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DOMINAÇÃO POLÍTICA:
DOMINAÇÃO POLÍTICA:
•N
MESTRADO INTERINSTITUCIONAL
DOMINAÇÃO POLÍTICA:
Professora Orientadora
DOMINAÇÃO POLÍTICA:
- - ^ £ (yKJo&x.
Presidente: Pro: Olga Maria Boschi Aguiar DeTMiveira
de tudo.
AGRADECIMENTOS
construído com o maior empenho possível. São a elas que destino os meus
agradecimentos.
ingressar neste Mestrado, pelo apoio no planejamento dos estudos, antes e durante o
mestrado; pelo companheirismo nas viagens que tivemos que fazer à Florianópolis;
agradecimento por tudo isto, mas também o meu respeito em mais alto grau.
e rezando, para que todo o nosso trabalho fosse abençoado por Deus e recompensado
prol da felicidade e bem estar de seus sobrinhos; por todo o seu trabalho incessante
em toda sua vida e pelas orações que fizera durante todo o Curso.
A toda a minha família que sempre me apoiou e fez votos para que
Aos demais colegas, que também passaram, assim como eu, por
nível.
oportunidades neste sentido, para que eu possa, com isso, cumprir uma missão.
CLAUSS OFFE
RESUMO............................................................................................................................ XI
RESUMEN.......................................................................................................................... XIII
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 01
proporcionam um enorme espaço, dentro dos diversos exemplos históricos, para que
possam ser analisados. Desta forma, a pesquisa busca delimitar o campo de trabalho
transformações políticas.
Estado populista brasileiro, que teve Getúlio Vargas, como seu principal
representante.
década de 80, com uma grande mobilização popular cujo principal líder era Luiz
transformaciones políticas.
surgimiento dei Estado populista brasileno, que tuvo Getúli Vargas como su
principal representante.
inicio de la década dei 80, con una gran mobiliza popular que tenia como lider
analisar as formas de dominação política identificadas por Max Weber, num âmbito
para que possam ser analisados. Desta forma, tornou-se imprescindível a delimitação
obra Economia e Sociedade de Max WEBER, onde ele trata, dentre outros pontos,
Claros, localizada ao norte do Estado de Minas Gerais, que teve, pela primeira vez
em sua história, o comando do poder político local nas mãos de um político que não
análise sobre os tipos e formas de dominação política, também foi ponto de estudo
com os tipos e formas de dominação política propostos por Max WEBER. Para isso
primeiro capítulo, com um estudo teórico das formas de dominação propostas por
o populismo; além de formas de populismo ocorridas na Rússia, que tinha este como
agrícolas, na última década do século XIX; bem como aspectos do populismo latino
época em que o Estado oligárquico entra em sua maior crise na grande depressão
econômica dos anos trinta. Também neste capítulo será apresentado o surgimento do
Estado populista brasileiro, que teve em Getúlio Vargas seu principal representante.
dos anos 70 e efetivadas no início da década de 80, com uma enorme mobilização
popular que tinha como principal líder Luiz Tadeu Leite, representando o ápice da
dentro das técnicas de pesquisa acima citadas, a trajetória política e da vida de Luiz
trabalho científico.
CAPÍTULO I
um dos elementos mais importantes da ação social. Isso não representa que toda
ação social possui uma estrutura direcionada a uma forma de dominação, mas, em
sua maioria, há uma correlação entre uma e outra. E isto é possível constatar, pois,
há como detectar ações que apontam para uma determinada forma de dominação. A
comportamento que nem sempre estarão presentes numa escola laica. Assim como
privado. Os fins são distintos assim como suas ações e, por conseguinte a maneira de
Ela funcionará, em determinados casos, como uma mola impulsionadora, seja dando
forma a uma ação associativa, seja promovendo uma adequação funcional, ou seja,
Mas, em grande parte das formas de dominação, o modo como os meios econômicos
quem os bens estiverem, ou como esta pessoa disporá dos bens, ocasionalmente
cuja uma das funções é a distribuição de alimentos, poderá canalizar esta ação de
onde poderá exercer o domínio político. A maneira como sua atividade for exercida
irá determinar por conseqüência as atitudes do assistido que, para sua subsistência,
Isto fica claro, principalmente quando esta estrutura vem a partir de empresas
multinacionais que impõem sua lei de mercado obrigando a quem utilizar seus
produtos ou serviços adequar as suas regras, não havendo, desta forma, escolha para
virtude de u ma c on s t e l a ç ã o de i n t e r e s s e s ( es p e c ia l me n t e em v i r tu de
de uma si t ua ç ão de m o n o p ó l i o ) , e, p o r o u t r o, a do mi na çã o e m
admi ni st ra t i va o u d o p r í n c i p e ” .4 “
será desenvolvido.
amplo poder social quando está ligada diretamente a uma relação na sociedade em
que vive, o que corresponde à atual posição social do homem que tem a propriedade
de uma empresa de jornais ou da mulher que tem uma loja de roupas. Essas relações
podem assumir traços diretamente autoritários, não apenas no mercado, mas também
roupas”.
diretamente na esfera das relações ou dos mercados privados, mas também em outras
WEBER:
r el e v a n t e , se r ealizam c o m o se os d o m i n a d o s tivessem f ei t o do
( ‘o b e d i ê n c i a ’) ” .7
“mero costume” ou por-causa de vantagens pessoais, sem que a diferença tenha uma
alguma forma, da dominação, pois, para dirigi-la, é necessário que certos poderes de
de mando pode assumir várias aparências, até mesmo aquela em que o dominador é
um “servidor público” a serviço dos dominados. Caso que pode ocorrer nas
assumir o comando de uma repartição é o meio utilizado, haja vista que para almejar
tal posto existe um pressuposto de qualificação ou por algum tipo de benefício pelo
tempo e experiência naquela função que vários exercem, o que pode provocar uma
dominação.
\• *
“A c i r c u n st â nc i a de qu e n o c a so da d o m i n a ç ã o
mui t o reais e n t r e e s t ru t u r a s de d o m i n a ç ã o e mp í r ic a s, d e v e - s e à
q u a n d o e x i s t e m c o n t r a s t e s a c en t u a d os ent re o d e s t i n o ou a s i t uaç ão
de d uas pe s s o a s , s e ja q u a n t o à saúde ou à s i t ua ç ão e c on ô m i c a,
cont ra st e qu e o p r i v i l e g i a c o m o ‘l e gí t i mo ’, a s i t u a ç ã o p r ópr i a c o m o
n eg a t iv a m e n t e p r i v i l e g i a d o s . A ‘l e n d a’ d e t o d o gr upo a l ta me n te
mediante o apelo aos princípios de sua legitimação. São três os princípios, propostos
por aquele sistema de regras racionais, sendo seu poder legítimo, na medida em que
ocorre quando a ação social de uma formação de dominação se baseia numa relação
associativa racional.
pessoal, na tradição sagrada, isto é, no habitual, no que tem sido assim desde
espécie.
uma maior ênfase, tendo em vista ser esta o objeto de estudo deste trabalho.
13
esta tem que se basear na organização dos seus documentos, cujo original sempre se
burocrática até conseguir um cargo que lhe dê poder de domínio. O tipo puro do
seja eleito pelos dominados deixa de ser uma figura puramente burocrática. O
de vista técnico, com maior precisão. Os dominados, como leigos, somente podem
feitas com ele. Desta forma, a eleição popular não apenas do chefe administrativo,
burocrático remunerado não apenas é mais preciso, como também muitas vezes mais
acessória, por isso funciona mais devagar, está menos vinculada a esquemas e não é
tão formal e, portanto, de menor precisão e também menos uniforme, por não
os gastos efetivos são muito mais altos na administração burocrática que funciona
WEBER expõe:
“A ex i gê n ci a d a r ea li z a çã o ma i s r á p i d a p ossí vel
ca p i t a l i s t a mo d e rn a . As m o d e r n a s e m p r e s a s capitalist as de g r an de
po r te sã o e l as me s ma s , em r eg r a , m o d e l o s i nigualados de uma
b a s e i a m - s e , se m e x c eç ão, em c r e s c e n t e pr ec i são , co nt i nu id ad e e,
transmissão de c o m u n i c a d o s p ú b l i c o s de fatos e c o n ô m i c o s ou
em d i r e ç ã o à ma i or a c e le r a ç ã o p o s s í v e l d o t e mp o de re a çã o da
a d m i n i s t r a ç ã o diante das s i t u a ç õe s d a d a s em c ad a mo me nt o , e o
u ma o r g a n i z a ç ã o bu r o c r át i ca r i g o r o s a . (A c i r c uns t â nc i a de qu e o
b u r o c r a t i z a ç ã o of er ec e o ót i mo d e p o s s i b i l i da de par a r e a li z a r o
p r i n c í p i o d a r ep a rt i çã o do t r a b a l h o a d m i n i s t ra t i v o se g un d o as pe c t o s
f u n c i o n á r i o s es p e c i a l i za do s , e q u e c a d a vez mais se a p r i mo ra m na
p r á t i ca c o n t í n u a . (...) A r e a l i z a ç ã o c o ns e q ü e n t e da d o m i n a ç ã o
p o r t o d a p a r t e p a r a l e l a m e n t e ao g r a u d e b u r o c r at i za çã o , isto se d ev e
à d i v e r s i d a d e do s po ssí vei s p r i n c í p i o s qu e d e t e r m in a m a c o b e r t u r a
b u r o c r a c i a m o d e r n a , o s e g und o e l e m e n t o , as ‘r egr as c a lc u l á v e i s ’,
esta ‘c a l c u l a b i l i d a d e ’ do r e s u l t a d o ” .9
“E l a d e s e n v o l v e sua p e c ul i a ri d a d e, b e m - v i n d a
c on c e i t u a l m e n t e s i s t e m a t i z a d o e r acional, na b as e d e i e i s ’.” 10
massas, que visa acabar com os privilégios patrimoniais e plutocráticos, ter uma
categoria para aquele que dispõe do aparato burocrático, pois, uma “ação
não pode desprender-se do aparato do qual faz parte. Os dominados, por sua vez,
existente, nem substituí-lo, porque este se baseia numa síntese bem planejada de
economia privada, tal como se verifica com as greves de funcionários públicos, bem
privada.
não é o único possível para fenômenos de burocratização. E sempre cabe ter presente
podendo criar, neste papel, rupturas e obstáculos muito sensíveis para a organização
muito grande. Toda burocracia, quando desenvolvida, procura aumentar mais ainda a
sua divulgação tiveram por toda parte efeito inovador que se caracteriza pelo avanço
19
/
“(...) ambas e n c o n t r a m seu a po i o interior, em úl t i ma instância, na
f u n d am e n t a m - s e n a ‘t r a d i ç ã o ’; na c r en ça na i nv i o l a b i l i d ad e d aq ui l o
f u n d am e n t a l me n t e dif er ent e. N a d om i na ç ã o b u r o cr á t i c a é a n o r m a
estatuídas, s a g r a d a s pe l a t r a d i ç ão ” . 11
do “senhor” e caso o seu poder não esteja limitado pela tradição ou por poderes
juventude, para o filho- e para o servo, baseada na falta de proteção fora da esfera
*
de poder de seu amo ou patrão.
filhos, assim como são considerados seus gados os animais nascidos de seus
rebanhos.
doméstica ou patrimonial.
tanto na esfera sexual quanto na economia, está sendo submetido a limites cada vez
filhos do dono da casa, são colocados em parcelas com moradia e família próprias e
e lealdade. Mas uma relação baseada em tal fundamento, por mais que se represente
submetido deve ao senhor seu apoio, com todos os meios disponíveis, o apoio no
caso de conflitos, o senhor pode-lhe ceder parte da propriedade, bem como o direito
direito do dominador de dispor sobre as pessoas e os bens que deixa após a morte.
“dominação patrimonial”.
onde estes são nomeados livremente), são exercidos como partes integrantes do
patrimonialismo:
“O s e n h o r p at ri mo n ia l p o l í t i co está un id o c o m os
i n d e p e n d e n t e m e n t e de u m p od er mil itar pa t r i mo n i al a u t ô n o m o e se
b as ei a na c o n vi c ç ão d e que o p o d e r s e n hor i a l tr a d ic io n a lm e n te
e x e r c i d o seja o di r e i t o legí t i mo do s e nh o r. A u ma p e s s o a n e s t e
se nt i do ‘l e g i t i m a m e n t e ’ d o m i n a d a p o r um pr ínci pe p a t r i m o n i a l
q u e r e m o s c h a m a r aq ui de ‘súdit o p o l í t i c o ’. S u a p o s i ç ão d i s t i n g u e - s e
divisão das funções e racionalização, sobretudo com o aumento das tarefas escritas e
“privada” e a “oficial”.
de seu patrimônio pessoal. A forma com que ele exerce o poder é objeto de seu
livre-arbítrio, desde que a santidade da tradição, que interfere por toda parte não lhe
imponha limites. Toma decisões puramente pessoais até mesmo sobre a delimitação
que a tradição sagrada não exige determinados atos oficiais por parte do senhor ou
estão delimitados por determinadas regras, mas, sim, uma fidelidade de criado que
“autoridade administrativa” no sentido atual das palavras, e isto tanto menos quanto
puramente pessoais, a idéia do dever oficial objetivo. Nesse sentido WEBER define
“O es tado p a t r i m o n ia l é, na área de f o r m a ç ã o do
di r e i t o, o r ep r es e nt an t e típico da c o e x i s t ê n c i a de uma v i n c u l a ç ã o
e x p r e s s a m e n t e em ‘c o n s i de r a ç õe s p e s s o a i s ’, isto é, na a v a l i a ç ã o do
s o l i c i t a n t e c o nc re t o e de seu p ed i d o c o n c r e t o e em r elações, a t os de
gr aç a, p r o m e s s a s e pr i vi l égi os p u r a m e n t e pessoais. T a m b é m as
c o n d u z d a r e vo g a bi l i da de à a p r o p r i a ç ã o p e r ma n en t e , c o m o d i r ei to
p at r i m o n i a l - b u r o c r á t i c o oci dental d a e r a M o d e r n a ” . 13
impor sua vontade é, em alto grau, decisiva para a proporção em que este realiza na
prática seu poder nominal. O senhor tenta de várias maneiras assegurar a unidade de
sua dominação e protegê-la contra a apropriação dos cargos por parte dos
forma:
“ 1) f e u da l is mo ‘I i t ú r g i c o ’: s ol da dos
e s t ab el ec i d o s c o m o c o l o n o s , c ol o n o s f r o n t e i r i ç o s , c a m p o n e s e s com
2) f e u d a l i s m o ‘p a t r i m o n i a l ’ , s u b d i v i d i d o em:
t r o p a s par ti culares da A r á b i a d a I d a de Mé di a, ma me l uc os ) ;
3) F e u d a l i s m o ‘l i vr e’, s ub d i vi di do em:
a) f e u d a l i s m o de ‘s é q ü i t o ’: e x c l u s i v a me n t e em
di r ei t os senhoriais t e rr it o ri a is (a ma i or ia dos sa m u ra is j a p o n e s e s ) ;
b ) f e u d a l i s m o de ‘p r e b e n d a ’: sem r e l a ç õ e s de
t ur cos) ;
c) f e u d a l i s m o ‘de v a s s a l a g e m ’: c o m b i n a ç ã o de
d) feudalismo ‘u r b a n o ’: em virtude d e u ma
m o d e l o de E s p ar ta )” . 14
para com um vassalo faz com que destrua, internamente, as suas relações com todos
os vassalos.
“O f e u da l i s m o si gn i f i c a uma ‘d i v i s ã o de
p o d e r e s ’. Só que n ã o é, c o m o a de M o n t e s q u i e u , u m a d i v i s ã o
q u an t it a ti v a do p o d e r senhorial. E m c e r t o sentido, t r at a- se d e u m a
a n te c ip a ç ã o pr i mi t iva d a idéia do ‘c o n t ra t o s o c i a l ’, q u e c o n d u z ao
c o ns t i t u c i o na l i smo e cons t i t ui o f u n d a m e n t o d a d i v i s ã o de p o d e r e s
d o m i n a d o s ou seus r e p r e s e n t a n t e s - c o n s i d e r a n d o - s e a s u b m i s s ã o
e s s e n ci al me n t e d i f e r en t e de um c o n t r a t o ent re o s e n h o r e os
p o r t a d o r e s do p od e r d e r i v a d o d e l e” . 15
caso amorfo de “Estado de direito” sobre a base não de ordens jurídicas “objetivas”,
domínio dos poucos, dos aptos para o uso de armas, enquanto que o patrimonialismo
burocrática, que também possui caráter cotidiano, mas dentro da esfera racional,
e nenhuma instância controladora ou à qual se possa apelar; não lhe estão atribuídos
29
missão. Se as encontra, ou não, depende do êxito. Se aqueles aos quais ele se sente
ex t i nt a , e a es pe r an ç a agu a r da e p r o c u r a um novo p o r t ad o r .
cons er va a p e n a s p o r p r o v a s de s e us p o d e r e s na vida. D e v e f a z e r
pel os d e u s e s " . 16
seus próprios pecados e defeitos, quando sua administração não consegue vencer
alguma calamidade que atinge os dominados, seja algo provocado pela natureza, ou
Assim como foi o caso ocorrido com Luiz Tadeu Leite, objeto de estudo abordado
no item 3.5 deste trabalho, então prefeito da cidade de Montes Claros, cujo vice era
Mário Ribeiro, que teve o apoio de Luiz Tadeu Leite na vitória das eleições para
chicote em punho, para que o povo o chicoteasse por ter colocado aquele homem
sua origem na entrega fiel ao extraordinário e inaudito, alheio a toda regra e tradição
“O p o d e r d o car isma, f u n d a me nt a- s e na fé em
r e v e l aç õ es e heróis, n a c o n v i c ç ã o emo ci on a l da i m p o r t â n c i a e do
r ev ol uc i o ná r i o . N o e n t a n t o , d ev e - s e c o m p r e e n d e r c o r r e t a me n t e esta
op o s i ç ã o . A pe s a r de t o d a s as dif er enç as f un da me nt ai s da e s f e ra em
e s s e n ci al me n t e i d ê n t i c a ” . 17
“ordem” racional revolucionam “de fora para dentro”, exerce seus efeitos
específicos, manifesta seu poder revolucionário “de dentro para fora” a partir de uma
sempre, nas normas da tradição, pela sujeição às regras estatuídas para determinados
fins e pelo saber de que estas, desde que se tenha poder para isto, podem ser trocadas
por outras regras com determinado fim, não sendo, portanto, nenhuma coisa sagrada.
tradição, em vez da piedade diante dos costumes antiquíssimos e por mais sagrados,
missão supostamente encarnada em sua pessoa, missão que tem sido, em suas
existência do poder patriarcal nas mãos de seu portador concreto, em todo caso
segundo o princípio de finalidade e meio, não significa de modo algum uma situação
amorfa com falta de estrutura, sendo, ao contrário, uma forma estrutural social
ad e ptos c a r i s m a t i c a m e n t e d o m in a d o s, é d e tr a n s f o r m a r o c a r is m a e
e x te r n a m e n te t r a n s i t ó r i a de é p o c as e p e s s o a s e x tra o rd in á r ia s em
uma p r o p r i e d a d e p e r m a n e n te da vida c o t i d i a n a ” . 18
estrutura.
se tratar de carisma não se pode nem pensar em uma livre eleição do sucessor, mas
terra que pessoalmente prove sua qualificação, porém muitas vezes não acontece
uma nova encarnação ou nem pode ser esperada, por razões dogmáticas.
na autoridade da fonte, que pode ser um reinado ou outra forma de domínio, e não da
pessoa. Mas se o portador do carisma, por sua vez, deixou de designar um sucessor e
dominação serem os mais indicados para reconhecer o próximo qualificado. Por isso,
não é difícil para eles, já que têm de fato em suas mãos todos os meios de poder,
reconhecimento do sucessor pelos dominados. Nem toda forma moderna e nem toda
indiretas.
discurso. Não basta ter poder econômico, é necessário ter a força do “carisma do
discurso”. No entanto WEBER aborda com muita clareza uma tendência dos
“Q u a n to m a is se p r e te n d e i m p r e s s io n a r as
m assas e q u a n t o mais r ig o r o s a se to r n a a o rg a n iz a ç ã o b u r o c r á t i c a
vitória d o p a r ti d o e, s o b r e tu d o , d a q u a l if ic a ç ã o c a r is m á tic a do
chefe.
36
seguinte maneira: “Ainda que o carisma, como poder criativo, recue quando a
divino o predestina para ser uma fonte apropriada da aquisição legítima de poder de
todos aqueles cujo poder e propriedade são garantidos por aquele poder de mando.
orgânica e sistemática, não se trata de uma doutrina precisa, mas um fenômeno que
atinge uma massa delimitada, não por classes sociais ou categorias profissionais,
mas por uma vontade específica em comum. Essa designação surgiu no século XIX,
populistas não possuem uma tradição comum de que tenham consciência. ^Os
política.
tal como um consenso, poderá ser em relação aos modelos das instituições
dos movimentos de classe. Trata-se de uma divisão entre o povo e a elite dominante,
que pode ser internamente representado, não só por uma elite cosmopolita ou
imperialista (como nos países ex-coloniais), ou por uma elite plutocrática, mas
também por setores das próprias massas populares, como, por exemplo, os
40
não depende da condição social ou profissional, assim como afirmou Eva Perón:
“descamisado é aquele que se sente povo. É importante que os sintamos povo, que
amemos, soframos e nos alegremos como faz o povo, embora não nos vistamos
“As d e f in i ç õ e s do P o p u lis m o se r e s s e n te m d a
a m b ig ü id a d e c o n c ep tu al q u e o p ró p rio te rm o e n v o lv e . P a r a P e te r
d o is p rin c íp io s f u n d a m e n ta is: o da su p re m a c ia da v o n ta d e d o p o v o
como fórmula homogênea a cada uma das realidades nacionais em face das
características que permitem uma análise dos traços distintivos do populismo como
a uma fase de mudança profunda, percebida por muitos como choque entre
coligacional, dentro ou fora do poder; por isso, contêm uma tendência nítida à
mais funcional na luta pelo poder político, está latente mesmo na sociedade mais
caso, o povo surge, antes de tudo, como um modo de ser aberto e voluntário. A
dominantes.
e x p a n s io n is m o e s e n tid o da m is s ã o n a c io n a l no e x te rio r - se
fo rm a s in te r m é d ia s c o m o os s o c ia l is m o s a f r ic a n o s ou asiáticos, os
n a c io n a l-c o m u n is m o s d a Iu g o s lá v ia e d a R o m ê n ia , o Baas do
p e r ío d o s de n o r m a l iz a ç ã o e com a a r r a n c a d a d o d e s e n v o lv im e n to
e c o n ô m ic o ” .24
manipulação das massas, e sua complexidade política não faz mais que ressaltar a
complexidade das condições históricas em que se forma. Desta forma ele diz que:
“O p o p u lis m o fo i um m o d o d e te r m in a d o e
um a form a de e s t r u t u r a ç ã o do p o d e r p a r a os g r u p o s d o m in a n te s e a
princip al f o rm a de e x p r e s s ã o p o lít ic a d a e m e r g ê n c ia p o p u la r no
do m ín io se e n c o n tr a v a p o te n c ia lm e n te a m e a ç a d o . E sse e stilo de
g o v ern o e de c o m p o r t a m e n to p o lític o é e s s e n c ia l m e n t e am b íg u o e,
ou um sistema, mas uma moral, um tipo de vida. Com efeito, uma das
~ W E F FO R T. Francisco Corrêa. O pop u lism o na po lítica brasileira. 4. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra,
1980, p. 62.
45
sociedade agrária, ele defendia o capitalismo agrário, acima de tudo. Nos outros
certos cientistas políticos e sociais não representou relevante problema, já que quase
todos eles eram especialistas que empregaram o vocábulo de forma discreta para
e em sua época, mesmo que com atributos divergentes, de forma extrínseca, mas
como gênero implica demonstrar que movimentos com traços muito diversos,
mesmo rótulo de “populista”. Mas, uma característica que parece ser comum a todos
subordinada. Valoriza-se a terra como fonte principal, quando não a única fonte de
campo e a agricultura.
intelectuais que tinha como proposta lutar e sacrificar suas vidas e a liberdade em
ideologia sobre o campesinato, mas não criada pelo movimento e, sim, absorvida por
este. O movimento pregava que o mais importante era a narodnaya volia26, e que se
devia aprender com o povo e deixar-se guiar por ele, mas todas e cada uma de suas
social). Era mais comunitário que essas formas individualistas de anarquismo que
via no capitalismo urbano de grande escala das sociedades anônimas um polvo que,
aldeã, que deveria abandonar por completo para ir para as cidades e incorporar-se à
século XIX. Nessa época o setor capitalista da economia agrária dos Estados Unidos
ferroviários. Era preocupado com os assuntos monetários, porque sentia que por via
mas reformados.
de editores de jornais destinados aos homens do campo, ou também, quase com igual
uma visão apocalíptica; nos Estados Unidos, o passado não existia e o futuro haveria
países mais avançados, nasce da tensão entre metrópole província. Neste sentido o
t r a d i c io n a is e in s u r g in d o - s e co ntra as o l i g a r q u i a s co s m o p o lita s e
da R e v o l u ç ã o I n d u s t r i a r . 29
Argentina; Vargas, no Brasil, entre outros líderes populistas, é a paz nas relações
paradoxais, fundamentos que caracterizam a política de massas, não por uma opção
destas, mas pelas condições de miséria em que se encontram, como é o caso dos
Bogotá, Caracas, México, Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades. E são estes
mesmos fundamentos que se tornam causas precípuas para sua crise, declínio e
exigências nas relações com o capital estrangeiro das nações mais poderosas, que
operária é induzida a lutar contra os inimigos dos seus inimigos. Os inimigos são a
contra Vargas.
poder é o líder e não a ideologia, podendo o líder variar os seus conteúdos com certa
ideologia, é que esta emane do líder, seja “sua criação” e não de outros ideólogos.
provocam nas massas urbanas de formação recente a elevação dos seus níveis de
cidades como São Paulo, Buenos Aires, Lima, La Paz, Guaiaquil, Rio de Janeiro,
depressão econômica dos anos trinta, iniciada com o krach da Bolsa de New York,
na maioria dos países latino-americanos, vez que estes novos países com a
^0
“N o regim e oligárquico, o p o d e r político é controlado, ou sim plesm ente m onopolizado, pelas
b u rg u esia s ligadas à agricultura, à pecuária ou à m ineração. N aturalm ente as b u rg u esia s fin a n c eira e
im p ortadora tam bém se encontram inseridas no sistem a p o lítico -eco n ô m ico d e p o d er. Os interesses
do p o d e r econôm ico no setor predom inante: café, banana, açúcar, trigo, lã, carne , petróleo, cobre,
esta n h o ou outro. Com binados ou não, conform e o p a ís e a época, estes setores fu n c io n a m com o enclaves,
ou seg m e n to s da econom ia do país dom inante (principalm ente a Inglaterra, no século X IX e os E stados
U nidos, no século XX). O enclave é a base econôm ica do p o d er p o lítico do g overno oligárquico. A o m esm o
1989, p. 62.
56
m u n d ia is s ig n ific a r a m :
a) r e g r e s s ã o e c o n ô m ic a ;
b) e s ta g n a ç ã o e c o n ô m ic a ;
c) in d u s tria liz a ç ã o ;
d) e x p a n s ã o do s e to r te rc iá rio ;
e) e s ta b e le c im e n to ou fo rta le c im e n to da
p r im a z ia d a e m p r e s a s n o r te - a m e r ic a n a s nas r e la ç õ e s e c o n ô m ic a s
e x te r n a s e m c a d a país;
f) e x p a n s ã o da h e g e m o n i a d o s E sta d o s U n id o s
so b re a e c o n o m i a d a A m é r ic a L atin a c o m o um to do.
E e v id e n te que e s s e s p ro c e s s o s o p e ra ra m ao
m e sm o t e m p o ou se p a r a d a m e n te , c o n f o r m e a s itu a ç ã o de c a d a país.
(...) D e v i d o às tr a n s f o r m a ç õ e s sociais q u e j á v in h a m o p e r a n d o na
S e g u n d a m e t a d e do s é c u lo X IX , as c r i s e s o c o r r id a s no sécu lo X X
p o d e r o u m e s m o c o n t r o l a r o a p a r e lh o e s ta ta l. A s greves o p e rá ria s
lutas. A f o r m a ç ã o e o d e s e n v o lv i m e n to de m o v im e n to s sociais
A lém d is s o , o s g ru p o s e m p re sa r ia is m a is in te r e s s a d o s nos m e rc a d o s
efetivas propostas pelas classes sociais emergentes no declínio final desse tipo de
tensão.
oligárquico, pois as classes médias, na maioria dos países da América Latina, não
nacional. As massas populistas, pela forma como são manipuladas e como são
maiores, onde são cada vez mais dinâmicos os setores secundários e terciários. Os
e a mineração, bem como o comércio externo de bens produzidos nesses setores, são
Argentina, Brasil, México e alguns outros países. Essa transição está diretamente
Domingo Perón, em 1946 e 1951, assumem o poder por via eleitoral, nos quadros
poder em 1937 por meio do golpe de Estado e em 1951 por intermédio das eleições,
do m esm o m odo qu e as associações p o lítica s historicam ente p reced en tes, é uma relação de ‘d o m in a ç ã o ' de
hom ens sobre hom ens, apoiada no m eio da coação legítima (q u e r dizer, considerada legítima). P ara que
ele subsista, as pessoas dom in a d a s têm que se subm eter à a u to rid a d e invocada pelas que dom inam no
m om ento dado. Q uando e p o r q u e fazem isto, som ente podem os co m p reen d er conhecendo os fu n d a m en to s
ju stificativos internos e os m eios externos nos quais se apoia a d o m in a çã o ." W E B E R, M. E co n o m ia e
Sociedade. 1999, p. 525-26.
62
Apesar de ter sido deposto por um golpe militar, em 1955, em 1973 Perón foi eleito
forma, não há um modo característico de conquista do poder por parte das forças
dos sistemas de mobilização e controle das massas assalariadas urbanas, bem como a
36 “O caráter científico d a nova teoria socialista de M arx e E n g els consiste: a) no fa to d e que o Socialism o,
d e prog ra m a racionalístico de reconstrução da sociedade q u e se dirige ind istin ta m en te à sua p a rte
intelectualm ente esclarecida, se transform a em program a d e auto-em ancipação do proletariado, com o
su je ito histórico da tendência objetiva para a solução com unista das contradições econôm ico-sociais do
ca p ita lism o (em p a rticu la r d a contradição entre p ropriedade p riva d a e crescente socialização dos m eio s e
d o s p ro c esso s produtivos): neste sentido o Socialism o p re ten d e ser ‘ciência ’ da revolução p roletariado; b)
no fa to de que o Socialism o não se apresenta m ais com o um ‘id e a l’, m as como um a necessidade histórica
d eriva n te do inevitável d ec lín io do m odo capitalista de pro d u çã o , que se anuncia objetivam ente nas crises
ca d a vez m ais agudas q u e ele enfrenta; c) no fa to de que o S ocialism o usa agora um ‘m étodo cien tífico ' de
a n á lise da sociedade e da história, que tem seus pontos fo rte s no ‘m aterialism o h istó ric o ’, com a teoria da
su c essã o histórica dos m o d o s de produção, e na ‘crítica da econom ia política', com a teoria da m ais-valia
co m o fo rm a específica d a exploração na situação do capitalism o industrial. São a sp ecto s conexos, m as
p a rc ia lm en te diferentes. ” in: B O B B IO , N .D icionário de Política, p. 1198.
Segundo IANNI:
e g ru p o s sociais, m a s v is to s c o m o ‘p o v o ’, c o m o u m a c o le tiv id a d e
p a r a a qual as ta r e f a s d o n a c io n a lis m o d e s e n v o lv i s ta p a c if ic a m e
h a rm o n iz a m os in t e r e s s e s e os ideais. O E s t a d o é p r o p o s to e
V a r g a s , d u ra n te o E s ta d o N o v o . N a d ita d u ra p o p u l i s t a , o p o v o te ria
o p o r tu n id a d e s d e a c e s s o ao p o d er. E la te n d e a e x c lu ir as ou tras
passaram a fazer parte da história social, econômica e política dos seguintes países,
entre outros: Brasil, desde 1930, com o primeiro governo Vargas; Bolívia, desde
1952, com o primeiro governo Paz Estensoro; Colômbia, nos anos quarenta, com o
movimento de massas liderado por Jorge Eliécer Gaitán; Equador, desde 1934, com
o primeiro governo Velasco Ibirra; Peru, desde 1924, com a fundação da Alianza
Popular revolucionaria para América (APRA), por Victor Raul Haya de la Torre.
callismo dos anos vinte foi incorporado e ultrapassado pelo cardenismo, que teve o
militares, do qual saíra o próprio Cel. Perón, esteve comprometido com a idéia da
“pátria grande”. A grande Argentina, liderando uma parte da América do Sul, era o
65
primeiros traços de sua ideologia, nos anos 1943-45; os dois governos de Perón, em
1946-55; o peronismo na oposição aos governos militares e civis dos anos 1955-73;
golpistas para evitar que as massas entrem numa luta armada contra eles. Em 1955
Luís. Formou-se assim uma Junta Pacificadora composta pelo general Mena Barreto,
por sindicatos. Havia ainda uma perigosa corrente que, apesar de reconhecer as
falhas do antigo regime, preconizava um estado forte, regulador das tensões sociais,
dirigido por uma elite política transformadora. A nova constituição foi, portanto uma
seguintes:
vez;
primeira delas era o integralismo, conhecido pela sigla de AIB (Ação Integralista
Brasil que se associara a ANL opta pela revolução armada para tomar o poder. Um
máximo a entrada do capital estrangeiro. Foi nesse período também que aumentou a
como um investidor.
Campos).
Após mais este golpe, Getúlio Vargas implanta o Estado Novo. Este
Rio de Janeiro, em 1943. Inaugura também a Companhia Vale do Rio Doce, para
ofensiva e, no início de 1945, anuncia eleições gerais para o final do mesmo ano,
com o general Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra, como seu candidato. As
sentida por alguns dos novos grupos dominantes, de incorporação das massas ao
jogo político.
classe média e por alguns chefes oligarcas - entre eles o próprio Getúlio Vargas, que
neste período que surge a figura do pelego, que passa a ser um elemento essencial da
1930, uma tendência à ampliação institucional das bases sociais do Estado com a
participação política das classes populares tem muito a ver com as condições em que
verificam depois da Revolução de 30. Embora, não teriam tido um papel importante
revolucionário.
posterior - seja durante a ditadura Vargas, seja durante a etapa democrática (1945-
1964) sua participação ocorrerá sempre sob tutela de representantes de alguns dentre
73
anteciparam aos setores urbanos e definiram deste modo os limites de ação destes
entre os Estados de São Paulo (sob o impacto da crise do café) e Minas Gerais, com
p o s te r i o r e s , ‘d o a r á ’ um a le gisla çã o t r a b a lh is t a para as c id ad e s
ó r g ã o s o f ic ia is de p ro p a g a n d a , a i d e o lo g ia d o ‘p a i dos p o b r e s ’.
co m o in stitu iç ã o , e este co m e ça a s e r um a c a te g o r ia d e c is iv a na
Estado. O chefe do Estado passa a atuar como árbitro dentro de uma situação de
das massas nesse jogo estará controlada pelo próprio chefe do Estado. Nas funções
de árbitro, ele passa a decidir em nome dos interesses de todo o povo e isto significa
dizer que ele tende, embora essa tendência não possa efetivar-se sempre, a optar por
todos os demais chefes de Estado desde 1930 até 1964. O exemplo mais notável
dessa tendência é sem dúvida o da própria carreira política de Vargas. Chefe de uma
oligarquia regional até 1930, Getúlio Vargas governa até 1945 segundo um esquema
de força em que os grupos oligárquicos aparecem como aliados, mas não como
39 I A N N l, Octavio. O Colapso do P opulism o no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1994.
75
do que uma espécie de ‘opo rtun ism o essencial’ de alguns líderes, uma
depois de 1945 — terá talvez seu grão de verdade, Muitos hom ens de
manipulação tenha sido uma das tônicas do populismo. seria dem asiado
líd e r e s " 40
desde 1945 até 1964, são vários os líderes de ressonância nacional que buscaram
conquistar a adesão popular nos centros mais urbanizados do País. Cada um deles com
um “estilo” próprio, sua política pessoal quase sempre pouco explícita e sua ideologia,
norte de Minas Gerais, não foi diferente. Levada pelo calor da transição política que
estava acontecendo no início da década de 1980, teve sua história marcada pela troca do
domínio político, num movimento com forte apoio popular, que se caracterizou pela
união de classes sociais antagônicas voltadas contra uma estrutura oligárquica. Fatos
3.1. O cenário político nacional e local nas décadas que antecedem o movimento
oposicionista de 1982
organizando num combate à reforma agrária proposta pelo Governo João Goulart,
41 B A N D E I R A , Moniz. O G overno João G oulart: As lutas sociais no Brasil. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 1978. Cap.10.
78
Estudos Sociais). O primeiro foi formado no final dos anos 50 e o IPES, em 1961.
economia às grandes modificações propostas para todo o país, ainda que este
significado não tenha sido explicitado para a oligarquia, que acreditava estar lutando
da época, que previa o pagamento em dinheiro, foi o tema central das discussões
política patrimonialista para deixar claro que não só as terras têm donos, mas
cabo não só nos centros de poder, mas também em vários pontos do interior do país.
propor uma reforma agrária que tinha à frente Leonel Brizola. Neste sentido os
agrária que estava sendo feita e opor-se a ela. Não demorou muito e estes
comemoram a queda de João Goulart. Assim, a vitória do golpe foi assimilada com
de Minas Gerais, nessa época, tiveram grande alcance político, dentre eles a criação
pela cúpula golpista, sob o comando do Coronel Georgino Jorge de Souza, partiu de
Montes Claros uma tropa de 800 homens, rumo à capital da República, integrando às
42 OLIVEIRA, Evelina Antunes Fernandes de. N ova Cidade, Velha P olítica: Um Estudo de P oder sobre
M ontes Claros - MG. Recife, 1994. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de Pernambuco.
81
política coronelista43.
médico Pedro Santos (1963-66 e 1971-72) foram marcadas por grande adesão
popular, principalmente das classes menos favorecidas que depositavam seus votos
em troca de consultas que Pedro Santos sempre oferecia gratuitamente. Não se pode
apoio das Câmaras, mas com grande apoio popular e durante sua primeira gestão é
contava com o apoio da Sociedade Rural de Montes Claros. Em sua primeira gestão
43 LEAL, Vítor Nunes. Coronelism o. Enxada e Voto. 3. ed. Rio de Janeiro: N o v a Fronteira, 1997.
82
não consegue muitas realizações, mas continua sendo o candidato de consenso das
elites. No segundo mandato, enfrenta uma oposição mais articulada, que apresenta
do Interior, contrata o programa Cidades de Porte Médio, que traz muitos recursos
encontra uma resistência forte, que é Luiz Tadeu Leite - vereador mais bem votado
a Prefeitura de Montes Claros. Mantém o controle do voto rural, o que lhe favoreceu
urbanas. Sua administração foi avalizada pelas boas relações entre o Governador
Com a maioria dos vereadores a seu favor, estabelece um estilo de atuação política
rurais.
candidato a governador nos palanques. O PDS local passava por uma desarticulação
Tadeu teve como vice o médico e fazendeiro Mário Ribeiro da Silveira, bastante
atomização das relações políticas, estas são sempre relações de classe que requerem
que mais aglutinaram poder de decisão em nível local. Estas entidades reúnem as
feitas fora de seus limites, pelo Governo do Estado ou nos órgãos federais. Também
João Paculdino Ferreira e Edgard Martins Pereira. Ainda que formalmente aceite a
1984, não passava de duzentos, um número reduzido para uma entidade que é
manutenção das alianças entre os empresários mineiros e a elite local. Foi expressiva
44 Dados da ACI - MC
86
militar mineiro em 1964. Foi ainda através da ACI que o Governo do Estado
ser uma entidade que representa a liderança empresarial dos setores do comércio e
Desde sua fundação, a Sociedade Rural foi dirigida por representantes das principais
Augusto Ataíde (1962-63 / 1967-68); Osmane Barbosa (1968-69); Air Lelis Vieira
Fábio Ribeiro da Silva (1971); Afonso Brant Maia (1971 -73)/1973-(75); Antonio
assistenciais. Em 1960 foi criado o Sindicato Rural para tratar desses assuntos,
residem em Montes Claros, tem uma atuação muito intensa dentro do município. Ela
trata, com relativa eficiência, das reivindicações do setor. Durante a seca ocorrida
das dívidas dos grandes produtores agropecuários dos municípios do norte de Minas,
do Mucuri, Vale do Jequitinhonha e Vale do Rio Doce. Nas negociações diretas com
tradicional.
88
fenômeno da urbanização, numa demonstração de que não foi uma necessidade local
estudantil na região. Mesmo com a atuação restrita a pequenos grupos, não deixaram
assistencialista com algumas incursões pelos bairros mais pobres; e sofreram vários
de conflitos ideológico e familiar naquele período, pelo fato de ser ativista política
Montes Claros - era comum ouvir dos defensores da implantação do regime militar,
após este já ter sido estabelecido, que a revolução de 64 veio repor a ordem no país,
sujeita a demagogos visionários que queriam “cubanizar” o Brasil. Ela também fala
l e mb r o - me do c a s o d e um c o m p a n h e i r o q u e s i m p le s m e n te s u mi u ,
cujos recursos eram provenientes das carteiras de estudantes, o que lhes dava um
oligárquico, como a que dominou Montes Claros por mais de 120 anos, a defesa da
reforma agrária, feita por um pequeno número de pessoas localizadas nos setores
médios urbanos, não poderia ter grande acolhida. Ainda que durante a administração
de João Goulart tenha sido disseminada pelo país a compreensão de que a mudança
mas não tiveram uma ação política capaz de enfrentar tamanho adversário. No final
46 SOUZA, Lúcia Teixeira de. Montes Claros, 08 de jan de 2001. Professora do Curso de Direito da
U N I MO NT ES e ativista política no período do Regime Militar brasileiro. Entrevista concedi da ao autor
desta pesquisa.
47 OLIVEIRA, E. N ova Cidade, Velha Política: Um E stu d o d e P o d er sobre M ontes Claros - MG.
91
que não deixou de ser uma oposição ao poder instituído e que culminou na eleição
de Luiz Tadeu Leite, um candidato que não era representante do poder oligárquico
local.
grupo de poder, uma vez que parte dos novos empresários são antigos fazendeiros.
comerciantes.
92
Gerais, ao mesmo tempo em que garante sua posição de classe, ao se confrontar com
do compromisso entre as elites local e estadual, mas também como uma forma de
E Montes Claros corrobora esta tendência. De um lado, as entidades civis são canais
que sua prática política não se distingue em muito daquela desenvolvida pelo partido
interesses para o conjunto da sociedade civil, tem sua política partidária local
93
dominada, até a primeira metade dos anos 50, pelo PR e pelo PDS. A partir de então
começa a contar com uma outra força partidária, o PTB, enquanto a UDN mantém
em sua maioria, de setores da classe média urbana, sendo um destes grupos com uma
Em nível estadual, este partido nasce da junção do PTB com o PSD, com posteriores
oligárquicos, reunindo todo o PR, grande parte da UDN e do PSD e parte do PTB.
da sociedade civil.
saindo de uma derrota em 1970, quando não atingiu 15% da votação partidária e não
Em 1974, este partido (ARENA) apresenta Pedro Santos, com mais de dez mil votos,
para a Câmara Federal, e Antonio Soares Dias, com 6.648 votos para a Assembléia
Estadual.48
médios, mas também como políticos profissionais de classe média alta. De certa
4S Dados do T R E - M G
95
mais intelectualizados e que engrossam, com qualidade, sua facção mais à esquerda.
Este grupo mantém um estreito contato com a população de baixa renda da região,
Esse MDB em crescimento disputa poder de penetração popular com a ARENA, que
tinha a seu favor, além das reminiscências coronelistas do estilo mais tradicional, o
Santos (estadual, 10.838 votos), Moacir Lopes (federal, 10.018 votos) e Antonio
Soares Dias (federal, 9.209 votos). Já o MDB continua com a votação polarizada:
como deputado estadual, Pedro Narciso com 9.282 votos e, como deputado federal,
Mário Genival Tourinho com 9.687 votos. Ambos pertencem a famílias que
freqüentam os grupos sociais mais tradicionais, não têm vínculos imediatos com a
industrialização e alcançam a vida pública a partir da segunda metade dos anos 60.
como o partido que agrega aquele núcleo de esquerda de classe média que lhe deu
toma um pouco mais eficiente quando seu vereador Luiz Tadeu Leite, advogado e
Claros.
“P o d e r í a m o s c a ra c t er i za r os novos p a r t i d o s que
montesclarense, concentrando pr of e s s o r es , c o m e r ci a n t e s e
c o m o J o s é P aul o F er re ir a G o m e s ( Si nd i c a t o dos M e t al ú r g i c o s ) e
( A s s o c i a ç ã o dos A m i g o s d o B a ir r o M a ra c a n ã ) . Ent r e os p a r t i d o s
p r o f i s s i o n a i s liberais O P D T , m é d i co s e a d v o g a d o s de m a i o r p o d e r
a q u i s it i v o . O Par t i do dos T r a b a l h a d o r e s se f or ma a p a r t i r de
internas do PDS, proporcionou a vitória do PMDB em quase todo o país, não sendo
diferente em Montes Claros. O PMDB local obteve mais de 60% dos votos para a
49 O L IV E IR A , E. N ova Cidade, Velha P olítica: Um E studo de P oder sobre M ontes Claros - MG.
97
Silva Costa Júnior (federal, 19.830 votos). Apenas o primeiro tem bases eleitorais no
município, onde obteve 73% dos seus votos; esta percentagem para Manoel Costa
corresponde a apenas 13,3%. O PDS, que não atingiu 40% da votação naquelas duas
para a Câmara Federal, Humberto Guimarães Souto (1 1.739 votos) e Antonio Soares
período pelo bipartidarismo, mas suas diferenças internas não se desfazem e uma
única legenda partidária não as comporta. Por outro lado, a oposição se torna
governo e terá, então, que enfrentar e se articular com os demais setores dominantes.
Câmaras Municipais foram marcadas como objetos de lutas políticas locais, com
de Montes Claros, porém sua origem familiar é de Bocaiúva - MG, onde morou até
completar o seu primeiro ano de vida, período em que ocorreu a morte de sua mãe.
Após este acontecimento, Tadeu, como é conhecido, foi criado em Montes Claros
pelos avós e tias maternas. Garoto de infância pobre iniciou os estudos primários na
Escola Francisco Sá. Aos dez anos, por força religiosa de suas tias, foi para o
ginásio, o clássico e um ano de filosofia, estava convicto de que sua vocação era
sacerdotal. Veio o falecimento dos avós e devido à precária situação financeira que
passava a família, Tadeu se obrigou a tomar uma decisão entre ficar no seminário e
seguir a vocação religiosa ou sair para trabalhar e cuidar de suas tias, Tadeu saiu do
seminário aos dezoito anos de idade, trabalhou nesta época, pouco antes de sair,
Montes Claros. Em seguida, quando saiu deste emprego, Tadeu foi trabalhar na
Rádio Sociedade em 1972, indicado pelo seu padrinho de batismo Mário Ribeiro,
irmão do ex-Senador Darcy Ribeiro, ao Jornalista Elias Siuf. Nessa época, em pleno
regime militar, o domínio político de Montes Claros era oligárquico. Tadeu confessa
99
que tinha, assim como grande parte dos jovens da época, ojeriza à política praticada
naquele período, segundo ele, devido à sua formação humanística e religiosa obtida
socialistas da época, onde fez parte do Grêmio Literário Padre Chico: “Lá era onde
nos reuníamos todas as semanas para fazer discursos acalorados contra a ditadura, a
gente podia falar lá, pois não havia olheiros para acompanhar a trajetória da nossa
primeiro ano e lá foi aconselhado por Luis Gonzaga Pereira de Barros - Promotor
era o único veículo de comunicação de Montes Claros, visto que a cidade contava
Horizonte, razão pela qual a Rádio Sociedade detinha uma audiência quase que total.
^ L E IT E . L uiz Tadeu. M ontes Claros, 26 de jan de 2001. D eputado E stadual de M inas G erais e ex-P refeito
de M o n tes C laros. Entrevista concedida ao autor desta pesquisa.
100
desde então seu objetivo era ter seu próprio espaço na rádio:
significativa audiência que tinha a Rádio na cidade. Este também foi um dos motivos
viria a ser um dos mais conhecidos da história das emissoras de rádio em Montes
Claros: o programa “Boca no Trombone” dirigido por ele entre 1974 e 75. Pela
vereador com a mais expressiva votação da história das eleições à Câmara Municipal
aos 23 anos de idade, como o político - sem origem familiar tradicional - de maior
notoriedade da cidade.
que o povo depositava em Luiz Tadeu Leite expressa duas das principais
cidade. O Prefeito eleito deste período foi Antonio Rebello, então Presidente da
ARENA na cidade.
abertura política e, em Montes Claros, não foi diferente, todas as alas de oposição
política na cidade concentraram forças junto ao MDB para derrotar nas próximas
cidade.
também os revoltados com o regime político imposto naquela época, bem como o
trabalho de oposição que exercia na Câmara Municipal, seu nome foi-se tornando
cada vez mais forte à sucessão do executivo municipal. Tadeu expõe da seguinte
“Eu i n t e n s i f i q u e i meu co nt at o co m o s b a i r r o s
c o m p a n h e i r o d e p a l a n q u e T a n c r e d o N ev e s , q u a n d o houve t a m b é m
em Mi na s u m a g r an d e v i r a d a” .'^
comunistas, havia direitistas que discordavam do regime militar, bem como aqueles
contra um regime oligárquico. Esta definição fica clara em suas próprias palavras:
c a n d i d a t o a g o v e r n a d o r da é p o c a er a o T a n c r e d o N e v e s , e r a uma
c a mi s e t a s b r an ca s de E li s e u Re s e n d e , aí eu me l e m b r o q u e nós aqui
não p o d í a m o s . c o m p r a r c a m i s a era u ma c a m p a n h a p o b r e, me l e mb r o
f i z e mo s u ma c a m p a n h a mu i t o pob re , não t í n h a m o s c o n d i ç õ e s de
f iz e mo s u m a c a m p a n h a p a u p é r r i m a , mas b a s e a d a na v o n t a d e do
po vo e m m u d a r ” . ^
teriam que pertencer à mesma legenda, juntamente com Tadeu candidato a Prefeito
Costa para Deputado Federal, Itamar Franco para Senador e Tancredo Neves para
Assim como sua eleição para vereador, Tadeu obteve uma votação
muito expressiva, que superou os total dos votos dos outros três candidatos
poder das famílias tradicionais que sempre houve na dominação política desta
cidade.
desejo de toda a mobilização popular que se fez em torno de sua pessoa. Deu nome à
lhe rendeu forças junto ao povo para eleger o seu sucessor e se eleger para Deputado
Federal e em seguida para o seu segundo mandato como Prefeito de Montes Claros.
v á r i o s mo t i vo s. Primeiro: N ó s d e m o s o n o m e de a dm i n i s t r aç ã o
d o p r ef e i t o e do vi c e- pr e f e i t o d a é p o c a , qu e er a o Má ri o Ri bei r o,
nosso p ri me i r o ma nd at o t odo , me ns a l me n te h av i a um mu t i rã o e m
c a d a bairro".' ’'7
Dentre outros pontos que Luiz Tadeu declara ter marcado sua
Fundação João Pinheiro, com propostas inovadoras, tais como a lei de imposto
progressivo sobre bem imóvel sem utilidade, que forçava o proprietário do imóvel
sem utilidade objetivar função social ao imóvel, evitando assim os grandes vazios
“P o s s o a f i r ma r com t o d a c er t ez a, foi a p r i m e i r a
c i d a d e d o Brasil a f az er o c h a m a d o o r ç a m e n t o p ar ti ci p a t i vo, e s se
84 nós f iz e mo s o o r ç a m e n t o par t i ci pa t i vo d a m e s m a ma ne i r a q u e
g a s t á v a m o s com p r o p o s t a s p op ul a re s. Nó s, p r e f e i t o e s e c r et a r i ad o,
f a z í a mo s u ma a s s e m b l é i a , e s ta a p r o v a v a as o b r a s p a r a o mu ni c í pi o
a câ ma ra , a c â m a r a a p r o v a v a e eu a c o m p a n h a v a a e x e c u ç ã o ” .
“E u criei a p a r ti ci pa çã o popular d en t r o da
n ov o me rc a d o , o P a r q u e d a S a pu c a ia , i ns t al a mo s lá um teleférico.
As obr as f o r a m f ei t as j u n t o c o m T a n c r e d o N e v e s e em s eguida
p o ré m, eu s e m p r e p e r c e b i c o n t r a mi m uma g r a n d e r e j e iç ã o , eu era o
i mp or t a nt e da m i n h a g e r a ç ã o nu nc a c o n s e g u i r a m c h e g a r a esses
aonde c h e g o u " . 19
um líder carismático, onde ele mesmo endossa em suas palavras todo o fervor dos
eleitores que o apóiam. Tadeu declara que sua pessoa desperta o ódio e o amor em
Montes Claros, afirmando que têm pessoas que o odeiam e pessoas que o amam,
sentimentos contraditórios e extremos, afirma que por sua causa já houve facadas em
botecos de Montes Claros, brigas, confusões que chegaram à polícia e, que já houve
até morte originada por discussão política. Tudo isso faz parte de uma história criada
em torno da figura política de Luiz Tadeu Leite e que ele mesmo não consegue
mudar. Ele declara orgulhosamente que cada um tem o seu motivo para o amar ou o
odiar, mas que pelos resultados das eleições, o número dos que o amam é maior dos
que o odeiam. A entrevista se encerra com um caso que vem ilustrar a manifestação
a p os ent a do , c o m c e r c a de 80 an os de i da d e e eu nesta é p o c a er a
ele se e n c o n t r a v a m e i o ad o e nt a d o, d u r an t e as e l ei ç õe s para p r e f e i t o
pedi u um ca r ro, n i n g u é m c e d e u o c a r r o , e n t ã o p ro cu r ou um a m i g o
O sucessor apoiado por Luiz Tadeu Leite e escolhido por ele para
continuar o seu trabalho foi Mário Ribeiro, seu padrinho de batismo e sempre muito
próximo, pertencia à elite da cidade, mas sempre teve idéias socialistas, idéias
desenvolvidas e modernas, foi preso no auge da ditadura como comunista, havia sido
por Tadeu e estes mantiveram uma relação política amistosa até a campanha para
Deputado Estadual, quando houve divergência no apoio definido antes das eleições
para Prefeito. Apesar dos desacordos, Luiz Tadeu Leite mantém sua forte influência
no domínio político da cidade até as eleições para prefeito de 1992, quando mais
uma vez Tadeu demonstra sua força e se elege para o seu segundo mandato que
sofreu várias críticas sobre sua administração e suas obras, tais como a prática do
Rebello, seu adversário político naquele momento; o calçamento das ruas que
beneficiou empresa de pedreira que tinha sua participação; além de várias outras
sociedade pode ser um produto das ações humanas, seja por ideais ou por interesses.
Em especial sobre a dominação política, num sentido mais amplo, como um dos
elementos mais importantes da ação social, em sua teoria, WEBER expõe de forma
carismática, que foi o principal ponto de estudo deste trabalho, encontra o seu
regras por este estatuídas, e os limites de seu poder de mando têm sua origem em
inserido, pela tradição, na figura do “senhor” e caso o seu poder não esteja limitado
pela tradição ou por poderes concorrentes, ele o exerce de forma ilimitada, arbitrária
dominação carismática, vez que esta seria o ponto conclusivo para o procedimento
dever daqueles aos quais se dirige sua missão e que a satisfação de todas as
fundamentos no carisma.
política para conquistar o domínio sobre uma massa. Ficou exposto que dois fatores
com uma elaboração teórica orgânica e sistemática, o populismo não é uma doutrina
precisa, mas um fenômeno que atinge uma massa delimitada, não por classes sociais
épocas históricas, como, por exemplo, na América Latina, onde se atribui em geral
povo e a identificação deste povo com um líder que o represente, como o líder
trabalho, e a figura política de Luiz Tadeu Leite que foi o principal líder político em
e transição do poder político em Montes Claros que teve início, com uma enorme
tinham donos, mas também a política e a organização do poder, pois, a idéia de uma
Montes Claros - ACI e a Sociedade Rural foram as principais entidades que mais
relativas aos principais negócios realizados na região e estão quase sempre presentes
meio estudantil e operário com o apoio da Ação Católica Mineira, tiveram uma
participação fundamental para uma futura mudança política na cidade que viria
ocorrer nas eleições de 82, com a eleição de um representante político que não teve
para uma análise comparativa do estilo político do objeto desta pesquisa científica.
Conclui-se que, diante das características apresentas por WEBER para classificar a
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dominação carismática, assim como exposto no primeiro capítulo, Luiz Tadeu Leite
(pelo rádio) e durante o seu mandato de vereador e por destino produzido pelos
poder local, com base nestas características, durante quatorze anos. As práticas
administrativas aplicadas durante seus mandatos, sejam elas quais forem, são
do redentor político - que foi Luiz Tadeu Leite durante este período histórico de
Montes Claros.
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