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ÀKÀSÀ, ACAÇÁ OU EKÓ

SEU SIGNIFICADO:

As definições mais elementares do acaçá, dizem que se trata de uma pasta de milho branco
ralado ou moído, envolvida ainda quente, em folha de bananeiras. A definição é correta, mas
extremamente superficial, já que o acaçá é de longe a comida mais importante do candomblé.
Seu preparo e forma de utilização nos rituais de oferendas envolvem preceitos e bem rígidos,
que nunca podem deixar de ser observados.

Todos os Òrìsàs, de Èsú à Òòsááláá, recebem acaçá. Todas as cerimonias, do ebó mais simples
aos sacrifícios de animais, levam acaçá. Em rituais de iniciação, de passagem, em tudo mais
que ocorra em uma casa de candomblé, só acontece com a presença do acaçá. A pasta branca
à base de milho branco, chama-se eco (èko), depois de envolvida na folha de bananeira, aí sim,
será acaçá. O acaçá, é um corpo, símbolo de um ser. A única oferenda que restitui e redistribui
o àse. O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida; e por ser o
grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do
seio da vida, tornou-e a comida e predileção de todos os Orixás.

Nem todas as palavras do mundo são suficientes para decifrar o valor de um acaçá. Basta
admitir que os segredos estão nas coisas mais simples para ver que muitos julgaram
insignificantes, a comida mais importante do candomblé, banalizando o sagrado e
privilegiando a intuição ao fundamento. Fato é que quem não faz um bom acaçá, não pode ser
considerado um bom conhecedor de candomblé; pois, as regras e diretrizes da religião dos
Orixás nunca foram ditadas pela intuição.

Constituem grandes fundamentos "cristalizados" ao longo de anos e anos de tradição. Aos


incautos vale afirmar que candomblé não é intuição, mas, fundamento sim, e fundamento se
aprende. Fundamento é o segredo compartilhado, o mistério sagrado, o detalhe que faz a
diferença e a prova de que ninguém pode enganar o Orixá. Aqui o grande fundamento é que o
sangue dos animais jamais pode jorrar sobre os ibás sem a presença do elemento pacificador,
pois, o acaçá simboliza a paz. Quando ofertado e retirado do seu invólucro verde, tornando-se
a comida de Oxalá que agrada a todos os orixás, a primeira oferenda que deve ser colocada
diretamente no assentamento, juntamente com o obi e a água, antes de qualquer sacrifício.

O acaçá deve permanecer fechado, imaculado até o momento de ser entregue ao Orixá, só
então é retirado da folha. É como se o sagrado tivesse que ficar oculto até a hora da oferenda,
prova de que o segredo é quase sempre um elemento consagrado. E o segredo do acaçá é
enrolar o ekó na folha de bananeira, é o que mantém um terreiro de candomblé, de pé.

"NÃO EXISTE ACAÇÁ QUE NÃO SEJA ENROLADO NA FOLHA DE BANANEIRA!"

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