O agente causal da doença é o fungo Phyllosticta citricarpa. A doença
afeta laranjas doces, limões verdadeiros, tangerinas e híbridos, não sendo constatado sintomas em lima ácida Tahiti. Os sintomas são encontrados em folhas, ramos e principalmente nos frutos, provocando lesões nestes, que quando não caem precocemente, são depreciados para o mercado de frutas frescas. As manchas são superficiais, não modificando as características internas dos frutos, portanto, podendo ser utilizados para a indústria de suco. Em áreas com alta pressão de inóculo e ausência de controle, a MPC pode resultar em mais de 80% de queda de frutos.
A disseminação de fora para dentro da propriedade é feita através de
restos vegetais (principalmente folhas), por mudas contaminadas e por ventos (disseminam os esporos sexuais = ascósporos) e dentro da propriedade por meio de dois tipos de esporos produzidos pelo fungo: os conídios que são dispersos a curtas distâncias pela ação da água; e os ascósporos que são dispersos pelo vento a médias distâncias.
O início do ciclo da doença se dá pela sobrevivência dos ascósporos nas
folhas em decomposição que são disseminados pelo vento e infectam diferentes órgãos da planta, como frutos e folhas. Assim a fase sexual é a responsável pelo ciclo primário da doença, sendo os ascósporos responsáveis pela introdução do patógeno na área e pelo início da epidemia. Nas lesões formadas nos frutos e nos ramos secos pode ocorrer a formação de picnídios e conídios que representam o ciclo secundário da doença, sendo responsáveis pelo aumento da doença na planta hospedeira e ao seu redor.
Os sintomas podem ser encontrados em folhas, pecíolos, pedúnculos,
ramos e frutos, porém são mais visíveis nos frutos. O aparecimento dos sintomas podem demorar de 30 a 220 dias para serem observados. As lesões mais próximas do pedúnculo, provocam maior queda de frutos.
Temos seis tipos de sintomas de MPC em frutos, sendo:
1) Mancha preta ou dura – é a lesão mais típica e comum, começa a aparecer durante a fase de amadurecimento dos frutos. As lesões apresentam centro necrótico deprimido, marrom claro, e as bordas salientes e marrom escuras e no centro das lesões tem-se a presença de pontos pretos no seu interior (picnídios). 2) Falsa melanose – apresentam-se com manchas negras e pequenas, que ocorrem em frutos verdes. 3) Mancha sardenta – apresentam-se como pequenas lesões deprimidas, similar a mancha dura, porém com as bordas avermelhadas podendo coalescer formando uma grande lesão, ocorrem em frutos maduros e também em pós-colheita. 4) Mancha rendilhada – iniciam-se nos frutos ainda verdes, similar a falsa melanose e caracterizam-se por lesões lisas e sem bordas definidas presentes em uma grande área dos frutos. 5) Mancha trincada – a manifestação desse sintoma está associada à presença do ácaro da falsa ferrugem. As lesões são superficiais, inicialmente de aspecto oleoso, escuras ou na cor castanha, ocorrendo em frutos verdes. Após a maturação dos frutos, a casca fica trincada. 6) Mancha virulenta – atinge grandes áreas da superfície dos frutos, caracterizando-se pela coalescência das lesões de diferentes tipos de sintomas. Figura 1. Sintomas da mancha preta em frutos - (1) mancha preta ou dura, (2) falsa melanose, (3) mancha sardenta, (4) mancha rendilhada, (5) mancha trincada e (6) mancha virulenta. (Fonte: Fundecitrus).
Para o manejo da MPC deve-se adotar a maioria das estratégias
disponíveis que incluem o plantio de mudas sadias, retirada de frutos temporões com sintomas e antecipação da colheita, poda de ramos secos, manejo do mato cortando a vegetação da entrelinha e direcionando para debaixo da copa das plantas cítricas com o uso de roçadeiras ecológicas, proteção dos frutos com o uso de fungicidas protetores e curativos.
O controle químico é a principal estratégia, sendo recomendado pulverizar
todos os talhões que apresentam plantas com sintomas, independente da intensidade da doença. O controle químico é realizado com aplicações sequenciais de fungicidas, podendo variar de duas a seis vezes por ano (em função do histórico da doença na área, das condições ambientais, da suscetibilidade da variedade e do destino da produção), com início na fase de queda das pétalas das flores e finalizando nos meses de abril/maio com o término do período chuvoso. As duas primeiras aplicações são realizadas normalmente com fungicidas cúpricos (oxicloreto de cobre, hidróxido de cobre ou óxido cuproso) com intervalos de 4 semanas, que também controlam a verrugose e melanose, e as demais pulverizações devem ser utilizados os produtos sistêmicos (estrobilurinas = azoxistrobina, piraclostrobina e trifloxistrobina) com intervalos de cinco a seis semanas. Os volumes de calda das pulverizações, devem ser em torno de 75 a 100 mL de calda/m3 de copa em velocidades inferiores a 4,5 km/h, para se obter um bom molhamento das partes internas das plantas. Recomenda-se para todos os fungicidas a mistura com óleo mineral ou vegetal a 0,25%.
A ausência do manejo da doença pode acarretar perdas significativas de
produtividade das plantas, principalmente em pomares com alta quantidade de inóculo. Portanto, o controle químico quando realizado de maneira correta tem se mostrado uma estratégia muito eficiente para evitar a queda acentuada de frutos e manter os frutos com menor quantidade de lesões (Figura 2). Figura 2. (1) Plantas cítricas com queda acentuada de frutos provocadas pela pinta preta, (2) Frutos que receberam pulverizações para controle da pinta preta. (Fonte: DTA - Coopercitrus).
Nota – Para se obter uma boa produtividade das plantas de citros, devemos realizar o manejo adequado da doença. Necessitando, procure orientação com um engenheiro agrônomo.