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RESÍDUOS SÓLIDOS
Lixões persistem
Maioria das cidades ignora lei e agride
meio ambiente. Senado busca saída
Veja também
Cadastro ambiental tira Código Florestal do papel
Na próxima edição, a escassez de água no país
Mudou para você, mudou para o Brasil. O Congresso faz parte da sua história.
P o l í t i c a N a c i o n a l d e
Resíduos Sólidos
”
temos essa lei, podemos cobrar dos governantes.
Sônia é presidente da cooperativa 100 Dimensão,
que transforma lixo em artigos de moda, papelaria,
brinquedos e até móveis.
http://bit.ly/mudoupravc
Aos leitores
V arrer para debaixo do tapete é a forma de tirar da nossa frente al-
guma coisa que incomoda, mas que não resolvemos por não termos
tempo ou energia suficiente naquele momento.
A situação descreve muito bem o que grande parte dos brasileiros ainda
faz, conscientemente ou não, com o lixo que produz. Quando os resídu-
os indesejados saem de cena, seja na lixeira ou no caminhão de lixo, em
vez de terem a destinação correta, prevista em lei, ainda vão para lixões,
depósitos a céu aberto que poluem o meio ambiente, atraindo vetores de
doenças.
E a solução não parece estar próxima. A coleta seletiva — condição
para o fim dos lixões, que era previsto para 2 de agosto de 2014 — só
acontece em poucas cidades. Até mesmo na capital da República, como
conferiu Em Discussão!, os processos estão muito atrasados e ainda não
há certeza de quando o maior lixão da América Latina, em funcionamento
há quase 50 anos, será desativado.
Em suma, a realidade ainda espera a ação conjunta da sociedade, do
governo e das empresas, idealizada pela lei, para que o problema tenha
solução. Como acontece com outras políticas públicas, falta de vontade
política, de competência técnica e, principalmente, de recursos são apon-
tados como os motivos para a demora na implantação da Política Nacional
de Resíduos Sólidos.
Ciente das dificuldades de aplicar a legislação, a Comissão de Meio
Ambiente, Fiscalização e Controle (CMA) instalou a Subcomissão Tempo-
rária de Resíduos Sólidos, que, em seis meses de trabalho, identificou que
faltam às prefeituras, especialmente as de pequenos municípios, qualifi-
cação e dinheiro para executar as ações necessárias para civilizar o trata-
mento do lixo.
O grupo, que tem o senador Cícero Lucena como presidente e a sena-
dora Vanessa Grazziotin como relatora, identificou que, ainda que o tema
não ganhe tanta atenção na agenda política e nas campanhas eleitorais,
em diversos locais do país se espalham experiências bem-sucedidas de
como dar ao lixo um destino ambientalmente correto, que pode significar
também uma excelente fonte de renda.
Em Discussão! apresenta algumas dessas experiências e os debates
promovidos pelo Senado que podem ajudar a evitar que aquilo que hoje é
varrido para debaixo do tapete não apareça na nossa frente logo adiante,
Wilson Dias/ABr
em situação ainda pior.
SUMÁRIO
Luis Morier/Imprensa RJ
Secretaria de
Comunicação Social Programa Senado Verde incentiva boas
práticas em relação ao lixo
47
Diretor: Davi Emerich
Diretor-adjunto: Flávio de Mattos
Diretor de Jornalismo: Eduardo Leão
Jorchr
Pesquisa de fotos: Bárbara Batista, Braz Félix, Leonardo na área de resíduos sólidos
Sá e Maristela Nogueira
Tratamento de imagem: Edmilson Figueiredo
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Logística reversa envolve indústria,
Circulação e atendimento ao leitor: (61) 3303-3333
comerciante e consumidor Rediscussão
Tiragem: 3.500 exemplares 24 Prazo para registro de propriedade rural termina
Site: www.senado.leg.br/emdiscussao
em maio de 2015
E-mail: emdiscussao@senado.leg.br Selecionar o lixo 60
Twitter: @jornaldosenado e reciclá-lo ainda
www.facebook.com/jornaldosenado é um desafio Veja e ouça mais em:
Tel.: 0800 612211
Praça dos Três Poderes, Anexo 1 do 27 Próxima edição
Senado Federal, 20º andar, 70165-920, Brasília, DF A tramitação dos
De onde tirar Regulação deficiente e falta de obras colocam o Brasil projetos pode ser
Luis Morier/Imprensa RJ
A reprodução do conteúdo é permitida, recursos para sob risco de racionamento de água acompanhada
desde que citada a fonte.
pagar a limpeza 61 no site do Senado:
pública
Impresso pela Secretaria de
Editoração e Publicações (Seep) 30 Saiba mais 62 www.senado.leg.br
Contexto
Sem prazo
para civilizar
coleta de lixo
Responsáveis pelo serviço, prefeituras alegam falta de
recursos para iniciar reciclagem e acabar com os lixões, que
deveriam ter sido fechados em agosto. Senado acompanha
implantação da legislação de 2010 e busca soluções
A
cena se repete a cada almoço. lidade pós-consumo do setor produtivo”,
Depois de usar o canudo para esclarece o senador Cícero Lucena (PSDB-
tomar o último gole de refrige- -PB). O texto da lei envolve todos que, de
rante, a pessoa deixa para trás a alguma forma, participam da geração de
bandeja, com os restos de comida, guar- resíduos, inclusive os consumidores, co-
danapos, pratos e copos descartáveis. E merciantes, distribuidores e fabricantes. “É
são enormes as chances de nunca voltar a uma abordagem inovadora, colocando o
pensar nas coisas que acabou de utilizar e Brasil ao lado de países como os da União
que seguiram para o lixo. Europeia e o próprio Japão”, acrescenta.
É como a maioria de nós age diante Fruto de um debate que levou mais de
do lixo que produz. E é essa cultura que 20 anos no Congresso Nacional, a lei, no
a Política Nacional de Resíduos Sólidos entanto, enfrenta grandes desafios para
(Lei 12.305/2010) procura mudar, esta- deixar de ser apenas um documento com
belecendo a responsabilidade comparti- boas diretrizes e intenções e tornar-se parte
lhada de todos sobre a produção do lixo da realidade nacional.
no Brasil.
“A lei traz preceitos inovadores Lixões resistem
como a responsabilidade comparti- Uma boa medida dessas dificuldades
lhada pelo ciclo de vida do pro- foi o prazo para o fim dos lixões, terrenos
duto e o sistema de logística onde resíduos são depositados a céu aberto,
reversa, ou seja, a responsabi- sem manejo adequado. Eles deveriam
Ana Volpe/Agência Senado
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setembro
outubro de 2014 www.senado.leg.br/emdiscussao
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Contexto
Reprodução/Lucas Filmes
No entanto, as discussões so-
bre os impactos ambientais e os
altos custos da coleta e destina-
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Contexto
Usina resíduo-energia
Se, ao final dos processos de reúso e reciclagem, ainda houver resíduos, a eletricidade
produtos
queima dos rejeitos pode gerar energia. Ao final, restam apenas 10% do turbina
volume original, em forma de cinzas. Há necessidade de controle
da poluição atmosférica, por meio de filtros.
vapor
Consumidor
Tem diversos desafios pela frente: mudar
hábitos, diminuir o consumo, procurar
produtos com embalagens menores e
que possam ser reaproveitadas, substituir
sacolas plásticas pelas recicláveis, separar
e acondicionar bem o lixo, não sujar vias
públicas etc.
materiais
cinzas
separados
Direcionamento de
Para o reaproveitamento dos materiais, é
Reutilizar Pirâmide do lixo
resíduos
essencial a correta separação e o descarte Opção preferencial O setor de gestão de resíduos sólidos segue uma hierarquia que
adequado. Por isso, uma convenção Reciclar leva em consideração aspectos ambientais, sociais, gerenciais e
internacional definiu lixeiras de cores
Recuperar financeiros. Chamada de “Quatro Rs”, a estratégia busca diminuir
diferentes para cada tipo de resíduo. No caso
ao máximo a quantidade de rejeitos levados a aterros sanitários.
de lixo hospitalar, radioativo e materiais Aterro sanitário Já a incineração deve minimizar a emissão de gases que causam o
Descarte de
perigosos, a separação é ainda mais
rejeitos
Incineração efeito estufa, como o gás carbônico (CO2).
importante, para que sejam eliminados com
mais eficiência e sem risco à população.
Aterro controlado
Fonte: Elaboração própria, com base na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) Fonte: Banco Mundial, 2012
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DITO
Em Discussão! acompanhou
projeto em 2010
É a segunda vez que Em Discus-
são! aborda o tema lixo. A terceira
edição, de junho de 2010, registrou
são do tema. Esse tipo de conteúdo,
aliás, deu origem à atual proposta
editorial da revista.
O que foi
Vencimento do prazo para o fim dos lixões trouxe tema de
audiência pública de quatro comis- Passados quatro anos, textos volta aos debates do Senado. Aspectos ambientais, econômicos
sões para debater o projeto de lei e ilustrações da edição continuam
e sociais da área de resíduos sólidos não escaparam dos
que deu origem à Política Nacional atuais. Abaixo, um quadro publi-
de Resíduos Sólidos. cado em 2010, com um resumo do
comentários dos senadores e dos especialistas.
A revista, então, trazia a íntegra projeto que viria a se tornar a lei.
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realidade brasileira
Na prática, a Se os princípios legais estão afi- com dados coletados este ano pelo Em relação à quantidade,
história é outra
não viu o fim dos lixões, depósi- das 5.570 cidades não se adequa- neladas são encaminhadas para li-
tos a céu aberto que contaminam ram à lei. xões ou aterros controlados, que
o ar, o solo e o subsolo e põem em pouco se diferenciam dos primei-
risco o meio ambiente e a saúde Sem evolução ros por não possuírem a necessá-
da população, ainda que a lei te- “A série histórica do Panorama ria proteção ao meio ambiente.
nha fixado prazo até 2 de agosto demonstra que a evolução da ges- Em comparação com 2010, a di-
deste ano para que os lixões fos- tão de resíduos, principalmente minuição dos resíduos enviados a
Considerada uma lei de qualidade pelos especialistas, a sem substituídos por aterros sa- da destinação f inal, não tem lixões não chegou a 1%.
Política Nacional de Resíduos Sólidos ainda não conseguiu nitários, preparados para receber acompanhado, na mesma pro- Pouco mais de 90% do total de
modificar a realidade das cidades brasileiras. Tanto que, na detritos. porção, o aumento da geração. resíduos gerados no Brasil são efe-
maioria delas, persiste a existência dos lixões a céu aberto O mais recente Panorama de A cada ano, o Panorama permite tivamente coletados, o que signi-
Resíduos Sólidos no Brasil, lan- a constatação de uma evolução fica que cerca de 20 mil toneladas
çado em agosto passado pela As- das práticas em termos percentu- de resíduos acabam abandonadas
E
m agosto de 2010, o Congresso Nacional distribuidores, comerciantes, consumidores e po- sociação Brasileira de Empresas ais que não se reflete em termos todos os dias em locais impró-
aprovou a Lei 12.305/2010, que institui der público. Já o moderno sistema de logística re- de Limpeza Pública e Resíduos absolutos, já que as quantidades prios. Rios e outras fontes de água
a Política Nacional de Resíduos Sólidos versa prevê um conjunto de procedimentos para Especiais (Abrelpe), traz os da- de resíduos sem coleta, sem des- são o destino final em grande
(PNRS). Foi uma longa discussão, que viabilizar que resíduos sólidos voltem ao setor em- dos de 2013 e mostra que 60% tinação adequada e sem poste- parte desses casos, segundo o Pa-
começou em 1989, com o Projeto de Lei do Se- presarial de origem para reaproveitamento, como dos municípios brasileiros ainda rior aproveitamento são cada vez norama da Abrelpe.
nado (PLS) 354, do ex-senador Francisco Rollem- eletroeletrônicos, ou para descarte encaminham seus resíduos para maiores”, diagnostica a publica- Os planos de resíduos sólidos
berg. Foram mais de 20 anos de espera, mas, pelo ambientalmente correto, como locais inadequados. De acordo ção da Abrelpe. da União, estados e municípios
menos, o processo deu origem a um texto conside- pilhas e baterias
rado excelente pelos especialistas. (leia mais na Lixão da Estrutural, no
A política traz conceitos inovadores, como a pág. 24). Distrito Federal: montanha de lixo
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida a 16 km do Palácio do Planalto
dos produtos entre fabricantes, importadores,
Connie Zhou/Google
Realidade brasileira
Geração Coleta
Destinação do lixo
57,6% 42,4%
2010
Adequada Inadequada muita dificuldade na sua decreta- f inanceiros das prefeituras. Urbano do Ministério do Meio
ção”, ponderou. “Os municípios de grande Ambiente, Ney Maranhão.
Fonte: Panorama de Resíduos Sólidos, Abrelpe, 2013 Já o diretor-executivo da porte têm resolvido o problema Aterros sanitários são obras
A brelpe, Carlos Roberto Vieira dos lixões, mas há ainda os pe- complexas, que exigem constante
da Silva Filho, discorda. Ele disse quenos municípios, que precisam manutenção. Segundo Maranhão,
também deveriam ter sido quer deram início à elaboração. entraves burocráticos (leia mais aos senadores que o prazo não foi migrar para um sistema de ater- apenas 5% dos custos de um
a presentados até agosto de
De acordo com o ministério, na pág. 45). o problema, pois, como lembrou, ros sanitários que requer projeto aterro sanitário são de implanta-
2012, conforme previsto na Po- R$ 26,8 milhões foram repas- Para o técnico do Ipea Al- os lixões já estariam proibidos sofisticado, engenharia constru- ção. O restante é gasto na opera-
lítica Nacional de Resíduos Só- sados pelo governo federal para bino Rodrigues Alvarez, que desde 1981, quando entrou em vi- tiva cuidadosa e controle do fun- ção e na manutenção do aterro ao
lidos. Poucos o fizeram. Os que os estados elaborassem seus participou dos debates na sub- gor a Política Nacional de Meio cionamento”, afirmou o secretário longo da vida útil — em geral, 20
planos devem prever ações de planos de resíduos sólidos. comissão do Senado, o pro- Ambiente. de Recursos Hídricos e Ambiente anos. “Portanto, é relativamente
coleta, transporte, transbordo, “Os planos municipais são blema começou com o prazo “Além disso, os lixões estão cri-
tratamento, destinação ambien- uma das ferramentas mais rele- estabelecido pela política para a minalizados dentro do ordena- O preço de um aterro sanitário
talmente adequada dos resíduos vantes da Política Nacional de elaboração dos planos e para o mento nacional desde 1995, com
Quanto menor o aterro sanitário, mais caro o custo de operação. A tonelada
sólidos e correto descarte final Resíduos Sólidos. São condição fim aos lixões. a Lei de Crimes Ambientais, que
de lixo em um aterro pequeno sai pelo dobro preço de um aterro grande
dos rejeitos. necessária para o Distrito Fede- “Devemos sair da posição de estipulou as penas para aqueles
Pesquisa do Instituto Bra- ral e os municípios acessarem os achar que, em quatro anos, se que poluem e degradam o meio
Tipo
sileiro de Geografia e Estatís- recursos financeiros da União poderia resolver o problema da ambiente. Então, não temos aqui
tica (IBGE) apontou que, em destinados à limpeza urbana disposição de resíduos sólidos que discutir se são quatro anos, se Grande Médio Pequeno
Custo (R$) (2 mil ton/dia) (800 ton/dia) (100 ton/dia)
2013, apenas 33,5% dos mu- e ao manejo de resíduos sóli- no Brasil. De achar que os mu- foi muito ou se foi pouco. Tive-
nicípios brasileiros possuíam o dos”, destacou Cícero Lucena nicípios detêm a estrutura e os mos 33 anos”, disse. Construção 22,3 mi 11,5 mi 3,3 mi
Plano Municipal de Gestão In- (PSDB-PB). recursos necessários. Isso não é Operação (20 anos) 461,5 mi 206,5 mi 45,5 mi
tegrada de Resíduos Sólidos. O governo federal também verdade. Metas são importantís- Custos
Em relação aos estados, levan- deveria ter publicado decreto simas, mas essa foi fora das nos- De modo geral, os especialistas Encerramento 42,1 mi 18,5 mi 3,7 mi
tamento do Ministério do Meio com o Plano Nacional de Re- sas condições. Houve grande ouvidos pela Subcomissão Tem- Total 525,9 mi 236,5 mi 52,5 mi
Ambiente revelou que ape- síduos Sólidos. A versão preli- dificuldade de elaboração dos porária de Resíduos Sólidos do Preço médio por
nas Maranhão, Pernambuco e minar foi disponibilizada para planos municipais e até dos pla- Senado concordaram que uma 46,81 54,11 101,80
tonelada
Rio de Janeiro concluíram seus consulta pública em 2011. Mas, nos estaduais. Mesmo o plano das principais causas para o atraso
planos. Roraima e Amapá se- até hoje, não foi oficializada por nacional: embora elaborado, há nessa área é a falta de recursos Custo anual per capita 13,67 15,80 18,58
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setembro de 2014 www.senado.leg.br/emdiscussao
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Realidade brasileira
Divulgação
participaram das audiências pú- dades singulares e complexas.
blicas do Senado. O problema Alvarez lembrou o caso de
é generalizado, já que 90% dos Altamira, no Pará, maior mu-
municípios possuem menos de nicípio do Brasil em exten-
50 mil habitantes e apenas 35 são territorial. Às margens do
cidades têm mais de 1 milhão Rio Xingu, em meio à Floresta
de habitantes. Amazônica, o município possui
“É preciso pensar agora na 159,5 mil quilômetros quadra-
política para a maioria dos mu- dos e 106,7 mil habitantes em
nicípios: os pequenos, que pre- 2014. O tamanho do municí-
cisam ter corpo técnico e estru- pio, as grandes distâncias e a di-
tura para executar a política”, ficuldade de locomoção atrapa-
alertou o coordenador de Es- lham, por exemplo, a formação
tudos Técnicos da Confedera- de consórcio.
ção Nacional de Municípios
(CNM), Eduardo Stranz. Falta infraestrutura
O governo federal concorda. Alvarez comparou a situa-
O gerente de projeto do Depar- ção de Altamira com a de Por-
Para Albino Alvarez, do Ipea, custo tamento de Ambiente Urbano tugal, que tem 92,2 mil quilô-
alto pode invializar destinação correta do Ministério do Meio Am- metros quadrados e 10,6 mi-
do lixo em pequenos municípios biente, Eduardo Rocha, disse lhões de habitantes. “Portugal,
que os municípios enfrentam com renda per capita várias ve-
fácil implantar. Difícil é susten- dificuldades técnicas e adminis- zes superior, demorou de 10 a
tar a operação em bases crite- trativas na condução dos con- 15 anos para ter um resultado
Bento Gonçalves (RS) se uniu a outras nove cidades da Serra Gaúcha para gestão integrada de resíduos sólidos
riosas e dentro dos parâmetros vênios e contratos de repasse e realmente importante na área
exigidos. Um descuido pode le- não possuem profissionais pre- de gestão de resíduos sólidos.
var à perda de todo esforço de parados tecnicamente para ela- Temos municípios na Amazô-
anos”, completou.
O tamanho da cidade e a
boração e gestão dos planos du-
rante a fase de implantação da
nia que, quando a gente fala em
consórcio municipal, o pessoal
Municípios têm dificuldade
quantidade de lixo gerado têm
impacto determinante sobre o
financiamento do tratamento
política pública.
Disparidades regionais
ri porque, às vezes, leva uma se-
mana para ir de um município
a outro”, ponderou.
para formar consórcios
do lixo. “Enquanto toda a ca- O técnico do Ipea ressaltou De acordo com Alvarez, o se- A Política Nacional de Resí- tuição e regulamentada pela Lei Ambiente Urbano do Ministério
deia de resíduos sólidos pode que a dificuldade técnica se re- miárido também possui pouca duos Sólidos dá prioridade à for- 11.107/2005. Pode ser usado para do Meio Ambiente, Zilda Veloso.
ter um peso de 3% no orça- f lete na grande desigualdade infraestrutura de transporte. mação de consórcios intermunici- oferecer diversos serviços públi- Segundo ela, são vários os obs-
mento público em um muni- nacional. “No Sul e Sudeste, “No Sul e no Sudeste, há mais pais para a gestão do lixo, inclu- cos, como saneamento básico e táculos encontrados no caminho
cípio grande e rico das Regiões 90% dos municípios já estão infraestrutura. Então, é possí- sive para obtenção de financia- saúde. A gestão regionalizada de dos consórcios: desavenças políti-
Sul e Sudeste, a manutenção de sem lixão. Nas outras regiões, vel resolver a logística do Rio mento federal. O consórcio é visto resíduos sólidos é caracterizada cas entre gestores; falta de concor-
um aterro pode chegar a 15% acontece o inverso. Quanto me- Grande do Sul, por exemplo, como solução principalmente para por um único prestador dos ser- dância quanto ao rateio das des-
do orçamento de um município nos populoso, mais provável com três ou quatro grandes os pequenos municípios, que en- viços para vários municípios, con- pesas entre municípios; dificul-
pequeno e pobre, o que pode que conte com um lixão”, disse. aterros privados. Os resíduos frentam problemas como falta de tíguos ou não. Os consórcios de- dades para formalizar acordos nas
inviabilizar a iniciativa”, avaliou Também as diferenças físicas vão viajar pelo estado apenas recursos e dificuldades técnicas vem prever também a uniformi- câmaras municipais; e inadim-
Alvarez. e climáticas foram lembradas 200 quilômetros. São soluções para gerenciar seus resíduos. dade de fiscalização, de regulação plência junto ao Serviço Auxi-
A baixa capacidade técnica como entraves. É verdade que a que não são possíveis em todas Ao se associarem entre si ou dos serviços, de remuneração e de liar de Informações para Transfe-
dos pequenos municípios bra- lei já prevê o respeito às diver- as regiões”, avaliou. com cidades de maior porte, os planejamento. rências Voluntárias ou Cadastro
pequenos municípios têm mais Único de Convênios (Cauc), o
chances de superar a baixa capaci- Obstáculos que impede acesso a recursos fe-
Onde estão os lixões, aterros controlados e aterros sanitários dade técnica e de gestão e ampliar “A formação de consórcios in- derais (leia mais na pág. 30).
Gráficos mostram que a desigualdade entre as regiões também é grande quando se trata de resíduos sólidos a escala de tratamento de resíduos termunicipais é fundamental para O coordenador de Estudos
sólidos, o que significa diminui- conferir escala, eficácia e econo- Técnicos da CNM, Eduardo
Brasil Aterros sanitários Aterros controlados Lixões ção de custos. Além dos planos micidade à disposição apropriada Stranz, ressaltou a dificuldade
estaduais e municipais, a PNRS de rejeitos e, assim, à erradicação fiscal dos municípios. “Os con-
Sul Sudeste Centro-Oeste Nordeste Norte prevê a realização de planos inter- dos lixões. Tais arranjos permitem sórcios não conseguem ser efeti-
municipais, microrregionais e de igualmente a superação de graves vados, apesar de haver várias pro-
municípios
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Realidade brasileira
Reprodução/Agostini Angelo
mas só conseguiu colocar em exe- los Barbosa, Coronel Pilar, Fa-
cução 8, para os quais foram des- gundes Varela, Flores da Cunha,
tinados apenas R$ 6,1 milhão. Garibaldi, Nova Roma do Sul,
Para o técnico do Ipea Albino São Marcos e Veranópolis, que
Alvarez, o país não tem tradição somam 250 mil habitantes, for-
de governança intermunicipal, por maram o Consórcio Intermunici-
meio da qual municípios de uma pal de Desenvolvimento Susten-
determinada região se organizam tável da Serra Gaúcha. O consór-
e se apoiam para executar serviços cio apoia iniciativas de desenvol-
públicos. “Isso demanda tempo, e, vimento sustentável regional. Até
por razões econômicas e políticas, o final do ano, os prefeitos pre-
é difícil chegar lá. Há sobrecarga tendem apresentar um plano inte-
para o gestor público municipal, grado de resíduos sólidos.
especialmente para os pequenos. Outro exemplo de consórcio
Precisamos de cooperação efe- intermunicipal bem-sucedido vem
tiva entre os entes federativos e de do Acre. Segundo o gerente de
maior participação dos estados. E projeto do Departamento de Am-
os créditos precisam ser liberados biente Urbano do MMA, Edu-
pelo governo federal”, considerou. ardo Rocha, o estado agrupou 22
Alvarez defende que a gestão municípios em duas regionais, Ju-
da PNRS não fique concentrada ruá e Purus, de acordo com carac- Charge de Angelo Agostini, em revista do
Eduardo Stranz, da CNM, avalia que o
século 19, mostra o francês Aleixo Gary
governo federal não tem estrutura para no Ministério do Meio Ambiente. terísticas locais. A primeira coleta enfrentando, com seus “exércitos”, o lixo
apoiar todos os pequenos municípios “É preciso haver participação mais 200 toneladas de lixo por dia e e a sujeira nas ruas do Rio de Janeiro
intensa do pessoal local. Uma ca- possui 5 aterros sanitários. A se-
grande desaf io é conseguir o racterística na nossa Federação é gunda coleta 500 toneladas por
apoio técnico para elaborar os pla-
nos municipais, firmar contratos
e colocá-los em execução. Na ava-
a grande passividade dos entes fe-
derativos, que imaginam que, de
Brasília, do Rio de Janeiro, de São
dia, que vão para 9 aterros.
Da mesma forma, Rocha elo-
gia a experiência de Alagoas. “O
Consciência sobre lixo
liação dele, o Ministério do Meio
Ambiente não tem estrutura para
apoiar todos os municípios. De
Paulo, do Recife, vão sair todas as
soluções”, afirmou.
estado foi regionalizado e, em vez
de se fazer um plano por municí-
pio, tem sido feito um plano para
é recente — e incipiente
2011 a 2013, o MMA recebeu De Norte a Sul cada 15 ou 20 municípios. São O aumento da quantidade de contraram, sem falar no pessoal No início do século 20, o
577 propostas de planos, aprovou Os municípios de Bento Gon- planos para consórcios, mais bara- lixo nas grandes cidades é fruto da corte de dom João VI, que Serviço de Profilaxia da Febre
153 e assinou contrato com 96, çalves, Campestre da Serra, Car- tos”, defendeu. de dois processos relativamente reclamava dos ratos e mosquitos Amarela, capitaneado pelo sani-
recentes, que correram parale- que criavam epidemias, obri- tarista Oswaldo Cruz, também
lamente: a industrialização e a gando os navios que chegavam promoveu a limpeza pública
urbanização, principalmente a a quarentenas humilhantes”, re- para evitar o acúmulo de água
partir do século 19. A acelera- sumiu o escritor Carlos Heitor que favorecia a infestação pelo
Além de poucos recursos, falta de dados é obstáculo ção do consumo em centros ur- Cony em artigo, citando auto- mosquito Aedes aegypti, respon-
banos, que concentram cada vez res que descreveram o Rio de sável pela transmissão de diver-
Além da carência de recur- públicos e privados de gerencia- mais gente, deixou claro que Janeiro do século 19. sas doenças.
sos, a falta de informações so- mento de resíduos sólidos. aquilo que não tinha mais ser- No Rio, a cidade só criou
bre os serviços de coleta de lixo Porém, o sistema ainda não ventia para as pessoas e as in- normas para a disposição de Soluções ao norte
no Brasil é crônica. Sem moni- está servindo ao seu propósi- dústrias precisava de tratamento lixo e esgoto nas ruas quando a Paralelamente, os países de-
toramento, fiscalização e avalia- to. De acordo com a diretora urgente. família real portuguesa chegou senvolvidos da Europa e da
ção da eficiência da gestão de de Ambiente Urbano do MMA, Narrativas sobre cidades, à colônia, em 1808. Foram as América do Norte já começa-
resíduos sólidos, o planejamen- Zilda Maria Faria Veloso, o Sinir como Londres, Paris, Lisboa e preocupações com a saúde pú- vam a dar melhor tratamento
to, a definição de metas e as está funcionando precariamen- Rio de Janeiro, até o início do blica que fizeram a limpeza ur- ao lixo, utilizando soluções que
estimativas de custos e receitas te. Ela explicou que a Universi- século 19, dão conta de ambien- bana avançar. não chegaram ao Brasil em
de obras e de operações ficam dade de Brasília (UnB) foi con- tes em que a sujeira e o mau Somente ao final do longo larga escala. A incineração, por
muito difíceis. tratada para desenvolver a parte cheiro dominavam, num cená- reinado de dom Pedro II foi exemplo, foi considerada ade-
Essa preocupação também tecnológica do sistema, mas en- rio propício para a propagação autorizada a contratação de ser- quada por muito tempo em ci-
es teve presente quando da controu dificuldades. de doenças. O lixo, geralmente viço de limpeza do Rio de Ja- dades como a Londres da virada
Lia de Paula/agência senado
aprovação da PNRS em 2010. “Estamos funcionando ape- misturado ao esgoto, era depo- neiro. A empresa do francês do século 20.
Tanto que a lei prevê a criação nas com informações de órgãos sitado nas ruas e a destinação Aleixo Gary implantou a coleta No Rio de Janeiro, a pri-
do Sistema Nacional de Infor- como o Ministério das Cidades final, até meados do século 20, em 1880 e, ainda que seu con- meira iniciativa nesse sentido
mações sobre Gestão dos Re- e o Ibama. A parte mais impor- quando havia, eram rios, mares trato tenha perdurado por ape- não prosperou e o lixo continu-
síduos Sólidos (Sinir). Quando tante, que permite que as pre- e terrenos baldios. nas uma década, o ineditismo ava a ser levado para dentro da
implantado pelo Ministério do feituras alimentem o sistema “Falei da sujeira, da imundí- fez com que os funcionários Baía de Guanabara. A Ilha de
Zilda Veloso informou que o Sinir
Meio Ambiente, o Sinir deverá com informações sobre seus cie que Luiz Edmundo, Aluísio encarregados de limpar as ruas Sapucaia foi o destino do lixo
ainda não foi totalmente implantado, o organizar dados federais, esta- planos e ações, ainda não está Azevedo, Gastão Cruls e alguns passassem a ser chamados de da cidade entre 1865 e 1949.
que dificulta o acesso à informação duais e municipais de serviços ativa”, lamentou. viajantes estrangeiros aqui en- “garis” em todo o Brasil. Seg undo Emílio Maciel
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Realidade brasileira
SYLVIO Guedes
João Pessoa
Gilberto Firmino
Onze anos depois da desativação, área do Lixão do Roger
igenheer, do Programa de Pós-
E de pessoas que se sustentavam ainda está deteriorada e há vestígios do lixo inorgânico
tros problemas, não ajudaram
-Graduação em Ciência Am- do lixo no país datam de 1806. no desenvolvimento de uma
biental da UFF, no livro A His- A partir da década de 80, cultura que dê um melhor tra-
tória do Lixo — a limpeza pú- com apoio de grupos religio- tamento aos resíduos sólidos,
blica através dos tempos, somente sos, os catadores começaram a desde o consumidor até o poder
a partir de 1970 o Brasil pas- se organizar para melhorar sua público.
sou a dar atenção aos lixões e às inserção na sociedade. A Coo- Como consequência, a lei
substâncias nele depositadas. perativa dos Catadores Autô- atual traz os melhores concei-
Ainda assim, foi nessa década nomos de Papel, Aparas e Ma- tos desenvolvidos no mundo,
que o Rio de Janeiro implantou teriais Reaproveitáveis, em São grande parte sem aplicação no
o Lixão de Gramacho, no mu- Paulo, foi pioneira, em 1989. A dia a dia. As boas práticas de
nicípio de Duque de Caxias, mobilização dos catadores levou manejo do lixo ainda não são
em uma região de manguezal, prefeituras a incentivar as ini- a regra no país, onde lixões,
das mais sensíveis do ponto de ciativas e integrá-las ao sistema mesmo proibidos, ainda fazem
vista ambiental. Esse lixão, que de limpeza urbana. Graças a parte das paisagens urbanas.
chegou a receber mais de nove isso, as cooperativas foram con- No R io de Janeiro, por
toneladas de lixo diariamente, templadas pela Política Nacio- exemplo, somente recentemente
só foi desativado recentemente nal de Resíduos Sólidos, nos sis- algumas comunidades pacifi-
(leia mais na pág. 26). temas de coleta seletiva de lixo. cadas começaram a ter serviço
Enquanto na Europa e nos de coleta de lixo mais eficiente,
Sustento do lixo Estados Unidos, por exemplo, dando àquelas pessoas condi-
Como em sociedades onde a consciência sobre a responsa- ções para descartar seus resí-
há grande desigualdade de bilidade mútua com relação ao duos adequadamente. E o que é
renda, o lixo serviu como sus- lixo avançou muito no último ainda pior: diversas cidades bra-
tento para um grande contin- século (leia mais a partir da pág. sileiras, incluindo o Rio, sofrem
gente de brasileiros, marginali- 48), no Brasil, a desigualdade com epidemias como a de den-
zado do processo econômico: os social e o crescimento desor- gue, agravadas pelo acúmulo
catadores. As primeiras notícias denado das cidades, entre ou- inadequado de lixo.
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Realidade brasileira
de acordos setoriais Quais produtos devem retornar aos fabricantes ao fim da vida útil?
O sistema de logística reversa é Meio Ambiente (MMA) e o setor deverão ser coletadas e destinadas pilhas e lâmpadas produtos eletroeletrônicos
um dos pontos mais importantes produtivo. adequadamente em todo o país. Reciclagem/
baterias fluorescentes e seus componentes reutilização
da Política Nacional de Resíduos Os instrumentos para firmar Para a diretora do Departa-
Sólidos. Está ligado diretamente compromisso na área de logística mento de Ambiente Urbano do agrotóxicos e suas óleos lubrificantes Incineração
ao princípio da responsabilidade reversa são os acordos setoriais e os MMA, Zilda Veloso, o sistema embalagens e suas embalagens pneus
compartilhada pelo ciclo de vida termos de compromisso. Segundo implica não somente obrigações,
dos produtos entre fabricantes, co- informações do MMA, por per- mas mudança de paradigma. “A Produto
usado
merciantes, consumidores e poder mitir grande participação social, logística reversa evita desperdícios,
público. o acordo setorial tem sido o meio estimula o consumo sustentável e
Pelo sistema, o fabricante de escolhido pelo Comitê Orientador, redireciona o marketing de algu-
uma televisão, por exemplo, será formado por técnicos de cinco mi- mas empresas. Isso é saudável, pois Descarte
responsável, junto com o consumi- nistérios: Meio Ambiente; Desen- gera a oportunidade de novos ne- Consumidor
dor e a loja que vendeu o produto, volvimento, Indústria e Comércio; gócios, diminui a pressão sobre os Produto
novo
pela reciclagem do material e pelo Agricultura; Fazenda; e Saúde. recursos naturais, a saúde pública Comerciante/ Fabricante
descarte correto do objeto quando Até hoje, somente o acordo se- e o meio ambiente”, avaliou. ponto de recebimento
sua vida útil acabar. Somente o que torial para a reciclagem de emba- Um dos desafios para se cons-
não for possível aproveitar vai para lagens plásticas de óleo lubrifi- truir o sistema de logística reversa
o lixo — e com segurança. cante foi assinado, em dezembro é estabelecer a responsabilidade de O secretário de Recursos Hídri- -prima, com economia de 10% de 50% no mercado de resíduos no
A lei prevê logística reversa para de 2012. Mas o comitê analisa cada ator em cada etapa da cadeia. cos e Ambiente Urbano do MMA, energia a cada tonelada de caco no Brasil, estimado em R$ 22 bilhões
seis tipos de produtos, cujo des- propostas para os demais setores. “Até onde vai a responsabilidade da Ney Maranhão, acredita que a lo- forno. E não tenho nenhum tipo por ano.
carte incorreto causa ainda mais indústria em relação a buscar o re- gística reversa vai exigir que con- de vantagem. A garrafa fabricada O estudo propõe a desonera-
danos ao meio ambiente e põe em Mudança de cultura síduo no ponto de coleta e até onde sumidor seja educado para um com 80% de caco paga o mesmo ção para os produtos de logística
risco a saúde da população: pilhas O acordo setorial de embalagens vai a responsabilidade do comér- novo padrão de consumo. “Além IPI que a fabricada com matéria- reversa previstos na Política Na-
e baterias, pneus, lâmpadas, pro- plásticas de óleo lubrificante prevê cio, do distribuidor e do consumi- de selecionar e descartar adequa- -prima virgem, com consumo cional de Resíduos Sólidos. A esti-
dutos eletroeletrônicos, agrotó- a implantação, ainda este ano, da dor na hora do descarte? É preciso damente os produtos da cadeia, o maior de energia. Estou falando mativa de renúncia tributária para
xicos e óleos lubrificantes. Mas a logística reversa em 70% dos mu- definir ainda a consolidação do vo- consumidor deve ir ficando mais de R$ 65 milhões de bitributação, implantar todas as propostas do
inserção de mais categorias, como nicípios das Regiões Sul, Sudeste lume e triagem. Essas são algumas consciente das implicações sociais que poderiam ser empregados na estudo é de R$ 3 bilhões.
a de medicamentos e a de emba- e Nordeste (menos Piauí e Mara- questões que precisam ser respon- e ambientais dos produtos que reciclagem”, reclamou Ana Paula
lagens em geral, já está sendo ne- nhão). Em 2016, 60% das emba- didas para construir um acordo se- compra. Acredito que vai mudar Bernardes da Silva, gerente de pro- Projetos
gociada entre o Ministério do lagens plásticas de óleo lubrificante torial”, explicou Zilda. seu padrão de consumo”, afirmou. jeto da Associação Técnica Brasi- Atualmente, o Senado analisa
leira das Indústrias Automáticas três projetos que têm a logística
Bitributação de Vidro (Abividro). reversa como tema. O primeiro
Resíduos eletroeletrônicos, se recuperados pela cadeia de
logística reversa, podem ser reaproveitados pela indústria A questão tributária foi citada Estudo feito pela Confedera- é o substitutivo do senador Luiz
por participantes das audiências ção Nacional da Indústria (CNI)
públicas da Subcomissão Tempo- estima que há reincidência tribu-
Reprodução/Hub Oaxaca rária de Resíduos Sólidos como tária de R$ 2,6 bilhões sobre ma-
obstáculo ao pleno funcionamento teriais reciclados. Segundo o es-
da logística reversa. “Está muito tudo, o Imposto sobre Circulação
claro para mim que a questão tri- de Mercadorias e Serviços (ICMS)
butária é um gargalo. Isso foi dito é o que mais pesa para a cadeia da
em todas as audiências públicas. reciclagem. A reincidência desse
Muitas vezes se está pagando mais tributo sobre os resíduos usados
caro por um produto reciclado como matéria-prima na reciclagem
de vidro, a bitributação, do que a é de R$ 1,38 bilhão, 53% do total
matéria-prima, virgem, original- do custo com a dupla tributação.
mente”, comentou o presidente Para a CNI, a desoneração da
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Henrique (PMDB-SC) ao PLS
537/2011, do senador licenciado
Eduardo Amorim (PSC-SE), que
obriga fabricantes, importadores e
comerciantes de baterias automoti-
vas a implantar a logística reversa.
O segundo (PLS 148/2011), do
senador Cyro Miranda (PSDB-
Nordeste
sejar em qualidade e efetividade,
de acordo com o Panorama dos
40,4%
Resíduos Sólidos no Brasil 2013,
da Abrelpe.
A coleta seletiva foi definida, Centro-Oeste
pela lei, como a separação pré- 33,8%
via de acordo com a constitui- Sudeste
ção e a composição dos resíduos Brasil 82,6%
sólidos, devendo ser implemen- 62,1%
tada pelos municípios. Em um Sul
Área de Jardim Gramacho chegou sistema ideal, somente deve che- 81,9%
a receber 9,5 mil toneladas por dia gar ao aterro sanitário o que é
de lixo e agora deve ser reurbanizada
considerado rejeito, ou seja, que Fonte: Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013, Abrelpe
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Realidade brasileira
não tem como ser aproveitado. ganhou muita visibilidade. Mas principal nos centros urbanos,
De acordo com a Abrelpe, em coleta seletiva é algo que, para tanto que o foco é a questão da
muitos municípios a coleta se- ter impacto importante, ma- disposição final. A reciclagem,
letiva não abrange toda a área tura em 10, 20 anos. Em 2 ou atualmente, está concentrada
urbana. E, muitas vezes, as ini- 4 anos, não se consegue toda a em alguns itens, como latinhas
ciativas se resumem à oferta de educação ambiental, o marke- de alumínio, garrafas PET, com
pontos de entrega voluntária ou ting do processo, a organização”, índices pequenos. A composta-
a convênios com cooperativas de avaliou o especialista. gem ainda é incipiente. Há mui-
catadores. Lixo mal coletado é lixo mal tas iniciativas de coleta seletiva,
reciclado. Relatório do Ipea, de mas com muito pouca penetra-
Algum avanço 2010, mostrou que o país perde ção efetiva”, ponderou.
“A coleta seletiva ainda não se R$ 8 bilhões por ano quando
tornou uma prática no país, ape- deixa de aproveitar tudo o que Entrave
sar de ser um elemento indispen- poderia ser reciclado e acaba en- Mais uma vez, a tributação
sável para viabilizar a recupera- caminhado para lixões. Assim, o foi lembrada como empecilho
ção dos materiais descartados e instituto estima que, hoje, a ati- para o incremento da atividade
seu posterior encaminhamento vidade gere apenas entre R$ 1,4 de reciclagem no Brasil.
para processos de reciclagem e bilhão e R$ 3,3 bilhões anuais. “Temos que corrigir a dis-
aproveitamento. Essa situação Somente 3% do lixo é reciclado, torção que existe hoje, que faz
traz perdas consideráveis para o quando, conforme a Abrelpe, com que o material reciclado
Brasil, pois o sistema adotado é mais de 30% dos resíduos só- pague mais impostos que o ma-
economicamente ineficiente e lidos produzidos no país apre- terial virgem. Há um caso de
desperdiça o potencial de recur- sentam potencial para a recicla- um material que, se você im-
sos materiais e energéticos pre- gem. De acordo com Alvarez, porta e vende no país, paga 4%
Reprodução/Governo Paraíba
sentes nos resíduos descartados”, o Plano Nacional de Resíduos de ICMS. Se você recicla, paga
concluiu a Abrelpe. Sólidos, ainda não oficializado, 18%. Não se consegue sustentar
Para o técnico do Instituto de não dá ênfase à coleta seletiva e à um sistema de reciclagem dessa
Pesquisa Econômica Aplicada reciclagem. maneira”, disse Wanderley Coe-
(Ipea) Albino Alvarez, desde “O próprio plano dá a im- lho Baptista, analista de políticas
2010 o Brasil avançou em rela- pressão de que a coleta simples e indústria da Confederação Na-
ção à coleta seletiva. “O tema — não a coleta seletiva — é o cional da Indústria (CNI).
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Realidade brasileira
Sylvio Guedes
ciel Eigenheer, no livro A História o recurso arrecadado só pode ser lia que, além da taxa, pode haver um total de R$ 308,6 milhões. mente, adote-se a transferência de
recursos, sem necessidade de con-
sulta ao Cauc, ou como as transfe-
Raphael Lima/prefeitura rj
rências de saúde, que são fundo a
Dia de coleta de recicláveis na capital
fundo. Acho que é a única forma federal: taxa de limpeza urbana é mais
No Rio de Janeiro, fiscais orientam a de fazer esse apoio financeiro che- impopular que ver sujeira nas ruas
população sobre programa que prevê gar aos municípios em tempo há-
multa para quem sujar a rua bil”, sugeriu.
Para o técnico do Ipea Albino pública instituída pela Prefeitura
Alvarez, a solução é uma fórmula de Natal.
conjugada entre taxa e recurso fe- No entendimento do Tribunal
deral. “Créditos precisam ser libe- de Justiça, a taxa viola a Consti-
rados pelo governo federal. E pre- tuição, pois, segundo os desem-
cisamos pensar que uma coisa é bargadores, não é possível indi-
dispor dos resíduos sólidos, conse- vidualizar o valor do imposto.
guir a infraestrutura; outra é você Em Natal, a taxa foi instituída
mantê-la. Para isso, o ideal é que tendo por base de cálculo o Im-
os municípios cobrem, por exem- posto Predial e Territorial Urbano
plo, no IPTU, claramente, uma (IPTU).
taxa sobre o lixo. Esse é o ponto Entretanto, o ministro do STF
de vista econômico do Ipea, por- Luiz Fux considerou que é consti-
que induz a melhora na eficiência tucional qualquer taxa que se des-
do processo”, afirmou. tine a serviços municipais de co-
leta, remoção e destinação de lixo
Discussão jurídica prestados ao contribuinte ou pos-
Mesmo assim, a taxa de lim- tos a sua disposição. Do mesmo
peza pública também tem gerado modo, o Supremo já havia julgado
controvérsia no campo jurídico. constitucional a adoção, no cál-
Em abril, o Supremo Tribunal culo do valor de taxa, de um ou
Federal (STF) suspendeu deci- mais elementos da base de cálculo
são do Tribunal de Justiça do Rio própria de determinado imposto,
Grande do Norte que julgou in- desde que não haja integral identi-
constitucional a taxa de limpeza dade entre uma base e outra.
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Realidade brasileira
Ricardo Giusti/pmpa
Porto Alegre acabou com os lixões e mente, a questão institucional. É do Departamento de Engenharia
mantém sistema de coleta seletiva que preciso capacitar os técnicos locais de Saúde Pública da Funasa, Ruy “Chegamos ao final com cerca
recebeu reconhecimento internacional para que eles possam contratar, Gomide Barreira, contou que, de de R$ 130 milhões repassados a
acompanhar e fazer todos os rela- 2009 a 2012, o órgão fez convê- cinco consórcios, que abrangem
tórios dos recursos que o governo nios e repassou recursos para que Bahia, Rio Grande do Norte, Rio
federal aporta”, confirmou Sérgio os municípios elaborassem seus Grande do Sul e Mato Grosso do
Luís Cotrim, gerente de projetos planos. Sul. Mas vimos que houve baixa
Capital gaúcha pode ser Porto Alegre
modelo para todo o Brasil
Prefeitura de Natal
Retratada no filme Ilha das Flo- O material coletado na cidade trutura para conseguiu implantar
res, de 1989 — em que o cineas- é levado para a estação de trans- as unidades e aterro sanitário, mas
ta Jorge Furtado mostrava o ca- bordo, onde os caminhões descar- garante o cus- 92% dos municípios do
Rio Grande do Norte
minho do lixo na cidade—, Porto regam todo o resíduo. Ali, o lixo é teio de manuten- ainda possuem lixão
Alegre chegou a 2014 sem lixões. pesado e transferido para o ater- ção. O resultado da
Possui coleta seletiva em todos os ro sanitário em Minas do Leão, a comercialização dos resíduos é
bairros e montou 18 unidades de 113 quilômetros de Porto Alegre. dividido entre os integrantes das
triagem de resíduos, com reconhe- O destino final do lixo de Porto associações ou cooperativas.
cimento internacional. Alegre, então, é a Central de Re- Em 2000, entrou em funcio-
A política de gerenciamento do síduos Recreio, aterro sanitário namento a unidade de triagem
lixo, que começou a ser implantada pertencente à empresa Soluções e compostagem, que faz o rea-
em 1989, se tornou referência para Ambientais Ltda. proveitamento de resíduos orgâ-
o Grupo de Trabalho de Gestão In- Nas unidades de triagem, os nicos. Diariamente, cerca de 100
tegrada e Sustentável dos Resídu- trabalhadores fazem a separa- toneladas de resíduos domiciliares
os Sólidos em Cidades da América ção (plásticos, papel, embalagens chegam à unidade. Os trabalha-
Latina e Caribe, do Programa de longa vida, vidro, isopor, garrafas dores separam rejeito, recicláveis
Gestão Urbana das Organizações plásticas), prensam, agrupam em e orgânicos. Após passar por pro-
das Nações Unidas (ONU). E o sis- fardos e negociam autonoma- cessamento, o composto orgâni-
tema de reciclagem do município mente a venda desses materiais co pode ser utilizado para adubar
recebeu o Prêmio Coleta Seletiva, para a indústria de reciclagem ou jardins ou lavouras. O dinheiro da
do Compromisso Empresarial para de reaproveitamento. A Prefeitura comercialização também vai para
Patrick
a Reciclagem (Cempre). de Porto Alegre fornece a infraes- os trabalhadores.
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Realidade brasileira
técnico-administrativo-gerencial
forte e eficaz e de planejar as ações
de saneamento e saúde ambiental. Brasília possui montanha DISTRITO FEDERAL
Wilson Dias/ABr
Outro problema frequente é a das as regiões. “Este ano estamos ram realizados cursos, por meio da
mudança da administração muni- prevendo cursos a distância, em plataforma de ensino a distância Catadores trabalham em lixão
do DF em más condições, mas
cipal, que, em geral, acarreta des- que vamos capacitar para elabo- do ministério, para elaboração de temem que criação de aterro
continuidade nas ações e projetos. ração dos planos de saneamento, planos simplificados de gestão in- prejudique seu sustento
“Nesse período, houve mudança de mas com um módulo específico tegrada. Em 2013, foram 400 ins-
prefeitos, o que acentuou a dificul- para resíduo sólido. A previsão or- critos e 179 aprovados. Em 2014,
dade de os municípios dotarem a çamentária deste ano é de R$ 21 cerca de 1.000 pessoas estão parti-
administração pública de estrutura milhões”, informou. cipando do curso.
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PROPOSTAS
Gestão eficiente
e dinheiro no
cuidado do lixo
Acompanhamento da Subcomissão de Resíduos
Sólidos revela que priorizar esforços municipais
e recursos federais para cuidar do que a sociedade
descarta é saída para lei virar realidade no Brasil
A
Política Nacional de Re- sitivos da lei, mas acompanhada
síduos Sólidos (PNRS de incentivos fiscais para que pre-
— Lei 12.305/2010) feituras e setor produtivo tenham
nada deixa a dever às condições para aplicá-las.
mais avançadas legislações inter- Dos encontros com especialis-
nacionais sobre o manejo do lixo. tas e representantes do governo fe-
Se, na parte legislativa, a questão deral e dos municípios, também
parece resolvida, a realidade se surgiram a controvérsia da pror-
mostra em choque constante com rogação do prazo da lei para ade-
os conceitos. O grande desafio pa- quação das cidades às normas e a
rece ser, então, garantir os instru- necessidade de inovar a legislação
mentos técnicos e financeiros para tributária para desonerar o setor
que a norma saia do papel e ganhe de reciclagem e os responsáveis
vida no dia a dia dos brasileiros. pela logística reversa.
Para isso, serão necessárias novas A relatora da subcomissão,
leis. senadora Vanessa Grazziotin
Já de início, a Subcomissão (PCdoB-AM), defende a prorro-
Temporária de Resíduos Sóli- gação do prazo para que os pre-
dos imaginava que o trabalho de feitos adotem as ações de gestão
acompanhamento das ações to- dos resíduos sólidos. Ela compre-
madas pelo setor nos últimos anos ende os argumentos usados, entre
apontaria nessa direção. E, nas au- outros, pela Confederação Nacio-
freeimages.com
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Propostas
Ricardo Giusti/PMPA
às regras. (PSDB-PB), presidente da sub- os resultados do trabalho da sub-
Uma legislação tributária favo- comissão e um dos relatores da comissão no acompanhamento e A coleta seletiva é uma das
rável à reciclagem e à rápida exe- lei no Congresso, a liberação dos na cobrança das ações de gestão medidas previstas na lei para
gestão correta do lixo nas cidades
cução da logística reversa estaria recursos federais para o setor e a dos resíduos sólidos, bem como as
sendo discutida pelo Ministério vontade política conjugada à cons- principais propostas em debate no
do Meio Ambiente com os seto- cientização da sociedade sobre o Congresso para que o lixo tenha o
res industriais, segundo informa- seu papel são a única maneira de tratamento necessário não apenas
ram representantes do governo.
Projetos de lei com essa intenção
foram mencionados. Mecanismos
cumprir a legislação. O senador
lembra que o Estatuto das Ci-
dades (Lei 10.257/2001) prevê
na lei, mas também nas ruas do
país. Implementadas como prio-
ridade pelos municípios, com o
Prorrogação é controversa,
da lei que facilitam o acesso a re-
cursos públicos para implemen-
tar a gestão de resíduos sólidos,
a taxa de lixo como forma de fi-
nanciar a gestão dos resíduos sóli-
dos em cidades médias e grandes,
apoio dos estados e da União, as
medidas podem garantir o destino
apropriado para o que é descar-
mas ganha apoio político
como o planejamento de ações mas a determinação não é levada tado pela sociedade. Fruto de um processo legisla- a responsabilidade pela criação de
tivo de duas décadas, a Política aterros sanitários adequados país
Nacional de Resíduos Sólidos pre- afora nos últimos quatro anos
Cícero Lucena (2º à esq.) viu prazos e recursos financei- não pode recair somente sobre as
lembra que taxas podem ros para que o lixo passasse a ter prefeituras.
financiar a gestão do lixo em uma melhor destinação no país. Paulo Ziulkoski, presidente da
cidades médias e grandes Porém, passados quatro anos, os Confederação Nacional de Muni-
especialistas ouvidos pela Subco- cípios, vem articulando a aprova-
missão Temporária de Resíduos ção da prorrogação do prazo pre-
Sólidos hoje avaliam que a legis- visto na lei, o que seria feito por
lação foi otimista e que, na reali- meio de emenda a uma das me-
dade, prazos e verbas foram muito didas provisórias em tramitação
curtos para os desafios definidos. no Congresso Nacional. Segundo
Por conta disso, o prazo para o Ziulkoski, a prorrogação já havia
fim dos lixões acabou no último obtido o apoio do Comitê de Ar-
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Propostas
Zezinho/PMJ
e municípios elaborarem os planos
de resíduos sólidos sejam inseridas
em outra medida provisória.
Reprodução/Cooperativa Esperança
agosto, em Brasília, especialistas Reichert.
expuseram os desafios técnicos e Mestre em saneamento am-
financeiros que a destinação ade- biental e presidente nacional da
quada do lixo representa para os Associação Brasileira de Engenha-
Material recolhido por prefeitos. José Cláudio Junqueira ria Sanitária e Ambiental (Abes),
caminhões de coleta seletiva Ribeiro, professor e doutor em sa- Dante Ragazzi Pauli avalia que as
são separados na Cooperativa
Esperança, em Goiás neamento, meio ambiente e recur- entidades do setor devem se unir
sos hídricos pela Universidade Fe- para alcançar os objetivos. Ele
deral de Minas Gerais (UFMG), também ressaltou a importância
alertou sobre as realidades regio- de capacitar os profissionais e não
Lei do Saneamento já foi prorro- tica Nacional de Meio Ambiente”, ambiental e, mesmo assim, a lei de resíduos tem acontecido num nais e as viabilidades econômicas simplesmente prorrogar o prazo
gado por decreto presidencial, mas disse Zilda. não está sendo cumprida”, disse ritmo lento, de 1% a 3% ao ano. e sociais de cada município. Para para destinação adequada dos
quanto ao previsto na de resíduos Ronei Silva. Ainda assim, acredita que esten- ele, a lei não prevê simplesmente o resíduos.
sólidos, por entrarmos num pro- Risco de fragilização Albino Rodrigues Alvarez, téc- der o prazo da lei não seria eficaz. fim dos lixões. “Prazo maior não faz o municí-
cesso eleitoral e talvez por causa Na avaliação da consultora le- nico de planejamento e pesquisa Para ele, o vencimento de prazos “A lei prevê que em 2 de agosto pio cumprir a lei. É preciso estru-
de um provável desgaste, o go- gislativa do Senado Carmen Sca- do Instituto de Pesquisa Econô- pode ter até efeitos positivos se os estaríamos fazendo coleta seletiva turar o setor, ainda que os resul-
verno não quis assumir a publi- vazzini Faria, que acompanhou mica Aplicada (Ipea) ouvido na ministérios públicos locais e esta- e somente o rejeito estaria sendo tados demorem a aparecer. Mas
cação de uma medida provisória as discussões da PNRS no Con- subcomissão, observa que o au- duais tiverem uma ação efetiva, colocado em disposição adequada, que eles sejam efetivos”, defendeu
para alterar a lei”, explicou. gresso, uma prorrogação desmora- mento da disposição adequada como acontece em Santa Catarina nos aterros. Estamos muito atrasa- o especialista.
No entanto, desde a 4ª Con- liza a lei e fragiliza suas prerroga- e no Rio Grande do Sul. dos”, observou o professor.
ferência Nacional de Meio Am- tivas. Ela lembra que essa foi a po- “O Ministério Público e outros Doutor em recursos hídricos e
biente, em outubro de 2013, o sição majoritária ouvida nas audi- titulares podem usar, no limite, saneamento ambiental pela Uni-
Ministério do Meio Ambiente ências da subcomissão, como a do ações civis públicas, mas também versidade Federal do Rio Grande
(MMA) anuncia que não quer ver representante do Movimento Na- termos de ajustes de conduta, con- do Sul (UFRGS) e engenheiro do
a lei modificada para aumentar o cional dos Catadores de Materiais versas com prefeitos, gestores. De- Departamento Municipal de Lim-
prazo. Ouvida pela subcomissão Recicláveis, Ronei Alves da Silva. vemos sair da posição de achar peza Urbana de Porto Alegre, Ge-
do Senado, Zilda Maria Veloso, “A nossa preocupação é que que, em quatro anos, poderia se raldo Antônio Reichert ponderou
diretora de Ambiente Urbano do uma prorrogação faça com que a resolver o problema da disposi- que o foco da lei é o planejamento
ministério, lembrou que a confe- lei caia no esquecimento, virando ção de resíduos sólidos no Brasil, e gestão dos resíduos sólidos, não
rência teve representantes de 65% mais uma lei sem ação efetiva. de achar que os municípios de- se resumindo ao fim dos lixões.
dos municípios, que acompanha- Nós, do Movimento Nacional de têm a estrutura, os recursos neces- Ele chamou a atenção para os re-
ram a visão de que não seria ade- Catadores, temos muito medo da sários. Há sobrecarga para o ges- cursos técnicos nos municípios.
ferência foi a de não se prorrogar Ambiente e os lixões já foram de operação e técnica”, alertou o É preciso vontade política e in-
o prazo de disposição em lixões proibidos. Um lixão é um crime especialista. vestimento em quadros técnicos.
por entender que isso se configura No início de agosto, prefei-
em uma licença para se continuar tos buscaram apoio para inse- “Prazo maior não faz o município
“Nossa preocupação é que uma cumprir a lei”, avalia o especialista em
poluindo. O lixão já é proibido prorrogação faça com que a lei caia no rir na Medida Provisória (MP) saneamento ambiental Dante Pauli
desde a Lei 6.938, de 1981, a Polí- esquecimento”, afirma Ronei Silva 649/2014 uma prorrogação de
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Propostas
Descarte irregular
de medicamentos: desoneração são indiretos, sobre a Brasil têm sido tímidas, mas de-
setores envolvidos produção e circulação, em contra- monstram potencial para o cus-
com logística reversa posição aos tributos diretos, sobre teio com recursos privados de ati-
pedem desoneração o patrimônio. vidades de reciclagem, fundamen-
“O desejável é que os tributos tais para a redução das pressões
referentes à produção tivessem alí- sobre os recursos ambientais. A
quotas idênticas, deixando para os proposta aguarda análise do pare-
tributos diretos o diferencial para cer favorável do senador Romero
Deduções do IR
no Brasil, afirma Paulo Bauer
Bauer (PSDB-SC), prevê que Federal quanto à forma, a pro-
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Propostas
Congresso em 2010. A resolução prevê que poderão ciais, de serviços e de sanea- bano do MMA, o Sinir está
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Cidades têm autonomia
para gerir o lixo
Leis, programas e projetos es-
taduais e municipais para viabili-
zar a adequada gestão do lixo são
instrumentos previstos na Política
Nacional de Resíduos Sólidos e já
fazem parte da realidade de algu-
mas cidades brasileiras. Aliás, essa
é uma norma da própria Consti-
Jefferson Rudy
A consultora legislativa Carmen
Scavazzini Faria ressalta que essa
também é a realidade de países Viveiro do Senado: entre as
começar em casa
pelas cidades”, diz consultora legislativa que definem regras para logística reversa
compartilhada e a autonomia lo-
cal, inspirando a lei brasileira.
“Acompanhando o princípio da dos para um trabalho que acontece de ações educativas da campanha
Constituição, a lei determina que em trio — um agente da empresa Cidade Sem Lixo. Responsável pela aprovação da sivamente para descarte de papéis a redução do consumo de copos e
os entes federativos disciplinem de limpeza pública, um guarda No Distrito Federal, a Lei Política Nacional de Resíduos Só- secos e limpos que são destinados papéis e o uso racional dos recursos
suas ações relativas ao lixo, como municipal e um agente da polí- 972/1995 trata dos atos lesivos à lidos, o Senado busca implantar à reciclagem. O que é coletado é naturais. A estimativa atual é de
multas e campanhas educativas. cia militar — e leva à aplicação de limpeza pública, mas falta regu- boas práticas com relação ao lixo encaminhado a cooperativas de que mais de 4,5 milhões de unida-
Não é preciso criar novas leis fede- multas de R$ 157 a R$ 3 mil, con- lamentação para definir a fiscali- que produz. Desde 2009, a Casa catadores. des de copos plásticos sejam con-
rais para regular o que já deve estar forme o tamanho do objeto jogado zação e determinar critérios para separa o lixo e busca o uso racio- Em 25 pontos estratégicos sumidas anualmente no Senado.
definido pelas cidades”, observa. em lugar impróprio. aplicação das multas. nal dos recursos naturais na ins- também são recolhidas pilhas e Algumas ações devem ser im-
Na capital do Rio de Janeiro, a Em Santos (SP), uma lei com- Já na questão da logística re- tituição. O principal desafio é a baterias. plantadas aos poucos para ampliar
imposição de multas a quem for plementar e um decreto deste ano versa, que envolve o descarte de conscientização permanente dos Existe ainda a coleta de borra a consciência do corpo funcional.
flagrado sujando as ruas começou proíbem o lançamento de resíduos lâmpadas e eletroeletrônicos, por servidores. de café nas copas, que se juntam Para isso, a ideia é escolher um ser-
em 2013. Para efetivar lei munici- de qualquer natureza nas praias, exemplo, Wanderley Coelho Bap- Orientações sobre os resíduos às podas de grama e de árvores e vidor responsável pelo consumo e
pal sobre limpeza pública, a pre- passeios, jardins, logradouros, ca- tista, analista de políticas e in- jogados nas lixeiras é uma das aos restos da preparação dos ali- geração do lixo em cada setor.
feitura lançou o Programa Lixo nais e terrenos. Quem é flagrado dústria da Confederação Nacio- principais iniciativas da adminis- mentos das lanchonetes e dos res-
Zero, que multa quem descarta o recebe multas que variam de nal da Indústria (CNI), disse es- tração do Senado. Sem essa ação, taurantes do Senado. Esse tipo de
indústria, pois é complicado, eu sado, integrante do Programa Se- Em setembro do ano passado,
diria inviável, atender legislações nado Verde. um treinamento reuniu 400 em-
múltiplas”, afirmou. Em lixeiras brancas espalhadas pregados e, em parceria com a Câ-
Carmen Scavazzini lembra que pelas dependências da Casa, são mara dos Deputados, está sendo
é a Lei federal 12.305/2010 que depositados restos de alimentos, feita a revisão das ações do Senado
fixa as regras para implantação da balas, chicletes, embalagens e pa- Verde, que faz parte do Núcleo de
logística reversa, prevendo ainda péis sujos. Esse material é encami- Coordenação de Ações Socioam-
que acordos setoriais firmados em nhado para o Serviço de Limpeza bientais. As novidades deverão ser
âmbito nacional prevalecem sobre Urbana (SLU). implantadas no início de 2015,
os regionais ou estaduais e estes Lixeiras pretas recebem sacos informa a coordenadora, Andrea
sobre os municipais. e copos plásticos, latas, embala- Bakaj. Serviço de
gens Tetrapark, CDs, DVDs, en- Entre as novas iniciativas em es- compostagem da
instituição reúne
fim, todo material seco e passível tudo, estão a retirada das lixeiras podas de grama e
Profissionais treinados do Programa Lixo
Zero abordam cidadão no Rio de Janeiro: de ser reciclado. Coletores de pa- perto das mesas, uma nova separa- de árvores, entre
multas variam de R$ 157 a R$ 3 mil pelão disponíveis são usados exclu- ção do lixo seco e, principalmente, outros resíduos
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Mundo
poderia ser muito mais salgada, a explicação é simples: a popula- tiva da parcela que cada nação tem
Rumo a 4 bilhões
já que só metade da população ção, além de crescer rapidamente no problema, já que, por exemplo,
mundial é atendida por coleta, de desde o século passado, também os EUA geram sete vezes mais re-
acordo com a Associação Interna- tem cada vez mais acesso à renda, síduos sólidos urbanos do que a
cional de Resíduos Sólidos (Iswa). o que aumenta o consumo e a pro- França, a 10ª colocada.
de toneladas
África, Sudeste Asiático e América dução de lixo. Países desenvolvidos Por isso, nas últimas décadas,
Latina são as regiões onde essa co- produzem mais RSU por habitante cresceu muito a pressão sobre as
leta é mais deficiente e a Iswa es- porque têm níveis mais elevados economias mais ricas para acabar
tima que seria necessário um in- de consumo. À medida que os pa- com a cultura de descartar um pro-
vestimento anual de US$ 40 bi- íses vão se tornando mais ricos, há duto como lixo após um único uso.
por ano
lhões (cerca de R$ 94 bilhões) uma redução gradual dos compo-
apenas para garantir que o lixo nentes orgânicos no lixo. A pro- Consumo americano
nessas regiões seja recolhido. porção de plásticos, metais e papel A filosofia ideal de gerencia-
Segundo o Guia de Estratégias no lixo doméstico fica maior. mento de resíduos se escora em
Nacionais para o Manejo do Lixo: metas claras: reduzir o consumo,
mudando de desafios para oportu- Riqueza = mais lixo reutilizar ou então reciclar os ma-
É a previsão da ONU para o ano de 2050, no atual ritmo de nidades, elaborado pelo Programa As nações desenvolvidas, reu- teriais e, como último recurso, re-
crescimento. Nas três últimas décadas, geração de resíduos das Nações Unidas para o Meio nidas na Organização para a Co- cuperar o conteúdo energético do
urbanos aumentou três vezes mais rápido que a população. Países Ambiente (Pnuma), essa situa- operação e Desenvolvimento Eco- que não puder ser reutilizado ou
ção, além de prejudicar a econo- nômico (OCDE), consomem mais reciclado. O desafio é como har-
buscam saídas para enfrentar alto custo ambiental e financeiro mia, representa riscos à saúde e de 60% de todas as matérias-pri- monizar essas premissas com, por
ao meio ambiente. A falta de co- mas industriais, mas respondem exemplo, a redução das desigual-
leta ou o descarte em locais ina- por apenas 22% da população dades sociais e econômicas.
S
ete bilhões de seres hu- dezenas de quilos por habitante parte dos RSU produzidos no propriados contamina o solo e os mundial. No ranking liderado pe- Um estudo da Universidade
manos produzem anual- por ano. Hoje, a maioria dos pa- mundo, cerca de 800 milhões cursos d’água, a queima sem con- los norte-americanos (624 mil to- de Columbia estimou que o con-
mente 1,4 bilhão de to- íses mais industrializados gera de toneladas/ano, é descartada trole polui o ar e o baixo uso de neladas por dia), quatro nações em sumo de energia e a geração de re-
neladas de resíduos só- mais de 600 quilos anuais per em aterros. O Conselho de Pes- materiais reciclados acelera o desenvolvimento (China, Brasil, síduos sólidos per capita nos EUA
lidos urbanos (RSU) — uma capita de lixo. Nos últimos 30 quisa em Tecnologia de Geração esgotamento dos recursos Índia e México) aparecem entre são o dobro daqueles dos euro-
média de 1,2 kg por dia per ca- anos, o aumento do volume de de Energia a Partir de Resíduos naturais. os dez maiores produtores de peus e japoneses, que têm padrão
pita. Quase a metade desse to- lixo produzido no mundo foi dos Estados Unidos estima que Para o presidente lixo (veja infográfico na pág. de conforto similar. Em 2010, de
tal é g erada por menos de 30 três vezes maior que o popula- um metro quadrado de terreno da Iswa, Da- 59). A lista mostra uma acordo com a A gência de Prote-
países, os mais desenvolvidos cional. O índice per capita de é desperdiçado, para sempre, vid Newman, discrepância significa- ção Ambiental (EPA) daquele país,
do mundo. Se o número pa- geração de lixo nos países mais para cada dez toneladas de lixo
rece assustador, cenário ainda ricos aumentou 14% desde 1990 aterrado.
mais sombrio é traçado por es- e 35% desde 1980, aponta rela- Diz o estudo da ONU que
tudos da Organização das Na- tório do Banco Mundial. Em de 20% a 30% dos orçamen- Águia repousa sobre pilha de lixo na
Flórida (EUA): padrão de consumo dos
ções Unidas (ONU) e do Banco geral, essas taxas crescem em tos municipais já estão compro- americanos é responsável pela alta
Mundial: daqui a dez anos, se- um ritmo ligeiramente inferior metidos com a coleta e destina- geração de resíduos sólidos do país
rão 2,2 bilhões de toneladas ao aumento do produto interno ção desses resíduos. Mas a conta
anuais. Na metade deste século, bruto (PIB).
se o ritmo atual for mantido, te- Paga-se um elevado custo
remos 9 bilhões de habitantes e ambiental e f inanceiro
4 bilhões de toneladas de lixo por isso. A maior
urbano por ano.
Andrea Westmoreland
34 milhões de toneladas de sobras lhões) no faturamento do setor de mos oferecido fundos de finan- ainda mais sofisticado de coleta se-
de comida foram parar nas lixeiras. coleta e reciclagem de resíduos só- ciamento para que o cenário mu- letiva, no qual apenas um tipo de Menos lixo no solo
Ou seja, uma mudança de há- lidos e a criação de 400 mil em- dasse. Recursos preciosos estão lixo é descartado por dia — quei- Muitos países já enviam menos de 50%
bitos de vida dos americanos pro- pregos no setor, que já oferece 2 sendo enterrados, ganhos eco- mável (resto de comida, madeira dos resíduos para aterros sanitários
duziria um impacto importante milhões de postos de trabalho. nômicos desperdiçados, empre- e papel), plásticos, quebráveis (vi-
nas contas de energia e destinação Sob o lema “Lixo torna-se ouro”, gos perdidos, com prejuízos para dros, lâmpadas), lixo grande (mó- Reciclagem Compostagem
de lixo. Além disso, 55% dos RSU o relatório traz um ranking de pa- a saúde humana e o meio am- veis velhos), reciclável etc. Aterros Incineração
foram encaminhados para aterros, íses no tratamento de lixo e na re- biente”, lamentou o comissário Diversas soluções inovadoras
um índice muito elevado se com- ciclagem, encabeçado pela Alema- para o Meio Ambiente da UE, o têm sido adotadas. Nos países eu- Holanda
parado a outros países ricos. E, nha (leia mais a partir da pág. 52). esloveno Janez Potonik. ropeus, há décadas existe a co- Alemanha
se o número de aterros caiu dras- Confrontados com o desafio brança de taxas pelos serviços de
ticamente desde os anos 1980 (de Disparidades europeias de harmonizar o acelerado cres- limpeza pública. Na Alemanha, o Suécia
8.000 para 1.754), a capacidade se O problema é que, na União cimento da demanda de ener- consumidor paga pelas embalagens Dinamarca
manteve constante. Europeia, existe grande diferença gia com a necessidade de geren- que adquire, estimula-se o uso de
O mercado global do lixo, da entre os países-membros: enquanto ciar melhor a questão dos resí- vasilhames retornáveis e a maioria França
Instituto GEA
coleta até a reciclagem, movi- Alemanha, Áustria, Holanda e duos sólidos, vários países têm op- dos supermercados não fornece sa- Itália
menta US$ 410 bilhões por ano Bélgica, por exemplo, estão muito tado por investir nas tecnologias colas gratuitamente.
(R$ 940 bilhões). Um relatório avançados, outros países, em geral de aproveitamento energético do “Não existe um resíduo sólido, Estados Unidos
de 2012 da União Europeia esti- do Leste Europeu e até a Itália, re- lixo. As duas vias principais em Ana Domingues, do Instituto Gea, mas inúmeros tipos e, assim, não Reino Unido
mou que a adoção completa da le- ceberam avaliações ruins. escala mundial são a queima di- destaca avanços alcançados em países se pode acreditar que haja apenas
gislação ideal sobre lixo traria, ao “Mu itos E st ados-membros reta em usinas de resíduos-ener- escandinavos, na Alemanha e no Japão uma solução”, define José Renato Espanha
final desta década, uma economia ainda estão colocando gran- gia (ou waste-to-energy, no inglês) Baptista de Lima, professor da Es- Portugal
de 72 bilhões de euros (R$ 216 des quantidades de lixo urbano e a queima do biogás produzido a ambiental. São os casos de emer- cola Politécnica da Universidade 0 25 50 75 100
bilhões) por ano, um aumento de em aterros, apesar de existirem partir da decomposição da maté- gentes como China, Brasil e Mé- de São Paulo (USP). “Embora a
42 bilhões de euros (R$ 126 bi- m elhores alternativas e de ter- ria orgânica do lixo. xico. Já países onde há escassez de questão aponte desafios comuns, Fonte: Universidade de Columbia (EUA)
Existem hoje no mundo apro- área disponível, caso comum na não há uma única solução, pois é
ximadamente 1,5 mil usinas tér- Europa, têm despertado para a ur- preciso considerar a especificidade
Abundância traz consequências micas, que queimam o lixo para gência de se dar um destino mais da cultura do descarte e do padrão têm múltiplos impactos, por isso
gerar energia ou calor em 35 pa- racional e ecologicamente ade- de desenvolvimento socioeconô- os gestores devem escolher entre
Países mais ricos respondem por quase a íses. O Japão, o bloco europeu, a quado para os resíduos sólidos. mico”, completa Sylmara Gonçal- uma série de alternativas desafia-
metade do lixo produzido no mundo... China e os Estados Unidos lide- Presidente do Instituto Gea — ves Dias, da Escola de Artes, Ciên- doras. Decisões melhores são to-
ram o ranking. As usinas redu- Ética e Meio Ambiente, Ana Ma- cias e Humanidades da USP. madas quando o público é parte
zem a cerca de 10% o volume do ria Domingues Luz, mestra em Com eles concorda o professor do processo e apoia o programa
44 %
Economias de
lixo que entra, transformado em Ciência Ambiental pela USP, des- Daniel Hoornweg, do Instituto adotado.”
alta renda
cinzas que podem ser aproveitadas taca os avanços alcançados em pa- de Tecnologia da Universidade de
(OCDE*)
21% como base de asfalto ou na cons- íses escandinavos, Alemanha e Ja- Ontário, no Canadá. “Não existe
Ásia Oriental trução civil. No processo, produ- pão. Ela conta que muitas cida- uma forma ideal de descartar o Margens de rio tomadas por lixo em Dhaka,
e Pacífico em Bangladesh: metade da população mundial
zem energia elétrica, vapor, água des japonesas adotam um modelo lixo. Todas as opções são caras e não é atendida por coleta regular
gelada e combustível. A tecnolo-
gia de queima ideal, que reduz a
Scott Wallace
12%
América Latina e Caribe um mínimo os impactos ambien-
tais, é cara e o custo do mega-
7% Europa** e Ásia Central watt-hora produzido é bem supe-
(*) Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
6% Oriente Médio e África do Norte Econômico, que reúne os 29 países mais desenvolvidos, rior a outras fontes convencionais.
5%
5% Sul da Ásia excluídos emergentes como China, Rússia, Brasil e México Já a compostagem tem sido incen-
África Subsaariana (**) Países europeus fora da OCDE
tivada principalmente na Europa
Ocidental.
... e produzem resíduos bem Nos EUA, existem 87 usinas
diferentes das nações mais pobres resíduos-energia, que processam
28 milhões de toneladas de lixo.
Desde a década de 1990, todas elas
80 %
Nações menos ricas descartam passaram por modernizações de-
seis vezes menos papel e duas Mais ricos terminadas pela EPA, restringindo
64%
60 vezes menos vidro e metal do Mais pobres as emissões de gases tóxicos ou
que os países desenvolvidos prejudiciais à saúde.
46% Mundo
40 Consciência x tamanho
31%
28% A consciência com relação ao
20 17% 18% lixo também varia. Para mui-
17% 17%
11% 10% tos países, a abundância de es-
8% 7% 6% 3% 4%
5% 3% 5% paço e de recursos serve como
d esestímulo para a educação
Outros
Orgânico Papel Plástico Vidro Metal Fonte: Banco Mundial setembro de 2014 www.senado.leg.br/emdiscussao
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Mundo
Dierk Schaefer
e políticas de resíduos sólidos — reaproveitar. O transporte foi aper- dessas usinas, por exemplo, fica no sões de dióxido de carbono. A resi-
possui os índices de reaproveita- feiçoado, com um sistema de esta- populoso distrito de Shibuya, em Tó- na é usada também em material de
mento mais elevados do mundo ções de transferência, onde o lixo quio, e processa 200 toneladas diá- construção, móveis, equipamentos e
—, a Alemanha quer alcançar, até passa de caminhões pequenos ou rias de lixo, gerando energia usada utensílios.
o final desta década, a recupera- médios para veículos coletores maio- na própria cidade. Para melhor reciclar os eletrodo-
ção completa e de alta qualidade res, após ser comprimido. Lei de 1995 incentiva a coleta se- mésticos, o Japão dispõe de fábri-
dos resíduos sólidos urbanos, ze- Desde 1997, as emissões de dio- letiva e a reciclagem, o que fez o país cas onde cada peça é desmontada e
rando a necessidade de envio aos xinas e outros poluidores de usinas investir em alta tecnologia também suas partes separadas, manualmen-
aterros sanitários (hoje, o índice já de incineração foram reduzidas em para o reaproveitamento de mate- te, entre plástico, metal e outros
é inferior a 1%). Desde junho de 98%. São mais de 1,2 mil plantas riais. Garrafas pet são produzidas no componentes.
2005, inclusive, a remessa de lixo
doméstico sem tratamento ou da
indústria em geral para os aterros
está proibida.
Entre 2002 e 2010, o total de
resíduos urbanos domésticos pro-
Estocolmo investe na
duzidos pela Alemanha caiu de
Pátio de ferro-velho na Alemanha: 63% de Alemanha coleta a vácuo subterrânea
52,8 milhões para 49,2 milhões de todos os resíduos urbanos são reciclados »» PIB per capita US$ 45 mil
Envac
toneladas. Pode não parecer uma e menos de 1% acaba em aterros »» Pop. urbana 60,5 milhões A Suécia, país rico e desenvol- hospitais, aeropor tos, cozi-
queda acentuada, mas o importan- vido, tem uma geração relativa- nhas industriais e f ábricas.
»» Lixo produzido 127 mil ton/dia
te é o destino que o país tem dado ao mais de 250 mil pessoas. E stima-se mente alta de lixo (1,6 kg por dia As vantagens são eviden-
»» Lixo per capita 2,11 kg/dia
lixo. Em 2011, de acordo com o Eu- que 13% dos produtos comprados per capita). Por isso, a gestão de tes: os diferentes tipos de re-
rostat, órgão de estatísticas da União pela indústria alemã sejam feitos a resíduos sólidos vem sendo enca- síduos não são misturados
Europeia, 63% de todos os resíduos partir de matérias-primas recicladas. resíduos sólidos domésticos”, ensina rada, há décadas, como prioridade durante a coleta; o número de
urbanos foram reciclados na Alema- Várias universidades oferecem forma- o professor Emílio Maciel Eigenheer, das autoridades. caminhões de lixo em circula-
nha (46% por reciclagem e 17% por ção em gestão de resíduos, além de da Universidade do Estado do Rio de Uma das mais inovadoras ini- ção é menor; a poluição sono-
compostagem), contra uma média cursos técnicos profissionalizantes. Janeiro (Uerj), no livro A Limpeza Ur- ciativas começou em 1961. Em ra e atmosférica é reduzida; e,
continental de 25%. Se entre seus Para se entender os avanços ocor- bana Através dos Tempos. Estocolmo, a capital, onde 100% finalmente, há uma economia
vizinhos 38% do lixo acaba em ater- ridos na Alemanha, é importante des- dos domicílios contam com coleta de 30% a 40% dos gastos
ros sanitários, na Alemanha a taxa é tacar a tradição na cobrança de taxas Pouco se perde seletiva, as residências atendidas municipais com o serviço de
virtualmente zero, graças, em grande municipais para a coleta de lixo, des- pelo sistema Envac dispõem de li- coleta.
parte, ao fato de que 8 em cada 10 de o século 19. Outro aspecto impor- Graças a uma forte cultura de reúso xeiras conectadas a uma rede de
quilos do lixo não reaproveitado são tante é o uso de vasilhames padroni- dos resíduos sólidos, Alemanha é tubos que conduzem os resíduos
incinerados, gerando energia. zados e adequados ao acondiciona- uma das campeãs em reciclagem a uma área de coleta. Um sensor
É uma cultura arraigada na socie- mento do lixo. “Já em 1901, cerca de instalado percebe quando a lixeira
dade. Em 1970, a Alemanha tinha 75% dos lares de Berlim dispunham está cheia. Por vácuo, o lixo é su- Suécia
cerca de 50 mil lixões e aterros sani- de vasilhames padronizados, e antes 96% 90,2% 86,1% 49,4% gado e transportado para o local »» PIB per capita US$ 58 mil No sistema Envac, lixeiras públicas
tários. Hoje, são menos de 200. A ca- de 1851 os proprietários das casas de acumulação de resíduos, onde »» Pop. urbana 7,6 milhões conectadas a tubos subterrâneos levam
deia produtiva de resíduos emprega já pagavam taxas pela remoção dos Alumínio Papel Vidro Plástico é realizada a coleta seletiva. »» Lixo produzido 12,3 mil ton/dia resíduos a uma área de coleta
Sacos de lixo podem ser depo- »» Lixo per capita 1,61 kg/dia
sitados, a qualquer momento, nos
coletores de recicláveis e não reci-
cláveis. Pela sucção, os sacos via-
Maior parte do lixo acaba em aterros
Estratégia completa e Japão jam a uma velocidade de 70 km/h
pela rede subterrânea de tubos. Índice mundial de reciclagem segue muito baixo
»» PIB per capita US$ 38 mil
eficaz é marca japonesa »» Pop. urbana 84,3 milhões Ao chegaram à central, são sepa-
400
»» Lixo produzido 144 mil ton/dia rados e compactados em contêi-
(milhões de toneladas/ano)
350
Junto com o crescimento econômico do país, a partir neres, de onde seguirão para rea-
»» Lixo per capita 1,71 kg/dia
Resíduos produzidos
300
da década de 1960, o Japão se viu diante do desafio de proveitamento, compostagem, in-
cineração etc. O ar que circula no 250
encontrar um destino para o lixo. Como a área territorial
é pequena, se comparada à população — 127 milhões de sistema de tubos passa por filtros 200
O centro de tratamento
pessoas vivem em 372 mil km², uma densidade de 337 de resíduos Maishima antes de retornar à atmosfera. 150
hab/km², a terceira maior entre os países com grande po- em Osaka, no O Envac também pode ser vis- 100
Japão, usa o calor para 50
pulação —, reduzir o volume de resíduos sólidos levados to pelas ruas de Estocolmo e de
geração de energia
aos aterros é essencial. outras cidades importantes, aten- 0
Aterros Reciclagem Incineração Lixões Compostagem Outros
Graças a uma série de iniciativas, algumas já com meio dendo prédios comerciais e áreas
século, o Japão é um dos países mais avançados nesse públicas. Atualmente, são mais de
campo. Em 1970, entrou em vigor a Lei de Gestão de Re- 700 sistemas instalados em diver-
síduos, primeiro passo em direção ao atual sistema, que sos países, atendendo locais como Fonte: Banco Mundial
Ignis
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Mundo
Geson Rathnow
Francisco fica perto do zero Do Egito vem um exemplo de toneladas diárias de resíduos só- exemplo para projetos em Mum-
como variam as soluções para o lidos recolhidos — as melhores bai (Índia) e Manila (Filipinas).
A meta traçada pela cidade califor- ra e bom retorno financeiro para a em- problema do lixo. Na capital, Cai- empresas ocidentais não conse- Há dez anos, a prefeitura do
niana de San Francisco (EUA) é am- presa escolhida. ro, os catadores são conhecidos guem passar de 70%. Cairo decidiu dar a três empre-
biciosa: zerar, até 2020, a remessa de “Temos um belo modelo de parce- pelo nome de zabbaleen (literal- Viviam em sete assentamen- sas contratos para a coleta do
resíduos sólidos para os aterros sani- ria público-privada na cidade de San mente, povo do lixo). Durante tos espalhados pela capital — o lixo. Mas os zabbaleen resistiram.
tários. Essa jornada, iniciada em 1989, Francisco, com a empresa Recology, décadas, os zabbaleen — esti- maior deles, ao pé das monta- Em 2009, porém, veio o golpe
incluiu estratégias essenciais. A prefei- responsável pela gestão do nosso Pro- mados hoje entre 50 mil e 70 mil nhas Mokattam, conhecido como mais pesado. Por causa da ame-
tura investiu na educação ambiental grama Lixo Zero. Creio que as parce- pessoas — ganhavam a vida fa- Cidade do Lixo. Os riscos à saúde aça de epidemia da gripe H1N1,
— ensinando a todos, das crianças aos rias são um bom caminho para que as zendo a coleta do lixo dos mora- pública levaram o governo a pen- o governo decidiu sacrificar uma
comerciantes, como separar o lixo e as cidades encontrem soluções para os dores de porta em porta. sar na remoção dos zabbaleen. grande parte dos porcos usados
técnicas de reciclagem — e na pesqui- impactos ambientais que causam ao Usavam carroças puxadas por Nos anos 90, um grupo de pelos catadores para consumir
sa por novas tecnologias que permitam planeta”, avalia a ex-diretora do De- burros e caminhonetes improvisa- quatro empresas, apoiadas pelo os resíduos orgânicos recolhidos.
o reaproveitamento dos materiais des- partamento de Meio Ambiente da pre- das no serviço. Faziam, inclusive, Banco Mundial, decidiu ajudar os Hoje, a cidade enfrenta proble-
cartados pela população. feitura, Melanie Nutter. a separação do lixo entre orgâni- catadores, substituindo os veícu- mas com a coleta e a destinação.
A cidade também implantou pro- Em 2011, os 850 mil habitantes da cos e recicláveis, com uma taxa los da coleta, investindo em
grama s para reciclagem e com- cidade produziam pouco mais de 2 de 80% de reutilização nas 200 tecnologias de reaproveita-
postagem de quase todo o resíduo milhões de toneladas de lixo por ano. mento de matérias-primas
produzido, introduzindo incentivos Dessas, 1,6 milhão (80%) foram trans- (plásticos e tecidos, prin-
econômicos (quem faz mais compos- feridas para a reutilização, reciclagem cipalmente), organizando- Recolher o lixo,
tagem paga menor taxa de lixo). As (incluindo materiais de construção e -os em microempresa s e desafio básico
sacolas de plástico foram proibidas no demolição) e compostagem de resí- Egito cooperativas, financiando Quanto mais pobre a região,
comércio. duos alimentares, papéis sujos de ali- »» PIB per capita US$ 3,3 mil classes de alfabetização e menor o índice de coleta
Para levar adiante a tarefa de asse- mentos e resíduos de jardinagem. Além »» Pop. urbana 29,9 milhões implantando infraestrutura
Caminhonete dos zabbaleen, lotada de lixo
gurar coleta seletiva e programas de disso, San Francisco reduziu em 12% »» Lixo produzido 40,8 mil ton/dia (água, esgoto e rede elétri-
recolhido no Cairo: catadores também usam 100%
compostagem e reciclagem a 350 mil as emissões de gases de efeito estufa, porcos para dar fim aos resíduos orgânicos »» Lixo per capita 1,37 kg/dia ca). A iniciativa recebeu um
domicílios e 65 mil estabelecimentos retornando aos níveis de 1990. prêmio da ONU e serviu de 80%
comerciais, a cidade recorreu a uma A administração local deu o exem- 60%
parceria de baixo custo para a prefeitu- plo e já recicla 85% dos seus resíduos.
40%
Eles acreditam já estar bem próximos
dos 90%. “Nosso maior desafio são 20%
os 10% finais. Para chegar lá, temos
que encontrar soluções para, cada vez
Peru exporta e instituições; fixar rotinas de coletas
organizadas pelas comunidades em
“São os que geram mais gases e
líquidos que contaminam o ambien-
0%
Alta Média Média Baixa
Estados Unidos
mais, transformar o lixo em produtos
de valor, de modo que nada vá parar
modelo que microempresas de reciclagem; e criar
fazendas orgânicas onde agricultores
te, mas podem ser encarados como
matéria-prima, por meio de compos-
renda alta renda baixa renda renda
ruana consegue excelentes resultados dad Saludable, um dos grandes pro- duos sólidos domésticos da Pontifícia tam a coleta seletiva, graças a incen-
a partir de um cardápio de soluções blemas do país é não aproveitar bem Universidade Católica do Peru. tivos federais. Com isso, no ano pas-
que se adapta às necessidades de o resíduo orgânico. Lima, capital pe- Um desafio adicional é o fato de sado foram recuperadas mais de 10
cada localidade. Em 2003, a Ciudad ruana, produz 8 mil toneladas diárias que Lima concentra quatro dos nove mil toneladas de recicláveis por mês
Saludable (Cidade Saudável) viu, nos de lixo doméstico (um terço do total aterros sanitários do Peru, ainda assim no país, mais que o triplo do alcan-
problemas de lixo e poluição da pe- nacional), das quais 55% são matéria insuficientes para acomodar os resídu- çado apenas três anos antes”, explica
quena cidade de Carhuaz, uma opor- orgânica. os produzidos. Por isso, a reciclagem Albina Ruiz.
tunidade de construir uma indústria,
Ciudad Saludable/divulgação
baseada na comunidade, de sistemas
eficazes de gestão de resíduos sóli-
dos. Como resultado, ganhou diver-
Peru
sos prêmios internacionais. Hoje, mais
»» PIB per capita US$ 6,6 mil
de 100 governos locais em três con-
»» Pop. urbana 18,6 milhões
tinentes já adotam os sistemas inte-
»» Lixo produzido 18,7 mil ton/dia
grais de gestão de resíduos.
»» Lixo per capita 1 kg/dia
A organização aplica alguns parâ-
metros básicos, como assegurar que,
mesmo quando terceirizados, os ser- Albina Ruiz,
presidente do
viços de remoção sejam coordenados Ciudad Saludable,
por funcionários públicos; combater orienta moradora
Na cidade, 350 mil domicílios e 65 mil estabelecimentos comerciais o despejo ilegal de lixo; promover de comunidade
participam da coleta seletiva e de programas de compostagem e reciclagem campanhas educativas para pessoas carente de Lima
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Trinta metas
para virar o jogo Reino Unido
»» PIB per capita US$ 39 mil
dos resíduos Nova Zelândia »» Pop. urbana 54,4 milhões
»» PIB per capita US$ 41 mil »» Lixo produzido 97 mil ton/dia
A Nova Zelândia detém o 10º »» Pop. urbana 13,6 milhões »» Lixo per capita 1,79 kg/dia
lugar no ranking de lixo produzido »» Lixo produzido 13,3 mil ton/dia
per capita, de acordo com os nú- »» Lixo per capita 3,68 kg/dia
meros do Banco Mundial. Por dia, independentes da rede pública de su-
são enviados aos aterros 3,68 kg primento, produzindo a energia a ser
de resíduos sólidos domésticos por consumida. No alto dos prédios, exis-
habitante. Mas já foi muito pior. tem coloridos exaustores/captadores
Na década de 1990, passava dos de vento. Quando muda a direção do
6 kg. Desde 2002, quando o país vento, o tubo maior se reposiciona
Tom Chance
se tornou o primeiro a ter uma po- para melhorar a captação, levando ar
lítica de “resíduos zero” aprovada, fresco ao interior dos apartamentos.
foi montada uma estratégia para O tubo menor é a saída do ar quente
envolver os governos central e lo- dos ambientes internos. Arquitetura sustentável e rigoroso controle na produção e
cais e a comunidade para o cum- “A arquitetura sustentável deve destinação do lixo: experiência bem-sucedida em Londres
primento de 30 metas para reduzir não só prever o impacto do edifício
o volume de materiais descartados em seu uso, mas também na ener- Resultados de BedZED
Benchill
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Mundo
Nill Tomie
reprodução
Ana Maria Domingues, do Insti-
tuto Gea, vê grande evolução no
conhecimento dos brasileiros so-
bre os benefícios da coleta sele-
tiva e do problema do lixo mal
disposto. “Quase todo mundo
conhece o que é reciclável, como
separar etc. Mas isso não basta.
É preciso que as prefeituras colo-
quem à disposição dos cidadãos
uma estrutura para a coleta des-
ses materiais separados — como
existe, por exemplo, para a coleta
de lixo. É muito complicado que-
rer que as pessoas separem seus re-
síduos recicláveis e ainda tenham
que levar esse material em algum
lugar, muitas vezes distante de
suas casas, para que ele seja efeti- Material educativo mostra às crianças
vamente reciclado.” como destinar o lixo: Japão investindo
há décadas na conscientização
Várias vezes por ano, os moradores de Kamedakogyodanchi, em Niigata, participam da limpeza das ruas Exemplo suíço
“A educação é algo que temos seu grupo sacou o último cigarro Os próprios vizinhos se cobram
de trabalhar”, resume o senador da carteira, procurou uma lixeira em relação ao lixo. Mas ele teme
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código Florestal próxima edição
Cadastro rural
com baixa adesão
Prazo para registro de cada propriedade, medida prevista
no novo Código Florestal, vai até maio de 2015
Cerca de 5,2 milhões de pro- mesmo site. Entidades de classe do Para os imóveis que apresen-
prietários rurais têm até maio do setor revelaram que muitos agri- tem passivo ambiental, a inscrição
ano que vem para inscrever seus cultores têm dúvidas sobre a forma é precondição para acesso ao Pro-
debates sobre
bre o uso da água — inclusive cinco pessoas têm abastecimento escassez de água
para geração de energia — e os deficiente, enquanto no Sul e no pelo Senado
constantes atrasos na execução Sudeste essa proporção cai para Federal
Edição 9, dezembro de 2011 de obras de infraestrutura con- três em cada cinco.
tribuem bastante, informaram os Os debates sobre a situação
convidados, para o risco de imi- de abastecimento de água no
nente racionamento de água em país, notadamente no semiárido
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setembro de 2014 www.senado.leg.br/emdiscussao 61
Saiba mais
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setembro de 2014
RESÍDUOS SÓLIDOS
Lixões persistem
Maioria das cidades ignora lei e agride
meio ambiente. Senado busca saída
Os principais debates do Senado Federal Ano 5 - Nº 21 - julho de 2014 Os principais debates do Senado Federal Ano 5 - Nº 20 - abril de 2014 Revista de audiências públicas do Senado Federal Ano 5 - Nº 19 - fevereiro de 2014 Revista de audiências públicas do Senado Federal Ano 4 - Nº 18 - novembro de 2013
MOBILIDADE URBANA
ESPIONAGEM CIBERNÉTICA
REDISCUSSÃO
Peças de motos terão
padrão de qualidade