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Osteoartrite Idiopática Generalizada

Caracteriza-se comprometimento poliarticular, tendência à simetria, preferência


feminina (10:1), faixa etária 50-60 anos, com possível ligação genética com o HLA-A1-
B8. Na maioria dos pacientes são encontrados nódulos de Heberden e Bouchard,
rizartrose, OA vertebral, de joelhos, metatarsofalangianas do 1° dedo e, menos
frequentemente, coxofemorais. VHS está discretamente elevada e o fator reumatoide não
está presente. Na patogenia desta doença sugere-se participação de fatores imunes e
cristais.
Osteoartrites Centrais
Instala-se tanto no disco vertebral, quanto nas articulações apofisárias, com
predomínio no sexo masculino, entre 40-60 anos. Geralmente a dor é moderada e
localizada. Mas pode se tornar grave e irradiada quando há compressão de raízes nervosas
em seu trajeto interdiscoapofisário, produzindo dores de diferentes padrões, de acordo
com o segmento afetado. A dor exacerba-se com o movimento e melhora com o repouso.
Coluna Cervical
Os segmentos C5-C6 e C6-C7 são os mais comprometidos porserem também os
mais submetidos ao estresse. A dor é espontânea ou provocada por movimentos do
pescoço. A distribuição dos sintomas de origem radicular varia de acordo com a área
inervada pela raiz comprometida, podendo ocorrer cefaleias, nucalgias, torcicolos,
nevralgias cérvico-occipitais e dores cervicais e dos membros superiores (C4 a C7), sendo
a nevralgia cervicobraquial a mais importante. A luxação atlantoaxial anterior não
traumática pode surgir.
Há também sintomas de origem vascular configuram a Síndrome de Insuficiência
Vertebrobasilar, caracterizada por escurecimento da visão, diplopia, ptose palpebral e
vertigem, frequentemente desencadeadas por extensão do pescoço, confusão mental
temporária ou perda da consciência, alterações vagas da personalidade, hemiparesias e
hemiplegias que poupam a face, disfagia, disartria, cefaleia em casquete,
zumbidos, apitos, hipoacusia ou surdez brusca, uni ou bilateral do tipo perceptivo,
perturbações vegetativas (sudorese, vômitos, náuseas, bocejo ou soluços, curto período
de apneia ou sonolência).
A compressão do esôfago e da traqueia gera rouquidão, tosse, discreta dor
cervical, irradiando-se para os ouvidos, e disfagia. Por fim, contribuição psicogênica no
desencadeamento e manutenção dos sintomas cervicais é indiscutível.

Coluna Toráxica

É um dos segmentos mais precocemente atingidos pela osteoartrite, contudo é o


que mais raramente produz sintomas. As articulações costovertebrais e costotransversais
tem maior importância na gênese de sintomas por conta de suas relações com os nervos
vertebrais. Contudo, manifestações da osteoartrites nessas áreas são raras e devem ser
pesquisados diagnósticos diferenciais.

Coluna Lombar
O quadro doloroso varia de acordo com o nível de instalação das lesões, devido a
degeneração discal e das pequenas articulações apofisárias. A lombalgia e a
limbociatalgia são as manifestações mais comuns.

Diagnóstico e Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico é clinico e radiológico. As radiografias convencionais continuam


sendo o método mais simples e adequado para se estabelecer o diagnóstico de OA,
determinar sua extensão e gravidade, monitorizar sua progressão e escolher os candidatos
à cirurgia reconstrutora. Com ajuda da radiologia pode-se encontrar achados
característicos da doença: proliferação óssea na margem articular (osteófitos), diminuição
assimétrica do espaço articular, esclerose do osso subcondral, pseudocistos, colapso
ósseo, corpos livres, deformação óssea.
Não existe nenhum exame laboratorial para diagnóstico. O líquido sinovial é
normalmente classificado como não inflamatório, mas contém frequentemente
componentes da matriz cartilaginosa e cristais, podendo mostrar algumas evidências de
líquido inflamatório.
O Colégio Americano de Reumatologia (ACR) estipulou critérios de classificação
da OA dos joelhos, coxofemorais e mãos. Estes critérios estão demonstrados abaixo:
Tratamento

Os objetivos básicos do tratamento da osteoartrose são alívio dos sintomas,


recuperação funcional e retardo ou bloqueio da evolução da doença e regeneração dos
tecidos lesado. Assim o tratamento para a osteroartrite pode ser dividido em
medicamentoso e não-medicamentoso.

Tratamento não-medicamentoso

- Educação e apoio psicológico – são importantes para que o paciente compreenda sua
doença e como será sua evolução, bem como seu enfrentamento de forma a ter boa
qualidade de vida.
- Exercícios e repouso – deve-se haver um equilíbrio entre estas práticas, lembrando
sempre que atividade equilibrada e os exercícios são imprescindíveis para a manutenção
e recuperação da amplitude dos movimentos e a prevenção e recomposição das
atrofias musculares. Os exercícios devem ser diários e progressivos e a o tipo que cada
paciente pode realizar é específico para cada caso.
- Atividades da vida diária e ocupacionais – deve se aconselhar quanto as posturas
durante tais atividades, com instruções quanto à maneira de sentar, caminhar, carregar
objetos pesados etc., de acordo com a localização do processo.
- Proteção articular - são um conjunto de orientações que visam: a transferência da carga
para articulações maiores; evitar o uso das articulações afetadas; e distribuir os esforços
bilateralmente.
- Dieta e obesidade - obesidade apresenta nítida relação tanto no aparecimento quanto na
evolução da degeneração da cartilagem do joelho, de modo que é fundamental, nesses
casos, levar o peso do paciente ao nível mais próximo possível do ideal, pois a redução
da carga atenua a instabilidade articular e diminui a dor.
- Órteses - calçados com solado anti-impacto, bengalas e palmilhas são medidas auxiliares
de valia na redução dos sintomas e progressão da osteoartrite nas articulações de carga.

Tratamento farmacológico

- Fármacos sintomáticos de curta duração - são utilizados analgésicos,


antiinflamatórios não-hormonais (AINHs) e opioides. É indicado o uso inicial de
acetaminofeno para pacientes com dor leve à moderada, ou como opção codeína e
tramadol. A utilização de AINHs se justifica pela presença de algum grau de inflamação
no processo artrósico. O uso tópico de anti-inflamatórios e analgésicos pode aliviar
eficazmente a dor da OA, principalmente de mãos e joelhos. Não há razão para indicação
de corticosteroides sistêmicos, a não ser em situações excepcionalíssimas.

- Fármacos de ação lenta - nesse grupo incluem-se os fármacos sintomáticos de ação


lenta e aqueles com potencial modificador do curso de doença. esse grupo
incluem-se a diacereína (atua mediante diminuição da quantidade de receptores de IL-1
em condrócitos - reduzindo a síntese de metaloproteases e elevando a produção de
colágeno e proteoglicanos), o sulfato de glicosamina (tem potencial modificar de doença),
o sulfato de condroitina (tem efeitos de inibição da síntese de IL-1 e efeitos anabólicos
sobre a matriz cartilaginosa), os extratos não saponificados de soja e abacate (inibem a
IL-1 e estimulam a síntese de colágeno), o hialuronato e a cloroquina (inibem a IL-1 e
estimulam a síntese de colágeno).

- Medicação intra-articular – uma opção é a viscossuplementação com o ácido


hialurônico que dentre suas ações destaca-se o efeito estimulador na produção de ácido
hialurônico pela própria articulação. Há também indicação de infiltrações com
corticoides, sendo o hexacetonido indicado, sobretudo nos casos de persistência de
sintomas, principalmente exuberância de sintomas inflamatórios, mesmo com o uso de
outras medicações.

- Cirurgia – pode ser indicada quando o tratamento conservador se mostrar ineficaz,


sobretudo em pacientes com dor prolongada ou permanente ou naqueles que começam a
desenvolver deformidades fixas ou perda da função articular. Sendo que o procedimento
variam de acordo com a articulação acometida e o grau de lesão. Podem ser realizadas
osteotomias a fim de corrigir deslizamento articular e evitar concentração de cargas;
artroplastias totais são reservadas para estágios mais avançados da doença; irrigação
salina, sobretudo no joelho, removendo os restos cartilaginosos e outros materiais da
articulação; debridamento artroscópico, com remoção de corpos soltos e fragmentos da
articulação também tem sido utilizado no tratamento das osteoartrite.

Condutas especiais
- Medidas especiais para osteoartrites do joelho - evitar porte de objetos pesados, evitar
caminhadas excessivas, não caminhar em superfícies irregulares, evitar subida e descida
constante de escadas, evitar atividades com longa permanência em pé, uso contralateral
de bengala nas unilaterais, muleta ou andador nas bilaterais; emagrecimento; realizar
exercícios isométricos para quadríceps; evitar evolução em flexão do joelho; se houver
sinovite: gelo, contraindicar calor; dentre outras.
- Medidas especiais para osteoartrites das mãos – Para os nódulos de Heberden e
Bouchard: evitar atividades traumatizantes (profissionais ou domésticas), banhos de
contraste térmico, creme à base de capsaicina a 0,025%.
- Medidas especiais para osteoartrites coxofemoral - evitar porte de objetos pesados,
evitar caminhadas excessivas, não caminhar em superfícies irregulares, evitar subida e
descida constante de escadas, evitar atividades com longa permanência em pé, uso
contralateral de bengalas nas unilaterais, muleta ou andador nas bilaterais.
Emagrecimento para obesos.

Profilaxia e prognóstico

Identificação de vários fatores de risco para a OA, alguns dos quais modificáveis
ou tratáveis - como obesidade, estresse mecânico, trauma articular, desordens congênitas
ou de desenvolvimento de ossos e articulações, afecção inflamatória articular precedente,
doenças endócrinas e metabólicas, incluindo a condrocalcinose – pode trazer benefícios
para os pacientes. O prognóstico varia com a articulação, sendo o acometimento dos
joelhos e coxofemorais as mais incapacitantes.
Referência

Reumatologia: diagnóstico e tratamento / organizadores Marco Antonio P. Carvalho


[et al.]. - 4. ed. -São Paulo: AC Farmacêutica, 2014.

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