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ECONOMIA AMBIENTAL: PRINCÍPIOS E APLICAÇÕES

Os recursos naturais sempre exerceram papel importante na análise econômica ,


isso fica evidenciado nos diversos momentos da sua evolução: nas teses dos
fisiocratas, sobre a origem agrária do excedente, no alerta da escola clássica sobre
o possível comprometimento da expansão capitalista pela escassez dos recursos
naturais- Malthus e a bomba populacional; a redução da produtividade do trabalho
agrícola analisada por Ricardo; o uso indiscriminado do carvão por Jevons. A
evolução tecnológica e o alargamento das fronteiras do mundo e a análise
neoclássica diminuíram a importância dos recursos naturais nas análises dos
economistas entre o final do século XIX e o final da década de 60 do século XX.
A teoria marginalista vez com que tudo aquilo que não era valorado – encontra-se
mercado- não poderia ser considerado bem. As necessidades individuais só
poderiam ser alocadas eficientemente num mercado subjetivo de desejos. Os limites
do crescimento do sistema econômico trouxe novamente para o escopo da
economia a problemática dos usos dos recursos naturais.
Funções do meio ambiente
O meio ambiente exerce basicamente 3 funções:
1º - Serviços diretos: o ar que respiramos, Lazer, suporte
2º - Insumos para a produção – Combustíveis, matéria-prima, água.
3º - Recepção de resíduos – Tanto do consumo como da produção.

Essas funções são interdependentes e conflituosas. Os recursos além de escassos


se prestam a múltiplos usos. O problema econômico é como alocar mais
eficientemente estes recursos. O fluxo entre as atividades econômicas e o ambiente
natural pode ser ilustrado como uma relação de troca unilateral.

Insumos Trabalho
N PRODUÇÃO Consumo
Resíduos F
A
A
Depreciação Investimento
T
M
U
Í
R Reciclage
L
E
I
Capital
Z
A
A Resíduos
S

Serviços

O critério que a Economia Ambiental – baseada na economia neoclássica – utiliza é


a eficiência de Pareto : um estado da economia é eficiente quando não há nenhuma
possibilidade de melhorar a posição de pelo menos um agente dessa economia
sem que a posição de um outro agente seja piorada. O equilíbrio geral é sempre a
escolha mais eficiente socialmente, mesmo que contrapondo interesses das
minorias. O ótimo de Pareto é visto como a “Economia do Bem-estar”.
A economia ambiental é então o campo da economia que aplica a teoria econômica
as questões ligadas ao manejo e à preservação do meio ambiente. É a forma como
a economia neoclássica passa a incorporar as questões ambientais no seu objeto
de análise.

PRINCÍPIOS DA ECONOMIA NEOCLÁSSICA

- Privilegia a análise de mercado no seu processo produtivo. Neste caso o


mercado só poderá existir quando os bens forem escassos.
- O comportamento dos agentes econômicos – produtores e consumidores são
guiados por uma racionalidade que leva teoricamente sempre a satisfação
individual.
- A atividade econômica – produção e consumo de bens – só se realiza no preço
de equilíbrio.
- O valor do bem deixa de ser objetivo (custos) para ser subjetivo que dependerá
da valorização individual.

INTERNALIZAÇÃO DA EXTERNALIDADES

Para os neoclássicos não há contradição na lógica do desenvolvimento e a lógica da


biosfera planetária, o que há é uma “ainda” ausência de regras claras que possam
valorar o meio ambiente. Falta um “verdadeiro valor” dos bens e serviços
ambientais. Em outras palavras é “internalizar” o que ainda “está externo”, ou a
capacidade de valoração. A economia ambiental trata de criar condições de
intercâmbio mercantil, onde ainda estes não ocorrem.

BUSCA DA EFICIÊNCIA – Ajustes das Externalidades-

Um dos principias problemas a serem incorporados pela análise econômica é o da


POLUIÇÃO. Esse é uma das questões globais a medida que se associa o
aquecimento da terra ao aumento da concentração de CO2 ou a destruição da
comada de ozônio da atmosfera pela emissão do gás CFC, estes são problemas de
ordem internacional que dependerão de ajustes políticos. Já os problemas de
poluição local poderão, teoricamente, ser tratados pela teoria neoclássica de
valorização. A poluição é entendida como uma externalidade negativa: quando a
atividade de um agente econômico afeta negativamente o bem-estar ou lucro de
outro agente sem que haja nenhum mecanismo de mercado que faça este ser
compensado.

A proposta de ajuste

Suponha que uma industria química e uma pesqueira atuem num mesmo lago. A
externalidade negativa provocada pelos dejetos da industria química deverão ser
compensados nos ganhos da industria pesqueira. Pois quanto mais resíduos a
industria química despeja no lago menor será a possibilidade de lucro da companhia
pesqueira. A possibilidade de redução de resíduos da industria química provocará a
diminuição de seus lucros e consequentemente um aumento nos lucros da
companhia pesqueira. Como conciliar estes dois interesses.
Emissão Lucro da Cia Lucro da Cia pesqueira Benefício marginal Custo Lucro total
química marginal
0 1160 3000 - - 4160
1 1440 2990 280 10 4430
2 1650 2960 210 30 4610
3 1800 2900 150 60 4700
4 1900 2800 100 100 4700
5 1960 2650 60 150 4610
6 1990 2440 30 210 4430
7 2000 2160 10 280 4160
8 2000 1800 0 360 3800
9 1990 1350 -10 450 3340

Caso a industria química não seja estimulada a diminuir suas emissões ela irá
produzir até 7 ou 8 unidades, onde seu lucro é maior. Mas qual o nível ótimo de
poluição? Até quanto a industria pesqueira pagaria para a industria química diminuir
a poluição?

A emissão de poluição traz, do ponto de vista social custos e benefícios. O custo


associado à poluição é a redução no lucro da companhia pesqueira. O benefício é o
aumento no lucro da industria química. O nível eficiente de emissão seria atingido
quando a diferença entre benefício total e o custo total fosse máxima.
Enquanto o benefício marginal da poluição for superior a seu custo marginal, a
emissão de uma unidade adicional estará aumentando a diferença entre o benefício
e o custo total da poluição. Desse modo, a emissão da poluição atingirá seu nível
eficiente quando o benefício marginal igualar-se ao custo marginal, o que se dá,
quando são emitidos 4 unidades de poluição.

A CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

Os recursos físicos são resultantes de ciclos naturais do planeta Terra. A


capacidade de recomposição de um recursos no horizonte humano tem sido o
critério para a classificação de recursos: renováveis (solo, ar, águas, fauna, flora,etc)
e exauríveis (minérios, petróleo, gás natural).
Então: Um recurso que é extraído mais rápido do que é reabastecido por processos
naturais é um recurso não-renovável. Um recursos que é reposto tão rápido quanto
é extraído é certamente um recurso renovável.
Box: Recursos naturais no Brasil: Solos – No nordeste brasileiro o uso dos solos está sendo comprometido pela
ampliação da taxa de desertificação pelo uso inadequado e predatório dos recursos naturais. Hoje 17,7% da
superfície do Estado do Ceará está sob perigo de desertificação. Recursos Madeireiros: A Mata Atlântica está
reduzida a 6% do que era originalmente. O “mogno” já é uma espécie rara na Amazônia. O “pau rosa” usado
para fabricar o Chanel 5 está praticamente extinto. Água: As reservas mundiais caíram de 1950 até 2000 de 18,8
m³ para 4,8 m³ . Recursos exauríveis: O advento de novas tecnologias tem aumentado a descoberta de novas
reservas.

O uso econômico dos recursos exauríveis

O minério é considerado todo aquele mineral definido geometricamente e que


apresenta valor econômico. A relação entre o tempo que os processos naturais
necessitam para concentração dos minérios em jazidas comercializáveis e o tempo
em que são extraídos (explotados) é o que leva a considerá-los como exauríveis.
Para diferenciar os recursos economicamente aproveitáveis dos que estão apenas
dispersos utilizam-se os conceitos: recursos hipotéticos – todos os recursos
conhecidos ou não mas possíveis de existir -, recursos- existem sem uma medição
in sito- e reservas – possuí medição física sua extração é viável do ponto de vista
tecnológico hoje ou no futuro e tem um valor econômico.
Recursos Totais- Grau de certeza e existência

Gestão dos recursos Exauríveis

A questão colocada sob o ponto de vista econômico é a utilização ótima dos


recursos não-renováveis, já que sua reprodução não está assegurada e localmente
ela se esgota, por isso a necessidade de introduzir uma dimensão temporal na
análise. Nesse sentido, a grande questão é conhecer a lógica que o ritmo de preços
de um recurso exaurível deve seguir. Decisões intertemporais implicam opções
feitas no presente, mas que apresentam conseqüencias no futuro. No caso dos
recursos não renováveis, envolvem decisões sobre a época adequada de sua
exploração, o custo de uso – o valor que as gerações presentes devem pagar de
forma a compensar as gerações futuras pela falta desses recursos.
As variáveis críticas para análise de decisões intertemporais são:

- taxas de juros () (taxa de retorno, de desconto, atualização): Significa as


condições pelas quais o dinheiro ou determinados bens podem ser trocados, no
presente, por dinheiro ou bens, numa data futura. Taxa de juros muito altas
traduzem o risco e a incerteza.
-Valor Presente Líquido (VLP) : é o montante futuro (ou atualizado) para o presente.
É o valor atual.

Considera-se a expressão de juros compostos VF= VP (1 + )n


Assim o valor presente líquido equivale ao fluxo de renda futuro descontada a taxa
, por n períodos.
VPL= VF/ (1 + )n
Quanto valem hoje R$ 1.000 que serão recebidos daqui a dois anos a uma  de
10%? R$ 864,45.
Definidas as principais variáveis que afetam a decisão intertemporal, a questão que
emerge é saber de que forma a dimensão intertemporal é incorporada em uma
estratégia eficiente de uso ótimo. Há que considerar dois aspectos: a existência de
custo de oportunidade (royalty) e evolução dos preços e o valor do royalty no tempo.
Se VF = VP (1 + ) n, logo VP = VF/ (1+ )n onde: VF = valor futuro; d= taxa de juros
de mercado = taxa de desconto; n= tempo de vida útil da juzida e VPL = valor
presente líquido

Exemplo 1 Exemplo 3
n= 10 anos n= 20 anos
 = 6% a . a  = 6% a . a
VF = 1.000 VF = 1.000
VPL = 1.000/(1 + 0,06)10 = VPL = 1.000/(1 + 0,06)20 = 311,8
558,4

Exemplo 2 Exemplo 4
n= 10 anos
 = 15% a.a n= 20 anos
VF = 1.000  = 15% a.a
VPL = 1.000/(1 + 0,15)10 = VF = 1.000
247,2 VPL = 1.000/(1 + 0,15)20 = 61,1

Dos exemplos 1 e 2 deduz-se que quanto maior a taxa de desconto, menor o


royalty, maior a taxa de explotação, portanto, a taxa de utilização do recurso é
diretamente proporcional à taxa de juros
Dos exemplos 3 e 4 deduz-se que quanto maior a vida útil do bem , menor o royalty,
maior, portanto, a taxa de explotação.
A taxa de extração será maior quanto menor for o royalty- a economia dos
indivíduos racionais é função do valor econômico dos recursos.

Custo oportunidade

Também conhecido como custo alternativo de um bem “x” qualquer. É o montante


dos bens “y”, “z”, “w” etc. que tiveram que ser sacrificados para produzir o bem x. É
o custo social da produção de “x”. Baseando na teoria microeconômica da
concorrência perfeita.

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