Professional Documents
Culture Documents
Nos últimos anos, a tipologia textual volta à cena sob o enfoque dos gêneros discursivos
e tipos textuais, demonstrando-se relevante para as pesquisas no campo da Análise
Crítica do Discurso na Linguística Textual. Assim, o texto deixa de ser entendido como
estrutura acabada, um produto inalterável, passando a ser abordado como um processo
de planejamento, verbalização e construção. Nesse sentido, o conhecimento linguístico
compreende o conhecimento gramatical e o lexical1 (VILELA; KOCH, 2002).
Bazerman (1998) sustenta que a teoria do gênero auxilia a navegação por mundos
complexos da comunicação escrita e das atividades simbólicas. Bhatia (2004) menciona
que os gêneros são constructos convencionados e altamente estruturados, com restrições
sobre as contribuições, em termos de expressão, forma e recursos léxico-gramaticais
possíveis, para fins de agregação de valor discursivo aos textos. Bhatia acrescenta que,
nos últimos anos, a teoria do gênero tem contribuído definitivamente para a
compreensão de como o discurso é processado em ambiente acadêmico, profissional e
em outros contextos institucionais. Ao prefaciar o estudo de Swales (1990), voltado para
os gêneros discursivos, Long & Richard salientam que a análise de gêneros enriquece a
compreensão de como a linguagem é usada em contextos específicos. Eggins (2004, p.
93) postula, por seu turno, que o discurso formal escrito apresenta formas lexicais de
prestígio, alta densidade lexical e gramática simplificada.
Van Dijk (2012), sob a ótica sociocognitiva textual na Linguística, defende o conceito
de adequação do discurso ao contexto ou a comunidades discursivas. Van Dijk
conceitua contextos como constructos (inter)subjetivos construídos passo a passo e
atualizados na interação de membros de comunidades discursivas específicas. O autor
ressalta que o conceito de contexto dá conta da unicidade de cada texto, assim como da
base comum e de representações sociais compartilhadas. Gouveia (2012), ao abordar
questões ligadas à produção de significado, sustenta que ela resulta da confluência de
aspectos linguísticos e extralinguísticos, o que evidencia a motivação contextual da
produção linguística e o impacto do contexto no texto.
A linguagem pode ser categorizada de acordo com o sistema de sinais que se utiliza em
contexto linguístico específico. Há, portanto, inúmeras linguagens: a linguagem natural
e as linguagens formais ou artificiais. A linguagem natural é normalmente utilizada para
a comunicação em contextos verbais e é diferente das linguagens formais construídas,
tais como a linguagem computacional, a linguagem matemática, a linguagem da lógica,
a linguagem documentária. Pode-se distinguir ainda a linguagem verbal, aquela cujo
sistema de sinais é utilizado para comunicação e formado por palavras, da linguagem
não verbal que se constitui de outros sinais no processo de comunicação.
Chomsky (1976), sob a perspectiva linguístico-gerativa, concebe a linguagem como
inata aos seres humanos. Nesse sentido, a língua natural (língua humana) é
qualquer linguagem desenvolvida espontânea e involuntariamente como resultado da
capacidade inata dos seres humanos e específica à linguagem. Do ponto de vista das
teorias voltadas para os usos linguísticos, a linguagem natural constitui processamento
verbal, instrumento de comunicação social dependente necessariamente do contexto.
Méndez Rodríguez & Moreiro González (1999) mencionam que, nos domínios
especializados do conhecimento, a comunicação científica apresenta estrutura
linguística e se estabelece em linguagem natural. Os autores salientam que o discurso
científico, fragmento do discurso geral, é marcado por argumentações inerentes a um
domínio científico específico. Ressaltam ainda que a linguagem em discursos científicos
sintetiza investigações desenvolvidas por cientistas. Nesse sentido, cada texto se integra
em um sistema de textos, numa comunidade discursiva específica ou contexto
extralinguístico. Cabré (1993) destaca que as línguas de especialidade utilizam um
fundo lexical comum e um vocabulário restrito, formado por unidades lexicais próprias
de um domínio específico do conhecimento.
CONSIDERAÇOES FINAIS
REFERÊNCIAS
ARONOFF, Mark; ANSHEN, Frank. Morphology and the lexicon: lexicalization and
productivity. In: SPENCER, Andrew; ZWICKY, Arnold M. (Ed.). The handbook of
morphology. Oxford: Wiley Blackwell, 2001.
BAKHTIN, Mikhail Mikhaĭlovich. Estética da criação verbal. Tradução do francês por Maria
Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais, tipificação e interação. São Paulo: Editora Cortez,
2006.
__________. Shaping written Knowledge. The genre and activity of the experimental article in
science. Madison, Wisconsin: The University of Wisconsin Press, 1998. Disponível
em: http://wac.colostate.edu/books/bazerman_shaping/shaping.pdf Acesso em: 27/05/2013.
BERNERS-LEE, Tim; HENDLER, James; LASSILA, Ora. The semantic web: a new
form of Web content that is meaningful to computers will unleash a revolution of new
possibilities. Scientific American, New York, no. 5, May 2001. Disponível em:
http://www.ryerson.ca/~dgrimsha/courses/cps720_02/resources/Scientific%20American
%20The%20Semantic%20Web.htm Acesso em: 02 dezembro de 2009.
BYBEE, Joan, HOPPER, Paul. Frequency and the emergence of language structure,
Amsterdam: John Benjamins, 2001.
CHOMSKY, Noam. Topics in the theory of generative grammar. 50. ed. Netherlands: Mouton
& Co, 1976.
FÓRIS, Ágota. Network theory and terminology. Knowledge Organization, v. 40, n. 6, p.422-
429, 2013.
HYLAND, Ken. Academic discourse: english in a global context. New York: Continuum
International Publishing Group, 2009. 215p.
____________. Disciplinary discourses: social interactions in academic writing. Ann Arbor:
The University if Michigan Press, 2004. 211p.
SWALES, John M. Genre analysis: English in academic and research settings. Cambridge:
Cambridge University Press, 1990. 260 p. (The Cambridge Applied Linguistics Series).
__________. Citation analysis and discourse analysis. Applied Linguistics, v. 7, p. 39-56, 1986.
SWALES, John M.; FEAK, Christine B. Abstracts and the writing of abstracts. Michigan, USA:
University of Michigan Press, 2009. 104 p. (Series Michigan Series in English for Academic &
Professional Purposes).
VAN DIJK, Teun. Discurso e contexto: uma abordagem sociocognitiva. São Paulo: Contexto,
2012.