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Linhas da História 11

HISTÓRIA A – 11.º ANO

GRUPO I – A SOCIEDADE OITOCENTISTA: A CONDIÇÃO BURGUESA

DOC. 1 – O PERCURSO PARA A ALTA BURGUESIA


Andrew Carnegie
nasceu em Dunfermline na Escócia,
veio para os Estados Unidos num navio de imigrantes
trabalhou como bobinador numa fábrica têxtil
alimentou caldeiras
trabalhou no escritório de uma fábrica de carretéis por 2$50
semanais […]
poupou sempre o que ganhou; sempre que tinha um dólar
investia-o.
Andrew Carnegie começou por comprar ações da Adam
Express e da Pullman quando estavam num buraco;
tinha confiança nos caminhos de ferro, tinha confiança nas
comunicações, tinha confiança nos transportes, acreditava
no ferro.
[…] construiu pontes, fábricas Bessemer, altos-fornos,
oficinas de laminação;
Andrew Carnegie […]
poupou sempre o seu dinheiro
sempre que tinha um milhão de dólares investia-o.
Andrew Carnegie tornou-se o homem mais rico do mundo
e morreu. […]
Andrew Carnegie deu milhões para a paz
e bibliotecas e institutos científicos e doações e poupanças
sempre que fazia um bilião de dólares doava a uma instituição para promover a paz universal
sempre menos em tempo de guerra.
John dos Passos*, Paralelo 42º, Editorial Presença, Lisboa, 2009, p. 252 [adaptado].
*Escritor americano.

1. Nomeie, com base no documento 1, a classe social em que Andrew Carnegie se integrava.
2. Refira, a partir do documento 1, três dos valores partilhados pela classe social de Andrew
Carnegie.

GRUPO II – A CONDIÇÃO OPERÁRIA E AS PROPOSTAS SOCIALISTAS DE TRANSFORMAÇÃO


REVOLUCIONÁRIA DA SOCIEDADE

DOC. 1 – A SITUAÇÃO DAS CLASSES TRABALHADORAS EM INGLATERRA E FRANÇA


Cada grande cidade de Inglaterra tem um verdadeiro gueto, um bairro maldito onde a miséria é deixada ao
desprezo. Em Liverpool, que põe à admiração do viajante ruas inteiras de palácios e o porto mais rico do mundo, a
parte inferior da população apodrece nas caves; em Londres, a maravilha das cidades pela elegância das
habitações e a salubridade das ruas, os pobres são amontoados em cabanas infetas, que ameaçam ruir construídas
em ruas medonhas, em redor de ruas estreitas deixadas ao acaso, desordenadas, com terra coberta de imundices,
sem ruas planeadas, sem iluminação nem pavimentação, e onde as águas, saturas de matérias vegetais e animais
em putrefação, apodrecem ao ar livre, formando aqui e ali riachos, regos e mesmo verdadeiros lameiros! […]. Um
outro sinal menos repugnante, mas mais revelador da miséria britânica é o grande número de casas destinadas a
internar os pobres […]. Ainda que a workhouse, nome dado neste país às casas de caridade, não tenha o aspeto de
uma prisão, e que frequentemente pareça uma grande e elegante casa de campo, não é senão um meio severo de
repressão e quase um instrumento de punição […]. Em França, como em Inglaterra, há uma miséria oficial, cuja lei
reconhece a existência, e que procura disciplinar, mas que não tem poder para destruir. O governo aceita a pobreza
com um facto; administra-a mais do que o combate […].

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Eugène Buret, De la Misère des Classes Laborieuses en Angleterre et en France, Livro I, pp. 136-137; 232, 1840
[tradução adaptada].

DOC. 2 – O MOVIMENTO OPERÁRIO, O TESTEMUNHO DE UM PORTUGUÊS EM LONDRES, 1877


Graves notícias industriais do norte da Inglaterra. No condado de Northumberland, 15 mil mineiros de carvão
declararam-se em greve. Os patrões, em presença da depressão comercial e da estagnação geral das indústrias,
vendo que com os salários atuais não poderiam continuar a exploração das minas sem perda, propuseram uma
redução de dez por cento no salário dos homens. A proposta foi recusada […]. Isto é novo e mostra da parte dos
operários um sentimento de hostilidade e de azedume que se não esperava. A greve, portanto, declarou-se no dia
28. Quinze mil homens em greve representam neste distrito 50 000 pessoas sem pão. Os últimos anos têm sido
maus e decerto não têm permitido aos operários fazer economias para esta contingência; por outro lado, os cofres
das Uniões estão empobrecidos; os mineiros dos outros distritos carvoeiros, escassos auxílios podem mandar aos
seus companheiros de Northumberland; […].
Eça de Queirós, Cartas de Londres, 1877.
DOC. 3 - OS SINDICATOS NA EUROPA EM 1911

DOC. 4 - A CRÍTICA AO CAPITALISMO E A DEFESA DA REVOLUÇÃO PROLETÁRIA


A história de todas as sociedades até ao momento presente é a história da luta de classes. […]. A nossa época,
época da burguesia, distingue-se, contudo, por ter simplificado as oposições de classes. A sociedade divide-se,
cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, em duas classes que se confrontam diretamente: burguesia e
proletariado. […] De todas as classes que presentemente defrontam a burguesia apenas o proletariado é uma
classe verdadeiramente revolucionária. […]. Como se posicionam os comunistas face aos proletários em geral? […]
Os comunistas particularizam-se face aos restantes partidos proletários […] e fazem prevalecer os interesses
comuns de todo o proletariado, independentemente da nacionalidade e pelo facto de que, representam sempre o
interesse do movimento como um todo […]. Reprovam-nos, […] por querermos abolir uma propriedade baseada
exclusivamente na condição que a grande maioria da sociedade não possua propriedade. […]. Em resumo, por toda
a parte os comunistas apoiam todos os movimentos revolucionários contra as condições sociais e políticas
existentes. Todos estes movimentos põem no centro das suas atenções a questão da propriedade […] como a
questão basilar do movimento. […]. Os comunistas […] declaram sem rodeios que os seus propósitos só podem ser
alcançados quando toda a ordem social vigente até aqui for violentamente derrubada. As classes dominantes que
se preparem para estremecer diante de uma revolução comunista! Nela, os proletários nada têm a perder a não ser
os seus grilhões. Têm o mundo inteiro a ganhar.
Proletários de Todos os Países, Uni-vos!
Karl Marx; Friedrich Engels, O Manifesto Comunista, 1848.

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1. Nomeie o tipo de sociedade oitocentista onde a “elegância das habitações” contrastava com “a
salubridade das ruas [e] os pobres são amontoados em cabanas infectas” (Doc. 1).
2. Selecione a opção correta para identificar a designação do fenómeno da economia capitalista
marcado pela “depressão comercial e […] estagnação geral das indústrias” (Doc. 2).
(A) Crise de subsistência.
(B) Crise cíclica.
(C) Crise de superprodução.
(D) Crise económica.
3. Associe os elementos relacionados com as propostas de transformação revolucionária da
sociedade, presentes na coluna A, à designação correspondente, que consta na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(A) Designa a união mundial dos operários e a internacionalização do movimento operário (1) Sociedade de
assente na solidariedade de classe entre os trabalhadores. classes

(B) Designa a teoria económica e política que assenta na sucessão dos modos de (2) Ditadura do
produção através da luta de classes e na tomada de poder pelo operariado mediante a proletariado
ditadura do proletariado.
(3) Proletariado
(C) Designa a luta da classe operária através da organização dos trabalhadores com vista
à melhoria das suas condições de trabalho e de vida. (4) Comunismo

(D) Designa a teoria política de organização social que defende a abolição da sociedade (5) Movimento
capitalista, mediante a posse e o controlo dos meios de produção por parte dos operário
trabalhadores, para uma melhor distribuição da riqueza.
(6) Socialismo
(E) Designa, na linguagem marxista, aqueles que não têm capital nem controlam os meios
de produção, dependendo, para sobreviver, da venda da sua força de trabalho. (7) Marxismo

(8) Internacionalismo
proletário

4. Transcreva duas afirmações do documento 4 que traduzem o princípio ideológico de luta de


classes defendido por Marx e Engels.
5. Desenvolva o seguinte tema:
As contradições da sociedade urbana e industrial e a afirmação de novas propostas ideológicas
de transformação revolucionária da sociedade.

A sua resposta deve abordar, pela ordem que entender, três aspetos para cada um dos
seguintes tópicos de desenvolvimento:
- as condições de trabalho e de vida do operariado urbano e industrial;
- formas e meios de organização do movimento operário;
- as propostas socialistas para a transformação social.

Deve integrar na resposta, para além dos seus conhecimentos, os dados disponíveis nos
documentos 1 a 4.

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GRUPO III – PORTUGAL: DO PROGRAMA ECONÓMICO DA REGENERAÇÃO À CRISE DO FINAL


DO SÉCULO (1852-1891)
DOC. 1 – AS VANTAGENS DAS VIAS
FÉRREAS (1852)
Atendendo a que no geral e progressivo
desenvolvimento que as vias férreas vão tendo
em diversos países, é de absoluta e instante
necessidade que Portugal siga o mesmo
exemplo, a fim de colher os imensos benefícios,
que somente por tal meio se podem hoje
alcançar; e considerando mais particularmente
as vantagens que resultariam da construção de
uma linha de caminho de ferro que, partindo de
Lisboa para a fronteira do reino vizinho, venha a
ligar Portugal com o resto da Europa, da qual se
acha quase isolada, e fazê-lo participante dos
benefícios da moderna civilização, cuja marcha
só então poderá acompanhar […].
Diário do Governo, n.º 107, 7 de maio de 1852.

DOC. 2 – O MANIFESTO-PROGRAMA DO PARTIDO REPUBLICANO PORTUGUÊS (1891)


Na expetativa de uma tremenda catástrofe nacional (perda de colónias, consignação dos rendimentos públicos a
sindicatos estrangeiros […], importa que a nação tenha um Partido seu, que pugne pela sua dignidade e
independência, tirando da civilização moderna as bases de uma nova reorganização política. Esta convicção tem
sido o estímulo para a formação […] do Partido Republicano Português, que se desenvolve na razão direta do
desalento público e da propagação do moderno saber […]. Para que esse partido use da força de que dispõe, é
preciso que tenha a clara inteligência da situação que a nação portuguesa atravessa neste momento. […] A data
afrontosa – 11 de janeiro de 1890 – não poderá mais ser esquecida; porque pelo facto abrupto a que está ligada e
pelas suas consequências, fixa o momento da convulsão profunda e da crise decisiva em que se acha a nação
portuguesa. […] O facto brutal […] de 11 de janeiro, que é uma desonra para a diplomacia europeia, que deixou um
pequeno Estado ao abandono, diante do arbítrio de uma potência mercantil, […], esse facto veio evidenciar […]:
Que a monarquia é incapaz de manter a integridade do território português e a dignidade da sua autonomia; que os
governos monárquicos que se têm sucedido no poder […] esgotaram […] as forças económicas deste país,
deixando-o desarmado e sem recursos para uma resistência natural contra a mais leve agressão estrangeira; e, por
último, que os partidos monárquicos, que monopolizam a governação, dando as provas […] de absoluta
incapacidade governativa […].Diante deste quadro de decomposição, é preciso ver claro. A monarquia […], não tem
apoio moral; mantém-se apenas pela indiferença geral. […] O que é a República, senão uma nacionalidade
exercendo por si mesmo a própria soberania, intervindo no exercício normal das suas funções e magistraturas? No
estado atual da crise só existe uma solução nacional, prática e salvadora – a proclamação da República.
Lisboa, 11 de janeiro de 1891.
O Diretório do Partido Republicano Português,
O Século, 12 de janeiro de 1891, pp. 1-2.

1. Explicite, a partir do documento 1, três transformações que marcaram a obra da Regeneração.


2. Nomeie o ministro associado à política de melhoramentos materiais da Regeneração.
3. Assinale a opção correta que designa “o facto brutal […] de 11 de janeiro” referido no
documento 2:
(A) Revolta da Janeirinha.
(B) Adiantamentos à Casa Real.
(C) Regicídio.
(D) Ultimato inglês.

4. Explicite, com base no documento 2, três dos problemas que afetavam a situação política de
Portugal no final do século XIX.

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5. Transcreva a afirmação do documento 2 que traduz o conceito de República por oposição ao de
monarquia.

GRUPO IV – OS CAMINHOS DA CULTURA E DA ARTE NA VIRAGEM PARA O SÉCULO XX

DOC. 1 – OS PROGRESSOS CIENTÍFICOS


A grande mudança que se vive no presente é considerável e é, só por si, espantosa e importante para justificar a
denominação de “século maravilhoso” […]. Depois de termos completado o esboço das descobertas práticas e da
generalização da ciência que transformaram profundamente a nossa civilização […] estamos em posição de
destacar algumas das conquistas […].
1 – o caminho de ferro, que revolucionou a forma de viajar e a distribuição dos bens; 2 – a navegação a vapor que
conseguiu o mesmo no domínio dos oceanos e que permitiu a reconstrução da marinha pelo mundo; 3 – o telégrafo
elétrico que permitiu uma revolução ainda maior na comunicação dos pensamentos; 4 – o telefone que transmite, ou
antes reproduz a voz à distância […]; 12 – o uso da anestesia que permite a operação sem dor […].
Alfred Russel Wallace, The Wonderful Century, 1899.
DOC. 2 – UMA FORMA DE ARTE
SOFISTICADA DOC. 3 – O NATURALISMO EM PORTUGAL

Silva Porto, Guardando o rebanho,


Alphonse Mucha, Cartaz Publicitário, 1893.
1896.

1. Nomeie a corrente artística presente no documento 2.

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2. Associe os elementos relacionados com a cultura no final do século XIX, presentes na coluna A,
à designação correspondente, que consta na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(A) Designa o movimento artístico do século XIX que se opõe ao realismo, procurando (1) Modernismo
captar os efeitos da atmosfera e da luz na tela e que se destaca pela mistura das cores
no olhar. (2) Positivismo

(B) Designa o movimento literário e artístico no final do século XIX que centra a atenção (3) Arte Nova
na interioridade da obra, nos seus signos e na subjetividade.
(4) Cientismo
(C) Designa a corrente de pensamento que defende que todo o conhecimento científico é
alcançado através da observação e da experiência. (5) Impressionismo

(D) Designa o movimento literário e artístico do século XIX que capta, de modo objetivo e (6) Naturalismo
rigoroso, a realidade, opondo-se à subjetividade do romantismo.
(7) Realismo
(E) Designa a crença na ciência como chave do progresso e da felicidade, na medida em
que considera os benefícios da humanidade como consequência da ciência. (8) Simbolismo

3. Refira três características da pintura naturalista de Silva Porto.

FIM
I.1 I.2 II.1 II.2 II.3 II.4 II.5 III.1 III.2 III.3 III.4 III.5 IV.1 IV.2 IV.3 TOTAL
5 20 5 5 10 10 50 20 5 5 20 10 5 10 20 200

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