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II Simpósio Brasileiro de Recursos Naturais do Semiárido – SBRNS

“Convivência com o Semiárido: Certezas e Incertezas”


Quixadá - Ceará, Brasil
27 a 29 de maio de 2015

doi: 10.18068/IISBRNS2015.convsa436 ISSN: 2359–2028

O ÓLEO DE FRITURA COMO ALTERNATIVA NO CONTROLE DA


COCHONILHA DE ESCAMAS NA PALMA FORRAGEIRA

Kaline Mara da Silva Maia1, Ana Janaina Oliveira Rodrigues2, Darliane Veras dos Santos3,
Roberto Henrique Dias da Silva4, Elayne Cardoso de Vasconcelos5
1 Graduanda em Agronomia, IFCE – Limoeiro do Norte, Ceará; Fone: (88) 96595076, kalinesmaia@gmail.com
2 Graduanda em Agronomia, IFCE – Limoeiro do Norte, Ceará; Fone: (88) 96622233, janainarodrigues22@hotmail.com
3 Graduanda em Agronomia, IFCE – Limoeiro do Norte, Ceará; Fone: (88) 99802365, darlianeveras@hotmail.com
4
Professor do IFCE – Limoeiro do Norte, Ceará; (85) 99772862, robertodias@ifce.edu.br
5 Professora do IFCE – Limoeiro do Norte, Ceará; Fone: (88) 99704243, elayne@ifce.edu.br

RESUMO: A palma forrageira apresenta-se como uma alternativa para as regiões áridas e
semi-áridas do nordeste brasileiro, sendo bem adaptada às condições adversas destas regiões,
suportando prolongados períodos de estiagem. Porém muitas pragas à acometem, como a
cochonilha de escama (Diaspis echinocacti). Diante desta situação a busca por métodos
alternativos é um bom caminho para o controle desta praga, uma vez que produtos químicos
prejudicam mais os inimigos naturais do que a própria praga. O objetivo do trabalho foi
avaliar a incidência de infestação da cochonilha de escama sob o controle da pulverização
mensal com pulverizador costal com capacidade de 20L com mistura de óleo de fritura,
detergente neutro e água na proporção 1:1:18. Foram demarcadas 9 unidades experimentais
com 20 m de comprimento de linha, sendo avaliados os 10 m centrais das linhas, de acordo
com os seguintes níveis de infestação: pouca (≤ 10 %), baixa (> 10 e ≤ 40 %), média (> 40 e ≤
60 %), moderada (> 60 e ≤80 %) e alta (> 80 %). Com base nas medias obtidas pode-se
concluir que em geral a mistura de óleo de fritura com detergente neutro apresenta efeito
positivo sobre o controle da cochonilha de escamas.

PALAVRAS–CHAVE: Diaspis, níveis de infestação, Opuntia

THE FRYING OIL AS AN ALTERNATIVE IN CONTROL OF PRICKLY-PEAR-


SCALE

ABSTRACT: The palm forage is presented as an alternative to the arid and semi-arid regions
of Northeast of Brazil, being well adapted to adverse conditions of these regions, supporting
prolonged periods of drought. But many pests affect it, such as Prickly-pear-scale (Diaspis
echinocacti). In this situation the search for alternative methods is a good way to control this
pest, since chemicals are more harmful to natural enemies than to pest. This work aimed to
evaluate the infestation incidence of Prickly-pear-scale under the control of monthly spraying
by sprayer head with 20L capacity with a mixture of frying oil, neutral detergent and water at
the ratio 1: 1: 18. Nine experimental units were marked with line 20 m long, being evaluated
the central lines 10 m long according to the following infestation levels: very low (≤ 10%),
low (> 10 and ≤ 40%), medium (> 40 and ≤ 60%), moderate (> 60 to ≤80%) and high (>
80%). Based on this medium can be concluded that in general the frying oil mixed with
neutral detergent has a positive effect on the control of Prickly-pear-scale.

KEYWORDS: Diaspis, levels of infestation, Opuntia


Convivência com o semiárido

INTRODUÇÃO
A palma forrageira apresenta-se como uma alternativa para as regiões áridas e
semiáridas do Nordeste brasileiro, visto que é uma planta de aspecto fisiológico especial
quanto à absorção, aproveitamento e perda de água, e bem adaptada às condições adversas do
semiárido, nos prolongados períodos de estiagem, podendo atingir elevados níveis de
rendimento favorecendo o arraçoamento animal (EMEPA/FAEPA, 2007).
A variedade Orelha-de-elefante foi introduzida no Nordeste há cinco anos. A planta
apresenta grande quantidade de espinhos, o que pode comprometer sua palatabilidade e
dificultar seu manejo como planta forrageira. No entanto é menos exigente em fertilidade do
solo, comparada as outras variedades (CAVALCANTI, 2008). Apresentando resistência a
praga cochonilha do carmim (VASCONCELOS et al., 2009).
No entanto outras pragas acometem essa forrageira, como é o caso da cochonilha de
escamas (Diaspis echinocacti). É um inseto cosmopolita que ocorre em todas as regiões onde
a cactácea é cultivada. No México, é conhecido por escama blindada, por apresentar
dificuldades às medidas de controle. A praga infesta às raquetes ou artículos com suas
colônias, onde formas jovens e adultos protegidos por uma escama ou escudo de cera, e
sugam a seiva para se alimentar, causando inicialmente o dano direto pela ação espoliadora,
quando as raquetes começam a apresentar clorose. Em seguida, vem o dano direto, que por se
tratar de um inseto picador-sugador, abre orifício por onde penetram microrganismos que
causam o apodrecimento e queda das raquetes e, consequentemente, a morte da planta
(EMEPA/FAEPA, 2007).
Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (EMEPA/FAEPA, 2007), um
dos principais métodos de controle da cochonilha de escamas é aplicação de óleo mineral que
deve ser feito com muita cautela para não prejudicar o desenvolvimento dos inimigos
naturais, que são mais sensíveis aos defensivos agrícolas que a própria praga.
Dessa maneira é de grande importância obter uma forma alternativa socioambiental e
econômica de combate a infestação da referida praga para produtores de palma forrageira, já
que esse produto pode ser prejudicial ao meio. Esse trabalho teve como objetivo avaliar a
eficiência do óleo de fritura em substituição ao óleo mineral no controle da cochonilha de
escama, visto os danos que esta pode causar a cultura.

MATERIAL E MÉTODOS
O presente experimento foi conduzido nas condições de campo da Unidade de Ensino,
Pesquisa e Extensão (UEPE) do Instituto Federal do Ceará – campus Limoeiro do Norte, onde
existe uma área de cultivo adensado de palma forrageira com quatro variedades: gigante,
miúda, orelha de elefante mexicana e a Ipa Sertânia, no entanto a variedade de palma avaliada

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foi a Orelha de elefante mexicana, pertencente ao gênero Opuntia. A UEPE encontra-se


situada no perímetro irrigado Jaguaribe-Apodi, localizado no município de Limoeiro do
Norte, Ceará, Brasil, em uma área de relevo plano, nas coordenadas de 050 10’ 53” S e 380
00’ 43” W, a uma altitude de 146 m, apresentando temperaturas médias em torno de 27,5 0C e
umidades médias de 67,6%, apresentando uma pluviosidade média de 500 mm anuais.
O experimento foi realizado no período de 6 de agosto a 24 de setembro de 2014 (56
dias de observação), onde inicialmente foram demarcadas as áreas experimentais dentro do
palmal, sendo divididas em 9 unidades amostrais possuindo 20 m de comprimento de linha,
totalizando 400 plantas por unidade amostral. Nesse espaço pré-determinado procedeu-se com
um acompanhamento semanal avaliando-se os níveis de infestação da cochonilha de escama
sobre as plantas em três das unidades amostrais (aproximadamente 33 % da área total
plantada) escolhidas por meio de sorteio.
As plantas presentes na área delimitada para o experimento foram submetidas a
aplicações mensais com a mistura de óleo de fritura, detergente neutro e água, na proporção
de 1:1:18, sendo utilizado um pulverizador costal manual para a aplicação da calda.
Para realização da avaliação foram utilizados os 10 m centrais da linha, considerando-se
os seguintes níveis de infestação: pouca (≤ 10%), baixa (> 10 e ≤ 40%), média (> 40 e ≤
60%), moderada (> 60 e ≤80%) e alta (> 80%). Os resultados obtidos foram analisados por
meio de teste não paramétricos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A palma infestada pela cochonilha de escama é facilmente reconhecida pelo aspecto


peculiar do aglomerado de escamas do inseto, com coloração marrom-clara, mascarando o
verde típico da cactácea. As escamas são removidas por leve atrito com a unha ou um graveto
sobre as colônias que recobrem as raquetes, que constitui uma forma para confirmar a
infestação da praga (EMEPA/FAEPA, 2007). Desta forma, a avaliação dos níveis de
infestação da praga nas unidades experimentais foi realizada facilmente devido a
caracterização desta ser simples. Assim foram obtidos os percentuais de infestação da praga
na cultura da palma forrageira ao longo do período experimental, conforme demonstrados na
Tabela 1.

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Convivência com o semiárido

Tabela 1. Percentuais médios de infestação da Palma gênero Opuntia, ao longo das


observações semanais.
Período Quantidade de plantas Desvio padrão Classificação quanto aos
(semanas) infestadas (%) níveis de infestação
1ª 10,3 ±3,3375 Baixa infestação
2ª 5 ±1,9625 Pouca infestação
3ª 5,7 ±1,2625 Pouca infestação
4ª 7,7 ±4,5375 Baixa infestação
5ª 3 ±3,9625 Pouca infestação
6ª 7,5 ±0,5375 Pouca infestação
7ª 4,5 ±2,4625 Pouca infestação
8ª 8,2 ±1,2375 Pouca infestação
Média 6,9625

12
Porcentagem de plantas

10

8
infestadas

0
1 2 3 4 5 6 7 8
Período de observação em semanas

Figura 1. Comparação das porcentagens médias de infestação por período experimental,


semanal

A Tabela 1 e a Figura 1 apresentam os níveis médios de infestação obtidos durante o


experimento, sendo que em geral obteve-se pouca e baixa infestação das plantas pela
cochonilha de escamas, tendo como maior média 10,3 %, no início do experimento, e menor
média 3% (na quinta semana).
Pode-se observar que durante todo o período de coleta de dados houve uma variação
não linear das médias de infestação ao longo do tempo, como seria esperado que ocorresse
para o controle efetivo da praga pela aplicação da mistura (óleo de fritura + detergente e
água), atribuindo-se este fato ao não acompanhamento de todas as 9 (nove) unidades
experimentais, já que eram realizado sorteio para escolha de apenas três destas, havendo entre
as áreas experimentais diferentes número de plantas infestadas.

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No entanto houve uma unidade experimental que aleatoriamente foi avaliada durante
duas semanas consecutivas e na sexta semana de coleta de dados, totalizando um período de
42 dias, conforme demonstrado na Tabela 2. Desta forma pode-se verificar uma diminuição
da média de infestação ao longo do tempo de exposição a calda, demonstrando um efeito
positivo do óleo de fritura no controle da cochonilha de escamas, mas para que esta hipótese
seja comprovada faz-se necessário a condução de experimento repetibilidade das unidades
amostrais.

Tabela 2. Observação de uma mesma unidade experimental durante um período de 42 dias.

Calda (1:1:18) Período em dias Média

7 14 42

Óleo de fritura + detergente neutro


19,5 7 6 10,8
+ água

Segundo Dias (2003), a eficácia do óleo mineral está relacionada, provavelmente, à


formação de uma película impermeável ao ar em torno da carapaça do inseto, a qual causa a
morte por asfixia ou queima do corpo, sobretudo em insetos de hábito estacionário, como as
cochonilhas de escamas. O óleo residual de fritura, que é um óleo vegetal, parece apresentar
modo de ação semelhante ao óleo mineral podendo atuar em sua substituição de maneira
eficiente reduzindo a infestação do inseto praga na palma forrageira e os danos causados a ela.
Brito et al. (2008), em testes com óleos vegetal e mineral, verificaram um percentual de
eficiência de 97% e 93%, respectivamente. Segundo a ação dos óleos é lenta, porém bastante
eficiente quando utilizados na concentração adequada (LACERDA, 2011; NIVALDO
GUIRADO, 2003).

CONCLUSÕES
Com base nas medias obtidas no período de observação para os níveis de infestação
pode-se concluir que em geral a mistura de óleo de fritura com detergente neutro apresenta
efeito positivo sobre o controle da cochonilha de escamas, no entanto para obter maiores
resultados faz-se necessário realizar um acompanhamento continuo de unidades experimentais
por período mais longo avaliando-se exclusivamente o efeito dessas substancias sobre a
referida praga.

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Convivência com o semiárido

REFERÊNCIAS

BRITO, C.H. de et al. Avaliação de produtos alternativos e pesticidas no controle da


cochonilha-do-carmim na Paraíba. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.8, n.2, p.1-5,
2008.

CAVALCANTI, M. C. de A. et al. Consumo e comportamento ingestivo de caprinos e ovinos


alimentados com palma gigante (Opuntia fícus-indica Mill) e palma orelha-de-elefante
(Opuntia sp.). Acta Sci. Anim. Sci. Maringá, v.30, n.2, p.173-179, 2008.

DIAS, M.R.G.M. Manejo ecológico de doenças e pragas de plantas. Biológico, v.65, n.1-2,
p.75-77, 2003.

EMPRESA ESTADUAL DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DA PARAÍBA; FEDERAÇÃO


DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DA PARAÍBA. Palma forrageira: cultivo, uso atual e
perspectivas de utilização no Semi-árido nordestino. João Pessoa-PB: EMEPA/FAEPA,
2007.

LACERDA et al. Utilização de produtos alternativos para o controle da cochonilha-do-


carmim Dactylopius opuntiae (Cockerell) em palma-forrageira. Pesq. agropec. pernamb.,
Recife, v.16, n. especial, p. 31-41, jan./dez. 2011.

NIVALDO GUIRADO et al. Laranja, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.329-335, 2003.

VASCONCELOS, A. G. V. de et al. Seleção de clones de palma forrageira resistentes à


cochonilha-do-carmim (Dactylopius sp.). R. Bras. Zootec., v.38, n.5, p.827-831, 2009.

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