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CRITÉRIO LEGISLATIVO PARA ELEIÇÃO DOS CRIMES CONTRA O

PATRIMÔNIO

O tratamento legal dos crimes contra o patrimônio não exclui a proteção de outros bens
jurídicos. De fato, resguardando o patrimônio, a lei penal tutela, simultaneamente, outros
direitos, tais como a vida e a liberdade, que não são bens patrimoniais. É o que ocorre,
exemplificativamente, nos delitos de latrocínio (CP, art. 157, § 3.°), de extorsão mediante
a restrição da liberdade da vitima ou “sequestro-relâmpago” (CP, art. 158, § 3.°) e de
extorsão mediante sequestro (CP, art. 159). Por outro lado, há delitos intrinsecamente
relacionados à questão patrimonial que são disciplinados em outros títulos da Parte
Especial do Código Penal. É o que se verifica, a título ilustrativo, nos crimes contra a
propriedade imaterial (CP, art. 184) e peculato (CP, art. 312).

Surge então uma questão: Quando um crime deve ser encarado como patrimonial?

E a resposta repousa unicamente no critério legislativo eleito na elaboração dos tipos


penais incriminadores. Mas este critério não nasceu da fantasia do legislador.

A definição de um crime que atenta contra o patrimônio de alguma pessoa física ou


jurídica em patrimonial ou não obedece à razão do interesse predominante que a lei
protege. Consideram-se patrimoniais os delitos quando o interesse predominante é
patrimonial. Por sua vez, crimes como o peculato e a corrupção passiva, que ofendem o
patrimônio, não são nesta classe incluídos, porque acima deles a lei coloca outro interesse,
que é o do regular funcionamento da Administração Pública.

A prevalência do interesse patrimonial é, pois, o elemento primordial, o fundamento


básico na capitulação dos crimes contra o patrimônio.

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