do
agente agressor com o alvo sua exposição é que gera o acidente. Se conseguirmos isolar o
agente agressor do alvo ou diminuir sua exposição, estaremos reduzindo a probabilidade de
que um acidente venha a acontecer.
Dul e Weerdmeester (2001 p. 85) recomendam três tipos de medidas que podem ser
aplicadas para reconhecer, reduzir ou eliminar os efeitos nocivos dos fatores ambientais: 1) na
fonte – eliminar ou reduzir a emissão de poluentes; 2) na programação entre a fonte e o
receptor – isolar a fonte e/ou a pessoa; 3) no nível individual – reduzir o tempo de exposição
ou usar equipamento de proteção individual.
Este estudo visa somente tratar das duas primeiras etapas do processo: identificar os
perigos e avaliar os riscos associados nos principais processos da manutenção da via
permanente.
A partir da identificação dos elementos perigosos, a APR visa identificar, para cada
elemento, uma ou várias situações de perigo. O grupo de trabalho deve então, determinar as
situações de perigo, as causas e as conseqüências de cada situação. E depois identificar os
mecanismos de segurança existentes. Se esses mecanismos forem julgados insuficientes
perante o nível de risco identificado, devem-se propor melhorias de forma a minimizar o risco
para um nível tolerável (CARDELLA, 1999).
A utilização de uma tabela sistêmica constitui um apoio prático para levar a reflexão e
resumir os resultados da análise. Mas a APR não se limita a preencher uma tabela. Essa tabela
deve ser adaptada em função dos objetivos fixados pelo grupo de trabalho previamente à
análise (PREVINFO, 2009).
Com base nessa metodologia, foi preenchido o quadro da APR para cada cenário dos
principais serviços de manutenção da via permanente.
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3. METODOLOGIA
3.1.1 Lastro
O lastro é o elemento da superestrutura situado entre os dormentes e a plataforma
(subleito) geralmente composto de pedra brita nº 3 com diâmetros entre 25 mm a 64 mm. Sua
altura é de 20 a 25 cm a partir da face inferior do dormente. Tem como função distribuir
esforços do dormente, drenar a via, resistir esforços transversais e permitir reconstituição de
nivelamento dos trilhos.
3.1.2 Dormente
O dormente é o elemento da superestrutura ferroviária e tem como função distribuir a
carga no lastro, dar suporte e fixação ao trilho mantendo a bitola (distância entre os trilhos) e
amortecer vibrações. Podem ser de aço, madeira ou concreto. Os dormentes de concreto são
carregados e descarregados por “muques” e, portanto, não serão analisados neste trabalho. Os
dormentes de aço são pouco encontrados na malha ferroviária brasileira e também não serão
analisados. Os dormentes para emprego em pontes e em aparelhos de mudança de via (AMV)
são de dimensões especiais, por isso são chamados de dormentes especiais.
Figura 2: Dormentes
Fonte: Porto, 2004.
3.1.3 Trilho
O trilho, segundo Brina (1979, p. 44), é o elemento da superestrutura que constitui a
superfície de rolamento para as rodas dos veículos ferroviários. Os trilhos guiam o veículo no
trajeto e dão sustentação ao mesmo. São como vigas e transferem esforços das rodas para os
dormentes.
O trilho utilizado hoje é do tipo VIGNOLE, idealizado pelo engenheiro inglês Charles
Blacker Vignole. Este trilho é composto de três partes: boleto, alma e patim.
Os trilhos são designados pela massa que apresentam por metro linear. Nas ferrovias
do Paraná são empregados trilhos TR-37, 45, 57 e 60. Os trilhos TR-60, com sessenta
quilogramas por metro linear, estão substituindo gradativamente os outros modelos.
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As barras de trilho que possuem até 50 metros e são denominados trilhos curtos. Os
trilhos longos soldados (TLS) são feitos a partir de barras de 50 metros soldados e chegam até
350 metros.
Figura 4: Trilhos
Fonte: Cadernos Técnicos ALL, 2002.
São elementos que fazem a emenda mecânica dos trilhos. Duas talas são fixadas
lateralmente nas extremidades dos trilhos e apertadas com quatro ou seis parafusos.
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Placas de Apoio
Grampo Elástico
3.2.1 Forcado
O forcado é uma ferramenta agrícola e serve para remoção e colocação de pedra brita
(lastro). É fabricado em aço e possui oito dentes e cabo de madeira maciça e terminação em Y
plástica ou metálica.
Figura 9: Forcado
Fonte: Tramontina, 2010.
3.2.3 Marreta
Com cabeça forjada e temperada em aço carbono especial e oitavada. Utilizada para
bater o tirefond contra os furos do dormente (acoplada a cabos curtos) e para bater contra o
sacador de grampos (acoplada a cabos longos). Pesa de 5 a 8 kg.
3.2.6 Alavancas
As alavancas são feitas em aço, a alavanca serve para mover, alavancar, manter a
posição do trilho quando este, por ser elástico, tende a reagir com forças laterais. Tem
aproximadamente 130 cm de comprimento, pesando em torno de 20 kg.
Outras ferramentas, tais como foice, enxada e machado, são utilizadas para serviços na
infraestrutura ferroviária e não serão analisadas.
3.3.1 Tirefonadeira
A tirefonadeira é um equipamento utilizado para aparafusar e desparafusar tirefonds.
Possuí um peso elevado (de 100 a 150 kg), devendo ser transportada até o local do serviço por
pelo menos três trabalhadores. É fixada a um carrinho que guia o equipamento em cima da
ferrovia. Possuí motor a diesel ou à gasolina, uma alavanca móvel para acompanhar a
inserção ou retirado do tirefond. Os esforços do motor são transmitidos para um mandril que
se encaixa na cabeça do tirefond. Possui uma chave que alterna o sentido da rotação que
aparafusa ou afrouxa o tirefond no dormente. Gera ruídos em torno de 92 dB(A), sendo
altamente recomendável o uso de protetores auriculares.
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3.3.4 Policorte
O policorte é um equipamento utilizado para cortar a barra de trilho. Similar a uma
motosserra, o policorte possuí um motor à gasolina que transmite seus esforços a um disco de
corte abrasivo de 14” que ataca o trilho perpendicularmente, cortando-o em minutos. Pesa
cerca de 15 kg e gera ruídos em torno de 104 dB(A), sendo altamente recomendável o uso de
protetores auriculares.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.2 Serviços
As ordens de serviço atribuídas aos conservadores da via permanente chegam a
ultrapassar o número de duzentos. Este trabalho pretende sintetizar e analisar os serviços mais
importantes dividindo-os em etapas ou cenários.
Ferramentas necessárias: Tenaz de trilho e alavanca. Quando não for possível mover o
dormente com as mãos, utiliza-se a alavanca para a pega. O tenaz de dormente é utilizado
para arrastá-lo a curtas distâncias.
A descarga é executada de outra maneira: um cabo de aço é fixado num dos furos
laterais encontrados na extremidade de cada trilho. A outra ponta do cabo é fixada a um
dormente da própria ferrovia. A locomotiva segue andando com velocidade inferior a 10 km/h
com instruções do supervisor da via. O trilho vai arrastando dentro do vagão e se soltando no
chão, no meio ou nas laterais da ferrovia. Os trabalhadores da via deverão apenas
certificarem-se de ter prendido bem o cabo de aço e posicionar os trilhos de acordo com as
instruções dadas pelo supervisor.
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A atenção especial que deve ser dada a estes serviços é quanto à utilização das
máquinas de manutenção ferroviária. A tirefonadeira, por exemplo, gera ruídos em torno de
92 dB(A), sendo altamente recomendável a utilização de protetores auriculares tipo plugue ou
abafador, dimensionado para não atingir a metade da dose de ruído numa jornada de trabalho.
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) das empresas se atem ao
monitoramento do ruído gerado por essas máquinas.
O serviço poderá ser feito tanto numa fila de trilho de cada vez, como nas duas,
concomitantemente, conforme o equipamento que a equipe dispuser.
A aplicação de TLS (trilho longo soldado) deverá ser feita dentro da faixa de
temperatura neutra além de se respeitar o procedimento ATT (Alívio Térmico de Tensão)
juntamente com a troca do trilho.
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Esses serviços misturam-se com alguns processos das etapas 1 a 4. Tais como remoção
de lastro, remoção de placas, refuração de dormentes, movimentação de trilhos e socaria do
lastro. O único conceito novo implementado aqui é a elevação do trilho para se fazer o
nivelamento da linha. Cuidados especiais devem ser tomados quanto ao uso do macaco de
linha.
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Outro risco de acidente que devemos levar em conta é o risco de atropelamento por
veículos ferroviários. O cumprimento do Regulamento de Operações (RO) é fundamental para
anular tal risco. Falhas de comunicação e/ou sinalização podem ser fatais.
4.2.8 Recomendações
Quanto à adoção de EPIs, este estudo sugere equipamentos semelhantes aos
apresentados na Tabela 12 como sendo de uso obrigatório para todos os conservadores da via
permanente.
EPIs como botina de segurança com bico de aço e sem amarril, luvas de raspa de
punho com no mínimo 7 cm e capacete industrial são de uso obrigatório. É de extrema
necessidade que todos os trabalhadores envolvidos nesse processo estejam treinados em
carga, descarga e manuseio de trilhos. Pois os riscos ergonômicos e de acidente envolvidos
são elevados.
Para o treinamento de integração sugere-se uma carga horária de uma hora, com
recursos visuais (fotografias) ou práticos (em campo), mostrando os cuidados que devem ser
tomados com as ferramentas, máquinas e materiais ferroviários, apresentar os riscos em que
estarão expostos, os EPIs e a maneira correta de utilizá-los, além dicas de boas práticas do
trabalho e sinalização, ordem e limpeza.
5. CONCLUSÕES
Durante o levantamento nas obras, foi observado que existem máquinas que geram um
elevado nível de pressão sonora. Esse fator deve ser muito bem monitorado pelo SESMT da
empresa.
A APR dos serviços de manutenção ferroviária executou prévio dos riscos, apontando
os principais riscos enfrentados pelos conservadores da via permanente, sendo necessário
realizar análises mais detalhadas e específicas como sequência de um estudo mais
aprofundado e detalhado.
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REFERÊNCIAS
ALL – América Latina Logística do Brasil S/A. Cadernos Técnicos ALL. Curitiba: 2002.
ALL – América Latina Logística do Brasil S/A. Carga e descarga de dormentes e trilhos.
Curitiba: 2007.
ALL – América Latina Logística do Brasil S/A. Circular de instruções especiais. Curitiba:
2008.
ALL – América Latina Logística do Brasil S/A. Regulamento de Operações. Curitiba: 2009.
ALL – América Latina Logística do Brasil S/A. Relação dos Serviços de Manutenção da Via
Permanente. Curitiba: 2009.