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UFRJ

Curso de História
Disciplina Antiga II
Professor Deivid Gaia
Alunos Leticia Leite da Matta
Luciana Lourenço Gomes

Contexto

O presente trabalho se propõe a apresentar ao leitor o contexto histórico no qual


está inserido o recorte da obra de Suetônio que pretendemos usar como fonte primária, ou seja,
o momento em que a República romana estava começando a ter problemas até a ascensão de
Augusto ao poder e, por fim, sua morte, e também o contexto histórico do autor, em outras
palavras o período em que Trajano e Adriano foram imperadores de Roma. Com o intuito de
tornar a explanação mais clara e didática tomamos a liberdade de subdividir os momentos que
nos interessam em períodos menores, conforme segue.

Optimates x “Populares”

No contexto político da época da República romana, existiam dois “partidos”1 que


dividiam e controlavam o cenário do período; os Optimates e os “Populares”. O partido dos
“populares” defendia que fossem feitas reformas em favor do povo, inclusive a concessão da
cidadania a todos os itálicos e a reforma agrária, enquanto os optimates, conservadores,
defendiam a manutenção de privilégios já estabelecidos2.

Por possuírem ideias antagônicas esses partidos entravam em conflito com bastante
frequência e durante um longo período. Podemos citar como exemplos de protagonistas desse
embate Mário e Sila. Mário estava nas fileiras dos “populares” e Sila era um dos optimates.
Ambos utilizaram-se de força armada, o que terminou por favorecer Sila, que após sitiar Roma
e ocupá-la à força, executou seus adversários e tomou para si a ditadura, porém de forma

1
Cremos ser possível o uso do conceito “partido” no caso em tela caso nos orientemos pelo conceito de partido
que Bobbio, seguindo a linha weberiana, oferece: uma associação que visa a um fim deliberado, objetivo ou
pessoal, essencialmente direcionada à conquista e à manutenção de poder político dentro de uma dada
comunidade. (BOBBIO, Norberto; MANTEUCI; Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política.
Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1986, p. 898 et seq.)
2
MANTAS, Vasco. “Conflitos civis em Roma: dos Gracos a Sula”. In: BRANDÃO, José Luís; OLIVEIRA,
Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa da
Universidade de Coimbra, 2015, pp. 313-361; CORASSIN, Maria Luiza. A expansão no Mediterrâneo: as guerras
púnicas. In: Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, pp. 34-63.
diferenciada do instituído até então, com duração de um ano, seus poderes e duração eram
ilimitados. Esse foi o primeiro passo dado em direção ao regime autocrático.3

Em momentos de maiores distúrbios, entretanto, quando era necessário defender


interesses mais gerais da aristocracia, como durante a Guerra Social, “populares” e optimates
foram obrigados a se unir para manter a hegemonia romana na península itálica. Vale ressaltar
que os membros de ambos esses partidos pertenciam à classe senatorial.4

O primeiro Triunvirato

Em junho de 60 a.C. um acordo político uniu três grandes “chefes do regime


democrático”5. O Primeiro Triunvirato, como hoje é chamado, colocou no poder Júlio César,
Crasso e Pompeu. Este pacto era responsável por unir a popularidade de Pompeu, com a
riqueza de Crasso e a habilidade política e inteligência de César 6. Essa negociação favoreceu
todas as partes envolvidas: unidos os três eram muito mais fortes, conseguindo êxito em suas
ações tanto políticas, quanto militares. Depois da reafirmação do triunvirato em 56 a.C.
Pompeu e Crasso foram nomeados cônsules. O fim dessa aliança decorreu da cisão dos
participantes. Júlio César continuou na Gália7 e Crasso encontrava-se afastado, com isso
Pompeu ficou sozinho em Roma, conquistando o Senado e conseguindo amplos poderes.

Crasso foi derrotado e morto no Oriente, com isso Júlio César recebeu ordens de
retornar à cidade de Roma. Desconfiado de que desejavam rebaixá-lo, entretanto, retornou com
seu exército, terminando por invadir a Itália com sua “legião preferida, a Legio XIII, e um
corpo auxiliar gaulês”8. No ano de 49 a.C., César partiu em busca de Pompeu no Oriente e o
conflito entre os dois acabou no mesmo ano com a vitória de Júlio César, que, mesmo tendo
derrotado Pompeu, não foi seu assassino. Seu rival fora morto tempos após seu embate a

3
CORASSIN, Maria Luiza. A expansão no Mediterrâneo: as guerras púnicas. In: Sociedade e política na Roma
Antiga. São Paulo: Atual, 2005, pp. 34-63.
4
CORASSIN, Maria Luiza. A expansão no Mediterrâneo: as guerras púnicas. In: Sociedade e política na Roma
Antiga. São Paulo: Atual, 2005, pp. 34-63.
5
MORAIS, Rui. “De Sula ao 1º triunvirato: o legado de Crasso e Pompeio Magno”. In: BRANDÃO, José Luís;
OLIVEIRA, Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2015, pp. 363-388, p. 382.
6
MORAIS, Rui. “De Sula ao 1º triunvirato: o legado de Crasso e Pompeio Magno”. In: BRANDÃO, José Luís;
OLIVEIRA, Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2015, pp. 363-388, p. 382.
7
MORAIS, Rui. “De Sula ao 1º triunvirato: o legado de Crasso e Pompeio Magno”. In: BRANDÃO, José Luís;
OLIVEIRA, Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2015, pp. 363-388, p. 383.
8
MORAIS, Rui. “De Sula ao 1º triunvirato: o legado de Crasso e Pompeio Magno”. In: BRANDÃO, José Luís;
OLIVEIRA, Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2015, pp. 363-388, p. 385.
mando de Ptolomeu Dionísio, comandante do Egito9. César foi nomeado ditador encarregado
de restaurar a República.

Guerra Civil

A guerra civil, comandada por Júlio César, teve inicio logo após a conquista da
Gália. Por volta desse período a Urbe Romana encontrava-se bastante conturbada devido à
instabilidade política trazida pelo fim do triunvirato supracitado. Essa instabilidade, aliada à
presença de Pompeu em Roma, que tirava proveito do fato de estar na cidade para fazer
oposição a César, contribuíram para o desencadeamento dessa guerra. Ela foi travada em
diversos cenários, ou seja, abrangeu uma grande parte do território.10

Mesmo tendo sido contrário à guerra, assim como outros moderados da época11,
Júlio César foi o líder do confronto. Por ser hábil general comanda suas legiões de forma sábia.
No período das batalhas da guerra civil César é nomeado ditador (48 a.C.), mas abdica de sua
posição para participar do embate em Brundísio.12 Mesmo após a derrota de Pompeu a guerra
ainda segue, mas agora é travada contra Metelo Cipião e Catão.13 Como desfecho, Júlio César
derrota seus adversários regressando a Roma com a vitória e novos territórios anexados.14

Ascensão de Júlio César

Júlio César foi nomeado imperador pela primeira vez na mesma época em que
Pompeu fugiu para a Grécia. Seu governo tem duração de 11 dias, pois abdica de sua posição
para lutar em Brundísio, como dito anteriormente. Após esse evento em 48 a.C., o cônsul
Servílio o nomeia imperador pelo período de um ano. No ano de 47 a.C. Júlio César recusa o
posto de ditador para se tornar cônsul. Em 46 a.C., porém, é nomeado ditador e desta vez a

9
MORAIS, Rui. “De Sula ao 1º triunvirato: o legado de Crasso e Pompeio Magno”. In: BRANDÃO, José Luís;
OLIVEIRA, Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2015, pp. 363-388, p. 382. e CORASSIN, Maria Luiza. A expansão no
Mediterrâneo: as guerras púnicas. In: Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, pp. 34-63.
10
BRANDÃO, José Luís. “A primazia de César: do 1º triunvirato aos idos de março”. In: BRANDÃO, José Luís;
OLIVEIRA, Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2015, pp. 389-427, pp. 404, 405 e 407.
11
BRANDÃO, José Luís. “A primazia de César: do 1º triunvirato aos idos de março”. In: BRANDÃO, José Luís;
OLIVEIRA, Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2015, pp. 389-427, pp. 403.
12
BRANDÃO, José Luís. “A primazia de César: do 1º triunvirato aos idos de março”. In: BRANDÃO, José Luís;
OLIVEIRA, Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2015, pp. 389-427, pp. 404-407.
13
BRANDÃO, José Luís. “A primazia de César: do 1º triunvirato aos idos de março”. In: BRANDÃO, José Luís;
OLIVEIRA, Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2015, pp. 389-427, p. 412.
14
BRANDÃO, José Luís. “A primazia de César: do 1º triunvirato aos idos de março”. In: BRANDÃO, José Luís;
OLIVEIRA, Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2015, pp. 389-427, p. 414.
duração de seu mandato é de dez anos. Alguns anos mais tarde (44 a.C.) César será nomeado
dictator perpetuus, ou seja, ditador vitalício, o que o permitiu governar até o dia de seu
assassinato, que se deu em pleno fórum.15

O segundo triunvirato

A morte de Júlio César desencadeou novas disputas pelo poder. De um lado


estavam como líderes Cícero e Sexto Pompeu, filho de Pompeu, e de outro Marco Antônio e
Caio Otávio. Após derrotar completamente os exércitos dos opositores na Macedônia, os
líderes vitoriosos formaram o acordo de divisão de poder que veio a ficar conhecido como
segundo triunvirato.16

O Segundo Triunvirato colocou Caio Otávio, Lépido e Antônio no poder, que


dividiram o império entre si, cabendo a Caio Otávio o Ocidente, a Antônio o Oriente e a Lépido
a África. O primeiro, por ser filho adotado de Júlio César, divi filius (filho de deus), pois Júlio
César fora divinizado após sua morte, era beneficiado. A disputa pelo poder acabou se
concentrando entre Antônio e Caio Otávio, que se apresentava como defensor da tradição
contra a tendência monárquica orientalizante de Antônio, ao deixar de lado os deveres de
general para unir-se a Cleópatra. Em 31 a.C. Antônio e Cleópatra se suicidaram e Caio Otávio
transformou o Egito em uma província romana, se tornando único senhor do império.17

Apesar de o império romano ter passado por um século de crise e conflitos internos,
jamais houve um direcionamento unificado em direção da reformulação dos sistemas
existentes. Os poderosos mudavam de lado conforme seus interesses imediatos ditavam. Os
exércitos romanos travaram muitos embates entre si neste período. O único grupo consistente e
coerente eram os veteranos, que apoiaram seus antigos generais e que, junto com os soldados,
foram o principal sustentáculo de líderes militares. Não se pode considerar, entretanto, as
alterações feitas na transição da República para o Principado como revolucionárias, pois não
mudaram as bases principais da organização política, social e econômica.18

15
BRANDÃO, José Luís. “A primazia de César: do 1º triunvirato aos idos de março”. In: BRANDÃO, José Luís;
OLIVEIRA, Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2015, pp. 389-427, p. 437 et seq.
16
CORASSIN, Maria Luiza. A expansão no Mediterrâneo: as guerras púnicas. In: Sociedade e política na Roma
Antiga. São Paulo: Atual, 2005, pp. 34-63.
17
CORASSIN, Maria Luiza. A expansão no Mediterrâneo: as guerras púnicas. In: Sociedade e política na Roma
Antiga. São Paulo: Atual, 2005, pp. 34-63.
18
CORASSIN, Maria Luiza. A expansão no Mediterrâneo: as guerras púnicas. In: Sociedade e política na Roma
Antiga. São Paulo: Atual, 2005, pp. 34-63.
Augusto

Ter sido testemunha dos eventos que levaram ao assassinato de Júlio César serviu
para ensinar a Augusto que a libertas republicana devia ser mantida, ainda que somente na
aparência. Assim, o governo que instaurou foi ambíguo. Ele manteve as instituições
republicanas e colocou-as sob a direção de um princeps: ele mesmo.19 A maioria dos senadores
acabou por aceitar esse novo sistema que lhes garantia a vida e a propriedade privada, além de
restaurar a paz e mantê-los em uma posição social elevada, conservando seus privilégios e as
mais altas magistraturas.20

Seus poderes principais eram o poder tribunício, que lhe dava imunidade, o direito
de convocar assembléias populares e o Senado e o direito de propor e vetar leis , e o imperium,
que era duplo, consular e proconsular, o que lhe dava o direito de interferir em toda Roma,Itália
e qualquer das províncias além de ter o comando do exército. Tais poderes não eram vitalícios,
mas eram constantemente renovados pelo Senado.21 Sendo responsável pela salvaguarda da
moral e dos bons costumes, o princeps também podia excluir ou incluir senadores e cavaleiros
nas respectivas ordens.22

A ordem equestre, ao lado da ordem senatorial, ainda que mais numerosa, era parte
da elite romana. Seus membros estavam cientes da própria importância, mas está ordo não era
tão homogênea quanto a ordo senatorius, da qual assimilava ideais e costumes. A qualidade de
membro não era hereditária e o ingresso dava-se em função da ascensão social do indivíduo,
não de sua família, tratava-se de uma aristocracia de indivíduos. O filho de um cavaleiro podia
ascender à ordem senatorial e era assim, principalmente, que se renovavam as fileiras
senatoriais. As relações entre estas duas ordens eram muito estreitas, mas a ordem equestre era
mais aberta à penetração dos grupos socialmente inferiores. É possível afirmar que os membros
da ordem equestre estavam mais interessados em outras fontes de rendimento além da terra,
diferentemente dos senadores, embora esta fosse elemento principal para eles também. De igual
forma, a composição social e étnica desta ordem é bastante diversificada durante largo período
de tempo. Os equestres que prestavam serviços ao Estado constituíam uma "nobreza de
funcionários", mas a ordem equestre não tinha um papel comparável ao da ordem senatorial na
liderança política do Império. O que determinava a hierarquia social e política dessa sociedade

19
CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, p. 63.
20
CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, p. 72 et seq.
21
CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, p. 64.
22
CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, p. 65.
não era apenas ser senador ou cavaleiro, mas sim em qual categoria interna dessas ordens o
indivíduo se encontrava23.

Augusto vangloriava-se de ter tornado a cidade de Roma em uma cidade de


mármore no lugar da cidade de tijolos que era antes.24 No que tange à administração, ele
separou as duas ordens criando um censo de um milhão de sestércios como mínimo para ser
senador e separou os cargos da carreira senatorial e da carreira equestre. O cursus honorum
passou a ter novos cargos a serviço do imperador.25 Esse novo regime forneceu grandes
vantagens aos membros da ordem dos cavaleiros, que passaram a fazer parte da burocracia e da
administração imperial.26

Pax romana

A pax Romana foi um período de tranquilidade sócio-política, prosperidade


econômica, eficiência administrativa, renome cultural e a unificação de diversos povos do
Mediterrâneo sob um só domínio.27 Estava indissociavelmente ligada a códigos e rituais
militares e religiosos que lentamente adquiriram dimensões políticas, sendo não raro associada
a “pacificação”, “vitória”, “conquista” e “Império”. Tinha um contexto militarístico e
hegemônico. A restauração da paz era um dos principais pilares do programa de Augusto: paz
nas províncias e segurança nas fronteiras, não somente isso, mas também a imposição da
humanitas romana a povos já submetidos e novas conquistas, é a legitimação do novo sistema
imperial e a justificação do imperium Romanum, conquistas militares e força bruta. Tratava-se
de uma paz adquirida através da guerra e que era mantida pela superioridade bélica romana em
relação a outros povos. A pax romana era a cristalização de tudo que o Império Romano tinha
como valor: sua ideologia social, política, cultural e militar.28

A pax Romana, internamente, revolvia em torno de harmonia religiosa com os


deuses, fidelidade aos valores e tradições do Estado romano e a institucionalização da ordem
interna e da segurança. Externamente, era sinônimo de imperium Romanum. Seu modo de
atuação: parta victoriis pax, paz pela vitória. Uma visão sem dúvida imperialista de um povo

23
ALFÖLDY, Geza. A História Social de Roma. Traduzido por Maria do Carmo Cary. Lisboa: Editorial Presença,
1989, pp. 137-142.
24
CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, p. 65.
25
CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, p. 66.
26
CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, p. 73.
27
PARCHAMI, Ali. Hegemonic peace and empire: the Pax Romana, Britannica and Americana. New York:
Routledge, 2009, p. 15.
28
PARCHAMI, Ali. Hegemonic peace and empire: the Pax Romana, Britannica and Americana. New York:
Routledge, 2009, p. 15 et seq.
que clamava ter uma missão civilizadora e um Império sine fine, sem fim.29 O Império romano
esteve sob a pax desde que Augusto ocupou o poder, sendo a restauração da paz um de seus
maiores desejos, conforme já dito, até fins do século II d.C, com a morte de Marco Aurélio.

Os Antoninos: Trajano e Adriano

Nerva, primeiro imperador da dinastia antonina, era descendente de uma antiga


família republicana. Seu reinado restaurou em parte o poder senatorial que vinha se perdendo
cada vez mais. Trajano, o imperador que primeiro colocou Suetônio a seu serviço, foi adotado
por Nerva e era um militar competente e experiente, vindo de uma família senatorial
provincial.30

Plínio, o jovem o descreve como o retrato do optimus princeps: o melhor dos


cidadãos, protetor do Estado, respeitoso das tradições, administrador da justiça, guardião das
instituições. Como todo imperador antes dele, Trajano ocupou-se da guerra, de obras públicas,
sendo a mais notável delas o Fórum de Trajano, com sua famosa coluna que mostra o
desenrolar da guerra com a Dácia.31

Quando da morte de Trajano as tropas da Síria aclamaram seu governador, Adriano,


como novo imperador. Tendo, assim como seu antecessor e parente, suas origens na Espanha,
subiu na carreira graças à ajuda do imperador. Era um pacifista, apaixonado pela cultura grega,
chegando a ser apelidado, maldosamente, Graeculus, ou seja, o greguinho, e era um
cosmopolita que ajudou no desenvolvimento das províncias, concedendo privilégios às cidades
gregas, mormente Atenas. Além disso era um grande construtor e foi responsável pela
construção do Panteão, até hoje de pé, e a muralha de Adriano32, cuja função era proteger o
Império das invasões de povos bárbaros ao norte da Britânia.

Esse período foi caracterizado pelo “adocionismo”, já que os primeiros imperadores


da dinastia não tiveram filhos naturais, o que favoreceu que fossem escolhidos os sucessores
por critérios de mérito e não laço de sangue. Havia também equilíbrio entre a administração
central e a vida das cidades, o que permitiu a ascensão da elite provincial, angariando seu
apoio.33

29
PARCHAMI, Ali. Hegemonic peace and empire: the Pax Romana, Britannica and Americana. New York:
Routledge, 2009, p. 197.
30
CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, p. 76.
31
CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, p. 76.
32
CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, p. 77.
33
CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005, p. 79.
Referências Bibliográficas

ALFÖLDY, Geza. A História Social de Roma. Traduzido por Maria do Carmo Cary. Lisboa:
Editorial Presença, 1989.

BOBBIO, Norberto; MANTEUCI; Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política.


Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1986.

BRANDÃO, José Luís; OLIVEIRA, Francisco de. (Coord.). História de Roma Antiga: das
origens à morte de César. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2015.

CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2005.

PARCHAMI, Ali. Hegemonic peace and empire: the Pax Romana, Britannica and Americana.
New York: Routledge, 2009.

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