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Olavo de Carvalho
Imprensa nanica? Eu sei o que é imprensa nanica. Minha amiga Anca Cernea, na
Romênia, tem uma bela coleção de jornais de oposição publicados ali e na
Polônia durante o regime comunista. São miseráveis folhetos mimeografados ou
pasquins de quatro páginas compostos com tipos móveis, impressos em
máquinas de fundo de quintal e distribuídos por mãos trêmulas, em vielas
escuras, longe da polícia.
Isso é imprensa nanica, isso é combate heróico contra uma ditadura. Nada dos
produtos de alta qualidade, desenhados por artistas de primeira ordem, impressos
nas mais importantes gráficas comerciais e vendidos em bancas, à vista de todo
mundo. É certo que muitos órgãos da imprensa esquerdista foram de curta
duração, mas outros permaneceram em circulação por muitos anos, não raro com
o sucesso espetacular de O Pasquim e Movimento. Também é verdade que
viviam sob a ameaça da censura, mas o mesmo acontecia com os jornais da
grande mídia. Nenhum “nanico” foi tão censurado quanto o Estadão e o Jornal da
Tarde: as notícias substituídas por versos de Camões, no primeiro, e por receitas
culinárias, no segundo, dariam para preencher muitas edições de Opiniãoou A
Voz Operária.
O “ouro de Moscou” não era nem um pouco mitológico. Ladislav Bittman, o chefe
da inteligência soviética no Brasil em 1964, informou que, na ocasião, a agência já
tinha mais de cem jornalistas brasileiros na sua folha de pagamentos. É claro que
sem saber os nomes deles e sem averiguar como se desenvolveu sua relação
com o governo da URSS nas décadas seguintes, nada se pode compreender
realisticamente da história da mídia esquerdista no Brasil. Em 17 de fevereiro de
2001, em artigo publicado na revista Época, convoquei os jornalistas brasileiros a
entrevistar aquele agente e tirar o caso a limpo. O silêncio rancoroso com que a
sugestão foi recebida ainda ressoa nos meus ouvidos. Foi também em vão que
tentei persuadir empresários brasileiros a subsidiar um historiador russo – que
vivera no Brasil e dominava a língua portuguesa – a investigar o assunto nos
arquivos do Partido Comunista soviético, então abertos aos pesquisadores
estrangeiros. Pelas expressões em seus rostos, tive a impressão de que lhes
dissera alguma imoralidade.
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