Professional Documents
Culture Documents
Página 1 de 38
I – DA ADMISSIBILIDADE DE HABEAS CORPUS PARA TRANCAMENTO
DA AÇÃO PENAL.
Página 2 de 38
demonstra, ainda que de maneira sutil, a ligação entre sua
conduta e o fato delitivo.
3. No crime de autoria coletiva, não se exige uma
individualização pormenorizada das condutas
dos denunciados, contudo, imprescindível, sob
pena de inépcia formal da exordial acusatória,
que seja descrita a forma pela qual aquele agente
concorreu para a ocorrência do fato delituoso, ou
seja, deve-se demonstrar um mínimo de vínculo
entre o acusado e o crime a ele imputado (RHC
73.096/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 21/09/2017,
DJe 02/10/2017), sob pena de responsabilidade
penal objetiva e ofensa ao princípio da ampla
defesa. Em crimes societários ou de autoria coletiva, a
análise das condutas deve ser realizada levando-se em
consideração o conjunto da peça acusatória e dos
comportamentos ali contidos.
4. [...]
5. O delito tipificado no artigo 89 da Lei n. 8.666/1993,
pune a conduta de dispensar ou inexigir licitação fora das
hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as
formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade,
sendo, conforme entendimento desta Corte, crime
material que exige para a sua consumação a
demonstração, ao menos em tese, do dolo específico de
causar dano ao erário, bem como o efetivo prejuízo
causado à administração pública, devendo tais elementos
estarem descritos na denúncia, sob pena de ser
considerada inepta (RHC 87.389/PR, Rel. Ministro JOEL
ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
26/09/2017, DJe 06/10/2017).
Necessário que a denúncia descrevesse a forma
pela qual o recorrente teria, de qualquer modo,
concorrido para a dispensa indevida de licitação,
bem como seu dolo específico em causar prejuízo
ao erário público e o efetivo prejuízo à
Administração Pública, o que, todavia, não
ocorrera.
6. [...]
7. Para além da aptidão formal da denúncia,
devem estar igualmente presentes as condições
da ação, pressupostos processuais e justa causa
para o prosseguimento da ação penal, ou seja,
que estejam presentes indícios probatórios
mínimos quanto à autoria e materialidade
delitiva em compatibilidade com a imputação
constante da exordial acusatória, o que não se
verificou quanto ao crime previsto no artigo 96, I, da Lei
n. 8.666/93.
8. O crime previsto no artigo 312 do Código Penal pune a
conduta do funcionário público que, valendo-se das
facilidades de sua função pública, apropria-se de
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou o
desvia, em proveito próprio ou alheio. No caso, a
despeito da aptidão formal da denúncia, ausente
sua aptidão material (justa causa), pois
inexistentes elementos probatórios mínimos
quanto à prática de atos de colaboração para o
desvio de verbas públicas pelo recorrente a
possibilitar o prosseguimento da ação penal, haja
vista que o único ato a si imputado (subscrição)
não fora por ele perpetrado.
9. O crime previsto no artigo 299 do Estatuto Penalista
tipifica a conduta de "omitir, em documento público ou
particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que
Página 3 de 38
devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
relevante". O sujeito ativo deste crime é aquele que tenha
o dever jurídico de declarar a verdade.
10. A denúncia deveria ter descrito, em relação ao
ora recorrente, como este teria concorrido para a
omissão no documento público da declaração que
dele devia constar ou mesmo como teria
colaborado para a inserção de declaração falsa
daquela que deveria ter sido escrita, criando,
assim, obrigação para a Administração Pública, o
que, todavia, não ocorreu.
11. "Para caracterização do delito de associação
criminosa, indispensável a demonstração de
estabilidade e permanência do grupo formado
por três ou mais pessoas, além do elemento
subjetivo especial consiste no ajuste prévio entre
os membros com a finalidade específica de
cometer crimes indeterminados. Ausentes tais
requisitos, restará configurado apenas o
concurso eventual de agentes, e não o crime
autônomo do art. 288 do Código Penal" (HC
374.515/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
07/03/2017, DJe 14/03/2017). Ante o
trancamento da ação penal quanto aos crimes
que haviam sido imputados ao recorrente, resta
afastada, consequentemente, a imputação
quanto ao delito de associação criminosa, pois
ausente, quanto ao recorrente, uma de suas
elementares, qual seja, o objetivo de praticar
crimes.
12. Evidenciadas, de plano, a flagrante
atipicidade das condutas e a inépcia da exordial
no tocante ao recorrente, deve ser trancada a
ação penal, ressaltando-se a possibilidade de oferta de
nova denúncia, desde que atendidos os requisitos do art.
41 do CPP e com fundamento em fatos novos. Nesse
diapasão: RHC 82.377/MA, Rel. Ministro RIBEIRO
DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 10/10/2017, DJe
18/10/2017 e HC 131.678/MT, Rel. Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
14/02/2017, DJe 23/02/2017.
13. Recurso Ordinário em habeas corpus provido
para determinar o trancamento da ação penal n.
2729-84.2016.8.10.0001, em relação ao ora
recorrente, sem prejuízo de oferecimento de nova peça
acusatória desde que sanados os vícios formais e
materiais aqui reconhecidos.
(RHC 74.812/MA, Rel. Ministro JOEL ILAN
PACIORNIK, Rel. p/ Acórdão Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
21/11/2017, DJe 04/12/2017)
Página 4 de 38
HABEAS CORPUS - IMPOSSIBILIDADE - PEDIDO
INDEFERIDO. INQUÉRITO POLICIAL -
UNILATERALIDADE - A SITUAÇÃO JURÍDICA DO
INDICIADO. - O inquérito policial, que constitui
instrumento de investigação penal, qualifica-se como
procedimento administrativo destinado a subsidiar a
atuação persecutória do Ministério Público, que é -
enquanto dominus litis - o verdadeiro destinatário das
diligências executadas pela Polícia Judiciária. A
unilateralidade das investigações preparatórias da ação
penal não autoriza a Polícia Judiciária a desrespeitar as
garantias jurídicas que assistem ao indiciado, que não
mais pode ser considerado mero objeto de investigações.
O indiciado é sujeito de direitos e dispõe de
garantias, legais e constitucionais, cuja
inobservância, pelos agentes do Estado, além de
eventualmente induzir-lhes a responsabilidade
penal por abuso de poder, pode gerar a absoluta
desvalia das provas ilicitamente obtidas no curso
da investigação policial. PERSECUÇÃO PENAL -
MINISTÉRIO PÚBLICO - APTIDÃO DA
DENÚNCIA. O Ministério Público, para
validamente formular a denúncia penal, deve ter
por suporte uma necessária base empírica, a fim
de que o exercício desse grave dever-poder não se
transforme em instrumento de injusta
persecução estatal. O ajuizamento da ação penal
condenatória supõe a existência de justa causa,
que se tem por inocorrente quando o
comportamento atribuído ao réu "nem mesmo
em tese constitui crime, ou quando, configurando
uma infração penal, resulta de pura criação
mental da acusação" (RF 150/393, Rel. Min.
OROZIMBO NONATO). A peça acusatória deve
conter a exposição do fato delituoso em toda a sua
essência e com todas as suas circunstâncias. Essa
narração, ainda que sucinta, impõe-se ao acusador como
exigência derivada do postulado constitucional que
assegura ao réu o pleno exercício do direito de defesa.
Denúncia que NÃO descreve adequadamente o
fato CRIMINOSO É DENÚNCIA INEPTA.
Precedente. MOMENTO DE ARGÜIÇÃO DA
INÉPCIA DA DENÚNCIA. Eventuais defeitos da
denúncia devem ser arguidos pelo réu ANTES DA
PROLAÇÃO DA SENTENÇA PENAL, eis que a
ausência dessa impugnação, em tempo oportuno,
claramente evidencia que o acusado foi capaz de
defender-se da acusação contra ele promovida.
Doutrina e Precedentes. (...)
(STF - HC: 73271 SP, Relator: CELSO DE MELLO,
Data de Julgamento: 19/03/1996, Primeira Turma, Data
de Publicação: DJ 04-10-1996 PP-37100 EMENT VOL-
01844-01 PP-00060)
Página 5 de 38
preclusão QUANDO, como na espécie, aventada
APÓS A SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA, o
que somente não ocorre quando a sentença vem a
ser proferida na pendência de habeas corpus já
em curso. Precedentes. 4. Denúncia que contém "a
exposição do fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias", com adequada indicação da conduta
ilícita imputada aos recorrentes, de modo a propiciar a
eles o pleno exercício do direito de defesa (art. 41 do
Código de Processo Penal). 5. Hipóteses descritas no art.
252 do Código de Processo Penal. Rol taxativo. 6. Recurso
ao qual se nega provimento.
(STF - RHC: 98091 PB, Relator: Min. CÁRMEN
LÚCIA, Data de Julgamento: 16/03/2010, Primeira
Turma, Data de Publicação: DJe-067 DIVULG 15-04-
2010 PUBLIC 16-04-2010 EMENT VOL-02397-03 PP-
00938)
II - DOS FATOS
Página 6 de 38
1- DO SUPOSTO ESTELIONATO NO CEUB:
Página 7 de 38
Urge informar que o CEUB já funcionava por mais de dois anos
prestando relevantes serviços educacionais à sociedade de Petrópolis nos mais diversos
níveis de ensino infantil, fundamental, médio e técnico sem nenhuma reclamação de seus
clientes. Vejamos, Excelência nos comentários do Facebook o quanto a instituição CEUB
era bem quista pelos pais dos alunos. (doc. 06)
A denúncia não quis citar ou simplesmente omitiu os fatos, pois o
CEUB tinha vários alunos do ensino infantil, ensino médio, fundamental e técnico e não
somente os alunos da SNEPS (doc. 07).
Ocorre que o CEUB se viu obrigado a encerrar suas atividades tão
somente devido ter sido vítima da mídia local de maneira jocosa em 29/04/2016 (doc.
08), pois tal notícia levou todos os seus alunos oficiais a pedirem transferências para
outra unidade de ensino e a cada um foi providenciado o documento de transferência,
não sendo seu fechamento “de repente” como de forma inverídica a denúncia alega.
Assim, toda a população da região serrana do Rio de Janeiro teve
conhecimento pela mídia local do “porquê” a escola CEUB ter encerrado suas atividades,
pois a mídia local anunciava horrores dizendo que a escola era da “seita”. Ora, Excelência,
até as supostas vítimas em juízo informaram em seus depoimentos que viram os
noticiários perniciosos sobre a escola!
Depois que os jornais noticiaram que o CEUB era da “seita”, todos os
pais dos alunos do ensino infantil, médio e fundamental pediram a transferência de seus
filhos para outras escolas.
Excelência, a defesa não compreende qual o liame do Paciente com o
suposto crime de estelionato em razão do curso de Psicanálise, pois o Paciente apenas
trabalhava como advogado do CEUB e até onde sabemos, advogar não é crime.
O curso de psicanalise oferecido pelo CEUB é classificado em nosso
ordenamento jurídico como CURSO LIVRE e curso livre não precisam de autorização de
nenhum órgão do Estado para ser ofertado, bastando apenas um professor de
psicanálise, sem nem ao menos precisar de instalações prediais, pois o referido curso
pode ser ofertado até mesmo livremente a distância por qualquer psicanalista.
NÃO EXISTE CRIME DE ESTELIONATO EM RAZÃO DO CURSO DE
PSICANÁLISE!
O CEUB não precisava de autorização alguma para ofertar curso de
psicanálise, bastando apenas um professor de psicanálise e alunos interessados.
Entretanto, a título de informação, consta no contrato social do CEUB, o CNAE que
autoriza a escola à oferta de curso livre (doc. 09), inclusive, o contrato social do CEUB
é uma das provas pré-constituídas da acusação na pag.18 rodapé.
VEJA bem, se não é preciso de habilitação, nem autorização de
NINGUÉM para ministrar o curso de psicanálise, a sua oferta pelo CEUB não induziu
ninguém a erro. Além disso, no próprio contrato de adesão dos alunos (doc. 10) e nos
prospectos de propaganda do curso oferecido (doc. 11) já constava a informação de que
o curso era livre, assim todos os discentes estavam plenamente cientes de tal informação.
É importante informar aqui que o paciente era também
aluno do curso livre de formação em psicanalise oferecido no CEUB.
Urge esclarecer que o curso livre de formação e de pós graduação em
psicanálise em todos os seus níveis, inclusive o de MESTRADO e até o de DOUTORADO
são todos oferecidos no o Brasil e no exterior na modalidade CURSOS LIVRES, seja
presencial ou a distância, via internet, onde o aluno interessado estuda em casa sem
sequer precisar de um professor corpo presente. Podemos conferir o que estamos
afirmando em dezenas de sites dos quais citamos abaixo alguns:
ORDEM NACIONAL DOS PSICANALISTAS
http://onp.org.br
Página 8 de 38
CURSO LIVRE DE FORMAÇÃO E PÓS GRADUACAO EM
PSICANÁLISE
http://googleweblight.com/?lite_url=http://www.sbpi.org.br/lato-
sensu-em-psicanalise-curso-livre-de-pos-graduacao-com-enfase-em-freud-
2/&ei=izR2OWi3&lc=pt-
BR&s=1&m=424&host=www.google.com.br&ts=1517461065&sig=AOyes_RF8fog5NoL
tO91ZUjubAGmS_ugrQ
http://www.sbpi.org.br
http://googleweblight.com/?lite.cursos24horas.com.br/cursos/psica
nalise/&ei=H6_NSOcZ&lc=pt-
BR&s=1&m=424&host=www.google.com.br&ts=1517145841&sig=AOyes_TOkpU18sc0
o58yHtbDZeeRy4yazA
www.cursosabeline.com.br
https://psicanaliseclinica.com
http://www.institutogamaliel.com/Psicanálise-Clinica.php
http://ibrapchs.net
https://www.escolafreudiana.org
http://cbp-rj.org.br
https://www.setead.org/nossos-cursos-de-teologia/doutorado/curso-
de-doutorado-em-psicanalise-clinica/
https://googleweblight.com/?lite_url=https://emillbrunner.com/dou
torado.html&ei=rGIlfGi5&lc=pt-
BR&s=1&m=424&host=www.google.com.br&ts=1517461196&sig=AOyes_SiKNg2SQhZ
uaBgTXwEUdjrlZrD5A
http://googleweblight.com/?lite_url=http://m.setead.com.br/loja-
virtual/curso-de-doutorado/curso-de-doutorado-em-psicanalise-
clinica/&ei=hGvxLJ4w&lc=pt-
BR&s=1&m=424&host=www.google.com.br&ts=1517461196&sig=AOyes_Tz1XjhBXlX
T-3KT6Iwh6HXZgRq3Q
http://googleweblight.com/?lite_url=http://www.onp.org.br/index.php/validade-e-
regulamentacao&lc=pt-
BR&s=1&m=424&host=www.google.com.br&ts=1517442888&sig=AOyes_TmPWogLl
Nu0kzfTrFMhxU27T5O6
Vimos, portanto, que a conduta narrada na peça acusatória é sem
justa causa e também atípica eis que o curso ofertado era de Psicanálise, como bem
explica a ORDEM NACIONAL DE PSICANALISTAS QUE O CURSO É LIVRE E NÃO
PRECISA DE AUTORIZAÇÃO.
Por fim, na audiência de instrução e julgamento, a suposta vítima
apontada na página 18 da denúncia, César Tácio, deu uma grande aula sobre o
funcionamento do curso de psicanálise do qual ele mesmo era aluno, afirmando que
todos os alunos de psicanálise sabiam que o curso era livre e que não precisava de
nenhuma autorização para funcionar.
Então, Excelência, como explicar o porquê de a acusação arrolar
“vítimas” que sabem que não são vítimas???
Página 9 de 38
Aliás, a denúncia arrolou somente 4 supostas vítimas do curso de
psicanálise (pag. 18 e 19) e após ouvirem a primeira delas, o policial César Tácio, a
acusação abriu mão imediatamente das outras três supostas vítimas restantes, a saber:
Sidnei, Sandro e Simone, pois ficou claro para todos presentes que não havia vítimas,
não havia ninguém induzido a erro, e principalmente que não havia crime de estelionato.
Página 10 de 38
Assim, pleitear direitos no Judiciário trata-se de uma garantia de toda
e qualquer pessoa.
A tese da acusação é totalmente arbitrária, sem falar que não há
qualquer indício, nenhuma vítima, nenhuma reclamação, além do que, todas as ações
passaram pelo crivo do devido processo legal, do contraditório e ampla defesa e já
fizeram coisa julgada formal e material.
Em suma, não existe em nosso ordenamento jurídico o tipo penal de
estelionato judiciário, a prova indiciária juntada pela acusação não prova o que alega, a
acusação não junta aos autos as tais declarações falsas, não havendo, prova alguma de
que o Paciente tenha praticado o delito de estelionato judicial.
Página 11 de 38
O suposto indício que a acusação junta são as folhas 132, citada nas
páginas 30 da denúncia (doc. 13)
Ao se ler a suposta prova indiciária verifica-se PRIMA FACIE que não
há nada de errado, pois o próprio perito aponta como endereço da empresa, o endereço
residencial do Paciente e que é inclusive informado pela própria denuncia na pag. 2,
sendo este o mesmo do contrato social citado no rodapé da página 30 na folha 204.
Página 12 de 38
Home Office é uma expressão inglesa que significa “escritório em
casa”, na tradução literal para a língua portuguesa.
Dados do Censo já do ano de 2010 mostram que cerca de 20 milhões
de brasileiros trabalham e moram no mesmo endereço.
Abaixo alguns links sobre home office no Brasil:
http://riomais.benfeitoria.com/ideia/campanha-de-incentivo-ao-
home-office
http://revistapegn.globo.com/Noticias/noticia/2014/08/7-coisas-
que-todo-mundo-precisa-saber-sobre-home-office.html
http://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-um-
home-office,c0287a51b9105410VgnVCM1000003b74010aRCRD
Tecidas tais considerações, verifica-se de plano que NÃO há a prática
de falsidade ideológica pelo Paciente eis que não houve declaração falsa quanto ao
endereço da empresa Cidreira Turismo LTDA.
Sabe-se que para que haja crime é necessário a trilogia: fato típico, fato
antijurídico, fato culpável. E que para o fato ser típico é necessário haver: CONDUTA +
RESULTADO + NEXO DE CAUSA entre a conduta e o resultado + TIPICIDADE.
Na ausência de qualquer um desses elementos o fato passa a ser atípico.
A denúncia alega na pag. 33 que o paciente integralizou sua cota
societária para ocultar e dissimular valores provenientes de infrações penais
antecedentes (estelionato do CEUB e estelionato Judiciário) conforme se verifica na pag.
33 da denúncia.
Página 13 de 38
endereço da empresa não gera nenhum lucro não podendo ser considerado como crime
antecedente ao de lavagem de capitais.
A exordial acusatória elenca, na página 32, como crimes antecedentes:
Página 14 de 38
É mister relembrar que o paciente é advogado, e como advogado
sempre exerceu dignamente a sua profissão. Advogar até presente data nunca foi crime
Cabe ressaltar ainda, que o paciente é membro da Irmandade Celestial
há mais de 05 anos, lugar onde reside com sua esposa e seus dois lindíssimos filhos,
sendo o mais velho de cinco anos de idade chamado por todos de Príncipe Miguel e o
mais novo com apenas um ano de idade, por todos chamado de Príncipe Immanuel
ambos frutos de união estável com membro de sua religião, sendo o paciente também
um pregador da Irmandade.
Para maiores esclarecimentos, dos sagrados preceitos da Igreja Batista
Celestial, faz parte da tradição sagrada da igreja que seus integrantes recebam um novo
nome, que simboliza uma nova vida.
Excelência que tipo de organização criminosa colocaria nomes
espirituais em seus membros integrantes? Ou trataria seus filhos como príncipes e
princesas? Ou acrescentaria o nome de seu líder nos membros? O referido tratamento
especial dos membros e filhos foi anexado nos autos pela própria acusação a (doc. 22).
Isso é típico de uma organização religiosa e não de uma organização criminosa.
TODOS que se convertem, aderindo à vida na Irmandade Celestial,
recebem novos nomes com significados especiais, cujos novos nomes são registrados na
adesão do membro à comunidade (doc. 19).
Tal fato é público e notório, inclusive os nomes espirituais dos
membros da Irmandade são colocados em dedicatórias de livros como “Você quer? Você
pode!” lançados publicamente desde o ano 2000 (doc. 20).
Apenas para esclarecer ainda mais Excelência o nome BRANDÃO
etimologicamente significa FOGO, TOCHA, BRASA, LUZ, ILUMINAÇÃO, como o nome
BUDA, por isso a comunidade religiosa utiliza o núcleo radical da palavra Brandão,
BRAND para dizer ILUMINADO OU DIZER DIVINO.
Na Irmandade Celestial, o Senhor Brandão é considerado
guia espiritual (doc. 21), um irmão mais velho que recebeu em 1986 uma
revelação Especial e é chamado de PAI por todos os seus seguidores, assim
como o Papa é chamado de Papa pelos católicos, como também um Pai de
santo é chamado de Pai pelos seus filhos de santo.
A Irmandade Celestial dá nomes espirituais aos seus membros, assim
como os cristãos católicos em batistelos. Os próprios PAPAS CATÓLICOS, quando
ordenados recebem novos nomes, por exemplo, o papa João Paulo II cujo nome de
nascimento é Karol Józef Wojtyla; o papa Bento XVI cujo nome de nascimento é Joseph
Página 15 de 38
Aloisius Ratzinger, o atual papa Francisco cujo nome de nascimento é Jorge Mario
Bergoglio.
O próprio mestre Jesus deu novo nome aos seus apóstolos como
podemos ver em João 1:42.
“... disse-lhe Jesus: tu és Simão, filho de João;
chamar-te-ás Cefas (que quer dizer pedra).”
Esse costume de receber novo nome é aplicado em basicamente todas
as religiões e seitas como os Mórmons, os Hare Crishnas, os Budistas, os Islamitas os
Judeus, e Brandanistas, mas isso não quer dizer que tais denominações sejam uma
organização criminosa somente por dar novos nomes aos seus seguidores.
É tão nítido e público a condição de organização religiosa dos
acusados que todo o Volume VI do processo, que seria “as provas indiciárias
da organização criminosa”, é composto de sermões religiosos, atos
confessionários e fotos de aniversários e confraternizações entre os
acusados. E essas foram as únicas “provas indiciárias” da organização
criminosa anexadas aos autos. Pasmem! (docs. 23, 23.1 e 23.2)
Cabe, por fim, esclarecer que o Paciente vive em sua comunidade
religiosa há mais de 05 anos, que é composta por várias famílias integradas, vivendo para
fazer o BEM, O BELO E A VERDADE.
Tais famílias buscam agradar a DEUS em seu cotidiano, dividindo tudo
que possuem em plena harmonia e paz e em sistema de cooperação mútua.
Todos são trabalhadores honestos e ofertam suas rendas em comum
para que haja a correta dispensação segundo a necessidade de cada um, cumprindo assim
o que está descrito em Atos 2:44 e 45 e Atos 4:34 e 35 (Bíblia Sagrada)
44 E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo
em comum.
45 E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam
Página 16 de 38
1 – Venda de obras literárias de autoria de Donato Brandão Costa, tanto
o livro você quer você pode, como o livro Gênesis Celestial, Gênesis: A Origem, dentre
outras obras (DOC. 24)
2 – Venda de goji berry pela internet e pessoalmente pelos membros
da Irmandade (DOC. 25)
3 – Produção e venda de óleo de coco artesanal extra virgem (DOC.
26)
4 - Trabalho de hospedagem (AirBnb) (DOC. 27)
5 – Produção e venda de espelhos em moldura de gesso (DOC. 28)
6 - Trabalho artístico de teatro de rua (DOC. 29)
7 – Trabalho artístico de teatro no ônibus. Teatro Bus (DOC. 30)
8 - Trabalhos de restauração de obras em imóveis (DOC. 31)
9 – A Irmandade recebe doações diversas (DOC. 32)
10 – Trabalhos gráficos e produção de sites (DOC. 33)
11 - Vendas de doces e brigadeiros (DOC. 34)
12 – Trabalho de Advocacia e consultoria jurídica.
13 – Trabalho de atendimento psicanalítico.
14 - Trabalho de aluguel de mascotes da Disney (DOC. 35)
Portanto, Excelência, os acusados são pessoas honestas e
trabalhadoras e vivem em harmonia e cooperação entre todos.
Quanto ao modo de viver da comunidade não é nenhuma novidade, há
MAIS DE 3.500 comunidades alternativas SÓ NO BRASIL, onde pessoas moram num
mesmo espaço em harmonia e colaboração uns com os outros e em busca de uma vida
mais ligada à natureza e à espiritualidade e que compartilham as rendas entre si.
Milhares de comunidades alternativas espalhadas pelo Brasil e pelo
mundo vivem coletivamente nos mesmos moldes da Irmandade Celestial, conforme
citamos algumas nos sites abaixo:
https://dozetribos.com.br
http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2015/12/comunidade-
escondida-na-bahia-atrai-quem-quer-mudar-estilo-de-vida.html
http://mofra.org.br/cidade-da-fraternidade/
http://mariamaedosmigrantes.blogspot.com.br/2013/05/santissima-
trindademodelo-da-comunidade.html?m=1
Se os fatos acima não forem suficientes para provar que não há
nenhuma organização criminosa e o que existe é uma organização religiosa, vejamos o
que diz a peça acusatória na folha 05, que os acusados e o Paciente se reuniram em abril
de 2013 para praticarem diversos crimes constituindo, assim, uma organização
criminosa, mas não há nenhum crime antecedente e muito menos posterior aptos a
caracterizarem o tipo penal de organização criminosa.
Outro ponto que merece destaque é que a Lei de organização
criminosa entrou em vigor somente em 19.09.2013, ou seja, muito depois da
integralização da cota da empresa do Paciente. Portanto, o crime de
organização criminosa não pode ser considerado como crime antecedente
ao de lavagem de capitais, pois à época não era tipificado o crime de
organização criminosa em nosso ordenamento.
Nesse diapasão, por todos os ângulos que se possa ver não há
nem de longe a possibilidade de ter ocorrido a prática do crime de
organização criminosa, pois:
Primeiro ponto.
Página 17 de 38
Em abril de 2013, ainda NÃO EXISTIA em nosso ordenamento
pátrio o tipo penal de organização criminosa, o que já fulmina por si só a tese acusatória
de crime de organização criminosa por ATIPICIDADE.
O segundo ponto pelo qual NÃO HÁ QUE SE COGITAR do
delito de organização criminosa diz respeito ao OBJETIVO da união entre o
Paciente e os membros da Irmandade Celestial, que se deu há mais de 05
anos e o liame entre eles é em razão de laços familiares, de crença e de afeto.
O terceiro ponto. O Paciente NÃO praticou nenhum crime
antecedente, conforme exaustivamente comprovado em tópicos anteriores.
Ao examinarmos atentamente os autos do processo aqui combatido,
nos deparamos com a inépcia da peça acusatória, atipicidade de todos os artigos e
ausência de justa causa para a ação penal, devendo, portanto, ser trancada por meio deste
writ, à luz dos fundamentos que passamos a expor.
(...)
– impõe ao Ministério Público, notadamente no
denominado “reato societário”, a obrigação de expor,
na denúncia, de maneira precisa, objetiva e
individualizada, a participação de cada acusado
na suposta prática delituosa. – O ordenamento
positivo brasileiro (...) repudia as imputações
criminais genéricas e não tolera, porque ineptas,
as acusações que não individualizam nem
especificam de maneira concreta, a conduta
penal atribuída ao denunciado. Precedentes. A
pessoa sob investigação penal tem o direito de
não ser acusada com base em denúncia inepta. –
A denúncia deve conter a exposição do fato
delituoso, descrito em toda a sua essência e
narrado com todas as suas circunstâncias
fundamentais. (...)
Denúncia que deixa de estabelecer a necessária
vinculação da conduta individual de cada agente
Página 18 de 38
aos eventos delituosos qualifica-se como
denúncia inepta. Precedentes. Crime de descaminho –
peça acusatória que não descreve, quanto ao
paciente, sócio-administrador de sociedade
empresária, qualquer conduta específica que o
vincule, concretamente, aos eventos delituosos –
inépcia da denúncia – A mera invocação da
condição de sócio ou de administrador de
sociedade empresária, sem a correspondente e
objetiva descrição de determinado
comportamento típico que o vincule,
concretamente, à prática criminosa, não
constitui fator suficiente apto a legitimar a
formulação de acusação estatal ou a autorizar a
prolação de decreto judicial condenatório – A
circunstância objetiva de alguém ser meramente
sócio ou de exercer cargo de direção ou de
administração em sociedade empresária não se
revela suficiente, só por si, para autorizar
qualquer presunção de culpa (inexistente em
nosso sistema jurídico-penal) e, menos ainda,
para justificar, como efeito derivado dessa
particular qualificação formal, a correspondente
persecução criminal. – Não existe, no
ordenamento positivo brasileiro, (...) a
possibilidade constitucional de incidência da
responsabilidade penal objetiva. (...)
. As acusações penais não se presumem provadas:
o ônus da prova incumbe, exclusivamente a quem
acusa. – Nenhuma acusação penal se presume
provada. Não compete, ao réu, demonstrar a sua
inocência. Cabe, ao contrário, ao Ministério
Público, comprovar, de forma inequívoca, para
além de qualquer dúvida razoável, a
culpabilidade do acusado. –
(...) Para o acusado exercer, em plenitude, a
garantia do contraditório, torna-se indispensável
que o órgão da acusação descreva, de modo
preciso, os elementos estruturais (“essentialia
delicti”) que compõe o tipo penal, sob pena de se
devolver, ilegitimamente ao réu, o ônus (que
sobre ele não incide) de provar que é inocente.
(...)
(STF, Rel. Min. Celso de Mello, HC n.º
88.875/AM, DJ 12/03/2012).
Página 19 de 38
SUPRESSÃO. JUSTA CAUSA. AUSÊNCIA DE
INDÍCIOS DE AUTORIA. AÇÃO PENAL
TRANCADA.
(...) 3. A simples condição de sócio ou ocupante de
relevante cargo em empresa de porte substancial
não autoriza a instauração de processo criminal
por crimes praticados no âmbito da pessoa
jurídica, exigindo-se ao menos indiciária prova
da consciente participação dos acusados nos
fatos imputados. 4. Ausência prova indiciária
acerca da autoria dos fatos em relação aos
pacientes, deve ser trancada, nesse limite, a ação
penal, por falta de justa causa. (TRF 4ª Região,
EmDcl em HC nº 2009.04.00.020855-6, Rel. Des. Néfi
Cordeiro, DJ 8.10.2009, destaques nossos).
Página 20 de 38
de prévia autorização para funcionamento nem de posterior
reconhecimento do Conselho de Educação competente.
Não existe legislação específica que regulamente estes
cursos, por isso, os cursos livres não são passíveis de regulação por parte do
Ministério da Educação (MEC)”.
A categoria Curso Livre atende a população com objetivo de oferecer
profissionalização rápida para diversas áreas de atuação no mercado de trabalho.
Livre significa que não existe a obrigatoriedade de carga horária,
podendo variar entre algumas horas ou vários meses de duração, disciplinas, tempo de
duração e diplomação anterior.
Desse modo, a oferta desses cursos não depende de atos autorizativos
por parte do (MEC), quais sejam: credenciamento institucional, autorização e
reconhecimento de curso.
Como demonstrado, os cursos livres são isentos de fiscalização e
reconhecimento pelo MEC.
Em matéria de direito, tanto a oferta quanto o exercício da profissão
de Psicanálise no Brasil são garantidos pela Lei Máxima de nosso País, a Constituição
Federal, que, em seu Título II, artigo 5º, incisos II e XIII, deixa claro que "ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; e... é livre o
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer."
Para maiores esclarecimentos indicamos a página oficial da Ordem
Nacional dos Psicanalistas no site www.onp.org.br em que fica explícito a forma de como
funciona a formação do profissional em psicanálise tanto no Brasil quanto no exterior.
É, portanto, uma afronta direta à Constituição Federal e às Leis
infraconstitucionais, o Estado querer criminalizar psicanalistas por ofertarem o curso
livre de psicanálise, o qual não precisa de autorização nenhuma para seu funcionamento.
Por essa razão, a presente ação deve ser trancada como bem orienta o Supremo Tribunal
Federal em precedente a seguir colacionado:
PRIMEIRA TURMA DO STF. HABEAS CORPUS 95.058
ESPÍRITO SANTO. RELATOR: MIN. RICARDO
LEWANDOWSKI. TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL.
MEDIDA EXCEPCIONAL. AUSÊNCIA, NO CASO, DE
JUSTA CAUSA PARA O SEU PROSSEGUIMENTO,
POR ATIPICIDADE DA CONDUTA. ORDEM
CONCEDIDA.
I - O trancamento de ação penal pela via do
habeas corpus, segundo pacífica jurisprudência
desta Casa, constitui medida excepcional só
admissível quando evidente a falta de justa causa
para o seu prosseguimento, seja pela inexistência
de indícios de autoria do delito, seja pela não
comprovação de sua materialidade, seja ainda
pela atipicidade da conduta do indiciado.
II - Há ausência de justa causa para ação penal
quando os fatos imputados ao paciente, como no
caso, ictu oculi, não configuram crime.
III – Ordem concedida.
Página 21 de 38
Depois do depoimento prestado por César Tácio, a acusação abre mão
dos depoimentos das demais “vítimas”, pois ficou evidenciado que nenhum aluno foi
induzido a erro quanto a autorização do curso de psicanálise. Pasmem!
É de se questionar o seguinte: afinal quem são esses alunos, vítimas de
estelionato, que a denúncia afirma no plural? Quais os nomes? Será que são as 4 supostas
vítimas que não são vítimas???
Dito isto, a denúncia deve ser rejeitada e a ação penal
trancada por falta de justa causa e atipicidade.
Portanto, nas brilhantes palavras do ministro Jorge Mussi da Quinta
turma do STJ, “Se a denúncia é natimorta, preferível que se passe desde logo o
competente atestado de óbito, porque não há lugar maior para o extravasamento dos ódios
e dos rancores do que a deflagração de uma actio poenalis contra pessoa reconhecidamente
inocente.”
Havendo demonstração de que não há infração penal, logo,
desrespeitado está o princípio da legalidade (não há crime sem lei que o defina,
não há pena sem cominação legal), sendo impossível o pedido feito. (Guilherme de
Souza Nucci. Código de Processo Penal Comentado, 15ª ed. 2016, Pg. 888).
2 - DO ESTELIONATO JUDICIÁRIO
Página 22 de 38
O art. 5º, XXXV, consagra o direito de invocar a atividade jurisdicional,
como direito público subjetivo. Não se assegura aí apenas o direito de agir, o direito de
ação. Invocar a jurisdição para a tutela de direito é também direito daquele contra quem
se age, contra quem se propõe a ação.
Desta forma, por meio da ação adequada, todo aquele – pessoa física
ou jurídica – cujo direito (fundamental ou não) houver sido violado, ou ameaçado de
violação, pode obter a tutela do Poder Judiciário.
De acordo com Luiz Alberto David de ARAÚJO e Vidal Serrano NUNES
Júnior, convém destacar que:
A mensagem normativa foi clara ao colocar sob o manto
da atividade jurisdicional tanto a lesão como a ameaça a
direito. Assim, conclui-se que o dispositivo constitucional
citado, ao proteger a ameaça a direito, dotou o Poder
Judiciário de um poder geral de cautela, ou seja, mesmo à
míngua de disposição infraconstitucional expressa, deve-
se presumir o poder de concessão de medidas liminares
ou cautelares como forma de resguardo do indivíduo das
ameaças a direitos.
Página 23 de 38
sujeito ao pleno contraditório. 2. Tampouco se
tem sequer suficiente prova da pretendidamente
falsa relação de emprego. 3. Inexistência também
de documentos falsos, a permitir sequer a
persecução penal pelo crime de falso e seu uso. 4.
Já decidiu esta Turma que petição inicial é arrazoado,
pedido, e não fonte de afirmação da existência ou
inexistência de fato ou ato jurídico, daí não permitindo o
enquadramento de suas falsas afirmações em crime de
falsidade ideológica. 5. Igual solução deve ser dada ao
acordo entre as partes, ainda que judicialmente
homologado, onde também não se firma a verdade sobre
fato relevante, mas tão somente se estabelecem
responsabilidades recíprocas.
(TRF-4 - APELAÇÃO CRIMINAL ACR 2710 RS
2005.71.10.002710-8 (TRF-4) Data de publicação:
16/07/2008)
Vimos, portanto, que para o STJ, ainda que existam afirmações falsas
e documentos tidos como adulterados NÃO SE CARACTERIZA O CRIME DE
ESTELIONATO JUDICIÁRIO, para o Colendo Tribunal, a deslealdade processual é
rebatida por meio do CPC.
A seguir, a defesa colaciona mais precedentes no mesmo sentido:
Página 24 de 38
I. A alegação de ausência de justa causa para o
prosseguimento do feito só pode ser reconhecida quando,
sem a necessidade de exame aprofundado e valorativo dos
fatos, indícios e provas, restar inequivocamente
demonstrada, pela impetração, a atipicidade flagrante do
fato, a ausência de indícios para a acusação ou a extinção
da punibilidade.
II. Hipótese em que os réus ajuizaram diversas ações com
pedidos idênticos, pretendendo a concessão de benefícios
judiciários, tendo sido, por esta razão, denunciados pela
prática do delito de estelionato.
III. Não obstante a presença aparente dos elementos do
tipo penal, o estelionato judiciário não tem previsão no
ordenamento jurídico pátrio, razão pela qual a conduta
pela qual foram denunciados os recorrentes é atípica.
IV. Reconhecida a atipicidade da conduta, deve o recurso
ser provido para determinar o trancamento da ação penal
n.º 5001215-62.2010.404.7004, em curso na 2.ª Vara
Federal de Umuarama/PR.
V. Recurso provido, nos termos do voto do relator.
(RHC 31.344/PR, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA
TURMA STJ, julgado em 20/03/2012, DJe 26/03/2012)
Página 25 de 38
(STJ - RHC: 53461 RJ 2014/0295866-6, Relator:
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Data de
Julgamento: 28/04/2015, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 07/05/2015)
3 - DA FALSIDADE IDEOLÓGICA
Página 26 de 38
todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios:
I – soberania nacional;
II – propriedade privada;
III – função social da propriedade;
IV – livre concorrência;
V – defesa do consumidor;
VI – defesa do meio ambiente;
VII – redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII – busca do pleno emprego;
IX - Tratamento favorecido para as empresas de pequeno
porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua
sede e administração no País.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre
exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos
públicos, salvo nos casos previstos em lei.”
Página 27 de 38
Art. 299. Omitir, em documento público ou particular,
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar
a verdade sobre fato juridicamente relevante.
Pena: reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
documento é público, e reclusão de um a três anos, e
multa, se o documento é particular.
Página 28 de 38
Assim, pelo brilhantíssimo entendimento doutrinário acima esposado,
não se caracteriza o crime de falsidade ideológica quando o fato é juridicamente
irrelevante.
A acusação alega que a empresa não funcionava no local descrito no
contrato social e que isso seria o crime de falsidade ideológica.
EXCELÊNCIA, DATA MÁXIMA VÊNIA, SE ISSO É
FALSIDADE IDEOLÓGICA INÚMEROS EMPRESÁRIOS DEVERIAM ESTAR
PRESOS, POIS É CORRIQUEIRO UMA EMPRESA MUDAR DE ENDEREÇO E
NÃO ATUALIZAR SEUS DADOS CADASTRAIS PERANTE A JUNTA
COMERCIAL.
A denúncia apenas descreve o tipo penal e inclui o nome do Paciente,
isso nunca foi e nunca será uma exposição dos fatos criminosos com todas as
circunstâncias.
Não é à toa que o Supremo Tribunal Federal não se cansa de repetir,
reproduzindo a lição do eminente Min. Soares Muñoz:
Página 29 de 38
Como já exaustivamente falado anteriormente não há
nenhum crime de falsidade ideológica, eis que o Paciente NÃO INSERIU
DECLARAÇÕES FALSAS NO CONTRATO SOCIAL DAS EMPRESAS QUANTO
AO SEU ENDEREÇO.
Além disso, para ser típica, a conduta do crime de falsidade
ideológica é necessário que haja a prática de uma das três modalidades de
condutas típicas acima descritas (tipo objetivo) ASSOCIADA ao FIM (tipo
subjetivo) de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
fato juridicamente relevante.
No caso em apreço, vimos que NÃO HOUVE A ISERÇÃO DE
DADOS FALSOS NOS CONTRATOS SOCIAIS DAS EMPRESAS.
E, em remotíssima hipótese, o que não é o caso, ainda que o endereço
descrito no contrato social não fosse de fato o local onde as empresas funcionavam, para
que tal fato fosse considerado como o tipo penal do 299, seria necessário a acusação
demonstrar a relevância de tal fato. E mais, que tal fato tivesse o mínimo de idoneidade
para enganar.
De mais a mais, o que a acusação alega além de ser
extremamente irrelevante é contraditório, é atípico, além de NÃO
DEMONSTRA O DOLO que é necessário para a caracterização do tipo penal
299.
O Pretório Excelso compactua com o mesmo entendimento em
recentíssimo julgado pela Primeira Turma:
Página 30 de 38
ATIPICIDADE. OCORRÊNCIA. TRANCAMENTO
DA AÇÃO PENAL.
1 - É inepta a denúncia que, com narrativa
confusa e sem lógica, deixa de demonstrar como
teria o ora paciente inserido dado falso em
declaração de endereço junto ao DETRAN, bem como
não indica o dolo específico do crime de falsidade
ideológica, é dizer, o intuito de prejudicar direito,
criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante.
2 - Além disso, trata-se de declaração que,
passível de alguma dúvida pelo órgão
competente, necessita de averiguação
concomitante, o que, consoante consagradas
doutrina e jurisprudência, denota atipicidade na
conduta.
3 - ORDEM CONCEDIDA PARA TRANCAR A
AÇÃO PENAL POR FALTA DE JUSTA CAUSA.
(HC 411.648/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA
DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA STJ, julgado
em 14/11/2017, DJe 21/11/2017)
4 - DA LAVAGEM DE DINHEIRO
Página 31 de 38
Excelência como poderia o Paciente integralizar no ano de 2013 a cota
da empresa CIDREIRA TURISMO LTDA com dinheiro auferido entre 2015 a 2016 por
meio dos supostos estelionatos plenamente ATÍPICOS? IMPOSSÍVEL!!!
Assim, se não há crimes antecedentes e nem a posteriori,
automaticamente inexiste o crime de lavagem de dinheiro.
Página 32 de 38
ou a ausência de indícios de autoria ou prova da
materialidade do delito, o que não é o caso dos autos.
Não se admite, por essa razão, na maior parte das vezes, a
apreciação de alegações fundadas na ausência de dolo na
conduta do agente ou de inexistência de indícios de
autoria e materialidade em sede mandamental, pois tais
constatações dependem, via de regra, da análise
pormenorizada dos fatos, ensejando revolvimento de
provas incompatível, como referido alhures, com o rito
sumário do mandamus. Assim, não é possível, de plano,
reconhecer eventual atipicidade, porquanto
imprescindível proceder à instrução processual, que está
em andamento na origem.
4. No que concerne à imputação do crime de
lavagem de capitais, com crime antecedente
praticado por organização criminosa (art. 1º, VII,
da Lei n. 9.613/1998), tem-se que é assente no
Superior Tribunal de Justiça a atipicidade da
conduta. Referido entendimento se deve ao fato de o
tipo penal de organização criminosa ter sido inserido no
ordenamento jurídico apenas em 2013, por meio da Lei n.
12.850/2013. Assim, o fato de o crime ter sido praticado
por organização criminosa, antes da referida situação ser
tipificada como ilícito penal, não autoriza a tipificação do
crime de lavagem.
5. Recurso em habeas corpus provido em parte,
para trancar a ação penal, somente no tocante ao
delito previsto no art. 1º, inciso VII, da Lei n. 9.613/1998,
com extensão aos corréus, na forma do artigo 580 do
Código de Processo Penal. (RHC 36.661/RJ, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA STJ, julgado em 25/04/2017,
DJe 03/05/2017
5 - DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Os artigos 1º, inciso III, artigo 5º, incisos VI a VIII e artigo 19,
inciso I, todos da Constituição Federal de 1988 garantem o DIREITO À DIGNIDADE
DA PESSOA HUMANA E DE SE ASSOCIAR A UMA CRENÇA.
Excelência não precisa muito esforço para perceber PRIMA FACIE a
atipicidade do crime de organização criminosa imputada ao Paciente.
Basta uma simples leitura da primeira linha da folha 05 da peça
acusatória e ver-se-á de plano que a referida acusação de crime de organização criminosa
não prospera pelos motivos a seguir explanados.
Duas condições objetivas precisam ser verificadas para aplicação da Lei
nº 12.850/13.
A primeira, diz respeito a sua vigência: 19 de setembro de
2013;
A segunda, aos pressupostos objetivos para sua aplicação:
pluralidade de agentes criminosos, ilicitude da conduta, divisão de tarefas, permanência
e estabilidade.
Em nenhum dos dois casos, conforme demonstraremos, poder-se-ia
enquadrar o Paciente.
A peça acusatória aponta na folha 05 que o Paciente se reuniu em
abril de 2013 para praticar diversos crimes constituindo, assim, uma organização
criminosa.
Página 33 de 38
Ocorre que em abril de 2013, ainda NÃO EXISTIA em nosso
ordenamento pátrio o tipo penal de organização criminosa, o que já fulmina por si só a
tese acusatória de crime de organização criminosa por ATIPICIDADE.
Por outro lado, os supostos crimes que segundo a alegação foram os
motivos de se criar a organização criminosa, como já restou provado são todos sem justa
causa e ATÍPICOS.
Diante disso, não se aplica – in casu – a lei em comento, sob pena de
afronta ao Princípio Constitucional da Irretroatividade Penal.
Assim se manifesta o Superior Tribunal de Justiça:
“O princípio do nullum crimen, nulla poena sine praevia
lege, inscrito no art. 5º XXXIX, da Carta Magna, e no art.
1º do Código Penal, consubstancia uma das colunas
centrais do Direito Penal dos países democráticos, não se
admitindo qualquer tolerância sob o argumento
de que o fato imputado ao denunciado pode ser
eventualmente enquadrado em outra regra
penal. Se ao réu imputa-se um fato que somente
em lei posterior veio a ser definido como crime, a
denúncia não tem vitalidade por ferir o Princípio
da Anterioridade, impondo-se o trancamento da
ação penal” (STJ, RHC 8.171/CE, Rel. Min. Vicente
Leal, j. 2-3-1999)
Página 34 de 38
contradições presentes na denúncia não o permitiu, pois o que existe de fato e de direito
é uma organização religiosa, da qual o Paciente é MEMBRO e exerce a sua crença,
vivendo a sua fé ativamente com toda a sua família.
Da liberdade religiosa
Página 35 de 38
Entretanto, não há que se falar em dignidade da pessoa humana
diante da restrição da liberdade religiosa ou da inexistência de liberdade no sentido
mais lato.
Outrossim, “a tolerância religiosa, entendida como um profundo
respeito à convicção religiosa de outrem, é um fator que promove a paz e fraternidade
entre os povos”. (SORIANO, 2002, p.17).
Desta forma, a crença e o direito de livremente exercê-la é
componente fundamental não apenas da liberdade religiosa, mas do princípio da
dignidade da pessoa humana.
Outra importante garantia constitucional, em relação ao livre
exercício dos cultos religiosos é a disposição contida no artigo 19,
inciso I da Constituição:
DO PEDIDO DE LIMINAR
Página 36 de 38
A denúncia, ainda, golpeia de morte leis infraconstitucionais, portarias
e resoluções educacionais bem como doutrinas, além de estar em descompasso com a
jurisprudência dos TJ’s, STJ e STF, restando claro o fumus boni iuris.
O periculum in mora resta demonstrado pela ilegalidade
apresentada PRIMA FACIE devido ao fato do Paciente ser processado e preso não
havendo cometido nenhum crime. Se caracteriza, ainda, pelos incalculáveis prejuízos
morais e psicológicos sofridos pelo paciente, além dos transtornos de como advogado se
ver preso e processado ilegalmente por exercer dignamente a sua própria profissão e a
sua fé.
Tal processo e mandado de prisão impossibilita o paciente
de exercer o seu papel de Pai de família e cuidar de seus filhos menores,
tendo, por exemplo, que deixá-los nas mãos de terceiros.
Fundamentado no § 4º, do art. 19 da Lei nº. 12.962/2014 e art. 23 do
Estatuto da Criança e do Adolescente, que assegura a convivência da criança e do
adolescente com os pais, deve ser resguardado aos filhos do Paciente, por serem
menores, e por terem sofrido terríveis impactos do injusto processo, a presença física de
seus Pais para dar-lhes proteção, apoio afetivo, moral e psicológico.
Por fim, permitir que uma pessoa inocente sofra as agruras de uma
demanda criminal, movida por denúncia absolutamente inepta, sem JUSTA CAUSA e
ATÍPICA é algo que causa grande repúdio social.
Ante o exposto, presentes os pressupostos autorizadores da concessão
da medida liminar, requer o impetrante seja deferida medida liminar para que Vossa
Excelência se digne em SUSPENDER a ação penal de n° 0014964-08.2016-8.19.0042.
Requer ainda, respeitosamente, por medida de direito e justiça, que seja imediatamente
relaxada a prisão do paciente emitindo-se o competente alvará de soltura.
É o requerimento liminar.
PEDIDO FINAL
Ante o exposto, a impetrante, confiada na sabedoria, serenidade e
prudência do Ínclito DESEMBARGADOR RELATOR e de seus doutos Pares, integrantes
da Colenda Câmara Criminal deste Egrégio Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro,
requer:
a) Seja concedida a liminar requerida;
b) Sejam requisitadas as informações de estilo, à autoridade
coatora (juiz de direito da 1ª Vara Criminal da Petrópolis – Rio
de Janeiro;
c) Seja colhido o parecer do Parquet;
d) E, ao final, que seja concedida a ordem impetrada para decretar
o trancamento da ação penal nº 0014964-08.2016.8.19.0042 em
relação aos supostos crimes de organização criminosa, estelionato
em razão da oferta de curso livre de psicanálise e estelionato
judiciário, falsidade ideológica é lavagem de dinheiro por serem
todos sem JUSTA CAUSA E ATÍPICOS.
e) Que seja concedida a ordem em similitude fática processual,
estendendo os efeitos deste writ aos demais acusados.
f) Por derradeiro, requer seja definitivamente relaxada a prisão do
paciente emitindo-se o competente alvará de soltura.
Página 37 de 38
______________________________________
Advogado OAB/RJ
LISTA DE ANEXOS
1 – OAB do Paciente;
2 – Certidão de Immanuel;
3 – Antecedentes criminais;
4 – Decisão que recebeu a denúncia;
5 – Denúncia;
6 – Comentários de pais de alunos do CEUB no Facebook;
7 – Fotos de alunos CEUB;
8 – Mídia depreciativa;
9 – Contrato Social CEUB;
10 – Contrato de adesão do curso de Psicanálise;
11 – Panfletos do curso de Psicanálise;
12 – (Fl. 133 a 152) Fotos de perucas, de ambientes da antiga residência do Paciente, de
galinhas, etc.
13 – (Fl. 132) Declaração sobre o endereço da empresa Cidreira Turismo;
15 – CNPJ Cidreira Turismo;
16 – Início do curso de Psicanálise;
17 – Alvará da ação judicial em face do Banco do Brasil;
18 - Alvará da ação judicial em face do BMG;
19 – Termos de adesão da Irmandade Celestial;
20 – Nomes espirituais no livro Você Quer? Você Pode!
21 – Carteira de pastor de Donato Brandão Costa;
22 – Lista telefônica cortada com os nomes dos filhos dos membros.
23 – Vol. VI Fotos de aniversário;
23.1 – Vol. VI Sermões religiosos;
23.2 – Vol. VI Atos confessionários escritos.
24 - Venda de obras literárias de autoria de Donato Brandão Costa, tanto o livro você
quer você pode, como o livro Gênesis Celestial, Gênesis: A Origem, dentre outras obras;
25 - Venda de goji berry pela internet e pessoalmente pelos membros da Irmandade;
26 - Produção e venda de óleo de coco artesanal extra virgem;
27 - Trabalho de hospedagem (AirBnb);
28 - Produção e venda de espelhos em moldura de gesso;
29 - Trabalho artístico de teatro de rua;
30 - Trabalho artístico de teatro no ônibus. Teatro Bus;
31 - Trabalhos de restauração de obras em imóveis;
32 - A Irmandade recebe doações diversas;
33 - Trabalhos gráficos e produção de sites;
34 - Vendas de doces e brigadeiros;
35 - Trabalho de aluguel de mascotes da Disney;
Página 38 de 38