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Introdução ........................................................................................................................ 2
Referências ....................................................................................................................... 11
Introdução
Os objetivos desse trabalho são apresentar o histórico da especialidade tanto nos Estados
Unidos como no Brasil, analisar possíveis melhorias que a sua implantação pode resultar no
serviço final do hospital, discutir a importância da ética na profissão e trazer opiniões dos
profissionais que atuam na área sobre o tema.
A Engenharia Clinica teve seu inicio nos Estados Unidos na década de 60 como necessidade
de acompanhar a evolução e o surgimento de novas tecnologias aplicadas em equipamentos
médicos, como ultrassom e tomografia. (RAMIREZ e CALIL, 2000).
No inicio da década de 80, havia uma dificuldade em encontrar um lugar para o engenheiro
clinico na equipe hospitalar, pois não havia aceitação por partes de administradores, médicos
e enfermeiros sobre a contribuição que um esse tipo de profissional poderia trazer a equipe
médica. Grande parte dessa desconfiança se devia ao fato de essa especialidade ser muito
recente na engenharia, e questões como uma definição muito aberta do que se tratava um
engenheiro clinico, falta de cursos específicos para a área e a falta de uma organização que
representasse os engenheiros clínicos agravava a situação.
Com o passar da década de 80 a engenharia clinica começou a deixar de ser vista como
simplesmente um setor de manutenção de equipamentos, passando a ser um setor que
deveria trabalhar integrado com outras áreas do hospital e cooperando com áreas
administrativas que eram responsáveis pela avaliação e gerenciamento tecnológico.
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Na década de 90 o governo dos Estados Unidos começou a ter um maior controle e
fiscalização sobre os serviços médicos a fim de reduzir custos, com isso os médicos foram
incentivados a utilizar métodos de tratamentos mais eficientes. A partir desse ponto a
engenharia clinica passou a ter um papel ainda mais importante na integração com a equipe
medica, através de sua habilidade e competência para auxiliar a equipe medica na
implementação e escolha da tecnologia mais segura e produtiva (RAMIREZ e CALIL, 2000).
A engenharia clinica no Brasil começa a surgir só no inicio dos anos 90, quando foi
diagnosticado pelo Ministério da Saúde que a falta de mão de obra especializada era um dos
graves problemas no sistema de saúde, resultando num cenário de vários equipamentos
parados nos centros hospitalares. (TERRA et al.,2014)
A partir daí no ano de 1993 foi instituído o curso de especialização em engenharia clinica,
financiado pelo ministério da saúde. Com carga horária de 1935 horas, sendo 620 de teoria e
1315 de prática esse curso foi implantado pela Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) e Universidade Federal do Pará (UFPA) para engenheiros elétricos que quisessem
trabalhar em hospitais. Além de receber o curso de especialização a UNICAMP com seu Centro
de Engenharia Biomédica (CEB) se estabeleceu como uma central de referencia técnica com o
objetivo de adquirir documentação técnica e legislações de equipamentos médicos nacionais e
estrangeiros.
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escolhas de novas tecnologias, um ciclo muito parecido com o que o setor sofreu nos Estados
Unidos na década de 90.
Em 2011 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou uma resolução (RDC
no 63) determinando que todos os estabelecimentos de saúde devem ter um profissional de
engenharia clinica entre seus gestores.Isso impulsionou a especialidade no mercado de
trabalho e com isso o surgimento de novos cursos, como o Curso de Engenheiro biomédico na
Universidade Federal do ABC (UFABC) e na Universidade Federal do Pernambuco (UFPE).
No nível técnico também não são apenas técnicos formados em equipamentos biomédicos
a atuarem na área, até pela escassez de profissionais com essa especialização.No estado de
São Paulo apenas o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) conta com esse curso,
que é ofertado apenas em uma de suas unidades, por isso há uma grande presença de técnicos
formados em eletrônica trabalhando na área.
Hoje existe uma discussão tanto no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA)
como na Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica (SBEB) sobre quais profissionais podem
trabalhar com engenharia clinica, porque com o surgimento da engenharia biomédica houve
um questionamento sobre o tipo de formação mais adequado para formar aqueles que atuam
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na área, assim surgindo uma disputa de espaço nesse campo entre os profissionais com
graduação em engenharia biomédica com as outras graduações.
Apesar do crescimento nos últimos anos a engenharia biomédica ainda conta apenas com
18 instituições que oferecem o curso no Brasil, Universidade Federal do ABC (UFABC),
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
Universidade Federal de São João (UFSJ), Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL),
Universidade do Vale do Paraíba (INIVAP), Centro Universitário Franciscano (UNIFRA),
Pontifícia Universidade Católica São Paulo (PUC-SP) Universidade Federal do Pará (UFPA),
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), Universidade Federal do São Paulo (UNIFESP), Faculdade das Américas (FAM),
Universidade do Centro Leste (UCL), Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC),
Centro Universitário facvest (FACVEST), Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE),
Católica de Santa Catarina.
Nos cursos de pós-graduação também existem matérias que têm como tema discutir
assuntos éticos na saúde. Na grade obrigatória do curso de pós-graduação em engenharia
clinica da UNICAMP existe a disciplina “Gerenciamento de Equipamentos Médico-
Hospitalares” que na sua ementa tem o tópico conhecer os preceitos éticos do setor de saúde.
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Apesar de muitas vezes restritos, o eventual contato do profissional com o paciente deve
ser feito seguindo os princípios éticos que regem os profissionais do corpo médico, sempre
lembrando a integração que o profissional de engenharia deve ter com esse setor.
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corretivas e que consequentemente diminuiu a qualidade do serviço prestado ao usuário final,
resultando em equipamentos parados. (SOUZA, et al, 2012).
Figura 1: Evolução dos percentuais de manutenção interna, externa, corretivas e preventivas no HC-UFU, no
período de 2001 a 2010. (Gráfico retirado do artigo SOUZA, B.D.; MILAGRE, T.S; SOARES, B.A. Avaliação econômica
da implantação de um serviço de Engenharia Clínica em hospital público brasileiro. Revista Brasileira de
Engenharia Biomédica (Impresso), v. 28, p. 327-336, 2012)
Para esse trabalho do curso de “Políticas de Saúde” foi realizada uma pesquisa com dois
profissionais que atuam na área. O primeiro profissional tem uma vasta experiência na área,
enquanto o segundo ingressou na área há pouco tempo. Foram realizadas nove perguntas
sobre o tema para esses profissionais darem suas opiniões sobre o estagio que a engenharia
clinica se encontra.
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3. Como conheceu e entrou na área?
Valdivan: A engenharia Clinica é importante para boa gestão das tecnologias médicas
aplicadas aos serviços de saúde.
Silvia Helena: É muito importante, já que é responsável não só pela gestão adequada
dos equipamentos, mas também garantindo a segurança e bem-estar tanto do
paciente quanto dos profissionais da instituição. Fora que pode proporcionar redução
de gastos e aumento de produtividade
Valdivan: As principais dificuldades que o setor enfrenta são ainda a falta de uma
cultura que a engenharia clínica é necessária e traz ganhos significativos aos serviços e
saúde e a inserção no mercado de empresas e profissionais não qualificados para
desempenhar o papel que a engenharia clinica se propõe.
Silvia Helena: Aplicar, na prática, o conceito de engenharia clínica nos demais setores.
Alguns podem enxergar como a assistência técnica e que todos os problemas devem
ser resolvidos pelos engenheiros, mas a ideia é que todos sejam capazes de realizar
hábitos e rotinas que valorizem a vida útil do equipamento e os cuidados durante os
procedimentos. Em instituições públicas, o uso mais regulado de verba e portanto
ocorre pouco investimento.
6. Você acha que hoje a engenharia clinica ainda está na fase de desenvolvimento?
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7. Você acha que o setor consegue ter uma boa integração com o corpo médico?
Valdivan: Acredito que esta integração seja importante para as duas partes, mas isso
ainda não acontece naturalmente.
Silvia Helena: De certo modo, sim. Existe uma divergência ainda entre corpo clínico e
engenharia clínica visto que o primeiro quer focar na praticidade, por estar habituado
a trabalhar sempre com uma mesma marca de equipamentos, tem uma necessidade e
tempo diferente e acaba conflitando com o segundo que busca administrar, negociar e
avaliar equipamentos, principalmente contratos entre empresas e melhor custo-
benefício. São pontos de vista distintos que precisam se encontrar e entrar em acordos
8. Você acha que pra exercer a engenheira clinica é primordial ter cursado um curso de
saúde (por exemplo, Engenharia Biomédica ou Técnico de Equipamentos médico-
hospitalares)?
Valdivan: Não acredito que seja primordial, desde que se tenha uma formação como
tecnólogo ou engenheiro nas áreas de elétrica ou eletrônica, mas estes cursos na área
de saúde com certeza agregam muito ao profissional de engenharia clínica.
Silvia Helena: Sim, faz toda diferença. Proporciona chegar ao setor e entender todas as
possíveis ramificações que ali acontecem. Um profissional que se adapta a engenharia
clínica sem ter conhecimento anterior sobre saúde sente que falta uma conexão entre
o que sabe e o que é um ambiente de engenharia clínica. Mais do que saber sobre
gerenciamento e manutenção, você precisa saber para que é utilizado, por exemplo,
equipamentos de diagnóstico. O que aquele profissional espera do equipamento? Isto
é, estar funcionando não basta, é preciso que exista um entendimento entre
engenheiro e corpo clínico para atender a necessidade específica do grupo.
9. Você acha que a engenharia clinica deve focar mais no gerenciamento e administração
dos equipamentos médicos ou focar simplesmente na manutenção sendo gerida por
administradores?
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Considerações Finais
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Referências
2. Terra, T.G.; GUARIENTI, A.; SIMAO, E. M.; RODRIGUES JUNIOR, L. F. Uma revisão dos
avanços da Engenharia Clínica no Brasil. Disciplinarum Scientia. Série Ciências
Naturais e Tecnológicas, v. 15, p. 47-61, 2014.
6. http://www.deb.fee.unicamp.br/ec/index.php?option=com_content&view=article&id
=91&Itemid=161 (Acessado dia 03 de maio de 2017)
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