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DEDALUS - Acervo - FD
20400018607
20400018607
Federalismo Fiscal e
Fundos de Participação
m P .G I T O
I ■.t' ï :'7 .‘■TGITiT'RO
EG OU
200-1
r edito ra f - j .
Juarez de Oliveira
1. NOÇÕES FUNDAMENTAIS
1.1. Introdução
públicas, prom ovendo o bem com um . O E stado passa, desta forma, a orga
nizar e, conseqüentem ente, interferir na vida de cada um a das pessoas.
A intervenção do Estado na vida social sem pre se mostrou necessá
ria, havendo várias teorias que divergem quanto à sua extensão, forma e
intensidade. Existem teorias que defendem um a participação mínima, preva
lecendo as atividades de iniciativa privada, e outras propondo um Estado
com predom ínio das atividades públicas, sugerindo um estado mais inter
vencionista.
Independentem ente da teoria que se queira adotar, o fato é que, em
todas elas, bem com o na realidade da conform ação dos Estados m odernos
f existentes, há um a significativa intervenção do Estado nas atividades sociais
[_ e económ icas.
M esm o os E stados m odernos que adotam um a organização voltada ã
m enor interferência têm várias form as de atuação na econom ia, não só pela
prestação direta de vários serviços com o na fiscalização de atividades entre
gues à iniciativa privada.
A im prescin d ib ilid ad e d esta intervenção é fato incontroverso, na
medida em que há vários fatores que exigem esta participação do Estado na
vida da sociedade.
É o caso, por exem plo, das cham adas "falhas de m ercado": situações
em que “as condições que asseguram o funcionam ento do m ercado não são
cum pridas e, conseqüentem ente, o sistem a de preços não sinaliza aos agen
tes a quantidade ólim a a ser produzida” 1. N estes casos, o E stado deve
intervir para g arantir a produção de bens c/ou servjços não supridos natu
ralm ente pelo m ercado.
É o que ocorre com os cham ados "bens p úblicos" (ou bens coletivos,
segundo parte dos estudiosos), que são bens cujo consum o é do tipo “ não
rival" (o consum o p o r qualquer indivíduo não reduz a quantidade disponí
vel para outros indivíduos) c "não cx cludenle” (não é possível excluir
agentes que desejem consum ir o bem). Caso típico da segurança pública.
Na prestação deste tipo de serviço, não é possível fazer com que o uso por
parte de um beneficiário reduza a quantidade disponível para outro indiví
duo. Tam bém não se pode prestar o serviço para alguns e excluir outros do
benefício, pois neste tipo de serviço o benefício é necessariam ente dado a
uma determ inada com unidade, sem que seja possível separar alguns para
serem beneficiados e outros não..
I. L o n g o e T r o s i e r , E c o n o m ia .,,, p. 29
F e d e ra lis m o F is c a l e F u n d o s de P a rtic ip a ç ã o - J osé M a u r íc io C o n ti ^
H | |
2. V id e d e c l a r a ç ã o d e v o l o d o M in . A l i o m o r B a l e e i r o n o R E 7 7 , 9 4 0 - S P (in RTJ
6 9 / 9 0 2 , p. 9 1 1 ) .
3. N e c e s s i d a d e p ú b l i c a 6 " t u d o a q u i l o q u e i n c u m b e a o E s t a d o p re sta r, e m d e c o r '
rÉticia de u m a d e c i s ã o p o l í t i c a ” (In R c g i s d e O l i v e i r a . M tin m !,.., p. 15).
4 . " A t i v i d a d e f i n a n c e i r a é o c o n j u n t o d a s a ç õ e s d o E s t a d o p a r a n o b t e n ç ã o da
r e c e i t a c a r e a l i z a ç ã o d o s g a s t o s p a r a o a t e n d i m e n t o d a s n e c e s s i d a d e s p ú b lic a s ” ( R i c a r d o
L o b o T o r r e s . C u i w ..., p. 3),
E d it o r a J u a r e z d e O l iv e ir a
O Estado deve ter formas pelas quais possa arrecadar recursos e, assim,
fazer frente a todos os gastos necessários para que cum pra as funções que
lhe são atribuídas p ela sociedade.
Assim é que verificam os, m odernam ente, existirem algum as maneiras
pelas quais isto é realizado. Pode o Estado, por exem plo, arrecadar recursos
realizando atividades próprias dos particulares, que atendem precipuam ente
aos interesses individuais dos cidadãos, obtendo as cham adas receitas
originárias.
Ou a in d a - e principalm ente ~ pela via da tributação. A impossibilidade
de se arrecadar recursos suficientes por outras vias, circunstância presente
na grande m aioria dos E stados existentes, torna necessária a atribuição, ao
E stado, do poder de tributar - ou seja, arrecadar recursos legítim a mas
co erciiiv am en te dos c id ad ão s, ex ig in d o -lh es q u e en treg u em quantias
em dinheiro nas situações previam ente estab elecid as pelo ordenam en
to jurídico.
M as esta não é ainda a única questão a ser analisada no estudo acerca
da atuação do E stado na vida econôm ica.
Uma questão d e fundam ental im portância é sab er com o organizar o
E stado de m odo qu e atenda às necessidades públicas com a m elhor relação
cuslo-benefício, a fim de que possa oferecer aos m em bros da sociedade
bens e serviços que m elhor satisfaçam seus interesses com o m enor gasto
possível de recursos públicos.
' O fornecim ento de bens e serviços públicos apresenta peculiaridades
relativam ente aos aspectos alocativos que, com o se verá a seguir, levam à
form ação de um a estru tu ra descentralizada. A ssim , cad a tipo de necessida
de pública será m elhor atendida se estabelecida u m aestru tu ra espacialm en-
te organizada, com diversas esferas de governo.
Isto levar-nos-á ao estu d o do federalism o, que será realizado no item
subseqüente, com destaque para o federalism o fiscal, quando serão abor
dados os aspectos relacionados à organização da atividade financeira no
Estado Federal.
1 .3 .0 Federalismo
O jÊíieralism o, nas palavras de Sam paio Dória, é "a fórm ula histórico-
program ática de com posição política que perm ita harm onizar a coexistên
F e d e ra lis m o F is c a l e F u n d o s de P a rtic ip a ç ã o - J o sé M a u r I c io C osti
cia, sobre idêm ico território, de duas ou m ais ordens de poderes autôno
mos, em suas respectivas esferas de com petência"5.
Um a visão do conceito de federação vem delineado com precisão e
síntese nas palavras de José N ilo de Castro: “A noção de Federação (latim:
foedus, e m , aliança, associação, ou pacto) vincula-se à idéia de união, de modo
perm anente, de dois ou mais Estados em um só, o E stado federal. Os Esta-
dos-M em bros ou federados conservam a sua autonom ia interna, debaixo,
l porém, d a autoridade central, a União ou E stado federal. E esta união é
[m aterializada na Constituição federal"1'.
Far-sc-d, a seguir, um a breve análise sobre os diversos aspectos rela
cionados ao F ederalism o: formas, tipos, m odos de organização etc., para a
seguir iniciar-se o estudo específico do que mais interessa, que são as razões
íjustificad o ras e as form as de distribuição de recursos entre as unidades da
[Federação - o cham ado Federalism o Fiscal.
Em prim eiro lugar, cabe esclarecer o £ o n ccito de F.starin Fedem ),
R elativam ente aos tipos de Estado, a doutrina iá consagrou a existên-
cia de basicam ente duas espécies:
a) O E stado U nitário, que corresponde ao E stado em que a “descen
tralização nele existente (administrativa, legislativa e/ou política) está à mercê
do poder central. Este, por decisão sua (em geral por form a de lei), pode
suprim ir essa descentralização, am pliá-la, restringi-la etc"’.
b) O E stado Federal, com posto por um a agregação de Estados-m em -
bros, estando esta estru tu ra delim itada constitucionalm ente, na qual se
asseguram .poderes autônom os a estas entidades, havendo um a participa
ção delas no poder central por m eio de câm ara que os represente.—
E sta é a classificação sobre a qual tem sido estudada a organização
dos Estados quanto á distribuição espacial do poder. N o entanto, esta clas
sificação dicotôm ica não se coaduna com o que se o b se rv a na conform ação
dos Estados m odernos, m ostrando-se insuficiente e im precisa.
É possível, por exem plo, reconhecer um a terceira figura, a Confedera
ção, que, segundo os doutrinadores, vem a ser não uma m odalidade de
E stado Federai, mas sim um a união de E stados soberanos, na qual a auto
ridade central basicam ente coordena as decisões a serem tomadas pelos
8, P a u l o C a s s e b . F erferttlisnw .,-. p. 8 7.
9. " A d o u t r i n a m o s t r a q u e n i o e x i s t e d e f i n i ç ã o u n i v e r s a l d o f e d e r a l i s m o , le n d o
c i n v i s t a n d i v e r s i d a d e d a s p r o p o s t a s f e d e r a t i v a s " { B a r a c h o , J o s é A . O . A fe d e n tç ü o .,..
p. 5 0 ) .
F e d e ra lis m o F is c a l e F u n d o s de P a rtic ip a ç ã o - J o sè M a u r íc io C o m ti
1 I. A t í t u l o d e e x í m p l i f i c a ç n o , c a b e d c s l n c n r q u e jií h o u v e a c r i a ç ã o d e s t a s
f i g u r a s . O E s t a d o d e S ã o P a u l o , p o r m e i o d a L e i C o m p l e m e n t a r E s t a d u a l n. 8 7 0 , de
1 6.6.2000, c rio u a R eg ião M e tr o p o lita n a de C a m p in a s .
12. D o E s m d o p. 135 a 137.
;1 Ô ; E d it o r a J u a r e z d e O l iv e ir a
m ente, haja vista a dinâm ica das relações econôm icas, culturais e sociais a
que se sujeitam com o decorrer.do tem po.
Feitas estas considerações acerca das classificações dos Estados, e
justificadas as críticas a ejas endereçadas, há que sc avançar nos estudos
para o fim de se atingir o objeto central desta tese. Para isto, considerando-
se que a doutrina até agora existente uLiliza a figura do Estado Federal como
categoria de classificação dos tipos de Estado, e considerando estar o Brasil
nela incluído, figurando inclusive a Federação com o-cldusula.pétrea em nossa
C onstituição (C onstituição Federal, ari. 60, § 4", inciso I), passarem os ao
estudo da figura do E stado Federal.
• O E stado Federal surgiu form alm ente com a Constituição dos Estados
l Unidos da Am érica, em 1787, na qual se form alizou a união de várias coleti
vidades - no caso, treze colônias inglesas, que até então tinham existência
autônom a e independente.
A lgum as caractecLSLicas são intrínsecas à organização de um determ i
nado Estado na form a federativa. Entre elas podem ser consideradas funda
m entais as seguintes:
a) existência de, ao m enos, duas esferas de governo;
b) au to n o m ia das entidades d escentralizadas, que com preende as
autonom ias política, adm inistrativa e financeira:
c) organização do Estado expressa em um a Constituição;
d) repartição de com petências entre as entidades descentralizadas;
e) participação das entidades descentralizadas na form ação da vonta
de nacional;
f) indissolubilidade
A seguir, serão analisadas estas características do E stado Federal
lim itada pelas regras fixadas pelo poder soberano, quando, por meio da
C onstituição, estabeleceu a form a de organização daquela sociedade.
P ortanto, o E stado Federal supõe necessariam ente a convivência
Í
arm ônica de, ao m enos, duas esferas de governo, Um governo central,
om poderes sobre Lodo o território do E stado, e os governos das eniida-
cs descentralizadas, que se uniram na form ação do Estado Federal.
K» J £J jTtJ c/j
C abe aqui registrar a crítica já feita anLenormente quanto ã "quanti
dade” de esferas de governo, pois, segundo a doutrina vigente, há “Estados
U nilários” e "E stados Federais", caso existam , respeclivam cnte, um a ou
duas esferas de governo. N o entanto, com o j á dem onstrado, m odernam ente
Í
há um a m ultiplicidade de form as de organização territorial do poder nos
Estados, com várias esferas, até m esm o nos Estados dito Unilários.
A ssim , é de se considerar com o característica fundamental do Estado
Federal a existência Ar . ao nm nnx. duas esferas de governo, No entanto,
esta característica, considerada isoladam ente, é insuficiente para determ i
nar que um E stado seja ou não do tipo Federal. É im prescindível que se
considere presentes outras características, com o as que serão analisadas
posteriorm ente, a Fim de que se possa conclu ir estarm os ou não diante de
um Estado Federal.
13. P a r tic ip a ç ã o — . p. 3 2.
14. O art. 3° d a C o n s t i t u i ç ã o S u f ç a d i z q u e o s " C a n t õ e s " c o n s e r v a m s u a s o b e r a
n ia , n ã o e s t a n d o l i m i t a d o s p e l a C o n s t i t u i ç ã o : n o e n t a n t o , e s t a b e l e c e m f u n ç õ e s q u e
c n b c m a o p o d e r f e d e r a l , c o s " C h n r õ c s " p o d e m e x e r c e r a s ta re F n s q u e n ã o e s t e j a m
d e l e g a d a s a o p o d e r f e d e ra l. O a n . 2 4 , p o r e x e m p l o , e s t a b e l e c e u m a siírie d e c o m p e t ê n
c ia s l e g i s l a t i v a s p r õ p r i a s d a C o n f e d e r a ç ã o .
F e d e r a lis m o F i s c a l e F u n d o s de P a r t ic ip a ç ã o - J o sé M a u r íc io C o n ti g Q
a) A uto n o m ia politica
A autonom ia politica m anìfesta-se pela dem arcação, na Constituição,
dos poderes da entidade descentralizada. A autonom ia política pode ser
vista lato sensu, abrangendo inclusive os poderes de obter recursos e de
auto-organização. E stes dois últim os itens, no entanto, serão considerados
com o m anifestações da autonom ia financeira e da autonom ia adm inislrati-
íva, respectivam ente. Assim , podem os considerar a autonom ia política stridii
sensu com o a com petência para legislar, criando normas para determ inados
assuntos p reviam ente delim itados na C onstituição; a com petência para
participar nas decisões do Poder C entral, o que será visto a seguir por
ocasião da análise de um a das características do federalism o, que é a ju sta
m ente esta participação nas decisões do E stado; a delim itação de com pe
tências privativas relativam ente à função de fornecim ento de bens e servi
ços públicos; e a existência de órgãos próprios, com os quais exercerá as
funções que lhe foram d elim itadas„pííía C onstituição.
Josó A fonso da S ilva re _ jh ece esta característica: "R ealm ente, o
federalism o se caracteriza fundam entalm ente pela divisão do poder político
entre a com unidade centufl e as com unidades regionais, im portando numa
atribuição de autonom ia às entidades federativas. E ssa autonom ia fe d e ra
tiva com preende dois .elem entos básicos: a) existência de órgãos p ró p rio s;
b) existência d e u m m ínim o de com p etên cia p riva tiva . N estas, há que
incluir-se a outorgai de fontes tributárias próprias e capacidade de gerir os
próprios assunto s/trib u tário s e financeiros, que exatam ente servirão de
bases econôm icas da au to n o m ia"15. E m sentido sem elhante, em sua obra
j “C urso de D ireito C onstitucional P o sitiv o ” : "A autonom ia fe d e ra tiv a
I assenta-se cm dqfis elem entos básicos: a) na existência de órgãos governa-
j m entais p róprios, isto é, que não dependam dos órgãos federais quanto à
form a de seleção e investidura; b) na posse de com petências exclusivas, um
^m ínim o, ao m enos, que não seja ridiculam ente red u zido"15.
b) A utonom ia adm inistrativa
A autonom ia adm inistrativa m anifesta-se pela capacidade que a Cons
tituição confere às entidades descentralizadas de se auto-organizarem , ou
seja, de estabelecerem os órgãos, m eios e form as pelas quais se encarrega
rão de cum prir as tarefas que lhe foram atribuídas pela Constituição.
"O poder político, distribuído pelas cam adas da federação, encontra seu
necessário em basam ento na sim ultânea atribuição de poder financeiro, sem
o qual de pouco vale: autonom ia na percepção, gestão e d isp è n d io das
rendas próprias. E ssa com petência financeira autônom a, conform e já obser
vado, constilui-se em verdade no traço diferencial típico da prim eira federa
ção m oderna, a dos E stados U nidos da A m érica” ' 1.
Na m esm a linha de raciocínio está o pensam ento de C arvalho Pinto,
f em sua clássica obra sobre a discrim inação de rendas: "Subtrair, portanto, a
lindependência financeira a um a unidade a que se queira atribuir efetiva
.autonom ia político-adm inistraliva, seria negar-lhe o elem ento substancial
^dessa própria autonom ia, assim com o o procedim ento inverso importaria
em outorgar-lhe condições de vida própria, extensivas ou rem arcantes desse
seu atributo. E sta sim ples reflexão põe em destaque a íntim a conexão exis
tente entre o regim e discrim inatório c a respectiva organização estatal,
denunciando as conseqüências que a natureza daquele regim e pode trazer
à conceiluação do E stado, c dem onstrando, num sentido inverso, a força
im perativa que a fixação desse últim o tem na conform ação do sistem a
distributivo de rendas entre as suas unidades p o lític a s"1“. Reafirm a, mais
adiante: N um regim e federativo, isto é, onde, com o vim os, o poder se
exerce tam bém sob a form a das autonom ias locais, c onde estas autonom i
as, pela própria natureza do sistem a, têm irrecusáveis garantias, - o sistem a
de percepção de rendas das várias unidades políticas deve assum ir, eviden
tem ente, o caráter que m elhor se coadune com aquela prerrogativa local c
m elhor am pare estas garantias substanciais do regim e. Ora, a forma mais
segura de alcançar esse objetivo é aquela que proporciona recursos inde-
jpendentes a cada um a das un id ad es"[t>. (...) "A outorga de receitas distintas
Ja cada um a das unidades é, pois, um im perativo do regim e federativo, cuja
[subsistência estaria condenada num sistem a de franca concorrência tribù-
; tária”20. — -Vi*"-; W. 1'W .aiJTL-M
que levaram à criação da C om unidade E conôm ica Européia, por exem plo,
com o já m encionado, im portaram na criação de um a m oeda única para os
diversos países signatários, o qu e indiscutivelm ente im portou em perda de
poder. D eterm inar a linha divisória entre o que vem a ser um Tratado, que
estabelece regras entre E stados soberanos, e o que é um a C onstituição,
docum ento que representa a vontade única de um a nação soberana, não é
tarefa das m ais sim ples. N ão constitui, outrossim , a m eta perseguida por
. este trabalho.
f Este item é bastante relevante, pois a divisão das com petências, alia
da à repartição dos recursos entre as unidades que com põem a federação,
são o fator determ inante no equilíbrio federativo e consequente coexistên-
m >
E d it o r a J u a r e z d e O l jv e ír a
t
L e ia harm ônica entre eles, e, portanto, da própria m anutenção da federação,
f Sobre este aspecto convém ressaltar o alerta de C arvalho Pinto: "R eceita c
1 despesa ou, equivale dizer, discrim inação de rendas e distribuição de fun
ções, constituem assim os dois term os de um a equação indispensável ao
equilíbrio das unidades do Estado. Q ualquer atuação num desses extremos,
^“sem a devida com pensação do outro, precipitaria o equilíbrio da balança.
| Q ualquer objetivo, pois, de alterar o sistem a discrim inatório de una país,
j traz, com o a mais elem entar exigência, um a prévia revisão da paralela distri-
L buição de encargos, deslocando dessa form a a tarefa para um terreno fran
cam ente constituinte, com preensivo de toda estruturação política e co nsti
tucional do país e cujo desconhecim ento ou abstração não seria adm issível
em qualquer trabalho criterioso e construtivo’’1-.
2 2 . D is c r im in a ç ã o ..., p. 9 7 .
2 3 . E sta d o F e d e r a l..., p. 5.
F e d e ra lis m o F is c a l e F u n d o s de P a rtic ip a ç ã o - J o sé M a u r íc io C o n ti
Indissolubilidade
a inrlidmlnbiUrtnflp £ pré-requisito do E stado Federal, haja visia que
este se define pela união indissolúvel de E stados federados, de m odo que,
‘em havendo p ossibilidade de separação de um a das entidades, perde-se
esta característica essencial do federalism o. E star-se-ia, por conseguinte,
'diante de outra figura, que não a de um E stado Federal. Esta união deve,
portanto, estar expressa na C onstituição do E stado, com o item insuscetível
de alteração. E o que ocorre na C onstituição brasileira, que prevê ser a
R epública Federativa do Brasil form ada pela união indissolúvel dos E sta
dos e M unicípios e do D istrito Federal (art. 1L1) .
U m a vez vista esta noção acerca do que vem a ser o E stado F ederal,
c quais sejam suas prin cip ais características, cabe agora esm iuçar este
conceito,
V er-sc-á a seguir diversas classificações que tornam mais nítidas as
várias características que individualizam o E stado Federal.
A doutrina reconhece a existência de diversos tipos de Estados F ed e
rais. É im portante ser feita um a breve e prévia noção destas classificações,
a fim de que se possa m elhor com preender a form a adotada para o Estado
Federal brasileiro, e, conseqüentem ente, os m elhores cam inhos para que sc
organize a federação nacional, inclusive e principalm ente quanto ã forma de
distribuição dos recursos entre os seus com ponentes.
2 5 . M a n o e l G o n ç a l v e s F e r r e i r a F i l h o . O E stu d o ..., p. 7.
26 F e d e r a lis m o .., p, 9.
27. Velloso. Estada..., p. 8 .
F e d e ra lis m o F is c a l e F u n d o s d e P a rtic ip a ç ã o - J o s é M a u r íc io C o n t i
[
“dividir um a m esm a ‘m atéria', em diferentes níveis, entre diversos enLcs
federativos. A ssim , um a m esm a 'm atéria' é atribuída concorrentem ente a
i entes federativos diversos, sem pre, porém , em níveis diferentes: g_um atri-
bui-se o estabelecim ento d e norm as g e r a i s ; n-m ura, das norm as particula
res ou esp e c ífic a s (,..)”3Í. N e ste tip o d e fed eralism o , h á u m a m aio r
interpenetração entre as unidades da federação c o poder central.
M odernam ente, observa-se uma tendência dos E stados de estabele
cerem esta form a de organização territorial do poder, não fixando duas esfe
ras absolutam ente distintas, estanques c independentes, m as sim esferas
.que se interpenetrem , auxiliando-se m utuam ente c perm itindo m aior flexi
bilização, não som ente no cam po da repartição de com petências, m as princi
palm ente no que se refere à distribuição de recursos.
A ssim é que se desenvolveram as relações in tergo vernam en tais, hoje
presentes na maior parte dos E stados, as quais incluem o aspecto financeiro,
com o as transferências de re eursos^entre.as_unidades.da federação.
Schultze esquem atiza de m aneira didática estes tipos de federalism o,
dem onstrando que, de um lado, estão as alianças entre os Estados, como
ocorre com os T ratados e as C onfederações, direção na qual cam inha o
federalism o centrífugo, cujo objetivo suprem o é a independência e a diver
sidade; de outro, está o E stado U nitário, direção para a qual cam inha o
federalism o centrípeto, cujo objetivo m aior é a integração e a igualdade das
condições de vida39.
2 8 . M a n o e l G o n ç a l v e s F e r r e i r a F i l h o . O E s ta d o ..., p. 7.
2 9 . F e d e ra lis m o , p. 15.
m E d it o r a J u a r e z d e O l iv e ir a
1 .4 .0 federalismo fiscal
Í
tipo de federação adoiado, qual é o grau de autonom ia dos seus m em bros,
as incum bências que lhe são airibufdas e, fundam entalm ente, a forma pela
qual serão financiadas.
33. E c o n o m i a , p. 23.
B358
gBBfln
F e d e ra lis m o F is c a l e F u n d o s de P a rtic ip a ç ã o - J osé M a u r íc io C o .v n |
uma estrutura fiscal com posta por m últiplas unidades de prestação de ser
viços, cada um a delas cobrindo uma região de um certo tam anho na qual a
o fena de um serviço específico é determ inada e financiada"3,1,
Esta é questão pacífica entre os estudiosos das finanças públicas,
com o se pode co n statar deste excerto: "A lim itação espacial da incidência
dos benefícios das despesas públicas requer, por razões de eficiência, uma
estrutura fiscal descentralizada, cabendo a cada governo jurisdições de
diferentes tam anhos, dentro das quais o nível e a com posição dos serviços
f públicos seriam determ inados e financiados. Então, uma justificativa econô
m ica para o sistem a federal é baseada, essencialm ente, na capacidade que
unidades de governos descentralizados têm para m elhorar a alocação de
recursos do setor público, através da diversificação dos serviços públicos
'^de acordo com as preferências locais"-13.
N o m esm o sentido estão as palavras de Vera M artins Silva: “O federa
lismo é um tipo de regim e político onde há várias instâncias governam en
t a i s presentes. O federalism o fiscal é a form a com o essas instâncias se
organizam em term os de atribuições de encargos e receitas para a execução
I das funções governam entais, A ocorrência de diversos níveis de governo
dentro da estrutura do E stado varia conform e as peculiaridades de cada
país. Isso porque existem várias formas de federalism o, desde a clássica,
adotada nos E stados U nidos, com o m uitas outras que tam bém podem ser
cham adas de regim es federativos, incluindo-se o caso de um a confedera
ção com o a Suíça. N este caso, o sentido de federalism o é bastante solto e
indica uma estrutura em que'a integração ocorre em um nível supranacional,
adotando-se um aparato m ínim o necessário ao bom funcionam ento do con
junto, resguardando-se, contudo, boa parcela de autonom ia entre as unida-
íd e s. A existência de diversos níveis de governo é teoricam ente desejável
| para o desem penho eficiente da função alocativa no governo na medida em
] que, se as funções utilidade e renda são diferentes entre as localidades, deter
minados bens ou serviços são mais eficientem ente ofertados por níveis
sub-nacionais, enquanto outros são relativam ente m elhor ofertados pelo
nível federal. É claro, também, que ao lado de questões de eficiência alocativa,
há tam bém critérios históricos e políticos que determ inam qual será a divi
são de encargos e receitas públicos."3*.
j'
3 4 . F in a n ç a s ,.., p. 5 3 2 .
3 5 . L o n g o c T r o s i e r . E c o n o m ia ..., p . 148.
3 6 . O s M u n ic íp io s ..., p. 15.
E d it o r a J u a r e z d e O l iv e ir a
f Segundo este princípio, devem ser criadas formas pelas quais sejam
1 atenuados determ inados desajustes que venham a ocorrer em função de
L circunstâncias peculiares a determ inados tipos de serviços, que geram as
cham adas "externalidades". Ou seja, pode ocorrer de determ inado integrante
da federação ser beneficiado - ou prejudicado - por um a atividade que
deva necessariam ente ser realizada em benefício de toda uma com unidade,
f Um m unicípio que esteja localizado em um a região em que se tenha um
f interesse de preservação am biental, por exem plo, poderá ficar sujeito a um a
3 7 . F in a n ç a s ..., p. 5 3 2 / 5 3 7 .
38, E s t a q u e s t ã o 6 s i s t e m a t i z a d a c o m p r e c i s ã o c m L o n g o c T r o s i c r ( .E ttin o
n n a .,., p. 14 8 ).
F e d e ra lis m o F is c a l e F u n d o s de P a rtic ip a ç ã o - J o s é M a u r íc io Comi
^ série de lim itações de òrdcm legal que o im peça de ver instalados em seu
I território in d ú strias'e com ércio. N este caso, o M unicípio será fortem ente
i^prejudicado em sua receita, haja vista as restrições a que Fica sujeito e que
im pedem a existência em seu território de atividades que poderiam vir a
gerar receitas, e o benefício gerado —m anutenção do meio am biente sadio -
não atingirá som ente essa com unidade, m as sim toda uma região na qual
estão várias outras com unidades, que não são afetadas pela queda de recei
ta, m as beneficiadas pela preservação do m eio am biente. Esta necessidade
I
de preservação do m eio am biente gera o que se pode denom inar em ciência
econôm ica de “externalidade negativa” , circunstância a ser com pensada de
algum a form a, sob pena de p rovocar injustiças sob o ponto de vista da
I distribuição de riquezas entre as unidades da federação, em prejuízo, portan
to, da eqüidade federativa e, por conseguinte, do próprio espírito para o
' qual foi criada a federação - que é a de m elhorar a vida das pessoas de uma
determ inada sociedade, e não p rejudicar alguns em benefício de outros.
3 9 . F in a n ç a s ..., p. 5 4 0 .
E d it o r a J u a r e z d e O l iv e ir a
objetivos do Estado, que tem, entre suas principais funções, buscar sem pre
levar seus cidadãos em direção à igualdade. tzLiVL, TAF, JA y.ir '-55
Sem querer ingressar na árdua e possivelm ente infindável tarefa dc
extrair o exato conteúdo do princípio d a igualdade, é possível adm itir com o
segura a tese de que a igualdade deve ser buscada de form a a atenuar as
diferenças entre as pessoas, ainda que para isto seja necessário o tratam en
to dèsigual entre elas. “A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar
desigualm ente aos desiguais, na m edida em que se desigualam . N esta desi-
J gualdadersocial, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a
verdadeira lei da igualdade. O rn ais são desvarios da inveja, do orgulho e da
( loucura. T ratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade,
\ seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites hum anos
conceberam inverter a norm a universal d a crii çao, pretendendo, não dar a
cada um , na razão do que vale, m as atribuir o rrtesm o a todos, com o se todos
se equivalessem "''0. sel.vfsuc.vl fl1, f-'r'■'[ oov.*l.
N ada m ais razoável, na busca do cam inho que leve à Justiça Socialj do
que reconhecer ser aplicável esta noção da igualdade não apenas aos indi
víduos com o tais, considerados isoladam ente, m as tam bém às com unida-
d e ^ n a qual vivem .
C om o bem ressalta L obo Torres, "existe certo consenso em torno da
necessidade de tratam ento desigual conform e as diferenças existentes en
tre regiões, pelo que os benefícios m aiores para as áreas pobres ficam ple
nam ente ju stificados". D estaca ainda o autor os diversos artigos da C ons
tituição qu e determ inam a o bservância desta eqüidade entre regiõesJ |.
Em sentido sem elhante está o pensam ento de Sam paio D ória: “Neste,
f a redistribuição de rendas, succionadas pela aparelhagem arrecadadora fede-
t ral das regiões m ais afluentes e bom beadas, através dos canais da despesa
[ ou da m era transferência, para aquelas inaptas a gerá-las autonom am ente, é
Im p e rio sa norm a de política federativa. (...) Concedido que a U nião deva
a tu ar com o agente_de nivp.lam&nirt-de-ijms-rleKlgiialriadcs, quando m enos
por falta de outro elem ento catalisad o r ou fertilizador de forças adorm e
cidas locais, põe-se a seguir o problem a do com o, quanto e onde se deve
program ar essa atuação, m atéria de definição casuística e contingente, que
refoge de nosso propósito básico de fixar a prem issa dessa intervenção. (...)
Historicam ente, o federalismo sem pre se inclinou a equilibraras descom pen
4 0 , R u y B a r b o s a . O ra çã o tm x m o ço s, p. 32.
4 ] . C u r r o . , . , p. 9 2 .
F e d e ra lis m o F is c a l e F u n d o s de P a rtic ip a ç ã o - J o sé M a u r íc io C o n ti
procedim ento com preensível, que não deixa, entretanto, de envolver certa
concentração de deliberações, conflitante com a alm ejada autonom ia finan-
! ceira dos Estados e dos M unicípios. N ão liá no alegado escrúpulo de auto
nom ia um idealism o forçado contra a realidade dos fatos. O que existe, na
afirmação que acabo de fazer, é 0 desejo de ver assegurada a descentralização
adm inistrativa, que se im põe em nosso País, em face da enorm e extensão
territorial e das m arcantes peculiaridades regionais
j A própria C onstituição brasileira vigente reconhece serem as transfe-
/ rências i n tergo vern a m e n ta is instrum entos de equilíbrio federativo ao estabe
lecer, em seu art. 161, inciso II, que os Fundos de Participação têm como objcd-
vo "prom over o equilíbrio sócio-econôm ico entre estados e m unicípios".
Vemos, assim , a im portância que têm as transferências intergoverna-
m enlais com o instrum entos fundam entais do federalism o fiscal.
45. O N ovo.,., p. 1 1.
46. Os vários am ores m encionam esle m ecanism o por expressões equivalentes,
com o se pode constatar na doutrina, em que se encontram as expressões “discrim inação
pela fome” (Sampaio Dória, Discriminação..., p. 19). ou “separação de fontes""íJÕse Atonso
T a _S ilv ã 7 Tributos..., p. 67/68).
47. José Afonso da Silva faz a distinção: "[A discrim inaçüoJÉ rígida, quando a
Constituição enumero exaustivamente todas as fontes de rendas para cada pessoa jurídica
de direito público interno, como se dá no sistema brasileiro. É flexível, quando apenas se
limita a atribuir alguns tributos a uma das entidades públicas, deixando larga margem ao
exercício do poder tribuianic concorrente ou cumulativo, como ocorre nos Estados Uni
dos da A m írica do Norte. (Tributos.... p. 12/15). Cantizano tam bém faz referên
cia à possibilidade de existirem discrim inações rígidas e flexíveis: “ A flexibilidade de
um siste m a d isc rim in ató rio de rendas c o n siste no fato de q u e as esferas político -
ad m in istraiiv as com poder im positivo não estão vinculadas, de m odo im perativo c
rígido, aos tributos constantes do Estatuto Básico ou da discrim inação consignada cm
legislação ordinária.(...). A discrim inação de rendas som ente pode m erecer a classifica
F e d e ra lis m o F is c a l e F u n d o s de P a rtic ip a ç ã o - J o s é M a u r íc io C o r t i
<Jn
O que se preiende realizar a seguir é, tão-som ente, um a análise gené
rica a resp eito dos sistem as de repartições d trre c e itas e transferências
intergovernam cntais em alguns países, a fim de ilustrar csia tese com outras
experiências para que se possa am pliar o conhecim ento acerca do tema
abordado, sem que isto im porte, contudo, em uma análise acurada deste
assunto em cada Estado estudado.
2.3.J.2. C anadá
2 3 .1 .3 . M éxico
2.3.1.4. A rgentina
adicionado, sobre a renda, sobre bens pessoais, sobre com bustíveis líquidos
c im postos seletivos, segundo critérios que levam em consideração a popu
lação, desenvolvim ento e a densidade populacional™.
A participação indireta, por m eio de fundos, m encionada no Texto
C onstitucional, garante um a transferência autom ática dos recursos, que é
realizada diariam ente, nos term os do art. 6 " da lei 23.548™. R egistre-se a
ex istên cia do Fundo d e D esen v o lv im en to de R o d o v ias, F undo para a
Seguridade Social, F undo de D esenvolvim ento R egional, Fundo Especial
para E letrificação do Interior, Fundo de H abitação N acional e Fundo de
D esenvolvim ento Energético™.
O detalham ento do com plexo sistem a de repartição d e receitas tributá
rias e co-participação na arrecadação argentino pode ser visto no quadro
reproduzido por Schwartz™.
77. Shah. The reform..., p. 50; Kapler, P erß l du A le,m m hu. p. 182.
78. Kapier. P erfil du A iem unhu..., p. 184.
F e d e ra lis m o F is c a l e F u n d o s de P a r tic ip a ç ã o - J o sé M a u r Io o C o n ti
2.3.4.J. E spanha
t
princípio, de um Estado Unitário, mas que prevê a existência e assegura a
autonom ia de entidades regionais. D aí muitos classificarem a Espanha como
sendo um a outra categoria de Estado, o cham ado Estado Regional81.
2.3.4.2. Itália
87. A rt. 119. Le regioni hanno autonom ia finanziaria nelle form e c nei limili
stabiliti da leggi della Repubblica, che la coordinano coni la finanza dello Staio, delle
Provincie e dei C om uni. Alle Regioni sono am bitili iribuli propri e quote di tributi
erariali, in relazione ai bisogni delle Regioni per le spese necessarie as adempiere le loro
funzioni normali. Per provvedere a scopi determinati, c particolarmente per valorizzare
il Mezzogiorno e le Isole, lo Stato assegna per legge a singole Regioni contributi spcciali.
La Regione hd uni proprio d e m a n io e patrim onio, secondo le m odalità stabilite com
legge della Repubblica.
88. O rdinam ento delle autonom ie lucali. L. 8 giugno 1990, n, 142.
89. A n . 54, 2: "Ai comuni c alle provincic la legge riconosce, nclfam bito della
finanza pubblica, auionomia finanziaria fondata su certezza di risorse proprie e iransferite".
II E d it o r a J u a r e z d e O l iv e ir a
C um pre destacar, em bora não seja fundam ental sua im portância nas
finanças das unidades subnacionais, a existência de participações indiretas
..na arrecadação por m eio de fundos. H á o cham ado Fundo Com um , cuja
receita provém basicam ente de im postos sobre com bustíveis e tem caráter
altam ente redistributivo, sendo a participação no fundo determ inada coiri
base em critérios que levam em consideração a população, a área territorial,
o índice de im igração, o índice de desem prego e o inverso da renda p e r
capita™. E xiste tam bém o Fundo para o D esenvolvim ento de Projetos R egio
nais, cujo s recursos d estinam -se ào financiam ento de projetos para as
reg iõ es'm en o s favorecidas. Segundo E m iliani (e outros), a m aior parte -
60% - vai para as regiões do sudeste. O s M unicípios têm ainda participa
r ão em um fundo deeq u alização ^ u j a finalidade é com pensar a diferença de
arrecadação local entre eles.
2.3.4.3. P ortugal
93. A n. 234 (Participação nas receitas dos im postos directos): "Os m unicíp
participam , por direito próprio e nos term os definidos pela lei, nas receitas provenien
tes dos im postos directos".
E d it o r a J u a r e z d e O l iv e ir a
95. A n. 10. Com pete i s m csmns A ssem bléias legislar; 5°) Sobre a fixação das
despesas m unicipais c provinciais, e os im postos pura cias necessários, contanio que
csies não prejudiquem as iyrposiçoes gorais do Estado. As Câmaras poderão propor os
meios dc ocorrer ás despesas dos seus M unicípios. 6°) Sobre a repartição da contribui
ção direta pelos Municípios da Província, e sobre a fiscalização do emprego das rendas
públicas provinciais c m unicipais, c das contas dc sua receita c despesa.
96. O Novo p. 18.
E d it o r a J u a r e z d e O l iv e ir a
dente sobre com bustíveis, m inerais e energia elétrica, cobrado pela União,
tinha o pro d u to de sua arrecadação d istribuído nos term os do § 2" do refe
rido dispositivo legal, que determ inava a entrega de, no mínim o, 60% do
valor arrecadado aos Estados, D istrito Federal e M unicípios, proporcional
m ente à sua superfície, população, consum o e produção. O art. 2 0 dispunha
tam bém que "quando a arrecadação estadual de impostos, salvo a do im posto
de exportação, exceder, em M unicípio que não seja o da capital, o total das
rendas locais de qualquer natureza, o E stado dar-Ihe-á anualm ente trinta
por cento do excesso arrecadado” . E o § 4" do art. 15 estabelecia que 10%
do valor arrecadado pela U nião com o im posto sobre a renda seria distribu*
ído aos M unicípios (excluídas as capitais), em partes iguais, com a obriga
ção de se aplicar ao m enos m etade da im portância em benefícios de ordem
rural. O bserve-se, neste últim o caso, ter sido estabelecida uma transferên
cia do tipo autom ática, obrigatória c parcialm ente condicionada, haja vista
a vinculação de parte do valor transferido para um a finalidade previam ente
determ inada. N a Constituição de 1946 há basicam ente participações diretas
na arrecadação, não obstante a divisão dos 1 0 % arrecadados com o im posto
sobre a renda posse ser considerado o em brião dos atuais Fundos de Participa
ção dos M unicípios, que são form as de participação indireta na arrecadação.
A partir da C onstituição de 1946, houve m uitas alterações no sistem a
de repartição de receitas tributárias prom ovidas por m odificações parciais
do Texto C onstitucional, até que se chegasse à form a atual.
A E m enda C onstitucional n. 5, de 1961, alterou alguns parágrafos do
art. 15 do Texto então vigente, m odificando as participações na arrecadação
alheia. A própria em enta especificava sua função: "Institui nova discrim i
nação de rendas em favor dos M unicípios brasileiros”. A nova redação do
§ 4" do art. 15 estabeleceu que a U nião entregaria aos M unicípios 10% do
valor arrecadado com o im posto sobre consum o de m ercadorias, devendo-
se fazer a distribuição em partes iguais. E a nova redação do § 5" do art. 15
determ inava à U nião que entregasse 15% (quinze p o r cento) do total arreca
dado com o im posto sobre a renda para os M unicípios, em partes iguais -
aum entando, portanto, em 5% (cinco por cento) a participação prevista
anteriorm ente.
M odificou ainda a distribuição das com petências tributárias, atribuin
do aos M unicípios a com petência para a instituição do im posto territorial
rural e do im posto sobre a transm issão da propriedade im obiliária inter
vivos (nova redação do art. 29), que anteriorm ente pertenciam aos Estados.
A Em enda C onstitucional n. 10, de 9 de novem bro de 1964, atribuiu à
U nião com petência para instituir o im posto territorial rural (acrescentando o
F e d e ra lis m o F is c a l e F u n d o s de P a rtic ip a ç ã o - José M a u r I c io Com H jj
C onstituição então vigente. M as o item que cum pre destacar é justam ente o
fato de ter sido instituída nova form a de repartição das receitas que consti
tuíam os Fundos de Participação. D eu-se nova redação ao art. 26 da C onsti
tuição, estabelecendo-se que, do produto d a arrecadação dos im postos
sobre a re n d a e sobre produtos industrializados, 1 2 % (doze porcento) distri
buir-se-ia da seguinte fonna: a) 5% (cinco p o rcen to ) ao Fundo de Participa
ção dos Estados, do D istrito Federal e dos M unicípios; b) 5% (cinco por
cento) ao F undo de Participação dos M unicípios; e c) 2% (dois por cento)
a F undo E special. H ouve, pois, uma redução do repasse aos fundos de
participação e a criação do Fundo Especial.
A C onstituição de 1967 foi, pouco depois, novam ente alterada com a
prom ulgação da Em enda Constitucional n. I ,d e 17 de outubro de 1969, sem
contudo prom over m udanças significativas na ordem então vigente, relati
vam ente ao aspecto da repartição dc receitas.
A Em enda C onstitucional n, 5, de 28 de ju n h o dc 1975, alterou os
percentuais de receitas destinadas à form ação dos Tundos de participação.
Estes valores foram posteriorm ente alterados com a Em enda C onstitucional
n. 17, de 12 de dezem bro de 1980, e novam ente m odificados pela E m enda
Constitucional n. 23, de 1983, e Em enda Constitucional n. 27, dc 28 de novem
bro de 1985. Este assunto será desenvolvido em mais detalhes posterior
m ente, quando se tratar da evolução histórica dos referidos fundos.
N o que tange à participação direta na arrecadação, a C onstituição de
1967, com a redação que lhe foi dada pela E m enda n. 1, dc 1969, veio a ser
alterada pela E m enda Constitucional n. 17, de 1980, que, dando nova red a
ção ao § 9o do art. 23, estabeleceu que as parcelas recebidas pelos M unicí
pios em função da participação no im posto sobre operações relativas a
circulação de m ercadorias seriam creditadas levando-se em consideração o
valor adicionado nas operações realizadas nos respectivos territórios. E o § 10
do m esm o artigo deLerminou que 50% (cinqüenta por cento) do produto da
arrecadação do im posto estadual sobre a transm issão da propriedade imóvel
seria destinado ao M unicípio onde estivesse localizado o imóvel objeto da
transm issão.
A E m enda C onstitucional n, 23, de I" de dezem bro dc 1983, relativa
m ente ã participação direta na arrecadação, aum entou o percentual dc distri
buição dos recursos do im posto único da U nião sobre com bustíveis e ener
gia elétrica, passando de' 40 (quarenta) para 60% (sessenta por cento) do
valor arrecadado; determ inou ainda que, do total da transferência, 2/3 (dois
terços) seriam destinados aos E stados, D istrito Federal e Territórios, e 1/3
(um terço) aos M unicípios.
E d it o r a J u a r e z d e O l iv e ir a
b) 50% (cinqüenta por cem o) do ITR relativo aos im óveis neles situa
dos (ari. 158, II, da C onstituição);
c) 50% (cinqüenta p o rc e n to ) do IPVA relativo aos veículos licencia
dos em seus territórios (art. 158, III, da C onstituição);
d) 25% (vinte e cinco por cento) do IC M S, repartido conform e as
regras do art. 158, IV e § único, da Constituição;
c) 25% (vinte e cinco por cento) dos recursos que os Estados receb
rem da U nião a título de participação na arrecadação do IPI (10% propor
cional às exportações de produtos industrializados);
f) 70% (setenta por cento) do IO F incidente sobre operações com
ouro (art. 153, § 5o, II, da Constituição).
Prevê tam bém a C onstituição diversas form as de participação indi
reta. As participações indiretas ocorrem por m eio da criação de fundos.
Há vários fundos previstos expressam ente na C onstituição Federal e,
além destes, inúm eros outros criados pela legislação infraconstitucional.
O art. 165, § 9o, da Constituição, atribui à lei com plem entar competência para
"estabelecer norm as de gestão financeira e patrim onial da adm inistração
direta e indireta, bem com o condições para a instituição e funcionam ento de
fundos” . E sta lei com plem entar não chegou a ser editada posteriorm ente à
prom ulgação da C onstituição de 1988, de m odo que atualm ente seguem -se
as norm as da Lei n. 4.320/64 no tocante a este assunto, haja vista que os
dispositivos em questão (arts. 71 a 74) foram recepcionados.
Sendo o objeto central deste trabalho o estudo dos Fundos de P arti
cipação dos Estados, D istrito Federal e dos M unicípios, apenas será feita
breve referência a outros fundos previstos na C onstituição, e não serão
analisados os fundos criados por legislação infraconstitucional.
( N o ordenam ento ju ríd ico vigente no B rasil, a participação indireta
I constitucionalm ente prevista vem basicam ente delineada no art. 159, que
j prevê os dois principais fundos: O Fundo de Participação dos Estados e
^ D istrito Federal e o F undo de Participação dos M unicípios.
A lém destes, há ainda os Fundos C onstitucionais de Financiam ento
do Norte (FNO), N ordeste (FN E) e Centro-O estc (FCO), bem com o o Fundo
de M anutenção e D esenvolvim ento do Ensino Fundam ental e de V aloriza-’
ção do M agistério (F U N D E F), Fundo de Saúde, F undo de Combate, c
E rradicação da Pobreza, além de outros. C onstatam -sc tam bém alterações
de caráter provisório na repartição de receitas previstas no Fundo de E sta
bilização Fiscal. A lgum as vezes a participação na arrecadação do IPI vem
m encionada com a denom inação de Fundo de C om pensação pela E xporta
ção de Produtos Industrializados.
F e d e ra lis m o F is c a l e F u n d o s de P a rtic ip a ç ã o - J osê M a u r íc io Cot,t i
b) 1,8% (um inieiro e oito décim os por cento) para o Fundo C onstitu
cional de Financiam ento do N ordeste;
c) 0,6% (seis décim os por cento) para o Fundo C onstitucional de
Financiam ento do C entro-O este.
II - os retornos e resultados de suas aplicações;
III - o resultado da rem uneração dos recursos m om entaneam ente não
aplicados, calculado com base cm indexador oficial;
IV - contribuições, doações, financiam entos e recursos dc outras
origens,'concedidos por entidades de direito público ou privado, nacionais
ou estrangeiras;
V - dotações orçam entárias ou outros recursos previstos em lei.
A Em enda Constitucional n. 14, de 21 de agosto de 1996, em seu art. 5",
criou o Fundo de M anutenção e D esenvolvim ento do Ensino Fundam ental
e de Valorização do M agistério (FU N D EF),
O ari. 60 do A to das D isposições C onstitucionais T ransitórias da
C onstituição prom ulgada em 1988 dispunha que o Poder Público deveria
utilizar pelo m enos 50% (cinqüenta p o r cento) dos recursos obtidos com a
deslinação obrigatória m ínim a para a educação (prevista no art. 212 da C ons
tituição Federal, que é de 18% para E stados e D istrito Federal e 25% para
M unicípios) na finalidade de elim inar o analfabelism oe universalizar o ensi
no fundam ental. A E m enda C onstitucional n. 14/96, retro referida, alterou a
redação do dispositivo constitucional aum entando para 60% (sessenta por
cento) o percentual com destinação pré-determ inada e especificou que os
recursos devem ser destinados “à m anutenção e ao desenvolvim ento do
ensino fundam ental, com o objetivo de assegurar a universalização de seu
atendim ento c a rem uneração condigna do m agistério". A distribuição das
responsabilidades e recursos é feita m ediante a criação, no âm bito de cada
Estado c do D istrito Federal, do FUNDEF, cujas receitas constituem -se por,
pelo m enos, 15% (quinze por cento) da arrecadação obtida na form a dos
arts. 155, II (ICM S), 158, IV (participação dos M unicípios de 25% (vinte e
cinco p o rc e n to ) na arrecadação do IC M S), 1 5 9 ,1, n e i (Fundos de ParLici-
pação dos Eslados, D istrito Federal c M unicípios) e 159, II (participação
esladual no IPI). A distribuição dos recursos do FU N D E F é feita propor
cionalm ente ao núm ero de alunos nas respectivas redes de ensino funda
m ental (ADCT, ari. 60, § 2", com a nova redação da EC n. 14/96).
O Fundo de E stabilização Fiscal (FE F) teve caráter provisório, com
validade até o final dc 1999, razão pela qual apenas se faz breve referência.
Está previsto na Em enda C onstitucional n. 17, de 2 de novem bro de 1997,
que alterou redação dos arts. 71 e 72 do A to das D isposições C onstilucio-
F e d e k a lis m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r tic ip a ç ã o - J o sé M a u r íc io C o n t i