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CITROS - PINTA PRETA OU MANCHA PRETA

DOS CITROS (MPC)


Publicada em 18/06/2014

O agente causal da doença é o fungo Phyllosticta citricarpa. A doença


afeta laranjas doces, limões verdadeiros, tangerinas e híbridos, não sendo
constatado sintomas em lima ácida Tahiti. Os sintomas são encontrados em
folhas, ramos e principalmente nos frutos, provocando lesões nestes, que
quando não caem precocemente, são depreciados para o mercado de frutas
frescas. As manchas são superficiais, não modificando as características
internas dos frutos, portanto, podendo ser utilizados para a indústria de suco. Em
áreas com alta pressão de inóculo e ausência de controle, a MPC pode resultar
em mais de 80% de queda de frutos.

A disseminação de fora para dentro da propriedade é feita através de


restos vegetais (principalmente folhas), por mudas contaminadas e por ventos
(disseminam os esporos sexuais = ascósporos) e dentro da propriedade por
meio de dois tipos de esporos produzidos pelo fungo: os conídios que são
dispersos a curtas distâncias pela ação da água; e os ascósporos que são
dispersos pelo vento a médias distâncias.

O início do ciclo da doença se dá pela sobrevivência dos ascósporos nas


folhas em decomposição que são disseminados pelo vento e infectam diferentes
órgãos da planta, como frutos e folhas. Assim a fase sexual é a responsável
pelo ciclo primário da doença, sendo os ascósporos responsáveis pela
introdução do patógeno na área e pelo início da epidemia. Nas lesões formadas
nos frutos e nos ramos secos pode ocorrer a formação de picnídios e conídios
que representam o ciclo secundário da doença, sendo responsáveis pelo
aumento da doença na planta hospedeira e ao seu redor.

Os sintomas podem ser encontrados em folhas, pecíolos, pedúnculos,


ramos e frutos, porém são mais visíveis nos frutos. O aparecimento dos sintomas
podem demorar de 30 a 220 dias para serem observados. As lesões mais
próximas do pedúnculo, provocam maior queda de frutos.

Temos seis tipos de sintomas de MPC em frutos, sendo:


1) Mancha preta ou dura – é a lesão mais típica e comum, começa a
aparecer durante a fase de amadurecimento dos frutos. As lesões
apresentam centro necrótico deprimido, marrom claro, e as bordas
salientes e marrom escuras e no centro das lesões tem-se a presença
de pontos pretos no seu interior (picnídios).
2) Falsa melanose – apresentam-se com manchas negras e
pequenas, que ocorrem em frutos verdes.
3) Mancha sardenta – apresentam-se como pequenas lesões
deprimidas, similar a mancha dura, porém com as bordas
avermelhadas podendo coalescer formando uma grande lesão,
ocorrem em frutos maduros e também em pós-colheita.
4) Mancha rendilhada – iniciam-se nos frutos ainda verdes, similar a
falsa melanose e caracterizam-se por lesões lisas e sem bordas
definidas presentes em uma grande área dos frutos.
5) Mancha trincada – a manifestação desse sintoma está associada
à presença do ácaro da falsa ferrugem. As lesões são superficiais,
inicialmente de aspecto oleoso, escuras ou na cor castanha, ocorrendo
em frutos verdes. Após a maturação dos frutos, a casca fica trincada.
6) Mancha virulenta – atinge grandes áreas da superfície dos frutos,
caracterizando-se pela coalescência das lesões de diferentes tipos de
sintomas.
Figura 1. Sintomas da mancha preta em frutos - (1) mancha preta ou dura, (2)
falsa melanose, (3) mancha sardenta, (4) mancha rendilhada, (5) mancha
trincada e (6) mancha virulenta. (Fonte: Fundecitrus).

Para o manejo da MPC deve-se adotar a maioria das estratégias


disponíveis que incluem o plantio de mudas sadias, retirada de frutos temporões
com sintomas e antecipação da colheita, poda de ramos secos, manejo do mato
cortando a vegetação da entrelinha e direcionando para debaixo da copa das
plantas cítricas com o uso de roçadeiras ecológicas, proteção dos frutos com o
uso de fungicidas protetores e curativos.

O controle químico é a principal estratégia, sendo recomendado pulverizar


todos os talhões que apresentam plantas com sintomas, independente da
intensidade da doença. O controle químico é realizado com aplicações
sequenciais de fungicidas, podendo variar de duas a seis vezes por ano (em
função do histórico da doença na área, das condições ambientais, da
suscetibilidade da variedade e do destino da produção), com início na fase de
queda das pétalas das flores e finalizando nos meses de abril/maio com o
término do período chuvoso. As duas primeiras aplicações são realizadas
normalmente com fungicidas cúpricos (oxicloreto de cobre, hidróxido de cobre
ou óxido cuproso) com intervalos de 4 semanas, que também controlam a
verrugose e melanose, e as demais pulverizações devem ser utilizados os
produtos sistêmicos (estrobilurinas = azoxistrobina, piraclostrobina e
trifloxistrobina) com intervalos de cinco a seis semanas. Os volumes de calda
das pulverizações, devem ser em torno de 75 a 100 mL de calda/m3 de copa em
velocidades inferiores a 4,5 km/h, para se obter um bom molhamento das partes
internas das plantas. Recomenda-se para todos os fungicidas a mistura com óleo
mineral ou vegetal a 0,25%.

A ausência do manejo da doença pode acarretar perdas significativas de


produtividade das plantas, principalmente em pomares com alta quantidade de
inóculo. Portanto, o controle químico quando realizado de maneira correta tem
se mostrado uma estratégia muito eficiente para evitar a queda acentuada de
frutos e manter os frutos com menor quantidade de lesões (Figura 2).
Figura 2. (1) Plantas cítricas com queda acentuada de frutos provocadas pela
pinta preta, (2) Frutos que receberam pulverizações para controle da pinta preta.
(Fonte: DTA - Coopercitrus).

Nota – Para se obter uma boa produtividade das plantas de citros, devemos realizar o
manejo adequado da doença. Necessitando, procure orientação com um engenheiro
agrônomo.

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