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ESTADO DE RONDÔNIA
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Tribunal Pleno / Gabinete Des. Daniel Lagos

Processo: 0802019-64.2017.8.22.0000 - DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


(95)

Relator: DANIEL RIBEIRO LAGOS

Data distribuição: 31/07/2017 17:28:51

Data julgamento: 02/04/2018

Polo Ativo: MPRO (MINISTÉRIO PÚBLICO DE RONDÔNIA)

Advogado do(a) REQUERENTE:

Polo Passivo: CAMARA MUNICIPAL DE PORTO VELHO

Advogado do(a) REQUERIDO:

RELATÓRIO

O procurador-geral de jus ça propôs Ação Direta de


Incons tucionalidade, com fundamento no art.88, III, da Carta
Cons tucional do Estado de Rondônia; e art.45, II, item 01 da
LCE n.93/93, em face do art.29, §2º, I da Lei Municipal
n.1.856/2009, deste município de Porto Velho, atribuindo-lhe
vício material, por prever preferência em processo sele vo
aos fins de obtenção de autorização para prestar serviços de
mototáxi a candidatos que já es verem no exercício da

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a vidade, por, em tese, violar os princípios da isonomia e da


liberdade de associação, art.5º, I e XX, da Carta Federal.

Diz que indigitado disposi vo foi declarado incons tucional na


via incidental na Arguição de Incons tucionalidade n.
0001039-87.2016.8.22.0000, pelo Tribunal Pleno, e, por se
tratar de questão recorrente a dar ensejo a diversos
mandados de segurança, propôs a ADI aos fins de obter
provimento defini vo acerca da matéria.

Quer a medida de urgência, para suspender os efeitos de


reportado ar go.

Reme do o pedido de medida cautelar em ADI ao órgão


colegiado, art. 355 do RITJ/RO, a instrução seguiu o rito
intermediário do art. 12 da Lei Federal n.9.868/99 (ID
2092663).

No ficado, o autor do ato norma vo, Câmara Municipal de


Porto Velho, na pessoa de seu procurador-geral, o prazo para
informações transcorreu sem manifestação (ID2659972).

No Ministério Público em 2º grau, o Procurador de Jus ça


Edmilson José de Matos Fonseca opinou pela procedência do
pedido aos fins de se declarar a incons tucionalidade do art.
29, § 2º, I, da Lei n. 1.856/2009, deste município de Porto
Velho.

É o necessário relato do ocorrido nos autos.

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VOTO

DESEMBARGADOR DANIEL RIBEIRO LAGOS

Como se tem reiterado, a Ação Direta de Incons tucionalidade


tem cabimento previsto no ar go 88 da Cons tuição do
Estado de Rondônia, encontrando-se o procurador-geral de
jus ça legi mado a ajuizá-la, por impugnar lei municipal
aprovada pela Câmara de Vereadores.

No que concerne à competência desta corte, está estabelecida


no art.109, I, K, do NRITJ/RO.

Sobre o pedido de medida de cautela na ADI aos fins de


suspensão provisória dos efeitos da norma impugnada,
ressalto que o advento do novo RITJ/RO re rou sua apreciação
do âmbito da competência do presidente deste poder,
remetendo o pedido ao órgão colegiado, art .345, com
instrução regulada, no que couber, pela Lei Federal n.9.868/99
(art.10 ao 12) e normas cons tucionais vigentes.

Ademais, inclusive por orientação assente da excelsa corte, a


concessão de liminar se condiciona à relevância do pedido, de
sorte tal que evidencie, inequivocamente, o risco
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comprometedor da efe vidade do ato norma vo ques onado,


tanto quanto o indica vo mínimo que sinalize ao direito.

É necessário, ainda, que a medida também se lastreie na


conveniência e na repercussão dos eventuais danos
resultantes do ato em vigor, em tese, maculado pela pecha da
incons tucionalidade.

Na hipótese dos autos, a relevância da questão posta em


debate jus ficou a adoção do rito intermediário previsto no
art.12 da Lei n.9.868/99, cujos prazos impõem trâmite
processual célere sem prejudicar a regular e suficiente
instrução.

É que, nessas condições, com a instrução não restrita a


informações superficiais acerca da questão, a lei faculta ao
relator a conversão em julgamento de mérito.

No caso sub judice, essa circunstância se avulta por se tratar


de matéria eminentemente de direito e já haver posição desta
corte acerca do tema (Arguição de Incons tucionalidade
n.0001039-87.2016.8.22.0000).

Nesse contexto, entendo ser conveniente proceder à cognição


exauriente e ampla da matéria, promovendo-se, por
conseguinte, o julgamento do mérito da ADI.

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Assim, reconhecidos os pressupostos de admissibilidade desta


ação, conheço do pedido e proponho a conversão da medida
cautelar em julgamento de mérito.

O objeto da ADI é a declaração de incons tucionalidade do


art.29, §2º, I, da Lei Municipal n.1.856, de 22 de dezembro de
2009, que implantou o sistema de prestação de serviço de
transporte individual de passageiros com uso de motocicletas
– mototáxi, por supostamente prever, no processo sele vo de
concessão de autorizações, privilégio a candidatos em
exercício na a vidade.

Além disso, de forma indireta, a indigitada lei estaria a impor a


prévia associação a en dades representa vas da categoria
como condição ao ingresso na a vidade, se a prova da
prestação do serviço se dá por conferência da lista de
associados.

Dentro dessa perspec va, o aludido disposi vo de lei


municipal estaria a se confrontar com o princípio da isonomia,
tanto quanto com o da liberdade de associação, ínsitos
sucessivamente no art.5º, I e XX, da Carta Federal e art.1º, 8º
e 10, III, da Cons tuição do Estado.

Pois bem. A matéria foi objeto da Arguição de


Incons tucionalidade n.0001039-87.2016.8.22.0000, relatada
pelo desembargador Gilberto Barbosa e julgada por esta corte

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na assentada de 4.7.2016, ocasião em que o §2º, inciso I, do


art. 29 da Lei Municipal n.1856/2009 foi declarado
incons tucional, por violar a isonomia e a liberdade de
associação.

Impende destacar que a possibilidade de instaurar o incidente


aos fins de controle difuso de cons tucionalidade está prevista
no CPC, art.948 e seguintes c/c art.349/350 do NRITJ/RO, e a
decisão nele proferida é declaratória e de eficácia subje va
pois afeta o ato declarado incons tucional e suas
consequências, mas gera somente efeitos inter partes.

Nesse contexto, a declaração de incons tucionalidade


incidenter tantum não obriga o autor do ato a revogá-lo ou a
suspender-lhe a eficácia, e, por isso, a mesma norma pode ser
considerada eficaz em outras situações.

Dentro dessa compreensão e ponderando a recorrência de


impetrações para impugnar o conteúdo do reportado ar go
de lei, como foi consignado no acórdão mencionado e
reiterado pelo autor, sobreveio o pedido desta ADI a fim de se
declarar em defini vo o vício apontado.

A Lei Municipal n.1.856/2009, que dispõe sobre a criação do


sistema de prestação de serviço de transporte individual de
passageiros com uso de motocicletas, nas disposições finais,
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estabeleceu critérios ditos obje vos ao processo de seleção


aos fins de conceder autorização para o serviço.

No §2º, I, do reportado art. 29, estabeleceu como critério


sele vo a preferência ao candidato que já se encontrasse em
a vidade, circunstância aferível por meio da lista de
associados de en dades de classe.

Vale transcrever o disposi vo:

Art. 29.O processo sele vo das autorizações para


prestação de serviços de mototáxi deverá ser
baseado em critérios obje vos previamente
estabelecidos em regulamento e publicados em
edital.

§1º [...]

§2º O processo sele vo deverá,


obrigatoriamente, obedecer aos seguintes
critérios:

I – preferência para o candidato que já es ver em


a vidade, sendo u lizado como comprovação
listagem de trabalhadores indicados pelas
en dades representa vas da categoria.

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A bem dizer, o transporte individual de passageiros por meio


de veículo automotor po motocicleta, está regulado na Lei
Federal n. 12.009/2009 e a regulamentação do serviço no
município de Porto Velho decorreu da necessidade da
população, considerando-se a deficiência do transporte
público, a agilidade do deslocamento, mas também o inerente
valor econômico que agrega, se a a vidade remunerada se
tornou profissional, gerando renda e combatendo, por
conseguinte, o desemprego.

Dentro desses parâmetros, a lei municipal estabeleceu regras


e critérios à exploração do transporte público individual de
passageiros.

Chamou-me a atenção o fato de a Lei n. 1.856/2009 prever no


ar go 1º que o serviço será regido pelo sistema de permissões
do Poder Execu vo, a quem incumbe fiscalizar o exercício da
a vidade (Parágrafo Único).

No entanto, o Capítulo IV, arts.10/11, estabelece normas à


autorização para exploração do serviço, reportando-se, pois, à
outra modalidade de ato administra vo.

A Lei Federal n.12.587/2012, ao ins tuir diretrizes da Polí ca


Nacional de Mobilidade Urbana, dispôs:

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Art. 12. Os serviços de u lidade pública de


transporte individual de passageiros deverão ser
organizados, disciplinados e fiscalizados pelo
poder público municipal, com base nos requisitos
mínimos de segurança, de conforto, de higiene,
de qualidade dos serviços e de fixação prévia dos
valores máximos das tarifas a serem cobradas.
(Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013)

Art. 12-A. O direito à exploração de serviços de


táxi poderá ser outorgado a qualquer interessado
que sa sfaça os requisitos exigidos pelo poder
público local. (Incluído pela Lei nº 12.865, de
2013) (destaquei)

Como se sabe, a prestação de serviço público pelo par cular


pressupõe a descentralização da a vidade estatal, por meio da
transferência de sua execução a pessoas da inicia va privada
mediante atos ou contratos administra vos.

Todavia, essa possibilidade não se confunde com a previsão do


art. 37, XXI, da Carta Federal, que exige o procedimento
licitatório pela administração pública quando, exercendo
diretamente a vidade estatal pica, necessita contratar obras,
serviços, compras ou realizar alienações, materializando os
princípios da moralidade e da impessoalidade, pela garan a
de igualdade de chances a todos aqueles que possuam
interesse em contratar.

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No caso específico dos autos, o transporte de passageiros


cons tui serviço de u lidade pública, prestado no interesse
exclusivo do seu tular, mediante autorização do poder
público ao par cular, e não diretamente pela própria
administração.

Dentro dessa compreensão, a autorização aos fins de


exploração dos serviços de transporte de passageiros, na
modalidade mototáxi não pode ser denominada permissão,
tampouco se sujeita à obrigatoriedade de licitação, na
expressa previsão da lei federal que rege a matéria.

É que o serviço de transporte individual de passageiros, seja


por táxi, seja por mototáxi, sujeita-se à regulamentação do
poder público, que, por decreto do prefeito, autoriza o
exercício a a vidade, tanto quanto fixa tarifas. Contudo, a
a vidade não se insere na categoria de serviço público
propriamente dito, se é pica de profissionais autônomos.
Ainda que eventualmente comandadas por empresas, nada
mais são que pessoas no exercício de a vidade econômica,
atuando no mercado de conformidade com os princípios da
livre inicia va e da livre concorrência, art. 170, caput e IV, da
Carta Federal.

A excelsa corte, na assentada de 30/6/2017, acerca da matéria


assim se posicionou:
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Agravo regimental no recurso extraordinário. 2.


Ação direta de incons tucionalidade perante o
Tribunal de Jus ça estadual. 3. Serviço de
transporte individual de passageiro. Táxis.
Prorrogação das atuais autorizações ou
permissões que es verem com o prazo vencido,
ou em vigor por prazo indeterminado, por 15
anos, admi da prorrogação por igual período. 4.
Serviço de u lidade pública prestado por
par cular. Não caracterização como serviço
público. 5. Inaplicabilidade do art. 175 ou do art.
37, XXI, da Cons tuição Federal. Inexigibilidade
de licitação. 6. Necessidade de mera autorização
do Poder Público para a prestação do serviço pelo
par cular. Competência do Município para
estabelecer os requisitos autorizadores da
exploração da a vidade econômica. 7.
Precedente do Plenário desta Corte: RE 359.444.
Inteligência do art. 12-A da Lei 12.587/2012, com
a redação dada pela Lei 12.865/2013. 8. Agravo
regimental a que se nega provimento. (AG.REG.
NO REX 1.002.310 - SANTA CATARINA – REL.: MIN.
GILMAR MENDES - J.: 30/6/2017 - 2ª Turma –
Public. DJe-170 de 2/8/2017)

Todavia, ainda que a autorização ao serviço não dependa de


procedimento licitatório prévio, a lei que regula a a vidade e
estabelece critérios à concessão das autorizações não pode se
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afastar de princípios basilares que regem os atos da


administração pública, ínsitos na Carta Cons tucional de 88 e
obrigatoriamente referenciados na Cons tuição Estadual, que
asseguram aos interessados igualdade de condições na
concorrência.

Hely Lopes Meirelles sobre a matéria ensina:

A regulamentação e controle do serviço público e


de u lidade pública caberão sempre ao Poder
Público, qualquer que seja a modalidade de sua
prestação aos usuários. O fato de tais serviços
serem delegados a terceiros, estranhos à
Administração Pública, não lhe re ra o poder
indeclinável de regulamentá-los e controlá-los
exigindo sempre a sua atualização e eficiência, de
par com o exato cumprimento das condições
impostas para o seu fornecimento ao público.
Qualquer deficiência do serviço, que revela
inap dão de quem os presta ou descumprimento
de obrigações impostas pela Administração,
ensejará a intervenção imediata do Poder Público
delegante para regularizar o seu funcionamento
ou re rar-lhe a prestação. (in Direito Municipal
Brasileiro, 4.ª Ed., p. 300)

No caso, o disposi vo da lei municipal se excedeu ao


estabelecer privilégio irrazoável ao candidato que já se
encontrasse no exercício da a vidade, dificultando o acesso
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de novos interessados e afastando-se, por conseguinte, de


critérios isonômicos de seleção de candidatos à delegação da
vaga.

Marçal Justen Filho, sobre a isonomia, afirma significar “o


direito de cada par cular par cipar da disputa pela
contratação administra va, configurando-se a invalidade de
restrições abusivas, desnecessárias ou injus ficadas” (JUSTEN
FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administra vos. 15. ed. são Paulo: Dialé ca, 2012, p.60.)

Mas não é só. Ao estabelecer que o exercício anterior da


a vidade seria aferível por listagem de en dades de
representação de classe, atrelou a escolha do candidato
também à imposição subliminar de associação, sem a qual não
poderia o interessado comprovar encontrar-se a exercer o
o cio prévio do serviço.

Com efeito, se ao poder público municipal incumbe fiscalizar a


a vidade, no exercício do poder de polícia, aos fins de garan r
a salubridade, segurança e higidez, restringindo direitos e
liberdades individuais, em favor do interesse público, sem
embargo da incumbência inafastável de acompanhar o fiel
cumprimento do pactuado. Não pode meramente delegar o
múnus à en dade de representação de classe, por meio de
quem passa a exercer controle indireto sobre os prestadores
do serviço, tampouco deve valer-se de informações não
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sujeitas à imparcialidade para eleger os favorecidos pela


autorização, sob pena de violar também o princípio da
impessoalidade m prejuízo da finalidade da atuação
administra va com vista à sa sfação do interesse cole vo.

O princípio à livre inscrição sindical vem consagrado na Carta


Federal, art.8º, II e V, e cons tui corolário da garan a da
liberdade de associação, prevista no inciso XX do art.5º da
Cons tuição da República, sendo vedado ao Estado eventual
ingerência, sob pena de comprome mento de sua autonomia.

A corte superior de jus ça acerca da liberdade de associação


orienta:

Ementa

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO


ESPECIAL. ASSOCIAÇÃO. ASSEMBLEIA.
DECLARAÇÃO DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE
INTERESSE DE AGIR E ILEGITIMIDADE DO PEDIDO
DO SINDICATO. LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO
SINDICAL. ART. 8º, II E V, DA CF. DIREITO DE
PRIMEIRA E SEGUNDA DIMENSÕES. DIGNIDADE
DA PESSOA HUMANA. PRINCÍPIO DA
ESTABILIDADE OBJETIVA DO PROCESSO.
RECURSO PROVIDO.

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1. A liberdade de associação profissional ou


sindical espelha, no contexto dos direitos e
garan as fundamentais de primeira e segunda
dimensões – neste caso, dado o caráter social do
interesse cons tucionalmente assegurado –, o
caminho delineado pela República Federa va do
Brasil na determinação da dignidade da pessoa
humana como um dos seus fundamentos.

2. A reunião e a assembleia cons tuem


instrumentos para concre zação da liberdade de
associação, permi ndo aos servidores ou
empregados de determinada categoria conhecer
a en dade que pretenda promover sua
representação.

3. Não há interesse de agir da recorrida para


pleitear a declaração de nulidade da assembleia
realizada pela ora recorrente, pedido,
consequentemente, ilegí mo, em face da
liberdade de associação sindical.

4. Saber, nessa fase recursal, se o sindicato


recorrente tem ou terá legi midade para
defender os interesses da associação é tema
estranho e que excede os limites do pedido,
caracterizando verdadeira alteração obje va da
demanda, sem qualquer aditamento da inicial,
hipótese não permi da no ordenamento
processual pátrio (princípio da estabilidade
obje va do processo).

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5. Recurso especial provido para restaurar a


sentença de primeiro grau. (REsp 578085/SP-
2003/Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA -T1 – J.
28/9/2010 - Publicação/Fonte: DJe 13/10/2010)

Decerto que o procedimento tal como se põe em decorrência


da lei impugnada vulnera o princípio republicano da isonomia,
lastreado no pressuposto de igualdade, garan do na Carta da
República e reverenciado na Cons tuição do Estado, tanto
quanto restringe o direito de livre associação, impondo ao
candidato filiar-se à en dade sindical de representação da
classe com vista a obter a preferência na seleção.

Posto isso, julgo procedente esta ADI, aos fins de declarar a


incons tucionalidade do inciso I do § 2º do art. 29 da Lei n.
1.856, de 22 de dezembro de 2009, deste município de Porto
Velho. Efeitos erga omnes e ex tunc.

Oficie-se.

É como voto.

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EMENTA

Medida cautelar em ADI. Rito intermediário. Matéria de direito. Relevância.


Instrução suficiente. Cognição exauriente. Mérito da ADI. Conversão. Lei
municipal. Mototáxi. Ingresso. Privilégio. Associação de classe. Isonomia.
Liberdade de associação. Vulneração.

A instrução não restrita a informações superficiais acerca da questão, em


matéria relevante e eminentemente de direito, pelo rito intermediário
previsto no art.12 da Lei n.9.868/99, faculta ao relator a conversão da
medida cautelar em julgamento de mérito.

Declara-se incons tucional o inciso I do §2º do art. 29 da Lei Municipal


n. 1.856/2009, por estabelecer privilégio ao candidato no exercício da
a vidade, dificultando o acesso de novos interessados, por vulnerar
critérios isonômicos de seleção à delegação da vaga, sem embargo de
restringir o direito de livre associação.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Magistrados da


Tribunal Pleno do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, na conformidade da ata
de julgamentose das notas taquigráficas, em, AÇÃO JULGADA PROCEDENTE PARA
DECLARAR INCONSTITUCIONAL O INCISO I DO § 2º DO ART. 29 DA LEI N.
1.856/2009, COM EFEITOS ERGA OMNES E EX NUNC NOS TERMOS DO VOTO
DO RELATOR, À UNANIMIDADE.

Porto Velho, 02 de Abril de 2018

DANIEL RIBEIRO LAGOS


RELATOR

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