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Rachel Inêz Castro de Oliveira

Simone Nassau Zuba

2ª edição atualizada por


Rachel Inêz Castro de Oliveira

Fundamentos de
Geologia II

2ª EDIÇÃO

Montes Claros/MG - 2014


Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

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2014
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Autoras
Rachel Inêz Castro de Oliveira
Doutoranda em Geografia - Tratamento da Informação Espacial da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Mestre em Geografia com ênfase em Análise, Planejamento e
Gestão Ambiental pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Especialização em Gemologia
pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Graduada em Engenharia Geológica pela
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Professora do Departamento de Geociências da
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.

Simone Nassau Zuba


Graduada em Agronomia – Bacharelado – Núcleo de Ciências Agrárias da Universidade Federal
de Minas Gerais – UFMG. Pós-graduação em Agroecologia/ Mestrado em Ciências Agrárias
(UFMG). Especialização em Gestão Ambiental em Sistemas Agrícolas pela Universidade Federal
de Lavras (UFLA). Têm experiência com produção de material, além de ser instrutora em cursos
técnicos pela Fadenor/Unimontes. Atualmente trabalha com extensão rural.
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Processos histórico-geológicos e meio ambiente terrestre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.2 Vulcanismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.3 Plutonismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

1.4 Perturbações nas rochas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17

1.5 Terremotos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

1.6 Tectônica de placas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Solos: origem, formação, importância, e preservação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.2 Origem: da rocha ao solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.3 Formação do solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.4 Importância e preservação do solo e interação entre os processos terrestres . . . . . 41

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

Referências básicas, complementares e suplementares . . . . 49

Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Geografia - Fundamentos de Geologia II

Apresentação
Que bom! Vamos avançar com a disciplina Fundamentos de Geologia II.
Gratuitamente, nós fomos presenteados por esse belo planeta, que se chama Terra. Dele
dependemos completamente. Como abordamos na disciplina Fundamentos de Geologia I, todo
material utilizado pela nossa sociedade tem componente proveniente do subsolo, ou seja, de-
pendemos de materiais relacionados à mineração. É necessário, também, entendermos como
funcionam os processos geológicos, tanto endógenos quanto exógenos. Conhecer melhor a Ter-
ra é a única forma de nos prevenirmos contra os desastres naturais, como os grandes terremotos,
tsunamis, erupções vulcânicas, enchentes, inundações. Só assim vidas serão salvas e os danos
econômicos gerados por esses desastres diminuídos.
No século XX, ocorreu um grande aumento da população mundial, modificando a paisa-
gem de tal forma que acelerou, em muitos casos, o desenvolvimento dos fenômenos naturais.
Por isso, precisamos, também, aprender a desenvolver tecnologias para melhor compreender e
prevenir esses fenômenos. Estudar as Ciências da Terra (Geologia, Geografia, Agronomia, entre
outras) é uma das formas de entender esses fenômenos naturais, o que nos ajudará a construir
uma sociedade mais segura e mais sadia.
Diante do exposto, a elaboração deste material teve a intenção de enriquecer os conheci-
mentos dos discentes do curso de Geografia, com a disciplina Fundamentos de Geologia II.
A disciplina foi organizada em duas unidades. O objetivo central da unidade I é construir
uma visão geral dos processos histórico-geológicos que ocorrem na Terra. A unidade II visa estu-
dar os solos sob o ponto de vista pedológico, não deixando de abordar, também, seus atributos,
sua importância e conservação e interação entre os processos terrestres.
O texto está estruturado a partir do desenvolvimento das unidades e subunidades. Em cada
unidade aparecem alguns ícones interativos, como, por exemplo, Para saber mais, dicas de estu-
do, glossário, etc.
Então, mãos à obra!

Rachel Inêz Castro de Oliveira

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Geografia - Fundamentos de Geologia II

Unidade 1
Processos histórico-geológicos e
meio ambiente terrestre
Rachel Inêz Castro de Oliveira

1.1 Introdução
Como foi estudado na disciplina anterior, Fundamentos de Geologia I, a Terra está em cons-
tante transformação, ou seja, existem vários fatores que provocam modificações na Terra, tanto
na sua superfície quanto na sua estrutura ou na sua composição. Existem energias provenientes
do Sol e do fluxo de calor interno que promovem transformações na superfície terrestre.
A Terra é dinâmica. Esse dinamismo vem da conjugação de fenômenos endógenos e exóge-
nos, gerando um ciclo de processos que atuam continuamente nela.
Retornando um pouco ao ciclo das rochas, estudado na disciplina anterior, percebemos que
todas as rochas que chegam à superfície sofrem intemperismo. O material resultante desse pro-
cesso é transportado para um local de deposição que, posteriormente, poderá gerar uma rocha
sedimentar. Se ocorrer um aumento de pressão e de temperatura, sem se fundir, essas rochas
sofrerão metamorfismo, transformando-se em rochas metamórficas. Já no interior, aumentando
ainda mais a pressão e a temperatura, essas rochas podem fundir e gerar magma, iniciando o
magmatismo. No seu movimento, no interior da Terra, esse magma pode extravasar à superfície
(vulcanismo) ou resfriar-se no interior da Terra (plutonismo); consequentemente, produzirá uma
rocha ígnea. As rochas podem sofrer perturbações (dobras e falhas) devido a esforços que ocor-
rem no interior da crosta. Tais esforços podem gerar terremotos. Todos esses fenômenos estão
associados ao tectonismo.

1.2 Vulcanismo
Conforme Leinz e Amaral (2003), o termo vulcanismo refere-se a um conjunto de processos
e eventos que estão relacionados ao deslocamento de magma, ou melhor, ascensão de magma,
das partes profundas do interior da Terra à superfície terrestre.
Como foi tratado no módulo anterior, magma é uma fusão rochosa composta por parte só-
lida, líquida e gasosa, e tem origem nas profundezas da Terra. Esse magma no interior da Terra
possui certa mobilidade e ascende até a crosta, caso existam fraturas nas rochas. A esse magma
que emerge à superfície denominamos lava que, por sua vez, resfria-se para formar as rochas vul-
cânicas duras.
Para Guerra e Guerra (1997, p. 640), “vulcão é uma abertura, ou fenda na crosta terrestre,
através da qual saem materiais, como lavas, cinzas, gases etc.”
Leinz e Amaral (2003) e Guerra e Guerra (1997) assinalam que o tipo mais comum de edifício
vulcânico é o estrato-vulcão. Nesse tipo destacam-se três partes essenciais: câmara magmática,
que em profundidade libera o material vulcânico; este, por sua vez, passará por uma chaminé,
que é uma fenda por onde ascenderão os produtos da erupção. Na parte externa do vulcão há
uma abertura denominada cratera (Figura 1):

11
UAB/Unimontes - 2º Período

Figura 1: Modelo ►
teórico de um vulcão
Fonte: Teixeira et al, 2000,
p. 361.

Figura 2: Estrutura
circular da caldeira do
complexo vulcânico
de Poços de Caldas
(MG), mostrando ainda,
à esquerda, a borda
da Bacia do Paraná
(Imagem do satélite
Landsat, canal 7 – INPE,
1975. Adaptado de
C. Schobbenhaus e As crateras podem ser formadas de diferentes maneiras. Tem-se a cratera de acumulação,
outros. tipo formado pelo acúmulo de material expelido da chaminé. A cratera de explosão é formada a
Fonte: Teixeira et al, 2000, partir da liberação de gases aprisionados no material magmático, provocando uma pulverização
p. 363. das rochas pré-existentes. A cratera de abatimento ocorre quando há um colapso do edifício vul-
▼ cânico. O extravasamento desse material magmático deixa um vazio no interior da câmara mag-
mática. Consequentemente, por falta de apoio, forma-se
uma bacia com bordas íngremes a que alguns autores de-
nominam caldeira. Na cidade de Poços de Caldas, em Mi-
nas Gerais (Figura 2), há uma caldeira vulcânica que possui
cerca de 30 km de diâmetro.
Os materiais produzidos pelas atividades vulcânicas
podem ser divididos em três grupos: lavas, materiais piro-
clásticos e gases vulcânicos.
Lava é o material vulcânico em estado parcial ou total
de fusão, que alcança a superfície terrestre e é derramada.
Existem várias espécies de lavas. As fluidas possuem gran-
de mobilidade, têm uma constituição básica, ou seja, são
pobres em sílica, formam derrames de grande extensão.
As lavas viscosas são ricas em sílica, também denomina-
das lavas ácidas; formam derrames curtos e espessos.
Os materiais piroclásticos são produtos expelidos pe-
los vulcões. Correspondem a um material solto, incoeren-
te. Esse material se espalha de acordo com seu tamanho.
Podem-se citar, segundo o tamanho, os blocos (são ejec-

12
Geografia - Fundamentos de Geologia II

tólitos que têm mais de cinco cm de diâmetro, são expelidos em estado sólido); as bombas (são DICA
lavas consolidadas, no decorrer da sua trajetória no ar, têm forma de projétil, são alongadas e Gêiser no Parque Yello-
retorcidas); o lapili (são pequenos ejectólitos, aproximadamente do tamanho de uma ervilha); as wostone, nos EUA
cinzas referem-se ao material constituído de fragmentos finos, de tamanho inferior a 4 mm. O Parque Nacional
Quanto aos gases, geralmente as emanações recebem nomes diferentes, conforme a tem- de Yellowstone é
peratura em que se manifestam. Fumarolas são exalações de gases e vapores, têm cerca de um parque nacional
norte-americano loca-
800ºC a 200ºC, são constituídos de CO2, CO, NH4, CL, H2O, SO3, entre outros. A temperatura das lizado nos estados de
sulfataras varia de 200ºC a 100ºC, possuem vapor d’água e pequenas quantidades de CO2 e H2S, Wyoming, Montana e
precipitando em quantidades inferiores. Idaho. É o mais antigo
É importante salientar também os gêiseres que, segundo Teixeira et al, (2000,p.357) “são ja- parque nacional no
tos de água quente e vapor em rupturas de terrenos vulcânicos. Estes jatos ocorrem em interva- mundo. Foi inaugurado
a 1º de março de1872
los de tempo regulares e com grande força, frequentemente acompanhados por um som ruido- e cobre uma área de
so”. Para Leinz e Amaral (2003), é de se frisar as ocorrências de gêiser no Parque Yellowostone, nos 8980 km², estando a
EUA, na Nova Zelândia e na Islândia (Figura 3). maior parte dele no
condado de Park, no
noroeste do Wyoming.
O parque é famoso por,
entre outras atrações,
seus gêiseres, suas
fontes termais e por
sua variedade de vida
selvagem, na qual se
incluem ursos marrons,
lobos, bisontes, alces,
e outros animais. É o
centro do grande ecos-
sistema de Yellowstone,
que é um dos maio-
res ecossistemas de
clima temperado ainda
restante no planeta. O
gêiser mais famoso do
mundo, denominado
Old Faithful, encontra-
-se neste parque. A
cidade mais próxima do
parque Yellowstone é
Billings, Montana.
Fonte: Disponível em
<http://pt.wikipedia.
org/wiki/Parque_Nacio-
nal_de_Yellowstone>
acesso em 22 de fev.
2014.

◄ Figura 3: Mecanismo
de funcionamento de
gêiseres, fumarolas e
fontes térmicas.
Fonte: Teixeira et al, 2000,
p. 358.

GLOSSÁRIO
Ejectólito: fragmento
de rocha projetado na
atmosfera por ocasião
da atividade de um
De acordo com Press et al (2006), uma grande parte dos vulcões encontra-se agrupada vulcão.
na área apelidada de Círculo do Fogo, ao longo do litoral do Oceano Pacífico. A explicação do
Cinturão do Fogo em termos de subducção foi um dos grandes sucessos da tectônica de pla-
cas. Para esses autores, uma das feições mais interessantes da zona de subducção é a formação

13
UAB/Unimontes - 2º Período

de uma cadeia de vulcões paralela ao limite convergente. Aproximadamente 80% dos vulcões
encontram-se nas zonas de limites convergentes. O limite divergente abrange cerca de 15% e o
PARA SABER MAIS restante no interior das placas. Nessa unidade, no tópico referente à tectônica explicaremos os
Subducção: Locais limites das placas tectônicas.
onde a crosta oceânica Quanto ao vulcanismo intraplaca, ou seja, quando o vulcanismo ocorre no interior das pla-
mais densa mergulha
para o interior da Terra
cas, alguns autores consideram que ocorre devido aos pontos quentes (Hot Spot). São pontos
até atingir condições de profundos localizados abaixo do limite interior da crosta. Nesse local, a temperatura é elevada e
pressão e temperatura forma uma corrente de convecção com a subida de material fundido do manto.
suficiente para sofrer Press et al (2006) mencionam que o material vulcânico que vem dos pontos quentes vem
fusão e ser incorporada de locais profundos do manto (talvez do limite núcleo-manto), denominados plumas do manto.
novamente ao manto
Para entender melhor,
Eles ressaltam, também, que os geólogos podem utilizar dos alinhamentos das rochas vulcâni-
leia o capítulo 6 do livro cas, distribuídas mundialmente, para calcular a movimentação das placas em relação às partes
Decifrando a Terra e profundas do manto, pois as plumas são relativamente estacionárias e as placas se movimentam
poste sua conclusão no sobre elas (Figura 4). A passagem de uma placa sobre um ponto quente resulta numa série de
fórum de discussão. ilhas alinhadas, de idades diferentes. As ilhas vão ficando mais velhas à medida que se afastam
do vulcanismo atual. Um exemplo são as ilhas vulcânicas do Havaí.

Figura 4: Perfil ►
esquemático da pluma
mantélica e geração de
um vulcão intraplaca.
A geração das plumas
aparentemente
está condicionada
a correntes de
convecção profundas
e estacionárias que
ascendem a partir
da interface manto
inferior-núcleo
externo.
Fonte: Teixeira et al, 2000,
p. 372.

Ao relacionar o vulcanismo e o meio ambiente, Teixeira et al menciona que

há evidências de que as erupções vulcânicas afetam o comportamento do cli-


ma em curtos períodos de tempo e possivelmente influenciam as alterações
de longa duração, inclusive no aquecimento global. O maior impacto dos gases
vulcânicos se dá pela liberação de cinza e SO2. Esses gases transformam-se em
ácido sulfúrico pelos raios solares, que se integram com o vapor de água da es-
tratosfera para então formar camadas de aerossóis. Observações meteorológi-
cas comprovam que essas camadas entre altitudes de 15 e 30 Km interceptam
a luz solar, aquecendo a estratosfera e diminuindo a temperatura da superfície
terrestre e da própria atmosfera (TEIXEIRA et al, 2000, p. 373).

A erupção Laki, além de ter provocado o maior derrame vulcânico da história recente da Ter-
ra, deixou exalar uma enorme quantidade de gases, que encobriram por completo a ilha de Laki
e uma enorme parte da Europa Setentrional, durante muitos meses. Como resultante dessa erup-
ção, 230.000 reses morreram, provocando falta de alimento para 100.000 habitantes da Islândia.
Vários autores escrevem sobre as alterações climáticas e as grandes erupções vulcânicas como as
de Krakatoa, na Indonésia, em 1883; Nova Zelândia, em 1886; Bandai-san, no Japão, em 1888, en-
tre outras. O quadro 1 apresenta os principais eventos relacionados a erupções vulcânicas entre
1500 a.C e 2008, e o número de vítimas atingidas por essas atividades.

14
Geografia - Fundamentos de Geologia II

QUADRO 1
Principais erupções vulcânicas

PRINCIPAIS ERUPÇÕES VULCÂNICAS ENTRE 1500 AC - 2008


ANO LOCAL NÚMERO DE VÍTIMAS
1500 A.C Tora, Mar Egeo ?
79 A.C Vesúvio (Itália) Sepultou Pompéia e Herculano
1631 Vesúvio (Itália) 3 mil
1783 Laki (Islândia) 10,5 mil
1792 Unzen (Japão) 15 mil
1815 Tambora (Indonésia) 90 mil
1883 Krakatoa (Indonésia) 40 mil
1902 Mont Pelée (Martinica) 38 mil
1902 Santa Maria (Guatemala) 6 mil
1919 Kelut (Indonésia) 5 mil
1951 Lamiington (Nova Guiné) 3 mil
1962 Peru 3 mil
1980 Santa Helena (EUA) 59
1882 El Chichon (México) 3,5 mil
1985 Nevado del Ruiz (Colômbia) 22 mil
1991 Pinatubo (Filipinas) 400
1993 Tavurvur (Papua Nova Guiné) 5
1995/97 La Soufriere (Saint Vincent) Sem vítimas
2001/03 Etna (Itália) Sem vítimas
2008 Chaiten (Chile) Sem vítimas
Fonte: Macedo et al, 2008, p. 39.

O Brasil, atualmente, não possui nenhum vulcão ativo, mas ocorreram manifestações vul-
cânicas no passado. Digno de maior atenção é o vulcanismo ocorrido entre as Eras Mesozóica
e Cenozóica. Partindo do vulcanismo mais recente para o mais antigo, é interessante ressaltar
o vulcanismo responsável pela formação das Ilhas do Atlântico brasileiro, tais como Fernando
de Noronha, Trindade, rochedos de São Pedro e São Paulo e de Abrolhos, ocorridos na Era Ce-
nozóica.
Na Era Mesozóica observou-se a ocorrência de atividades vulcânicas relacionadas com ro-
chas alcalinas, que são do tipo fonolítico e tinguaitico e seus correspondentes intrusivos, que
são as rochas foiaiticas. Ocorrem principalmente nas seguintes localidades: Poços de Caldas, Ara-
xá (MG), Jacupiranga, São Sebastião e Ipanema (SP), Lages (SC) e Itatiaia, Mendanha, Tinguá e
Cabo Frio (RJ). Também na Era Mesozóica, o Brasil foi atingido por uma das mais espetaculares
atividades vulcânicas do mundo, cujas lavas atingiram aproximadamente 1 milhão de km2. Quase
todo o Sul do Brasil, na bacia do Paraná, sofreu os efeitos do derrame basáltico (LEINZ e AMARAL,
1981, p. 285-286), veja figura 5:

15
UAB/Unimontes - 2º Período

Figura 5: Áreas do ►
Brasil afetadas pelas
atividades vulcânicas
do passado geológico
Fonte: Leinz e Amaral,
2003, p. 284.

GLOSSÁRIO
Rochas alcalinas: São
rochas magmáticas
que apresentam um
coeficiente molecular
de alumina inferior à
soma dos coeficientes
moleculares constituí-
dos por potassa (K2O) e
soda (N2O).
Fonolítico: Rocha
compacta, cinzenta,
mais ou menos escura
a verde, brilho graxo,
devido à nefelina.
Tinguaitico: Rocha
de composição muito
próxima ao fonolito,
descoberta por Derby,
1.3 Plutonismo
tendo sido encontrada
na Serra do Tinguá. Segundo Leinz e Amaral, (1981, p. 293) “dá-se o nome de plutonismo aos fenômenos mag-
Foiaitica: Sienito nefe-
máticos que se processam nas regiões profundas da crosta terrestre”. Denominam-se plutons
línico onde o feldspato
é, sobretudo potássico. as massas ígneas que se formam na profundidade da crosta terrestre. Esses corpos magmáticos
Granodiorito: Rocha são variados quanto à forma, ao tamanho e em relação às rochas encaixantes. De forma geral, as
plutônica que consiste rochas plutônicas são ácidas (granitos e granodioritos).
de quartzo, andesina, Com relação às estruturas das rochas em que penetram essas intrusões, estudaremos dois
ortoclásio, biotita, hor-
grupos. As intrusões concordantes e as discordantes.
nblenda, com consti-
tuintes máficos. As intrusões concordantes são aquelas que se dispõem entre as camadas das rochas encai-
xantes, são paralelas às camadas, sejam elas horizontais ou não. Elas se dividem em sill, lacólito,
lapólito e facólito.
Sill é um corpo magmático sob a forma de um lençol. Lacólito são corpos magmáticos de
forma semelhante a um cogumelo, arqueando as camadas superiores. Lapólito são corpos ex-
tensos, com uma forma semelhante a um cálice e Facólito são corpos intrusivos semelhantes a
uma foice. (GUERRA; GUERRA, 1997; LEINZ e AMARAL, 2003).
As intrusões discordantes são os corpos magmáticos que cortam as camadas das rochas de
encaixe. São os diques, necks, apófises e batólitos.
“Dique é uma massa magmática de forma tabular, discordante, preenchendo uma fenda
aberta em outra rocha preexistente.” (LEINZ; AMARAL, 1981, p. 296). Neck é um corpo de for-
ma cilíndrica, vertical, que no passado preencheu um antigo conduto vulcânico. Apófise é um
corpo de forma irregular, introduzindo-se na rocha encaixante, com efeito da expansão de um
corpo maior. Batólito é um corpo magmático de grandes dimensões, de forma irregular. Veja a
figura 6:

16
Geografia - Fundamentos de Geologia II

◄ Figura 6: Diversas
formas relativas a
atividades magmáticas
intrusivas e algumas
efusivas.
Fonte: Teixeira et al, 2000,
p. 339.

GLOSSÁRIO
Xenólito: é o pedaço
de rocha encaixante,
isto é, da parede ou
do teto que se encon-
tra acidentalmente
incluída numa rocha
magmática.
Dentre essas intrusões citadas acima, é comum no Brasil encontrar, principalmente, diques
de diabásio nas bacias sedimentares paleozóicas do Brasil (Paraná, Amazonas e Maranhão).

1.4 Perturbações nas rochas


Tanto as rochas magmáticas quanto as metamórficas e sedimentares estão sujeitas a uma
série de perturbações, desde o instante em que são formadas.
Segundo Press et al, (2006, p. 271) “os dobramentos e falhamentos são as formas de defor-
Figura 7: Partes de uma
mações mais comuns em rochas sedimentares, metamórficas e ígneas que formam a crosta ter- dobra
restre.” As várias transformações que uma rocha pode sofrer depende de muitos fatores, como, Fonte: Press et al, 2006,
por exemplo, a pressão exercida pelas rochas sobrejacentes, a temperatura da porção da crosta p. 283.
em que ocorre a deformação, o tipo de rocha, dentre outros. ▼
“As dobras são ondulações ou convexida-
des e concavidades existentes em corpos ro-
chosos originalmente planos.” (Loczy e Ladei-
ra, 1981, p. 44).
As dobras são resultantes de deformações
nas rochas, ocorridas sob a ação de pressão di-
rigida em condições de provável alta tempera-
tura. Elas apresentam tamanhos que variam de
centímetros a quilômetros. Isso ocorre quando
a rocha é flexível, incompetente, isto é, se de-
forma, e acomoda-se aos esforços a ela apli-
cados. (Press et al, 2006; Teixeira et al, 2000;
Popp, 1981; Leinz e Amaral, 1981).
Os elementos mais importantes que com-
põem uma dobra são, de acordo com Leinz e
Amaral (1981, p. 359), os flancos, que são os la-
dos da dobra; o eixo que é a linha ao redor da
qual se dá o dobramento, também chamada
de charneira; o plano axial, que é a superfície
que divide a dobra em duas partes similares; e
a crista, que é a linha que une os pontos mais
elevados da dobra. Observe a figura 7:

17
UAB/Unimontes - 2º Período

As dobras podem ser classificadas em dois tipos: atectônicas e tectônicas. As atectônicas são
originadas na superfície ou próximas a ela. Encontram-se em condições muito semelhantes às
condições ambiente, abrangem pequenas áreas. As dobras tectônicas, por sua vez, estão associa-
das às variáveis de pressão e temperatura, estão ligadas à evolução da crosta e, de maneira par-
ticular, à formação dos cinturões de montanhas. (Leinz e Amaral, 1981; Teixeira et al, 2000).
As formas das dobras variam muito e dependem das características e duração do esforço
aplicado. Há várias classificações das dobras, os tipos mais citados na literatura são anticlinal e
sinclinal.
“Anticlinal é uma dobra que se fecha para cima, possuindo as rochas mais antigas no seu
núcleo, isto é, no centro de curvatura. Sinclinal é uma dobra que se fecha para baixo, tendo as
litologias mais novas no seu núcleo. (Loczy e Ladeira, 1981, p. 45). (Figuras 8 e 9)

Figura 8: Anticlinal ►
Fonte: Press et al, 2006,
p. 284.

Figura 9: Sinclinal ►
Fonte: Press et al, 2006,
p. 284.

“Falhas são fraturas ou os cisalhamentos das rochas, ao longo de cujos planos as paredes
rochosas se deslocam entre si.” (LOCZY e LADEIRA, 1981, p. 81).

18
Geografia - Fundamentos de Geologia II

As falhas são resultantes de uma ruptura das rochas, seguida da movimentação dos blocos
rompidos, segundo seu plano de ruptura. Ela ocorre quando uma rocha é competente, isto é, in-
flexível, resistente e quebra-se ao invés de dobrar-se. Assim como as dobras, as falhas atingem
dimensões diversas, que vão de milímetros a quilômetros.
Os elementos mais importantes que compõem uma falha são: plano de falha: plano ou su-
perfície onde acontece o deslocamento; linha de falha: interseção do plano de falha com a su-
perfície da Terra; blocos de falha: massas de rocha deslocadas de ambos os lados da falha; teto
ou capa: o bloco localizado na parte superior de um plano de falha inclinado; muro ou lapa: o
bloco situado na parte inferior de um plano de falha inclinado (POPP, 1981; PRESS et al, 2006; TEI-
XEIRA et al, 2000). Observe a figura 10:

◄ Figura 10: Elementos


geométricos de uma
falha
Fonte: Teixeira et al, 2000,
p. 412.

Os tipos principais de falhas são: falhas normais ou de gravidade. Essas falhas são provo-
cadas por esforços de tensão. A capa se movimenta para baixo em relação à lapa. Falha inversa
ou de empurrão. Essas falhas são provocadas por esforços de compressão. A capa se movimenta
para cima em relação à lapa. Falha transcorrente ou de rejeito direcional. Falha com movimento
predominantemente horizontal. (Figuras 11, 12 e 13, falha normal, inversa e transcorrente).

◄ Figura 11: Falha normal


Fonte: Press et al, 2006,
p. 279.

19
UAB/Unimontes - 2º Período

Figura 12: Falha inversa ►


Fonte: Press et al, 2006,
p. 279.

Figura 13: Falha ►


transcorrente
Fonte: Press et al, 2006,
p. 279.

Normalmente, numa região de falhamentos, existem muitas falhas. O conjunto de muitas


falhas forma um sistema que, segundo a posição dos blocos, recebe vários nomes. São comuns
os sistemas Grabens ou fossa tectônica e Horts ou muralha (Figura 14).

Graben é um bloco rebaixado, geralmente com o comprimento maior que a


largura, delimitado por falhas de gravidade. Horts é também um bloco de for-
ma linear, delimitado por falhas de gravidade e que exibe com frequência, uma
altitude maior que as áreas contíguas que, comumente, são constituídas por
Graben. (Loczy; Ladeira, 1981, p. 112).

Figura 14: Graben ►


e Horst no vale do
Paraíba
Fonte: Leinz e Amaral,
2003, p. 354

20
Geografia - Fundamentos de Geologia II

É importante ressaltar o termo rift-valley, que consiste parcialmente de um graben de gran-


de extensão, onde os blocos centrais são rebaixados em relação a dois blocos adjacentes. Como
exemplo, temos o Vale do Paraíba no Brasil, o rift do Mar Vermelho, o Vale do Rio Reno na Alema-
nha, entre outros (POPP, 1981; LEINZ; AMARAL, 1981; PRESS et al, 2006; TEIXEIRA et al, 2000).
Tanto as dobras quanto as falhas são importantes numa região. Quase todas as cadeias de
montanhas foram originadas por dobras. O núcleo dos anticlinais é um local adequado para exis-
tência de petróleo. Frequentemente, a existência de petróleo está relacionada, também, com falha-
mentos. Leitos de rios, lagos, cachoeiras podem estar relacionados à falhamentos. Como exemplo,
temos o Mar Morto, o Mar Vermelho, entre outros. Tanto as dobras quanto as falhas influenciam no
relevo de uma região e constituem-se num ótimo material de estudo dentro da Geologia.
Também é importante frisar os fenômenos geológicos denominados juntas ou diáclases e
discordâncias.

Juntas ou diáclases são planos ou superfícies de fraturas que dividem as rochas


e ao longo dos quais não ocorreu deslocamento das paredes rochosas parale-
lamente aos planos de fratura, ou se deslocamento aconteceu foi mínimo ou
não visível. (Loczy; Ladeira, 1981, p.76).

Discordância “significa uma superfície que separa rochas formadas em diferentes épocas ge-
ológicas, ocorrendo entre elas um longo lapso de tempo”. (Leinz; Amaral, 1981, p. 364). As dis-
cordâncias são divididas em:

Discordância angular e erosiva: as rochas sedimentares estratificadas repou-


sam sobre rochas cristalinas formadas em profundidade. Isto exige longo lap-
so, hiato cronológico, pois as rochas formadas a quilômetros de profundidade
necessitam de soerguimento, acompanhado de erosão, para depois processar-
-se a sedimentação. (LEINZ; AMARAL, 1981, p. 366).

Discordância angular ocorre quando as rochas mais antigas sofrem perturbações tectônicas
antes da deposição da seguinte; discordância erosiva ocorre quando há um desgaste erosivo da
camada mais antiga, seguido da deposição das camadas mais jovens; discordância angular e ero-
siva acontece quando uma rocha sedimentar, por exemplo, se sobrepõe a uma rocha cristalina
formada no interior. Essas foram soerguidas e parcialmente erodidas e posteriormente sofreram
uma sedimentação. Por fim, na discordância paralela, ocorre apenas uma interrupção considerá-
vel na sedimentação, passível de ser averiguada pelos fósseis; é normalmente designada como
hiato. Veja a figura 15:

◄ Figura 15: Os principais


tipos de discordâncias
Fonte: Leinz e Amaral ,
2003, p. 366

21
UAB/Unimontes - 2º Período

1.5 Terremotos
Segundo Guerra e Guerra, “terremotos são vibrações das camadas da crosta da Terra pro-
duzidos pelo tremor oriundos de fenômenos tectônicos ou vulcânicos”. (GUERRA; GUERRA,
1997, p. 609).
O local abaixo da crosta em que o terremoto é produzido denomina-se foco ou hipocentro e
o ponto sobre a superfície, vertical ao foco, é o epicentro. Observe na figura 16:

Figura 16: Perfil ►


esquemático
representando o
foco ou hipocentro e
epicentro.
Fonte: Disponível em:
<http://miguelcorreia25.
googlepages.com/Falha.
jpg/Falha-full;init:.jpg>
Acesso em 11 de ago.
2013.

Quando ocorre uma ruptura na litosfera, surgiram vibrações que se propagaramm em várias
direções e vários sentidos. Essas vibrações denominam-se ondas sísmicas e se deslocam a partir
do foco do terremoto através da Terra e, posteriormente, chegarão ao sismógrafo. Há três princi-
pais grupos de ondas: ondas primárias ou P, ondas secundárias ou S e ondas superficiais, como
foi estudado em Fundamentos de Geologia I.
Os sismógrafos são aparelhos sensíveis capazes de registrar a passagem das ondas sísmicas.
O sismólogo Richter, em 1935, formulou um método para determinar a força de um terremoto.
Essa força é estimada pela sua magnitude e está relacionada com a energia liberada no foco do
terremoto. A escala Richter, que é a escala de magnitude mais utilizada, é expressa em escala
logarítmica. Por exemplo, um tremor de magnitude 3 é 10 vezes maior que o de magnitude 2, e
assim por diante.
Existem também escalas de intensidade sísmica; hoje a mais utilizada é aquela que foi de-
senvolvida por Mercalli, em 1902, posteriormente modifica, em 1931, e denominada Escala de
Mercalli Modificada (MM). Essa escala possui 12 graus, indicados por algarismos romanos de I até
XII. Por exemplo, um local no qual o terremoto foi levemente sentido por poucas pessoas é atri-
buído o valor II; já um local onde foi sentido pela quase totalidade de pessoas é atribuído valor V.
Abaixo apresentamos essa escala (abreviada).

22
Geografia - Fundamentos de Geologia II

BOX 1
Escala de Intensidade Mercalli-Modificada (abreviada)

I. Não sentido. Leves efeitos de período longo de abalos sísmicos grandes e distantes.
II. Sentido por poucas pessoas paradas, em andares superiores ou locais favoráveis.
III. Sentido dentro de casa. Alguns objetos pendurados oscilam. Vibração parecida à da
passagem de um caminhão leve. Duração estimada. Pode não ser reconhecido como um aba-
lo sísmico.
IV. Objetos suspensos oscilam. Vibração parecida à da passagem de um caminhão pesa-
do. Janelas, locas, portas fazem barulho. Paredes e estruturas de madeira rangem.
V. Sentido fora de casa; direção estimada. Pessoas acordam. Líquido em recipiente é per-
turbado. Objetos pequenos e instáveis são deslocados. Portas oscilam, fecham, abrem.
VI. Sentido por todos. Muitos se assustam e saem às ruas. Pessoas andam sem firmeza.
Janelas, louças quebradas. Objetos e livros caem de prateleiras. Reboco fraco e construção de
má qualidade racham.
VII. Difícil manter-se em pé. Objetos suspensos vibram. Móveis quebram. Danos em
construção de má qualidade, algumas trincas em construção normal. Queda de reboco, ladri-
lhos ou tijolos mal assentados, telhas. Ondas em piscinas. Pequenos escorregamentos de bar-
rancos arenosos.
VIII. Danos em construções normais com colapso parcial. Algum dano em construções
reforçadas. Queda de estuque e alguns muros de alvenaria. Queda de chaminés, monumen-
tos, torres e caixa d’ água. Galhos quebram-se das árvores. Trincas no chão.
IX. Pânico geral. Construções comuns bastante danificadas, ás vezes colapso total. Danos
em construções reforçadas. Tubulação subterrânea quebrada. Rachaduras visíveis no solo.
X. Maioria das construções destruídas até nas fundações. Danos sérios a barragens e di-
ques. Grandes escorregamentos de terra. Água jogada nas margens de rios e canais. Trilhas
levemente entortadas.
XI. Trilhas bastante entortadas. Tubulações subterrâneas completamente destruídas.
XII. Destruição quase total. Grandes blocos de rochas deslocados. Linhas de visada e ní-
veis alterados. Objetos atirados ao ar.

Fonte: Disponível em <http://www.cdb.br/prof/arquivos/76295_20080603084510.pdf > Acesso em 11 de ago. 2013.

A maioria dos autores comenta que o padrão de ocorrência de atividade sísmica mundial
está concentrado nos limites das placas tectônicas. Nos limites convergentes, observa-se um
número de terremotos maior do que nos outros limites, como, por exemplo, os terremotos do
Alasca (1964) e do Chile (1960). Esse último foi o maior já registrado, com magnitude de 9,5. Nos
limites divergentes, eles se concentram mais nas dorsais meso-oceânicas e, nos limites conserva-
tivos, eles se concentram ao longo das falhas transformantes. Há também os terremotos intrapla-
cas. Esses são mais raros, com maior ocorrência nos continentes. O quadro a seguir apresenta os
principais terremotos ocorridos entre 1356 e 2008 e o número de vítimas.

QUADRO 2
Principais terremotos

PRINCIPAIS TERREMOTOS ENTRE 1356-2008


ANO LOCAL NUMERO DE VÍTIMAS
1356 Basiléia ?
1556 Shensi (China) 800 mil
1668 Turquia 8 mil
1730 Hokkaído (Japão) 140 mil
1755 Lisboa (Portugal) 30 mil
1737 Calcutá (Índia) 300 mil
1780 Irã 200 mil
1857 Nápoles (Itália) 11 mil

23
UAB/Unimontes - 2º Período

1891 Mino-Owari (Japão) 7 mil


1906 São Francisco (USA) 3 mil
1906 Chile 20 mil
1908 Messina (Itália) 70 mil
1920 Gansu (China) 200 mil
1923 Tóquio (Japão) 143 mil
1927 Nanshan (China) 200 mil

1927 Nicarágua 6 mil


1932 Gansu (China) 70 mil
1933 Sanriku (Japão) 3 mil
1934 Bihar (Índia) 10,7 mil
1935 Quetta (Paquistão) 60 mil
1939 Chile 28 mil
1939 Erzican (Turquia) 33 mil
1946 Nankaido (Japão) 1,3 mil
1948 Turcomenistão 100 mil
1950 Assam (Índia) 1,5 mil
1960 Marrocos 15 mil
1970 Peru 41 mil
1972 Manágua (Nicarágua) 10 mil
1975 Haicheng (China) 10 mil
1976 Tangshan (China) 750 mil
1976 Guatemala 23 mil
1978 Irã 15 mil
1985 Cidade do México 9,5 mil
1988 Armênia 55 mil
1990 Gilan e Zanjan (Irã) 35 mil
1993 Latur (Índia) 22 mil
1995 Kobe (Japão) 5,5 mil
1998 Afeganistão 10 mil
1999 Izmit (Turquia) 17 mil
2001 Gujarat 20 mil
2002 Afeganistão 2,5 mil
2003 Bam (Irã) 26,3 mil
2005 Paquistão e Índia 80,5 mil
2006 Indonésia 6,2 mil
2008 Sinchuan (China) Mais de 80 mil
Fonte: Macedo et al, 2008, p. 38.

24
Geografia - Fundamentos de Geologia II

É importante salientar, também, as tsunamis, termo em Japanês para denominar ondas ma-
rítimas gigantescas, geradas após fortes terremotos, grandes deslizamentos submarinos, muitas PARA SABER MAIS
vezes induzidos por sismos ou erupções vulcânicas, no mar ou na costa. Leia o artigo, super
As tsunamis geram grandes danos quando varrem áreas costeiras baixas. Um dos mais des- interessante “Abalos
trutivos tsunamis ocorreu em 26 de dezembro de 2004, provocado pelo terremoto de Sumatra- sísmicos: considerações
sobre sismos em Mon-
-Andaman, que atingiu a magnitude de 9,3, com a ruptura da placa da Eurásia e placa Austra- tes Claros” e entenda
liana, a 20 km de profundidade, que se estenderam por cerca de 1200 km, num período de 7 melhor sobre sismi-
minutos. Os prejuízos sociais decorrentes desse evento foram na ordem de 300 mil vítimas. (MA- cidade básica, sismos
CEDO et al, 2008, p.41). no Brasil e os sismos
De acordo com Macedo et al (2008), os terremotos que ocorrem no Brasil são de pequena em Montes Claros/MG,
na revista: OLIVEIRA,
intensidade, relacionados talvez à reativação de falhas. Já foram registrados abalos de 3,6 no Rachel Inez Castro de;
Mato Grosso (1955) e 6,3 no litoral do Espírito Santo. Em dezembro de 2007, foi registrado sismo VIEIRA, Eliane Ferreira
de escala 4,6 no Norte de Minas Gerais, na região de Itacarambi, causando a primeira vítima fatal Campos; FREITAS, M.
por terremoto no Brasil. Para Teixeira et al (2000), a maioria dos epicentros registrados localizam- C. Abalos sísmicos:
-se no sudeste e nordeste brasileiros, o que pode ser explicado pela intensa ocupação dessas áre- considerações sobre
sismos em Montes
as e a consequente melhor notificação dos eventos. Claros. Revista Cerrados
Até o presente momento, o homem não consegue prever com precisão os terremotos; se (Unimontes), v. 10, p.
isso acontecesse, muitas comunidades poderiam estar preparadas. Poderia haver evacuação de 1-180, 2012.
pessoas de locais perigosos e muitos aspectos de um desastre poderiam ser divulgados.

1.6 Tectônica de placas GLOSSÁRIO


Tilito: sedimento de
origem glacial conso-
lidado e não estratifi-
A litosfera é fragmentada em várias partes, constituindo um verdadeiro quebra-cabeça ao cado. É constituído de
redor de toda a Terra. Cada porção desse quebra-cabeça denomina-se placa litosférica ou placa argilas com material
tectônica, que se move sobre a astenosfera. finíssimo, juntamente
com seixos arredon-
dados e estriados. Os
Na década de 1960, uma grande revolução no pensamento sacudiu o mundo
depósitos de tilito ocor-
da Geologia. Por quase 200 anos, os geólogos desenvolveram diversas teorias
rem em vários períodos
tectônicas (do grego Tekton, “construtor”) – o termo geral que eles usaram
geológicos. No Brasil
para descrever a formação de montanhas, o vulcanismo e outros processos
temos tilitos de idade
que formam feições geológicas na superfície da Terra (Press et al, 2006, p. 47).
permocarbonífera.
Os tilitos são também
Para alguns autores, a síntese científica que levou a essa teoria vem dos estudos elaborados chamados de conglo-
por Alfred Wegener, em 1915, sobre a Deriva dos Continentes. Os pesquisadores europeus já per- merado glaciário.
cebiam, por exemplo, o encaixe do quebra-ca-
beça do Continente Africano com a América do
Sul, como se esses continentes já estivessem
juntos em épocas passadas e depois se tives-
sem se afastado.
No final do século XIX, o geólogo austrí-
aco Eduard Suess uniu algumas peças desse
quebra-cabeça e denominou o conjunto dos
continentes na porção meridional de Gon-
dwuana. Em 1915, Wegener apresenta um mo-
delo em que os continentes atuais estariam
juntos há aproximadamente 220 milhões de
anos, formando o super continente denomina-
do Pangea (do grego “todas as terras”) (Press ▲
et al, 2006).
Figura 17:
Wegener juntou evidências nos vários campos da ciência para defender sua teoria. Evidên-
Fonte: Teixeira et al, 2000,
cia de uma glaciação, há cerca de 300 milhões de anos, que teria alcançado a África, a Índia, a p. 98.
América do Sul, a Austrália e a Antártica. Essa glaciação é evidenciada pela presença de rochas
sedimentares (tilito), que somente se formam abaixo de uma camada espessa de gelo glacial.
Evidências paleontológicas: fósseis da flora Glossopteris, que são comuns em regiões do Brasil
e da África, além do alinhamento desses lugares, dando clara noção de que já estiveram lado a
lado, se juntarmos os continentes. Evidências geológicas e estruturais, mostradas por rochas e
estruturas geológicas (dobras, falhas) dos lados opostos dos continentes (figuras 17 e 18).

25
UAB/Unimontes - 2º Período

Figura 18: Fósseis do ►


réptil Mesossauros,
com idade de 300
milhões de anos, foram
encontrados apenas
na América do Sul e na
África.
Fonte: Press et al, 2006,
p. 49.

Wegener publicou um livro intitulado A origem dos continentes e oceanos, que discorre
sobre suas ideias da Deriva dos Continentes. Ele achava que os continentes flutuavam como bar-
cos sobre a crosta oceânica sólida, e eram arrastados pela força das marés, do Sol e da Lua.
Wegener foi ridicularizado por alguns cientistas, pois não conseguiu explicar que tipo de
forças produziriam a fragmentação e posterior deriva dos continentes. Alguns defensores da De-
riva dos continentes seguiram procurando evidências para comprovar a hipótese de Wegener.
Hoje se tem muitas provas que comprovam a deriva, baseadas em fósseis, rochas, estruturas geo-
lógicas e dados climatológicos.

Em 1928, o geólogo britânico Arthur Holmes esteve perto de expressar as no-


ções modernas da deriva continental e da expansão do assoalho oceânico,
quando propôs que as correntes de convecção arrastavam as duas metades
do continente original à parte, com consequente formação de montanhas na
borda onde as correntes estão descendo e desenvolvimento de assoalho oce-
ânico no lugar da abertura, onde as correntes estão ascendendo. (PRESS et al,
2006, p. 49).

Apesar de tudo que Holmes expressou, admitiu que suas ideias eram puramente especula-
tivas.
As evidências da expansão do assoalho oceânico começaram a surgir após exploração do
fundo oceânico, ocorrido posterior à Segunda Guerra Mundial. Descobriu-se que no lugar do
fundo do mar onde se pensava uma planície vazia e sem vida, existia um ambiente geologica-
mente ativo, com uma cadeia de montanhas submarinas (denominada Dorsal Meso-oceânica,
com um comprimento de aproximadamente 84000 km e uma largura na ordem de 1000 km),
vales profundos, na forma de fenda ou rifte, estendendo-se ao longo do seu centro.
No início da década de 1960, Harry Hess realizou dragagens no fundo oceânico. Descobriu-
-se que nos fundos dos oceanos há rochas jovens, que não ultrapassam 200 milhões de anos, ao
contrário das rochas dos continentes que são muito antigas, com até bilhões de anos.
Hess especulou sobre a possibilidade de que, ao longo de riftes, nas dorsais meso-oceâni-
cas, onde a crosta se separa, uma nova crosta oceânica se forma devido à ascensão de um ma-
terial quente, vindo das profundezas abaixo da crosta. Esse novo assoalho oceânico se expande
lateralmente a partir da fenda (rifte) e é substituído por uma crosta mais nova ainda, num pro-
cesso contínuo de formação de placas. Esse ciclo denomina-se Expansão do Assoalho Oceânico.
Ele explicaria tanto a idade do fundo oceânico quanto a estrutura das dorsais, o padrão simétrico
das ilhas vulcânicas e a presença de sismos submarinos ao longo de toda dorsal.
Como foi estudado em Fundamentos de Geologia I, o magnetismo terrestre remanescente
das rochas contribuiu para melhor entender os movimentos da crosta continental. Estudos de
paleomagnetismo revelam que os polos magnéticos da Terra mudaram no decurso do tempo
geológico. No decorrer da cristalização de uma rocha magmática, rica em minerais, como a mag-
netita e outros que contenham ferro, por exemplo, verifica-se uma iso-orientação, segundo a li-
nha norte-sul da época em que a rocha se formou. Com a mudança da posição do campo mag-
nético terrestre é possível reconhecer o magnetismo fossilizado na rocha antiga. Então, a partir
desse estudo percebeu-se que ocorreu um deslocamento de um continente em relação ao outro,
confirmando, assim, a deriva dos continentes.

26
Geografia - Fundamentos de Geologia II

Uma nova crosta vem sendo formada em ambos os lados do rifte na dorsal meso-oceânica,
ou seja, a Terra está se expandindo. Mas há também locais em que a crosta está sendo consumi-
da. Estes locais denominam-se zonas de subduçção.
Há placas de vários tamanhos. Há aproximadamente 12 grandes placas e existem três tipos
de limites de contato entre as placas. Em limites divergentes, uma nova litosfera é criada, devido
às placas se afastarem. Observa-se, nesse limite a expansão do assoalho oceânico, quando os ti-
pos de placas envolvidas são oceânicas. Tem-se, também, a formação de cadeia meso-oceânica,
vulcões e terremotos. O exemplo atual é a Dorsal Meso-oceânica. Quando as placas envolvidas
são continentais, esses limites divergentes são caracterizados por vales em rifte, atividade vulcâ-
nica e terremotos. O exemplo é o vale em rifte do leste Africano (Press et al, 2006; Teixeira et al,
2000). Observe a figura 19:

◄ Figura 19: Placas


tectônicas e seus
limites
Fonte: Press et al, 2006,
p. 49.

Em limite convergente, duas placas se chocam uma contra a outra. Uma é reciclada, retor-
nando ao manto. Se ocorrer convergência envolvendo duas placas oceânicas, uma desce em
relação à outra em um processo de subducção. Esse encurvamento gera uma fossa profunda,
como as Fossas Marianas, no Oeste do Pacifico, com uma profundidade de cerca de 10 km. Ocor-
re, também, atividade vulcânica, sísmica, deformação da crosta, ascensão de magma, produzin-
do uma cadeia de vulcões, denominada arco de Ilha. Como exemplo, temos a subducção da Pla-
ca Pacífica, que formou as Ilhas Aleutas, a oeste do Alasca.
Na convergência oceano-continente ocorrem vulcões, terremotos profundos, subducção,
ascensão de magma, deformação da crosta e formação de cadeias de montanhas na borda da
placa continental. A Cadeia de Montanhas dos Andes é um exemplo desse processo.
Na convergência continente-continente, ocorrem terremotos violentos.

A Placa Eurasiana cavalga a Placa Indiana, mas a Índia e a Ásia mantêm-se flu-
tuantes, criando uma espessura dupla da crosta e formando a cordilheira de
montanha mais alta do mundo, o Himalaia, bem como o vasto e alto Planalto
do Tibete. (Press et al, 2006, p. 56).

27
UAB/Unimontes - 2º Período

Em limites conservativos (Teixeira et al, 2000) ou limites transformantes (Press et al, 2006),
as placas deslizam uma em relação a outra; esse limite é caracterizado, principalmente, por terre-
motos. A Falha de Santo André, na Califórnia, é um ótimo exemplo, onde a Placa Pacífica desliza
em relação à Placa Norte-Americana.
Acredita-se que o movimento das placas tectônicas seja decorrente da convecção do manto
e a energia venha do calor interno da Terra. Mas, para diversos autores, os detalhes desse meca-
nismo ainda não são bem esclarecidos.
As forças mais significativas na tectônica de placas provem da litosfera em resfriamento à
medida que ela desliza do centro de expansão e retorna ao manto nas zonas de subducção. As
porções da litosfera estendem-se tão profundamente, que atingem o limite núcleo-manto, mos-
trando que todo o manto está envolvido no sistema de convecção que recicla as placas.
Como foi mencionado no tópico sobre vulcanismo, há um tipo de convecção ascendente,
que pode incluir plumas do manto. As plumas são entendidas como material ascendente, provin-
do do manto profundo, e podem ser responsáveis pelos maciços derrames de lava, como os en-
contrados na Sibéria e o Planalto da Colúmbia (EUA). Essas plumas também podem gerar vulcões
localizados em pontos quentes, como é o caso do Havaí.
Quando se relaciona a Tectônica de Placas ao meio ambiente, alguns autores acreditam que
mudanças na distribuição do fundo oceânico ocorrem devido à expansão do assoalho oceânico,
o que induz a variações no nível do mar. Essas variações podem trazer consequências desagra-
dáveis para as populações litorâneas. Além disso, a deriva dos continentes sobre os pólos leva
Atividade ao crescimento de geleiras continentais. Os movimentos tectônicos também podem bloquear as
correntes marinhas ou abrir passagens através das quais as correntes podem fluir. Tudo isso nos
Cite alguns aspectos mostra que existe uma interação entre a tectônica de placas, o clima e a sobrevivência do ho-
importantes no estudo
das falhas e dobras
mem sobre a Terra. É necessário, portanto, conhecer cada vez mais os fenômenos que ocorrem
numa região e poste-os na Terra, uma das poucas formas de se buscar soluções para os problemas que o Planeta já vem e
no fórum de discussão. continuará enfrentando.

Referências
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Bertrand Brasil, 1997.

LEINZ, V; AMARAL, S. S. Geologia Geral. São Paulo: Editora Nacional, 1981.

LEINZ, V.. AMARAL, S. S. Geologia Geral. São Paulo: Editora Nacional, 2003.

LOCZY, L de; LADEIRA, E. A. Geologia estrutural e introdução à Geotectônica. Sao Paulo: E


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MACEDO, E. S. de; MIRANDA, F. A.; GRAMANI, M. F.; OGURA, A. T. Desastres naturais: situação
mundial e brasileira. In: MACHADO, R. (Org.). As Ciências da Terra e sua importância para a
Humanidade - A contribuição brasileira para o Ano Internacional do Planeta Terra – AIPT. São
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PRESS, F, SIEVER R., GROTZINGER, J. & JORDAN, T. H., 2006. Para Entender a Terra. Tradução Ru-
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TEIXEIRA, Wilson. TOLEDO, M. Cristina Motta. FAIRCHILD, Thomas Rich. TAIOLI, Fabio. Decifrando
a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.

28
Geografia - Fundamentos de Geologia II

Unidade 2
Solos: origem, formação,
importância e preservação
Rachel Inêz Castro de Oliveira

2.1 Introdução
Solo é um corpo dinâmico, vivo, ativo, está em processo de evolução e sua formação depen-
de da interação entre a litosfera, biosfera, hidrosfera e atmosfera. Além de ter inúmeras funções
na agricultura, geologia, engenharia, arqueologia, por exemplo, o solo desempenha um impor-
tante papel na compreensão dos processos que afetam o meio ambiente. Assim, a degradação
do solo pode provocar mudanças sérias ao meio ambiente, afetando, então, a qualidade de vida
sobre a Terra.
Inicialmente nesta unidade, retomaremos alguns assuntos tratados em Fundamentos de
Geologia I para, assim, construirmos o conhecimento sobre os solos: origem, formação, impor-
tância e sua preservação. Interação entre os processos terrestres.

2.2 Origem: da rocha ao solo


Como já foi visto no módulo anterior, sabemos que a crosta terrestre é formada principal-
mente de rochas geradas no interior do planeta, por meio da ação de forças internas. Essas ro-
chas são constituídas na maioria das vezes por minerais, podendo também constituir-se dos mi-
neralóides.
De acordo com Berry e Mason (1956), mineral é um sólido homogêneo de ocorrência na-
tural formado inorganicamente com composição química definida e arranjo atômico ordenado.
Assim, muitos minerais e rochas são formados no interior da crosta terrestre, em condições de
alta temperatura e pressão se encontram em desequilíbrio ao aflorarem na superfície. Nesse de-
sequilíbrio, surge um conjunto de transformações, nos materiais da superfície e novos minerais
são formados mais adaptados às novas condições ambientais da superfície. A esse conjunto de
processos, que reorganizam, produzem novos minerais, que adaptam, e buscam constante situa-
ção de equilíbrio, é denominado intemperismo.
As rochas, na sua maior parte, não são capazes de suportar e sustentar plantas superiores.
Por serem consolidadas, não conseguem armazenar água e impedem a penetração de raízes.
Além disso, os nutrientes nelas contidos não poderiam ser absorvidos pelas plantas enquanto
estiverem firmemente retidos na estrutura cristalina de seus minerais. Nesse sentido, para que as
raízes possam penetrar e os nutrientes possam ser desprendidos ocorre o processo de intempe-
rismo.
Nas palavras de Leinz e Amaral (2003) e Lepsch (2002), a rocha, depois de alterada, recebe
o nome de regolito ou manto de intemperismo, pelo fato de formar um manto sobre a rocha em
vias de decomposição. É na parte mais superficial do regolito que se dá a formação dos solos.
Os solos são formados em decorrência da dinâmica externa da crosta terrestre. Dois proces-
sos agem na formação do solo: intemperismo e pedogênese. O intemperismo foi denominado
por Teixeira et al (2000, p.140) como o conjunto de modificações de ordem física (desagregação)
e química (decomposição) que as rochas sofrem ao aflorar na superfície da Terra.
Para Leinz e Amaral (2003), o intemperismo ou meteriorização é um conjunto de processos
que levam à alteração e à destruição de rochas anteriormente formadas, buscando o equilíbrio.
Esse é um fenômeno de grande importância para a vida no planeta, e pode ser classificado em:

29
UAB/Unimontes - 2º Período

O intemperismo físico ou mecânico, também chamado de desintegração, age no sentido de


alterar o tamanho e o formato dos minerais. Lima e Guilherme (2003) determinam como agentes
do intemperismo físico: (i) a variação de temperatura produzida pela insolação durante o dia e
pelo resfriamento noturno favorecem a desintegração das rochas, principalmente em regiões ári-
das ou semiáridas; (ii) as grandes alternâncias de temperaturas diárias nas regiões frias e tempe-
radas, acompanhadas de congelamento e descongelamento, são também muito eficazes no pro-
cesso de desagregação das rochas; (iii) o crescimento de cristais nas fissuras ou fendas favorece
a desintegração das rochas; (iv) as rochas podem desgastar-se pela fricção, quando desliza sobre
outra, ou pelo impacto de grãos transportados contra o substrato (Figura 20).

Figura 20: ►
Fragmentação do gelo,
intemperismo físico
Fonte: Teixeira et al, 2000,
p. 141.

O intemperismo químico ocorre quando o equilíbrio do conjunto de átomos, que constituem


os minerais, é rompido e provoca reações que conduzem o mineral a um arranjo mais estável em
suas novas condições. O agente principal do intemperismo químico é a água. Os principais tipos
de reações químicas que costumam acontecer durante o intemperismo químico das rochas são
dissolução, oxidação/redução e hidratação/hidrólise (LEINZ; AMARAL, 2003; SUGUIO, 1980).
A dissolução é geralmente o primeiro estágio de intemperismo químico. O volume de mate-
rial dissolvido depende da quantidade de água envolvida e da solubilidade do mineral. A halita é
muito solúvel, mesmo em água pura, e pode subsistir só em regiões de clima muito seco. A gipsi-
ta e os carbonatos seguem a halita entre os materiais mais solúveis.
Do ponto de vista essencialmente ligado ao intemperismo químico, a oxidação é uma re-
ação com o oxigênio para formar óxidos ou com oxigênio e água para formar hidróxidos. A re-
dução é um processo oposto ao de oxidação e acontece na natureza em ambientes subaquosos
anaeróbicos (Figura 21).

Figura 21: Intemperismo ►


químico
Fonte: Lepsch, 2002, p.14

Uma das provas mais evidentes da redução do ferro é verificada quando as cores vermelho
e amarelo são transformadas em verde e cinza em ambientes redutores.
A hidratação consiste na adição de água ao mineral, enquanto a hidrólise é uma reação quí-
mica entre o mineral e a água, isto é, entre os íons H+ ou OH- da água e os íons do mineral. Os
óxidos de ferro, por exemplo, podem absorver água para serem transformados em hidróxidos de
ferro, constituindo um processo de hidratação (Leinz; Amaral, 2003).
Os processos de intemperismo químico dão origem a duas frações constituintes: os solutos
e os resíduos. Os solutos incluem elementos como metais alcalinos, principalmente sódio e po-
tássio, e as terras raras, magnésio, cálcio e estrôncio. Esses tendem a ser lixiviados, ou seja, leva-
dos do solo, do perfil de intemperismo e em seu caminho vão terminar nos oceanos para serem
precipitados como calcários calcíticos, calcários dolomíticos, evaporitos entre outros.

30
Geografia - Fundamentos de Geologia II

Mais de 99% dos materiais transportados em solução pelos rios e mesma proporção dos só-
lidos dissolvidos na água do mar são constituídos por sódio (Na); magnésio (Mg); cálcio (Ca); po-
tássio (K); cloro (Cl); sulfato (SO4); ácido carbônico (HCO3) e óxido de silício (SiO2). A água do mar
apresenta concentrações mais altas de todos os componentes acima, com exceção da sílica, que
é mais abundante nas águas fluviais.
Os resíduos correspondem à parte dificilmente solúvel em água, nas condições superficiais;
é composto principalmente de quartzo e, dependendo do grau de intemperismo, de quantida-
des variáveis de feldspato e de mica.
Durante os primeiros estádios de intemperismo, os minerais máficos (olivinas, piroxênios e
anfibólios) degradam-se para formar minerais de argila, ricos em ferro e magnésio. O concomi-
tante intemperismo químico dos feldspatos produz micas sericíticas, ilita e caulinita. O progressi-
vo intemperismo das argilas produz partículas coloidais, que são lixiviadas da fonte, mas podem
permanecer in situ para formar depósitos de argila residual. Se o intemperismo prosseguir ainda
mais, o magnésio e cálcio serão totalmente lixiviados.
O resíduo final de uma rocha intensamente intemperizada é composto de quartzo (se for
abundante na rocha matriz), caulinita, bauxita (silicatos e hidróxido de alumínio) e limonita (hi-
dróxido de ferro). Para que esses resíduos sejam formados, é necessário um clima quente e úmi-
do, associado à taxa de erosão. Além disso, a remoção dos produtos intemperizados (erosão) é
de grande importância na determinação da continuidade das reações de intemperismo.
O intemperismo biológico, de acordo com Leinz e Amaral (2003), pode desenvolver no sen-
tido de ajudar na atuação de processos essencialmente físicos ou químicos. Assim, a ação de
cunha das raízes das árvores ou a escavação por animais pode facilitar a atuação dos intemperis-
mos físicos ou químicos.
Um dos animais mais importantes para o solo é a minhoca. Lima e Guilherme (2003) citam
em seus trabalhos que um hectare de terreno pode ter uma população de minhoca capaz de
processar nove toneladas de solo por ano.
As minhocas literalmente comem seu caminho através do solo, promovendo a mistura de
materiais orgânicos e inorgânicos, aumentando a quantidade de nutrientes disponíveis às plan-
tas, trazendo nutrientes das camadas mais profundas do solo para a camada superficial, onde há
maior concentração de raízes, aumentando a fertilidade do solo.
Fungos e bactérias são também decompositores e têm importante participação nos ciclos DICA
de muitos minerais.
O termo lixiviação
Pedogênse significa etimologicamente gênese do solo, é o processo, que atuando conjun- refere-se à remoção de
tamente com o intemperismo, promove, na parte mais superficial do perfil de alteração, a forma- elementos químicos
ção de um corpo organizado, que é o solo (MELFI e MONTES, 2008, p.113). do solo junto com a
Pedogênese é o processo de formação das camadas do solo, onde o solo é considerado água, que se infiltram
como um objeto em si próprio, não se preocupando de imediato com sua aplicação prática. O por entre os poros do
solo. O resultado mais
solo é visto como algo dinâmico, que teve sua formação iniciada a partir de uma rocha que se visível da lixiviação é a
desagregou mecanicamente e/ou se decompôs quimicamente, até formar um material solto. remoção de Na, Ca, Mg
Com o passar do tempo, houve espessamento, o que o modificou e o individualizou. (LEINZ; e K dos solos.
AMARAL, 2003; LESPCH, 2002; SUGUIO, 1980).

2.3 Formação do solo


Na formação dos solos, deve-se frisar o estudo dos fatores de formação dos solos. Foi
Dokuchayev que conceituou o solo em função de cinco fatores principais: a) clima, b) organis-
mos, c) material de origem, d) relevo, e) idade da superfície do terreno. (Lepsch, 2002; Mar-
ques et al, 2001). Vamos, de forma sintetizada, explicar a ação de cada um desses fatores.

Clima

O clima é responsável pela distribuição dos solos na paisagem. Os elementos principais do


clima – temperatura e umidade – regulam o tipo e intensidade das rochas, o crescimento de or-
ganismos e, consequentemente, a distinção entre os horizontes pedogenéticos. A temperatura
tem o efeito de regular a velocidade com que as reações químicas ocorrem no solo ou no ma-

31
UAB/Unimontes - 2º Período

terial de origem (MARQUES et al, 2001). Sabe-se que a cada 10º C de aumento de temperatura,
dobra a velocidade das reações químicas.
GLOSSÁRIO A maioria das reações químicas, durante o intemperismo, depende de água. Quanto mais
quente e úmido mais velho será o solo. Isto é: quanto mais quente e úmido mais intenso o intem-
Distróficos: São solos
de fertilidade média
perismo; formam-se solos mais profundos, mais velhos, mais evoluídos. Geralmente esses solos
ou baixa. Solo em que são distróficos, com abundância de minerais secundários (principalmente argilominerais e óxidos
a porcentagem de de ferro e alumínio e pobres em cátions básicos (principalmente cálcio, magnésio e potássio).
saturação por base é Em clima árido e frio, os solos são mais rasos, com maiores quantidades de minerais primá-
inferior a 50%. rios, denominados eutróficos. Os solos de regiões áridas e semiáridas, quando comparados com
Eutróficos: São solos
de fertilidade alta.
os das regiões úmidas, apresentam menores quantidades de matéria orgânica e maiores de cá-
Solos em que a porcen- tions básicos trocáveis, ou seja, sais solúveis.
tagem de saturação de Em condições de clima quente e solo de regiões úmidas, a água arrasta para as camadas
base é superior a 50%. mais profundas os elementos em solução, tornando os solos ácidos. Observe nas reações abaixo:
CTC: Capacidade de A distribuição da vegetação no globo terrestre está relacionada com as condições climá-
troca de cátions. Quan-
tidade de cátions (Al, H,
ticas. Nos climas de regiões quentes e úmidas encontram-se exuberantes florestas de árvores
Ca, Mg e K) que o solo é constantemente verdes, que produzem grandes quantidades de resíduos orgânicos, que se de-
capaz de reter compõem facilmente (Figura 22).

Figura 22: Relação do ►


intemperismo com as
zonas climáticas do
Globo.
Fonte: Lepsch, 2002, p.52

Em climas de regiões áridas, com longa estação de seca, predominam florestas semidecí-
duas, cujas folhas secam e caem durante certos períodos e gramíneas associadas com arbustos
tortuosos (cerrado).

Organismos

Os organismos que vivem nos solos são de grande importância para diferenciação de seus
perfis. Eles compreendem os microorganismos: microflora e microfauna (algas, fungos, bacté-
rias), vegetais superiores (macroflora), animais (macrofauna) e homem (Figura 23).
Os microorganismos desempenham papel fundamental na decomposição da matéria orgâ-
nica e formação de húmus.
Os vegetais atuam na formação dos solos de forma direta, com a penetração do sistema ra-
dicular, e indireta, quando raízes retiram nutrientes das camadas mais profundas e retornam ao
solo pela ciclagem de nutrientes (LIMA; GUILHERME, 2003; MARQUES et al, 2001). O processo de
queda das folhas das plantas promove proteção da superfície do solo contra a erosão.
A relação solo x planta tem papel fundamental na conservação dos solos. No Nordeste Brasi-
leiro, de clima semiárido, por exemplo, a vegetação rala e o solo com pouca proteção facilitam a
erosão, principalmente nas encostas das colinas e morros. Nos morros, as chuvas e ventos carre-
gam as partículas finas dos solos, deixando na superfície as mais grosseiras, formando o denomi-
nado “pavimento desértico” (manto de cascalhos e pedras).
A macrofauna, formada pelos animais que habitam o solo, como formigas, cupins, minho-
cas, tem uma importante função para a formação do húmus e agregados do solo, pois trituram
restos vegetais, formam galerias e misturam materiais de diversos horizontes.

32
Geografia - Fundamentos de Geologia II

Marques et al, (2001) argumentam que estimativas indicam que cupins da região dos cerra-
dos são capazes de movimentar mais de dez toneladas de solo por hectare num ano. Isso signifi-
ca que, em menos de 200 anos, toda a camada arável do solo, de zero a 20 cm, terá sido trabalha-
da por eles.
Não podemos deixar de citar o Homem, que tem provocado diversos impactos na formação
do solo, com a prática da agricultura e a utilização de tecnologia, infelizmente de forma drástica.

◄ Figura 23: Ciclo de


movimentação dos
nutrientes em um
solo sob vegetação de
floresta
Fonte: Lepsch, 2002, p.56.

Material de Origem

Material de origem são todos os materiais orgânicos e minerais, intemperizados ou não,


através dos quais os solos são formados. Esses materiais são passivos à ação do clima e a orga-
nismos. Conforme Lepsch (2002), na antiguidade, os romanos muitas vezes relacionavam a boa
produtividade dos solos à sua cor; quanto mais escuro, melhor ele seria, e essa cor escura era atri-
buída a uma espécie de substância orgânica que hoje é conhecida como húmus.
Nas palavras de Marques et al (2001), o material de origem é o fator que mais influencia os
atributos do solo, sendo importante notar que raramente encontrar-se-ão rochas iguais.
Por exemplo, os solos derivados de arenito, do estado de São Paulo, são muito mais férteis
que os solos derivados de arenito do noroeste de Minas Gerais. Apesar de a rocha ser generica-
mente a mesma, o arenito que forma os solos paulistas tem um mineral acessório (carbonato de
cálcio), que confere aos solos de São Paulo uma fertilidade maior do que em Minas Gerais.
Principais materiais de origem:
a. Materiais derivados de rochas claras (ácidas). Ex: granitos, gnaisses, xistos, quartzitos etc.
(Figura 24).
b. Materiais derivados de rochas escuras (básicas). Ex: Basalto, Diabásio, Gabros e Anfibólios.
c. Materiais derivados de sedimentos consolidados. Unidos por um cimento. Ex: Arenitos, Sil-
titos, Argilitos, Arcósios etc.
d. Sedimentos inconsolidados. Ex: Aluviões, dunas de areia, cinzas vulcânicas etc.

33
UAB/Unimontes - 2º Período

Figura 24: Solos ►


derivados de rochas
claras (quartzitos)
Fonte: OLIVEIRA, R.I.C.de,
2007, p. 55.

DICA
Neossolos Litólicos são
solos extremamente
rasos, com menos de
50 cm de espessura e
geralmente pedrego-
sos, abrangendo 7%
dos territórios do Brasil.
É um tipo de solo raso,
possuindo horizonte
A, assentado principal-
mente sobre a rocha.
Ocorre em relevo
ondulado. Relevo
O Gleissolo Háplico
compreende solos
hidromórficos, apre- O fator relevo pode ser definido como forma do terreno que compõe a paisagem (LEINZ;
sentando horizonte AMARAL, 2003). As formas de relevo promovem diferenças perceptíveis em função da cor, que
glei, nos quais ocorre
uma grande presença podem ocorrer a distâncias relativamente pequenas quando comparadas com as diferenças ad-
da água. Nele, pode vindas do clima. Em sua maioria, resultam de desigualdades de distribuição, no terreno, da água
ser evidenciada a de chuva, da luz, do calor do sol e da erosão.
acumulação de matéria A influência do relevo sobre o solo pode ser explicada pela diferença dos solos das vertentes
orgânica na parte su- das montanhas voltadas para a direção norte em relação às voltadas para o sul. As faces da mon-
perficial ou a presença
de cores acinzentadas, tanha, ao norte, são mais quentes e secas, formando solos mais profundos do que ao sul. No sul,
indicando condição de por estarem em latitudes mais elevadas, por terem o sol mais próximo do horizonte ao meio dia,
redução. São solos mal terão consequentemente, solos mais rasos.
ou muito mal drenados. Em áreas mais declivosas há uma tendência de se desenvolver solos menos desenvolvidos,
Os Argissolos são como cores mais avermelhadas e mais claras, como, por exemplo, os Neossolos Litólicos. Em áre-
solos constituídos por
material com argila as mais baixas, próximas a riachos, observam-se solos menos desenvolvidos, como os Gleissolos
de atividade baixa e que são mais acinzentados. Em áreas mais planas, os solos têm tendência a serem mais desenvol-
horizonte B textural vidos, como os Argissolos e geralmente apresentam cores avermelhadas (Figura 25).
imediatamente abaixo
de horizonte A ou E.
Apresentam profundi-
dade variável, desde
forte a imperfeita-
mente drenados, de
cores avermelhadas ou
amareladas, e mais ra-
ramente acinzentadas.

Figura 25: Influencia ►


do relevo com a
formação do solo.
Fonte: Teixeira et al, 2000,
p. 155.

34
Geografia - Fundamentos de Geologia II

Sabe-se que, para cada 100 metros de altitude, a temperatura diminui +- 0,5º C. Altitudes
elevadas favorecem o acúmulo de matéria orgânica e influenciam na profundidade e na cor dos
horizontes superficiais.

Tempo

Dos fatores de formação, o tempo é o mais passivo. Lepsch (2002) menciona em média 12
cm de solo para cada 100 anos de sua formação. Sob condições ideais, um material de origem
de menor resistência pode desenvolver um centímetro de solo em 15 anos (LIMA; GUILHERME,
2003).
Podemos denominar “Tempo zero” o momento em que os sedimentos acabam de ser depo-
sitados e ou solidificados na lava vulcânica e ou exposição da rocha; a partir daí ocorrem inúme-
ros processos até a formação dos solos (Figura 26).
Solos no estado de equilíbrio são profundos, bem desenvolvidos, maduros. No Brasil, pode-
mos encontrar desde solos muito jovens até muito velhos.

◄ Figura 26: Tempo de


maturação de um solo
Fonte: Lepsch, 2002, p.65.

Na formação do solo é importante frisar os quatro componentes que constituem os solos:


substancias minerais, matéria orgânica, água e ar.

◄ Figura 27: Componentes


do solo
Fonte: Lepsch, 2002, p.36.

Os minerais primários ou originais são aqueles que se formam juntamente com as rochas
num ambiente tipicamente geológico, caracterizado pelas altas temperaturas e pressões. A
maioria dos minerais primários são potencialmente intemperizáveis. Podemos exemplificar os
feldspatos, micas, piroxênio e anfibólio, mais uma porcentagem que continua no solo sem sofrer
alterações como, por exemplo, o quartzo, estaurolita e zirconita (LEPSCH, 2002)
Os minerais secundários são aqueles que sofreram alterações dos primários, possuindo nor-
malmente uma granulometria menor e composição química. A grande atividade química dessas
partículas devido ao seu tamanho faz com que tenham propriedades coloidais (principalmente
afinidade pela água e por elementos químicos dissolvidos devido a sua superfície especifica e
existência de corpos elétricos nessa superfície) (Figura 28).

35
UAB/Unimontes - 2º Período

Figura 28: Partículas ►


de argilas em forma de
placas com suas cargas
Fonte: Lepsch, 2002, p.40.

As partículas minerais, juntamente com os materiais orgânicos, formam a fase sólida de


um determinado horizonte cujas proporções são relativamente fixas. Entremeando-se aos ma-
teriais sólidos, encontram-se a água e o ar, que ocupam o espaço poroso (também chamados de
vazios).
As partículas minerais dos solos podem ser classificadas tanto em relação ao seu tamanho,
quanto à sua origem e composição. Essas partículas são minerais primários remanescentes de ro-
chas que deram origem ao solo e a minerais secundários decompostos e/ou recompostos depois
da intemperização dos minerais da rocha-mãe.
Os minerais da fração cascalho e areia são quimicamente inertes e constituem o “esqueleto
mineral do solo”. A maior parte deles é de mineral primário; o quartzo é o mais comumente en-
contrado.
De acordo com Leinz e Amaral (2003), a argila, ao contrário da areia, é bastante ativa quimi-
camente, devendo isto ao pequeno tamanho de suas partículas, o que faz com que tenha pro-
priedades coloidais.
A maior parte dos nutrientes do solo está absorvido na superfície das partículas de argila.
Os átomos desses elementos encontram-se na forma iônica, ou seja, providos de cargas elétricas
negativas e positivas (Figura 29)

Figura 29: Troca iônica ►


no solo
Fonte: Lepsch, 2002, p.41.

Os argilo-minerais isolados ou aglutinados por colóides orgânicos, mais os colóides orgâni-


cos em si, são os responsáveis pela vida dos vegetais e, consequentemente, dos animais superio-
res da crosta terrestre. São tais partículas que promovem, por um mecanismo de troca de íons
com os pelos absorventes das raízes, a absorção dos elementos minerais necessários ao desen-
volvimento de uma planta, como o nitrogênio (N); o fósforo (P); o enxofre (S) – estes são forne-
cidos principalmente por matéria orgânica –; o cálcio (Ca); o potássio (K); o molibdênio (Mo); o
magnésio (Mg); o zinco (Zn) e o cobre (Cu) (LEINZ; AMARAL, 2003; LEPSCH, 2002).
Da decomposição dos fragmentos de rochas e da matéria orgânica do solo resultam subs-
tâncias químicas diversas. Algumas dessas substâncias são essenciais para a vida das plantas,
dando ao solo suas características de maior ou menor fertilidade, de acordo com a quantidade
em que aparecem.
As plantas retiram do solo, para seu desenvolvimento, principalmente, os seguintes elemen-
tos químicos: nitrogênio (N); fósforo (P); potássio (K); enxofre (S); cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Es-
ses elementos, juntamente com o carbono (C), o hidrogênio (H) e o oxigênio (O) constituem os
elementos essenciais para as plantas, também chamados de macronutrientes e micronutrientes
(Lepsch, 2002).
Os macronutrientes ou elementos maiores são assim denominados por serem exigidos em
maiores quantidades e terem maior importância.

36
Geografia - Fundamentos de Geologia II

Os micronutrientes: ferro (Fe); cobre (Cu); zinco (Zn); manganês (Mn); molibdênio (Mo); boro
(B) e cloro (Cl), apesar de serem essenciais à vida das plantas, são exigidos em menor quantidade GLOSSÁRIO
e, ainda existem em quantidades suficientes na maioria dos solos. Mineralização: É um
A matéria orgânica do solo é proveniente da adição de restos de origem vegetal ou animal. termo mais específico
Esses restos orgânicos, decompondo-se, transformam-se no húmus que, por processos de mine- e se refere à liberação
ou transformação
ralização, liberam alguns nutrientes minerais (LEPSCH, 2002). dos constituintes da
O solo pode reter água, armazenando-a por um determinado tempo. Por isso é denomina- matéria orgânica que
do, também, como caixa d’água do planeta. Essa capacidade varia de acordo com suas caracte- se encontram nesta na
rísticas pedogenéticas. As plantas utilizam dessa água absorvendo-a e, em boa parte, devolven- forma orgânica (ligado
ao carbono) para a
do-a à atmosfera em forma de vapor (Figura 30).
inorgânica. Por exem-
De acordo com o conteúdo e a natureza da retenção de água, reconhecem-se três estados plo, o carbono das mo-
de umidade dos solos: molhado, úmido e seco. léculas de carboidratos,
Quando o solo está molhado, todos os poros são preenchidos com água e o ar está quase lipídios (gorduras),
que totalmente ausente. Naturalmente, depois que todos os poros são preenchidos com água, e proteínas é liberado na
forma de dióxido de
o seu fornecimento é cessado, o líquido que está preenchendo os poros maiores tende a drenar
carbono (CO2). Do mes-
para baixo, ou lateralmente, indo para as partes mais profundas, ou juntar-se ao lençol de água mo modo, os nutrientes
subterrâneo e dar origem as nascentes. Essa água é denominada gravitacional pelo fato de se como o nitrogênio e o
infiltrar devido à ação da gravidade (LEPSCH, 2002). fósforo também conti-
dos nesta são liberados.
Depois que a água gravitativa infiltra-se do solo, ele se torna úmido e contem Assim, por exemplo,
ar nos macroporos (poros maiores que 0,05 mm de diâmetro) e água nos mi- o nitrogênio que está
croporos (poros menores que 0,05 mm). Esses poros menores funcionam como na forma de proteínas
finos tubos por isso são chamados de capilares. Por essa razão, o líquido nele sofre o processo de
contido é referido como água capilar, e fica retida no solo com tal força, que mineralização sendo
consegue por mais tempo manter-se nos poros, mes­mo contra a ação da força liberado na forma de
da gravidade. Contudo, essa força não é tão grande a ponto de impedir as raí- amônio (NH4+). Diz-se
zes de extraí-la, repre­sentando, portanto, um armazenamento a disposição das que o nitrogênio da
plantas e por isso denominada água disponível (LEPSCH, 2002, p.46). matéria orgânica está
sofrendo mineralização.
Da mesma maneira,
Água higroscópica seria uma água permanente no solo. Ela é retida a altas tensões, movi- o fósforo pode ser
mentando-se apenas no estado de vapor. Não é aproveitada pelas plantas. liberado da matéria
orgânica na forma de
fosfato. Essa liberação
é realizada pela ação
dos microrganismos
(fungos e bactérias) do
solo durante o processo
de decomposição.

◄ Figura 30: Cargas


elétricas na superfície
dos grãos minerais
atraem as moléculas de
água.
Fonte: Teixeira et al, 2000,
p. 145.

A água do solo contém pequenas e variáveis quantidades de sais minerais, oxigênio e gás
carbônico, formando uma solução diluída, conhecida como solução do solo, onde os nutrientes
absorvidos aos colóides tornam-se disponíveis às plantas.
O grau de acidez do solo é medido pela concentração de hidrogênio iônico (H+) da solução
do solo e expresso pelo símbolo pH (potencial de hidrogênio). A escala de pH vai de zero a 14;
sete é o ponto médio, ou seja, quando o pH é neutro. Acima de sete, a faixa é alcalina; abaixo de
sete, a faixa é ácida.
O ar situa-se nos poros (ou vazios) do solo, tanto entre agregados (normalmente macropo-
ros), como entre partículas unitárias de argila e silte (normalmente microporos). Cerca de 70% do
ar é composto do gás nitrogênio. No entanto, ele não pode ser diretamente aproveitado pelas
plantas antes de ser transformado em íons. Uma das formas é através das bactérias, parte da ma-
téria orgânica do solo, que fixam nitrogênio desse ar e o incorporam aos colóides e à água do solo.

37
UAB/Unimontes - 2º Período

De acordo com Lepsch (2002, p.24) a morfologia do solo significa o estudo da sua aparên-
cia no meio ambiente natural, descrição dessa aparência segundo as características visíveis a
olho nu, ou prontamente perceptíveis.
As principais são: cor, textura, estrutura, consistência e espessura dos horizontes.

Cor

A cor é característica mais notada, por ser de fácil visualização. Podem significar a presença
de certos constituintes dos solos como a matéria orgânica argila, ferro, calcário. Nota-se que é
possível avaliar a dinâmica de água no solo por meio das cores, também se pode relacionar as
presenças de certos constituintes e verificar a sua fertilidade. Em geral, os solos mais claros ten-
dem a ser mais arenosos e a cor branca esta associada a sua fertilidade. Solo com tonalidades
mais escuras podem estar indicando a presença de matéria orgânica.

BOX 2

A cor deve ser descrita por comparação com uma escala padronizada. A mais usada é a
“Tabela Munsell”, que consiste em perto de 170 pequenos retângulos com colorações diver-
sas, arranjadas sistematicamente num livro de folhas destacáveis. A anotação da cor do solo
é feita comparando-se um fragmento ou torrão, de um deter­minado horizonte, com esses re-
tângulos. Uma vez que se ache o de colorido mais próximo, anotam-se os três elementos bási-
cos que compõem uma determinada cor:
• Matiz - cor “pura” ou fundamental de arco-íris, determinada pelos comprimentos de onda
da luz, que é refletida na amostra (por exemplo, vermelho, amarelo etc.).
• Valor - medida do grau de claridade da luz ou tons de cinza presentes (entre branco e
preto) variando de 0 (para o preto absoluto) a 10 (para o branco puro).
• Croma - proporção da mistura da cor fundamental com a tonalidade de cinza, também
variando de 0 a 10.

Fonte: (LEPSCH, 2002, p. 27).

Figura 31: Tabela ►


Munsell
Fonte: Lepsch, 2002, p.27.

Os matizes usados estão entre o R (de Red = vermelho), significando 100%, (dessa cor); Y (de
Yelow = amarelo), significando 100%; e YR (de Yelow-Red = vermelho-amarelo), significando uma
mistura de 50% de vermelho e 50% de amarelo (LEPSCH, 2002, p. 27) (Figura 31).

Textura

A textura do solo é estudada pela análise granulométrica. As partículas do solo são: areia, sil-
te e argila. Após ter sido feita a análise granulométrica deve-se transferir os resultados analíticos
para um diagrama triangular, em que as diferentes classes texturais estão delimitadas, de acordo
com proporções de areia total, silte e argila (Figura 32).

38
Geografia - Fundamentos de Geologia II

Algumas propriedades do solo são dependentes da textura. Os solos mais arenosos tendem
a ter baixa capacidade de retenção de água e baixa coesão das partículas, o que os tornam mais
susceptíveis a erosão. Os solos mais ou menos argilosos e argilosos tendem a ter alta capacidade
de retenção de água e alta coesão das partículas, boa estruturação, menos susceptíveis a erosão
(LEPSCH, 2002).

◄ Figura 32: Diagrama


triangular
Fonte: Lepsch, 2002, p.29.

Quanto aos solos muito argilosos, estes apresentam problemas de circulação de água devi-
do à baixa permeabilidade, sendo, então, susceptíveis a erosão. A textura é uma das proprieda-
des mais importantes, pois refletirá em todas as demais.

Estrutura
É o aspecto do conjunto dos torrões que aparecem naturalmente no solo, ou seja, é o arran-
jamento do material sólido inorgânico e orgânico formando agregados (Figura 33).

◄ Figura 33: Alguns


dos diferentes tipos
de estrutura do solo.
Acima, da esqueda
para direita: (a)
prismática, (b) colunar,
(c) blocos angulares
e subangulares, (d)
laminar e (e) granular.
Fonte: Lepsch, 2002, p.31.

Quanto ao tipo, as unidades estruturais são classificadas em:


• Granular: tem o aspecto de esferas/ arredondadas
• Laminar: quando as dimensões horizontais excedem as verticais
• Prismática: quando as dimensões verticais excedem as horizontais
• Colunar: quando as dimensões verticais excedem as horizontais

39
UAB/Unimontes - 2º Período

Consistência

Figura 34: Mecanismos ► É a resistência dos torrões a alguma força que


que são importantes na tende a rompê-los. Consistência do solo vai variar de
formação dos solos acordo com os teores de umidade, matéria orgânica,
Fonte: Melfi e Montes, quantidade e natureza do material coloidal, estrutura
2008, p. 114.
e com o tipo de cátion absorvido. A consistência pode
ser determinada em três estados padronizados: seco,
úmido e molhado (LEPSCH, 2002).
a. molhado - para estimar a plasticidade e pega-
josidade;
b. úmido - para estimar friabilidade;
c. seco - para estimar a dureza ou tenacidade.

Devem-se salientar, também, quatro mecanismos


que são importantes na formação dos solos (Figura
34).

Adição: Refere-se a tudo aquilo que entra no per-


fil do solo vindo do mundo exterior.
Transformação: Diz respeito a toda modificação
química, física ou biológica dos constituintes do solo.
Translocação: Envolve todo o transporte seletivo
no interior dos perfis, quer seja de constituintes resi-
duais, ou importados, quer em movimentos descendentes e ascendentes.
Remoção: Envolve as perdas em três grupos principais: a partir da superfície, em profundi-
dade e em migrações laterais.

Perfil dos solos

O perfil dos solos é formado por camadas de diferentes composições químicas, tamanho de
partículas e teor de matéria orgânica. Observamos que o perfil do solo é caracterizado por várias
zonas designadas como horizontes: O, A, E, B e C, partindo da superfície, vistas pela seção verti-
cal, através do solo, englobando a sucessão de horizontes ou camadas. (Figura 35).

Figura 35: Horizontes ►


do solo
Fonte: Lepsch, 2002, p.20.

O: Camada ou horizonte superficial, formada em condições de boa drenagem, constituí-


da de material vegetal depositado na superfície de solos minerais. Esses solos estão presentes
em locais não revolvidos periodicamente para agricultura. Recebe vários nomes populares, tais
como: serrapilheira, liteira, palhada.
A: O horizonte A é a camada dominantemente mineral mais próxima da superfície; é o elu-
vial, sujeito à ação direta do clima; geralmente é fofo, mais intensamente alterado e contendo a
vida bacteriana.

40
Geografia - Fundamentos de Geologia II

E: Horizonte mineral resultante da perda de minerais de argila, composto de ferro (Fe); de


alumínio (Al) e de matéria orgânica (MO) separadamente em combinações. Apresenta coloração
mais clara, devido à saída do Fe e da matéria orgânica.
B: Horizonte mineral, originado por transformações relativamente acentuadas do material
de origem e/ou ganho de constituintes minerais ou orgânicos migrados de horizontes superio-
res. É uma camada de máxima iluviação.
C: O horizonte C é zona que conserva a estrutura da rocha. Corresponde ao saprólito, ho-
rizonte ou camada mineral de material inconsolidado, pouco afetado pelos processos pedoge-
néticos.

2.4 Importância e preservação


do solo e interação entre os
processos terrestres
O solo pode ser considerado como um dos elementos mais importante da natureza para a
sobrevivência da vida humana no planeta, pois além de servir de suporte para as plantas, tem a
função vital de fornecer nutrientes para seu desenvolvimento. Funciona também como armaze-
nador de água no subsolo. Ocorre a infiltração da água que abastece os rios e lagoas e até arma-
zena o gás carbônico causador do tão falado efeito estufa.
Para Melfi e Montes (2008), a área continental da terra é de aproximadamente 13,5 bilhões
de hectares e, desse total, 11,5 bilhões são recobertos por solos. Contudo, somente 22% da su-
perfície apresentam propriedades e atributos apropriados para o uso agrícola. Os 78% consti-
tuem solos representam solos com problemas para a utilização agrícola.
A repartição desses solos agrícolas não é homogênea, os países ricos detêm a maior parte,
e são utilizados de forma intensa e produzem excedentes agrícolas. Já os países em desenvolvi-
mento, os países da zona tropical, possuem problemas na produção agrícola. Dois fatores contri-
buem para essa situação: área de grande concentração populacional o que gera maior demanda
por alimento e solos com serias restrições para uma boa produção agrícola, por razões climáticas,
relevo, solos velhos, frágeis, empobrecidos quimicamente. Assim, tais solos necessitam de práti-
cas e manejos específicos.
Neste contexto, se as práticas adotadas não forem bem conduzidas, isso pode acarretar a
degradação do solo.
Para Lima e Guilherme (2003), o termo degradação refere-se ao afastamento da condição
natural do solo no sentido de reduzir, em termos quantitativos e qualitativos, a capacidade atual
e futura de suporte para a produção vegetal e qualidade de água. A degradação dos solos pode
ser erosiva, através da erosão eólica (vento) e hídrica (água), e não erosiva, pela diminuição da
fertilidade, teor de matéria orgânica, aumento da acidez, aumento da quantidade de compostos
utilizados em plantas e em animais, compactação, etc.
Quando o solo fica exposto, há uma série de fatores que tendem a depauperá-lo. O tipo de
clima e os aspectos da topografia podem variar a velocidade com que este depauperamento se
processa. De acordo com Lepsch as causas de depauperamento do solo são:

41
UAB/Unimontes - 2º Período

BOX 2
Causas de depauperamento do solo

• Empobrecimento químico e lixiviação provocada pelo esgotamento causado pelas co-


lheitas e pela lavagem vertical de nutrientes da água que se infiltra no solo, bem como
pela retirada de elementos nutritivos com as colheitas. Os nutrientes retirados, quando
não repostos, são comumente substituídos por elementos tóxicos.
• Erosão hídrica e a remoção e transporte dos horizontes superiores do solo pela água.
Inicia-se com o salpico de gotas de chuva diretamente sobre a superfície desprotegida
(recém­revolvida, por exemplo) e continua com a formação de enxurradas que formam
sulcos de diversas proporções.
• Erosão eólica e a remoção e deposição ao do solo pelo vento, formando grandes nuvens
de poeira.
• Excesso de sais ou salinização: processo de acúmulo, em excesso, de sais na solução do
solo prejudicando, ou mesmo impedindo, o desenvolvimento da vegetação.
• Degradação física e a mudança adversa em atributos físicos, tais como porosidade, per-
meabilidade e densidade. Uma forma comum é a formação de uma camada compactada,
com cerca de 10 a 30 cm, imediatamente abaixo do horizonte Ap, ocasionada pela fricção
e implementos agrícolas (popularmente denominado “piso do arado” ou “pé de grade”).
• Degradação biológica e o grande aumento da taxa de decomposição do húmus, quando
não há reposição do mesmo.

Fonte: (LEPSCH, 2002, p. 153).

Para Lima e Guilherme (2003), as principais atividades responsáveis pela degradação são:
superpastejo (34,5%); desmatamento (29,45%); agropecuária (28,10%); exploração da vegetação
para fins domésticos (6,8%) e atividades industriais (1,2%), quando realizadas de forma inade-
quada. (Nóbrega, 2003).
Erosão é a desagregação e transporte de material de solo pela água ou vento (GUERRA,
1995). Solos com elevado grau de erosão chegam a perder toda a camada superficial.
Segundo Guerra (1995), é preciso conhecer como a água executa seu trabalho de remoção,
transporte e deposição de sedimentos, para adoção de técnicas de conservação dos solos. A ero-
são dos solos não causa problemas apenas nas áreas onde ocorre; ela pode reduzir a fertilidade
dos solos e criar ravinas e voçorocas, o que torna, às vezes, impossível a utilização agrícola do
terreno erodido.

Figura 36: Voçoroca ►


Fonte: OLIVEIRA, R.I.C.de,
2007, p. 80.

42
Geografia - Fundamentos de Geologia II

O vento também representa importante agente causador de erosão, porém é mais comum
em áreas mais secas, sem árvores, onde o solo é mais exposto (LIMA; GUILHERME, 2003).
De acordo com Lepsch (2002), a degradação dos solos pode ter uma série de causas. A ero-
são é uma delas. Ocorre, contudo, que a erosão pode ter outras causas, como a acidificação, a
acumulação de metais pesados, a redução de nutrientes no solo, a redução de matéria orgâni-
ca, etc. Muitas vezes a erosão é colocada como sinônimo de degradação dos solos. Isso ocorre,
talvez, por ser uma das principais causadoras da degradação, tanto por promover uma série de
consequências danosas ao solo, quanto por sua vasta distribuição espacial na superfície terrestre
na atualidade.
A erosão acelerada é o maior risco para a manutenção da fertilidade dos solos, em longo
prazo (GUERRA, 1995). Além disso, ela reduz a profundidade do solo e pode, algumas vezes,
remover o solo inteiro. A erosão do topo do solo significa perda do horizonte A, que contém a
maior parte dos nutrientes utilizados pelas plantas, a maioria da matéria orgânica existente nos
solos e, além disso, a melhor estrutura para o desenvolvimento das raízes.
A erosão causa, quase sempre, uma série de problemas ambientais, em nível local ou, até
mesmo, em grandes áreas. Por exemplo, o material que é erodido de uma bacia hidrográfica
pode causar o assoreamento de rios e reservatórios. Além disso, as partículas transportadas pela
água, em uma área agrícola, podem estar impregnadas de defensivos agrícolas e contaminar as
águas dos rios. O desmatamento e a erosão dos solos podem provocar o desaparecimento de
mananciais, bem como acentuar os efeitos das inundações.
Verificando as figuras 37 e 38, podemos compreender como o mau uso dos recursos natu-
rais leva à degradação dos solos.

◄ Figura 37: Uso


inadequado do solo
Fonte: Disponível em:
<http://www.ceplac.gov.
br/radar/conservacaoso-
lo.htm> acesso em 11 de
ago. 2013.

Veja os significados das numerações da figura 37: (*) 1. Terreno desmatado. 2. Terreno cul-
tivado morro abaixo. 3. Assoreamento de rios e açudes. 4. Erosão com voçoroca invade terras
cultivadas. 5. Êxodo rural. 6. Lavouras cultivadas sem proteção. 7. Pastagem exposta à erosão. 8.
Inundações.

◄ Figura 38: Prevenção e


Reconstituição
Fonte: Disponível em:
<http://www.ceplac.gov.
br/radar/conservacaosolo.
htm> acesso em 11 de
ago. 2013.

Veja os significados das numerações da figura 38: (*) 1. Terreno com exploração florestal. 2.
Terreno cultivado em curva de nível e outras práticas conservacionistas. 3. Rios e açudes livres de
assoreamento. 4. Culturas com práticas conservacionistas. 5. Desenvolvimento de comunidades
agrícolas. 6. Áreas de pastagens protegidas contra a erosão. 7. Áreas de pastagens protegidas. 8.
Inundações controladas e áreas agrícolas reaproveitadas.

43
UAB/Unimontes - 2º Período

Diante disso, a conservação do solo, na agricultura ou pecuária, é o conjunto de práticas


aplicadas para promover o uso sustentável do solo para o plantio (LIMA; GUILHERME, 2003). Em
qualquer tipo de agricultura e pecuária existe uma série de precauções que devem ser observa-
das para proteger o solo e são denominadas práticas conservacionistas.
As práticas conservacionistas se distinguem em práticas de caráter edáfico, mecânico e ve-
getativo (LEPSCH, 2002).
Práticas de caráter edáfico estão relacionadas ao solo em si e baseiam-se em três princípios:
eliminação ou controle das queimadas, adubações (incluindo calagem) e rotação de culturas
(Lepsch, 2002).
As práticas de caráter vegetativo visam controlar a erosão pelo aumento da cobertura ve-
getal do solo, com o reflorestamento, formação e manejo adequado de pastagens, cultivos em
faixas, controle das capinas, faixas de árvores formando quebra-ventos e cobertura do solo com
palha ou acolchoamento (LEPSCH, 2002).
Práticas de caráter mecânico são as que dizem respeito à conservação dos solos com uso
de máquinas. Em geral, produzem alterações no relevo. Podemos citar o preparo e o plantio em
nível e terraços. Segundo Guerra (1995), curvas de nível podem reduzir em até 50% a perda de
solo, se comparado com o plantio de alto a baixo, na encosta.
Alguns exemplos de práticas de conservação dos solos (SCHULTZ, 1978):
a. Plantio em nível: plantio em nível ou em contorno é uma das práticas mais simples de
conservação do solo. Ela se torna mais eficiente em áreas de topografia mais suave e sua
eficiência em controlar a erosão está nos pequenos sulcos de aração e plantio em sentido
perpendicular ao sentido do declive.
b. Cultivo em faixas: quando a topografia requer maior eficiência na conservação do solo, a
combinação do cultivo em faixas de retenção, em nível, pode manter o solo em bom esta-
do de conservação e a produtividade das culturas.
c. Terraceamento: em situações de declives mais acentuados (até cerca de 20%), os terraços
são as práticas de conservação mais eficientes no controle da erosão.
d. Canais escoadouros: mesmo com a adoção de plantio em nível, cultivo em faixas e terra-
ceamento, torna-se às vezes necessária a adoção de canais escoadouros para o escoamen-
to seguro da água nas encostas.
e. Quebra ventos: a erosão eólica pode ser reduzida se o solo for protegido do vento.
f. Cultivo conservacionista: método de cultivo convencional via de regra, requer o uso in-
tensivo de máquinas e equipamentos para as operações de preparo, plantio e controle de
ervas daninhas. Mais recentemente, a evolução nos herbicidas e equipamentos agrícolas
tem levado à adoção de práticas de cultivo que protegem o solo contra a erosão. O cultivo
mínimo é uma prática que utiliza menos operações mecanizadas para controle de ervas
daninhas e preparo do solo para o plantio.

O solo é produto da interação entre as esferas terrestres: litosfera, hidrosfera, atmosfera e


biosfera (MELFI e MONTES, 2008).

Litosfera

Como vimos em Fundamentos de Geologia I, a constituição básica da litosfera são rochas


silicatadas. Essas rochas, por sua vez, estão sujeitas a ação dos processos de intemperismo. A for-
mação do solo é influenciada pela rocha que, consequentemente, está relacionada por sua com-
posição mineralógica, textura e estrutura, entre outros. O solo pode agir sobre a rocha, influen-
ciando o desenvolvimento do intemperismo, através do suprimento de água para o processo. O
solo também interfere na formação do relevo, pois existe uma correlação entre a pedogênese e a
geomorfogênese. O solo também pode ser um fator importante na formação de rochas e jazidas
minerais.
As propriedades hídricas e mecânicas dos solos influem nos movimentos de massa e nos
processos erosivos. Tais fenômenos são importantes, principalmente em regiões tropicais, na for-
mação dos relevos. Por exemplo, em áreas onde há solos expressos, e altos índices de precipita-
ção e estão associados a relevos íngremes, pode ocorrer deslizamento de terra e danos ambien-
tais significativos. Os materiais originados do solo e transportados em solução pelos agentes de
denudação podem ser matéria prima para a formação de rochas sedimentares.

44
Geografia - Fundamentos de Geologia II

Hidrosfera

A água pode ser considerada como um dos principais agentes do intemperismo e da pedo-
gênese. Ela desempenha um papel relevante na gênese e evolução do solo. As propriedades físi-
cas do solo, como estrutura, textura e compactação podem interferir nas relações quantitativas
entre as águas que infiltram e escoam no solo. Quando os solos são impermeáveis a tendência é
aumentar a quantidade de água de escoamento. Assim, o solo estará contribuindo para aumento
dos processos erosivos. Provocando, então o assoreamento de rios, lagos, barragens, entre ou-
tros. A água que infiltra no solo é essencialmente comandada pela gravidade. Contudo, determi-
nadas propriedades físicas do solo, podem permitir que ela fique retida no interior do solo. Essa
água poderá ser utilizada pelas plantas. A partir das características químicas da água, percebe-se
a influência do solo na hidrosfera. Ao infiltrar no solo, a água pode incorporar gases e elementos
provindos das relações entre as soluções do solo e dos compostos minerais ou orgânicos.

Atmosfera

O solo tem relação estreita com a atmosfera. O solo tem uma atmosfera própria, na qual se
interrelaciona com a atmosfera terrestre através de constante troca de gases e vapor d água e de
energia. Por exemplo, o nível de acidez associado à precipitação de chuvas ácidas podem influir
nas propriedades da atmosfera. Outro fato importante é que a água líquida que existe nos solos
pode passar para a atmosfera na forma de vapor d’água. Nesse sentido, quando ocorre o aumen-
to da temperatura, por conseguinte ocorrerá um aumento na umidade relativa do ar.

Biosfera

O solo exerce sobre a biota uma influência significativa, pois as plantas necessitam de nu- Atividade
trientes (macro e micronutrientes) que estão no solo para o seu crescimento vegetal. Há so-
Como as práticas de
los que, por natureza, são solos ricos em elementos nutrientes, são solos jovens, encontrados conservação reduzem
principalmente em climas temperados frios e quentes sobre rochas ricas em bases, como, por a erosão do solo? Poste
exemplo, os basaltos, anfibolitos, etc. Já os solos desenvolvidos em áreas tropicais úmidas e sua resposta no fórum.
equatoriais e formados sobre rochas ácidas geralmente são mais pobres em macronutrientes, ne-
cessitando assim de corretivos e fertilizantes. Os solos são influenciados pela mesofauna e os mi-
croorganismos. Os baixos índices de matéria orgânica do solo caracterizam pouca disponibilida-
de de carbono e nitrogênio. Solos úmidos e bem drenados permitem um bom desenvolvimento
das plantas, enquanto que solos, mal drenados e mal arejados podem trazer vários problemas
para o desempenho dos vegetais. O pH do solo influencia a biota, por exemplo, solos com va-
lores elevados de pH,podem dificultar a disponibilidade de Fe, Mg e Zn, já valores baixos de pH
podem tornar o Ca e Mo mais disponíveis. Outro fator importante é que a temperatura do solo
pode influenciar na germinação de sementes e o crescimento das raízes.

Referências
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45
UAB/Unimontes - 2º Período

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SCHULTZ, L. A. Métodos de conservação de solo e água. Porto Alegre, 1978.

SUGUIO, Kenitiro. Rochas Sedimentares: Propriedades, Gênese, Importância Econômica. São


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TEIXEIRA, Wilson. TOLEDO, M. Cristina Motta. FAIRCHILD, Thomas Rich. TAIOLI, Fabio. Decifrando
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46
Geografia - Fundamentos de Geologia II

Resumo
Unidade 1

1. O vulcanismo ocorre quando um magma ascende até a superfície da Terra. Os materiais


produzidos pelas atividades vulcânicas podem ser divididos em três grupos: lavas, materiais piro-
clásticos e gases vulcânicos. A grande maioria de vulcões está relacionada à tectônica de placas.
Grande parte dos vulcões encontra-se agrupada na área do Circulo do Fogo. Somente alguns no
interior da placas.
2. No Brasil, atualmente, não há nenhum vulcão ativo. Mas ocorreram manifestações vulcâ-
nicas no passado. É importante frisar o vulcanismo ocorrido entre as eras Mesozóica e Cenozóica.
3. As intrusões podem ser concordantes e discordantes, com base em sua relação com as
estruturas das rochas em que penetram. As intrusões concordantes são aquelas que se dispõem
entre as camadas das rochas encaixantes, são paralelas às camadas. Já as intrusões discordantes
são os corpos magmáticos que cortam as camadas das rochas de encaixe.
4. Os dobramentos e falhamentos são as deformações mais comuns em rochas sedimenta-
res, metamórficas e ígneas que compõem a crosta terrestre. Há vários tipos de dobras e falhas.
5. Os terremotos são vibrações das camadas da crosta da Terra. As escalas mais conhecidas
são: escala de Richter, de magnitude e escala de Mercalli Modificada, de intensidade. A maioria
dos autores comenta que o padrão de ocorrência de atividade sísmica mundial está concentrado
nos limites das placas tectônicas.
6. A síntese científica que levou à tectônica de placas vem dos estudos elaborados por Al-
fred Wegener, sobre a Deriva dos Continentes. Wegener juntou evidências nos vários campos da
ciência para defender sua teoria. Há aproximadamente 12 grandes placas e existem três tipos de
limites de contato entre elas. Limites convergente, divergente e conservativo. Acredita-se que o
movimento das placas tectônicas seja decorrente da convecção do manto, cuja energia vem do
calor interno da Terra.

Unidade 2

1. Os solos são formados em decorrência da dinâmica externa da crosta terrestre. Dois pro-
cessos agem na formação do solo: intemperismo e pedogênese. O intemperismo é o conjunto
de modificações de ordem física (desagregação) e química (decomposição) que as rochas sofrem
ao aflorar na superfície da Terra. Pedogênese é o processo de formação das camadas do solo,
onde o solo é considerado como um objeto em si próprio, não se preocupando de imediato com
sua aplicação prática.
2. Na formação dos solos deve-se frisar o estudo dos fatores de formação dos solos. Cinco
fatores principais: a) clima, b) organismos, c) material de origem, d) relevo, e) idade da superfície
do terreno. Na formação do solo é importante frisar os quatro componentes que constituem os
solos: substancias minerais, matéria orgânica, água e ar.
3. A morfologia do solo significa o estudo da sua aparência no meio ambiente natural, des-
crição dessa aparência segundo as características visíveis a olho nu, ou prontamente perceptí-
veis. As principais são: cor, textura, estrutura, consistência e espessura dos horizontes. Devem-se
salientar também quatro mecanismos que são importantes na formação dos solos.
4. O perfil do solo é caracterizado por várias zonas designadas como horizontes: O, A, E, B e
C, partindo da superfície, vistas pela seção vertical, através do solo, englobando a sucessão de
horizontes ou camadas.
5. A área continental da terra é de aproximadamente 13,5 bilhões de hectares e desse total
11,5 bilhões são recobertos por solos. Contudo, somente 22% da superfície apresentam proprie-
dades e atributos apropriados para o uso agrícola. Os 78% constituem solos representam solos
com problemas para a utilização agrícola. Quando o solo fica exposto, há uma série de fatores
que tendem a depauperá-lo. O tipo de clima e os aspectos da topografia podem variar a veloci-
dade com que esse depauperamento se processa.
6. Em qualquer tipo de agricultura e pecuária existe uma série de precauções que devem ser
observadas para proteger o solo são denominadas práticas conservacionistas. As práticas conser-
vacionistas se distinguem em práticas de caráter edáfico, mecânico e vegetativo. O solo é produ-
to da interação entre as esferas terrestres: litosfera, hidrosfera, atmosfera e biosfera.
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Geografia - Fundamentos de Geologia II

Referências
Básicas

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Paulo: Edgard Blucher, 1980.

Complementares

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Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.

GUERRA, A. T. GUERRA, A. J. T. Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico. Rio de Janeiro:


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LEINZ, V.AMARAL, S. S. Geologia Geral. São Paulo: Editora Nacional, 2003.

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Impacto Ambiental: Solo. LAVRAS/FAEPE, P.69, 2003.

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Blucher, 1981.

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mundial e brasileira. In: MACHADO, R. (Org.). As Ciências da Terra e sua importância para a
Humanidade – A contribuição brasileira para o Ano Internacional do Planeta Terra – AIPT. São
Paulo: Sociedade Brasileira de Geologia, Livros Textos, 2008.

MELFI, Adolpho José; MONTES, C. R. Solo e Ambiente. In: Rômulo Machado. (Org.). As ciências
da Terra e sua importância para a Humanidade. 1 ed. São Pulo: Sociedade Brasileira de Geologia,
2008, v. , p. 107-126.

OLIVEIRA, Rachel I. C. Diagnóstico do Sistema Ambiental da Bacia Hidrográfica do Alto Via-


mão, Mato Verde – MG. 2007.126f. Dissertação (Mestrado em Geografia) Instituto de Geografia,
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2007.

PRESS, F, SIEVER R., GROTZINGER, J. & JORDAN, T. H. Para Entender a Terra. Tradução Rualdo
Menegat, 4. ed. Porto Alegre: bookman, 2006, 656 p.

TEIXEIRA, Wilson. TOLEDO, M. Cristina Motta. FAIRCHILD, Thomas Rich. TAIOLI, Fabio. Decifrando
a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.

Suplementares

BERRY, L.G. & MASON, B. Mineralogy: concepts, descriptions, determinations. California, USA:
Freeman, 1956.

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UAB/Unimontes - 2º Período

MARQUES, João José; FERNANDES, Luiz Arnaldo; SILVA, Marx Leandro Naves; et aL. Solo no con-
texto ambiental. UFLA/FAEPE, 2001.

NÓBREGA, Rafaela Simão Abrahão; NÓBREGA, Júlio Cézar Azevedo. Fixação biológica de nitrogê-
nio, na recuperação de áreas degradadas e na produtividade de solos tropicais. Informe Agro-
pecuário. Belo Horizonte, v. 24, n. 220, p. 64-72, 2003.

POPP, José Henrique. Geologia Geral. Livros técnicos e científicos. Rio de Janeiro, 1981.

SCHULTZ, L. A. Métodos de conservação de solo e água. Porto Alegre, 1978.

Sites consultados e sugeridos

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arquivos/76295_20080603084510.pdf > Acesso em 11 de ago. 2013.

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Nacional_de_Yellowstone > Acesso em 22 de fev. 2014.

Perfil esquemático representando o foco ou hipocentro e epicentro. Disponível em <http://mi-


guelcorreia25.googlepages.com/Falha.jpg/Falha-full;init:.jpg> Acesso em 11 de ago. 2013.

Uso inadequado e adequado do solo. Disponível em <http://www.ceplac.gov.br/radar/conserva-


caosolo.htm> Acesso em 11 de ago. 2013.

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Geografia - Fundamentos de Geologia II

Atividades de
Aprendizagem - AA
1) Com relação aos vulcões, é INCORRETO afirmar:

a) ( ) Os gêiseres são jatos de água quente e vapor em rupturas de terrenos vulcânicos.


b) ( ) Uma grande parte dos vulcões encontra-se agrupada na área apelidada de Círculo do
Fogo, ao longo do litoral do Oceano Pacífico.
c) ( ) Aproximadamente 80% dos vulcões encontram-se nas zonas de limites divergentes.
d) ( ) Para alguns autores, o vulcanismo que ocorre no interior das placas é devido aos pontos
quentes (Hot Spot).

2) Qual a diferença entre falha normal e inversa?

3) Com relação ao Brasil, assinale a alternativa INCORRETA.

a) ( ) Atualmente, não possui nenhum vulcão ativo, mas ocorreram manifestações vulcânicas
no passado.
b) ( ) Na Era Mesozóica, observou-se a ocorrência de atividades vulcânicas relacionadas com
rochas alcalinas.
c) ( ) No Éon Arqueano, o Brasil foi atingido por uma das mais espetaculares atividades vulcâ-
nicas do mundo, cujas lavas atingiram aproximadamente 1 milhão de km2 . Aproximadamente
todo o Sul do Brasil, na bacia do Paraná, sofreu os efeitos do derrame basáltico.
d) ( ) Partindo do vulcanismo mais recente para o mais antigo, é interessante ressaltar o vulca-
nismo responsável pela formação das Ilhas do Atlântico brasileiro, tais como Fernando de Noro-
nha, Trindade, rochedos de São Pedro e São Paulo e de Abrolhos, ocorridos, na Era cenozóica.

4) Sobre terremotos, assinale a afirmação INCORRETA .

a) ( ) O sismólogo Richter, em 1935, formulou um método para determinar a força de um terre-


moto. Essa força é estimada pela sua magnitude.
b) ( ) Há também os terremotos intraplaca. Esses são mais raros e a maioria ocorre nos continen-
tes.
c) ( ) A maioria dos autores comenta que o padrão de ocorrência de atividade sísmica mundial
está concentrado nos limites das placas tectônicas.
d) ( ) O local abaixo da crosta onde o terremoto é produzido denomina-se epicentro, e o ponto
sobre a superfície, vertical ao foco, é o foco ou hipocentro.

5) Descreva as várias camadas em um perfil de um solo.

6) Classifique as práticas de conservação dos solos e exemplifique.

7) Quais são os fatores de formação dos solos?

8) Sobre a origem e formação dos solos, leia atentamente as questões abaixo e marque (V) se a
afirmativa for verdadeira ou (F) se for falsa.

( ) O Intemperismo só pode ser causado por processos puramente físicos ou químicos.


( ) O intemperismo biológico age no sentido de ajudar os processos físicos e químicos.
( ) A pedogênese é o processo de formação das camadas dos solos.
( ) Material de origem são todos os materiais orgânicos e minerais intemperizados ou não dos
quais os solos são formados, sendo assim, os solos formados de arenito serão iguais em qualquer
região.
( ) Altitudes elevadas favorecem o acúmulo de matéria orgânica e influencia na profundidade e
cor dos horizontes.
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UAB/Unimontes - 2º Período

9) Cite as principais causas de degradação dos solos.

10) Sobre as práticas de conservação do solo, marque a alternativa INCORRETA.

a) ( ) Plantio em nível ou em contorno é mais eficiente em áreas de topografia mais suave.


b) ( ) Cultivo em faixas refere-se à combinação do cultivo em faixas e de retenção em nível,
mantendo o solo em bom estado de conservação e a produtividade das culturas.
c) ( ) O terraceamento é utilizado em situações de declives mais acentuados (até cerca de 20%).
d) ( ) Os terraços são as práticas de conservação menos eficientes no controle da erosão.
e) ( ) O cultivo mínimo é uma prática que opera menos operações mecanizadas para controle
de ervas daninhas e preparo do solo para o plantio.

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