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POLÍTICAS

EDUCACIONAIS E
ORGANIZAÇÃO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA
PROFESSORAS

Dra. Mara Cecília Rafael Lopes


Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza
Me. Caroline Mari de Oliveira
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


OLIVEIRA, Caroline Mari de; LOPES, Mara Cecília Rafael; SOUZA, Vânia de
Fátima Matias de.
Políticas Educacionais e Organização da Educação Básica. Caroline
Mari de Oliveira; Mara Cecília Rafael Lopes; Vânia de Fátima Matias de
Souza.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2018.
242 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Educação Básica. 2. Política . EaD. I. Título.
CDD - 22ª Ed. 379
CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Direção Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin, Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho,
Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha, Direção de Operações Chrystiano Mincoff,
Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção
de Relacionamento Alessandra Baron, Gerência de projetos especiais Daniel F. Hey, Supervisão do
Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Contéudo Mara
Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva,
Designer Educacional Lilian Vespa, Qualidade Textual Hellyery Agda, Ilustração Bruno Pardinho,
Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Diretoria Operacional de Ensino

Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autoras

Professora Doutora
Mara Cecília Rafael Lopes
Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2016). Mestre
em Educação pela UEM (2009). Graduada em Educação Física pela Universidade
Estadual de Maringá (1996). Graduada em Pedagogia pela Unicesumar (2016). Co-
ordena o curso de Educação Física Licenciatura e Bacharelado na EAD Unicesumar.
Tem experiência na área de Educação e Educação Física, investigando, principal-
mente, nos seguintes temas: políticas públicas educacionais, financiamento da
educação e as políticas públicas de esporte e lazer.
Link: <http://lattes.cnpq.br/5472896495130234>.

Professora Doutora
Vânia de Fátima Matias de Souza
Possui Doutorado em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação
pela Universidade Estadual de Maringá-UEM (2014); Mestrado em Educação Física
pela Universidade Estadual de Maringá (2009); graduação em Pedagogia pela Fa-
culdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí (2000) e graduação
em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (2000). É professora
Adjunta do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá;
Professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual
de Maringá; Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física Escolar
(GEEFE/CNPq) e tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação
Física Escolar, atuando principalmente nos seguintes temas: infância, trabalho
docente, formação profissional e políticas públicas.
Link: <http://lattes.cnpq.br/7642081335847897>.

6
autoras

Professora Mestre
Caroline Mari de Oliveira
Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Univer-
sidade Estadual de Maringá (2013). Especialista em Docência do Ensino Superior
pela Faculdade Tecnológica América do Sul (2012). Graduada em Pedagogia pela
Universidade Estadual de Maringá (2010). Atua como Professora no curso de Peda-
gogia da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT - campus de Sinop/MT.
É Professora orientadora do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Docência
do Ensino Superior, Educação a Distância e Novas Tecnologias e Gestão Educacio-
nal na modalidade a distância (UNICESUMAR) (desde 10/2013). Pesquisadora do
Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas e Gestão Educacional (GEPPGE/CNPq)
(desde 2008). Revisora de periódicos da Revista Cadernos de Pedagogia da UFSCar
(desde 06/2014) e parecerista ad hoc da Revista Eventos Pedagógicos - UNEMAT/
Sinop (desde 05/2015). Atua e pesquisa nas áreas de Políticas e Gestão Educacional;
Educação do, no e para o Campo; Movimentos Sociais e Educação; Organização da
Educação Brasileira; Avaliação da Aprendizagem; EAD e Novas Tecnologias; Me-
todologia e Técnica de Pesquisa. Tem experiência na Educação Básica; no Ensino
Superior e na Pós-Graduação na modalidade presencial e a distância.
Link: <http://lattes.cnpq.br/2216258795802689>.

7
apresentação

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA


EDUCAÇÃO BÁSICA

Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) aos estudos sobre Políticas Educacionais
e Organização da Educação Básica. Este livro foi organizado de modo especial
para você que, no nosso entendimento, tem buscado com excelência compreen-
der os desafios que envolvem o setor educacional e que influenciam no processo
de ensino-aprendizagem das modalidades de ensino.
Agora pare e responda: o que vem à sua mente quando você pensa em políti-
ca? E Política Pública Educacional? Supomos, pela nossa caminhada na docência,
que muitos adjetivos negativos possam ter invadido seu pensamento, como: difí-
cil, chato, complicado; ou algumas imagens, como: livros de legislação, Brasília,
Câmara dos Deputados, alguns políticos. Em geral, o tema leva a nos sentirmos
incomodados, pois sabemos que o pleno exercício da cidadania pressupõe o co-
nhecimento das políticas públicas.
Apesar de alguns incômodos com o tema, é bom lembrar que o conheci-
mento sobre as políticas educacionais é urgente e que, a partir de nosso estudo
e discussão na disciplina, teremos condições mais efetivas de participar das po-
líticas educacionais, de cobrar com propriedade as prescrições da legislação, de
aprimorar os processos participativos na escola, no município, assim como nos
âmbitos estadual e federal.
A educação e a política são distintas e possuem especificidades, porém são
inseparáveis. A educação depende, para sua materialização, do aporte legal, de
financiamento, infraestrutura, plano de educação, entre outros. A política e sua
prática dependem da educação para a formação de cidadãos, acesso à informa-
ção, desenvolvimento da consciência ecológica, prevenção de doenças, efetivação
da democracia, divulgação de propostas políticas, entre outros.
Esses comentários, caro(a) aluno(a), foram propositais, para percebermos
que a educação perpassa a política e vice versa. Assim, necessitamos de seu co-
nhecimento para completar nossa formação, pois a fim de formarmos cidadãos
temos, antes, que ser cidadãos; exercer a cidadania para além do ato de votar;
participar ativamente das discussões e debates sobre a política educacional, das
instâncias colegiadas, num processo constante de luta por direitos.
EDUCAÇÃO FÍSICA

Lembremos que o fato de a cidadania estar em constante mudança é um fe-


nômeno histórico, pois, a partir das reivindicações dos direitos, da participação
na formulação, implementação e avaliação das políticas, em períodos específicos,
o exercício da cidadania se modifica.
Nesse sentido, caro(a) aluno(a), nosso objetivo é levá-lo(a) a um estudo
sistematizado acerca do universo das Políticas Educacionais e Organização da
Educação Básica, por meio das reflexões que partem das análises e correlações
da história política da sociedade para com as ações e organizações no sistema
educacional, para que você possa pensar nas ações e sobre as ações cotidianas, re-
sultantes dos desafios escolares encontrados, a fim de que possa, assim, ser auxi-
liado na busca por alternativas e possibilidades reais de uma atuação que permita
desenvolver suas potencialidades de forma autônoma.
Este livro é composto por uma introdução, seguida de cinco unidades crite-
riosamente analisadas e selecionadas para dar sustentação a presente discussão:
Na Unidade I, você trabalhará com o tema “política educacional – conceitos
e contextos”, cujos conteúdos de destaque são os conceitos de Estado, governo
e de políticas públicas educacionais. Além disso, apresentaremos apontamentos
históricos relacionados às Políticas Públicas para a Educação Básica.
Na Unidade II, com o tema “aspectos legais das políticas educacionais”, o foco
será a Constituição Brasileira, principalmente o Capítulo II que trata da Educa-
ção, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (com atualizações)
e o Financiamento da Educação.
A Unidade III, com o tema “sistema educacional brasileiro: níveis, moda-
lidades e os desafios centrais da organização e estrutura da educação escolar”,
tem enfoque central nas questões políticas estruturais da educação nacional nas
delimitações dos níveis e modalidades de ensino.
A Unidade IV, com o tema “avaliação no sistema educacional brasileiro” ver-
sará sobre as principais formas de avaliação do Sistema Educacional, destacando
a atuação do Inep, as avaliações nacionais (Ideb, Saeb, Encceja, Enem, Sistema de
Avaliação do Ensino Superior) e as avaliações internacionais.

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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Na Unidade V, a última, o tema será o “Plano Nacional de Educação (2014-


2024)”, com enfoque central nas metas e estratégias estabelecidas para a educação
nacional, contemplando os níveis e modalidades da educação.
Por fim, lembre-se, caro(a) aluno(a), que o texto apresentado não esgota
todas as possibilidades de pensar e refletir sobre as temáticas abordadas, mas
iniciará momentos importantes e oportunos para a compreensão das análises
realizadas acerca das temáticas propostas. Para tanto, cumpre destacar que, ao
final de cada unidade, você encontrará uma análise do texto, a fim de facilitar
seus estudos e compreensão.
Caro(a) aluno(a), como você pôde refletir acerca das Políticas Educacionais
e Organização da Educação Básica, sua ação vai além do saber fazer ou do sa-
ber exclusivamente técnico-instrumental, uma vez que os saberes historicamente
produzidos devem constituir uma ação conjunta, um trabalho coletivo, estabele-
cido entre todos os sujeitos pertencentes ao cenário.
Por essa razão, acreditamos que o pedagogo deve conhecer e promover espa-
ços para o pensar acerca de todos os aspectos políticos e sociais que circunscre-
vem o cenário da educação, haja vista que é nesse espaço que estamos formando
o homem, o cidadão, o trabalhador, o sujeito que poderá intervir e mudar o con-
texto socioeconômico no qual se encontra inserido, transformando as relações
sociais estabelecidas e os contextos neles circunscritos.
Com esse pensamento, iniciaremos nosso trabalho. Tenha uma ótima leitura
e não se esqueça de que esse é só o seu primeiro passo no campo das políticas e da
organização do sistema educacional. Faça outras viagens, teça outras teias e con-
solide seu conhecimento no campo da formação humana. Vamos aos estudos!

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sum ário

UNIDADE I
POLÍTICA EDUCACIONAL CONCEITOS E CONTEXTOS
16 Estado, Governo e Políticas Públicas: Concepções e Princípios
22 Reforma da Educação a Partir de 1990 e o Neoliberalismo
30 Organizações Internacionais: Propostas para a Educação Brasileira

UNIDADE II
ASPECTOS LEGAIS DA POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA
48 A Educação na Constituição Federal de 1988
58 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996
72 Financiamento da Educação

UNIDADE III
SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO: NÍVEIS, MODALIDADES E OS DESAFIOS
CENTRAIS DA ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR
92 Níveis da Educação Escolar no Brasil: Educação Básica e Educação Superior
114 Modalidades da Educação Nacional

UNIDADE IV
AVALIAÇÃO NO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO
150 Avaliação no Sistema Educacional Brasileiro: Um Foco na Educação Básica
162 INEP e as Avaliações Nacionais da Educação Básica: SAEB - IDEB; ENEM E ENCCEJA
168 Sistema de Avaliação do Ensino Superior: SINAES
172 Avaliações Internacionais

UNIDADE V
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2014-2024)
188 A Estrutura do PNE (2014-2024), Aspectos Legais e Históricos
192 Metas do Pne (2014-2024) com Foco Para a Educação Básica e Suas Modalidades

207 Anexo
241 Conclusão Geral
POLÍTICA EDUCACIONAL
CONCEITOS E CONTEXTOS

Professora Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza


Professora Dra. Mara Cecilia Rafael Lopes
Professora Me. Caroline Mari de Oliveira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Estado, governo e políticas públicas: concepções e
princípios
• Reforma da educação a partir de 1990 e o neoliberalismo
• Organizações internacionais: propostas para a educação
brasileira

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender os conceitos primários da organização das
políticas públicas no Brasil: Estado, governo, sociedade e
políticas públicas.
• Analisar as influências do neoliberalismo na educação
brasileira a partir da Reforma Educacional iniciada na
década 90.
• Compreender as propostas para a educação das
organizações internacionais na educação brasileira.
unidade

I
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Políticas
Educacionais e Organização da Educação Básica. Estamos ini-
ciando a discussão de um tema relevante e significativo para a
prática docente e para as relações cotidianas estabelecidas no
diálogo com o campo da educação básica.
Nesta unidade, trataremos dos conceitos e das relações entre sociedade,
Estado e educação, as perspectivas e influências neoliberais nas políticas
nacionais e as interferências das organizações internacionais na educação
brasileira. Apresentamos vários termos utilizados na política educacional,
assim como a ambiguidade de seus significados: desenvolvimento huma-
no ou desenvolvimento de capital humano? Educação integral ou, apenas,
mais tempo na escola? Participação da sociedade na educação ou dimi-
nuição da responsabilidade do Estado com a educação? Formação para o
trabalho ou para a cidadania? Igualdade ou equidade? Políticas públicas ou
projetos e programas? Regime de colaboração ou responsabilização social?
Amigos da escola ou assistencialismo? Calma, discutiremos esses e outros
assuntos, mas, antes, iniciaremos com alguns apontamentos históricos
para perceber avanços e retrocessos na política educacional no Brasil.
Participar da política educacional inicia com o processo de conhecer,
ler, discutir, analisar e assumir para si a responsabilidade de contribuir
para uma educação democrática, pois a escola não nasceu democrática, e
para torná-la, necessitamos estudar, participar e lutar por uma sociedade
e uma educação democrática.
Traremos uma análise do estudo analítico das políticas educacionais
no Brasil com destaque para a política educacional no contexto das po-
líticas públicas sociais, bem como a organização dos sistemas de ensino,
considerando as peculiaridades nacionais e os contextos internacionais,
incorporação dos ideais neoliberais no Brasil, impasses e perspectivas
das políticas atuais em relação à educação.
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Estado, Governo e
Políticas Públicas:
Concepções e Princípios

16
EDUCAÇÃO FÍSICA

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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Para compreender as políticas públicas para a edu- entanto, isso não significa que antes da formação do
cação, assim como a estrutura e organização da edu- Estado moderno, não existissem outras formas de
cação básica, necessitamos entender a relação entre governo e de poder. Não há uma definição única de
sociedade, Estado e educação. Cabe lembrar que a Estado, há vários autores, cada um com uma con-
análise da educação parte do exame do contexto em cepção diferente.
que ela está inserida. Trataremos, então, de alguns Sendo assim, trataremos acerca de duas visões
conceitos e definições. de Estado: uma pela perspectiva da burguesia e ou-
Caro(a) aluno(a), cabe aqui uma importante tra pela teoria do materialismo histórico, pois cada
pergunta: em que Estado a política e a legislação qual configura a educação a partir de concepções
educacional foram pensadas? próprias. Contudo, “Deve ficar claro que qualquer
O conceito de Estado, na forma como o entende- tentativa de definir liberalismo é como buscar um
mos hoje, é recente, uma definição moderna. Nem alvo móvel. O significado de “liberalismo” muda não
sempre o Estado, do modo como o conhecemos, apenas como o seu nível de abstração e com o passar
existiu. Foi apenas no início da Idade Moderna (sé- do tempo, mas também de país para país” (BOTTO-
culos XVI-XVII) que tornou-se uma realidade; no MERE; OUTHWAITE, 1996, p. 420).

Quadro 1 - Perspectivas teóricas liberais e materialistas

Teorias com enfoque liberal Teorias com enfoque no Materialismo Histórico


• Baseiam-se numa interpretação feita pela burguesia • Baseiam-se na tese de que o modo de produção - a
nos diferentes momentos da história do capitalismo. economia - determina o modo como se vive e se
• Consideram que o Estado é neutro e está acima dos organiza a vida social. Fundamentam-se em uma
interesses das classes sociais. concepção de sociedade dividida em classes antagô-
• Objetivo do Estado: a realização do bem comum nicas, com interesses divergentes.
e o aperfeiçoamento do organismo social no seu • Negam a ideia de um Estado neutro, voltado para o
conjunto. bem comum.
• O foco é no indivíduo, proteger a liberdade pessoal e • Apenas no nível aparente, os interesses do Estado
manter a liberdade econômica individual. apresentam-se como interesses universais, de todo o
• O Estado melhor é um Estado menor, chamado de corpo social.
“Estado mínimo”, pois o melhor regulador da ativida- • Esse enfoque constitui-se, desse modo, numa crítica
de econômica é o mercado. ao enfoque liberal de Estado.
• Na área social, sustenta a tese de que é a iniciativa • Assume a forma da vontade dominante, ao consti-
privada que deve prover os serviços da educação, tuir-se como o resultado do modo material de vida
da saúde, do trabalho, da seguridade social, entre dos indivíduos.
outros. • A educação fundamenta-se em estabelecer a ligação
orgânica entre a prática e a teoria, no princípio da
plena realização humana - homem omnilateral (na
qual harmoniza “tempo de trabalho” e “tempo livre”).
Fonte: as autoras.

18
EDUCAÇÃO FÍSICA

Nesse sentido, o Estado capitalista desenvolve, como ações durante certo período. O governo é transitório,
parte da sua função, a manutenção da ordem interna, formado por grupos que se alternam no poder e “[...]
a garantia do direito à propriedade e os contratos esta- assume e desempenha as funções de Estado por um
belecidos no mercado. Poulantzas (2000) aponta que determinado período” (HÖLFLING, 2001, p. 31).
o Estado não pode ser visto como um poder externo
imposto à sociedade, ele é um produto de uma so- O Estado não pode ser reduzido à burocracia
pública, aos organismos estatais que concebe-
ciedade em determinado estágio de desenvolvimento.
riam e implementariam as políticas públicas.
Os dois conceitos de visão do Estado estão pre- As políticas públicas são aqui compreendidas
sentes nas políticas educacionais em um palco de como as de responsabilidade do Estado – quan-
disputas pela hegemonia do Estado. to à implementação e manutenção a partir de
um processo de tomada de decisões que envol-
vem órgãos públicos e diferentes organismos
Dessa forma, a educação escolar no contexto
e agentes da sociedade relacionados à política
capitalista monopolista pode contribuir tan-
implementada. Neste sentido, políticas públi-
to para a reprodução das relações sociais de
cas não podem ser reduzidas a políticas estatais
produção como para transformá-la. As pro-
(HÖLFLING, 2001, p. 34, grifos nossos).
postas educacionais são elaboradas, portanto,
tanto na ótica do capital como na do trabalho
(NEVES, 2010, p. 208). Em geral, dizemos que as políticas de Estado são for-
temente institucionalizadas, conseguem ultrapassar
Segundo Christopher Ham e Michael Hill (1993), o o período de um governo e são de difícil mudança.
Estado pode ser definido tanto a partir das institui- As políticas de governo não são tão fortes em sua
ções quanto das funções que as instituições desem- institucionalização e possuem menor durabilidade.
penham. As instituições constitutivas do Estado são O conceito de Estado é fundamental, pois nos per-
os órgãos encarregados de suas funções executivas, mite exercer a crítica à medida que compreendemos
legislativas e judiciárias: Ministérios, Secretarias e suas contradições. Como esclarece Bourdieu (1996),
Departamentos governamentais; Assembleias parla- o Estado é dotado de “mão direita” (defensora dos
mentares e instituições subordinadas voltadas à ela- interesses privados) e “mão esquerda” (interesses
boração de leis; e todo o sistema de cortes judiciais e públicos e sociais).
órgãos associados, responsáveis por obrigar o cum- O que podemos observar, nesse sentido, é que
primento da lei e por aperfeiçoá-la. O Estado, nesse temos um Estado que age, de forma significativa,
sentido, se constitui de instituições permanentes, atendendo ora às necessidades provenientes da so-
órgãos legislativos, tribunais, Exército, entre outros. ciedade civil, ora às demandas mercadológicas e/ou
O Estado pode ser definido como o “[...] conjun- da globalização, para estabelecer as diretrizes e leis
to de instituições permanentes [...] que possibilitam que vão normatizar as relações que são estabelecidas
a ação do governo” (HÖLFLING, 2001, p. 31). Ne- no contexto educacional, no que se refere ao finan-
cessitamos, assim, de uma conceituação de governo: ciamento, como na gestão e administração escolar.
grupo responsável pelo planejamento e condução de Agora sim, caro(a) aluno(a), podemos definir
determinadas políticas e do conjunto de programas e políticas públicas:

19
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Políticas públicas são aqui entendidas como o E políticas sociais se referem a ações que deter-
“Estado em ação”; é o Estado implantando um minam o padrão de proteção social implemen-
projeto de governo, através de programas, de tado pelo Estado, voltadas, em princípio, para
ações voltadas para setores específicos da socie- a redistribuição dos benefícios sociais visando
dade (HÖLFLING, 2001, p. 31). a diminuição das desigualdades estruturais
produzidas pelo desenvolvimento socioeconô-
mico. As políticas sociais têm suas raízes nos
Então, políticas públicas sempre viriam do Esta- movimentos populares do século XIX, voltadas
do ou governo? As políticas públicas são autua- aos conflitos surgidos entre capital e trabalho,
das pelo governo quanto à sua implementação e no desenvolvimento das primeiras revoluções
industriais (HÖLFLING, 2001, p. 31).
manutenção, mas emergem da sociedade, dos pro-
blemas ou demandas que podem ser econômicos,
políticos ou de bem-estar. As políticas públicas Políticas educacionais são aqui entendidas como
são o resultado de uma interação complexa entre o processo que envolve negociação e luta entre
o Estado e a sociedade. diferentes grupos, configuradas no âmbito da in-
ternacionalização do capital. Portanto, para com-
O processo de definição de políticas públicas preendermos políticas educacionais, é necessário
para uma sociedade reflete os conflitos de inte-
analisarmos o projeto social do Estado. A educa-
resses e os arranjos feitos nas esferas de poder
que perpassam as instituições do Estado e da ção, como parte da política social, é apresentada
sociedade como um todo. Um dos elementos com uma aparência humanitária com apelo ao
importantes deste processo diz respeito aos voluntariado, o que mistifica a própria educação
fatores culturais, àqueles que, historicamente, como um direito social de todos.
vão construindo processos diferenciados de
É importante entendermos o significado da
representações, de aceitação, de rejeição, de in-
corporação das conquistas sociais por parte de educação, já que, para Ney (2008, p. 16), “a educa-
determinada sociedade. ção não é neutra, pois é o Estado ou o educador que
traça valores, princípios, objetivos e políticos espe-
A relação entre sociedade e Estado, o grau
de distanciamento ou aproximação, às for-
rados para a educação!”. Logo, o educador precisa
mas de utilização (ou não) de canais de co- compreender que:
municação entre os diferentes grupos da so-
ciedade e os órgãos públicos – que refletem Visão de mundo: é o conjunto de ideias sobre
e incorporam fatores culturais, como acima o homem, a sociedade, a história e sua relação
referidos – estabelecem contornos próprios social com a sociedade e a natureza. Ela é cons-
para as políticas pensadas para uma socieda- tituída de acordo com a situação e os interesses
de (OFFE 1984, p.41-42). de grupos e classes sociais em que o indivíduo
está identificado. Todos nós temos uma. Valo-
A educação, no campo das políticas públicas, é ca- res: significam princípios, normas ou padrões
sociais aceitos ou mantidos por indivíduos,
racterizada como uma política social:
grupos, classes e sociedades. São padrões éticos
que norteiam nossas vidas. Crenças: são ideias,
pensamentos, dogmas, etc., em que acredita-
mos (NEY, 2008, p. 17).

20
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ressaltamos que a escola é uma instituição social e Escola de qualidade é aquela que possui clare-
que, portanto, recebe diferentes funções de acordo za quanto à sua finalidade social. Percebemos duas
com as diversas concepções de sociedade, em con- forças conflitantes que defendem, respectivamente,
textos históricos diferentes, ou no mesmo contexto; a manutenção ou a transformação social por meio
logo, a compreensão quanto ao papel da escola não da educação. No quadro a seguir, João Ferreira de
é a única que gera diferentes propostas para as polí- Oliveira (2009) aponta as seguintes finalidades para
ticas educacionais. a educação escolar com orientação capitalista-liberal
e pelos movimentos sociais (a maioria da sociedade).

Quadro 2 - Funções da escola pública

Orientação capitalista-liberal Orientação dos movimentos sociais


• Garantir a unidade nacional e legitimar o sistema; • Transformar a sociedade, de modo a eliminar as
• Contribuir com a coesão e o controle social; divisões sociais estabelecidas;
• Reproduzir a sociedade e manter a divisão social; • Desbarbarizar a humanidade, no que concerne aos
• Promover a democracia da representação; seus preconceitos, opressão, genocídio, tortura etc.;
• Contribuir com a mobilidade e a ascensão social; • Conscientizar os indivíduos, tendo em vista uma
• Apoiar o processo de acumulação; formação de sujeitos críticos, autônomos e emanci-
• Habilitar técnica, social e ideologicamente os diver- pados;
sos grupos de trabalhadores para servir ao mundo • Desenvolver uma educação integral, que permita o
do trabalho; desabrochar das potencialidades humanas;
• Compor a força de trabalho, preparando, qualifican- • Apropriar-se do saber social;
do, formando e desenvolvendo competências para o • Formar para o exercício pleno da cidadania.
trabalho;
• Proporcionar uma força de trabalho capacitada e
flexível para o crescimento econômico.
Fonte: Oliveira (2009, p. 238).

Assim, as políticas educacionais precisam ser pen- (OLIVEIRA, 2009, p. 238). Os alunos que possuem
sadas, implementadas e avaliadas com base em um condições materiais aprenderão na escola e fora dela,
projeto social que atenda aos interesses da maioria da pois possuem acesso à cultura, à arte, a livros, cursos,
população, que se efetive como um direito universal viagens, entre outros, mas, “[...] para os trabalhado-
básico e um bem social público. A educação é “con- res, a escola se constitui no único espaço de relação
dição para a emancipação social e deve ser concebida intencional e sistematizada com o conhecimento”
numa perspectiva democrática e de qualidade [...]” (OLIVEIRA, 2009, p. 237, grifos nossos).

21
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Reforma da Educação
a Partir de 1990 e o
Neoliberalismo

22
EDUCAÇÃO FÍSICA

23
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

[...] a reforma do Estado deve ser entendida


A crise econômica mundial, do final dos anos 1970 dentro do contexto da redefinição do papel do
e início dos anos 1980, marca o ponto de partida da Estado, que deixa de ser o responsável direto
ascensão da hegemonia conservadora como força pelo desenvolvimento econômico e social pela
político-ideológica e ocorre a desqualificação dos via da produção de bens e serviços, para for-
talecer-se na função de promotor e regulador
“velhos” ideais com base progressista e socialista e desse desenvolvimento (BRASIL, 1995, p. 12).
a valorização do pragmatismo da vida econômica,
marcada pelas forças do mercado (SHIROMA; MO- No documento citado, a administração pública ge-
RAES; EVANGELISTA, 2007). rencial passa a considerar o cidadão cliente dos seus
No contexto da crise econômica, o Estado é serviços, para isto, exige formas flexíveis de gestão e
responsabilizado, compreendido pelos neoliberais de descentralização. Na busca pela qualidade e efeti-
como burocrático, lento e ineficiente, ou seja, um vidade dos serviços prestados, institui uma avaliação
entrave para o desenvolvimento, o qual, em gran- sistemática dos serviços prestados, como no caso da
de parte, é responsável pela crise, pois atravessa a educação, por meio das avaliações nacionais.
sociedade. Nesse sentido, concluímos que todos os O desenvolvimento deixa de ser um projeto
processos que apresentam obstáculos, controlam ou conduzido apenas pelo Estado-nação e passa ter
suprimem o livre jogo das forças do mercado terão como base o mercado mundial conforme as orien-
efeitos negativos sobre a economia, o bem-estar e tações do Consenso de Washington, que estabelece
a liberdade dos indivíduos. Dessa forma, os neoli- seus dez mandamentos: “disciplina fiscal, priorida-
berais sustentam a ideia de que o intervencionismo des na despesa pública, reforma fiscal, liberaliza-
estatal é antieconômico e antiprodutivo, não só por ção financeira, taxas de câmbio, liberalização do
provocar uma crise fiscal do Estado e uma revolta comércio, investimento estrangeiro direto, priva-
dos contribuintes, mas, sobretudo, porque desesti- tização, desregulamentação e direitos de proprie-
mula o capital a investir. dade” (TEODORO, 2008, p. 25). Em relação ao
Nesse momento, o Estado, a sociedade civil e o Consenso de Washington:
mercado são vistos como parceiros no processo de
desenvolvimento. A estrutura de funcionamento Trata-se dos resultados dos encaminhamentos
tratados nas reuniões de economistas do FMI,
da Reforma do Estado caracteriza-se por meio do
do Bird e do Tesouro dos Estados Unidos re-
processo da reforma dos sistemas de previdência alizadas em Washington D.C. no início dos
social, busca-se racionalizar recursos, diminuindo o anos 1990. Foram provenientes dessas reuniões
seu papel no que tange às políticas sociais; saúde e recomendações dos países desenvolvidos aos
educação; desregulamentação na economia; privati- países em desenvolvimento, para que estes ado-
tassem políticas de abertura de seus mercados
zação; abertura de mercados, procedentes da incor-
(SANDRONI, 1999, p. 123).
poração de diretrizes neoliberais.

24
EDUCAÇÃO FÍSICA

Portanto, o que aparentemente seria uma proposta duos desde que sejam valorizados economicamente
de “Estado mínimo, configura-se como realidade de - uma escola que cada vez mais se insere na ordem
Estado mínimo para as políticas sociais e de Estado competitiva de uma economia globalizada. “Na nova
máximo para o capital” (PERONI et al., 2006, p. 14). ordem educativa que se delineia, o sistema educati-
vo está a serviço da competitividade econômica, está
O Estado é máximo para o capital, porque além estruturado como um mercado deve ser gerido ao
de ser chamado a regular as atividades do ca-
modo das empresas” (LAVAL, 2004, p. 20).
pital corporativo, no interesse da nação, tem,
ainda, de criar um “bom clima de negócios”, O conhecimento passa a ser visto como eixo
para atrair o capital financeiro transnacional da produção, dessa forma, adquire “força produti-
e conter (por meios distintos dos controles de va” quando produzido e incorporado aos processos
câmbio) a fuga de capital para “pastagens” mais produtivos, possibilitando o aumento da produtivi-
verdes e lucrativas (HARVEY, 1989, p. 160).
dade, o rendimento e assegurando a acumulação de
capital. Esses conceitos privados passam, também,
O Brasil, nesse contexto, vem implementando, desde pelo âmbito da educação, no qual a escola privada
a década de 90, políticas de ajustes para se inserir torna-se modelo para a escola pública.
no mundo globalizado. O discurso de modernização
põe em evidência o progresso tecnológico e o cientí- A crise da sociedade capitalista que eclodiu na
década de 1970 conduziu à reestruturação dos
fico, assim como a otimização dos processos produ-
processos produtivos, revolucionando a base
tivos, aliados à implementação de novas formas de técnica da produção e conduzindo à substi-
gestão do trabalho. Esse conjunto de medidas faz-se tuição do fordismo pelo toyotismo. O modelo
presente nas políticas educacionais, no discurso da fordista apoiava-se na instalação de grandes
modernização educativa. fábricas operando com tecnologia pesada de
base fixa, incorporando os métodos tayloris-
Assim, observa-se, nas reformas educacionais,
tas de racionalização do trabalho; supunha a
implementadas na década de 90, a racionalidade estabilidade no emprego e visava à produção
presente na própria reforma do Estado brasileiro. em série de objetos estandardizados, em larga
A reforma educacional teve como principal ob- escala, acumulando grandes estoques dirigidos
ao consumo de massa. Diversamente, o modelo
jetivo a expansão da escolaridade, com foco no
toylorista apoia-se em tecnologia leve, de base
ensino fundamental, por meio de políticas de pla- microeletrônica flexível, e opera com trabalha-
nejamento e financiamento. A etapa da educação dores polivalentes visando à produção de ob-
básica que teve recursos seguros no governo FHC jetos diversificados, em pequena escala, para
atender à demanda de nichos específicos do
foi o ensino fundamental.
mercado, incorporando métodos como o just
A escola republicana francesa, voltada à forma- in time que dispensam a formação de estoques;
ção do cidadão, que destaca o saber não somente requer trabalhadores que, em lugar da estabili-
pelo seu valor profissional, mas por seu valor social, dade no emprego, disputem diariamente cada
cultural e político, está, agora, sendo substituída por posição conquistada, vestindo a camisa da em-
presa e elevando constantemente sua produtivi-
uma escola voltada à formação de “capital humano”,
dade (SAVIANI, 2007, p. 427).
ou seja, de conhecimentos apreendidos pelos indiví-

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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A denominação utilizada no âmbito econômico e ser de cada indivíduo, já que a educação é compreen-
político é “neoliberalismo”, uma retomada atualiza- dida como investimento em capital humano indivi-
da dos princípios do liberalismo do século XIX, sob dual, no qual possibilita ao indivíduo se tornar em-
o signo ultraliberalismo, de Friedrich Hayek, e do pregável. O Estado progressivamente retira-se da área
monetarismo, de Milton Friedman. Hayek herdou social, modifica seu modo de intervir com “[...] me-
pensamentos de John Stuart Mill e Ludwig von Mi- nos responsabilidade direta, mais pilotagem à distân-
ses, no qual enfatiza o caráter abstrato e generalista cia em parceria com os atores da sociedade civil, mais
da teoria diante do elevado grau de complexidade avaliação da eficácia e da eficiência da ação pública” (
dos assuntos econômicos, o alvo de suas críticas foi TARDIFF e LESSARD, 2011, p. 54-55).
o pensamento keynesiano (socialdemocracia). Mil-
ton Friedman (1912-2006), economista liberal (con-
SAIBA MAIS
servador), representa a escola de Chicago com The-
odore Schultz e Gary Beckerque. Friedman atuou
no Departamento de Economia da Universidade de Quando se utiliza a expressão “liberal” no
continente europeu, o que se tem em vista
Chicago, recebeu o Prêmio Nobel de Economia em é aquele pensador ou político que defende
1976. O ponto fundamental para nosso estudo na as ideias econômicas do livre mercado e cri-
obra de Friedman são as sugestões direcionadas na tica a intervenção estatal e o planejamento.
São aqueles que se opõem ao socialismo, à
área educacional. socialdemocracia, ao Estado de bem-estar
social, mas a palavra “liberal” nos Estados
Os indivíduos devem ser responsabilizados Unidos quer dizer quase o contrário: ela se
pelo custo de seu investimento e receber as re- aplica principalmente a políticos e intelectuais
compensas. [...] Uma agência governamental alinhados com o Partido Democrata e que
apoiam a intervenção reguladora do Estado
poderia financiar ou ajudar a financiar o trei-
e a adoção de políticas de bem-estar social,
namento de qualquer indivíduo [...] Em troca,
programas que os neoliberais recusam.
o indivíduo concordaria em pagar ao governo
[...] (FRIEDMAN, 1984, p. 99). Fonte: Moraes (2001, p. 3).

Percebemos as ideias privatizantes na educação, pois,


para o autor anteriormente citado, o Estado não deve O quadro a seguir apresenta, com base em catego-
manter a oferta de educação, a responsabilidade deve rias, o projeto de modernização neoliberal.

26
EDUCAÇÃO FÍSICA

Quadro 3 - Neoliberalismo de mercado

Paradigma da liberdade econômica, da eficiência e da qualidade. Tendência capitalista-liberal concorrencial


e elitista-conservadora que imprime um projeto de modernização caracterizado por:
Economia de mercado autorregulável: livre concorrência;
Economia fortalecimento da iniciativa privada, com ênfase na competi-
tividade, na eficiência e na qualidade de serviços e produtos;
Estado minimalista, com três funções: policiamento, justiça
e defesa nacional; projeto de desestatização, desregula-
Estado
mentação e privatização; desqualificação dos serviços e
das políticas públicas;
Ideal de democracia indireta (Tocqueville: governo repre-
Democracia sentativo); ênfase na democracia formal (refere-se à forma
de governo);
Ênfase no ensino privado, na escola diferenciada/dual e na
Educação formação das elites intelectuais; formação para o atendi-
mento das demandas/exigências do mercado;
Seleção dos melhores, baseada em critérios naturais de
Seleção dos indivíduos aptidão e inteligência; elitismo psicocultural (seletividade
meritocrática);
Ênfase no direito privado, na propriedade privada; na lei
Direito
como instrumento de igualdade formal;
Governo Governo limitado;
Ênfase na liberdade, na propriedade, na individualidade
Princípios
(direitos naturais), na economia de mercado autorregulável.
Fonte: Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 100-101).

O papel do Estado fica em segundo plano, ao prio- os ditames neoliberais segundo os quais a educação
rizar a concorrência de mercado por meio da ini- deve responder ao desenvolvimento da economia.
ciativa privada, o que corresponde à desobrigação Caro(a) aluno(a), agora que já conhecemos um
paulatina do Estado com a educação pública. Com pouco sobre os ideais neoliberais, cabe a seguinte
um olhar crítico e reflexivo sobre as políticas educa- questão: como as políticas neoliberais interferem na
cionais na atual realidade, percebemos a prioridade educação? São vários aspectos a serem colocados.
do Estado na inserção do país no mercado globali- A transferência dos referenciais econômicos
zado, à medida que incorpora em sua política social para a educação - atualmente a educação se orga-

27
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

niza sob o “paradigma da liberdade econômica, da to estimula a formação de técnicos, pois o foco é no
eficiência e da qualidade” (LIBÂNEO, 2003, p. 92). trabalhador.
Assim, a competição deve regular o sistema escolar, Temos também a contradição centralização X
o que evidencia os mecanismos de controle de quali- descentralização; “centralizadora do controle pe-
dade, realizados por meio das constantes avaliações dagógico (em nível curricular, de avaliação do sis-
nacionais, e estas apresentam os resultados em for- tema e de formação docente) e descentralização dos
ma de ranking, estimulando o mérito, a competição mecanismos de financiamento e gestão do sistema”
e o mercado educacional. (GENTILI, 1998, p. 25). A descentralização é utili-
A ótica neoliberal visa ao “preparo polivalente zada como estratégia de racionalização de recursos,
apoiado no domínio de conceitos gerais, abstratos, e a centralização incorpora também as orientações
de modo especial aqueles de ordem matemática” dos organismos internacionais para a educação.
(SAVIANI, 2007, p. 427). A partir das avaliações O olhar dos autores neoliberais para a educação é,
nacionais, disciplinas são privilegiadas na escola, a princípio, responsabilizar o Estado, escola e o pro-
como o caso de português e matemática, consequen- fessor pela ineficiência e falta de qualidade. Os sis-
temente algumas escolas se tornam um “cursinho”, temas educacionais contemporâneos não enfrentam,
que treina os alunos para as avaliações. sob a perspectiva neoliberal, uma crise de democrati-
A educação é entendida não mais como um di- zação, de acesso e permanência dos alunos na escola,
reito social, mas como uma mercadoria a ser con- de falta de recursos, mas uma crise gerencial.
sumida individualmente, portanto, quem tiver mais A grande estratégia do neoliberalismo consis-
poder econômico “compra” uma educação de me- te em transferir a educação da esfera da política
lhor qualidade. para a esfera do mercado, distorcendo, assim, seu
caráter de direito do cidadão e reduzindo-a a sua
[...] Daí a crise do sistema público de ensino, condição de propriedade. Gentili (1999) denomi-
pressionado pelas demandas do capital e pelo
na esse processo de “mcdonaldização da escola”;
esgotamento dos cortes dos recursos dos orça-
mentos públicos. Talvez nada exemplifique me- a educação como mercadoria oferecida deve ser
lhor o universo instaurado pelo neoliberalismo, produzida de forma rápida e de acordo com nor-
em que “tudo se vende, tudo se compra”, “tudo mas de controle da eficiência e da produtividade,
tem preço”, do que a mercantilização da educa- ou seja, racionalizada.
ção. Uma sociedade que impede a emancipação
A noção de privatização da educação é extre-
só pode se transformar em shopping centers,
funcionais à sua lógica do consumo e do lucro mamente relevante na compreensão dos aspectos
(SADER apud MÉSZÁROS, 2005, p. 16). neoliberais na política educacional. Lembre-se, ca-
ro(a) aluno(a), de que a privatização constitui uma
A retórica neoliberal adota a adequação do ensino estratégia global da reestruturação capitalista, nesse
à competitividade do mercado internacional, e é sentido, a educação é privatizada de forma similar a
conforme a demanda do mercado de trabalho que das empresas estatais e dos serviços da área social.
se estabelecem os objetivos e currículos educacio- Gentili (1999, p. 109) aponta três aspectos da priva-
nais. Assim, podemos observar que o atual momen- tização educacional:

28
EDUCAÇÃO FÍSICA

1. Fornecimento público com financiamento a diminuição da própria corrupção (como exemplo,


privado (privatização do financiamento); na diretoria da Petrobras).
2. Fornecimento privado com financiamento Já para os que criticam as privatizações, elencam
público (privatização do fornecimento); algumas consequências, como: a transferência do
3. Fornecimento privado com financiamento patrimônio público para as mãos de empresas pri-
privado (privatização total).
vadas, a redução do poder do Estado de promover
O Estado vai, assim, reduzindo sua responsabilidade o bem comum nas ofertas dos serviços que são pú-
com a educação, pois transfere está para os indivíduos, blicos e de direito de todo cidadão, como no caso da
a família e as empresas. Como exemplo temos: o apa- educação. O dinheiro público, no caso da educação,
drinhamento de escolas; a privatização de formação iria para as empresas privadas e isso não garante a
de professores; a compra de materiais “prontos” para melhora da qualidade da educação, visto que uma
a escola pública, entre outros. No Paraná, o Projeto empresa privada objetiva o lucro e, para isso, redu-
Qualidade do Ensino Público e os cursos de formação ziria os gastos.
de professores, realizados em Faxinal do Céu, foram, Privatizar não, necessariamente, oferece a livre
em grande parte, empreendidos por empresas edu- concorrência, pois pode existir cartas marcadas nes-
cacionais privadas. Em Maringá, durante a gestão do se processo e o aumento do monopólio do serviço
ex-prefeito Ricardo Barros (1989-1992), temos como prestado; quando um setor deixa de ser público, não
exemplo “escolas cooperativas”. O modelo, chamado há a necessidade de concurso, como no caso dos
de “cooperativo”, privatizou as escolas municipais. professores, isso pode trazer contratações tempo-
Com a redução do Estado, o setor privado passa rárias, menos qualificadas e com salários menores.
a explorar a área social, por meio das inúmeras insti- E você, aluno(a), o que pensa sobre o processo de
tuições que compõem o denominado terceiro setor. privatização da educação?
Isto é, o terceiro setor é constituído por organiza-
ções sem fins lucrativos e não governamental, que
SAIBA MAIS
têm como objetivo gerar serviços de caráter público.
Os principais “personagens” do terceiro setor são:
fundações, empresas, ONG, dentre outros. O Observatório da Educação tem como
objetivo produzir e disseminar informações,
Caro(a) aluno(a), o importante é pensarmos so- promover a pluralidade de opiniões no debate
bre o processo de privatização, considerar que quem público sobre educação e subsidiar os meios
defende a privatização, a defende como uma solução de comunicação, agentes educacionais e mo-
vimentos sociais na promoção da educação
para os problemas econômicos e de gestão, as con- como direito humano. Caro(a) acadêmico(a),
sequências seriam: maior eficiência, oferta de pro- no site, a seguir, você pode conhecer o mapa
dutos e serviços com uma melhor qualidade, preços da privatização da educação no Brasil.
Disponível em: <http://www.observatoriodaeduca-
mais baixos, a possibilidade de ter um caixa para re-
cao.org.br/mapas/#/>.
duzir dívida e juros, diminuição da distribuição de
cargos nas empresas públicas, geralmente distribuí- Fonte: as autoras.

dos por interesses políticos e não por competência, e

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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Organizações Internacionais:
Propostas para a Educação Brasileira
As reformas educacionais no Brasil e na América ções Unidas para a Educação, Ciência e a Cultu-
Latina realizaram-se sob forte impacto de avalia- ra – UNESCO, a Organização para a Cooperação
ções diagnósticas, relatórios e documentos, gerados e Desenvolvimento Econômico – OCDE, o Fundo
no âmbito dos organismos internacionais, como das Nações Unidas para a Infância – UNICEF, o
as agências que compõem a ONU: BIRD – Banco Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi-
Mundial (Banco Internacional de Reconstrução e mento – PNUD, entre outras.
Desenvolvimento); CEPAL – Comissão Econômi- Trabalhos produzidos por autores, tais como
ca para a América Latina e Caribe; FMI – Fundo Oliveira (2004), Rosemberg (1998; 1999; 2000),
Monetário Internacional; OIT – Organização In- Mello e Costa (1995), Torres (2001), Coragio
ternacional do Trabalho; Instituições voltadas para (1996), entre outros, apontam as influências das
a cooperação técnica, como o Programa das Na- organizações multilaterais (OMs) na política para

30
EDUCAÇÃO FÍSICA

educação brasileira, e tais influências se originam O principal evento diretamente relacionado com
da subordinação do Estado a esses organismos, as políticas educacionais foi a Conferência Mundial
pois dependem de seus financiamentos para proje- sobre Educação para Todos (1990) e, em sequência
tos na área educacional; em contrapartida, devem a ela, a Conferência de Cúpula de Nova Delhi, Índia
estar em sintonia com as ideologias e recomenda- (1993), e Cúpula Mundial de Educação para Todos,
ções dessas organizações internacionais. Dakar (2000), com os objetivos de avaliar e modifi-
Ao realizar empréstimos, os organismos inter- car os termos definidos na Conferência de Jomtien
nacionais propõem os ajustes estruturais, que são que é, ainda hoje, o documento de referência para as
diretrizes econômicas e políticas, elaboradas pelas políticas educacionais dos países pobres e em desen-
organizações multilaterais e recomendadas como volvimento, como o Brasil. O Banco Mundial, por
modelo ou receituário a ser seguido pelos países en- sua vez, elabora regularmente relatórios técnicos so-
dividados. No entanto, ajustes estruturais implicam bre suas atividades. Os documentos originados des-
cortes de verbas em áreas sociais, tradicionalmente sas conferências, assinados pelos países membros, e
atendidas pelo Estado, como a educação. Como for- as orientações políticas e técnicas do Banco Mundial,
ma de compensar os cortes no orçamento destinado vêm servindo de referência às políticas educacionais
às áreas sociais, definem-se programas focalizados do Brasil: Plano Decenal Educação para Todos (1993-
na população mais pobre (SOARES, 2000). 2003), Plano Nacional de Educação (2001-2010),
LDB de 1996 e outras diretrizes para a educação.
REFLITA Cabe registrar que, no Brasil, as orientações interna-
cionais são assumidas pelo Movimento Todos pela
Educação (SHIROMA; GARCIA; CAMPOS, 2011).
As políticas focadas na população extrema-
mente pobre não garante cidadania porque O marco da Conferência Mundial sobre Educa-
propõe o mínimo necessário. Mas estas po- ção para Todos (1990) por iniciativa e patrocínio dos
líticas não contribuem para a diminuição da organismos internacionais - UNICEF, UNESCO,
desigualdade social?
PNUD E BM - serviu de marco para o delineamen-
Fonte: Abranches (1998). to, planejamento e execução de políticas públicas
educativas em nível global. A partir da conferência
e o próprio documento “Declaração Mundial de
É preciso entender, caro(a) aluno(a), que as or- Educação para Todos”, os governos utilizam e assu-
ganizações multilaterais possuem como objetivos mem os conceitos, interpretações e orientações que
principais definir e estabelecer os direitos de pro- são traduzidas em políticas e programas. Entretanto,
priedade dos atores internacionais. De acordo com o “modelo de educação para todos” possibilita di-
Rosemberg (2000), para alguns países é preferível ferentes interpretações. A Educação para Todos foi
financeiramente participar de uma organização se voltando para os enfoques minimalistas, o curto
multilateral a ter representação diplomática em prazo, a solução fácil e rápida, a quantidade acima
todos os países. da qualidade (TORRES, 2001, p. 29).

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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Quadro 4 - Educação para todos

Educação para todos


PROPOSTA RESPOSTA
1. Educação para todos; 1. Educação para meninos e meninas (os mais po-
2. Educação básica; bres dentre os pobres);
3. Universalizar a educação básica; 2. Educação escolar (primária);
4. Necessidade básicas de aprendizagem; 3. Universalizar o acesso à educação primária;
5. Concentrar a atenção na aprendizagem; 4. Necessidades mínimas de aprendizagem;
6. Ampliar a visão da educação básica; 5. Melhorar e avaliar o rendimento escolar;
7. Educação básica como alicerce de aprendizagens 6. Ampliar o tempo (número de anos) da escolarida-
posteriores; de obrigatória;
8. Melhorar as condições de aprendizagem; 7. Educação básica como um fim de si mesma;
9. Todos os países; 8. Melhorar as condições internas da instituição
10. Responsabilidade dos países (organismos gover- escolar;
namentais e não governamentais) e da comuni- 9. Os países em desenvolvimentos;
dade internacional. 10. Responsabilidade dos países.
Fonte: Torres (2001, p. 29).

A visão minimalista proposta está vinculada à sig- assimilar determinados conhecimentos. O im-
nificativa influência dos organismos internacionais, portante é aprender a aprender, isto é, aprender
demonstram um modelo com ênfase nos aspectos a estudar, a buscar conhecimentos, a lidar com
situações novas. E o papel do professor deixa de
administrativo por vias da descentralização, tanto ser o daquele que ensina para ser o de auxiliar
do sistema escolar como da capacitação de docen- o aluno em seu processo de aprendizagem (SA-
tes. A aprendizagem, em geral, é interpretada como VIANI, 2007, p. 429).
resultado, por isso a proposta de avaliar constante-
mente e remunerar os docentes conforme a aprendi- Essa crítica ao “aprender a aprender” também está
zagem de seus alunos. presente nas pesquisas de Newton Duarte, no livro
Saviani (2007), denomina esse processo de neo-es- Vigotski e o “aprender a aprender”: crítica às apro-
colanivismo, que tem como lema “aprender a apren- priações neoliberais e pós-modernas da teoria vi-
der”, tão difundido na atualidade. Como resultado, te- gotskiana. A análise de seu livro teve como fonte o
mos várias mudanças no eixo do processo educativo: relatório da comissão internacional da UNESCO,
conhecido como Relatório Jacques Delors e o volu-
[...] do aspecto lógico para o psicológico; dos me I dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o
conteúdos para os métodos; do professor para o
Ensino Fundamental. Em seu livro, evidencia qua-
aluno; do esforço para o interesse; da disciplina
para a espontaneidade, configurou-se uma teo- tro posicionamentos valorativos contidos no lema
ria pedagógica em que o mais importante não “aprender a aprender”.
é ensinar e nem mesmo aprender algo, isto é,

32
EDUCAÇÃO FÍSICA

[...] são mais desejáveis as aprendizagens que o O quarto posicionamento valorativo “[...] é o
indivíduo realiza por si mesmo, nas quais está de que a educação deve preparar os indivíduos para
ausente a transmissão, por outros indivíduos,
acompanharem a sociedade em acelerado processo
de conhecimentos e experiências. [...] Não dis-
cordo da afirmação de que a educação escolar de mudança” (DUARTE, 2001, p. 37). Os alunos de-
deva desenvolver no indivíduo a capacidade e a vem ser preparados para um mundo mutante, de-
iniciativa de buscar por si mesmo novos conhe- senvolver habilidades, competências para se adaptar
cimentos, a autonomia intelectual, a liberdade
e ser flexível, ajustando-se às condições de trabalho
de pensamento e de expressão. [...] trata-se do
fato de que as pedagogias do “aprender a apren- ou desemprego.
der” estabelecem uma hierarquia valorativa Qual relação podemos fazer sobre neoliberalis-
na qual aprender sozinho situa-se num nível mo, os organismos internacionais e o “aprender a
mais elevado do que a aprendizagem resultante aprender”? Os organismos internacionais utilizam
da transmissão de conhecimentos por alguém
(DUARTE, 2001, p. 36).
das ideias neoliberais e pós-modernas em seus do-
cumentos e orientações. A concepção pós-moder-
Passa a ser mais importante o aluno desenvolver na de sujeito híbrido, plural e centrado na expe-
um método de aquisição do conhecimento do que riência imediata da vida valoriza o conhecimento
aprender os conhecimentos descobertos historica- cotidiano, não mais o conhecimento construído
mente. Aprender sozinho na perspectiva do “apren- historicamente e sistematizado na escola. Portan-
der a aprender” é mais importante do que a apren- to, as teorias pedagógicas do “aprender a aprender”
dizagem resultante da transmissão de conhecimento devem ser analisadas “[...] como parte de um pro-
por outra pessoa (DUARTE, 2001). cesso ideológico mais amplo, o de avanço do pen-
samento neoliberal e de seu aliado, o pós-moder-
São, portanto, duas ideias intimamente asso- nismo” (DUARTE, 2001, p. 71).
ciadas: 1) aquilo que o indivíduo aprende por
Em suma, o pensamento pós-moderno e neo-
si mesmo é superior, em termos educativos e
sociais, àquilo que ele aprende através da trans- liberal apresenta um “recuo da teoria” o que torna
missão por outras pessoas e 2) o método de ilusório a apropriação do conhecimento objetivo;
construção do conhecimento é mais importan- pressuposto básico para a formação de sujeitos polí-
te do que o conhecimento já produzido social- ticos, críticos que lutem pela possibilidade de trans-
mente (DUARTE, 2001, p. 37).
formações sociais.
Caro(a) aluno(a), cabe nos questionarmos: que
O terceiro posicionamento valorativo analisado pelo visão de sociedade e de indivíduo essas teorias pe-
autor se refere a atividade educativa do aluno, a qual dagógicas do “aprender a aprender” assumem e pro-
deve ser impulsionada e orientada conforme os inte- pagam na escola? Para Duarte (2003, 2004, 2006 e
resses e necessidades da própria criança, uma educa- 2007), teorias pedagógicas do “aprender a aprender”
ção funcional, com base na concepção de educação propagam argumentos, como:
funcional de Claparède (1954).

33
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

• O conhecimento importante é o conhecimen- • As questões teóricas (fruto da própria práxis)


to espontâneo, imediato e particularizado; são substituídas pelas questões práticas;
• O conhecimento espontâneo é o extraído do • O método e o processo de aprendizagem são
cotidiano; mais importantes do que o conteúdo, o patri-
• O conhecimento aceito é o que tem utilidade mônio cultural.
imediata;
Nesse sentido, as pedagogias do “aprender a apren-
• O conhecimento aceito é o que funciona na
prática; der” negam a escola tradicional e, com isso, negam
• O conhecimento valorizado é o que foi ad- seus métodos, seus conteúdos e suas práticas. Não
quirido na prática. estamos dizendo aqui que a educação tradicional
era um modelo adequado, mas negá-lo por com-
Quais são as fragilidades desses argumentos apre- pleto é, também, negar uma parte da nossa histó-
sentados? ria. Para os seguidores de Piaget, a escola passa a
• A apropriação do conhecimento universal, da ter um papel de organização das atividades edu-
riqueza intelectual produzida historicamente cativas para estimular o processo de construção
e sua socialização, como função social da es- dos instrumentos de assimilação e aprendizagem
cola, não é considerada como fundamental do conhecimento. Onde está, nessa proposta, o co-
na formação dos alunos;
nhecimento científico? O conhecimento sistemati-
• A história dos homens é desprezada, ocorre
zado? A história construída coletivamente? Nosso
um afastamento da vida objetiva, do olhar
questionamento é sobre os fundamentos das pro-
amplo de cada problema social;
postas do “aprender a aprender” e seu caráter utili-
• Ocotidiano e a experiência passam a ser a
tário e pragmático.
verdade e não mais a ciência;
• O objeto de trabalho do professor deixa de
ser o conhecimento e passa a ser as interações
humanas;

34
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), na Unidade I, o objetivo foi tratar conceitos básicos
da disciplina a partir da relação entre sociedade, Estado e educação; a
interferência neoliberal na educação, os organismos internacionais e
suas propostas para a educação brasileira.
Ao longo da história da educação no Brasil, os objetivos educacionais são
redefinidos, adaptam-se aos modos de produção e organização do trabalho e da
vida. Ao sintetizarmos aspectos históricos da educação, observamos as tendên-
cias educacionais em cada período.
Percebemos, caro(a) aluno(a), que no contexto da reestruturação do capi-
tal - a globalização, a reforma do Estado, a política neoliberal e os organismos
internacionais - a educação é culpabilizada por uma crise que é da estrutura
social e é convocada a responder ativamente para a saída da crise, atendendo
às demandas do mercado.
As inúmeras políticas e projetos educacionais nas últimas décadas colocaram,
para o sistema de ensino, aquilo que ele, por si só, não é capaz de resolver. Nós,
educadores, precisamos ter clareza da função social da escola em socializar o
saber sistematizado historicamente, o saber científico. Esteja atento(a), caro(a)
aluno(a), às tendências postas pelo mercado para a educação, elas são sedutoras,
tratam a desigualdade social como natural, como se o sucesso escolar e profis-
sional dependesse apenas de cada um. Não estamos afirmando que os esforços
individuais não seja um elemento fundamental, mas a estrutura social é o fator
básico para garantir os direitos de cidadania.
Portanto, a educação deve ter como objetivo a formação integral do ser hu-
mano, que permita o conhecimento e desenvolvimento de suas potencialidades,
ancoradas nos conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade. To-
dos os indivíduos devem ter a oportunidade educacional de se tornar consciente
e crítico do mundo no qual ele vive.

35
atividades de estudo

1. De acordo com a discussão abordada nesta Está correto apenas o que se afirma em:
unidade, reflita sobre a seguinte questão: a a. I e II.
reestruturação econômica interfere de que
b. I, II e III.
forma na educação a partir da década de 90?
c. III e IV.
2. Apresente as principais características do ideá-
d. I, II e IV.
rio neoliberal e sua influência nas políticas pú-
blicas educacionais. e. II e III.

3. Explique a influência dos organismos internacio- 5. Diversos organismos internacionais vêm


nais nas políticas públicas educacionais no Brasil. exercendo uma influência significativa nas po-
líticas educacionais, em países emergentes,
4. Com a nova ordem mundial, desde a década de como o Brasil. Nesse sentido, leia as afirma-
90, a educação brasileira obtém, como direcio- tivas a seguir:
namento, as políticas de ajustes, para atender I. Para a educação brasileira, as influências se
as exigências dos padrões internacionais. O sis- originam da subordinação do Estado a esses
tema educativo deve atender à competitividade organismos, pois dependem de seus financia-
econômica (LAVAL, 2004). Esses ideais de mu- mentos para projetos na área educacional.
dança de paradigmas estão pautados no neoli-
II. Uma orientação dos organismos internacio-
beralismo. A partir das concepções neoliberais
nais é a descentralização, utilizada como es-
para a educação, analise as afirmativas a seguir:
tratégia de racionalização de recursos.
I. Para assegurar o acúmulo de capital, o co-
nhecimento passa a ser compreendido III. Os organismos ou agências internacionais
como uma produção da economia, ou seja, trazem a abordagem da educação integral,
é necessário instigar a competitividade entre apoiada na responsabilidade do Estado na
os alunos, a flexibilização, para que se au- oferta exclusiva da educação.
mente a produtividade. IV. Documentos do Banco Mundial apresentam
II. Com a proposta de descentralização do Esta- orientações educacionais aos países em de-
do, é possível verificar a proposta de privatiza- senvolvimento.
ção da educação, pois deve ser de interesse do
Está correto apenas o que se afirma em:
indivíduo investir em sua formação, para se in-
a. I e II.
serir no mercado de trabalho posteriormente.
b. I e III.
III. A ênfase da educação passa a ser os conheci-
mentos valorizados economicamente. Desse c. II, III e IV.
modo, a formação do aluno tem como objeti-
d. III e IV.
vo atender às exigências do mercado.
e. I, II e IV.
IV. O ensino público, na perspectiva neoliberal,
ganha destaque. O neoliberalismo indica
que o Estado deve ser o único responsável
para garantir ações que visam priorizar a
educação gratuita.

36
LEITURA
COMPLEMENTAR

O Doutor Pablo Gentili da Universidade do Estado do Rio foi um dos participantes da


Cimeira Internacional de Educação, realizada na Cidade do México, que analisou as
consequências para os sistemas educativos da adopção de políticas neoliberais. Segue
parte da entrevista.

[...]

P: Então, o que dá origem à crise escolar?


R: Segundo os neoliberais, a crise é produzida pela expansão desordenada e anárquica
que os sistemas educativos vêm sofrendo nos últimos anos. É uma crise de qualidade,
derivada da improdutividade que caracteriza as práticas pedagógicas e da gestão admi-
nistrativa na grande maioria dos estabelecimentos escolares.

P: Se é assim que o neoliberalismo vê a qualidade no ensino, onde nos


leva esta ideia?
R: A que a existência de mecanismos de extensão e de integração escolar são o resulta-
do claro e direto da própria ineficácia da escola e da profunda incompetência dos que
nela trabalham. Isto é totalmente inaceitável do nosso ponto de vista. Podemos dizer
que do ponto de vista neoliberal se trata de uma crise da administração e gestão e não
da democratização da escola.

P: Tal concepção que consequências têm na escola?


R: A subordinação da democratização da escola a uma reforma administrativa do siste-
ma escolar orientada apenas pela necessidade de introduzir mecanismos que regulam
a eficácia, a produtividade, etc.

P: Isso soa a tecnocracia, a discurso retórico. Parece que o neoliberalismo


entende a qualidade educativa ao mais puro estilo mercantil.
R: Efetivamente, do ponto de vista neoliberal — mesmo considerando os países mais po-
bres — não faltam escolas: faltam melhores escolas; não faltam professores: faltam pro-
fessores mais qualificados; não faltam recursos económicos para facilitar políticas que
favoreçam a educação, só falta uma melhor distribuição dos recursos existentes.

37
LEITURA
COMPLEMENTAR

P: Esse discurso parece-me que predomina tanto na América Latina como


na Europa e, pelos vistos é divulgado em vários fóruns internacionais e é
a política aplicada mundialmente. Com tudo o que acaba de dizer, o que é
para o neoliberalismo a transformação da escola?
R: Já aqui foi comentado que para o neoliberalismo isso é uma transformação gerencial
a implicar uma mudança substancial nas práticas pedagógicas, bens mais eficientes.
Reestruturar o sistema educativo para flexibilizar a oferta educativa; promover uma
mudança cultural não menos profunda na gestão; redefinir o perfil do professor, requa-
lificando-o de novo, e além do mais levar a cabo uma ampla reforma curricular.

P: Insisto. Como explica o neoliberalismo a crise do sistema educativo?


R: Defende que a escola funciona mal por ausência de um verdadeiro mercado educa-
tivo. Construir tal mercado constitui um dos grandes desafios das políticas neoliberais
no campo educativo. A competência interna e o desenvolvimento de um sistema que
tenha como base o mérito e o esforço individual podem promover os mecanismos fun-
damentais que garantam a eficácia dos serviços que oferecem.

P: Mas isso é reduzir tudo ao mercado. Onde estão os valores sociais, a


solidariedade...?
R: Efetivamente, para eles tudo é mercado, e a crise é o produto da disfunção da noção
de cidadania já que esta, ao basear-se no conceito universal e universalizante dos di-
reitos humanos (políticos, sociais, económicos, culturais, etc.), gerará um consumo de
falsas promessas.

P: Então, para os neoliberais quem são o os verdadeiros culpados da


crise educativa?
R: Bem, citarei uns diretos e outros indiretos. Em primeiro lugar, o Estado assistencial,
apoiado pelos sindicatos e todas aquelas organizações que defendem o direito iguali-
tário a uma escola pública de qualidade. Os principais: os sindicatos dos professores.
Podemos afirmar, portanto, na perspectiva neoliberal, que o Estado e os sindicatos
são os principais responsáveis da crise, mas a sociedade não fica à margem, já que é
culpada na medida em que as pessoas aceitam como natural e inevitável o “status quo”
estabelecido pelo sistema improdutivo do Estado intervencionista.

38
LEITURA
COMPLEMENTAR

De forma clara e simples: a escola funciona mal porque as pessoas não reconhecem o
valor do conhecimento; os professores trabalham pouco e não se atualizam, são pre-
guiçosos; os alunos fingem que estudam quando na realidade perdem o tempo, etc.
Enfim, para os neoliberais trata-se de um problema cultural provocado pela ideologia
dos direitos sociais.

P: Durante a Cimeira, comprovamos que existe um consenso estratégico


entre políticos, tecnocratas e intelectuais conservadores sobre como
defrontar a crise educativa. Pode resumir as receitas que propõem?
R: Em resumo, os objetivos são a necessidade de estabelecer mecanismos de controle e
evolução da qualidade dos serviços educativos; a necessidade de articular e subordinar
a “produção educativa” às necessidades estabelecidas pelo mercado de trabalho; e a
estratégia de flexibilizar as formas de contratação e as retribuições salariais dos docen-
tes, mas ao mesmo tempo, desenvolver sistemas estatais de evolução.
O Neoliberalismo deixou as nações mais pobres, mais excluídas e mais polarizadas

P: Como se repercutiram estas políticas na América Latina?


R: De uma forma terrível, já que deixaram nações mais pobres, mais excluídas e mais
polarizadas. Isto está a provocar um confronto de todos contra todos para alcançar
a sobrevivência numa sociedade dominada pela economia, que favorece o excessivo
pagamento dos interesses da dívida externa, em prejuízo dos salários e da qualidade
da vida da população.
Estas políticas incrementam ou incrementaram a desigualdade social, racial e sexual, re-
produzindo os privilégios das minorias. Agravam o individualismo e a competição sel-
vagem, quebrando assim os laços de solidariedade coletiva e intensificam um processo
antidemocrático de seleção natural onde os melhores triunfam e os mais frágeis perdem.
Com todo este panorama, podemos dizer que a resposta do neoliberalismo é simplista
e enganosa, já que promete mercado, quando na realidade, é na própria configuração
do mercado que se encontram as raízes da evolução das desigualdades.
O neoliberalismo não diz nada de como atuar contra as causas estruturais da pobreza,
pelo contrário, atua intensificando-as.

Fonte: Polo ([2017, on-line)1.

39
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Liberalismo e educação em debate


Organização: José Claudinei Lombardi; José Luís Sanfelice
Editora: Autores Associados
Sinopse: o livro reúne as conferências de dois ciclos de debates
promovidos pelo Histedbr, Comunicações em história da edu-
cação e Colóquios de filosofia e história da educação, ocorridos
na Unicamp ao longo de 2001 e 2002. Os autores partem do
pressuposto da existência de uma estreita relação entre o libe-
ralismo com os paradigmas educacionais. Trata-se de uma obra
que faz uma análise polêmica, crítica e profunda de temas candentes de nosso tempo, como
liberalismo, neoliberalismo, marxismo e educação.

Apresentação: em 1995, teve início a Reforma da Gestão Pública, iniciada pelo MARE, que
existiu entre 1995 e 1998. Nos primeiros quatro anos do governo FHC, enquanto Luiz Carlos
Bresser-Pereira foi o ministro, a reforma foi executada ao nível Federal.
Disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/Documents/MARE/PlanoDiretor/planodi-
retor.pdf>.

40
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Referência On-line

1
Em: <http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=1&doc=7044&mid=2>. Acesso em:
08 dez. 2017.

42
gabarito

1. A reestruturação do capital incorpora perspectiva neoliberal como salvacionista do


crescimento econômico; neste sentido, a escola é valorizada por ser importante para
o desenvolvimento do capital humano. A orientação das políticas educacionais, a
partir da Reforma do Estado, é para formar o homem necessário para uma socie-
dade globalizada, portanto, transfere para a educação princípios de racionalização
e gestão.
2. O Estado na perspectiva neoliberal é mínimo para as políticas sociais e máximo para
o mercado e o desenvolvimento do capitalismo, com ênfase na competitividade, na
eficiência e na qualidade de serviços e produtos. Valoração da propriedade privada,
do indivíduo e não no coletivo; portanto, a educação tem como foco as instituições
privadas, a necessidade do mercado na formação de profissionais que atendam suas
tendências para se tornar empregável. A formação integral para a cidadania presen-
te na legislação e documentos não se efetiva.
3. Os organismos internacionais realizam empréstimo aos países em desenvolvimento
como o Brasil, isso significa que essas instituições prescrevem e impõem condicio-
nalidades aos governo de maneira a orientar e enxugar as suas opções políticas e
econômicas por meio de ajustes e os pressionam para realizar suas orientações. O
Brasil participou da Conferência Internacional sobre Educação para Todos (1990) e
se comprometeu em nível internacional a melhorar a educação conforme os precei-
tos da conferência (racionalização, descentralização e focalização).
4. B.
5. E.

43
ASPECTOS LEGAIS DA
POLÍTICA EDUCACIONAL
BRASILEIRA

Professora Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza


Professora Dra. Mara Cecilia Rafael Lopes
Professora Me. Caroline Mari de Oliveira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• A educação na Constituição Federal de 1988
• A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996
• Financiamento da educação

Objetivos de Aprendizagem
• Estudar as relações históricas estabelecidas entre a
sociedade, o Estado e a educação no Brasil.
• Compreender a educação na legislação como um bem
individual e coletivo.
• Refletir acerca dos contextos legais de legitimação e
contradições das leis: Constituição Federal de 1988 e LDB
de 1996.
unidade

II
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), nesta segunda unidade, abordaremos questões
da legislação das políticas educacionais e da organização edu-
cacional; para tanto, nosso enfoque será as leis que regulamen-
tam a educação básica brasileira, traçando paralelos que nos
levem a refletir acerca dos contextos legais de legitimação e consolidação
no campo educacional.
A organização e a estrutura do sistema de ensino brasileiro sofreram mu-
danças significativas a partir da Constituição Federal de 1988, em sua termi-
nologia, assim como em sua abrangência nas esferas administrativas; União,
estados e municípios. Sendo a política educacional constituinte de uma polí-
tica geral, deve-se considerar que a política educacional está articulada a um
projeto de sociedade que se deseja implantar em cada momento histórico.
As políticas educacionais materializadas em leis e diretrizes possuem
intencionalidades, ideias, valores e contradições. Portanto, necessitam
ser analisadas criticamente no quadro mais amplo das mudanças econô-
micas, políticas, culturais e globais, à medida que possamos articular o
espaço escolar, a organização do ensino com o sistema social. Negar a
estrutura social, a totalidade das relações são princípios centrais das pe-
dagogias contemporâneas, negam a universalidade e a objetividade do co-
nhecimento, e apresentam como solução para a educação as “metodolo-
gias inovadoras” e deixam em segundo plano o conhecimento científico.
Discutiremos a educação como um direito do cidadão e dever do
Estado na Constituição Brasileira de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional de 1996, assim como seus desdobramentos em mais
de duas décadas. Por fim, apontaremos as principais preconizações do
financiamento da educação. Os textos legais apresentados são tratados
além de suas características legalistas e formais, para atermos ao contexto
e as entrelinhas dos documentos. Lembramos novamente que esta é uma
leitura inicial, entretanto, sinta-se à vontade em buscar outras fontes que
possam sanar as dúvidas durante os momentos de estudo.
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A Educação na
Constituição Federal de 1988
A Constituição de 1988 representa um marco para as A Constituição Federal enuncia a educação como
políticas educacionais e consolida diversas reivindica- direito de todos, dever do Estado e da família; a
ções da sociedade civil no cenário de redemocratização educação, neste artigo, representa tanto mecanismo
do país como democratização da educação; efetivação de desenvolvimento pessoal do indivíduo, como da
do direito à educação para todos; universalização do própria sociedade em relação à cidadania e ao traba-
ensino; maior participação da comunidade na gestão lho. Resumindo, a educação possui a tríplice função:
escolar, entre outras. A CF/1988 representa, também, • De garantir a realização plena do ser humano;
a construção de uma sociedade com vistas a se adaptar • De preparar para o exercício da cidadania;
ao novo contexto socioeducacional mundial.
• De qualificar para o mundo do trabalho.

A importância de conhecer a base legal decorre Os três objetivos expressam o sentido que a Constitui-
do fato de que esta, embora por si não altere a
ção concedeu à educação como direito fundamental no
fisionomia do real, indica um caminho que a
sociedade deseja para si e quer ver materializa- contexto dos direitos sociais, econômicos e culturais.
do (VIEIRA, 2005, p. 29).
[...] os direitos fundamentais ou direitos huma-
nos são direitos históricos, ou seja, são fruto de
Constituição Federal de 1988 circunstâncias e conjunturas vividas pela hu-
manidade e especificamente por cada um dos
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Es-
diversos Estados, sociedades e culturas. Portan-
tado e da família, será promovida e incentivada com a
to, embora se alicercem numa perspectiva jus-
colaboração da sociedade, visando ao pleno desen-
volvimento da pessoa, seu preparo para o exercício naturalista, os direitos fundamentais não pres-
da cidadania e sua qualificação para o trabalho. cindem do reconhecimento estatal, da inserção
no direito positivo (BOBBIO, 1992, p. 5).

48
EDUCAÇÃO FÍSICA

O Estado de direito é fruto do liberalismo, mas o em vista a construção de uma sociedade mais
Estado, chamado de Estado de direito democrático, justa e igualitária. Qualidade é, pois, conceito
implícito à educação e ao ensino (LIBÂNEO;
inclui o princípio da participação e soberania popu-
OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 132-133).
lar; exige o voto de todos como forma de garantir
a soberania popular, e envolve o controle social da O artigo 205, além de tratar a educação como di-
própria administração pública. Quanto mais coleti- reito de todos, afirma ser também um dever do
va é uma decisão, mais democrática ela é, portanto, Estado e da família, isso significa que eles têm o
possui maior possibilidade de garantir os direitos dever de proporcionar condições reais para que to-
fundamentais. Veja os outros direitos fundamentais, dos possam ter acesso à escola. O dever do Estado
prescritos na CF 88. é construir e prover vagas nas escolas com políticas
públicas que possibilitem o acesso e a permanência
Constituição Federal de 1988 do aluno na escola.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil: [...] ao estabelecer que a educação seja direito de
I. construir uma sociedade livre, justa e solidária;
todos, a Constituição está dizendo que ninguém
II. garantir o desenvolvimento nacional;
pode ser excluído dela, ninguém pode ficar fora
III. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
da escola e ao desabrigo das demais instituições
as desigualdades sociais e regionais;
IV. promover o bem de todos, sem preconceitos de e instrumentos que devem promover a educa-
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras ção do povo (HERKENHOFF, 2001, p. 219).
formas de discriminação.
Porém, o que ocorre se não houver vagas para os
alunos? Pode-se recorrer ao Ministério Público, que
Os direitos fundamentais, presentes na CF\1988, já tem como uma das suas funções defender os inte-
constavam na Declaração Universal de Direitos de resses coletivos e os interesses individuais homogê-
1948, da qual o Brasil é signatário. Cabe aqui, ca- neos. O Ministério Público poderá entrar com uma
ro(a) aluno(a), a seguinte questão: em uma socieda- ação civil pública ou com um mandado de seguran-
de capitalista como a nossa, é possível efetivar uma ça contra o ente federativo (União, estado, Distrito
sociedade livre, justa e solidária? Dentre inúmeras Federal ou município), exigindo esse direito.
possibilidades de resposta, podemos pensar o quan- E quando a família se recusa a matricular o fi-
to a educação de qualidade é fundamental para o al- lho na escola? Vejamos, se o aluno estiver em idade
cance de tais objetivos. escolar para frequentar o ensino obrigatório, essa
recusa é considerada abandono intelectual, confor-
[...] a educação de qualidade é aquela median- me artigo 246 do Código Penal (BRASIL, 2000). É
te a qual a escola promove, para todos, o do-
importante lembrar que o ensino obrigatório é dos
mínio de capacidades cognitivas e afetivas in-
dispensáveis ao atendimento de necessidades quatro aos dezessete anos, por meio da Emenda
individuais e sociais dos alunos, bem como a Constitucional nº 59/09. A criança deve ser matri-
inserção no mundo e a constituição da cidada- culada na pré-escola aos quatro anos e cursar os ca-
nia também como poder de participação, tendo torze anos de escolaridade obrigatória no Brasil.

49
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Diante do dever do Estado com a oferta da educa- Este artigo explicita o caráter obrigatório e gratuito
ção, como se efetiva essa garantia? Vamos, assim, para da educação escolar em seus níveis e modalidades de
a discussão do artigo 208 da Constituição Federal: ensino, incluindo o indivíduo que não teve acesso à
escola na idade própria, ou seja, a oferta da modali-
dade de Educação de Jovens e Adultos.
Constituição Federal de 1988
Art. 208. O dever do Estado com a educação será O inciso IV foi uma grande conquista para a
efetivado mediante a garantia de: educação infantil, pois a legislação deixa claro que
I. educação básica obrigatória e gratuita dos as creches e pré-escolas são dever do Estado; em
4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
constituições anteriores, o atendimento a essa faixa
assegurada inclusive sua oferta gratuita para
todos os que a ela não tiveram acesso na idade etária caracterizava a assistência e o amparo e não,
própria; (Redação dada pela Emenda Constitu- necessariamente, um dever. “[...] as conquistas ga-
cional nº 59, de 2009)
rantidas pela CF 88 não se deram sem uma forte e
II. progressiva extensão da obrigatoriedade e gra-
tuidade ao ensino médio; necessária mobilização e sem que as condições his-
II. progressiva universalização do ensino médio gra- tóricas as favorecessem [...]” (CORRÊA, 2007, p.
tuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional 18). Durante o movimento da Constituinte, vários
nº 14, de 1996)
III. atendimento educacional especializado aos grupos organizados da sociedade civil apresenta-
portadores de deficiência, preferencialmente na ram importantes debates em prol das crianças de
rede regular de ensino; zero a seis anos.
IV. educação infantil, em creche e pré-escola, às
A modalidade de educação especial deve ser
crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) preferencialmente oferecida na rede regular de en-
V. acesso aos níveis mais elevados do ensino, da sino; cabe informar que, na redação do Plano Na-
pesquisa e da criação artística, segundo a capaci-
cional de Educação (2014-2024), a palavra prefe-
dade de cada um;
VI. oferta de ensino noturno regular, adequado às rencialmente é substituída por obrigatoriamente, o
condições do educando; que é motivo de muitos debates entre a oferta da
VII. atendimento ao educando, em todas as etapas
educação pública e a privada, assim como a quali-
da educação básica, por meio de programas
suplementares de material didático escolar, dade dessa oferta.
transporte, alimentação e assistência à saúde. O inciso V traz, claramente, a responsabilidade
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº de cada indivíduo quanto à educação superior, por
59, de 2009)
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é
estar atrelada à capacidade de cada um, em uma
direito público subjetivo. estreita relação com a política econômica neolibe-
§ 2º- O não-oferecimento do ensino obrigatório ral que compreende a educação como uma opor-
pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, impor-
tunidade e não como direito. Sabemos que não há
ta responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º- Compete ao Poder Público recensear os vagas para todos no ensino superior público; nesse
educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a sentido, o aluno não passa no vestibular por sua
chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis,
insuficiente capacidade e não pela falta de vagas
pela frequência à escola.
oferecidas pelo Estado. Percebemos o princípio da

50
EDUCAÇÃO FÍSICA

“autorregulação” incorporada nas políticas educa- Os princípios norteadores do ensino são trata-
cionais, mas já implementadas no processo de fle- dos no artigo 206, a seguir.
xibilização do trabalho, no qual, “[...] o trabalhador
tem mais responsabilidade pela sua própria efici- Constituição Federal de 1988
ência, produtividade ou permanência no trabalho” Art. 206. O ensino será ministrado com base nos
seguintes princípios:
(CARVALHO, 2012, p. 210).
I. igualdade de condições para o acesso e perma-
Programas suplementares de material didático nência na escola;
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divul-
gar o pensamento, a arte e o saber;
são condições básicas para se efetivar o acesso e a
III. pluralismo de ideias e de concepções pedagó-
permanência do aluno na escola. Contudo, muitas gicas, e coexistência de instituições públicas e
vezes, os municípios mais pobres não conseguem privadas de ensino;
IV. gratuidade do ensino público em estabelecimen-
atender toda demanda educacional e dependem da
tos oficiais;
complementação da União. V. valorização dos profissionais do ensino, garanti-
No parágrafo 1º, do art. 208, temos a seguinte do, na forma da lei, plano de carreira para o ma-
gistério público, com piso salarial profissional e
redação: “O acesso ao ensino obrigatório e gratuito
ingresso exclusivamente por concurso público de
é direito público subjetivo”. Assim, o que significa provas e títulos, assegurado regime jurídico único
direito público subjetivo? Quer dizer que o aces- para todas as instituições mantidas pela União;
V. valorização dos profissionais do ensino, garan-
so ao ensino fundamental é obrigatório e gratuito;
tidos, na forma da lei, planos de carreira para o
havendo o não oferecimento do ensino obrigatório magistério público, com piso salarial profissional
pelo Poder Público (federal, estadual, municipal) e ingresso exclusivamente por concurso público
de provas e títulos; (Redação dada pela Emenda
ou sua oferta irregular, a autoridade competente
Constitucional nº 19, de 1998)
pode ser responsabilizada. V. valorização dos profissionais da educação
escolar, garantidos, na forma da lei, planos de
Entretanto, se por um lado a legislação apre- carreira, com ingresso exclusivamente por con-
curso público de provas e títulos, aos das redes
senta alguns elementos de avanço nesse aspec-
públicas; (Redação dada pela Emenda Constitu-
to, por outro, as medidas e os projetos imple-
cional nº 53, de 2006)
mentados pelas reformas educativas a partir VI. gestão democrática do ensino público, na
dos anos 1990 desencadeiam um movimento forma da lei;
oposto, isto é, de desresponsabilização do esta- VII. garantia de padrão de qualidade.
do (HIDALGO, 2009, p. 9). VIII. salarial profissional nacional para os profissionais
da educação escolar pública, nos termos de lei
federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Cabe ressaltar que tanto os avanços da obrigatorie- 53, de 2006)
dade e gratuidade no aspecto legal quanto sua efeti- Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias
de trabalhadores considerados profissionais da
vação dependem do acompanhamento e da cobran-
educação básica e sobre a fixação de prazo para a
ça da sociedade civil ao poder público. A política elaboração ou adequação de seus planos de car-
educacional, para além da retórica, efetiva-se com a reira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda
participação da sociedade civil, que dá movimento Constitucional nº 53, de 2006)
ao processo de democratização da educação.

51
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A Constituição Federal, como posto no artigo 206, I a homogeneização dos discursos. A gestão demo-
“igualdade de condições para o acesso e permanên- crática não deve ser instrumento de legitimação das
cia na escola”, apresenta sintonia com o momento políticas com características neoliberais e orientadas
de abertura política; o espírito do texto é o de uma pelos organismos internacionais com foco na for-
“Constituição Cidadã” que propõe a incorporação mação para o trabalho.
de sujeitos historicamente excluídos do direito à O governo tem utilizado o apelo da participação
educação (VIEIRA, 2007). da comunidade escolar como justificativa de sua po-
Entre os princípios básicos do ensino, artigo lítica de descentralização. Sob essa perspectiva, ofe-
206, VI, está a “gestão democrática do ensino pú- rece condições para a participação da comunidade
blico na forma da lei”, a chamada “democratização” nas questões da escola, entretanto, essa participação
da gestão nas escolas públicas. A gestão democrática não deve ser justificativa para a desobrigação do Es-
no processo de desburocratização do Estado e suas tado com a educação. À medida que a comunidade
instituições aparecem como parceiras na divisão de assume cada vez mais a escola, torna-se responsável
responsabilidades entre a escola e a comunidade. “A também pelo seu sucesso ou fracasso, o que se carac-
comunidade externa tem assumido cada vez mais o teriza como uma pseudo democratização.
ônus deixado pelo Estado [...]” (CZERNISZ, 2001, O inciso III, do artigo 206, reconhece a “coe-
p. 205). É urgente a discussão sobre a gestão demo- xistência” entre estabelecimentos de ensino públi-
crática e sua implantação nas escolas, necessitamos cos e privados. Esse reconhecimento implica uma
verificar se ela atende a um projeto de sociedade de- alteração significativa nas políticas educacionais
mocrática ou a um projeto do capitalismo democrá- no processo de reforma da administração públi-
tico, com uma roupagem humanizadora. ca a partir dos anos 1990. Esse processo tem se
desenvolvido por meio da oferta privada de ser-
[...] a gestão da escola neste enfoque se caracte- viços públicos. O redirecionamento do Estado em
rizará por aspectos fortemente descentralizado-
relação às políticas públicas nesse contexto segue
res, com ênfase em aspectos administrativos. A
função da comunidade fica reduzida e restrita ao as seguintes estratégias, de acordo com Carvalho
gerenciamento de um mínimo de recursos, ou (2012, p. 214-216):
ao levantamento de recursos mínimos para ma- • Estimular soluções fora do setor público, ter-
nutenção da escola (CZERNISZ, 2001, p. 205). ceirizando, estabelecendo parcerias e contra-
tando serviços de mercado;
A participação necessária da sociedade civil pas- • Fornecer a participação crescente do traba-
sa pela socialização do próprio conceito de gestão lho voluntário e do “terceiro setor” na provi-
são dos serviços públicos;
democrática e seus desdobramentos, para que pos-
• Combater a prática monopolista, privilegian-
samos compartir ativamente do planejamento e das
do a liberdade de escolha e estimulando a
decisões que envolvem todo o âmbito da escola. As- competição (público e/ou privada) entre os
sim, pensar em gestão democrática implica superar que prestam serviços públicos;

52
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Controlar e fiscalizar a qualidade dos servi- As escolas privadas também são subdivididas, na
ços prestados, adotando mecanismos de ava- CF/88, em escolas privadas com fins lucrativos e es-
liação da satisfação do cliente e de reconhe- colas privadas sem fins lucrativos. É necessário en-
cimento de sua opinião e vontade, a fim de
tender que o primeiro setor é o próprio Estado, e
regular o sistema, orientar suas ações e orien-
sua oferta dos serviços públicos, o segundo setor; o
tar as ações da gestão.
mercado oferece um serviço público, com objetivo
• Descentralizar, delegando autoridade, confian-
do poder e atribuindo responsabilidades aos de qualquer empresa privada, o lucro; o terceiro se-
cidadãos, em lugar de simplesmente servi-los; tor (público não estatal) se constitui como privado,
• Orientar as ações segundo os mecanismos de organizado pela sociedade civil, oferece um serviço
mercado (competição, livre escolha, opção público, mas sem objetivar o lucro. No terceiro se-
do consumidor, tomadas de decisão baseadas tor, temos como exemplo as associações laicas ou
nos melhores resultados), estruturar o mer- religiosas, institutos, fundações e organizações não
cado (estabelecer regras, orientar as decisões governamentais.
dos agentes privados) e induzi-lo a mudan-
Lembre-se, caro(a) aluno(a), de que para a te-
ças (divulgar informações sobre a qualidade
dos serviços, estimular a demanda, catalisar a oria neoliberal, quem está em crise não é o capita-
formação de novos setores do mercado e con- lismo, mas o Estado, assim como suas instituições,
ceder incentivos para influenciar a oferta de dentre outros fatores, pelo gasto com as questões
preços e serviços); sociais. Dessa forma, a abertura para o setor priva-
• Abrandar ou reverter o crescimento do setor do na área educacional é justificada por reduzir os
administrativo, diminuindo as despesas pú- gastos estatais e atender a uma grande parcela da
blicas e o número de funcionários. população, o que o Estado não consegue fazer. Na
O Estado, ao assumir esse novo perfil, delega fun- perspectiva neoliberal, é o próprio mercado que
ções, estabelecendo “parcerias” (instâncias do pró- possui a capacidade de suprir as falhas do Estado
prio governo, sociedade civil e setor privado), incen- (LEHER, 2003).
tivando a “gestão compartilhada”. A oferta educacional pelo terceiro setor compen-
sa as políticas sociais não atendidas pelo Estado, e as
Assim, observa-se que, na tentativa de equacio- instituições privadas que compõem o setor do mer-
nar as exigências populares de maior acesso aos
cado tornam-se referência, ou melhor, um padrão
serviços públicos e a necessidade de responder
por maior eficiência no já ofertados, o governo para a escola pública. Considerando que as políti-
brasileiro tem conduzido mudanças nos aspec- cas públicas foram redesenhadas a partir da refor-
tos gerenciais das políticas públicas, orientado ma do Estado e da educação na década de 90, temos
por critérios de racionalidade administrativa o compartilhamento das funções estatais quanto à
fundados na economia privada (OLIVEIRA;
educação, em caráter privado com fins lucrativos e
DUARTE, 2005, p. 288).
em caráter privado sem fins lucrativos.

53
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

REFLITA Constituição Federal de 1988


Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para
o ensino fundamental, de maneira a assegurar
A educação básica também avança na ofer- formação básica comum e respeito aos valores
ta de educação privada. Esta expansão tem culturais e artísticos, nacionais e regionais.
significado uma melhoria nos números de § 1º- O ensino religioso, de matrícula facultativa,
alunos matriculados, mas e a qualidade é constituirá disciplina dos horários normais das
proporcional? escolas públicas de ensino fundamental.
Fonte: as autoras. § 2º- O ensino fundamental regular será mi-
nistrado em língua portuguesa, assegurada às
comunidades indígenas também a utilização de
suas línguas maternas e processos próprios de
aprendizagem.
Ainda que o Estado permita a coexistência de esta-
belecimentos públicos e privados, o setor privado
Se há consenso a respeito da necessidade da
pode funcionar apenas com algumas condiciona- escola elementar para todos os cidadãos, esse
lidades: cumprir as normativas do MEC quanto à consenso não existe quando se trata de preci-
autorização e à oferta dos serviços educacionais e sar os conteúdos, valores e habilidades a serem
avaliação das instituições privadas, como explícito oferecidos. [...] não há acordo sobre o que deve
representar o “mínimo” a ser oferecido à maio-
no artigo 209. ria (OLIVEIRA, 2007, p. 330).

Constituição Federal de 1988 Mesmo sem esse consenso, as avaliações nacionais


Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, aten- acabam por cobrar determinados conteúdos por
didas as seguintes condições:
meio de testes padronizados e restritos a algumas
I. cumprimento das normas gerais da educação
nacional;
disciplinas. Fato esse que interfere no currículo es-
II. autorização e avaliação de qualidade pelo Poder colar e causa desconforto entre os professores.
Público.

SAIBA MAIS

O artigo 210 é alvo de extensa discussão nacional so-


Você pode estar se perguntando: como faço
bre conteúdos mínimos, assim como o artigo 26 da para me manter atualizado com a legislação
LDB, que rege que “os currículos da educação infan- educacional? O importante é obter as infor-
til, do ensino fundamental e do ensino médio devem mações em sites oficiais do governo. Assim
elencamos o caminho:
ter base nacional comum, a ser complementada, em 1. Acessar o site disponível em: <http://
cada sistema de ensino e em cada estabelecimento www2.camara.leg.br/>.
escolar”. O que temos hoje no país são vários do- 2. Ir para Atividade Legislativa - Legislação.
3. Realizar a busca por LDB.
cumentos “orientadores”: Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), Diretrizes Curriculares Nacio- Fonte: as autoras.

nais e Referencial Curricular Nacional.

54
EDUCAÇÃO FÍSICA

O Brasil é uma República Federativa, composta por A Constituição Federal de 1988 caracterizou-se
três níveis de governo: o governo federal (União), pela descentralização financeira com maior parti-
os governos estaduais e os municipais. Entre as três cipação de estados e, principalmente, dos municí-
esferas, no que se refere à divisão de competências, pios na arrecadação tributária e na receita disponí-
a descentralização está presente na esfera da União, vel (ROSSINHOLI, 2010). No início da década de
especialmente em matéria de educação. 80, a redemocratização do país colocou em ques-
tão o modelo centralizador e autoritário. No início
Constituição Federal de 1988 desse processo de redemocratização, a educação e
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e outras políticas sociais foram sustentadas pelo dis-
os Municípios organizarão em regime de colabora- curso da descentralização, denominada, principal-
ção seus sistemas de ensino.
mente, como municipalização.
§ 1º A União organizará o sistema federal de
ensino e o dos Territórios, financiará as insti-
tuições de ensino públicas federais e exercerá, [...] podem-se demarcar dois movimentos na
em matéria educacional, função redistributiva configuração da federação brasileira. Com a
e supletiva, de forma a garantir equalização de Constituição de 1988, o arranjo federativo ca-
oportunidades educacionais e padrão mínimo de racteriza-se pela não-centralização do poder
qualidade do ensino mediante assistência técnica político, pelo reconhecimento dos municípios
e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos como componentes da Federação, pelo forta-
Municípios; (Redação dada pela Emenda Constitu- lecimento do poder dos estados, pela descen-
cional nº 14, de 1996)
tralização fiscal e em políticas públicas. Desde
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente a segunda metade dos anos 1990, contudo, es-
no ensino fundamental e na educação infantil. tados e municípios sofreram restrições na sua
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
autonomia de implementação de políticas, cujo
14, de 1996)
principal fator foi seu enquadramento na estra-
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão tégia – nacional de ajuste fiscal – privatizações,
prioritariamente no ensino fundamental e mé-
renegociação das dívidas, geração de superá-
dio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14,
vit primário, disciplina fiscal (FARENZENA,
de 1996)
2010, p. 3).
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino,
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios definirão formas de colaboração, de modo A educação é uma tarefa a ser compartilhada em
a assegurar a universalização do ensino obrigató- um regime denominado, na CF/1988, de coopera-
rio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
59, de 2009) ção; nem a União, nem qualquer ente federado pode
§ 5º A educação básica pública atenderá priorita- atuar de forma isolada, mas todos devem exercer
riamente ao ensino regular. (Incluído pela Emenda sua competência com os demais. Assim, o que nor-
Constitucional nº 53, de 2006)
teia a repartição de competência entre as entidades
componentes do Estado Federal é o da predominân-
cia do interesse, segundo o qual, caberá à União as

55
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

questões de predominante interesse geral, nacional;


ao passo que, aos estados, os assuntos de predomi-
nante interesse regional; e, aos municípios, o inte-
resse local.
No Brasil, historicamente, a educação básica é
ofertada por estados e municípios, à União cabe a
atuação direta na educação escolar, via manuten-
ção e organização da rede federal de ensino e, de
forma indireta, por meio da contribuição à ma-
nutenção e ao desenvolvimento do ensino, assim
como dos programas suplementares das redes es-
taduais e municipais.

Constituição de 1988 fez a escolha por um re-


gime normativo e político, plural e descentra-
lizado, em que se cruzam novos mecanismos
de participação social com um modelo insti-
tucional cooperativo que amplia o número de
sujeitos políticos capazes de tomar decisões.
Por isso mesmo a cooperação exige entendi-
mento mútuo entre os entes federativos, e a
participação supõe a abertura de novas arenas
públicas de deliberação e mesmo de decisão
(CURY, 2004, p. 16).

A Constituição Federal se consolidou com a incor-


poração de dois projetos: um originário das lutas
pela democratização do país e outro em consonân-
cia com as tendências internacionais e reestrutura-
ção capitalista; portanto, a Constituição representa
grandes avanços, assim como alguns retrocessos re-
ferentes à educação.

56
EDUCAÇÃO FÍSICA

57
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional de 1996
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de diretrizes, encontramos o conteúdo de formulação
1996 foi um resultado de longa trajetória de lutas, operativa. As Bases correspondem às vigas de sus-
participação, debates e conflitos por uma educação tentação em que o sistema educacional é fundamen-
pública e democrática, regulamenta direitos institu- tado. Aqui estão os princípios axiológicos, ou seja,
ídos na Constituição Federal de 1988. A LDB com- os princípios de valores e os contornos de direitos
pletou duas décadas e desde 1996 percorreu um pro- (CARNEIRO, 2004). Assim, a LDB tem as funções de
cesso contínuo de mudança em sua regulamentação regulamentar, disciplinar e estabelecer os sistemas,
para ser executada de forma permanente e contex- as estruturas e os recursos para o desenvolvimento
tualizada. A Câmara dos Deputados apresentou, da educação, de acordo com a necessidade do país.
em 2017, a 14ª edição do texto da lei nº 9.394/96, A lei sancionada pelo então presidente da Re-
composta por nove títulos e 92 artigos. pública Fernando Henrique Cardoso, em 20 de de-
Do latim “lex” significa “lei” - uma obrigação im- zembro de 1996, é resultado de um longo embate. A
posta, um preceito que deve ser seguido pela socieda- primeira proposta da LDB, conhecida como Projeto
de. As Diretrizes correspondem às modalidades da Jorge Hage, foi o resultado de uma série de debates
organização da educação, aos ordenamentos de ofer- abertos com a sociedade, organizados pelo Fórum
ta, aos sistemas de conferência de resultados e pro- Nacional em Defesa da Escola Pública e apresenta-
cedimentos para articulação de infraestrutura. Nas do na Câmara dos Deputados. A segunda proposta

58
EDUCAÇÃO FÍSICA

aprovada foi elaborada pelos senadores Darcy Ribei- Título I – Da educação


ro, Marco Maciel e Maurício Correa em articulação
com o Poder Executivo por meio do MEC. LDB/1996
Na LDB encontramos disposições sobre a orga- Art. 1º A educação abrange os processos for-
mativos que se desenvolvem na vida familiar, na
nização da educação escolar; as responsabilidades
convivência humana, no trabalho, nas instituições
da União, Distrito Federal, Estados e Municípios; as de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
responsabilidades das escolas, dos pais e dos edu- organizações da sociedade civil e nas manifesta-
ções culturais.
cadores; os níveis e modalidades de ensino; os re-
§ 1º Esta lei disciplina a educação escolar, que se
quisitos para a formação e a valorização do magis- desenvolve, predominantemente, por meio do
tério; e o financiamento da educação. A lei trata das ensino, em instituições próprias.
questões administrativas e organizacionais, mas que § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao
implicam as questões pedagógicas. Para nos locali- mundo do trabalho e à prática social.

zarmos quanto ao documento, veja o quadro com a


divisão dos títulos e capítulos: O Título I – Da Educação reconhece que uma
pessoa não aprende apenas no âmbito escolar ou
LDB - 1996 na educação formal, mas no cotidiano em função
Título I – Da Educação da família, na qual a criança recebe seus primei-
Título II – Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
ros ensinamentos e aprende na convivência diária
Título III - Do Direito à Educação e do Dever de
os seus primeiros passos da vida; no ambiente,
Educar
Título IV – Da Organização da Educação Nacional por meio do relacionamento com outras crianças
Título V – Dos Níveis e das Modalidades de Educa- e do ambiente em que se vive gera-se aprendiza-
ção e Ensino: gem; no trabalho, que é por essência um princípio
Capítulo I – Da Composição dos Níveis Escolares; educativo, os programas educacionais devem ser
Capítulo II – Da Educação Básica: processos para formar para o trabalho e não pelo
Seção I – Das Disposições Gerais; trabalho; nas instituições de ensino ou pesquisa,
Seção II – Da Educação Infantil;
que são locais de educação formal e de formação
Seção III – Do Ensino Fundamental;
humana; nas associações e organizações civis, que
Seção IV – Do Ensino Médio;
permitem as trocas de experiências em grupos si-
Seção IV-A – Da Educação Profissional Técnica de
Nível Médio milares ou díspares; nos movimentos sociais, o
Seção V – Da Educação de Jovens e Adultos; envolvimento dos grupos em prol de um direito,
Capítulo III – Da Educação Profissional e Tecnológica; levanta debates que possibilita a obtenção de um
Capítulo IV – Da Educação Superior; novo conhecimento; e, por fim, na arte, lazer e cul-
Capítulo V – Da Educação Especial; tura, que são elementos que contribuem para o de-
Título VI – Dos Profissionais da Educação; senvolvimento humano (NEY, 2008).
Título VII – Dos Recursos Financeiros; A lei se dirige à educação formal predominante-
Título VIII – Das disposições gerais;
mente nas instituições de ensino (creches, centros de
Título IX – Das Disposições Transitórias.
educação infantil, colégios, centros universitários,

59
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

universidades, entre outros), denominada de educa- não poderia manter sua continuidade sem a presen-
ção escolar. Caro(a) aluno(a), é importante se apro- ça do complexo social da educação (COSTA, 2007).
priar da tipologia específica da legislação que, além Na sociedade contemporânea, quanto mais se
de ser cobrada nos concursos, permeia os textos, do- consolidam os aspectos globais baseados na pro-
cumentos, pareceres e diretrizes educacionais. dução para o consumo, mais se colocam exigências
O § 2º do artigo 1º estabelece a relação da e objetivos para a educação, como o de conteúdos
educação escolar com o mundo do trabalho e da mínimos para o processo de trabalho. Porém, com
prática social. conteúdos mínimos, aprender a ler, escrever e con-
tar pode atingir a formação integral para que o indi-
A escola, desde suas origens, foi posta do lado víduo possa exercer sua cidadania e participar ativa-
do trabalho intelectual; constituiu-se num ins-
mente da sociedade?
trumento para a preparação dos futuros diri-
gentes que se exercitavam não apenas nas fun- Para tanto, é necessário estar atento à oferta da
ções da guerra (liderança militar), mas também educação conforme as classes sociais, pois muitos
nas funções de mando (liderança política), por projetos educacionais são focalizados para as classes
meio do domínio da arte da palavra e do conhe- pobres e voltados para o desenvolvimento de com-
cimento dos fenômenos naturais e das regras de
petências de ordem prática, desvinculada da refle-
convivência social. A formação dos trabalhado-
res dava-se com o concomitante exercício das xão e do domínio do conhecimento científico. Para
respectivas funções (SAVIANI, 1994, p. 162). Braverman (1980), quanto maior o conteúdo cien-
tífico incorporado nos processos e instrumentos de
A educação cumpre papel de transmissão da cultura trabalho no contexto do desenvolvimento tecnoló-
humana. As competências teóricas e práticas, acu- gico, menor é o acesso do trabalhador a ele.
muladas pelo gênero humano, necessárias ao pro- Além do trabalho, outro conceito estruturante
cesso de trabalho, são transmitidas aos indivíduos do processo educativo é a prática social. A prática
por meio da educação. Esta, ao mesmo tempo, é o social, ou práxis, é a unidade da teoria e da prática
mecanismo por meio do qual as concepções acer- que são categorias filosóficas. A prática baseia-se na
ca do funcionamento da sociedade são transmitidas concepção marxista de que as ideias não mudam a
aos indivíduos. Por meio da educação são transmiti- realidade material, e só o material, que é a prática,
dos aos homens os conhecimentos e saberes neces- é capaz de transformar a realidade objetiva (TRI-
sários à reprodução do processo de trabalho, o qual VIÑOS, 2006).

60
EDUCAÇÃO FÍSICA

Título II – Dos princípios e fins da educação nacional

CF/1988 LDB/1996
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspi-
Estado e da família, será promovida e incentivada com rada nos princípios de liberdade e nos ideais de solida-
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desen- riedade humana, tem por finalidade o pleno desenvol-
volvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da vimento do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho. cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Artigo 206 trata dos princípios da educação nacional. O artigo 3º, além de trazer os princípios já estabeleci-
dos na CF, acrescenta dois novos princípios: o inciso X
“valorização da experiência extra-escolar” e o inciso XI
“vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
práticas sociais”.
XII– consideração com a diversidade étnico-racial
(lei nº 12.796, de 4-4-2013).

Como vemos no art. 205 da CF e no art. 2º da LDB,


há uma inversão do enunciado, retirando o Estado
como responsável principal e responsabilizando, em
primeiro lugar, a família. Convém destacar que o Es-
tado mínimo se utiliza de várias estratégias políticas
no processo de desresponsabilização na área social.
O art. 3º, inciso X, destaca a valorização da ex-
periência extraescolar que se constitui em um desa-
fio no ensino brasileiro. A experiência extraescolar
“Refere-se a toda experiência social educativa vivida
fora da instituição escolar. É um tempo-vivência não
regulado pela escola, mas que condiciona de forma
diferenciada a qualidade da experiência escolar”
(CORREIA, 2010, p. 1). A experiência extraesco-
lar representa a valorização do capital cultural dos
alunos, conforme sua condição socioeconômica. A
ampliação do conceito educacional que considera
importante não apenas o saber formal construído
na escola, mas também fora dela.

61
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Título III - Do direito à Educação e do dever de educar

LDB/1996

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
I. educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade, organizada da seguinte forma:
(Inciso acrescido pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013)
a. pré-escola; (Alínea acrescida pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013)
b. ensino fundamental; (Idem)
c. ensino médio; (Idem)
II. educação infantil gratuita às crianças de até cinco anos de idade; (Inciso com redação pela Lei nº 12.796, de 4-4-
2013)
III. atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
preferencialmente na rede regular de ensino; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013)
IV. acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade
própria; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013)
V. acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada
um;
VI. oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII. oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às
suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso
e permanência na escola;
VIII. atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suple-
mentares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; (Inciso com redação
dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013)
IX. padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno,
de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem;
X. vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua residência a
toda criança a partir do dia em que completar quatro anos de idade (Inciso acrescido pela Lei nº 11.700,
de 13-6-2008)
Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo
de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída
e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo (Parágrafo com redação dada pela Lei nº
12.796, de 4-4-2013)
§ 1º O poder público, na esfera de sua competência federativa, deverá: (Parágrafo com redação dada pela Lei
nº 12.796, de 4-4-2013)
I. recensear anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos que
não concluíram a educação básica; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013).
Inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013.
II. fazer-lhes a chamada pública;
III. zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4
(quatro) anos de idade.

62
EDUCAÇÃO FÍSICA

• § 1º do art. 5º, antes da alteração: a União


Você percebeu, caro(a) aluno(a), que a lei 12.796,
dividia a responsabilidade de realização do
de 4 de abril de 2013, foi citada várias vezes? Sendo censo com os estados e municípios, passou
assim, vamos entendê-la melhor. Com a lei, a obri- a ser responsabilidade federativa com a lei
gatoriedade escolar passou a ser de 4 a 17 anos, al- 12.796.
teraram-se os padrões nacionais de funcionamento • art. 5º - passa a contemplar a obrigatorieda-
na educação infantil, bem como orientações para o de da educação básica para as crianças de 4 a
combate a desigualdades. Vejamos, assim, o que mu- 17 anos, anteriormente, a obrigatoriedade se
dou com a lei 12.796: destinava para o ensino fundamental público.
• Inciso I - anteriormente, apenas o ensino fun-
damental era obrigatório, assim como para Quanto à obrigatoriedade dos pais ou responsáveis
os que não tiveram acesso na idade própria; em matricular a criança a partir de quatro anos de
a alteração foi: a educação básica obrigatória idade é contraditória, pois temos a demanda da edu-
dos 4 aos 17 anos, dividida em três etapas:
cação infantil, o que não temos é a oferta por parte
pré-escola (4 a 5 anos), ensino fundamental
do Estado. A obrigatoriedade tem gerado discussão
e ensino médio.
entre os educadores e certo incômodo nos pais, pois
• Inciso II - antes tratava da extensão da obri-
gatoriedade e gratuidade do ensino médio limita a liberdade individual.
e foi alterada, conforme a lei 11.274 (ensi-
no fundamental de 9 anos), a gratuidade às Em relação à pré-escola, há evidências, susten-
tadas por pesquisas, sobre os efeitos positivos
crianças de até cinco anos.
da frequência a esse estabelecimento de ensino.
• Inciso III - anteriormente, a denominação Mas não há estudos que indiquem eventuais
era educandos com necessidades especiais e vantagens de torná-la compulsória (DIDO-
passou a ser educandos com deficiência. O NET, 2014, p. 151).
inciso não especificava os transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades ou
Caro(a) aluno(a), atente-se para o fato de que o ensi-
superdotação, de forma transversal, em todos
no obrigatório não é apenas o fundamental, mas qua-
os níveis, etapas e modalidades. As alterações
quanto às características do educando são al- se toda a educação básica (educação infantil na eta-
teradas nos art. 58, 59 e 60. pa da pré-escola, ensino fundamental e médio) para
• Inciso IV- trata do atendimento gratuito em aqueles que tenham de quatro a dezessete anos. En-
creches e pré-escolas, e passou a ocupar-se tretanto, não podemos dizer que a etapa obrigatória
do acesso público e gratuito aos ensinos fun- é a educação básica, pois a etapa da educação infantil
damental e médio para todos os que não os de zero a três anos não se inclui na obrigatoriedade.
concluíram na idade própria. A lei n° 12.796\2013 traz novidades que podem
• Incisos V, VI e VII não foram alterados. contribuir para a educação e com as melhorias, “[...]
• Inciso VIII - amplia a cobertura dos progra- introduz na LDB disposições controversas no meio
mas à educação básica; antes a garantia era educacional e itens com redação passível de inter-
apenas para o ensino fundamental. pretação divergente” (DIDONET, 2014, p. 158).

63
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A LDB, em seu artigo 7º, trata da oferta do en- 20º e 77º, no próximo tópico, sobre financiamento
sino pelo setor privado, conforme os artigos 206 e da educação.
209 da CF/88, assim como no PNE (2011-2020). Já Do artigo 8º ao artigo 20º da LDB/1996 estão es-
discutimos anteriormente, nesta mesma unidade, tabelecidas disposições que tratam da organização da
os artigos da CF, e analisaremos os artigos 7º, 19º, Educação Nacional, do regime de colaboração, bem
como das normas que regem seu funcionamento.

Quadro 1 - Distribuição de responsabilidades entre os entes federados

UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS


Coordenar a Política Nacional de Organizar, manter e desenvolver Organizar, manter e desenvolver
Educação; órgãos e instituições oficiais dos os órgãos e instituições oficiais
Exercer função normativa, redistribu- seus sistemas de ensino; dos seus sistemas de ensino;
tiva e supletiva em relação às demais Definir, com os municípios, formas Exercer ação redistributiva em
instâncias educacionais; de colaboração na oferta do ensi- relação às suas escolas;
Elaborar Plano Nacional de Educação; no fundamental; Baixar normas complementares
Organizar, manter e desenvolver os ór- Elaborar e executar políticas e para o seu sistema de ensino;
gãos e instituições oficiais do sistema planos educacionais, em conso- Autorizar, credenciar e supervi-
federal de ensino e dos territórios; nância com as diretrizes e planos sionar os estabelecimentos do
nacionais de educação; seu sistema de ensino;
Elaborar as diretrizes curriculares para
a educação básica; Autorizar, reconhecer, credenciar, Oferecer a educação infantil em
supervisionar e avaliar, os cursos creches e pré-escolas e, com prio-
Coletar, analisar e disseminar informa- das instituições de educação
ção sobre a educação; ridade, o ensino fundamental.
superior e os estabelecimentos do
Avaliar a educação nacional em todos seu sistema de ensino;
os níveis; Baixar normas suplementares
Normatizar os cursos de graduação e para o seu sistema de ensino;
pós-graduação; Assegurar o ensino
Avaliar as instituições de ensino superior; fundamental e oferecer, com prio-
Autorizar, reconhecer, credenciar, ridade, o ensino médio.
supervisionar e avaliar os cursos das
instituições de educação superior e os
estabelecimentos de ensino.

Fonte: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996).

64
EDUCAÇÃO FÍSICA

Acesso à educação De acordo com a figura anterior, a LDB determina


como competência dos municípios atuar priorita-
Divisão de responsabilidades - Educação Básica riamente na educação infantil e ensino fundamen-
Função tal; enquanto cabe aos estados garantirem o ensino
Redistributiva e supletiva
União
Assistência técnica e financeira aos
fundamental e oferecer, prioritariamente, o ensino
estados e municípios médio. Quanto ao Distrito Federal, a lei define que
ele deverá atender às competências referentes aos
Devem oferecer estados e municípios, ou seja, oferecer toda a edu-
Estados Ensino Fundamental
Ensino Médio cação básica. Quanto à União, cabe a organização
do sistema de educação superior e o apoio técnico e
financeiro aos demais entes federados.
Devem oferecer
Municípios Ensino Infantil Os artigos 12º e 13º tratam da responsabilidade
Ensino Fundamental
da escola e dos professores na organização e na con-
Figura 1 - Divisão de responsabilidades entre União, Estados e Municípios
dução do processo ensino e aprendizagem.
Fonte: as autoras.

LDB/1996
Responsabilidades da Escola Responsabilidade do Professor
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I. participar da elaboração da proposta peda-
I. elaborar e executar sua proposta pedagógica; gógica do estabelecimento de ensino;
II. administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; II. elaborar e cumprir plano de trabalho, se-
III. assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabe- gundo a proposta pedagógica do estabeleci-
lecidas; mento de ensino;
IV. velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; III. zelar pela aprendizagem dos alunos;
V. prover meios para a recuperação dos alunos de menor ren- IV. estabelecer estratégias de recuperação para
dimento; os alunos de menor rendimento;
VI. articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos V. ministrar os dias letivos e horas-aula esta-
de integração da sociedade com a escola; belecidos, além de participar integralmente
dos períodos dedicados ao planejamento, à
VII. informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se
avaliação e ao desenvolvimento profissional;
for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendi-
mento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta VI. colaborar com as atividades de articulação
pedagógica da escola (Inciso com redação dada pela Lei nº da escola com as famílias e a comunidade.
12.013, de 6-8-2009);
VIII. notificar ao conselho tutelar do município, ao juiz competente
da comarca e ao respectivo representante do Ministério Públi-
co a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas
acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei
(Inciso acrescido pela Lei nº 10.287, de 10-9-2001).

65
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

O artigo 13º discorre sobre as especificações dos en- ciadas às condições materiais da escola, ao aumento
cargos dos professores; elaboração do plano indivi- do número de alunos por sala, à delegação de tarefas
dual conforme o PPP (Projeto Político Pedagógico); de programação e gestão de recursos ou à ampliação
cuidado da aprendizagem dos alunos; estabeleci- das tarefas de tipo assistencial, contribuíram para
mento do plano de recuperação com a escola (art. intensificar o tempo de trabalho extraclasse que his-
12, inciso V); participação do planejamento e ava- toricamente tem permanecido invisível na remune-
liação escolar; assim como o cumprimento dos dias ração da jornada de trabalho (BIRGIN, 1999).
e horas letivas e cooperação na articulação escola, A escola, assim como toda a educação, integra
família e comunidade. Entendemos que zelar pela todo o sistema social e tanto afeta a estrutura eco-
aprendizagem é um tanto vago na lei, portanto, vale nômica e social como é afetada por ela em maior
discutirmos a função do professor. medida. “Isso demonstra uma relação de influência
mútua entre a sociedade, o sistema de ensino, a ins-
Tais atribuições assumem variações e são in- tituição escolar e os sujeitos [...]” (LIBÂNEO; TOS-
fluenciadas por múltiplas determinações do
CHI; OLIVEIRA, 2012, p. 415).
contexto histórico-social, em permanente mu-
tação. Comumente é própria da função docente As determinações do artigo 12 da LDB para a es-
a socialização de saberes produzidos historica- cola são burocráticas e pedagógicas. Muito se fala em
mente pela humanidade e o desenvolvimento autonomia da escola, mas a escola, fazendo parte de
de atividades correlatas a esse processo e que
um sistema de ensino, possui uma autonomia rela-
dão sustentação ao ensino e à operacionaliza-
ção do currículo escolar, tais como: seleção dos tiva. As normativas da escola são necessárias desde
conteúdos a serem ensinados; criação de meca- que não deixem em segundo plano o aprendizado e
nismos para relacionar os conteúdos curricu- o desenvolvimento integral do aluno. A organização
lares às experiências culturais e concretas dos
da escola é apenas um meio para atingir seu objetivo,
estudantes; elaboração e/ou planejamento de
metodologias de ensino; construção dos planos pois o processo de ensino depende de boas condições
de ensino; participação na elaboração do pro- organizacionais e de gestão da escola. O ideário da
jeto político pedagógico e dos conselhos esco- reforma educacional também contempla a otimiza-
lares; elaboração dos processos de avaliação da
aprendizagem (SILVA, 2010, p. 2).
ção e racionalização dos processos de trabalho, e al-
guns autores, como Libâneo, Toschi e Oliveira (2012),
O exercício profissional do professor compreende Shiroma, Moraes e Evangelista (2007) têm destinado
ao menos três atribuições: a docência, a atuação na críticas quanto ao fato de as questões administrativas
organização e na gestão da escola e a produção de estarem se sobrepondo aos aspectos pedagógicos.
conhecimento pedagógico (LIBÂNEO; TOSCHI;
OLIVEIRA, 2012, p. 431). [...] os professores necessitam ter consciência
das determinações sociais e políticas, das rela-
Evidentemente, é preciso lembrar que para uma
ções de poder implícitas nas decisões adminis-
educação de qualidade, necessitamos de uma remu- trativas e pedagógicas do sistema e da maneira
neração de qualidade para os professores e profis- pela qual elas afetam as decisões e ações levadas
sionais do ensino. Os processos de intensificação do a efeito na escola e nas salas de aula (LIBÂNEO;
trabalho, ou seja, as novas cargas de trabalho, asso- TOSCHI; OLIVEIRA, 2012, p. 416).

66
EDUCAÇÃO FÍSICA

As políticas para a formação de profissionais da educa- A reforma educacional na década de 90 fundamenta


ção passaram por várias mudanças desde 1996 com a a formação docente, nos aspectos necessários à reorde-
aprovação da LDB; os artigos 61, 62, 62-A e 67 explici- nação capitalista e, como contraponto, os objetivos para
tam questões importantes e, ao mesmo tempo, contra- a formação de professores, estabelecidos pelas entidades
ditórias, especialmente depois da Reforma do Ensino nacionais de educação nos debates da Conferência Na-
Médio pela Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. cional de Educação para a elaboração do PNE (2014).

LDB/1996 Atualizada pela Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017.


LDB - Atualizada com a Reforma do Ensino Médio -
LDB - Anterior a Reforma do Ensino Médio
2017
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação es- Art. 61. Consideram-se profissionais da educação
colar básica os que, nela estando em efetivo exercício e escolar básica os que, nela estando em efetivo exer-
tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: (Ar- cício e tendo sido formados em cursos reconhecidos,
tigo com redação dada pela Lei nº 12.014, de 6-8-2009) são: (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº
I. professores habilitados em nível médio ou superior 12.014, de 6/8/2009)
para a docência na educação infantil e nos ensinos I. professores habilitados em nível médio ou superior
fundamental e médio; para a docência na educação infantil e nos ensinos
II. trabalhadores em educação portadores de diploma fundamental e médio; (Inciso com redação dada pela Lei
de pedagogia, com habilitação em administração, nº 12.014, de 6/8/2009)
planejamento, supervisão, inspeção e orientação II. trabalhadores em educação portadores de diploma
educacional, bem como com títulos de mestrado ou de pedagogia, com habilitação em administração,
doutorado nas mesmas áreas; planejamento, supervisão, inspeção e orientação
III. trabalhadores em educação, portadores de diploma educacional, bem como com títulos de mestrado ou
de curso técnico ou superior em área pedagógica ou doutorado nas mesmas áreas; (Inciso com redação
afim. Parágrafo único. A formação dos profissionais da dada pela Lei nº 12.014, de 6/8/2009)
educação, de modo a atender às especificidades do III. trabalhadores em educação, portadores de diploma de
exercício de suas atividades, bem como aos objetivos curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim.
das diferentes etapas e modalidades da educação (Inciso acrescido pela Lei nº 12.014, de 6/8/2009)
básica, terá como fundamentos: IV. profissionais com notório saber reconhecido pelos
I. a presença de sólida formação básica, que propicie o respectivos sistemas de ensino, para ministrar con-
conhecimento dos fundamentos científicos e sociais teúdos de áreas afins à sua formação ou experiência
de suas competências de trabalho; profissional, atestados por titulação específica ou
II. a associação entre teorias e práticas, mediante está- prática de ensino em unidades educacionais da rede
gios supervisionados e capacitação em serviço; pública ou privada ou das corporações privadas em
que tenham atuado, exclusivamente para atender
III. o aproveitamento da formação e experiências anterio-
ao inciso V do caput do art. 36; (Inciso acrescido pela
res, em instituições de ensino e em outras atividades.
Medida Provisória nº 746, de 22/9/2016, convertida e
com redação dada pela Lei nº 13.515, de 16/2/2017)
V. profissionais graduados que tenham feito comple-
mentação pedagógica, conforme disposto pelo Con-
selho Nacional de Educação. (Inciso acrescido pela Lei
nº 13.415, de 16/2/2017)

67
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação,


de modo a atender às especificidades do exercício de suas
atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e
modalidades da educação básica, terá como fundamentos:
I. a presença de sólida formação básica, que propicie o
conhecimento dos fundamentos científicos e sociais
de suas competências de trabalho;
II. a associação entre teorias e práticas, mediante está-
gios supervisionados e capacitação em serviço;
III. o aproveitamento da formação e experiências
anteriores, em instituições de ensino e em outras
atividades. (Parágrafo único acrescido pela Lei nº
12.014, de 6/8/2009)
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valoriza- SEM CORRESPONDENTE
ção dos profissionais da educação, assegurando-lhes,
inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de
carreira do magistério público:
I. ingresso exclusivamente por concurso público de
provas e títulos;
II. aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com
licenciamento periódico remunerado para esse fim;
III. piso salarial profissional;
IV. progressão funcional baseada na titulação ou habilita-
ção, e na avaliação do desempenho;
V. período reservado a estudos, planejamento e avaliação,
incluído na carga de trabalho;
VI. condições adequadas de trabalho.
§ 1º A experiência docente é pré-requisito para o
exercício profissional de quaisquer outras funções de
magistério, nos termos das normas de cada sistema de
ensino (Parágrafo único original transformado em § 1º
pela Lei nº 11.301, de 10-5-2006).
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no
§ 8º do art. 201 da Constituição Federal, são conside-
radas funções de magistério as exercidas por profes-
sores e especialistas em educação no desempenho de
atividades educativas, quando exercidas em estabele-
cimento de educação básica em seus diversos níveis e
modalidades, incluídas, além do exercício da docência,
as de direção de unidade escolar e as de coordenação
e assessoramento pedagógico (Parágrafo acrescido
pela Lei nº 11.301, de 10-5-2006).
§ 3º A União prestará assistência técnica aos estados,
ao Distrito Federal e aos municípios na elaboração de
concursos públicos para provimento de cargos dos
profissionais da educação (Artigo acrescido pela Lei nº
12.796, de 4-4-2013).

68
EDUCAÇÃO FÍSICA

[...] reconhecido pelos respectivos sistemas de


No artigo 61 da LDB, os “profissionais com notório sa- ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins
ber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino” à sua formação ou experiência profissional,
somente poderão atuar na “formação técnica e profis- atestados por titulação específica ou prática de
sional” do ensino médio. isto é, com a reforma do En- ensino em unidades educacionais da rede pú-
blica ou privada ou das corporações privadas
sino Médio, um professor pode ministrar disciplinas e em que tenham atuado.
conteúdos sem precisar ser licenciado ou ter formação
específica na área. Notório significa ser reconhecido Outra fragilidade é o entendimento de que para ser
publicamente pelo seu saber, o que é muito relacional, professor e atuar na escola, é necessário apenas ter o
visto que alguém precisa reconhecer e atestar o saber saber ou o conhecimento, sem considerar os méto-
de alguém. A forma de reconhecer o “notório saber” é dos de ensino, a formação didático pedagógica para
vago na legislação; no inciso V do art. 61, ele deverá ser a atuação profissional.

LDB/1996
LDB - Anterior a Reforma do Ensino Médio LDB - Atualizada com a Reforma do Ensino Médio - 2017
Art. 62. A formação de docentes para atuar na edu- Art. 62. A formação de docentes para atuar na edu-
cação básica far-se-á em nível superior, em curso de cação básica far-se-á em nível superior, em curso de
licenciatura, de graduação plena, em universidades licenciatura plena, admitida, como formação mínima
e institutos superiores de educação, admitida, como para o exercício do magistério na educação infantil
formação mínima para o exercício do magistério e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental,
na educação infantil e nos cinco primeiros anos do a oferecida em nível médio, na modalidade normal.
ensino fundamental, a oferecida em nível médio na (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 13.415,
modalidade normal. de 16/2/2017)
§ 1º A União, o Distrito Federal, os estados e os mu- § 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Muni-
nicípios, em regime de colaboração, deverão promo- cípios, em regime de colaboração, deverão promover a
ver a formação inicial, a continuada e a capacitação formação inicial, a continuada e a capacitação dos pro-
dos profissionais de magistério (Caput com redação fissionais de magistério. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013). 12.056, de 13/10/2009)
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos § 2º A formação continuada e a capacitação dos profissio-
profissionais de magistério poderão utilizar recursos nais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias
e tecnologias de educação a distância (Parágrafo de educação a distância. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
acrescido pela Lei nº 12.056, de 13-10-2009). 12.056, de 13/10/2009)
§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério § 3º A formação inicial de profissionais de magistério
dará preferência ao ensino presencial, subsidiaria- dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamen-
mente fazendo uso de recursos e tecnologias de te fazendo uso de recursos e tecnologias de educação
educação a distância (Parágrafo acrescido pela Lei nº a distância. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.056, de
12.796, de 4-4-2013). 13/10/2009)
§ 4º A União, o Distrito Federal, os estados e os muni- § 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municí-
cípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e pios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e per-
permanência em cursos de formação de docentes em manência em cursos de formação de docentes em nível
nível superior para atuar na educação básica pública superior para atuar na educação básica pública. (Parágra-
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013). fo acrescido pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)

69
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

§ 5º A União, o Distrito Federal, os estados e os § 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios


municípios incentivarão a formação de profissionais incentivarão a formação de profissionais do magistério
do magistério para atuar na educação básica pública para atuar na educação básica pública mediante programa
mediante programa institucional de bolsa de inicia- institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes
ção à docência a estudantes matriculados em cursos matriculados em cursos de licenciatura, de graduação
de licenciatura, de graduação plena, nas instituições plena, nas instituições de educação superior. (Parágrafo
de educação superior (Parágrafo acrescido pela Lei acrescido pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
nº 12.796, de 4-4-2013). § 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer nota
§ 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do
nota mínima em exame nacional aplicado aos con- ensino médio como pré-requisito para o ingresso em cur-
cluintes do ensino médio como pré-requisito para o sos de graduação para formação de docentes, ouvido o
ingresso em cursos de graduação para formação de Conselho Nacional de Educação - CNE. (Parágrafo acresci-
docentes, ouvido o Conselho Nacional de Educação do pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
(CNE) (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.796, de 4-4- § 7º (VETADO na Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
2013).
§ 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes
SEM CORRESPONDENTE terão por referência a Base Nacional Comum Curricular.
SEM CORRESPONDENTE (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 746, de
22/9/2016, convertida na Lei nº 13.415, de 16/2/2017).
Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se re- Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o
fere o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de con-
de conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou teúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou superior,
superior, incluindo habilitações tecnológicas. incluindo habilitações tecnológicas.
Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para os
para os profissionais a que se refere o caput, no local profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho
de trabalho ou em instituições de educação básica e ou em instituições de educação básica e superior, incluindo
superior, incluindo cursos de educação profissional, cursos de educação profissional, cursos superiores de gra-
cursos superiores de graduação plena ou tecnológi- duação plena ou tecnológicos e de pós-graduação. (Artigo
cos e de pós-graduação. (Artigo acrescido pela Lei nº acrescido pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
12.796, de 4/4/2013) Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas
SEM CORRESPONDENTE de educação básica a cursos superiores de pedagogia e
licenciatura será efetivado por meio de processo seletivo
diferenciado.
§ 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no caput
deste artigo os professores das redes públicas municipais,
estaduais e federal que ingressaram por concurso público,
tenham pelo menos três anos de exercício da profissão e
não sejam portadores de diploma de graduação.
§ 2º As instituições de ensino responsáveis pela oferta
de cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão
critérios adicionais de seleção sempre que ocorrerem aos
certames interessados em número superior ao de vagas
disponíveis para os respectivos cursos.
§ 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem definidos
em regulamento pelas universidades, terão prioridade de
ingresso os professores que optarem por cursos de licen-
ciatura em matemática, física, química, biologia e língua por-
tuguesa. (Artigo acrescido pela Lei nº 13.478, de 30/8/2017)

70
EDUCAÇÃO FÍSICA

No art. 62, que trata da formação dos profissionais O artigo novo 62-B estabelece um processo se-
da docência, o § 8º é novo e determina que, além dos letivo diferenciado para os professores da rede pú-
currículos da educação básica e as avaliações nacio- blica de educação básica, no entanto, só poderão
nais, os respectivos cursos de formação de docen- participar do processo seletivo os professores das
tes tenham por referência a Base Nacional Comum redes públicas municipais, estaduais e federais que
Curricular - BNCC. Contudo, caro(a) aluno(a), o ingressaram por concurso público, tenham pelo me-
que é a Base Nacional Comum Curricular? nos três anos de exercício da profissão e não sejam
portadores de diploma de graduação.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é Na primeira versão da LDB, no Título IX Das
um documento de caráter normativo que define
Disposições Transitórias, ao instituir a Década da
o conjunto orgânico e progressivo de aprendiza-
gens essenciais que todos os alunos devem de- Educação a partir de 1996 no § 4º, “Até o fim da
senvolver ao longo das etapas e modalidades da Década da Educação somente serão admitidos pro-
Educação Básica. Aplica-se à educação escolar, fessores habilitados em nível superior ou formados
tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de por treinamento em serviço”. Esse parágrafo não foi
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB,
cumprido e, pior, com todas as alterações realizadas
Lei nº 9.394/1996), e indica conhecimentos e
competências que se espera que todos os estu- até 2017 ainda se mantém a possibilidade de forma-
dantes desenvolvam ao longo da escolaridade. ção na modalidade normal para atuar na educação
Orientada pelos princípios éticos, políticos e infantil e anos iniciais do ensino fundamental. “Es-
estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares
sas são práticas conservadoras do mundo do sistema
Nacionais da Educação Básica (DCN), a BNCC
soma-se aos propósitos que direcionam a edu- que impedem ultrapassar o caráter emergencial e
cação brasileira para a formação humana inte- provisório de certas políticas de formação de profes-
gral e para a construção de uma sociedade justa, sores que contribuem para a desprofissionalização
democrática e inclusiva (BRASIL, 2016, p. 7).
docente” (BRZEZINSKI, 2014, p. 120).
Você, como acadêmico(a) de uma licenciatura,
A BNCC não consiste em um currículo, mas um do- pode refletir sobre as contradições presentes na for-
cumento de base, norteador e uma referência para mação de profissionais da educação e compreender
que as escolas elaborem os seus currículos. Ela de- que a política educacional é um campo de disputa.
fine as competências essenciais para a formação de Tenha a certeza que a luta dos educadores na qual
todos os alunos da Educação Básica. Nesse sentido, você fará parte é um motivo de conquistas históricas
o Projeto Político Pedagógico deve estar alinhado ao para a educação.
documento; certamente, as avaliações, após a imple-
mentação da BNCC, irão verificar este alinhamento,
portanto todos os cursos de formação de docentes
necessita incluir as orientações do documento.

71
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Financiamento
da Educação

Caro(a) aluno(a), qualquer nação que decida ofere- O FUNDEF foi aprovado em 1996 e vigorou de
cer educação escolar pública e gratuita deve se res- 1º de janeiro de 1998 até 31 de dezembro de 2006,
ponsabilizar em financiá-la. Quando paramos para tal Fundo, de natureza contábil e de âmbito estadual,
pensar em que gastamos nosso salário, conseguimos reunia automaticamente 15% (60% dos 25% consti-
perceber nossas prioridades. O que o financiamento tucionalmente vinculados à educação) de impostos
nos esclarece é se realmente o Brasil trata a educação e transferências (ICMS, FPE, FPM, IPI - Exportação
com prioridade. No Brasil, até os anos 1980, poucos e LC 87/96) pertencentes a cada estado e seus res-
eram os pesquisadores que se debruçaram sobre o fi- pectivos municípios, aos quais retornavam propor-
nanciamento da educação, sendo diminuta a quanti- cionalmente ao número de alunos matriculados nas
dade de estudos e pesquisas voltados para a temática redes de ensino fundamental.
(VELLOSO, 2001). Inspirado na orientação de organismos interna-
Entretanto, em função do advento do Fundo de cionais, notadamente o Banco Mundial, o FUNDEF
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Funda- voltou-se exclusivamente ao financiamento do ensi-
mental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) no fundamental e acabou inviabilizando a manuten-
ampliou-se consideravelmente o interesse pela pes- ção e desenvolvimento, em quantidade e qualidade,
quisa acerca do financiamento da educação no país, da educação infantil, da educação de jovens e adultos
acompanhado do correspondente aumento da pro- e do ensino médio, que ficaram órfãos de recursos
dução nessa área nas duas últimas décadas. com a implantação desse Fundo (MILITÃO, 2011).

72
EDUCAÇÃO FÍSICA

Durante sua vigência, foi sempre minúscula a Para Callegari (2007), Davies (2008), Oliveira
contribuição do governo federal, tanto na gestão de (2007) e Saviani (2008), a diferença fundamen-
FHC quanto na de Lula, na complementação dos tal do FUNDEB em relação ao FUNDEF é que o
Fundos estaduais, que não conseguiram alcançar o atual Fundo ampliou a área de abrangência para
valor mínimo por aluno/ano fixado pelo Presidente além do ensino fundamental e passou a contem-
da República. Descumprindo o disposto no pará- plar todas as etapas e modalidades que compõem
grafo 1º do artigo 6º da Lei nº 9.424/96, o governo a educação básica.
federal subdimensionou sistematicamente tal valor, Apesar do avanço representado pelo FUNDEB
fazendo com que a complementação da União fosse ao “constitucionalizar” a complementação da União,
“[...] sempre em menor volume e atingindo menos a contribuição financeira do governo federal, além
estados” (OLIVEIRA, 2007, p. 116). de muito aquém da sua participação na receita tribu-
A EC nº 53/06 modificou o artigo 60 do Ato das tária nacional, ainda não é suficiente para a garantia
Disposições Constitucionais Transitórias da Carta da universalização de uma educação de qualidade
Magna de 1988 e criou o FUNDEB em substituição em todo o país (CAMARGO; PINTO; GUIMA-
ao FUNDEF. Mantendo, contudo, a sua mecânica RÃES, 2008; DAVIES, 2008). Não se pode esque-
de captação e distribuição de recursos nos mesmos cer, também, que os recursos da União aplicados no
moldes do FUNDEF, por um tempo determinado, novo Fundo destinam-se a toda a educação básica,
o novo Fundo prevê, no âmbito de cada estado e do não apenas ao ensino fundamental como ocorria no
Distrito Federal, para a manutenção e desenvolvi- FUNDEF, sendo, portanto, menos significativo o pa-
mento da educação básica, a subvinculação de par- tamar mínimo de 10% dos recursos totais do Fundo.
te (80% de 25%) dos recursos constitucionalmente Repetindo a fórmula do FUNDEF, a legislação
destinados à educação, que retornam para os entes do FUNDEB prevê que pelo menos 60% dos recur-
federados em valores proporcionalmente relativos sos totais do Fundo sejam destinados ao pagamento
ao número de alunos matriculados nas respectivas dos profissionais do magistério da educação básica
redes de ensino (MILITÃO, 2011). em efetivo exercício na rede pública. Tal montante
De acordo com Militão (2011), respondendo às representa um retrocesso, que frustrou as expecta-
críticas que haviam sido feitas ao FUNDEF, o FUN- tivas das entidades representativas do magistério
DEB, apesar das gritantes semelhanças, apresenta (DAVIES, 2008; SOUSA JUNIOR, 2006), uma vez
duas diferenças marcantes em relação ao Fundo que a primeira Proposta de Emenda Constitucional
extinto, a saber: composição e abrangência. Além relativa à criação do FUNDEB (PEC 112/99) previa
dos impostos e transferências que já faziam parte do o aumento desse valor para 80%.
FUNDEF (ICMS, FPE, FPM, IPI - Exportação e LC Caro(a) aluno(a), é importante para a discussão
87/96), o FUNDEB incorporou outros três: IPVA, sobre financiamento da educação conhecer alguns
ITCMD e ITR. Ademais, no Fundo em vigor, o per- detalhes dos tributos, porque eles incidem sobre a
centual da subvinculação (de 15%, no FUNDEF) vida financeira e econômica da sociedade. Tributo,
subiu para 20% dos recursos arrecadados com os de um modo genérico, é toda receita pública captada
impostos e transferências elencadas. compulsoriamente junto à sociedade, que contribui

73
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

para a formação da receita orçamentária da União, tribuições de melhoria. Há, ainda, as contribuições
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. sociais e econômicas. Os tributos podem ser classifi-
Os tributos classificam-se em impostos, taxas e con- cados conforme o quadro a seguir.

Quadro 2 - Classificação dos tributos e sua incidência para os contribuintes

Categoria Incidência para o contribuinte Exemplos


Diretos Oneram diretamente a propriedade e a renda das pessoas. IR, IPVA, IPTU
Indiretos O ônus é transferido via consumo, no preço das mercadorias, bens e serviços. ICMS, ISSQN, IPI
O ônus é proporcional à riqueza e à renda e ao valor de suas posses (quanto
Progressivos IR, IPVA
maior a renda, maior a alíquota).
O valor ou percentual da alíquota é o mesmo para todos os contribuintes,
Regressivos o que compromete uma maior parcela dos rendimentos da população de ICMS, INSS
renda mais baixa.

Fonte: Bassi (2007, p. 13).

Os tributos são classificados de acordo com a for- cias para a oferta de educação no Brasil. Compre-
ma como são recolhidos, apresentam três categorias: endê-los significa nos apropriarmos das condições
imposto, taxa e contribuição. Esse arcabouço jurídi- materiais para viabilizar a implementação das polí-
co fixa a estrutura de responsabilidades e competên- ticas educacionais.

Quadro 3 - Imposto, taxa e contribuição

Categoria Definição Exemplos


Tributo pago, compulsoriamente, pelas pessoas físicas e
Imposto sobre a Propriedade
jurídicas para atender parte das necessidades da Receita
Territorial e Predial urbana (IPTU
Tributária do Poder Público (federal, estadual ou munici-
e IPPU);
pal), que não tem uma destinação específica e que asse-
Imposto Imposto sobre a Circulação de
gure, de modo geral, o funcionamento de sua burocracia,
Mercadorias e Serviços (ICMS);
o atendimento social à população e os investimentos em
Imposto sobre Operações Finan-
obras essenciais. É a categoria mais importante de um
ceiras (IOF), entre outros.
tributo em volume arrecadado.
Tarifa pública cobrada em troca do fornecimento de al- Emissão de passaporte;
gum serviço ou benefício para os contribuintes. Taxa de coleta de lixo;
Taxas
Taxa de limpeza urbana;
Taxa de iluminação pública.
Tributo passível de ser cobrado pelo Poder Público de
Contribuição de grupo restrito de cidadão residentes em região ou bairro
melhoria cujos imóveis tenham sido valorizados por pavimentação,
melhoria urbana ou obra pública.

74
EDUCAÇÃO FÍSICA

Tributos de competência da União. Os recursos recolhi-


dos por meio desse tipo de tributo são repassados para Contribuição Social do Salário-E-
entidades públicas ou privadas incumbidas de geri-los. ducação;
Contribuições Destinam-se a três finalidades: (a) sociais, para cobrir Contribuição Social para o Finan-
sociais e econô- gastos da seguridade social (saúde, assistência e previdên- ciamento da Seguridade Social
micas cia social); (b) de intervenção no domínio econômico, para (COFINS);
fomento de certas atividades produtivas; e (c) de interesse PIS/PASEP;
das categorias profissionais, destinadas ao custeio das Contribuição sindical.
organizações profissionais e econômicas.
Fonte: Bassi (2007, p. 11).

Com base nas informações anteriores, vamos entender os impostos que compõem o Fundeb, em vigor desde
janeiro de 2007 e se estenderá até 2020.

Quadro 4 - Estrutura do FUNDEB

Características Fundeb
Composição de recursos ICMS + FPE + FPM + IPI + IPVA + ITR + ITCD
Alíquota 20%
R$ 4,5 bi em três anos (depois mínimo de 10% da contribuição
Complemento da União
dos estados e municípios)
Critério de repartição de recursos (estados e Alunos da educação básica presencial pública + conveniadas
municípios) [creche e pré-escola (por 4 anos) e educação especial exclusiva
Recursos da complementação da União para
Até 10% para os estados que recebem a complementação
projetos
Profissionais do magistério 60%
Lei n° 11.738 de 16 de julho de 2008.
A Resolução nº 7, de 26 de abril de 2012 do Ministério da Educa-
ção e 27/02/2013, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a Lei
Piso salarial nacional
11.738/2008, que regula o piso salarial nacional dos profissionais
do magistério público da educação básica, passou a ter validade
a partir de 27 de abril de 2011
Com a aprovação do PNE na Câmara dos Deputados e sancio-
nado pela presidente dia 25/06/2014, o Governo Federal se
Custo-aluno qualidade
compromete a complementar a verba para Estados e municípios.
Até o ano de 2017 o CAQi não foi definido e implementado.
Fonte: Pinto (2007, p. 888).

75
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Uma das principais iniciativas do Fundeb foi a ex- valor. Em 2011, o gasto mínimo por estudante
tensão do fundo a todas as etapas e modalidades era de R$ 1.722,05; em 2017, esse valor foi de R$
da educação básica, antes limitado ao Ensino Fun- 2.875,03, um reajuste de 21%. O valor mínimo de
damental, mas os problemas de distribuição dos R$ 2.875,03 possui uma variação conforme a eta-
recursos se mantém, especialmente os referentes pa e a modalidade do ensino, é multiplicado por
à complementação da União. O Fundeb deve ga- um número chamado “fator de ponderação”. Veja,
rantir que o investimento para cada aluno da Edu- a seguir, quais são os impostos que são destinados à
cação Básica não seja inferior a um determinado educação, cada qual com suas porcentagens.

Quadro 5 - Impostos segundo a natureza de arrecadação e transferência

Trasferência para
CATEGORIA DE IMPOSTOS Natureza
Estados Municípios
Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) Estadual 25
Imposto sobre a transmissão "causa mortis" e doação de bens e direito
Estadual
(ITCM)
Imposto sobre operações de relativas à circulação de mercadorias e sobre
a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de Estadual 25
comunicação (ICMS)
Imposto sobre importação (II) Federal
Imposto sobre exportação (IE) Federal
Imposto Sobre a propriedade territorial rural (ITR) Federal 50
Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (IR) Federal 21,5 22,5
Imposto sobre grandes fortunas (IGF) Federal
Imposto sobre produtos industrializados (IPI) Federal 21,5 22,5
Imposto sobre operação de de crédito, câmbio e seguro ou relativa a a títu-
Federal
los e valores mobiliários (IOF)
Imposto sobre a propriedade territorial urbano (IPTU) Municipal
Imposto sobre a transmissão "Inter vivos" dos bens imóveis e de direitos
Municipal
reais/imóveis (ITBI)
Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS) Municipal
Impostos extraordinários

(DOURADO, L. F. BRASIL da Educação. Secretária de Educaçãp Básica. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Conselho
Escolar e o Financiamento da Educação no Brasil. Brasília, 2006)
Fonte: Dourado (2006)

76
EDUCAÇÃO FÍSICA

Monlevade (2004 e 2007) e Pinto (2007) apontaram, ART. 212 - CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
entre os aspectos problemáticos do fundo: a dificul- Art. 212 § 4º Os programas suplementares de
dade operacional e político-institucional da inclusão alimentação e assistência à saúde previstos no art.
de impostos municipais na cesta do fundo; o equi- 208, VII, serão financiados com recursos prove-
nientes de contribuições sociais e outros recursos
líbrio-desequilíbrio federativo pela transferência do orçamentários.
ente federado, em geral, mais “fraco” (município) § 5º A educação básica pública terá como fonte
para o mais “forte” (Estado); a corrida desenfreada adicional de financiamento a contribuição social
do salário-educação, recolhida pelas empresas na
por matrículas, ao propor a universalização com
forma da lei. (Parágrafo com redação dada pela
responsabilidade; o aumento da matrícula, muitas Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
vezes, superior à arrecadação; a receita dos impos- § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação
tos federais que sofre alterações; o custo-aluno que da contribuição social do salário-educação serão
distribuídas proporcionalmente ao número de alu-
até então não se tornou referência de uma educação
nos matriculados na educação básica nas respecti-
de qualidade; e a qualidade da educação – embora vas redes públicas de ensino. (Parágrafo acrescido
anunciada por seus formuladores, continua subme- pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
tida à razão contábil.
Ao concluir sobre as fragilidades dos fundos,
pontua: A garantia do direito à educação está, também,
nas contribuições sociais relacionadas ao salário-e-
Por fim, um dos principais nós é a imensa de- ducação. A base para esse valor do salário-educação
sigualdade tributária entre as diferentes esferas
é a folha de contribuição da empresa para a previ-
de governo (federal, estadual e municipal), en-
tre estados e municípios de um mesmo estado, dência social. O valor dessa contribuição é de 2,5%
desigualdade esta que impõe um limite objetivo sobre o total de remunerações pagas aos emprega-
à constituição de um sistema nacional de edu- dos segurados no INSS.
cação com um padrão de qualidade razoável Cabe dizer que a efetividade sobre o financia-
(DAVIES, 2008, p. 70).
mento dependem do acompanhamento e fiscaliza-
ção dos órgãos colegiados aos respectivos sistemas
Além dos impostos citados, no quadro anterior, por de ensino federal, estaduais e municipais. A comu-
cada ente federado, há previsão de outras fontes de nidade educacional precisa ser efetiva no acompa-
captação de recursos para a educação definidas na nhamento do destino das verbas públicas, exigindo
Constituição Federal e na LDB. o máximo de transparência no desenvolvimento e
expansão da educação pública de qualidade.

77
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), na Unidade II, trouxemos especificações dialógicas
acerca das relações estabelecidas na constituição das principais leis que
regem o setor educacional brasileiro, a partir da premissa do contexto
social e da historicidade que marcaram cada período.
Vimos que o Estado, ao redefinir seu papel, alterou a legislação educacional
com o pressuposto de adotar um novo modelo de gestão pública. Destaca-se, nas
políticas educacionais, uma política de descentralização por meio da ampliação
da participação local e comunitária na escola, como também a divisão de res-
ponsabilidades com o terceiro setor e o setor privado, a influência da lógica do
mercado na gestão da educação e a (des)construção dos princípios universais e
públicos da educação.
A compreensão das políticas e da legislação, em especial a Constituição Fe-
deral de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, pode levá-lo(a)
a discernir as relações postas na sociedade, no Estado e na educação. Com tais
conhecimentos, podemos assumir uma posição de sujeitos desta história e pen-
sarmos alternativas de enfrentamento para os problemas educacionais do país.
Em face ao exposto sobre o financiamento da educação, o identificamos como
um dos principais nós para o alcance da qualidade educacional. Nosso sistema
de financiamento possui uma desigualdade entre as diferentes esferas do governo
(federal, estadual e municipal), pois a esfera que mais recolhe impostos é a que
menos destinam recursos à educação, ou seja, a União. A própria legislação sobre
a valorização dos profissionais do magistério, da educação ou dos trabalhadores
da educação apresenta fragilidades.
As legislações não foram exploradas até esgotarem as possibilidades de se
refletir sobre o assunto, procuramos, ao contrário, trazer subsídios para que você
possa caminhar ao encontro de outras possibilidades de ação, e para que seja
possível compreender, na próxima unidade, como são regidas e regulamentadas
as ações práticas das políticas e da organização educacional no país.

78
EDUCAÇÃO FÍSICA

1. Durante esta unidade, apresentamos os as- 5. No Art. 205, lemos que “A educação, direito
pectos legais da educação nacional descrita de todos e dever do Estado e da família, será
na CF/1988. Conforme nosso estudo, expli- promo­vida e incentivada com a colaboração da
que o objetivo da educação, de acordo com sociedade, visando ao pleno desenvol­vimento
o artigo 205. da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho”
2. Com base nas reformas educacionais imple- (BRASIL, 1988).
mentadas a partir da década de 90, ocorreu a
De acordo com o artigo 205 da Constituição Federal, a
abertura para o setor privado na área educa-
educação é um direito de todos e dever do Estado e
cional, justificada por reduzir os gastos estatais
da família e possui três finalidades essenciais, que são:
e atender a uma grande parcela da população
a. Formação intelectual, física e para o trabalho.
que o Estado não consegue suprir. Conforme
essa consideração, explique o primeiro, se- b. Pleno desenvolvimento da pessoa, preparo
gundo e terceiro setor e de um exemplo do para o trabalho e formação religiosa.
terceiro setor.
c. Preparo para o trabalho, exercício da cidada-
nia e pleno desenvolvimento da pessoa.
3. Justifique a importância de conhecer os aspec-
tos legais que legitimam e direcionam o setor d. Exercício da cidadania, formação ética e moral.
educacional. e. Formação sócio emocional para lidar com os
problemas da vida cotidiana.
4. Sobre os níveis da educação de nosso país, a
LDB de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases) declara
que a educação Escolar Nacional se compõe
de dois níveis, conforme o Art. 21: Educação
básica e Educação superior. Em relação à Edu-
cação Básica, assinale a alternativa que cor-
responde às suas três etapas.
a. Educação Infantil, Ensino Fundamental e En-
sino Médio.
b. Educação Infantil, ensino médio e graduação.
c. Creche, ensino médio e pré-escola.
d. Ensino fundamental, educação especial e
educação infantil.
e. ) Pré-escola, educação de jovens e adultos e
ensino fundamental.

79
LEITURA
COMPLEMENTAR

CUSTO-ALUNO QUALIDADE
A falta de qualidade é um problema que atinge a escola ção de oportunidades educacionais e padrão mínimo
brasileira desde as suas origens. Em relato pioneiro, fei- de qualidade de ensino mediante assistência técnica e
to originalmente em 1889, Almeida (1989) já relatava as financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
mazelas da educação pública brasileira, atribuindo-as ao pios”. Define-se assim o princípio do Custo-Aluno Quali-
subfinanciamento e aos baixos salários dos professores. dade (CAQ) e a quem cabe garanti-lo: a União em colabo-
Durante o século XX, o país apresentou um impressio- ração com os estados e municípios. Porém, como chegar
nante crescimento do atendimento escolar nas diferen- ao valor do CAQ? A LDB oferece um caminho ao definir
tes faixas etárias. Contudo, essa expansão foi feita sem “padrões mínimos de qualidade de ensino” como “a va-
qualquer preocupação com a garantia da qualidade. riedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos
É nesse contexto que surge a demanda pelo direito a indispensáveis ao desenvolvimento do processo de en-
uma escola pública de qualidade para todos. Desde sino-aprendizagem” (art. 4º, inc. IX). Portanto, o caminho
1988, a Constituição Federal já estabelece, em seu art. apontado pela legislação é o que a qualidade de ensino
206, como princípio, a “garantia de padrão de qualida- está associada aos insumos.
de”. Contudo, a CF avançava pouco na forma de viabilizar Embora essa correlação entre insumos e qualidade pa-
essa norma, uma vez que o princípio que regulava o fi- reça natural, há um grupo de pesquisadores, em espe-
nanciamento da educação era o dos recursos disponíveis cial nos EUA, que a contesta (sobre a discussão insumos
por aluno, tendo por base os percentuais mínimos vin- x qualidade recomenda-se: BURTLESS, 1996; BROOKE;
culados. Não havia a preocupação em se verificar se os SOARES, 2008). Um segundo passo importante para se
valores assim disponibilizados garantiam um padrão mí- atingir o CAQ foi dado com a aprovação do Plano Nacio-
nimo de qualidade para o ensino oferecido. Nesse sen- nal de Educação (PNE), em 2001 (Lei no 10.172). Essa lei,
tido, produziu-se um rico debate sobre a relação entre que fixou diretrizes e metas para a educação nacional
o padrão de financiamento e a qualidade do ensino que na primeira década deste século, arrolou um conjunto
perdura até hoje (ver, entre outros, PINTO, 1991; MELLO, extremamente detalhado de insumos e de condições de
1991; MELLO; COSTA, 1993; MONLEVADE, 1997; FAREN- funcionamento que deveriam ser assegurados em todas
ZENA, 2005; VERHINE; MAGALHÃES, 2006; GOUVEIA et as escolas dos país, em suas diferentes etapas e modali-
al., 2006). dades. Mais do que isso, o plano fixou também os meios
Um passo importante foi dado, com a nova redação para se atingir essa metas, ao determinar a ampliação
dada ao § 1º do art. 211 da CF pela Emenda Constitucio- dos gastos públicos com educação de forma a atingir 7%
nal 14/96, a mesma que criou o Fundef, segundo a qual do PIB. Contudo, essa determinação, fundamental para
cabe à União, em matéria educacional, exercer “função viabilizar o PNE, foi vetada pelo então presidente Fernan-
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equaliza- do Henrique Cardoso.

80
LEITURA
COMPLEMENTAR

Foi nesse contexto que a Campanha Nacional pelo Direi- campo), estabelecendo-se padrões de construção, equi-
to à Educação, em 2002, iniciou um movimento de mo- pamentos, número de profissionais, padrões de remune-
bilização social para a construção do CAQ. A ideia cen- ração, alunos/turma. Todos esses insumos foram precifi-
tral norteadora do processo foi: qual deve ser o recurso cados em valores de 2005, e as tabelas podem ser obtidas
gasto por aluno para se ter um ensino de qualidade? Já no sítio da entidade (www.campanhaeducacao.org.br).
a metodologia para a construção do CAQ envolveu uma Na proposta, foram ainda previstos recursos para que
ampla participação. Nesse sentido, foram organizadas as escolas possam desenvolver projetos especiais, assim
oficinas de trabalho que contaram com a presença de como recursos para formação profissional (toda a equi-
profissionais da educação, de especialistas, de pais e alu- pe) e para a administração central dos sistemas de ensi-
nos e de gestores educacionais. no. A proposta da Campanha entende ainda que, no que
Nessas oficinas, em coerência com a legislação, buscava- se refere a modalidades específicas como Educação de
-se definir os insumos que deveriam compor uma escola Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Indígena,
com padrões básicos de qualidade. Nesse sentido, firmou- Educação Quilombola, Educação Profissional e mesmo
-se o consenso de que o que se discutiria seria um ponto Educação do Campo (para a qual foi feita uma proposta
de partida, um padrão mínimo de qualidade, que deveria de CAQi), seriam necessários estudos específicos para
ser assegurado a todas as escolas do país, até porque os uma melhor definição do respectivo CAQi. A proposta su-
critérios de qualidade evoluem com o tempo. Daí surgiu o gere ainda a criação de adicionais do CAQi como forma
conceito de Custo-Aluno Qualidade Inicial (CAQi), entendi- de destinar mais recursos para as escolas que atendam
do como um primeiro passo rumo à educação pública de crianças em condições de maior vulnerabilidade social.
qualidade no Brasil (CARREIRA; PINTO, 2007). Finalmente, em 05/05/2010, a Câmara de Educação Bá-
Portanto, o conceito de qualidade que norteou a propos- sica do Conselho Nacional de Educação aprovou a Reso-
ta referenciou-se em uma perspectiva democrática e de lução 08/2010, definindo o CAQi como referência para a
qualidade social. Não se visa a uma escola de qualidade construção da matriz de Padrões Mínimos de Qualidade
para uma pequena elite de crianças e jovens, mas para para a Educação Básica Pública no Brasil. Os valores fixa-
o conjunto da população brasileira. Parte-se também do dos, tendo por base os percentuais do PIB (Produto In-
pressuposto que a qualidade é um conceito em constru- terno Bruto) per capita, são os seguintes: creche - 39,0%,
ção e que o próprio processo de debatê-la já é um de pré-escola - 15,1%, ensino fundamental urbano de 1ª a
seus componentes. 4ª séries - 14,4% (no campo - 23,8%), ensino fundamental
Partiu-se então para a construção de escolas típicas (cre- urbano de 5ª a 9ª séries - 14,1% (no campo - 18,2%) e
che, pré-escola, séries iniciais do ensino fundamental, sé- ensino médio - 14,5%.
ries finais do ensino fundamental, ensino médio, séries
Fonte: Pinto (2010).
iniciais e finais do ensino fundamental na educação do

81
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

LDB/1996 Contemporânea - contradições, tensões,


compromissos
Iria Brzezinski (Org.)
Editora: Cortez
Sinopse: propondo um panorama crítico da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação, de 1996, os autores da coletânea “LDB/1996
- Contradições, Tensões e Compromissos” oferece uma abran-
gente visão das políticas públicas na área, entre conquistas e ca-
minhos abertos. Pautados pelo compromisso com o fortalecimento da escolarização pública,
educadores de referência em diferentes especialidades retomam a lei e suas alterações no
transcorrer dos anos e a confrontam com uma visão política clara e estruturada em prol do
desenvolvimento do país.

Bicho de Sete Cabeças – para entender o financia-


mento da educação brasileira
Madza Ednir e Marcos Bassi
Editora: Peirópolis
Sinopse: elaborado por especialistas da Ação Educativa, o livro
se propõe a decifrar os enigmas do “bicho de sete cabeças” que
parece ser a questão do financiamento da educação brasileira.
Abordando sete pontos principais, a publicação trata da questão
do financiamento, que ganhou espaço na agenda dos movimentos sociais desde a década
de 90, de forma bastante didática. É um debate que dialoga com as políticas relacionadas à
saúde, assistência social, habitação, criança e adolescente, mulheres, entre outros. Assim,
o livro destina-se a ser uma ferramenta que ajude a sociedade a concretizar as conquistas
legais, influenciar as políticas educacionais e aprimorar os processos participativos e de con-
trole social.

82
referências

BASSI, M. E. Financiamento da educação no Bra- ção e desenvolvimento do ensino de que trata o art.
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83
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RIO: trabalho, profissão e condição docente. Belo

85
gabarito

1. O artigo 205 possui três funções: o pleno desenvolvimento do educando em seus as-
pectos físicos, psicológicos, sociais, culturais, políticos, filosóficos e profissional, seu
preparo para o exercício da cidadania; o educando necessita compreender o mundo
em que vive como condição básica para o exercício da cidadania, sua qualificação
para o trabalho; em um processo onde a ciência e o trabalho coincidem, ao ultrapas-
sar os aspectos técnicos do “aprender a fazer”.
2. O primeiro setor é formado pelo Estado, o segundo setor é formado pelas empresas
privadas, e o terceiro setor são as associações sem fins lucrativos. O terceiro setor
é organizado pela sociedade civil para oferecer um serviço público, portanto pode
receber recursos públicos. Como exemplo, o Programa Amigos da Escola, criado pela
Rede Globo de Televisão, em 1999, como uma realização do “Projeto Brasil 500 Anos”
faz parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), instituiu, em
2003, o “Selo Escola Solidária”, que identifica quando e em qual escola está se reali-
zando o trabalho voluntariado.
3. O conhecimento das determinações legais e políticas envolvem objetivos diversos
como resultado das relações de poder. Os aspectos legais possuem questões admi-
nistrativas e pedagógicas, no qual afetam as decisões e ações na escola e nas salas
de aula.
4. A.
5. B.

86
UNIDADE
III
SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO:
NÍVEIS, MODALIDADES E OS DESAFIOS
CENTRAIS DA ORGANIZAÇÃO E
ESTRUTURA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR
Professora Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza
Professora Dra. Mara Cecilia Rafael Lopes
Professora Me. Caroline Mari de Oliveira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Níveis da Educação Escolar no Brasil: Educação Básica e
Ensino Superior
• Modalidades da Educação Nacional

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a organização e a forma em que o Sistema
de Ensino no Brasil foi historicamente organizado/
estruturado.
• Compreender os níveis e modalidades da educação,
bem como seus limites e especificidades centrais que se
articulam com os aspectos socioeconômicos, políticos
e históricos que estabelecem o cenário das políticas
educacionais brasileiras.
unidade

III
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), após ter compreendido nossa sociedade, o Estado e
as relações que permeiam a educação, bem como sua função social no
contexto pós 1990, é importante que compreenda um assunto muito
relevante e significativo à sua formação acadêmica e prática docente que
é o Sistema Educacional Brasileiro, seus níveis, modalidades, seus limites e espe-
cificidades centrais que articulam-se com os aspectos socioeconômicos, políticos
e históricos que estabelecem o cenário das políticas educacionais brasileiras.
Por isso, toda leitura sobre este assunto deve ser feita de maneira atenciosa
e crítica, a fim de compreender todo o processo das políticas educacionais que
auxilia na organização e estruturação do Sistema Nacional de Ensino no Brasil.
Além disso, você, acadêmico(a), deve sempre buscar mais fontes de leitura e não
ficar restrito apenas a algumas obras; fazendo isso, seu horizonte de conheci-
mentos ampliará sobre qualquer assunto relacionado ao seu curso. Além disso,
sempre teremos os impasses históricos e legislativos, sendo assim, fique sempre
atento(a) às legislações aprovadas em nosso país, as quais norteiam nossa política
educacional. Lembre-se que a cada ano algo novo surge ou é aprovado, por isso
preste bastante atenção em quais são os mecanismos de acesso a essas informa-
ções do Ministério da Educação.
Agora, convido você para ler e se aprofundar sobre o contexto das políti-
cas públicas para a educação básica e a organização do Sistema Educacional
Brasileiro. Mesmo exercendo uma análise crítica da educação e suas políti-
cas no Brasil, não podemos deixar de reconhecer os avanços no campo da
legislação, fruto de intensa mobilização popular, desde a promulgação da
Constituição de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB) em 1996.
Primeiro, chamamos a sua atenção para os dois níveis da educação no
Brasil: educação básica e educação superior. A educação básica possui suas
etapas: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, por sua vez
a educação infantil se divide em: creches (0 a 3 anos) e pré-escola (de 4 a
5 anos), com esta estrutura em mente, vamos aos estudos deste conteúdo.
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Níveis da Educação Escolar no Brasil:


Educação Básica e
Educação Superior

Nós entendemos que é fundamental ao acadêmi- educação, de acordo com a necessidade do país. A
co(a) entender as políticas educacionais, a partir da referida lei também constitui, conforme Carneiro
organização e da estrutura da Educação Brasileira, (2004), a materialização de diversas conquistas do
com seus diferentes níveis e modalidades. Lembra- jogo político e ideológico aplicados à educação.
mos, ainda, que a LDB - Lei nº 9.394/96, conforme Este tópico será organizado em dois momen-
foi visto na unidade anterior, tem o papel de regu- tos para que você compreenda melhor a questão
lamentar, disciplinar e estabelecer os sistemas, as dos níveis e modalidades da educação nacional. No
estruturas e os recursos para o desenvolvimento da primeiro momento, explicitamos os níveis da Edu-

92
EDUCAÇÃO FÍSICA

cação Nacional; e no segundo, as modalidades da procedimentos para articulação de infraestrutura


educação brasileira. Porém, antes, gostaríamos que da Educação Nacional.
você compreendesse que a Constituição Federal de A CF/1988 visa à educação brasileira para o
1988 (CF/1988), Artigos 205 a 214 e a LDB Lei nº pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
9.394/96 orientam a estrutura e a organização dos para o exercício da cidadania e à sua qualificação
níveis e modalidades da educação, organizando a para o trabalho. Para o atendimento desses prin-
educação brasileira, desde seus ordenamentos de cípios, a Constituição orienta que o ensino deve
oferta, aos sistemas de conferência de resultados e ser ministrado conforme alguns princípios estabe-

93
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

lecidos, principalmente, no Artigo 206, como você declara que a Educação Escolar Nacional compõe-
viu na unidade anterior. A LDB Lei nº 9.394/96 -se em dois níveis, conforme o Art. 21: Educação
regulamentou pontos em comum sobre os artigos Básica e Educação Superior. A Educação Básica
destinados à educação na CF/1988, ocupando-se está dividida em Educação Infantil, Ensino Fun-
da educação escolar e também da educação que damental e Ensino Médio. A explicação sobre os
acontece fora dos âmbitos escolares, como as que níveis da Educação Básica estão dispostos no Ca-
são ministradas em igrejas, famílias, movimentos pítulo II do Art. 22 ao Art. 27, conforme pode ser
sociais, clubes, entre outros. consultado artigo por artigo em qualquer exem-
No Título V “Dos Níveis e das Modalidades plar atualizado da LDB – Lei nº 9.394/96. Obser-
de Educação e Ensino” da LDB – Lei nº 9.394/96, ve a figura a seguir para compreender como está
o qual envolve grande parte dos artigos desta lei, organizada a Educação Nacional:

Figura 1 - Organização da Educação Escolar Brasileira a partir do Art. 21 da LDB/1996

EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO
BÁSICA SUPERIOR

composto
formado formado
EDUCAÇÃO
ESCOLAR
EDUCAÇÃO INFANTIL
GRADUAÇÃO
ENSINO FUNDAMENTAL
PÓS-GRADUAÇÃO
ENSINO MÉDIO

diz que

ARTIGO 21
LDBEN 9.394/96

Fonte: as autoras.

De acordo com o que explicitamos no início deste as idades próprias de cada um. Depois, apresentare-
tópico, passaremos a apresentar a estrutura do siste- mos todas as modalidades em que a educação brasi-
ma organizacional do país, com os dois níveis e suas leira pode ser ministrada.
principais características, com as séries/anos e com

94
EDUCAÇÃO FÍSICA

EDUCAÇÃO BÁSICA

Se perguntarmos a você por que e para quê a Edu- acesso, a inclusão, a permanência e a conclusão
cação Básica é um nível importante na educação com sucesso das crianças, dos jovens e adultos na
brasileira, você saberia nos responder? Muito bem, instituição educacional, a aprendizagem para con-
por isso, com base na LDB, Lei nº 9.394/96, con- tinuidade dos estudos e a extensão da obrigatorie-
sideramos que a Educação Básica é importante dade e da gratuidade da educação básica (Art. 1).
porque tem como objetivo o desenvolvimento do Para a Educação Básica brasileira é direcionado o
educando, assegurando-lhe a formação comum in- currículo escolar, critério que vislumbra a organi-
dispensável para o exercício da cidadania e forne- zação do trabalho escolar, avaliações nacionais em
cendo-lhe meios para progredir no trabalho e em larga escala e financiamento próprio garantido por
estudos posteriores. meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Devido a essa importância, a Educação Bási- Educação (FNDE) .
ca possui, a partir do ano de 2010, as Diretrizes Algumas características das etapas da Educação
Curriculares Nacionais para a Educação Básica Básica serão demonstradas na figura a seguir. Aten-
(DCNEB), que apresenta como fundamento a res- te-se à nomenclatura níveis, etapas e modalidades
ponsabilidade que o Estado brasileiro, a família e de ensino, este conteúdo é sempre requerido nos
a sociedade têm de garantir a democratização do concursos públicos para as licenciaturas.

Figura 2 - Níveis e etapas da Educação Básica

Educação Escolar Nacional


Níveis de Ensino

Educação Básica Educação Superior

Educação Creche
Infantil 0 a 3 anos
Educação de Jovens e Adultos
Ensino Pré-escola
Etapas Fundamental 4 a 5 anos Educação Especial
Ensino
Médio Educação Profissional e Tecnológica

Modalidades Educação do Campo

Educação Escolar Indígena

Educação Escolar Quilombola


Fonte: as autoras.

95
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Educação infantil e os jardins de infância e as pré-escolas, inspiradas


A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação em Friedrich Froebel – educador alemão criador do
Básica e tem como finalidade o desenvolvimento in- Kindergarten –, constituíram instituições educacio-
tegral da criança até cinco anos de idade (de 0 a 5 nais voltadas a crianças da faixa de 3 ou 4 a 6 anos
anos de idade) em seus aspectos físicos, psicológico, de idade, vinculadas aos órgãos ou sistemas educa-
intelectual e social, complementando a ação da fa- cionais, sendo também oferecidas por igrejas e asso-
mília e da comunidade nesse atendimento à vida das ciações filantrópicas.
crianças pequenas. O que podemos afirmar a partir das considera-
Essa etapa é fundamental para a constituição do ções de Corrêa (2007) e de Kuhlmann Júnior (1998)
caráter da criança e para comprovar como a Educa- é que todas as instituições de educação infantil,
ção Infantil é importante para a formação de indi- sendo elas creches, jardins ou pré-escolas, sempre
víduos desde criança, lembramos que Jean Jacques tiveram um projeto educacional, contudo, umas vol-
Rousseau, no século XVIII, já pensava na importân- tadas ao atendimento assistencialista para crianças
cia da infância, considerando como aspectos funda- pobres e outras direcionadas ao atendimento e for-
mentais dessa etapa o brincar e ser feliz. Por isso, mação da camada da classe média ou elite nacional.
você, como profissional da educação, deve conhecer A educação infantil foi ofertada timidamen-
o tipo de educação que tem sido ofertada às crianças te até a década de 70 e, em meados desta década
de 0 a 5 anos de idade, bem como a história e a legis- e também da década de 80, entraram em cena as
lação que foram construídas a fim de atender as es- ideias de educação compensatória. Por exemplo,
pecificidades da criança até os cinco anos de idade. pensava-se que os altos índices de reprovação na
É necessário lembrar que a história da Educa- primeira série do Ensino Fundamental aconteciam
ção Infantil e a discussão do que a constitui como pelo não oferecimento da educação infantil de for-
etapa importante na formação da criança é relati- ma expansiva. Dessa forma, o tipo de educação
vamente recente no Brasil. Assim como em outros infantil ofertado às crianças pequenas determina-
países, a oferta da Educação Infantil iniciou com va uma antecipação pedagógica ao ensino funda-
a ideia de assistência social ou amparo às crianças mental. Por isso, entre essas décadas, movimentos
pobres e necessitadas. Segundo Corrêa (2007), foi organizados da sociedade civil, bem como profis-
a partir da ideia filantrópica do atendimento às sionais da área, passaram a defender a implantação
crianças pequenas que possibilitou a morosidade do caráter “pedagógico e educacional”, contrapon-
em atender essas crianças em instituições educa- do-se ao caráter assistencialista das instituições de
cionais e não mais em órgãos filantrópicos e bem- Educação Infantil (CORRÊA, 2007).
-estar social, como casas beneficentes. As conquistas e avanços da educação infantil
Segundo a mesma autora, foram criadas duas passaram a ser realizadas a partir da CF/1988 e da
instituições no Brasil direcionadas às crianças pe- LDB - Lei nº 9.394/96. O reconhecimento na maior
quenas: as creches, oferecidas às crianças de 0 a 3 lei do país se deu a partir do Art. 208 em que a
anos e, também, de 4 aos 6 anos com caráter bene- Constituição afirma que o “dever do Estado com a
ficente, auxiliando as crianças de mais baixa renda; educação será efetivado mediante a garantia de: [...]

96
EDUCAÇÃO FÍSICA

atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 Na LDB - Lei nº 9.394/96, a educação infantil


a 5 anos de idade”. Esta redação constitucional não é reafirmada e também passa a ser de incumbência
nos deixa dúvidas com relação a obrigatoriedade da dos municípios, os quais tiveram o prazo até o ano
oferta da educação infantil por parte do Estado a to- de 1999 para integrar a respectiva etapa ao sistema
das as crianças de 0 a 6 anos de idade. Embora a ma- de ensino, uma vez que a mesma Lei concede ao
trícula das crianças até 5 anos de idade seja facultati- município as opções de criar sistemas próprios de
va, Cury (1998) afirma que, dada essa redação, toda ensino, integrando-se ao sistema estadual ou com
e qualquer família que desejar matricular seus filhos ele compor um sistema único de educação básica.
até 5 anos de idade em instituições públicas de Edu- Mesmo com a questão do regime de colaboração em
cação Infantil e estas não ofertarem vagas, as famí- que os municípios ficam responsáveis pela garantia
lias têm o direito de procurar a Promotoria Pública da educação infantil e ensino fundamental, alguns
para que ela, baseada e fundamentada na CF/1988, municípios têm dificuldades para manter a educa-
acione o Estado, a fim de que ele cumpra seu dever. ção infantil em razão da precariedade de recursos
Campos; Rosemberg e Ferreira (1995) afirmam financeiros, enquanto que esta etapa de ensino re-
que essa garantia do direito à Educação Infantil quer um investimento muito alto para que seja ofer-
ocorreu como resultado das discussões realizadas ta com qualidade.
durante a década de 80 sobre a oferta pedagógica e O Censo da Educação Básica de 2017 trouxe al-
educativa das instituições que atendem às crianças guns dados sobre a educação infantil, “Há 64,5 mil
pequenas e, também, pela expressão de movimentos creches no Brasil: 76,6% das creches estão na zona
da sociedade civil que contavam com a participação urbana, 58,8% são municipais e 41% são privadas
das mulheres que estavam entrando para o mercado – a maior participação da iniciativa privada em
de trabalho. Como explicitou Cury (1998, p. 11): toda educação básica” (BRASIL, 2017, p. 5). Segue
[...] esta Constituição incorporou a si algo que alguns pontos elencados pelo censo como críticos
estava presente no movimento da sociedade e que para a creches.
advinha do esclarecimento e da importância que já
se atribuía à educação infantil. Caso isto não estives- 60,7% das creches têm banheiro adequado à
educação infantil; 34,1% têm berçário; 58,7%
se amadurecido entre lideranças e educadores pre-
dispõem de parque infantil; 3% das creches
ocupados com a educação infantil, no âmbito dos não dispõem de abastecimento de água.
Estados membros da federação, provavelmente não Dessas, 96,6% encontram-se na zona rural;
seria traduzido na Constituição de 88. 50,1% das creches têm sala de professores e
Dessa forma, caro(a) aluno(a), destacamos que 61% têm secretaria; 35,1% das creches dis-
põem de área verde; 29,9% das creches têm
sem o reconhecimento da educação infantil na reda-
banheiro adequado a alunos com deficiência
ção da maior lei do país não seria possível a luta pelos ou mobilidade reduzida; 24,6% das creches
avanços que conhecemos da educação infantil no Bra- têm dependências e vias adequadas a alu-
sil. Lembramos, ainda, que não somente o Art. 208 que nos com deficiência ou mobilidade reduzida
(BRASIL, 2017, p. 5).
nos trouxe a educação infantil como instituição vincu-
lada ao Estado, mas também o Art. 205, 206, 209 e 211.

97
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Em relação à pré-escola, o Censo da Educação Bási- Art. 208. O dever do Estado com a educação será
ca de 2017 trouxe dados como: “Há 105,3 mil uni- efetivado mediante a garantia de:

dades com pré-escola no Brasil: 57,4% estão na zona I. educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua-
tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegura-
urbana, 72,8% são municipais e 26,3% são privadas; da inclusive sua oferta gratuita para todos os que
a União e os estados têm participação de 1% nesta a ela não tiveram acesso na idade própria;
etapa de ensino” (BRASIL, 2017, p. 6). Quanto aos
pontos de melhora na pré-escola, segue conforme
elencado no censo: Desta forma, a obrigatoriedade da educação envolve:

41,6% dispõem de parque infantil; Na zona ru- Educação Pré-escola de


ral, 7,4% das escolas não possuem energia elé- Infantil 4 a 5 anos
trica, 12,7% não têm esgoto sanitário e 11,6%
não têm abastecimento de água. Na zona ur- Educação Ensino
bana, apenas seis escolas não possuem energia obrigatória Fundamental
elétrica, 0,2% não têm esgoto sanitário e 0,2%
não têm abastecimento de água; 42,8% das pré-
-escolas têm banheiro adequado à educação in- Ensino Médio
fantil; 47,4% desses estabelecimentos de ensino
têm sala de professores e 55,6% têm secretaria; Figura 3 - Etapas obrigatórias da educação
29% das pré-escolas têm banheiro adequado a Fonte: as autoras.
alunos com deficiência ou mobilidade redu-
zida; 23,3% dessas escolas têm dependências
É necessário lembrar que nesta etapa da educação
e vias adequadas a alunos com deficiência ou
mobilidade reduzida; Pátio coberto, presente básica, a partir da redação da Lei nº 12.796, de 2013,
em 45,3% das escolas, área verde, 29,4%, e qua- a qual afirma a obrigatoriedade de cumprir carga
dra de esporte coberta, 15,9%, completam a lis- horária de, no mínimo, 800 horas distribuídas em
ta de dependências disponíveis nas escolas da
200 dias letivos. A avaliação, nesse sentido, constitui
primeira etapa de escolaridade obrigatória no
Brasil (BRASIL, 2017, p. 6). instrumento importante para analisar e acompanhar
o desenvolvimento da criança em seus aspectos físi-
O formato atual da educação infantil constitui sua cos, psicológicos, intelectual e social.
oferta em creches ou entidades equivalentes para Você, como acadêmico(a) de uma licenciatura,
crianças de até 3 anos de idade, e em pré-escolas pôde verificar que o trabalho com a educação infan-
para crianças de 4 a 5 anos de idade, uma vez que til ainda não é valorizado como merecido, sendo que
as crianças de 6 anos passaram a ser matriculadas a função é extremamente importante para a forma-
no primeiro ano do ensino fundamental, conforme ção da cidadania. Vamos entender o que significa,
a Lei nº 11.274/2006. A partir da Emenda Cons- conforme descrito no art. 62 da LDB, o termo “li-
titucional nº 59, de 2009, as etapas obrigatórias da cenciatura plena”? É um curso superior de licencia-
educação no Brasil foram alteradas na Constituição tura (matemática, história, geografia, educação físi-
Federal, veja o artigo a seguir. ca, entre outros), com carga horária total de 2.800

98
EDUCAÇÃO FÍSICA

horas ou 3.200 horas conforme a Resolução CNE/ é admitido a formação em nível médio, na modali-
CP nº 2, de 1º de 2015. Já as licenciaturas curtas são dade normal, mais conhecido como magistério.
voltadas a profissionais de nível superior, com grau Libâneo, Toschi e Oliveira (2012) afirmam que a
de bacharel ou tecnólogo, em todas as áreas do co- exigência acadêmica dos professores que atuam ou
nhecimento; eles fazem a licenciatura curta para se que atuarão com a Educação Infantil é benéfica, uma
habilitarem a trabalhar como professor. vez que tira das creches e pré-escolas a ideia de um
Os cursos de licenciatura curta são também co- estabelecimento meramente tutelar. Dessa forma,
nhecidos como: cursos de formação pedagógica, de a ideia de que as crianças são merecedoras de pre-
formação de professores ou de complementação pe- ocupações educativas desde a mais tenra idade vai
dagógica. Para a atuação na educação infantil, ainda ganhando força em toda nossa extensão territorial.

Observe o nível de escolaridade dos docentes que atuam na educação infantil:

Distribuição dos docentes que atuam na creche por nível de


escolaridade - Brasil 2016

Superior completo 64,2% (167.252)

Superior em
8,9% (23.087)
andamento

Normal/magistério
20,0% (52.152)
completo

Ensino médio
6,2% (16.121)
completo

Fundamental
0,5% (1.355)
completo

Fundamental
0,1% (358)
incompleto

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Figura 4 - Distribuição dos docentes que atuam na creche por nível de escolaridade
Fonte: Censo da Educação Básica (2016, on-line)1.

99
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa- nas, é necessário investimento, não só na etapa de
ção Infantil (DCN) – Resolução CNE/CEB nº 5, de ensino da educação infantil, mas também na forma-
17 de dezembro de 2009 - fixou as diretrizes para a ção de professores que atuam nessa área.
educação infantil, visando orientar as instituições de
educação infantil dos sistemas brasileiros de ensino Ensino fundamental
na organização, na articulação, no desenvolvimento O ensino fundamental é a etapa da educação básica
e na avaliação de suas propostas pedagógicas. Estas obrigatória destinada à criança e ao adolescente com
têm como fundamento norteador alguns princípios duração de nove anos, seu ingresso deve ser realiza-
éticos, políticos e estéticos de forma que as institui- do a partir dos 6 anos de idade, garantida pela Lei
ções de educação infantil desenvolvam propostas nº 11.274/2006 que alterou a redação do Art. 32 da
pedagógicas que cumpram plenamente com sua LDB – Lei nº 9.394/96, sua redação também reafir-
função sociopolítica e pedagógica. No Art. 3º e 4º ma o caráter obrigatório e gratuito na escola pública.
da DCN, Resolução nº5/2009, temos as orientações Contudo, de onde veio essa ideia de obrigatorie-
quanto ao currículo e as propostas pedagógicas que dade de uma etapa de ensino? Antes de iniciarmos a
devem nortear a educação infantil no Brasil. O cur- explicação sobre como a conquista do ensino funda-
rículo da educação infantil é mental obrigatório e gratuito passou a ser ofertado
pelo Estado nacional, vamos relembrar que a ideia
concebido como um conjunto de práticas que da necessidade de escolarização básica da população
buscam articular as experiências e os saberes
remonta aos tempos da reforma protestante. Marti-
das crianças com os conhecimentos que fazem
parte do patrimônio cultural, artístico, ambien- nho Lutero, no século XVI, colocou a educação como
tal científico e tecnológico de modo a promo- questão de política pública, embora já houvesse indí-
ver integral de crianças de 0 a 5 anos de idade cios da luta pela escolarização básica antes de Lutero.
(BRASIL, 2009). Enfim, para ele, a alfabetização das massas populares
servia como requisito para que os fiéis tivessem acesso
Já as propostas pedagógicas da educação infantil de- direto às escrituras sagradas e, no seu entender, cabe-
verão considerar que ria aos príncipes cristãos a responsabilidade pela ofer-
ta dessa escolarização (OLIVEIRA; ADRIÃO, 2007).
[...] a criança, centro de planejamento curri- Segundo Oliveira e Adrião (2007), a primeira lei
cular, é sujeito histórico e de direitos que, nas
que garantiu a educação elementar foi sancionada
interações, relações e práticas cotidianas que
vivencia constrói sua identidade pessoal e cole- nos Estados Unidos, na Colônia de Massachusetts,
tiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, em 1647. Esta lei ficou conhecida como a lei do velho
observa, experimenta, narra, questiona e cons- enganador, Satanás prescrevia que toda cidade com
trói sentidos sobre a natureza e a sociedade, 50 residências deveria contratar um professor para
produzindo cultura (BRASIL, 2009, Art. 4º).
ensinar leitura e escrita; e toda cidade com 100 resi-
dências deveria prover uma escola de gramática para
Observem que, para atender tantas especificidades preparar os jovens para a universidade, o não cum-
da formação e desenvolvimento das crianças peque- primento desta lei implicava em uma pena de 5 libras.

100
EDUCAÇÃO FÍSICA

Essa lógica de que a leitura poderia afastar os defendida em importantes documentos internacio-
cristãos de Satanás era a preocupação que os pro- nais, como a Declaração Universal dos Direitos do
testantes tinham com a população, diferentemente Homem, de 1948 e a Declaração Universal da Edu-
do catolicismo, que não via necessidade do cristão cação para Todos, assinada pelo Brasil em Jomtien
ler diretamente as escrituras sagradas, pois esta era (Tailândia), em 1990. Esta última passou a ser um
oferecida pelo padre, tradutor ou o intermediário documento importante porque os países signatá-
entre o fiel e Deus. Oliveira e Adrião (2007, p. 32) rios, como vimos nos tópicos anteriores, assumi-
afirmam que: ram o compromisso de garantir às crianças, jovens
e adultos a satisfação das necessidades básicas de
[...] mesmo nos países de capitalismo avançado, aprendizagem. Temos, ainda, a Declaração dos Di-
porém de maioria católica, a garantia da esco-
reitos da Criança, de 1998, além das constituições
larização para a população, quando compara-
da aos países de orientação protestante, fez-se nacionais de cada país e as leis que regem a educa-
mais lentamente, posteriormente à Revolução ção em cada território nacional.
Francesa, e ao longo do século XIX. Os autores ainda ressaltam que, apesar do con-
senso existente para a oferta da escolarização ele-
E no Brasil quando aconteceu? Um país eminente- mentar para todos os cidadãos, não há consenso
mente agrário e que passou pelo processo de inser- sobre o ministrar a esses cidadãos com relação aos
ção da industrialização e urbanização entre as dé- conteúdos, valores e habilidades a serem oferecidos.
cadas de 20 e 30, apenas a partir de 1930 se viu a Entretanto, é claro que o elementar, como leitura,
necessidade de implantar a escolarização obrigatória escrita, aritmética, novas linguagens informacio-
oferecida pelo Estado à população. Por aqui, a ideia nais devem ser oferecidos pelo ensino fundamental,
não era baseada em princípios cristãos, mas na ideia porque essas habilidades constituem o mínimo para
de que a escola seria o instrumento de redução das garantir a todos o contato e a compreensão dos bens
desigualdades sociais e da moldagem da identidade culturais e científicos da humanidade.
nacional, também era necessário incutir nas novas No Brasil, a educação obrigatória e gratuita pas-
gerações comportamentos exigidos para o desem- sou a ser garantida a partir da Constituição de 1934,
penho das funções e ocupações emergentes ao pro- com o que se denominava de Ensino Primário de
cesso de industrialização e urbanização. Outra ideia cinco anos que, posteriormente, passou a ser de qua-
que se fazia presente era de que a escola poderia ser tro anos. A partir da LDB Lei nº 5.692/71 passou a
o espaço para controlar a conduta e implementar abranger as oito primeiras séries, sob a denominação
um trabalho disciplinar. de ensino de primeiro grau, resultado da fusão entre
Para Oliveira e Adrião (2007, p. 32), a defesa o ensino primário e o ginasial. A partir da Constitui-
da escolarização básica, ao mesmo tempo em que ção Federal de 1988, passou a ser chamado de ensi-
tinha um caráter emancipador, também tinha um no fundamental, e sua redação inicial prescrevia que
caráter disciplinador. Contudo, em ambas as ideias, o ingresso neste se daria a partir dos 7 anos de idade.
a necessidade dessa escolarização obrigatória é Com a aprovação da Lei nº 11.114/2005 estabeleceu
consenso no mundo ocidental, até porque esta é que o ensino fundamental é obrigatório a partir dos

101
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

6 anos de idade, e a Lei nº 11.274/2006 complemen- fundamental aumentou, a partir dos marcos legais
tou a lei anterior, afirmando a idade mínima para iniciais e complementares para a garantia dessa eta-
o ingresso e a duração do ensino fundamental de pa de ensino obrigatória. Contudo, as possibilidades
oito para nove anos, concedendo até o ano de 2010 de acesso à escolaridade, entendida como matrícula,
para que os sistemas de ensino público e privados se permanência e conclusão com sucesso, continuam
adaptem a nova orientação legal. sendo um impasse para a população concluir o en-
Dos marcos legais até o presente momento, obser- sino fundamental e também um impasse para o go-
va-se que o objetivo da etapa do ensino fundamental verno federal.
no Brasil é a formação básica do cidadão por meio O novo Plano Nacional de Educação – Lei nº
dos seguintes aspectos descritos no Art. 32 da LDB. 13.005, de 25 de junho de 2014 – prevê na meta 02
a universalização do ensino fundamental de nove
I – o desenvolvimento da capacidade de apren- anos até o último de ano de vigência desta lei, ou
der, tendo como meios básicos o pleno desen-
seja, ano de 2024, e que pelo menos 95% dos alunos
volvimento da leitura, da escrita e do cálculo;
concluam essa etapa de ensino na idade apropriada
II – a compreensão do ambiente natural e social, que envolve a população entre 6 a 14 anos de idade.
do sistema político, da tecnologia, das artes e
A jornada de trabalho escolar no ensino funda-
dos valores em que se fundamenta a sociedade;
mental deve ser de pelo menos quatro horas diárias
III – o desenvolvimento da capacidade de de efetivo trabalho em sala de aula, sendo progressi-
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
vamente ampliada para tempo integral, a critério dos
conhecimentos e habilidades e a formação de
atitudes e valores; sistemas de ensino. A proposta de ampliação da car-
ga horária do ensino fundamental deriva do Progra-
IV – o fortalecimento dos vínculos de família,
ma Mais Educação e também cumprir com a meta
dos laços de solidariedade humana e de tole-
rância recíproca em que se assenta a vida social 06 do Plano Nacional de Educação para o decênio
(BRASIL, 1996). 2014-2024, a qual prevê que, no mínimo, 50% das
escolas públicas oferecem educação em tempo inte-
Dessa forma, o ensino fundamental regular deve ser gral de forma a atender pelo menos 25% dos alunos
ministrado em língua portuguesa, assegurando às da educação básica. Quanto à essa proposta de am-
comunidades indígenas o direito à utilização de suas pliação da carga horária, há que se considerar que,
línguas maternas e os processos próprios de apren- para realizá-la, é necessário um aumento significati-
dizagem, como a Constituição também assegura. vo dos recursos financeiros a serem destinados para
Esta etapa da educação básica pode ser organizada manutenção e ao desenvolvimento do ensino, uma
por séries/anos, períodos semestrais, ciclos, perío- vez que pressupõem a construção de novas escolas,
dos de estudos, grupos não seriados, idade, compe- novas salas de aula, contratação de mais professores
tência ou qualquer outra forma que o processo de e outros profissionais, além de outros custos.
aprendizagem requer. O currículo do ensino fundamental também pas-
Podemos observar, por meio dos últimos dados sou por alterações em virtude da Lei nº 11.274/2006
do IBGE, que o aumento das matrículas no ensino que alterou artigos da LDB de 1996 e ampliou a du-

102
EDUCAÇÃO FÍSICA

ração do ensino fundamental para nove anos. Para O ensino fundamental também prevê algumas
tanto, foi feita uma revisão nas Diretrizes Curricula- resoluções para sua oferta em algumas modalidades,
res para o Ensino Fundamental de nove anos – Re- como: educação do campo; indígena; quilombola;
solução nº 7, de 14 de dezembro de 2010 - a qual especial, educação de jovens e adultos; e educação
traz no parágrafo único do Art. 14 que as escolas que profissional. Contudo, essas modalidades serão me-
ministram essa etapa da Educação Básica deverão: lhor apresentadas nos tópicos seguintes, após a apre-
sentação dos níveis da educação escolar brasileira.
Trabalhar considerando essa etapa da educação A reforma do ensino médio, efetivada pela Lei
como aquela capaz de assegurar a cada um e a
nº 13.415, trouxe uma mudança para o ensino fun-
todos o acesso ao conhecimento e aos elemen-
tos da cultura imprescindível para o seu desen- damental, descrita no § 5º do Art. 26 da LDB.
volvimento pessoal e para a vida em socieda-
de, assim como benefícios de uma formação Art. 26. Os currículos da educação infantil, do en-
comum, independentemente da grande diver- sino fundamental e do ensino médio devem ter
sidade da população escolar e das demandas base nacional comum, a ser complementada, em
sociais (BRASIL, 2010). cada sistema de ensino e em cada estabelecimento
escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
Para que esta etapa consiga trabalhar com a garantia características regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia e dos educandos.
de assegurar a todos os cidadãos brasileiros o acesso § 5º No currículo do ensino fundamental, a par-
ao conhecimento e aos elementos da cultura impor- tir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa.
tantes para o seu desenvolvimento pessoal e para a (Parágrafo com redação dada pela Medida Pro-
visória nº 746, de 22/9/2016, convertida na Lei nº
vida em sociedade, o Art. 9º da Resolução de 2010, 13.415, de 16/2/2017)
refere-se ao currículo no ensino fundamental como:

[...] constituído pelas experiências escolares A obrigatoriedade da língua inglesa traz impactos
que se desdobram em torno do conhecimento,
para o sistema educacional público; já para o ensino
permeadas pelas relações sociais, buscando ar-
ticular vivências e saberes dos alunos com os privado, não é novidade. Para que a implementação
conhecimentos historicamente acumulados e da legislação se efetive com qualidade, é necessário
contribuindo para construir as identidades dos que o governo invista na formação dos professores
estudantes (BRASIL, 2010). que, em geral, possuem certificados de cursos de in-
glês, mas não a formação pedagógica.
Mesmo que a BNCC divulgada pelo MEC não seja o Caro(a) aluno(a), gostaríamos que percebesse
sinônimo de currículo, ela é uma referência nacional que o assunto sobre o ensino fundamental não se es-
fundamental para o processo de ensino e aprendiza- gota nessas linhas, por isso é importante que fiquem
gem nas escolas públicas e privadas brasileiras, pois sempre atentos às legislações que são aprovadas com
o documento define os conhecimentos essenciais, relação a esta etapa da educação básica. Não percam
direitos e objetivos de aprendizagem de todos os es- a discussão sobre o financiamento, responsabilida-
tudantes do país. des, currículo, ampliação da jornada de trabalho,

103
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

formação de professores que atuam ou atuarão no brasileira receberem uma formação adequada para
futuro, modalidades, bem como os avanços e os de- concluir os estudos superiores na Europa. Segundo
safios que o ensino fundamental ainda tem que en- Pinto (2002, p. 48)
frentar em nosso país.
o ensino médio no Brasil já nasce com um ca-
ráter seletivo, propedêutico, com um currículo
Ensino médio
centrado nas Humanidades, pouco afeito às ci-
A história do ensino médio no Brasil foi marcada ências experimentais e com uma metodologia
pela seletividade, destinava-se a pouco brasileiros, que valorizava a disciplina e a memorização,
e seu objetivo central sempre foi a preparação para modelo atual até hoje.
o ingresso no ensino superior, o que não foi histo-
ricamente prioridade para a maioria da população Lembramos que o período jesuítico no ensino bra-
brasileira. A partir dessas linhas, você conhecerá sileiro perdurou por mais dois séculos (terminou no
uma breve história do ensino médio no Brasil com século XVIII) e apenas no início do século XIX, o
base nos textos de Pinto (2002) e Libâneo, Toschi e Brasil passou por importantes transformações em
Oliveira (2012). decorrência da vinda da família real em 1808 e a In-
O ensino médio, assim como o ensino funda- dependência em 1822. Essas mudanças impactaram,
mental, nasceu enquanto o Brasil ainda era colônia principalmente, o ensino superior, nível de interes-
portuguesa. Nesse período, o ensino tanto em Por- se da elite local, os quais possibilitaram a criação
tugal quanto na colônia era organizado e adminis- de duas academias: Marinha (1808) e Real Militar
trado pela Companhia de Jesus (jesuítas), portanto, (1810) e, depois, a criação de cursos de interesse da
a corte não tinha obrigação de custear o ensino pú- classe dominante do país, a saber: o curso de Ciên-
blico. A educação, nessa época, pautava-se em dois cias Jurídicas e Sociais, criado em 1827 e instalado
modelos: o primeiro na reprodução social da elite em 1828 em São Paulo e em Olinda.
rural e comercial do país, e o segundo no alcance das Nesse contexto, o ensino médio pouco foi alte-
metas dos jesuítas em salvar almas para o catolicis- rado, pois continuou com a mesma função de pre-
mo por meio da educação. parar os filhos da elite local ao ensino superior, em
O primeiro modelo de ensino médio no Brasil especial os recentes instalados no país. Esse mode-
foi o seminário-escola implantado em São Vicente, lo somente foi revogado na década de 30, em que
São Paulo, em meados do século XVI. Seu currículo o país passou por profundas transformações, prin-
era baseado no Ratio Studiorum e tinha duração de cipalmente no cenário educacional por ocasião da
nove anos, envolvendo estudos de retórica, huma- Revolução de 1930, acompanhando as propostas de
nidades, gramática latina, lógica, metafísica, moral, industrialização do Brasil. Para termos noção do
entre outros. O objetivo deste modelo de ensino e atraso histórico das políticas educacionais no país,
destas escolas era a formação de sacerdotes, que se vemos, por exemplo, a tardia criação do Ministério
completava apenas no ensino superior. Esse mo- da Educação. Voltando às questões do ensino mé-
delo também era a única chance dos filhos da elite dio, já em 1931, houve o Decreto nº 19.890 (gestão

104
EDUCAÇÃO FÍSICA

de Francisco Campos no MEC) que dispõe sobre a Em primeiro lugar, ela unificou o antigo ginásio
(que correspondia ao primeiro ciclo do ensino
organização do ensino secundário, mais tarde foi
médio) com o antigo primário, criando o primei-
complementado pela Lei nº 4.244/1942 (gestão de ro grau, com oito anos de duração, obrigatório
Gustavo Capanema no MEC). e gratuito nas instituições públicas. Em segundo
Esta lei constituiu parte das Leis Orgânicas, as lugar, transformou o antigo colegial em segundo
quais receberam atenção especial na Lei Orgânica grau, sem alterar sua duração de três anos. Con-
tudo, a mais radical mudança implantada por
do Ensino Secundário que sobreviveu até o início esta lei no ensino médio foi a profissionalização
da década de 70. Essa lei organizou o ensino secun- compulsória. Assim, pela lei, todas as escolas de
dário da seguinte forma: duração de sete anos e se segundo grau deveriam assegurar uma qualifi-
dividia em duas etapas – ginásio de quatro anos e cação profissional, fosse de nível técnico (quatro
anos de duração), fosse de auxiliar técnico (três
colegial de três anos. O caráter seletivo ainda per-
anos de duração). Tudo indica que o objetivo por
petuava-se na história da educação brasileira, por- trás deste novo desenho do ensino médio, dando-
que quando os alunos finalizavam o ensino primá- -lhe um caráter de terminalidade dos estudos, foi
rio, eles eram submetidos a um exame de admissão o de reduzir a demanda para o ensino superior e
tentar aplacar o ímpeto das manifestações estu-
para o ingresso nos ginásio e, no caso de reprova-
dantis que exigiam mais vagas nas universidades
ção, estes deveriam estudar mais um ano de estudo públicas (PINTO, 2002, p. 50).
complementar.
Outra questão interessante ao contexto da Era Contudo, é importante que saiba que o ensino médio
Vargas sobre a questão educacional foi a implanta- só foi ampliado ao sistema público com recursos fi-
ção do ensino profissionalizante, destinado às clas- nanceiros e necessários para sua manutenção na rede
ses menos favorecidas da sociedade. Para ele, era pública a partir da Constituição Federal de 1988 e da
necessário formar o país para o trabalho técnico, LDB – Lei nº 9.394/96. Nesse contexto, as empresas
acompanhando o período da industrialização e a in- privadas se consolidaram para oferecer o ensino mé-
serção competitiva no cenário capitalista mundial. dio com discurso de elevada qualidade, onde as fa-
É importante saber que, mesmo com essas criações, mílias até de classe média faziam sacrifícios extremos
o ensino mantinha o caráter dualista, pois o profis- para garantir que seus filhos pudessem frequentar
sionalizante destinava-se à classe mais baixa da so- essas escolas e ingressar no ensino superior. Confor-
ciedade e o ensino propedêutico à elite do país. Nes- me os dados do Censo de 2016, a 68,1% das escolas
se sentido, apenas o ensino propedêutico permitia o de ensino médio são estaduais e 29,2% privadas. A
acesso do jovem ao ensino superior e essa dualidade União e os municípios participam com 1,8% e 0,9%,
tentou ser superada, pela primeira vez, apenas na respectivamente (BRASIL, 2016, on-line, p. 9)1.
década de 60 com a aprovação da primeira LDB – Historicamente, vimos que o acesso ao ensino
Lei nº 4.024/1961. médio antes da CF/1988 era um privilégio; depois
Contudo, foi apenas com a aprovação da LDB desta e a partir da década de 90, o acesso ao ensino
– Lei nº 5.692/1971 a organização do sistema médio é um direito do cidadão e dever do Estado. A
educacional foi alterada e o ensino médio seguiu sua obrigatoriedade, ainda que não universalizada a
essas mudanças. todos os brasileiros, expandiu o número de matrí-

105
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

culas no ensino médio, por conta da pressão social desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
dos jovens e suas famílias que tinham interesse em Nacional em 1996. Ao ser aprovada por meio de
ingressar no ensino médio, devido à exigência cres- medida provisória, recurso que só é utilizado em
cente do mercado de trabalho em exigir certificação situações extremas, foi muito criticada, pois foi
e, também, pelo anseio em ingressar nas universi- aprovada em um curto espaço de tempo e sem um
dades e continuar seus estudos no ensino superior. debate com os especialistas da área; além disso,
A responsabilidade por sua oferta dentro do sis- os alunos do ensino médio também não fizeram
tema público são os sistemas estaduais, cabendo a parte das discussões.
União a não menos importante função de assegurar Diante disso, o procurador geral da república,
a equidade das oportunidades educacionais entre as Rodrigo Janot, enviou o parecer ao Supremo Tri-
diferentes regiões do país e de garantir um padrão bunal Federal - STF. Pela inconstitucionalidade da
mínimo de qualidade do ensino mediante assistên- medida, seu argumento centrou-se no fato de que
cia técnica e financeira. A avaliação do ensino médio reformas estruturais como a do ensino médio, não
também compete à União junto aos sistemas de en- podem ser feitas por MPs, e uma reforma dessa am-
sino estaduais com a finalidade de definir priorida- plitude necessitaria de mais tempo de debate junto
des e melhorias da qualidade do ensino. a sociedade. O Fórum Nacional de Educação pu-
blicou uma nota criticando a MP e levantando 23
Reforma do ensino médio pontos negativos da Medida Provisória.
Imposta pela Medida Provisória nº 746/2016 Quais as principais mudanças na estrutura do
e promulgada como lei (Lei nº 13.415/2017), a ensino médio com a reforma? Veja, a seguir, os arti-
maior reforma do último ciclo do ensino básico gos alterados com a Lei nº 13.415/2017.

LDB/1996
LDB - Anterior a Reforma do Ensino Médio LDB - Atualizada com a Reforma do Ensino Médio - 2017
Art. 24 Art. 24 § 1º A carga horária mínima anual de que trata o
I. a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, inciso I do caput deverá ser ampliada de forma progres-
distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo siva, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas,
trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exa- devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo
mes finais quando houver; máximo de cinco anos, pelo menos mil horas anuais
de carga horária, a partir de 2 de março de 2017.
Art. 26 § 2º O ensino da arte, especialmente em suas Art. 26 § 2º O ensino da arte, especialmente em suas
expressões regionais, constituirá componente curricu- expressões regionais, constituirá componente curricu-
lar obrigatório nos diversos níveis da educação básica, lar obrigatório da educação básica.
de forma a promover o desenvolvimento cultural dos
alunos. (Redação dada pela Lei nº12.287, de 2010). A
MP propôs como componente obrigatório apenas
na EI e EF.

106
EDUCAÇÃO FÍSICA

Art. 26 § 3º A educação física, integrada à proposta Art. 26 § 3º A educação física, integrada à proposta
pedagógica da escola, é componente curricular obri- pedagógica da escola, é componente curricular obriga-
gatório da educação básica, sendo sua prática facul- tório da educação básica, sendo sua prática facultativa
tativa ao aluno: (redação dada pela Lei nº10.793, de ao aluno:
2003) A MP propôs como componente obrigatório
apenas na EI e EF.
Art. 26. § 5º Na parte diversificada do currículo será Art. 26. § 5º No currículo do ensino fundamental, a
incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o partir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa.
ensino de pelo menos uma língua estrangeira moder-
na, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar,
dentro das estrangeira moderna, cuja escolha ficará a
cargo da comunidade escolar, dentro das possibilida-
des da instituição.
Art. 26 § 7º Os currículos do ensino fundamental e mé- Art. 26 § 7º A integralização curricular poderá incluir, a
dio devem incluir os princípios da proteção e defesa civil critério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas
e a educação ambiental de forma integrada aos conteú- envolvendo os temas transversais de que trata o caput.
dos obrigatórios. (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012)
Não tinha o § 10, mas, na MP a redação era: A inclu- Art. 26 § 10. A inclusão de novos componentes curricu-
são de novos componentes curriculares de caráter lares de caráter obrigatório na Base Nacional Comum
obrigatório na Base Nacional Comum Curricular Curricular dependerá de aprovação do Conselho
dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Nacional de Educação e de homologação pelo Ministro
Educação e de homologação pelo Ministro Minis- de Estado da Educação.
tro de Estado da Educação, Educação, ouvidos o
Conselho Nacional de Secretários de Educação
- Consed e a União Nacional de Dirigentes de
Educação – Undime.
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio,
conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educa-
ção, nas seguintes áreas do conhecimento:
SEM CORRESPONDENTE
II. linguagens e suas tecnologias;
III. matemática e suas tecnologias;
IV. ciências da natureza e suas tecnologias;
V. ciências humanas e sociais aplicadas.
Art. 35-A. § 1º A parte diversificada dos currículos de
que trata o caput do art. 26, definida em cada sistema
SEM CORRESPONDENTE de ensino, deverá estar harmonizada à Base Nacional
Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto
histórico, econômico, social, ambiental e cultural.
Art. 35-A. § 2º A Base Nacional Comum Curricular
referente ao ensino médio incluirá obrigatoriamente
SEM CORRESPONDENTE
estudos e práticas de educação física, arte, sociologia
e filosofia.
Art. 35-A. § 3º O ensino da língua portuguesa e da
matemática será obrigatório nos três anos do ensino
SEM CORRESPONDENTE
médio, assegurada às comunidades indígenas, tam-
bém, a utilização das respectivas línguas maternas.

107
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Art. 35-A. § 4º Os currículos do ensino médio incluirão,


obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão
ofertar outras línguas estrangeiras, em caráter opta-
SEM CORRESPONDENTE
tivo, preferencialmente o espanhol, de acordo com a
disponibilidade de oferta, locais e horários definidos
pelos sistemas de ensino.
Art. 35-A. § 5º A carga horária destinada ao cumpri-
mento da Base Nacional Comum Curricular não poderá
SEM CORRESPONDENTE ser superior a mil e oitocentas horas do total da carga
horária do ensino médio, de acordo com a definição
dos sistemas de ensino.
Art. 35-A. § 6º A União estabelecerá os padrões de
desempenho esperados para o ensino médio, que
SEM CORRESPONDENTE
serão referência nos processos nacionais de avaliação,
a partir da Base Nacional Comum Curricular.
Art.35-A. § 7º Os currículos do ensino médio deverão
considerar a formação integral do aluno, de maneira
a adotar um trabalho voltado para a construção de
seu projeto de vida e para sua formação nos aspectos
físicos, cognitivos e socioemocionais.
Art.35-A. § 8º Os conteúdos, as metodologias e as
formas de avaliação processual e formativa serão or-
SEM CORRESPONDENTE ganizados nas redes de ensino por meio de atividades
teóricas e práticas, provas orais e escritas, seminários,
projetos e atividades on-line, de tal forma que ao final
do ensino médio o educando demonstre:
I. domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
presidem a produção moderna;
II. conhecimento das formas contemporâneas de
linguagem.
Art. 36. O currículo do ensino médio observará o Art. 36. O currículo do ensino médio será composto
disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários
diretrizes: formativos, que deverão ser organizados por meio da
I. destacará a educação tecnológica básica, a compreen- oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a
são do significado da ciência, das letras e das artes; o relevância para o contexto local e a possibilidade dos
processo histórico de transformação da sociedade e sistemas de ensino, a saber:
da cultura; a língua portuguesa como instrumento de I. linguagens e suas tecnologias;
comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da II. matemática e suas tecnologias;
cidadania; III. ciências da natureza e suas tecnologias; IV - ciências
II. adotará metodologias de ensino e de avaliação que humanas e sociais aplicadas;
estimulem a iniciativa dos estudantes; IV. formação técnica e profissional.
III. será incluída uma língua estrangeira moderna, como
disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade es-
colar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das
disponibilidades da instituição.
IV. serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como discipli-
nas obrigatórias em todas as séries do ensino médio.
(Incluído pela Lei nº 11.684, de 2008)

108
EDUCAÇÃO FÍSICA

Art. 36. § 1º Os conteúdos, as metodologias e as Art. 36. § 1º A organização das áreas de que trata o
formas de avaliação serão organizados de tal forma caput e das respectivas competências e habilidades
que ao final do ensino médio o educando demonstre: será feita de acordo com critérios estabelecidos em
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que cada sistema de ensino.
presidem a produção moderna; II - conhecimento das I. (Revogado pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
formas contemporâneas de linguagem; III - domínio II. (Revogado pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia neces-
sários ao exercício da cidadania. (Revogado pela Lei nº
11.684, de 2008).
Art. 36. § 3º Os cursos do ensino médio terão equi- Art. 36. § 3º A critério dos sistemas de ensino, pode-
valência legal e habilitarão ao prosseguimento de rá ser composto itinerário formativo integrado, que
estudos. se traduz na composição de componentes curricu-
lares da Base Nacional Comum Curricular - BNCC e
dos itinerários formativos, considerando os incisos I
a V do caput.
Art. 36. § 5º Os sistemas de ensino, mediante dispo-
nibilidade de vagas na rede, possibilitarão ao aluno
SEM CORRESPONDENTE
concluinte do ensino médio cursar mais um itinerário
formativo de que trata o caput.
Art. 36. § 6º A critério dos sistemas de ensino, a
oferta de formação com ênfase técnica e profissional
considerará:
I. a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor
produtivo ou em ambientes de simulação, estabe-
lecendo parcerias e fazendo uso, quando aplicável,
SEM CORRESPONDENTE
de instrumentos estabelecidos pela legislação sobre
aprendizagem profissional;
II. a possibilidade de concessão de certificados inter-
mediários de qualificação para o trabalho, quando a
formação for estruturada e organizada em etapas com
terminalidade.
Art. 36. § 7º A oferta de formações experimentais
relacionadas ao inciso V do caput, em áreas que não
constem do Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos,
dependerá, para sua continuidade, do reconhecimento
SEM CORRESPONDENTE
pelo respectivo Conselho Estadual de Educação, no
prazo de três anos, e da inserção no Catálogo Nacional
dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, contados
da data de oferta inicial da formação.
Art. 36. § 8º A oferta de formação técnica e profis-
sional a que se refere o inciso V do caput, realizada
na própria instituição ou em parceria com outras
SEM CORRESPONDENTE instituições, deverá ser aprovada previamente pelo
Conselho Estadual de Educação, homologada pelo
Secretário Estadual de Educação e certificada pelos
sistemas de ensino.

109
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Art. 36. § 9º As instituições de ensino emitirão certificado


com validade nacional, que habilitará o concluinte do en-
SEM CORRESPONDENTE sino médio ao prosseguimento dos estudos em nível su-
perior ou em outros cursos ou formações para os quais
a conclusão do ensino médio seja etapa obrigatória.
Art. 36. § 10. Além das formas de organização previs-
tas no art. 23, o ensino médio poderá ser organizado
SEM CORRESPONDENTE
em módulos e adotar o sistema de créditos com
terminalidade específica.
Art. 36. § 11. Para efeito de cumprimento das exi-
gências curriculares do ensino médio, os sistemas de
ensino poderão reconhecer competências e firmar
convênios com instituições de educação a distância
com notório reconhecimento, mediante as seguintes
formas de comprovação:
I- demonstração prática; II - experiência de trabalho
SEM CORRESPONDENTE supervisionado ou outra experiência adquirida fora do
ambiente escolar; III - atividades de educação técnica
oferecidas em outras instituições de ensino credencia-
das; IV - cursos oferecidos oferecidos por centros cen-
tros ou programas ocupacionais; V - estudos realizados
em instituições de ensino nacionais ou estrangeiras;
VI - cursos realizados por meio de educação a distância
ou educação presencial mediada por tecnologias.
Art. 36. § 12. As escolas deverão orientar os alunos no
SEM CORRESPONDENTE processo de escolha das áreas de conhecimento ou de
atuação profissional previstas no caput.
Art. 62. A formação de docentes para atuar na edu- Art. 62. A formação de docentes para atuar na edu-
cação básica far-se-á em nível superior, em curso de cação básica far-se-á em nível superior, em curso de
licenciatura, de graduação plena, em universidades licenciatura plena, admitida, como formação mínima
e institutos superiores de educação, admitida, como para o exercício do magistério na educação infantil e
formação mínima para o exercício do magistério na nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a
educação infantil e nas quatro primeiras séries do oferecida em nível médio, na modalidade normal.
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na § 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes
modalidade Normal. terão por referência a Base Nacional Comum Curricular.

Quais os argumentos utilizados pelo governo para a da mais a escola da realidade dos estudantes diante de
reforma do ensino médio? Para o governo, a reforma novas demandas profissionais do mercado de traba-
trará melhoria da educação no país. Ao propor a fle- lho. E, sobretudo, permitirá que cada aluno escolha
xibilização da grade curricular, o novo modelo permi- sua área de afinidade, seja para seguir os estudos no
tirá que o estudante “escolha” a área de conhecimen- nível superior, seja para entrar no mundo do trabalho.
to para aprofundar seus estudos. A parte curricular Para Saviani (2016, on-line)2 “O que está aconte-
obrigatória pretende garantir conteúdos comuns em cendo é que estamos induzindo os jovens das camadas
todo o território nacional. A flexibilidade curricular trabalhadoras ao profissionalismo precoce, enquanto
do ensino médio, segundo o governo, aproximará ain- o jovem de elite vai para o Ensino Superior”, situação

110
EDUCAÇÃO FÍSICA

já vivenciada no Brasil, que acaba por fragmentar o Com todo avanço do ensino médio a partir da
conhecimento escolar, e suprimir o direito aos jovens década de 90, observamos que este nível de ensino
em ter acesso e aprofundamento dos conhecimentos. ainda possui alguns desafios que precisam ser supe-
Ao analisar as alterações propostas, percebemos rados, especialmente na oferta discriminatória de
a ênfase à estruturação curricular, sem considerar um ensino médio profissionalizante para os alunos
as condições objetivas e infraestruturais das escolas, com poucos recursos e um ensino médio que pos-
a formação continuada, a valorização dos profissio- sibilita o acesso ao ensino superior para os alunos
nais da educação, as práticas pedagógicas, entre ou- com condições financeiras melhores.
tros aspectos. Ao permitir, conforme o art. 61 da
LDB “profissionais com notório saber reconhecido Educação superior
pelos respectivos sistemas de ensino para ministrar Assim como os outros níveis de ensino apresentados,
conteúdos de áreas afins à sua formação” (BRASIL, a Educação Superior também passou por uma refor-
1996), desconsidera a formação pedagógica para a ma na década de 90. Aliás, caro(a) aluno(a), você não
atuação como professor. A proposta prevê que se- pode esquecer que a Reforma da Educação Nacional
rão obrigatórios os estudos e práticas de filosofia, a partir de 1990 está articulada com à Reforma do
sociologia, educação física e artes no ensino médio, Estado brasileiro que ocorreu no mesmo período.
mas não no formato de disciplinas obrigatórias, A Educação Superior também entrou na pauta da
como português e matemática. agenda reformadora do primeiro governo de Fernan-
Diante de tantas alterações, cabe uma questão do Henrique Cardoso (1995-1998), nessa época foi
fundamental: quando esta lei será implementada? construída projetos legais capazes de alterar as diretri-
Segundo o Ministro da Educação e Mendonça Filho, zes e bases que sustentavam o modelo implementado
desde a reforma universitária de 1968 (CATANI; OLI-
A implantação do novo ensino médio não deverá
acontecer até 2018, pelo menos, já que o mesmo VEIRA, 2000). Acompanhando esse processo, obser-
depende da aprovação da Base Nacional Comum vamos as orientações do Estado para com o padrão de
Curricular (BNCC), que estabelecerá as compe- avaliação; de financiamento; de gestão; de currículo
tências, os objetivos de aprendizagem e os co-
e de produção do trabalho acadêmico, que produz a
nhecimentos necessários para a formação geral
do aluno. A previsão é que, até meados de 2017, identidade das Instituições de Ensino Superior (IES).
a BNCC para o ensino médio seja encaminha- Na LDB – Lei 9.394/96, o Ensino Superior está
da ao Conselho Nacional de Educação, que terá expresso nos artigos 43 a 57 e tem por finalidade:
de aprová-la para depois ser homologada pelo
MEC. Só depois disso, o novo ensino médio po-
[...] formar profissionais nas diferentes áreas do sa-
derá ser implementado (FUNORTE, on-line)3.
ber, promovendo a divulgação de conhecimentos
culturais, científicos e técnicos e comunicando-os
Desta forma, a nova estrutura do ensino médio de- por meio do ensino; estimular a criação cultural e
pende da BNCC para sua implantação, a BNCC de- a pesquisa científica e tecnológica geradas nas ins-
finirá as competências e conhecimentos essenciais tituições que oferecem a formação em nível supe-
que deverão ser oferecidos a todos os estudantes na rior e produzem conhecimento (BRASIL, 1996).

parte comum (1.800 horas).

111
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

No Art. 44 da LDB/1996 são apresentados os cursos e programas de Educação Superior, são eles:

LDB/ 1996 - Art. 44

Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas:


I. cursos seqüenciais por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam
aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde que tenham concluído o ensino médio ou equi-
valente; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.632, de 27/12/2007)
II. de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classifi-
cados em processo seletivo;
III. de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado, cursos de especialização, aperfeiço-
amento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das
instituições de ensino;
IV. de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de
ensino.
§ 1º Os resultados do processo seletivo referido no inciso II do caput deste artigo serão tornados públicos
pelas instituições de ensino superior, sendo obrigatória a divulgação da relação nominal dos classificados, a
respectiva ordem de classificação, bem como do cronograma das chamadas para matrícula, de acordo com
os critérios para preenchimento das vagas constantes do respectivo edital. (Parágrafo único acrescido pela Lei
nº 11.331, de 25/7/2006, e renumerado para § 1º pela Lei nº 13.184, de 4/11/2015)
§ 2º No caso de empate no processo seletivo, as instituições públicas de ensino superior darão prioridade de
matrícula ao candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez salários mínimos, ou ao de menor ren-
da familiar, quando mais de um candidato preencher o critério inicial. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.184,
de 4/11/2015)
§ 3º O processo seletivo referido no inciso II considerará as competências e as habilidades definidas na Base
Nacional Comum Curricular. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 746, de 22/9/2016, convertida e
com redação dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)

Por meio do Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006, na pesquisa e na extensão, formando o tripé das uni-
os cursos e programas de nível superior de ensino versidades (ensino, pesquisa e extensão). Lembre-se
podem ser ofertados em universidades, centros uni- que as universidades públicas, federais ou estaduais,
versitários e faculdades; mas, quais são as diferenças são responsáveis por grande parte das pesquisas aca-
entre essas três IES? dêmicas e dos programas de pós-graduação, nível de
Caro(a) aluno(a), vamos lá! As universida- mestrado e doutorado do país. Os centros univer-
des possuem autonomia, conforme a CF/1988 e sitários possuem alguns princípios da autonomia,
LDB/1996, para atuar na graduação, pós-graduação, concedidas por meio de decreto presidencial, que

112
EDUCAÇÃO FÍSICA

devem apresentar excelência no ensino diante do Em 2007, tivemos o Programa de Apoio a Pla-
desempenho obtido pelo Sistema de Avaliação do nos de Reestruturação e Expansão das Universi-
Ensino Superior. As faculdades atuam basicamente dades Federais (Reuni), instituída pelo Decreto nº
na formação de profissionais de diferentes cursos de 6.096/2007, o objetivo deste programa foi possibili-
licenciatura, bacharelado e tecnológico. tar a ampliação das condições das universidades fe-
A educação superior também conta com as Re- derais, a fim de ampliar o acesso ao ensino superior e
des Federais de Educação Profissional, Científica e também da permanência e conclusão desses cursos.
Tecnológica, formada por institutos federais de edu- Este programa entrou em vigor devido às exigências
cação, ciência e tecnologia, onde certificam cursos do Plano Nacional de Educação de 2001 e também
de educação tecnológica e universidades tecnoló- do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)
gicas. Essa rede está presente em todos os estados lançado em 2007.
brasileiros. Perto de sua cidade deve haver algum Após mais de uma década de forte expansão e
instituto federal que oferte alguns desses níveis de democratização das oportunidades à educação su-
ensino, estes institutos também oferecem cursos téc- perior, com a ampliação das matrículas e o reforço
nicos e superior de tecnologia, licenciaturas, mestra- às atividades de ensino, pesquisa e extensão, com ex-
dos e doutorados. pansão no fomento e oferta de bolsas no governo de
A partir do ano de 2000, ocorreram mudanças Michel Temer, observamos o corte de investimento
importantes na legislação, de forma a democratizar na educação superior.
o acesso dos brasileiros ao Ensino Superior, temos, O ano de 2017 e o planejamento do orçamento
como exemplo, dois programas de financiamento de 2018 passa por um momento de cortes e con-
para ingresso no Ensino Superior privado, o primei- tingenciamento de seus orçamentos, as soluções
ro criado em 2001 – Programa de Financiamento apresentadas por uma crise relacionada aos recur-
Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para sos, criada pelo próprio governo, é a privatização e
Todos (Prouni). terceirização da educação superior.
O Fies financia a graduação no ensino superior A política educacional ao Ensino Superior ainda
de estudantes que não tem condições de arcar com precisa de muitas discussões e avanços, por isso o
os cursos de sua formação. O Prouni tem como fi- PNE Lei nº 13.005/2014 traz em sua meta e estra-
nalidade a concessão de bolsas de estudos integrais tégias 13 o objetivo de elevar a qualidade do Ensino
ou parciais também em instituições privadas de en- Superior brasileiro, bem como ampliar a formação
sino superior, lembre-se que as IES que aderem a de professores que atuam neste nível e democratizar
este programa possuem isenção de tributos para o o ensino superior por meio de instituições de ensino
Governo Federal. superior presencial e a distância.

113
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Modalidades da
Educação Nacional
Modalidades da educação referem-se aos diferen- a distância; a educação escolar indígena; a educa-
tes modos particulares de exercer a educação. Você ção do campo; a educação quilombola, sendo esses
observou que os níveis da educação dizem respeito modos/maneiras de ministrar os diferentes níveis de
aos diferentes graus ou categorias de ensino, como educação básica e superior.
infantil, fundamental, médio e superior. Já as moda- Na LDB/1996 são apresentadas apenas três mo-
lidades da educação significa a forma, o modo como dalidades de educação com mais atenção, sendo elas
tais graus/categorias de ensino serão ministrados. a educação de jovens e adultos, educação profissio-
A LDB/1996 e a Resolução CNE/CEB nº 4, de 13 nal e tecnológica e educação especial; as demais são
de julho de 2010, que define as Diretrizes Curricu- apresentadas em pequenos artigos, pois ainda lutam
lares Nacionais Gerais para a Educação Básica, afir- por espaços ou por garantias maiores na legislação
mam que as modalidades de educação/ensino são: brasileira e materialização no cenário das políticas
educação de jovens e adultos; a educação profissio- educacionais. Agora vamos conhecer algumas des-
nal e tecnológica; a educação especial; a educação sas modalidades!

114
EDUCAÇÃO FÍSICA

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

A Educação Profissional destina-se a alunos(as) que na Constituição Federal de 1937, ficou estabelecido
procuram uma formação por meio da aprendizagem que a educação profissional era dever do Estado na-
formal ou não, ao qual pode ser reconhecida e certi- cional (SILVA, 2004).
ficada para prosseguir ou concluir os estudos. É importante lembrar, caro(a) aluno(a), que na
Para explicar a modalidade da Educação Pro- década de 20 houve o início do processo de urbani-
fissional, remontamos a história da educação e da zação, e na década de 30 o processo de industrializa-
sociedade brasileira que possui marcas da dualida- ção gerados pelos nuances do capitalismo industrial,
de existente entre as elites condutoras e a maioria demandando maior número de trabalhadores espe-
da população do país. Nesse sentido, os filhos da cializados para a indústria e para o comércio.
maioria, oriundos das classes mais baixas da so- Piletti e Rossato (2010) afirmam que nessa épo-
ciedade, eram formados para servir como mão de ca estabeleceu-se como dever das indústrias e dos
obra barata para o mercado de trabalho. Dessa for- sindicatos formar escolas de aprendizes destinadas
ma, Piletti e Rossato (2010, p. 123) afirmam que aos filhos dos operários ou de associados. A par-
as origens do Brasil são marcadas por “[...] uma tir da Reforma Capanema, em 1942, foram criadas
cultura de ganância, exclusão e escravidão interfe- Leis Orgânicas que tinham como objetivo reafirmar
riram e interferem diretamente nas relações entre a necessidade da formação técnica da maioria dos
educação e trabalho”. brasileiros, entre elas podemos destacar a Lei Orgâ-
A relação entre educação e trabalho se expressou nica do Ensino Industrial (1942); a Lei Orgânica do
na década de 30, por exemplo, reforçando a duali- ensino comercial (1943); a Lei Orgânica do Ensino
dade entre a escola para os ricos e escolas para po- Agrícola (1946); a Lei Orgânica do Ensino Normal
bres. A escola para os ricos destinava-se aos filhos (1946). Em 1942, Getúlio Vargas transformou as an-
das elites condutoras do país e tinha como objetivo tigas Escolas de Aprendizes Artífices em uma rede
formá-los para os níveis superiores de ensino, entre de escolas técnicas e federais de ensino industrial,
eles o Ensino Superior. A escola para os pobres tinha criando o Serviço Nacional de Aprendizagem (Se-
a responsabilidade de formar trabalhadores aptos nai); Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
para atividades profissionais específicas; inclusive, (Senac), dando origem ao conhecido Sistema S.

115
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

SAIBA MAIS De acordo com Piletti e Rossato (2010), essa


rígida dualidade foi minimizada na década de 50,
Você já pode ter ouvido falar sobre Sistema S, quando, por meio da publicação da Lei nº 1.076/05,
mas sabe o que este sistema significa? os portadores de cursos técnicos profissionalizantes
O Sistema S é composto por 11 instituições, poderiam continuar seus estudos para ingressar no
entre elas destacam-se: Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI); Serviço Ensino Superior por meio de exames de equivalên-
Nacional de Aprendizagem Comercial (SE- cia de estudos. Contudo, somente da década de 60,
NAC); Serviço Nacional de Aprendizagem a partir da aprovação da LDB Lei nº 4.024/1961 é
dos Transportes (SENAT); Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (SENAR); Serviço Bra- que a tradição da dualidade educacional entre ricos
sileiro de Apoio às Micro e Pequenas Em- e pobres foi superada (do ponto de vista formal).
presas (SEBRAE); Serviço Social da Indústria E a partir da década de 70, com a LDB Lei nº
(SESI); Serviço Social do Comércio (SESC); e
entre outros. 5.692/1971, essa superação foi reafirmada quando o
Estas instituições atuam em formação pro- ensino técnico ou profissional passou a ser articu-
fissional e social, inclusive, trata-se de um lado ao ensino de 2º grau, sendo obrigatório para
dos grandes responsáveis pela educação
profissional no Brasil. Sua origem data da todos os jovens brasileiros. Assim, a educação pro-
década de 1940 com a preocupação do setor fissional não era destinada apenas aos pobres, mas a
empresarial em tornar o trabalhador mais todos que frequentam o ensino de 1º e 2º grau. Até o
produtivo mediante uma qualidade profis-
sional, por isso os cursos dessas instituições estudante da elite, que não se interessa em profissio-
atendem às demandas do setor produtivo, nalizar-se, era obrigado a passar pelo ensino técni-
do mercado e não as políticas públicas de co. A medida gerou descontentamento entre a classe
educação. Os recursos destinados ao Sistema
S são públicos, conforme prevê a CF/1988 alta da sociedade e iniciou um processo chamado
que criou a contribuição de interesse das de “reforma da reforma”, que resultou na aprovação
categorias profissionais e econômicas des- da Lei nº 7.044/1982 que desobriga “[...] o ensino
contadas das folhas de pagamento.
de segundo grau de direcionar os estudos para uma
Fonte: Pilatti e Rossato (2010). profissão ou habilitação específica” (PILETTI; ROS-
SATO, 2010, p. 128).
No final da década de 80, a partir do chamado
Dessa forma, fora consolidado o Ensino Profissio- fim do socialismo real na Europa e na antiga União
nal no Brasil, mas a dualidade da formação preten- das Repúblicas Socialistas e Soviéticas (URSS), o ca-
dida para os jovens brasileiros continuava a mesma, pitalismo acelerou seu processo de internacionaliza-
pois não era permitido que o jovem que optasse em ção e globalização. É claro que a relação do trabalho
cursar o ensino técnico não poderia ingressar no e educação passou a ser transformado acompanhan-
ensino superior, que ficava restrito apenas aos alu- do o processo do modo de produção da sociedade
nos que cursavam o ensino secundário. Segundo o capitalista. Novas tecnologias passaram a ser prio-
então Ministro da Educação Gustavo Capanema, o rizadas dentro das empresas e o trabalho manual,
ensino secundário e superior destinava-se às elites formado pelo ensino técnico, perdia paulatinamente
condutoras do país. sua necessidade e espaço no mercado de trabalho.

116
EDUCAÇÃO FÍSICA

Esse processo industrial mais tecnológico subtraiu Dessa forma, ficou entendido, a partir da última
empregados das indústrias, e o mundo do trabalho, LDB de 1996, que a educação escolar brasileira visa
como um todo, teve que se reorganizar para atender o pleno desenvolvimento da pessoa, a formação
a competitividade que esse processo gerou. Assim, os para o exercício da cidadania e a sua qualificação
novos empregados deveriam ter um nível de educação para o trabalho.
e qualificação mais elevado no sentido destes possu- Na redação da LDB – Lei nº 9.394/96, a Educa-
írem as seguintes habilidades: polivalentes; criativos; ção Profissional ou técnica foi desintegrada do En-
capazes de interagir; aprender; adaptar-se e requalifi- sino Médio; a partir de uma interpretação ambígua
car-se rapidamente diante das novas situações. desta lei, as escolas públicas foram deixando de ofer-
Nesse período, o maior entrave do desenvolvi- tar o ensino profissional para dedicarem-se mais ao
mento econômico era a baixa escolarização, por isso ensino médio ou aos cursos superiores tecnológicos
intensificaram a exigência de uma sólida formação por ofertados por Centros Federais de Educação (PI-
meio da educação geral para os trabalhadores, a fim de LETTI; ROSSATO, 2010).
prepará-los para o mercado de trabalho. Nesse sentido, Dentro da história da educação profissional no
o caráter assistencialista da educação profissional per- Brasil, destacamos a importância dos anos 2000, em
deu seu caráter prioritário para que as pessoas forma- especial com a reforma entre a educação profissio-
das por essa modalidade pudesse tomar conhecimento nal e o Ensino Médio, iniciada com o Decreto nº
dos processos científicos e tecnológicos mais elevados 5.154/2004, que revogou o Decreto nº 2.208/1997, e
de nossa sociedade (PILETTI; ROSSATO, 2010). permitia a articulação do ensino médio com o pro-
Para resolver esse debate e também para nortear fissional apenas como curso sequencial ou concomi-
a função da educação e escola para esta nova socie- tante e não integrado ao Ensino Médio, provocando
dade, foi aprovada a LDB Lei nº 9.394/96 que trouxe uma dualidade e, em consequência, um retrocesso
para o âmbito educacional as orientações legais para muito grande ao que a LDB de 1996 buscou solucio-
o novo tipo de homem que deveria ser formado, a nar com a relação a separação existente entre educa-
fim de acompanhar o processo de globalização e in- ção geral e profissional. Dessa forma, este decreto de
ternacionalização do capitalismo. Um dos aspectos 1997 separou o ensino médio do técnico (PILETTI;
fundamentais dessa Lei foi a articulação que esta ROSSATO, 2010).
priorizou entre educação e trabalho, segundo Piletti Em 2008, o Decreto nº 5.154/2004 foi concluído
e Rossato (2010, p. 128), a educação escolar foi en- por meio da aprovação da Lei 11.741/2008 que vol-
tendida de forma geral para: tou a permitir a integração entre Ensino Médio e téc-
nico ou profissional. Esta Lei provocou uma grande
Promover uma preparação politécnica para o mudança na legislação referente ao Ensino Profis-
universo do trabalho – uma formação que leve
sional e acrescentou uma nova modalidade à Educa-
ao domínio das diferentes técnicas e princípios
científicos e tecnológicos utilizados na pro- ção Profissional: “Educação Profissional Técnica de
dução moderna, podendo, inclusive, preparar Nível Médio”. Assim, o Decreto nº 5.154/2004 e a Lei
para o exercício de uma profissão técnica (uni- nº 11.741/2008 foram criadas a fim de corrigir esse
tecnia), desde que atendida a formação geral. descompasso com relação a educação geral e educa-

117
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

ção profissional, inclusive, foi somente a partir desta nal) reconhecida pelo Decreto nº 5.154/2004 e a Lei
lei que o Ensino Profissional de nível médio foi ofi- nº 11.741/2008; a formação continuada (cursos ar-
cialmente reconhecido, cujo diploma habilitava in- ticulados a atualização que ampliam a formação ini-
gressar no Ensino Superior (BRASIL, 2008). cial) reconhecidos pela Portaria Interministerial do
Caro(a) aluno(a), já vimos os aspectos históricos MEC/MTE nº 1.082/2009; e, por fim, aprendizagem
da Educação Profissional no Brasil e você pode estar não formal (conjunto de saberes, aptidões, destreza
se perguntando, mas como é realizada a Educação e habilidades adquiridas em situações de trabalho) e
Profissional atualmente? Ela pode acontecer por foi reconhecido pela Portaria nº 1.082/2009.
meio de três formas: O órgão que avalia e certifica os estudantes for-
5. Qualificação profissional: esta forma não mados pela qualificação inicial, continuada e não
exige nível ou etapa de escolarização, sendo formal da Educação Profissional são realizadas pelos
que pessoas analfabetas podem aprendê-las Institutos Federais da Educação, os quais possuem
por meio do saber prático (não formal) e é
programas com avaliações de competências, sendo
passível de ser reconhecida oficialmente.
estes capazes de validar ou não os conhecimentos
6. Formação profissional técnica de nível mé-
dio: pode dar-se de forma integrada ao Ensi- adquiridos pelo trabalhador. Estes Institutos fazem
no Médio, conforme o Decreto nº 5.154/2004 parte de uma chamada de Rede Nacional de Certifi-
e a Lei nº 11.741/2008. Pode acontecer tam- cação Profissional e Formação Inicial e Continuada
bém de modo concomitante ao Ensino Mé- (Rede Certific), a qual foi oficialmente criada pelo
dio e de forma subsequente ao Ensino Médio. MEC e Ministério do Trabalho (MTE).
7. Formação técnica de nível superior: pode
ocorrer de duas formas, a primeira por meio EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA
de um curso superior tecnológico de gradu-
ação ou pós-graduação, que confere ao títu-
lo de tecnólogo, cujo diploma equivale a um Segundo a Constituição Federal de 1988, a Educa-
bacharelado ou licenciado. A segunda forma ção de Jovens e Adultos (EJA) destina-se às pessoas
pode ocorrer por meio dos cursos sequen- que não tiveram acesso à Educação Básica na idade
ciais, uma modalidade de curso superior, que própria. Na redação dessas legislações, fica claro
não é uma graduação, porque não confere que o Estado garantirá o acesso do trabalhador à
titulação equivalente ao bacharel, tecnólogo escola, mas não especifica como serão as ações es-
ou licenciado. Além disso, o concluinte deste
tratégicas que materializarão esta lei, afinal, para
curso não pode continuar seus estudos, em
hipótese alguma, em nível de pós-graduação. implementar políticas educacionais, são necessá-
Esta segunda forma destina-se a alunos que rios recursos financeiros que são prioritariamente
desejam uma qualificação de nível superior destinados aos níveis da Educação Básica, embora
mais específica e mais rápida. a modalidade EJA seja obrigatória e seja direito
público subjetivo.
A Educação Profissional pode ser realizada por meio A EJA é garantida na LDB/1996, na Seção V, que
de três opções de qualificação profissional, sendo es- dispõe sobre a Educação de Jovens e Adultos nos
tas: a formação inicial (formação básica do profissio- Art. 37 e 38, como demonstrado a seguir:

118
EDUCAÇÃO FÍSICA

Art. 37. A educação de jovens e adultos será desti- Em um país marcado pela história da desi-
nada àqueles que não tiveram acesso ou continui- gualdade social, esta modalidade deve ter extrema
dade de estudos no ensino fundamental e médio
na idade própria. importância na pauta das políticas educacionais
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuita- brasileiras. No passado, quando foi detectada a im-
mente aos jovens e aos adultos, que não puderam portância da alfabetização de jovens e adultos, em
efetuar os estudos na idade regular, oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as carac- especial na década de 60, foi pensada dentro dos
terísticas do alunado, seus interesses, condições princípios da Educação Popular, o que causava es-
de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. tranhamento e reprovação das elites conservado-
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o aces-
so e a permanência do trabalhador na escola, me- res por temerem uma revolução dos trabalhadores
diante ações integradas e complementares entre si. (ARELARO; KRUPPA, 2007).
§ 3o  A educação de jovens e adultos deverá articu- A EJA tem como função reduzir a dívida históri-
lar-se, preferencialmente, com a educação profis-
sional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei ca que o Brasil tem com pessoas excluídas dos ban-
nº 11.741, de 2008). cos escolares e que viveram suas vidas pautadas no
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e trabalho e nas práticas sociais, além disso, a EJA tem
exames supletivos, que compreenderão a base na-
cional comum do currículo, habilitando ao prosse- três funções, conforme nos mostrou o Parecer CNE/
guimento de estudos em caráter regular. CEB nº 11/2000:
§ 1º Os exames a que se refere este artigo reali-
zar-se-ão:
I – a função reparadora, que significa não só
I. no nível de conclusão do ensino fundamental, restaurar o direito ao acesso a uma escola de
para os maiores de quinze anos; qualidade, mas também o reconhecimento da-
II. no nível de conclusão do ensino médio, para os quela igualdade ontológica de todo e qualquer
maiores de dezoito anos. ser humano. II – a função equalizado que busca
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos uma reparação corretiva, ainda que tardia, aos
pelos educandos por meios informais serão aferi- grupos historicamente marginalizados (traba-
dos e reconhecidos mediante exames. lhadores, donas de casa, migrantes, aposenta-
dos, encarcerados, índios, negros), possibilitan-
do a reentrada no sistema educacional frente a
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalida- interrupções forçadas seja pela repetência ou
de que recebeu influências do pensamento de Pau- pela evasão, seja pelas desiguais oportunidades
de permanência ou outras condições adversas.
lo Freire, o qual afirmava que este tipo de ensino
III – e, por fim, a função qualificadora uma vez
deve considerar o alfabetizando como sujeito de que a EJA deve propiciar a todos a atualização
seus saber, no âmbito de uma proposta pedagógi- de conhecimentos para a vida (BRASIL, 2000).
ca pautada nas relações dialógicas de cooperação e
solidariedade, constituindo-se em uma opção po- A EJA substituiu o antigo supletivo de primeiro e
lítica de ação e de política educacional. Lembre-se, segundo grau. Essa modalidade pode ocorrer de
caro(a) aluno(a), que esta modalidade não existe a modo integrado ao ensino fundamental, ensino mé-
toa, mas para atender a necessidade histórica e po- dio e a educação profissional, podendo, ainda, utili-
lítica do país em reduzir o número de analfabetos zar a educação a distância para conclusão dos estu-
adultos no Brasil. dos. Podem cursar a EJA pessoas com 15 anos, que

119
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

não tiveram acesso ao ensino fundamental ou não de Educação Continuada, Alfabetização, Diversida-
continuaram os estudos, e as pessoas com 18 anos, de e Inclusão (SECADI) e se articula com os sistemas
que não tiveram acesso ao Ensino Médio (PILETT; de ensino que implementa as políticas educacionais
ROSSATO, 2010). destinadas à diversidade dos brasileiros.
A proposta pedagógica da EJA tem suas especi- A Educação Especial, historicamente, foi ofer-
ficidades, pois é centrada nas características dos alu- tada de forma paralela à educação regular. Esta era
nos que constituem esta modalidade, por exemplo, oferecida em instituições abertas, enquanto que
idade, interesses, condições de vida, de trabalho e a Educação Especial era oferecida em internatos,
entre outros. Para que os alunos prossigam com os formando um modelo educativo segregador. O
estudos, é necessário que realizem exames supleti- contexto histórico de bem-estar social de vários
vos que comprovem e certifiquem os conhecimentos países impulsionaram o estudo e a atenção volta-
e habilidades apreendidas. Estes exames são realiza- da aos direitos humanos e, em especial, as pessoas
dos presencialmente, mesmo que a EJA tenha sido com deficiência.
cursada presencial ou a distância. Caso o aluno não Contudo, o marco importante para o fortaleci-
obtenha aprovação em alguma prova, ele não precisa mento da Educação Especial foi em 1994, a partir
realizar todo o curso ou todas as provas novamente, da Declaração de Salamanca, elaborada pela UNES-
mas apenas a prova em que não alcançou êxito. CO e assinada pelos países signatários, tais como o
Em 2002, o Governo Federal criou o Exame Na- Brasil. Essa Declaração teve como principal objeti-
cional para Certificação de Competência de Jovens vo disseminar o direito à educação e a inclusão das
e Adultos (Encceja). Até 2009, o exame foi utilizado pessoas com deficiência na rede regular de ensino,
para certificar o ensino médio; em 2010, foi atribu- assegurando que as escolas regulares devessem pla-
ído ao Enem esta função; mas em 2017, o Encceja nejar formas didáticas e pedagógicas que garantam
voltou a certificar o ensino médio para os jovens e o processo de aprendizagem.
adultos residentes no Brasil ou no exterior que não Marcos importantes também aconteceram an-
tiveram a oportunidade de concluir seus estudos em tes da década de 90, como a Declaração de Direi-
idade própria. tos das Pessoas com Deficiência da ONU (1975), a
qual contribuiu com as discussões para a mudança
EDUCAÇÃO ESPECIAL de paradigmas com relação às pessoas com defi-
ciência, ou seja, ela pouco a pouco deixou de ser
A Educação Especial é uma modalidade de ensino vista como restrição inerente ao indivíduo para ser
que está inserida na pauta da educação inclusiva, a entendida com base na interação dos impedimen-
qual nada mais é do que uma “ação política, cultural, tos físicos, psíquicos, emocionais e intelectuais de
social e pedagógica desencadeada em defesa do direi- uma pessoa com o ambiente social em que vive
to de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo (PILETTI; ROSSATO, 2010).
e participando, sem nenhum tipo de discriminação” Este conceito evoluiu para a aprovação da Con-
(BRASIL, 2007). No âmbito do Ministério da Educa- venção Interamericana para eliminação de todas as
ção, a Educação Especial é atendida pela Secretaria formas de Discriminação contra Pessoas Portadoras

120
EDUCAÇÃO FÍSICA

de Deficiência que ocorreu na Guatemala, em 1999 I. deficiência, ou seja, aqueles que têm impe-
(OEA, 1999). Contudo, em 2006, ocorreu a Conven- dimentos de longo prazo de natureza física,
intelectual, mental ou sensorial;
ção Internacional sobre as Pessoas com Deficiência
promovida, também, pela ONU, a qual definiu que II. alunos com transtornos globais de de-
senvolvimento, ou seja, pessoas que
as pessoas com deficiência não poderia ser conside-
apresentam um quadro de alterações no
rada como isolada, mas como uma pessoa que pos- desenvolvimento neuropsicomotor, com-
sui barreiras ao interagir com o ambiente e com o prometimento nas relações sociais ou na
meio social, impedindo o pleno desenvolvimento do comunicação ou ainda estereotipadas mo-
toras, incluindo nessa definição os que têm
cidadão (OEA, 2006).
autismo clássico, psicoses etc.;
Esta Convenção tornou-se Lei no Brasil em
III. alunos com altas habilidades/superdotação,
2008, mediante a aprovação do Decreto Presiden-
ou seja, aqueles que apresentam um poten-
cial nº 6.949, provocando transformações no con- cial elevado e grande envolvimento com as
ceito de deficiência dentro do âmbito jurídico e áreas do conhecimento humano, isoladas
escolar brasileiro. A partir desta lei, por exemplo, ou combinadas, envolvendo capacidades in-
telectuais, de liderança, psicomotoras, artís-
toda ação que nega o direito ao acesso ao transpor-
ticas e de criatividade (BRASIL, 2009, p. 1).
te público, na escola e entre outros espaços equivale
a negar uma matrícula escolar, tal como vemos que A Resolução CNE/CEB nº 04/09, que institui as Di-
constitui crime, pois não cumpre com a Constitui- retrizes Operacionais para o Atendimento Educacio-
ção Federal de 1988. nal Especializado (AEE), constitui parte da Política
Dados os breves elementos históricos sobre a Nacional de Educação Especial, deliberada em 2007,
Educação Especial, pensemos, a partir de agora, a qual garante o atendimento educacional especia-
quais são seus objetivos e a legislação específica. A lizado a todos os níveis e modalidades de ensino,
LDB de 1996, Capítulo V – Art. 58 a 60, garante que prevendo, inclusive, o AEE em seus projetos políti-
a Educação Especial deve ser ofertada, preferen- cos-pedagógico. Lembre-se que a Educação Especial
cialmente em instituições escolares regulares, mas deve ser ampliada a todas as instituições de ensino
quando não for possível deve ser ofertada em classes públicas, privadas, confessionais e filantrópicas.
e escolas especiais, de forma a incluir alunos com Caro(a) aluno(a), você pode estar se pergun-
deficiência, transtornos globais do desenvolvimen- tando, mas professora o que existe de mais recente
to e altas habilidades e superdotação em sociedade destinado às pessoas com deficiência referente a sua
(BRASIL, 1996). formação escolar? Com base nas informações dis-
É necessário que você entenda quem constitui o ponibilizadas na página eletrônica da SECADI no
público alvo da Educação Especial. Segundo o Art. MEC, observamos que existem vários programas
4º da Resolução CNE/CEB nº 04/09, que institui as constituindo as políticas educacionais direcionadas
Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educa- à Educação Especial, estão entre elas: O Programa
cional Especializado (AEE), o público alvo da Edu- Escola Acessível; Transporte Escolar Acessível; Sa-
cação Especial são pessoas com: las de Recursos Multifuncionais; Programa Incluir:

121
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

acessibilidade à Educação Superior; Livro Acessível; para o ensino pautado no método dos jesuítas, a fim
Prolibras e Programa de Educação Inclusiva: direito de catequizá-los e propagar a cultura ocidental cris-
à diversidade e Programa de Formação Continuada tã, negando, assim, a cultura nativa existente entre
de Professores em Educação Especial. os indígenas.
O foco deste tópico sobre a modalidade da Edu- Dessa forma, podemos destacar que a educação
cação Especial é que você conheça um pouco so- indígena foi construída sob o caráter integracionista,
bre a história, legislação e quem são os sujeitos que ou seja, integrar o indígena à cultura ocidental cris-
constituem a necessidade dessa modalidade. É claro tã e negar as diferenças que os caracterizam como
que você pode aprofundar seus estudos sobre este indígenas. Lembramos, ainda, que essa realidade
assunto e, para tanto, sugerimos que você inicio-os passou a mudar recentemente, principalmente após
a partir da leitura dos programas atuais que o MEC a Constituição Federal de 1988, que buscou romper
disponibiliza à Educação Especial, alguns citamos com a perspectiva integracionista e permitindo que
no parágrafo anterior para você, mas, por não ser o experiências educativas, existentes desde a década
foco específico do nosso material didático, não men- de 70, fossem incorporadas ao âmbito educacional
cionamos todas as leis e objetivos que regem esses dos indígenas.
programas no contexto atual das políticas educacio- Ao olharmos para a história mais recente da
nais destinadas à Educação Especial. educação indígena, perceberemos que, a partir da
Constituição Federal de 1988, houve a adoção de vá-
EDUCAÇÃO INDÍGENA rias medidas tomadas, pensando nas especificidades
dos indígenas. Entre elas, podemos citar o decreto
Ao olharmos historicamente para o Brasil, logo pen- presidencial nº 26/1991 que retirou da Fundação
samos nas questões relacionadas à chegada dos por- Nacional do Índio (FUNAI) a única exclusividade
tugueses ao nosso país, bem como a catequização em oferecer a educação escolar indígena, deslocan-
dos índios que por aqui viviam. É por meio dessa do-a para o MEC. Essa ação também permitiu o
breve lembrança que iniciaremos a explicitação da processo de estadualização ou municipalização das
modalidade da Educação Indígena presente em nos- escolas indígenas. Em 1996, a partir da LDB – Lei
sa Educação Básica. nº 9.394, foram legalizados programas de oferta de
Você também pode lembrar-se, a partir dos es- ensino bilíngue e intercultural, assim como o Plano
tudos sobre a história da educação, que quando a Nacional de Educação Lei nº 10.171/2001 (2001-
Companhia de Jesus chegou ao Brasil, no século 2010) e Lei nº 13.005/2014 (2014-2024) que defini-
XVI, o objetivo era propagar o catolicismo nas ter- ram metas específicas à Educação Escolar Indígena.
ras coloniais para evitar a propagação das ideias pro- Veja, no quadro a seguir, as mudanças que ocor-
testantes. Além disso, incluíam os nativos brasileiros reram e consolidaram a Educação Indígena no Brasil:

122
EDUCAÇÃO FÍSICA

Quadro 1- Legislação para a Educação Indígena

Decreto nº 21- que retira da alçada da Funai a responsabilidade da Educação escolar indígena e
1991
transfere-a para o MEC. Criação do Comitê de Educação Escolar Indígena.
Portaria Interministerial nº 559 – que estabeleceu Núcleos de Educação Escolar Indígena – NEIs nas
1991
Secretarias Estaduais de Educação.
1992 Elaboração das Diretrizes para a política nacional de educação escolar indígena.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – a qual inseriu a educação escolar indígena no siste-
1996
ma público de ensino.
Referencial Curricular para as Escolas Indígenas (RCNEI/Indígena) – que indica a organização do currí-
1998
culo das diferentes áreas do conhecimento por meio dos Temas Transversais.
Parecer nº 14/99 – Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Indígena e Diretrizes Nacio-
1999
nais para o funcionamento das escolas indígenas.
2002 Referenciais para a Formação de Professores Indígenas.
Decreto nº 6.861 que definiu a organização da educação escolar indígena em territórios etnoeduca-
2009
cionais, compreendendo terras indígenas, mesmo que descontínuas ocupadas por povos indígenas.
Lei nº 12.711/2012. Dispõe sobre ações afirmativas para afrodescendentes e indígenas.
2012 Resolução CEB/CNE n. 05/2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar
Indígena na Educação Básica.
Portaria do Ministério da Educação GM/MEC nº 1.062, de 30 de outubro de 2013, institui o Programa
Nacional dos Territórios Etnoeducacionais - PNTEE que consiste em um conjunto articulado de ações
2013
de apoios técnico e financeiro do MEC aos sistemas de ensino, para a organização e o fortalecimento
da Educação Escolar Indígena, conforme disposto no Decreto nº 6.861, de 27 de maio de 2009.
Fonte: as autoras.

É importante que você saiba, caro(a) aluno(a), que ção e o respeito da diversidade étnica, das línguas
a conquista da Educação Indígena como modalida- maternas e das práticas socioculturais. Este princí-
de da educação no âmbito prático e legal foi reivin- pio deriva da Convenção 169 da OIT, em vigência
dicada por lideranças, comunidades e professores desde 1991, que ratificou treze países latino-ameri-
indígenas, pessoas que faziam parte da luta dos po- canos, entre eles o Brasil, que orienta que os povos
vos indígenas relacionada à conquista de sua cida- nativos sejam incluídos nas estratégias de desenvol-
dania no país. vimento nacional, com algumas recomendações, a
No Decreto nº 5.151/04, afirma-se que a Educa- saber: diversidade étnica e cultural como um ele-
ção Indígena é organizada com base em territórios mento positivo, que sejam resolvidos os problemas
etnoeducacionais, que procuram respeitar a autono- de titulação de terras pendentes, e garantidas as con-
mia e a identidade desses povos, visando à valoriza- dições de acesso ao emprego aos indígenas de forma

123
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

igualitária, tenham garantia do acesso à educação, Embora tenhamos realizado uma explicação sim-
previdência social, saúde e se reconheça o direito à ples sobre a Educação Escolar Indígena, você pôde
organização social. observar que a política educacional direcionada aos
A defesa para inserção dos indígenas aos ban- povos indígenas foi realizada, principalmente, a par-
cos escolares vem da conclusão de que estes vão tir da década de 90. Nesse sentido, o Estado nacional
menos tempo à escola e com isso melhoraria os ní- promoveu o controle sobre a organização e funcio-
veis de emprego, escolarização e poderiam assumir namento das escolas, também adequou a formação
a responsabilidade das organizações indígenas. Vale dos professores estabelecidos pela legislação. Foram
lembrar este formato de educação indígena no Brasil estabelecidos diretrizes, objetivos, conteúdos e me-
que, visando seus direitos como cidadãos, ocorreu todologias a serem adotadas de forma a respeitar as
a partir dos anos 1990, acompanhando na prática especificidades da educação indígena.
que a Constituição Federal de 1988 garantiu, no Art.
210, que “o ensino fundamental regular será minis- EDUCAÇÃO DE NEGROS E QUILOMBOLAS
trado em língua portuguesa, assegurada às comuni-
dades indígenas também a utilização de suas línguas Como foi bastante mencionado em nossa unidade, o
maternas e processos próprios de aprendizagem”. Brasil tem uma dívida histórica com as populações
Assim, esta “reforma” na educação indígena que em épocas passadas não tiveram acesso ou pri-
trouxe para a pauta desta modalidade de educação vilégio a frequentar os bancos escolares. Contudo, a
o direito que ela seja ministrada respeitando o bi- partir da década de 90 houve a discussão da educa-
linguismo (língua materna e língua portuguesa) e a ção inclusiva e das modalidades de educação, muitas
interculturalidade, ou seja, o direito à diferença e o não foram mencionadas na LDB- Lei nº 9.394/96,
reconhecimento de suas organizações socioculturais como a educação quilombola, mas a política educa-
(tradições, costumes, artesanato, línguas e crenças). cional recebeu a pauta de luta de povos indígenas,
Dessa forma, conheça os principais objetivos da negros e quilombolas inserindo estas modalidades
Educação Indígena: na legislação educacional nacional.
Piletti e Rossato (2010) apresentaram, em sua
A escola indígena tem como objetivo a conquis- obra sobre a educação básica, um panorama sobre
ta da autonomia sócio-econômica-cultural de
a educação quilombola, mostrando a necessidade
cada povo, contextualizada na recuperação de
sua memória histórica, na reafirmação de sua desta para a inclusão dos negros e quilombolas às
identidade étnica, no estudo e valorização da escolas. Em 2008, havia 1.686 escolas em áreas re-
própria língua e da própria ciência – sistemati- manescentes de quilombolas, das quais apenas 23
zada em seus ectnoconhecimentos, bem como eram particulares, com 6.032 professores lecionan-
no acesso às informações e aos conhecimentos
do e 196.866 matriculados, só o norte e nordeste
técnicos e científicos da sociedade majoritária
e das demais sociedades, indígenas e não indí- brasileiro concentravam cerca de 60 a 65%, estes da-
genas (BRASIL, 1994, p. 178 apud FAUSTINO, dos revelam o primeiro aumento significativo com
2010, p. 100). relação a estatísticas anteriores.

124
EDUCAÇÃO FÍSICA

Na página do Ministério da Educação, consta Atualmente, o termo quilombola transformou-


a informação que levantamento feito pela Fun- -se e adquiriu o significado de sujeito de direitos,
dação Cultural Palmares, órgão do Ministério da resultante de conquistas jurídicas do movimento
Cultura, aponta a existência de 1.209 comunida- negro perante o Estado brasileiro.
des remanescentes de quilombos certificadas e 143 Segundo o Decreto nº 4.887/2003, os quilombo-
áreas com terras já tituladas.  Existem comunida- las são grupos étnico-raciais, com trajetória histórica
des remanescentes de quilombos em quase todos própria, dotados de relações territoriais específicas,
os estados, exceto no Acre, Roraima e no Distrito com ancestralidade negra relacionada com a opres-
Federal. Os que possuem o maior número de co- são histórica sofrida. O conceito de quilombolas ou
munidades remanescentes de quilombos são Bahia remanescentes de quilombos não se diferencia de
(229), Maranhão (112), Minas Gerais (89) e Pará comunidades negras tradicionais, sendo, inclusi-
(81) (BRASIL, 2013). ve, inseridas nas comunidades tradicionais, a qual
Apesar dos avanços detectados e do investimen- significa: grupo culturalmente diferenciado e que
to público para subsidiar a educação de negros e qui- se reconhecem como tais, possuem formas próprias
lombolas, existem algumas dificuldades com relação de organização social, ocupam e usam territórios e
ao acesso das unidades escolares nas comunidades recursos naturais como condição para sua reprodu-
quilombolas. Segundo documento do Ministério da ção cultural, social, religiosa, ancestral e econômica,
Educação (BRASIL, 2013), estas escolas estão longe utilizando conhecimentos, inovações e práticas ge-
das residências dos alunos e as condições de infraes- rados e transmitidos por tradição (BRASIL, 2003).
trutura são precárias, geralmente construídas de pa- Portanto, entende-se que as comunidades negras
lha ou a pau a pique. Há escassez de água potável e tradicionais não se restringem apenas aos quilom-
as instalações sanitárias são inadequadas. A questão bolas, mas também aos terreiros de matriz africana,
dos professores também é complicada, pois não tem as comunidades negras rurais que não possuem um
formação adequada e também ministram aulas para modo de vida próprio dos quilombolas.
turmas multisseriadas. A educação para as comunidades quilombolas
Você pode estar se perguntando, mas professora constitui elemento importante, senão um dos es-
quem são, afinal, os quilombolas ou remanescentes senciais, para que a luta social pelo direito à edu-
de quilombos? Historicamente, o termo quilombola cação se constitua na agenda social da política
passou a designar homens e mulheres que se rebela- educacional brasileira. Em seus currículos devem
vam ante a sua situação de escravidão e fugiam das ser inseridos os saberes próprios da tradição ne-
fazendas e de outras unidades de produção que lhes gra-afro-referenciada, constituindo uma interação
oprimia, estes se refugiavam em florestas e regiões contínua entre escola e o meio social envolvente,
de difícil acesso, onde constituíam um novo modo buscando a autoafirmação no interior de uma so-
de viver (FERREIRA, 2012). ciedade tão complexa.

125
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

EDUCAÇÃO DO CAMPO

A modalidade da Educação do Campo se insere no tores, os assalariados rurais temporários; meeiros;


cenário de lutas políticas pelos direitos humanos nas vileiros rurais; povos da floresta; posseiros; arren-
áreas rurais do Brasil. A educação rural existia, po- datários; caiçaras; extrativistas; pescadores; faxina-
rém não como a concepção de educação do campo lenses, agricultores familiares; ilhéus; pescadores e
que temos hoje. Para esta chegar ao formato atual, ribeirinhos. Outro marco interessante sobre a pers-
considerando, de fato, a práxis dos sujeitos do cam- pectiva da educação do campo é que quem iniciava
po, foram necessários vários movimentos, projetos, o diálogo para esta modalidade acontecer, de fato,
eventos e processos até conquistar as garantias legais não foi o Estado, mas os movimentos populares jun-
que temos a partir da década de 90 e, em especial, to com instituições políticas e universitárias.
no ano de 2000. Esta modalidade é importante no âmbito da
O contexto da luta pela educação se articula ao Educação Básica porque incluí na escola a sociali-
contexto de lutas implementadas pelos movimentos zação de conhecimentos relacionados às lutas histó-
sociais do campo que data da década de 80. Contudo, ricas; territorialidades; reforma agrária; concepções
a partir da CF/1988, com o discurso de universaliza- de natureza, agroecologia, família, arte, práticas
ção da educação, os povos do campo não poderiam de produção; a organização social; e o trabalho
deixar de ser contemplados na agenda de luta pela dentre outras especificidades de um mundo rural
educação pública e de qualidade a todos os brasilei- (KOLLING et al., 1999).
ros, sendo estes residentes em áreas urbanas ou rurais. Já a educação rural sempre foi pensada e insti-
Nesse sentido, os sujeitos do campo a partir da tuída por organismos oficiais e teve como objetivo
redemocratização do Estado nacional passaram a lu- apenas a escolarização para adaptar o homem ao
tar pela consolidação da universalização do direito à produtivismo e a idealização do mundo urbano, o
educação básica e às diversas modalidades da educa- que acabou provocando o êxodo rural, que acon-
ção, entre elas a Educação do Campo, configurando teceu fortemente na década de 20 e 30, mas ainda
uma conquista no quadro de lutas dos movimentos acontece nos dias atuais.
populares e da conquista de direitos de povos histo- A partir da década de 90 aconteceram conferên-
ricamente excluídos, como os do campo (OLIVEI- cias e fóruns denominados de “Por uma Educação
RA; CAMPOS, 2012). Básica do Campo” e ao longo do tempo tornou-se
Contudo, o que diferencia a educação do campo “Por uma Educação do Campo”, por meio do pen-
da educação rural? A primeira parte do sentimento samento de que os povos do campo não têm direito
ou anseio pela emancipação humana, a qual é um a apenas a Educação Básica, mas a todos os níveis
traço pedagógico de diversas populações campone- da educação escolar brasileira. Os dois movimentos
sas, como: indígenas; quilombolas; caiçaras; atingi- tornaram-se espaço de produção de conhecimento
dos por barragens, sem-terra e pequenos agricul- e de articulações de saberes, cuja essência denota a

126
EDUCAÇÃO FÍSICA

participação dos sujeitos do campo, em especial, na A partir dessas articulações dos sujeitos do cam-
construção de um ideário político-pedagógico e de po pelo movimento “Por uma Educação Básica do
diretrizes operacionais que orientam as políticas pú- Campo” e “Por uma Educação do Campo”, foram
blicas para a Educação do Campo. garantidas diversas conquistas legais por força da
Caro(a) aluno(a), observem que a educação do pressão dos movimentos sociais e instituições di-
campo é construída com os sujeitos que estão viven- versas. Inclusive, esta modalidade foi reconhecida
do no campo e não como na concepção da educação no MEC por meio da inclusão desta na Secretaria
rural, indivíduos pensando para o campo. de Educação Continuada, Alfabetização e Diversi-
dade (SECADI), em 2004, e dentro dela foi criada
SAIBA MAIS a Coordenação Geral da Educação do Campo, a
fim de ampliar a oferta da educação do campo e
A Educação do e no Campo ocorre na perspec- de EJA em escolas localizadas em áreas rurais e as-
tiva de um projeto social alternativo ao ideário sentamentos do Instituto Nacional de Colonização
neoliberal. Faz parte de um processo de luta e Reforma Agrária (INCRA). Outra função desta
social, reflexão coletiva e práxis humana e
educativa vinculadas às lutas dos movimentos coordenação era a manutenção das políticas regu-
populares. Caldart (2005, p. 64) explicita que a ladoras, do financiamento da educação básica, do
Educação do e no Campo é parte de um pro- ensino superior e as especificidades e saberes ne-
jeto político e social maior, em que: “antes ou
(junto) de uma concepção de educação, ela é cessários aos povos do campo.
uma concepção do campo” e ainda considera É importante que você saiba que as políticas
que “não há escolas do campo num campo públicas para a Educação do Campo instalaram-
sem perspectivas, com o povo sem horizon-
tes e buscando sair dele”. Nessa perspectiva, -se no bojo de dois ministérios: MEC e do Mi-
a Educação do e no Campo está vinculada nistério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
com o desenvolvimento social do território por meio do Programa Nacional de Educação na
camponês. Esta autora, ainda, defende que a
Educação do e no Campo é pensada por seus Reforma Agrária (Pronera). Conheça, a seguir, as
próprios sujeitos, encarados como protago- legislações que subsidiam a Educação do Campo
nistas sociais, na luta de uma Educação no e no Brasil:
do Campo, em que “No: o povo tem direito a
ser educado no lugar onde vive. Do: o povo
tem direito a uma educação pensada desde
o seu lugar e com sua participação, vinculada
a sua cultura e a suas necessidades humanas
e sociais” (CALDART, 2005, p. 27).

Fonte: Oliveira (2011, on-line)4.

127
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Quadro 5 - Legislação e documentos de Educação do Campo do Brasil

Documento Temática/Síntese Data


Art. 23, 26 e, em especial, Art. 28 “Na oferta da educação básica
para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as
LDB Nº 9.394/1996 20/12/1996
adaptações necessárias à sua adequação, às peculiaridades da
vida rural e de cada região”.
Parecer nº 36/2001 CNE/CEB Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. 04/12/2001
Resolução nº 01/2002 CNE/ Institui as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas
03/04/2002
CEB Escolas do Campo.
Reafirma a ratificação da Convenção nº 169 da Organização Inter-
Decreto nº 5.051/2004 Presi-
nacional do Trabalho sobre Povos Indígenas e Tribais, sobretudo a 19/04/2004
dência da República
Parte VI e, seus artigos referentes à Educação.
Institui a Política Nacional de Desenvolvimento dos Povos e Comu-
Decreto nº 6.040/2007 Presi- nidades Tradicionais, em particular, o Art. 3º, inciso V, que se refere
07/02/2007
dência da República à garantia e valorização das formas tradicionais de educação dos
Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil.
Estabelece Diretrizes Complementares, normas e princípios para o
Resolução nº 02/2008 CNE/
desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educa- 28/04/2008
CEB
ção Básica do Campo.
Estabelece os critérios e procedimentos para a transferência
Resolução nº 21/2008 CD/
automática de recursos financeiros do Programa Projovem Campo 26/05/2008
FNDE
– Saberes da Terra aos Estados no exercício de 2008.
Estabelece os critérios e procedimentos para a transferência
Resolução nº 45/2008 CD/
automática de recursos financeiros do Programa Projovem Campo 14/08/2008
FNDE
– Saberes da Terra aos Estados.
Decreto nº 7.352/2010 Presi- Dispõe sobre a política de Educação do Campo e o Programa Na-
04/11/2010
dência da República cional de Educação de Educação na Reforma Agrária – PRONERA.
Estabelece diretrizes complementares, normas e princípios para o
Resolução nº 05/2012 desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educa- 28/04/2012
ção Básica do Campo.
Fonte: adaptado de PARANÁ/SEED (2010, s/d).

Caro(a) acadêmico(a), não é bom conhecer um políticas de trabalho e renda para a agricultura fa-
pouco mais sobre uma modalidade que pensamos miliar. Uma das conquistas mais marcantes dos su-
estar distante de nós, mas que, na verdade, não jeitos do campo com relação a esta modalidade de
está? Por isso, gostaríamos de ressaltar que os su- ensino foi a inclusão da Educação do Campo nas
jeitos do campo se movimentaram e ainda se mo- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
vimentam para materializar toda legislação que foi Básica, Resolução nº 4/2010 e também do Decreto
construída em articulação com os governos para Presidencial nº 7.326/2010 que instituiu o Prone-
contribuir com o estabelecimento de novas polí- ra como ferramenta de implantação de políticas de
ticas educacionais, bem como para a abertura de Educação do Campo.

128
EDUCAÇÃO FÍSICA

A Educação do Campo já passou por mui- correspondência. Cita o autor que, em geral, eram
tas conquistas, mas ainda possui muitos desafios cursos de datilografia ministrados não por estabe-
a serem enfrentados, justamente pela concepção lecimentos de ensino, mas por professores parti-
ideológica dos sujeitos do campo se contrapor à culares. Não obstante dessas ações isoladas, foram
concepção ideológica do Estado e daquele que o importantes para uma época em que se consolidava
materializa, os governos. Além disso, ainda obser- a República. O marco de referência oficial é a insta-
vamos a luta contra o fechamento de escolas do lação das Escolas Internacionais, em 1904. A unida-
campo; o investimento na formação inicial e conti- de de ensino, estruturada formalmente, era filial de
nuada dos educadores do campo; a construção de uma organização norte-americana existente até hoje
materiais didáticos contextualizados com suas prá- e presente em diversos países. Em geral, os cursos
ticas sociais e a implementação de metodologias oferecidos eram todos voltados para pessoas que
ativas e participativas; a implementação da peda- estavam em busca de empregos, especialmente nos
gogia da alternância nas escolas do campo; a cons- setores de comércio e serviços.
tituição de coordenações de Educação do Campo O ensino era,
nas secretarias municipais e estaduais de educação
e a abertura de concursos públicos específicos para [...] naturalmente, por correspondência, com
remessa de materiais didáticos pelos correios,
esta modalidade.
que usavam principalmente as ferrovias para
o transporte. Nos vinte primeiros anos tive-
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - EAD mos, portanto, apenas uma única modalidade,
a exemplo, por sinal de todos os outros países
Você conhece o processo histórico que norteia a (ALVES et al., 2009, p. 9).

modalidade educacional a qual você está matricula-


do(a)? Sabe como surgiu a Educação a Distância? É De acordo com Saraiva (1996, p. 19), ao falar sobre a
importante lembrar que em toda história da socie- história do EAD no país que:
dade, uma das preocupações é com a disseminação
histórica e científica da sociedade e as formas como sua evolução histórica, no Brasil como no mun-
do, é marcada pelo surgimento e disseminação
estas seriam ministradas, por isso te convido a ler
dos meios de comunicação. Para a autora, pri-
um pouco mais sobre a modalidade EAD, a qual tem meiro vivemos a etapa do ensino por corres-
crescido muito nos últimos anos e a qual você está pondência; depois passamos pela transmissão
matriculado(a) nesta instituição. radiofônica e, televisiva; utilizamos a informá-
tica até os atuais processos de utilização con-
jugada de meios - a telemática e a multimídia.
EAD – um breve histórico da organização do E, portanto, considera-se como marco inicial a
Ensino a Distância no país criação, por Roquete-Pinto, entre 1922 e 1925,
As pesquisas realizadas, segundo Alves (2009), em da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e de um
diversas fontes mostram que, pouco antes de 1900, plano sistemático de utilização educacional da
radiodifusão como forma de ampliar o acesso
já existiam anúncios em jornais de circulação no Rio
à educação.
de Janeiro oferecendo cursos profissionalizantes por

129
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

No entanto, um momento muito importante para a história do EAD no Brasil


foi que a educação se transformou de acordo com as inovações da sociedade. A
exemplo disso, retomo as palavras de Alves que afirma que:

a educação via rádio foi, o segundo meio de transmissão a distância do saber, sen-
do apenas precedida pela correspondência. Inúmeros programas, especialmente
os privados, foram sendo implantados a partir da criação , em 1937, do serviço
de radiodifusão Educativa do Ministério da Educação (ALVES et al., 2009, p. 9).

No entanto, esse cenário também foi se configurando e alterando-se paulatina-


mente para atender a demanda do mercado e, consequentemente, as inovações no
campo tecnológico que a sociedade apresentava. Automaticamente passamos a ter:
• O cinema educativo;
• TV Educativa;
• Internet (ALVES et al., 2009, p. 10).

Saraiva (1996) afirma que:

A partir da década de 60 é que se encontram registros efetivos no Brasil,


alguns sem avaliação, de programas de EAD. Foi criado, inclusive, na estrutura
do Ministério da Educação e Cultura, o Programa Nacional de Teleducação
(Prontel), a quem competia coordenar e apoiar a teleducação no Brasil. Este
órgão foi substituído, anos depois, pela Secretaria de Aplicação Tecnológica
(Seat) que foi extinta (SARAIVA, 1996, p. 19).
Em 1995, o sistema de televisão educativa do Ceará atendeu 195.559 alunos de 5ª
a 8ª série, em 7.322 telessalas, localizadas em 161 municípios.
• A Telescola da Fundação Padre Anchieta, de São Paulo, produziu e veiculou,
durante muitos anos, programas de apoio a alunos e professores das últimas
séries do ensino de 1º grau.
A partir de 1975, o Inpe retirou-se e o projeto foi absorvido pelo Estado do Rio
Grande do Norte.
• O Centro Brasileiro de Televisão Educativa Gilson Amado, a partir de 1990
denominado Fundação Roquete-Pinto, teve papel de destaque na história
da EAD no Brasil. Seu criador, Gilson Amado, foi um pioneiro na utilização
da televisão no processo educativo.
• A Rádio MEC, da Fundação Roquete-Pinto, tem uma história de décadas de
apoio à educação, por meio de inúmeros programas por ela concebidos,
produzidos e veiculados.

130
EDUCAÇÃO FÍSICA

O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) iniciou suas atividades em


EAD em 1976, com a criação de um Sistema Nacional de Teleducação.
• De 1976 a 1988 foram oferecidos cerca de 40 cursos, utilizando material
instrucional. Em 1991, o Senac, após avaliação, promoveu uma reestrutura-
ção geral do seu programa de EAD. O gerenciamento do sistema, que era
centralizado em seis estados, passou a ser realizado por meio de Unidades
Operacionais de EAD, em cada Administração Regional. No Departamento
Nacional, foi criado, em 1995, o Centro Nacional de Ensino a Distância. Em
1995, o Senac atendeu cerca de 2 milhões de alunos por meio da EAD.
• A Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT), desde o início da
década de 80, oferece cursos direcionados ao aperfeiçoamento de recursos
humanos utilizando material instrucional que permite acompanhamento perso-
nalizado com tutoria. Passaram, até agora, pelos cursos da ABT cerca de 30 mil
pessoas.
• A Universidade de Brasília (UnB) tem uma experiência de mais de quinze
anos em EAD por meio de cursos de extensão iniciada em 1979, oferecen-
do mais de 20 cursos, seis dos quais traduzidos da Open University. Esses
cursos foram utilizados por pessoas de todos os estados. Muitos deles tive-
ram, além dos alunos regularmente inscritos, um número muito grande de
participantes, uma vez que alguns fascículos foram veiculados por jornais
de várias capitais e pela revista editada pela UnB.
• No período do Cead foram produzidos dez cursos, entre eles, a primeira
experiência em software, em 1992. Hoje, o Cead conta com um grupo de
especialistas nessa área, que já utilizam recursos de multimídia e estão
produzindo cursos apresentados em CD-ROM.
• O Cead tem se destacado com ações que visam a consolidação da educa-
ção a distância no Brasil. Em 1989, por iniciativa do Cead, representantes
de várias universidades públicas, reunidas em Brasília, lançaram a Rede
Brasileira de Educação Superior a Distância. Em 1994, em parceria com
a Unesco e o Instituto Nacional de Educação a Distância (Ined), criaram o
Fórum de Educação a Distância do Distrito Federal e, nesse mesmo ano,
ainda com o Ined, lançaram a revista Educação a Distância - INED. Em 1995,
organizaram a 1ª Conferência Interamericana de Educação a Distância (Cre-
ad), em 1995 no Distrito Federal.
• A Fundação Padre Landell de Moura (RS) desenvolveu expressiva progra-
mação educativa utilizando rádio e televisão, interiorizando as oportunida-
des educacionais.
• O Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb) ocupa lugar de des-
taque na história da teleducação brasileira. Concebeu, produziu e veiculou
inúmeros programas de rádio e televisão educativos.
O governo brasileiro, por meio do MEC e do Ministério das Comunicações (MC),
tomou, a partir de 1993, as primeiras medidas concretas para a formulação de
uma política nacional de EAD, para a criação, por intermédio do Decreto n° 1.237,
de 6/9/94, do Sistema Nacional de Educação a Distância.

131
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

O contexto apresentado nos leva a entender que o vre o direito de ensinar e de aprender, conforme está
percurso do EAD no Brasil transcorreu de acordo descrito na Constituição Federal, no artigo 206.
com a primazia básica de inovação da educação,
com vistas a atender uma parcela da população com Retrospectiva da Educação a Distância
necessidades de aquisição e incorporação de novos Caro(a) aluno(a), a seguir você estará visualizando
conhecimentos para adentrar ao universo do traba- e realizando uma rápida leitura da organização que
lho ou das demais relações sociais estabelecidas. Moore e Kearsley (1996) criaram para entendermos
O que se nota é que, no EAD, alguns avanços os passos ou como chamam as Gerações que a Edu-
e retrocessos ocorreram mesmo sendo no Brasil, li- cação a Distância foi acometida.

Quadro 3 - Gerações da Educação a Distância

Tecnologia e mídia
Característica Objetivos Pedagógicos Métodos pedagógicos
utilizadas
Atingir alunos desfavoreci- Guias de estudo, auto-ava-
1ª geração – 1880 Imprensa e Correios. dos socialmente, especial- liação, material entregue
mente as mulheres. nas residências.
Programas teletransmiti-
dos e pacotes didáticos
Apresentação de infor-
(todo o material referente
2ª geração – 1921 Difusão de rádio e TV. mações aos alunos, a
ao curso é entregue ao
distância.
aluno pelos correios ou
pessoalmente).
Oferecer ensino de quali-
Orientação face a face,
dade com custo reduzido
3ª geração – 1970 Universidades Abertas. quando ocorrem encon-
para alunos não universi-
tros presenciais
tários.
Direcionado a pessoas
Teleconferências por Interação em tempo real
que aprendem sozinhas,
4ª geração – 1980 áudio, vídeo e compu- de aluno com aluno e
geralmente estudando em
tador. instrutores a distância.
casa.
Aulas virtuais baseadas Alunos planejam, organi- Métodos CONSTRUTIVIS-
5ª geração – 2000 no computador e na zam e implementam seus TAS de aprendizado em
internet. estudos por si mesmos. colaboração.
Fonte: Moore e Kearsley (1996).

132
EDUCAÇÃO FÍSICA

A Legislação Brasileira de EAD


De acordo com Alves et al. (2009, p. 11-12), Outro destaque que também pode ser dado, confor-
me aponta Alves et al. (2009), com relação à legiti-
A primeira legislação que trata da modalidade mação, é que com a LDB em 1996, possibilitou-se
é a LDB, cujas origens datam de 1961. Em sua
de forma inequívoca o funcionamento dos cursos de
reforma, dez anos depois, foi inserido um ca-
pítulo específico sobre o ensino supletivo, afir- graduação e pós-graduação, assim como na educa-
mando que ele poderia ser usado em classes ou ção básica, desde o ensino fundamental ao médio,
mediante a utilização de rádio, televisão, cor- tanto na modalidade regular como na de jovens e
respondência e outros meios. adultos e na educação especial.

Apresentação cronológica da evolução da EAD no Brasil

1923/1925 – criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.


1941 – início do Instituto Universal Brasileiro – cursos por correspondência, cursos técnicos para formação
profissional básica.
1970 – criação do Projeto Minerva, programa de rádio elaborado pelo governo federal com a finalidade de edu-
car pessoas adultas. Era transmitido por rádio em cadeia nacional.
1991 – a Fundação Roquete Pinto cria o Programa Um Salto para o Futuro, para a formação continuada de pro-
fessores do Ensino Fundamental.
1995 – o Programa TV Escola é criado pela Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação (SEED/MEC).
1997 – a SEED/MEC desenvolve o PROINFO, Programa Nacional de Informática na Educação.
2000 – as primeiras universidades são credenciadas pelo MEC para oferecerem cursos a distância.
2000 – criação da UNIREDE – Rede de Educação Superior a Distância, consórcio que reúne 68 instituições públi-
cas do Brasil.
2002 – criação do Projeto Veredas, para a formação de professores das séries iniciais em nível superior, pela
Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais.
2002 - Criação da EAD no CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ - CEUMAR – CESUMAR; por meio de ato regulatório.
2005 – criação da Universidade Aberta do Brasil, programa do Ministério da Educação. A UAB é formada por
instituições públicas de ensino superior, que se comprometem a levar ensino superior público de qualidade aos
municípios brasileiros.
2006 – participação das Instituições de Ensino Federais (IEFs) no projeto-piloto da Universidade Aberta do Brasil.
2008 – lançamento do Projeto e-Tec Brasil/Programa Escola Técnica Aberta do Brasil, parte da política de expan-
são da educação profissionalizante, por meio da articulação da Secretaria de Educação a Distância (SEED) e da
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica.
Fonte: adaptado de Alves (2007, p. 34-76).

133
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Notamos, nesse contexto, que um importante mo- ritório nacional. A partir do decreto, as institui-
mento para a EAD no Brasil foi a criação, em 1996, ções de ensino superior podem ampliar a oferta de
da Secretaria de Educação a Distância (SEED). En- cursos superiores de graduação e pós-graduação a
tre as responsabilidades desta secretaria, está a de distância, podem também abrir polos de EAD pe-
atuar como agente de inovação dos processos de las próprias instituições e o credenciamento de ins-
ensino e aprendizagem na EAD. Também em 1996, tituições na modalidade EAD sem exigir a oferta
as bases legais para a modalidade EAD foram con- simultânea de cursos presenciais. O decreto regu-
solidadas pela última reforma educacional brasilei- lamenta a oferta de cursos a distância para o ensi-
ra, a Lei de Diretrizes e Bases. A Lei n° 9.394/96 ofi- no médio e para a educação profissional técnica
cializou a EAD no país como modalidade válida e de nível médio. Nessas modalidades, as mudanças
equivalente para todos os níveis de ensino (funda- devem atender ao Novo Ensino Médio, os critérios
mental, médio, superior e pós-graduação). A partir serão definidos pelo MEC .
daí, as experiências brasileiras em EAD já somam Para o governo, o objetivo das mudanças im-
um grande número. plementadas é ajudar o país a atingir a Meta 12 do
Entre os muitos artigos que compõem a Lei n° Plano Nacional de Educação (PNE), que determina
9.394/96, está o artigo 80, que trata da EAD: “O Po- a elevação da taxa bruta de matrícula na educação
der Público incentivará o desenvolvimento e a vei- superior para 50% e a taxa líquida em 33% da popu-
culação de programas de ensino a distância, em to- lação de 18 a 24 anos.
dos os níveis e modalidades de ensino e de educação
continuada” (BRASIL, 1996). REFLITA
Para Alves et al. (2009), a partir de 2005, um gru-
po de especialistas do Ministério da Educação criou Se a educação a distância é uma realidade
a regulamentação do artigo 80 da LDB, determinan- posta e o diploma de graduação é igual ao
do os procedimentos que devem ser adotados pelas ensino presencial, porque ainda encontra-
mos preconceitos estabelecidos quando nos
instituições para obter o credenciamento do MEC reportamos à essa modalidade de ensino?
para a oferta de cursos a distância. Nesse mesmo pe-
Fonte: as autoras.
ríodo, as universidades, faculdades e os centros tec-
nológicos podem oferecer até 20% da carga horária
total de qualquer um de seus cursos presenciais na
modalidade a distância, desde que o referido curso Caro(a) aluno(a), espero que você tenha gostado,
seja reconhecido pelo MEC. entendido a relação e a importância da Educação a
Em 2017, o Decreto nº 9.057, de 25 de maio, distância e compreendido que muitos estudos são
regulamentou a Educação a Distância em todo ter- desenvolvidos nessa área.

134
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), parabéns por ter chegado ao final desta unidade. Sa-
bemos que o conteúdo é complexo, mas de grande importância em
sua formação acadêmica e futura atuação profissional. Compreender
as relações políticas, econômicas, sociais, culturais e educacionais,
que subsidiaram toda a organização e estruturação da educação nacional, é
fundamental para entender as relações políticas e legislativas, que chegam até
os prédios escolares.
Como você pôde observar, as Políticas Educacionais e a Organização da Edu-
cação Básica no Brasil envolvem desafios que influenciam nos processos de en-
sino e aprendizagem, desde a primeira etapa da Educação Básica até o Ensino
Superior. Assim como envolve, também, as especificidades das diferentes moda-
lidades de ensino.
Você pôde conhecer quais os elementos históricos e econômicos que nor-
teiam a Educação nacional após a Reforma do Estado e da Reforma Educacional
realizada a partir de 1990. Também pôde conhecer a organização e a estrutura do
Sistema de Ensino no Brasil, assim como seus elementos históricos e as catego-
rias qualidade/quantidade; centralização/descentralização e público/privado que
marcaram toda a história da educação nacional.
Além disso, em outro momento, você pôde compreender os níveis e as moda-
lidades da educação, bem como seus limites e especificidades centrais que se arti-
culam com os aspectos socioeconômicos, políticos e históricos que estabelecem o
cenário das políticas educacionais brasileiras. Você também teve a oportunidade
de conhecer brevemente as modalidades da Educação brasileira, a saber: a edu-
cação profissional; a educação de jovens e adultos (EJA); a educação especial; a
educação indígena; a educação de negros e quilombolas; a educação do campo e
a educação a distância (EAD).
Esperamos que você tenha aprendido muito e lembramos que essas discus-
sões, apesar de longas, não se esgotam nessas linhas, mas constituem o ponto de
partida para que você reflita sobre as políticas educacionais brasileiras. Portanto,
é necessário que você dê continuidade nos estudos por meio da leitura das próxi-
mas unidades. Bons estudos!

135
atividades de estudo

1. Relacione as Modalidades da Educação Básica anos de idade, crianças de 4 e 5 anos devem,


à sua respectiva característica. obrigatoriamente, cursar esta etapa da Educa-
1. Educação de Jovens e Adultos. ção Básica. Nesse sentido, disserte sobre a
2. Educação Especial. importância da formação superior de pro-
3. Educação Profissional e Tecnológica. fessores para atender a essa demanda.
4. Educação do Campo.
3. (Adaptado - ENADE 2011) Na Política Nacional
( ) Integra-se aos diferentes níveis e modalidades
de Educação Especial na Perspectiva da Edu-
de educação e às dimensões do trabalho, da ciência
cação Inclusiva, o atendimento educacional
e da tecnologia, e articula-se com o ensino regular e
especializado é organizado para apoiar o de-
com outras modalidades educacionais.
senvolvimento dos alunos, constituindo oferta
( ) Destina-se aos que se situam em faixa etária obrigatória em todos os níveis e modalidades
superior à considerada própria para a conclusão do de ensino. De acordo com os pressupostos da
Ensino Fundamental e do Ensino Médio. inclusão escolar expressos na referida Política,
( ) Está prevista para população específica, com avalie as afirmações a seguir.
adequações necessárias às peculiaridades contextu- I. A inclusão educacional expressa um paradig-
ais de cada região. ma fundamentado na concepção de direitos
humanos, que conjuga igualdade e diferença
( ) Modalidade transversal a todos os níveis, eta-
como valores indissociáveis.
pas e modalidades de ensino, é parte integrante da
educação regular, devendo ser prevista no projeto II. A educação inclusiva prevê o acesso, a par-
político-pedagógico da unidade escolar. ticipação e a aprendizagem dos alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvol-
Assinale a opção que indica a relação correta, de cima
vimento e altas habilidades/superdotação nas
para baixo.
escolas regulares.
a. 3 – 1 – 2 – 4.
III. O atendimento educacional especializado tem
b. 3 – 1 – 4 – 2.
como função identificar, elaborar e organizar
c. 2 – 1 – 4 – 3. recursos pedagógicos e de acessibilidade que
eliminem as barreiras para a plena participa-
d. 3 – 3 – 4 – 1.
ção dos alunos, considerando suas necessida-
e. 4 – 1 – 3 – 2. des específicas.
IV. O movimento mundial pela inclusão educa-
2. A Educação Infantil passou a ser garantida
cional é uma carta de intenções que prevê, a
como etapa da Educação Básica a partir da
partir da próxima década, ações políticas de
Constituição Federal de 1988 e da Lei de Dire-
atendimento educacional especializado, que
trizes e Bases da Educação 1996. Com a Emen-
deve ocorrer em salas de aula diferenciadas,
da Constitucional nº 59 de 2009, que ampliou
na mesma escola.
a obrigatoriedade do ensino gratuito de 4 a 17

136
atividades de estudo

É correto apenas o que se afirma em: É correto apenas o que se afirma em:
a. I e III. a. I e II.
b. I e IV. b. I e III.
c. II e IV. c. I, II e III.
d. I, II, e III. d. II, III e IV.
e. II, III e IV. e. III e IV.

4. No decorrer de nossos estudos, vimos que as 5. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas


modalidades de ensino referem-se aos diferen- Educacionais Anísio Teixeira (Inep) tem como
tes modos particulares de exercer a educação. objetivo subsidiar a formulação e implemen-
Dentre as modalidades da educação, podemos tação de políticas públicas para a área educa-
destacar a Educação de Negros e Quilombolas cional a partir de parâmetros de qualidade de
que se constitui como um elemento importan- ensino. Dentre suas atribuições, podemos des-
te para que a luta social pelo direito à educação tacar a produção de informações e dados cla-
para todos seja efetivado. Em relação ao currí- ros e confiáveis aos gestores, pesquisadores,
culo para a Educação de Negros e Quilombolas, educadores e público em geral referentes ao
analise as afirmações: andamento da educação em nosso país. Nes-
I. Nos currículos devem ser inseridos os saberes se sentido, disserte sobre a importância do
próprios da tradição negro-afro-referenciada. Inep para as políticas públicas de nosso país.

II. Os direcionamentos dos currículos devem


contribuir para a construção da interação
contínua entre escola e o meio social.
III. As escolas devem seguir seus currículos sem
verificar os direcionamentos nacionais para a
modalidade citada.
IV. O currículo afirma que apenas as datas come-
morativas devem ser trabalhadas para a efeti-
vação da Educação de Negros e Quilombolas.

137
LEITURA
COMPLEMENTAR

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO


Conjunto de atividades e recursos que devem ser executados pela área de educação
especial para complementar ou suplementar a formação no ensino regular de alunos
com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades/
superdotação. A organização do atendimento deve prever a identificação, elaboração
e organização de recursos de acessibilidade e pedagógicos ofertados em turno inverso
ao da escolarização (BRASIL, 2008).
O atendimento educacional especializado consta na Constituição Federal de 1988, no
artigo 208, inciso III, como dever do Estado e devendo ser realizado, preferencialmente,
na rede regular de ensino. A mesma noção foi incorporada na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional n. 9.394/96. As políticas de educação especial, nos anos 2000, no
Brasil, foram constituídas numa perspectiva inclusiva, definindo novos contornos para
o atendimento educacional especializado.
Para uma melhor definição do público alvo do atendimento educacional especializado,
considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo, de
natureza física, mental ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, pode ter
restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade. Os alunos com
transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que apresentam alterações qua-
litativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interes-
ses e de atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se, nesse grupo, alunos
com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil. Já os alunos com
altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das
seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotri-
cidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem
e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL, 2008).
O lócus prioritário de oferta do atendimento educacional especializado é a sala de re-
cursos multifuncional da própria escola, na qual o aluno realiza seus estudos, ou em
outra escola de ensino regular. Contudo, pode também ser realizado em centro de

138
LEITURA
COMPLEMENTAR

atendimento educacional especializado da rede pública ou de instituição privada, com-


preendidas as comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atu-
ação exclusiva na educação especial, conveniadas com o poder executivo competente,
podendo ainda ser ofertado em ambientes hospitalares e domiciliares (BRASIL, 2007;
BRASIL, 2009).
As salas de recursos multifuncionais são ambientes dotados de equipamentos, mobi-
liários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educacional
especializado. Embora as salas de recursos já existissem como espaço de realização do
trabalho da educação especial em muitas redes de ensino no país, a versão atual, de-
nominada multifuncional, foi concebida com um incremento nos elementos ligados à
acessibilidade e tecnológicos. Os conteúdos do atendimento educacional especializado
consistem em Língua Brasileira de Sinais – Libras, interpretação de Libras, ensino de
língua portuguesa para surdos, sistema Braille, orientação e mobilidade, utilização do
sorobã, informática adaptada, comunicação aumentativa/adaptativa, tecnologias assis-
tivas, educação física adaptada, enriquecimento e aprofundamento do repertório de
conhecimentos, atividades da vida autônoma e social (BRASIL, 2004).
As salas de recurso multifuncional representam um incremento na oferta de educação
especial pública notadamente a partir de Programa de implantação específico median-
te o Edital nº 01 de 26 de abril de 2007, o qual selecionou propostas de redes de ensino
para a criação de tais espaços com recursos públicos. Em termos da formação profis-
sional, o professor, para atuar no atendimento educacional especializado, deve ter uma
formação inicial, no nível de graduação, que o habilite para o exercício da docência e
uma formação específica para a Educação Especial sobre a qual não se tem referência
clara na atual legislação educacional. O Decreto 6.571/2008 contempla apoio técnico
financeiro do Ministério da Educação, entre outras ações, para a formação continuada
de professores para o atendimento educacional especializado.

Fonte: Garcia (2010).

139
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Educação escolar: Políticas, estrutura e organização.


José Carlos Libâneo; João Ferreira de Oliveira e Mirza Seabra Toschi.
Editora: Cortez, 2012.
Sinopse: esse livro proporciona, aos futuros professores e ges-
tores dos sistemas de ensino e das escolas, bases conceituais
para uma análise dos aspectos sociopolíticos, históricos, legais,
pedagógicos-curriculares e organizacionais da educação esco-
lar brasileira e da organização e gestão da escola, possibilitando
uma visão crítico-compreensiva dos contextos em que os profissionais da educação exercem
suas atividades.

Educação Básica: da organização legal ao cotidiano


escolar.
Nelson Piletti e Geovanio Rossato
Editora: Ática, 2010.
Sinopse: esse livro trata da organização do ensino básico, como
foi constituído, seus princípios e suas finalidades. Nessa obra
também são esclarecidos quais são as responsabilidades atri-
buídas a cada um dos atores envolvidos com a educação e com
a escola. É leitura fundamental para compreender a disparidade educacional entre a lei e a
idealização desta na prática, bem como a situação do sistema escolar brasileiro.

Apresentação: para ajudar nossa reflexão sobre a Reforma do Ensino Médio, vamos ler o
artigo: “Por que a urgência da reforma do ensino médio? Medida provisória nº 746/2016 (Lei
nº 13.415/2017).
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v38n139/1678-4626-es-38-139-00355.pdf>.

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212 da Constituição Federal, dá nova redação aos tera dispositivos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obri- de 1996, que estabelece a lei de diretrizes e bases
gatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e da educação nacional, para redimensionar, institu-
ampliar a abrangência dos programas suplementares cionalizar e integrar as ações da educação profissio-
para todas as etapas da educação básica, e dá nova nal técnica de nível médio, da educação de jovens
redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e e adultos e da educação profissional e tecnológica.
ao caput do art. 214, com a inserção neste disposi- Presidência da República, Brasília, 2008. Dispo-
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______. Lei n° 13.005, de 25 de junho de 2014. a Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que esta-
Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá belece as diretrizes e bases da educação nacional, para
outras providências. Presidência da República, Bra- dispor sobre a formação dos profissionais da educa-
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tera os arts. 6o, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de ______. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de
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Altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei no Decreto-Lei no5.452, de 1o de maio de 1943, e o
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2
Em: <http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2016/10/06/a-reforma-da-educacao-pela-perspectiva-
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3
Em: <http://funorte.edu.br/senado-aprova-mp-para-reforma-do-ensino-medio-no-brasil/>. Acesso em: 11
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4
Em: <http://educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/5771_3500.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2017.

144
gabarito

1. B.
2. É necessário que o aluno disserte sobre a importância de entendermos a Educação
Infantil como etapa fundamental no desenvolvimento da criança, mudando o para-
digma de desvalorização. O professor deve obter a formação adequada para que
vise o ensino de qualidade ,não apenas assistencialista. O aluno poderá citar que, de
acordo com Libâneo, Toschi e Oliveira (2012), a exigência acadêmica dos professo-
res que atuam ou que atuarão com a Educação Infantil é benéfica, uma vez que tira
das creches e pré-escolas a ideia de um estabelecimento meramente tutelar. Dessa
forma, a ideia de que as crianças são merecedoras de preocupações educativas des-
de a mais tenra idade vai ganhando força em toda nossa extensão territorial.
3. D.
4. A.
5. O Inep, como fonte de dados em relação ao andamento da educação de nosso país,
contribui para que a comunidade escolar em geral conheça a realidade de cada ins-
tituição e, a partir das necessidades delas, busquem subsídios para melhorias por
meio das políticas públicas.

145
AVALIAÇÃO NO SISTEMA
EDUCACIONAL BRASILEIRO

Professora Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza


Professora Dra. Mara Cecilia Rafael Lopes
Professora Me. Caroline Mari de Oliveira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Avaliação no sistema educacional brasileiro: um foco na
educação básica.
• Inep e as avaliações nacionais da educação básica: Saeb -
Ideb; Enem e Encceja
• Sistema de avaliação do ensino superior: Sinaes
• Avaliações internacionais

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer as principais formas de avaliação do Sistema
Educacional brasileiro na Educação Básica.
• Analisar os objetivos e foco das avaliações de rendimento
escolar utilizadas pelo Estado como regulação do Sistema
Educacional no Brasil.
• Estudar o sistema de avaliação do ensino superior.
• Discutir as avaliações internacionais da educação.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), nesta unidade, apresentaremos a você as ava-
liações nacionais e internacionais realizadas em larga escala,
que visam mensurar ou quantificar a qualidade educacional
no Brasil, tanto para a Educação Básica quanto para o Ensino
Superior. A sua questão, nesse momento, pode ser: “ mas o que as ava-
liações têm a ver com a discussão das Políticas Educacionais”? E isso é
fácil de explicar, porque são por meio dessas avaliações que as políticas
educacionais brasileiras são pensadas, criadas e implementadas no país.
Essa perspectiva entra na pauta daqueles que defendem as avaliações em
larga escala, pois é necessário avaliar/quantificar o produto que está sen-
do oferecido.
Desde a implantação das avaliações educacionais em larga esca-
la no Brasil, o sistema tem passado por críticas. Nesse sentido, temos
duas visões sobre os processos avaliativos pelos quais os diferentes níveis
de ensino têm passado nos últimos anos, sendo uma que revela que as
avaliações, aplicadas por meio de testes, visam o controle e a regulação
por parte do Estado, introduzindo também uma lógica economicista no
processo educacional. A outra perspectiva é de que esse tipo de avalia-
ção não revela o diagnóstico do desenvolvimento escolar, prejudicando o
alcance da qualidade do ensino e aprendizagem, bem como a democra-
tização da educação.
De qualquer forma, o Sistema de Avaliação educacional no Brasil
tem sido implementado pelos diversos instrumentos avaliativos com o
discurso de aferir o desempenho dos alunos em diferentes níveis de en-
sino e, também, controlar a qualidade do ensino ministrado nas escolas/
universidades públicas e privadas do Brasil. E, então, caro(a) aluno(a),
vamos conhecer um pouco do complexo sistema avaliativo da educação
em nosso país? Boa leitura!
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Avaliação no Sistema Educacional Brasileiro:


Um Foco na Educação Básica
Antes de iniciarmos a discussão sobre Avaliação conhecimento sobre o tema. Contudo, as breves ex-
no Sistema Educacional brasileiro, é necessário que plicações que sustentam esta unidade poderão sub-
você reflita sobre as seguintes questões: sidiar a sua reflexão sobre os diversos instrumentos
1. Existe relação entre o processo de avaliação e avaliativos que compõem o Sistema Educacional
a qualidade educacional? brasileiro. Após a leitura desta unidade, esperamos
2. Você conhece as principais formas de avalia- que você, caro(a) aluno(a), compreenda a importân-
ção do sistema brasileiro com foco na Educa- cia da realização das avaliações em larga escala como
ção Básica?
instrumento de regulação do Sistema Educacional
3. Você considera importante os dados resul-
brasileiro, o qual tem como uma das metas para a
tantes das avaliações educacionais nacionais
Educação Básica e Ensino Superior a expansão e de-
e internacionais para conhecer o nível da
educação brasileira e as relações com o seu mocratização da educação, bem como o alcance do
processo de desenvolvimento? desenvolvimento socioeconômico.
As avaliações realizadas no Sistema Educacional
Essas questões, à primeira vista, parecem difíceis ou brasileiro, em especial na Educação Básica, são ins-
até impossíveis de serem respondidas sem o devido trumentos políticos criados historicamente e que fa-

150
EDUCAÇÃO FÍSICA

zem parte de uma importante pauta da administra- O segundo refere-se à perspectiva crítica, que surgiu
ção do Sistema Educacional brasileiro com foco em na década de 80, pautada no modelo de avaliação
mensurar fatores de qualidade; eficiência; equidade; que considera, além dos aspectos quantitativos, os
desigualdade social; produtividade; rendimento do aspectos qualitativos, tais como os aspectos sociais,
aprendizado; análise do custo-qualidade e também políticos e culturais implicados nas práticas de ava-
o desempenho dos sistemas de ensino que podem liação educacional, realizada em larga escala e tam-
ser observados nos índices de ranqueamento da bém na avaliação escolar, realizada em sala de aula.
educação entre os Estados Nacionais. A partir do breve contexto histórico da avalia-
Dessa forma, a avaliação educacional realizada na ção empregada no Sistema Educacional brasileiro,
esfera macro, ou seja, realizada pelo Estado tem como podemos observar, caro(a) aluno(a), que esse cená-
objetivo controlar e regular os resultados ou produ- rio constitui a base para o Sistema de Avaliação da
tos educacionais. Segundo Libâneo, Toschi e Oliveira Educação Básica (Saeb) ser implantado no Brasil a
(2012, p. 263) essas avaliações aplicadas como testes partir dos anos de 1990, em especial, no período do
educacionais são justificadas pelo discurso nacional governo de FHC, que sustentou a tese ideológica ca-
de “[...] aferir o desempenho dos alunos nos diferen- pitalista, empregando para a avaliação educacional
tes graus de ensino, a fim de controlar a qualidade do o caráter de medição do desempenho escolar por
ensino ministrado nas escolas brasileiras”. meio de testes padronizados e questionários socioe-
Pensando nesse discurso nacional que justifi- conômicos por amostragem vinculados à realização
ca a aplicação das avaliações educacionais, se con- de diagnósticos em larga escala para regular e con-
cordamos ou não, meu caro(a) aluno(a), o fato que trolar o Sistema Nacional de Ensino, bem como as
não podemos negar é que esse modelo de avaliação políticas públicas educacionais.
se manifestou há anos, desde a década de 30, com O Sistema de Avaliação da Educação Básica
interesse na organização sistêmica da educação; in- (Saeb), criado em meados dos anos de 1990, foi im-
clusive, foi a partir dos resultados obtidos por meio plantado e consolidado no campo das políticas pú-
dessas avaliações que possibilitaram as bases para a blicas com o objetivo de contribuir para a melhoria
elaboração da proposta do Sistema Nacional de Ava- da qualidade da educação brasileira e para a univer-
liação, no final da década de 80. salização do acesso à escola, a fim de oferecer sub-
Libâneo, Toschi e Oliveira (2012) afirmam que sídios concretos para formulação, reformulação e
as pesquisas sobre o impacto das avaliações realiza- monitoramento das políticas públicas educacionais
das em larga escala, iniciadas na década de 30, possi- voltadas à Educação Básica (THIMOTEO, 2003).
bilitou a identificação de dois marcos interpretativos Além do exame por amostragem, que constitui a,
sobre a avaliação educacional. O primeiro referia-se característica principal do Saeb, o sistema de avalia-
à visão oficial, ideia utilizada pelo Estado nacional ção nacional conta ainda com a Prova Brasil, imple-
no período da década de 30 a 70, em que a ênfase re- mentada a partir de 2005 para avaliar o desempenho
cai nos testes padronizados para medir as habilida- nas disciplinas de Língua portuguesa e Matemática
des e aptidões dos alunos, a fim de verificar a eficiên- nas unidades escolares; também temos o índice de
cia e produtividade do sistema de ensino brasileiro. Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb, criado

151
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

em 2007, com o objetivo de monitorar o andamen- Conforme pesquisadores da área das políticas
to das políticas públicas pela análise combinada do e gestão educacional, o raio de interferência do Es-
desempenho dos alunos nos exames Prova Brasil e tado foi reduzido, passando a ser conhecido como
Saeb e das taxas de aprovação de cada unidade esco- máximo para a questão capitalista e de mercado, e
lar (COELHO, 2008). mínimo para as questões sociais, transferindo os as-
Os discursos da implantação de avaliações em suntos sociais a diferentes setores da sociedade, en-
larga escala na educação brasileira são sustentadas tre eles o setor privado e as Organizações Não Go-
nos últimos vinte anos, relacionadas às recomenda- vernamentais (ONGs). Contudo, dentro da ideia de
ções de organismos internacionais, que afirmam, em Estado moderno e que transfere ações para outros
suas reuniões e documentos, que esses modelos de setores da sociedade, este se torna avaliador no sen-
instrumentos avaliativos auxiliam a superar a crise de tido de monitorar e mensurar resultados por meio
eficiência e eficácia e produtividade do sistema. Tal de avaliações sistêmicas (LIBÂNEO; TOSCHI; OLI-
discurso ainda é sustentado pela crença de que as ava- VEIRA, 2012; OLIVEIRA, 2013).
liações visam diagnosticar o desempenho gerado pelo Portanto, vamos refletir juntos, caro(a) aluno(a),
Sistema Educacional e as necessidades do mercado de qual é a centralidade que a avaliação da Educação
trabalho, mostrando o caráter extremamente econo- Básica tem recebido na política pública educacional
micista da educação na ótica do sistema neoliberal. brasileira e suas implicações na gestão escolar e no
Segundo Oliveira (2013), a saída para esse desen- trabalho dos profissionais de cada unidade escolar.
contro entre os produtos da escola nacional e as ne- Então vamos lá! Ficou claro que a proposta ini-
cessidades do mercado de trabalho é seguir as orien- cial do Sistema Nacional de Avaliação foi implantada
tações da Cepal e Unesco, no que se refere a tratar a na década de 80, mas desde os anos de 1930 havia o
educação e o conhecimento como eixos da transfor- interesse pela construção desse sistema de avaliação
mação produtiva com equidade. Fator este que, se re- a partir dos resultados obtidos por pesquisas e do
solvido, garante aos Estados nacionais, aos cidadãos planejamento educacional. No período de 1930 até o
e as empresas um fator de competitividade entre as final da década de 80, a discussão sobre as avaliações
nações capitalistas. Dessa forma, a educação é trata- acompanhavam a perspectiva economicista e tecni-
da como possibilidade de consumo individual e pode cista, presente na época, pautadas pelo objetivo de
variar conforme o mérito dos cidadãos e a capacida- modernização do setor educacional em larga escala,
de de os tornarem consumidores, conforme os níveis afinal este período é marcado na história do Brasil
de instrução e empregabilidade que conquistarem. como o período em que se objetivava o desenvolvi-
Neste âmbito, a avaliação se tornou um ele- mento econômico, mesmo passando pela realidade da
mento de regulação social e principal instrumento ditadura civil-militar em alguns anos desse período.
da administração gerencial que o Estado brasileiro No final da década de 80, observou-se a neces-
adotou a partir da Reforma do Estado na década de sidade de aplicar avaliações, a fim de verificar os re-
90, no qual este, além de ser modernizado conforme sultados da educação nacional com vistas à melhoria
os moldes neoliberais, também passou a ser um “Es- da educação. As práticas avaliativas propiciaram o
tado avaliador”. diagnóstico ou o conhecimento da realidade educa-

152
EDUCAÇÃO FÍSICA

cional, bem como indicar e nortear a qualidade da Lembramos a você que as orientações advindas
educação no que tange à sua expansão, democratiza- de conferências e documentos dessas agências inter-
ção, administração escolar e do ensino e aprendiza- nacionais constituíram os elementos principais da
gem. Não podemos perder de vista que um dos ob- formulação e aprovação dos documentos nacionais e
jetivos centrais da implantação do Sistema Nacional estaduais brasileiros, inclusive, a maior lei educacio-
de Avaliação, além de diagnosticar e nortear orien- nal vigente em nosso país, a Lei de Diretrizes e Ba-
tações para melhoria da educação brasileira, visa o ses da Educação Nacional – LDBEN nº 9.394/1996
reajuste da regulação do Estado e a cultura de avaliar e também da consolidação do sistema nacional de
o que está sendo aplicado no país (FREITAS, 2005). avaliação da Educação Básica no Brasil.
É importante que você compreenda, caro(a) alu- Caro(a) aluno(a), gostaríamos de compartilhar
no(a), que durante a movimentação da avaliação da com você que o processo de construção da avalia-
Educação Básica no Brasil também ocorreu o impul- ção da Educação Básica ocorreu em um momento
so das avaliações educacionais no contexto interna- de crise do Estado nacional, em que este buscava se
cional, fator que revela como as orientações educa- modernizar de acordo com os processos da globa-
cionais brasileiras estão articuladas às organizações lização e da interdependência capitalista por meio
internacionais que visam, entre outros aspectos, o das Reformas, entre elas a Reforma da Educação.
norteamento das ideias capitalistas para o desenvol- Para você compreender melhor sobre estes aspectos,
vimento da educação. Entre essas avaliações, pode- trouxemos à luz do nosso texto a citação de Freitas,
mos destacar a experiência de construção, na década que explicitou a avaliação como uma estratégia mui-
de 70, dos indicadores internacionais de qualidade to útil para a gestão do Estado Nacional conforme o
da educação por meio da Organização para a Co- contexto que o nosso país estava vivenciando histo-
operação e Desenvolvimento Econômico – OCDE ricamente. Veja só:
(COELHO, 2008).
Sobre a influência das organizações internacio- A introdução da avaliação em larga escala na
regulação da educação básica se deu no contex-
nais no processo de construção e implementação
to de crise do Estado desenvolvimentista, num
das avaliações educacionais brasileiras, Oliveira quadro de busca de recomposição do poder
(2013) complementa que na década de 90, após a político, simbólico e operacional de regulação
Conferência Mundial sobre Educação Para Todos pelo Estado central e de restrições à sua atuação
(Jomtien, Tailândia), organizações ligadas ao sis- na área social, ligando-se ao movimento refor-
mista que, no ingresso dos anos 1990, impôs
tema da Organização das Nações Unidas (ONU),
uma nova agenda para a área social. Essa agen-
como UNESCO, UNICEF, Banco Mundial e PNUD, da apontou para uma reorganização profunda
passaram a ser agências impulsionadoras das refor- dos princípios e parâmetros de estruturação
mas educacionais com base na ideia da satisfação das políticas sociais, remetendo à questão da
reforma do Estado e dos caminhos da moder-
das necessidades básicas de aprendizagem e na cons-
nização do País. A avaliação foi, então, vista
trução e implementação da Educação para o Século como uma estratégia útil para a gestão que se
XXI, ideia esta difundida pelo documento Relatório impunha com o rumo que vinha sendo dado à
Delors (1996) da UNESCO. área social (FREITAS, 2005, p. 9).

153
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A partir da Reforma do Aparelho do Estado e tam- É interessante destacar, caro(a) aluno(a), quais
bém da Reforma da Educação Nacional, a socieda- são as matrizes de referência teórica que subsidiam
de brasileira observou a centralidade do tema da o monitoramento da qualidade educacional mensu-
qualidade de ensino como objeto de regulação da rado pelo Saeb. Segundo Coelho (2008), em análise
Federação, conjugado, é claro, por um aparato de dos vinte anos da avaliação da Educação Básica bra-
um sistema de avaliação. Portanto, fica esclarecido sileira, a opção teórica adotada pelos instrumentos
aqui que a centralidade da avaliação da Educação de avaliação desta são de natureza cognitivista, e a
Básica é a busca pela qualidade de ensino ou o mo- construção dos descritores como base dos itens da
nitoramento desta qualidade e a promoção da ava- prova utilizam os conteúdos praticados nas escolas
liação externa para melhorar o cotidiano escolar, brasileiras de ensino fundamental e médio.
articuladas à boa governança educacional, orien- Além disso, a autora nos revela que os conte-
tada pelas agências internacionais e pelo Ministé- údos cobrados nas provas são associados às com-
rio da Educação (MEC), no sentido de avaliar os petências cognitivas utilizadas por Phillipe Perre-
processos e resultados a partir dos investimentos e noud, na qual tem como conceito de competência a
ações destinadas ao setor educacional. capacidade de agir eficazmente em um determina-
Segundo Coelho (2008), esta centralidade, do tipo de situação, apoiando-se em conhecimen-
que passou a ser articulada ao Sistema de Avalia- tos, mas sem se limitar a eles. A justificativa da uti-
ção da Educação Básica (Saeb) em 1990, substi- lização das competências nas avaliações nacionais
tuiu o Sistema de Avaliação do Ensino Público de do Saeb consta em dispositivos legais, tais como o
1º Grau (Saep), criado em 1987. A implantação Art. 9º, inciso IV da LDB 9.394/96, nos Parâmetros
do Saeb ocorreu com assistência internacional Curriculares Nacionais (PCNs) e nas Diretrizes
do PNUD por meio da aplicação das primeiras Curriculares do Ensino Fundamental e do Ensino
provas e o levantamento de dados de nível nacio- Médio. Nesses documentos, inclusive, é possível
nal, em 1990. A segunda aplicação do Saeb foi em observar, além do conceito de avaliação, o conceito
1993 e a avaliação foi estruturada em três eixos de de ensino, aprendizagem e escola.
estudo: 1- rendimento do aluno; 2- perfil e práti- As legislações e documentos educacionais brasi-
ca docente; e 3- perfil dos diretores e formas de leiros, em específico a concepção que norteia a cons-
gestão escolar. Em 1995, o Saeb incluiu, em sua trução destes, são criticadas por Frigotto e Ciavatta
amostra, o ensino médio e a rede particular de (2003), os quais afirmam que a adoção do pensamen-
ensino, também adotou técnicas mais modernas to desses documentos são empresariais, que visam a
de medição do desempenho dos alunos e incor- inserção do mercado de trabalho, caminhando ao
porou instrumentos de levantamento de dados encontro das diretrizes dos organismos e agências
sobre as características socioeconômicas e cultu- internacionais, que estão geralmente à serviço do
rais e, também, sobre os hábitos de estudos dos neoliberalismo. Os autores afirmam que a adoção
alunos. Além de redefinir as séries avaliadas, sen- dos princípios neoliberais na educação e na vida dos
do estas a 4ª e a 8ª séries do ensino fundamental e indivíduos constituem a ditadura do capital. Dessa
a 3ª série do Ensino. forma, Frigotto e Ciavatta (2003) acrescentam que a

154
EDUCAÇÃO FÍSICA

ideologia das competências e empregabilidade estão Com o objetivo de desenvolver o modelo da


no centro dos parâmetros e diretrizes educacionais e “boa escola”, os gestores de políticas públicas edu-
também do objeto de estudo desta unidade, o Siste- cacionais ampliaram, a partir de 2005, o Sistema
ma de Avaliação brasileiro. de Avaliação da Educação Básica (Saeb), acrescen-
Retornando ao desenrolar histórico da cons- tando mais duas avaliações ao referido sistema por
trução do Sistema de Avaliação da Educação Bási- meio da Portaria nº 931, de 21 de março de 2005:
ca no Brasil, observamos que, em 1995, o país con- a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e
seguiu implantar, de forma “eficaz”, o sistema de a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (An-
avaliação e informação da educação por meio da resc), e a partir da Portaria nº 482 de 7 de junho
reestruturação do Instituto Nacional de Estudos de 2013, foi acrescentada a terceira avaliação que
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). compõem o Saeb, a Avaliação Nacional da Alfabe-
Dessa forma, criou-se, no Brasil, uma cultura de tização (ANA).
avaliação que foi rapidamente absorvida pela so- Caro(a) aluno(a), para compreender melhor o
ciedade e passou a ser referência de construção de Sistema de Avaliação Brasileiro, organizamos as ex-
novas políticas públicas educacionais dos gestores plicações de cada mecanismo avaliativo separada-
e analistas da educação brasileira, pois era necessá- mente. No final dessas explicações, apresentaremos
rio, caro(a) aluno(a), mensurar a variável do pro- um quadro comparativo que auxiliará você a organi-
duto educacional. zar seu pensamento com relação à organização das
Entre o período de 1995 até 2003, observou- avaliações da Educação Básica no Brasil.
-se, nas amostras resultantes das avaliações, que as
médias obtidas pelos estudantes avaliados estavam SAEB
abaixo da média mínima satisfatória, inclusive, foi
revelado que o nível de ensino que mais apresentava O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb)
índices mais insatisfatórios era a 4ª série do Ensino é composto por três avaliações externas comple-
Fundamental, seguido pela 8ª série e depois pela 3ª mentares, a saber: a Aneb; Anresc/Prova Brasil e a
série do Ensino Médio (COELHO, 2008). Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA). Como
Os fatores contabilizados por esse insucesso fo- a figura a seguir:
ram diversos, entre eles as condições de vida dos
alunos, instalações físicas e institucionais precárias

e entre outros fatores que afetam a qualidade do en-
sino e aprendizagem desses alunos. Nesse sentido,
iniciou o discurso da “boa escola” ou “escola eficaz”,  Anresc/Prova Brasil 
a qual visou contribuir para a inclusão social e eco-
Avaliação Nacional da Avaliação Nacional do Avaliação Nacional da
nômica do cidadão e a garantia da qualidade educa- Educação Básica Rendimento Escolar Alfabetização
cional por meio da elevação dos índices obtidos nas Figura 1 - Sistema de Avaliação da Educação Básica
avaliações (PACHECO; ARAÚJO, 2004). Fonte: Inep (2011a).

155
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Segundo informações disponibilizadas na página Brasil, tanto em áreas urbanas como em áreas ru-
do INEP, a Aneb - Avaliação Nacional da Educação rais, que estejam matriculadas na 4ª série/5º ano e 8ª
Básica - é realizada por amostragem das redes de en- série/9º ano do Ensino Fundamental; esta avaliação
sino em cada unidade da Federação e tem foco na também abrange os alunos matriculados no 3º ano
gestão dos sistemas educacionais. Esta tem as mes- do Ensino Médio. A avaliação tem como objetivo
mas características do Saeb e, por isso, ainda rece- mensurar a qualidade, a equidade e a eficiência da
be o mesmo nome em suas divulgações. A Anresc é educação brasileira. Os resultados são apresentados
mais extensa e detalhada do que a Aneb e tem foco por meio da apresentação de dados do país como
em cada unidade escolar, esta, por seu caráter uni- um todo, das regiões geográficas e das unidades da
versal, recebe o nome de Prova Brasil em suas di- Federação (BRASIL, 2011a).
vulgações, mais informações serão apresentadas no As avaliações que compõem o Saeb são realiza-
tópico “Prova Brasil”. das a cada dois anos, quando são aplicados provas
O Aneb, por meio do Saeb, tem como princi- de Língua Portuguesa com ênfase na leitura, e mate-
pal objetivo avaliar a Educação Básica brasileira mática com ênfase na resolução de problemas. Além
e contribuir para a melhoria de sua qualidade e disso, as avaliações de larga escala do Saeb compõem
para a universalização do acesso à escola, ofere- questionários socioeconômicos aos alunos partici-
cendo subsídios concretos para a formulação, pantes e à comunidade escolar (BRASIL, 2011a). A
reformulação e o monitoramento das políticas ANA, incorporada ao Saeb em 2013, acontece anu-
públicas voltadas para a Educação Básica. Além almente para mensurar o nível de alfabetização no
disso, procura também oferecer dados e indica- Ensino Fundamental.
dores que possibilitam maior compreensão dos Em 2017, o Saeb ampliou seu público incluindo,
fatores que influenciam o desempenho dos alunos de forma censitária, os alunos da 3ª série do ensino
nas áreas e anos avaliados. médio da rede pública e, por adesão, os das escolas
O Aneb/Saeb abrange, de forma amostral, a ava- particulares. Segue um resumo da participarão da
liação dos alunos das redes públicas e privadas do avaliação Saeb:

Quadro 1 - Formato das Avaliações do SAEB

Escolas localizadas em zonas urbanas e


5º ano/4ª série do ensi- 9º ano/8ª série do ensi- 3ª/4ª série do
rurais que tenham pelo menos dez alunos
no fundamental no fundamental ensino médio
matriculados em cada uma das etapas
Escolas públicas (censitário) X X X
Escolas privadas (por amostra) X X X
Escolas privadas (por adesão) X
Fonte: adaptado do ANEB (2017).

156
EDUCAÇÃO FÍSICA

São elaborados 21 tipos diferentes de cadernos de 5° ano / 4 ª série Língua Portuguesa


prova para cada ano/série, assim cada aluno respon- 1 1 1 1 1 1 1 1 1
2 2 2 2 2 2 2 = 77 itens 2 2
de a apenas um caderno de prova. Desta forma, os 3 3 3 3 3 3 3 3 3
alunos não respondem, necessariamente, às mesmas - - - - - - - - -
10 10 10 10 10 10 10 10 10
questões. Além disso, os alunos respondem a um 11 11 11 11 11 11 11 11 11
questionário socioeconômico e cultural para a ca-
racterização dos estudantes. 7 Blocos
Os resultados da Aneb e da Anresc/Prova Brasil,
mais as taxas de rendimento escolar e as informação
prestada pelas escolas por meio do Censo Escolar
21 cadernos
são utilizados para compor o cálculo do Índice de diferentes
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Prova Brasil
A Anresc, mais conhecida como Prova Brasil, tem
como caráter universal avaliar o desempenho em 5° ano / 4 ª série Matemática
1 1 1 1 1 1 1 1 1
Matemática e em Língua Portuguesa de alunos de 2 2 2 2 2 2 2 = 77 itens 2 2
5º e 9º ano do Ensino Fundamental de cada unidade 3 3 3 3 3 3 3 3 3
escolar pública, das redes municipais, estaduais e fe- - - - - - - - - -
10 10 10 10 10 10 10 10 10
deral, com 20 ou mais alunos matriculados no ano. 11 11 11 11 11 11 11 11 11
Esta é uma avaliação de diagnóstico em larga
7 Blocos
escala e foi desenvolvida pelo Instituto Nacional de
Figura 2 - Estrutura da Prova Brasil
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Fonte: Inep/Daeb (2016, on-line)1.
(INEP/MEC) com o objetivo de avaliar a qualidade
do ensino ministrado nas escolas públicas por meio Segundo Fernandes (2007), em documento escrito
de testes padronizados e questionários socioeconô- para o Inep, a Prova Brasil foi idealizada para produ-
micos (BRASIL, 2011a). zir informações sobre o ensino oferecido por muni-
O requisito para participar da Prova Brasil são cípios e escolas, objetivando auxiliar os governantes
apenas as escolas que possuem no mínimo vinte nas decisões e no direcionamento de recursos téc-
alunos matriculados nas séries ou anos avaliados, nicos e financeiros, assim como auxilia, também, a
sendo os resultados disponibilizados por escola e comunidade escolar no estabelecimento de metas e
por ente federativo (BRASIL, 2011a). implantação de ações pedagógicas e administrativas,
Sobre a prova aplicada, veja como ela é organizada. visando à melhoria da qualidade do ensino.

157
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

ANA

A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) é Segundo o mesmo documento:


uma avaliação direcionada para unidades escola-
res e estudantes matriculados no 3º ano do Ensino A ANA produzirá indicadores que contribuam
para o processo de alfabetização nas escolas
Fundamental, fase final do Ciclo de Alfabetização,
públicas brasileiras. Para tanto, assume-se uma
a qual passou a constituir o terceiro elemento ava- avaliação para além da aplicação do teste de de-
liativo do Saeb a partir da Portaria nº 482 de 7 sempenho ao estudante, propondo-se, também,
de junho de 2013, o qual também constitui uma uma análise das condições de escolaridade que
avaliação do INEP. esse estudante teve, ou não, para desenvolver
esses saberes, tais como a organização do tra-
Segundo informações publicadas no documento
balho pedagógico; a gestão escolar; a infraes-
básico sobre a ANA (BRASIL, 2013) esta avaliação trutura; a formação docente, entendidos como
se insere no contexto de atenção voltada à alfabe- aspectos importantes do processo de ensino e
tização prevista no Pacto Nacional pela Alfabetiza- aprendizagem (BRASIL, 2013, p. 09).
ção na Idade Certa (PNAIC). O PNAIC foi criado
por meio da Portaria nº 867, de 4 de julho de 2012, As avaliações da ANA serão aplicadas anualmente
que objetiva cumprir o compromisso assumido pelo por meio de questionários contextuais e o teste de
Governo Federal, do Distrito Federal, dos Estados desempenho baseado em cinco eixos e terão como
e Municípios de assegurar a todas as crianças bra- principais objetivos: 
sileiras a alfabetização até a conclusão do Ciclo de
Alfabetização. 1) Avaliar o nível de alfabetização dos educan-
dos no 3º ano do ensino fundamental;
A criação da ANA originou-se da necessidade de
avaliar o PNAIC, bem como se os alunos chegavam 2) Produzir indicadores sobre as condições de
oferta de ensino;
ao final do 3º ano do Ensino Fundamental alfabeti-
zados, em especial, língua portuguesa e matemáti- 3) Concorrer para a melhoria da qualidade de en-
sino e redução das desigualdades, em consonân-
ca. Segundo as informações do documento da ANA
cia com as metas e políticas estabelecidas pelas
(BRASIL, 2013, p. 07), a atenção voltada ao Ciclo de diretrizes da educação nacional (BRASIL, 2015).
Alfabetização deve-se
Para acompanhar os resultados da ANA, indicamos
à concepção de que esse período é considera- “O Painel Educacional”, uma plataforma desen-
do necessário para que seja assegurado a cada
volvida pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Edu-
criança o direito às aprendizagens básicas da
apropriação da leitura e da escrita, e também cacionais Anísio Teixeira, que tem como objetivo
à consolidação de saberes essenciais às áreas e apresentar informações agregadas sobre o cenário
componentes curriculares obrigatórios. educacional das unidades da federação e dos muni-
cípios brasileiros, de modo a colaborar para o moni-
toramento do direito à educação.

158
EDUCAÇÃO FÍSICA

ANEB

A Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) A aplicação em períodos distintos possibilita aos
utiliza os mesmos instrumentos da Prova Brasil/An- professores e gestores educacionais a realização de
resc e é aplicado com a mesma periodicidade. Dife- um diagnóstico mais preciso que permite conhecer
rencia-se por abranger, de forma amostral, escolas e o que foi agregado na aprendizagem das crianças, em
alunos das redes públicas e privadas do país que não termos de habilidades de leitura dentro do período
atendem aos critérios de participação da Anresc/ avaliado, uma vez que já cursaram pelo menos um
Prova Brasil, que pertencem às etapas finais dos três ano letivo dedicado à alfabetização (BRASIL, 2011b).
últimos ciclos da Educação Básica: em áreas urbanas A Provinha Brasil, foi instituída por meio da
e rurais 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e 3ª sé- Portaria nº 10, de 24 de abril de 2007 e é estruturada
rie do Ensino Médio regular. pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais
As escolas são selecionadas de forma probabilís- “Anísio Teixeira” (Inep). Segundo a referida Porta-
tica (por sorteio), considerando os estratos de inte- ria, esta avaliação tem como principais objetivos:
resse da avaliação:
• Dependência administrativa (pública federal, Art. 2° A Avaliação de Alfabetização “Provinha
estadual e municipal e privada). Brasil” tem por objetivo: a) avaliar o nível de
alfabetização dos educandos nos anos iniciais
• Unidade da Federação (estados). do ensino fundamental; b) oferecer às redes de
• Localização (urbana e rural). ensino um resultado da qualidade do ensino,
• Área (Capital e interior). prevenindo o diagnóstico tardio das dificul-
dades de aprendizagem; e c) concorrer para a
• Porte da escola (pequena: 1 ou 2 turmas,
melhoria da qualidade de ensino e redução das
grande: 3 ou mais turmas). desigualdades, em consonância com as metas e
políticas estabelecidas pelas diretrizes da edu-
PROVINHA BRASIL cação nacional (BRASIL, 2007, s/p.).

A Avaliação da Alfabetização Infantil, mais conheci- A Provinha Brasil é elaborada pelo Inep e distribu-
da como Provinha Brasil, é uma avaliação diagnós- ída pelo MEC/FNDE para todas as secretarias de
tica do nível de alfabetização das crianças matricu- educação municipais, estaduais e do Distrito Fe-
ladas no 2º ano do Ensino Fundamental das escolas deral. Além disso, a Provinha Brasil conta com a
públicas brasileiras. Essa avaliação acontece em duas participação de todos os alunos matriculados no 2º
etapas, a primeira no início do ano letivo e a segun- ano do Ensino Fundamental das escolas públicas, a
da no término do ano letivo. Ao lado da Avaliação primeira etapa pode ser aplicada até abril do ano de
Nacional de Alfabetização (ANA), a Provinha Brasil aplicação, e a segunda etapa pode ser aplicada até
averigua a aprendizagem dos alunos durante o ciclo novembro do mesmo ano letivo. A adesão a esta
de alfabetização e avalia se o desempenho se adequa avaliação é opcional e a aplicação fica a critério de
à meta proposta pelo Pacto Nacional pela Alfabeti- cada secretaria de educação das unidades federadas
zação na Idade Certa (Pnaic). (BRASIL, 2011b).

159
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A partir das informações obtidas pela avaliação,


os gestores e professores têm condições de intervir
de forma mais eficaz no processo de alfabetização,
aumentando as chances de que todas as crianças até
os oito anos de idade saibam ler e escrever, conforme
uma das metas previstas pelo Plano de Metas Com-
promisso Todos pela Educação (Meta 02 do Artigo
2º). Os resultados obtidos pela Provinha Brasil tam-
bém se articulam com a proposta do Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), insti-
tuído pela Portaria nº 867, de 4 de julho de 2012,
o qual propõe que as crianças estejam alfabetizadas
até o final do 3º ano do Ensino Fundamental.
É importante que você saiba, caro(a) aluno(a),
que essa prova não é caracterizada como uma ava-
liação classificatória, mas é reconhecida pelo Inep
(MEC/FNDE) como um instrumento pedagógico
importante, que fornece informações sobre o pro-
cesso de alfabetização aos professores e gestores
das redes de ensino. Além disso, tem como princi-
pais objetivos: avaliar o nível de alfabetização dos
alunos nas turmas nos anos iniciais do Ensino Fun-
damental, bem como diagnosticar possíveis insufi-
ciências das habilidades de letramento inicial e o
nível de alfabetização.
Agora que você conhece o que é a Provinha Bra-
sil, bem como seus objetivos, lançaremos uma ques-
tão para você: quem aplica e corrige essas provas?
As correções são realizadas pelo próprio professor
da turma, com o objetivo de monitorar e avaliar a
aprendizagem de cada aluno ou turma, e também
por outras pessoas indicadas e preparadas pela se-
cretaria de educação, com a proposta de obter uma
visão geral de cada unidade escolar, das diretorias
ou de toda a rede de ensino sob a administração da
secretaria (BRASIL, 2011b).

160
EDUCAÇÃO FÍSICA

161
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

INEP e as Avaliações
Nacionais da Educação Básica:
SAEB - IDEB; ENEM e ENCCEJA

162
EDUCAÇÃO FÍSICA

A avaliação é um ato intrínseco à educação, po- funcionamento do Sistema de Avaliação da Educa-


demos encontrá-la sob dois aspectos. O primeiro ção Básica e, entre elas, todas as avaliações do Saeb
como avaliação escolar, ao qual optamos por utili- são coordenadas pelo Inep, além de contar com a
zar a ideia de Luckesi (2005) para respaldar o seu colaboração e participação das secretarias estaduais
significado, no sentido da avaliação constituir uma e municipais de educação.
apreciação qualitativa sobre dados relevantes do Dessa forma, as avaliações anteriormente
processo de ensino e aprendizagem que auxilia o apresentadas - Saeb, Prova Brasil, Ana e as demais
professor a tomar decisões sobre o seu trabalho em avaliações que serão apresentadas, tais como o
sala de aula. Também temos a avaliação institucio- ENEM e o ENADE - caracterizam-se em avalia-
nal da educação, as quais atribuem valor e carre- ções de larga escala, de natureza sistêmica reali-
gam concepções que refletem como e o que deve zada por um agente externo à escola, nesse caso, o
ser ensinado ou aprendido por nossa sociedade. agente externo é o Inep.
A partir da contextualização histórica do Sistema Segundo Wiebusch (2012) às avaliações exter-
de Avaliação institucional realizado no Brasil, pode- nas, tanto nacionais quanto internacionais, como o
mos observar que essas avaliações tomaram a forma PISA, visam à melhoria da qualidade da educação,
que “vem de cima para baixo e de fora para dentro”, o desempenho dos alunos em determinados mo-
por se tratar das expressões de políticas neoliberais, mentos da escolarização por meio de testes de pro-
sendo seu eixo dominante a lógica de mercado que ficiência, questionários contextuais e diagnóstico
visa à avaliação da produção, inclusive mensurando do sistema de ensino. As avaliações externas foram
a produtividade e eficiência dos serviços oferecidos. criadas para oferecer subsídios para formulação, re-
A avaliação institucional caracteriza-se em duas formulação e monitoramento de políticas públicas e
modalidades, sendo elas: avaliação externa ou em também da gestão da educação. As avaliações arti-
larga escala e em autoavaliação. Segundo informa- culadas ao Saeb foram criadas para recolher indica-
ções disponibilizadas em documentos do MEC e do dores comparativos de desempenho que embasam
Inep que divulgam e apresentam diversas avaliações, futuras tomadas de decisões no âmbito da escola e
observamos que as avaliações em larga escala pos- nas diferentes esferas do Sistema Educacional.
sibilitam a produção de dados em nível nacional, Caro(a) aluno(a), para compreender o Sistema
regional e local. Esses dados auxiliam a criação e a Nacional de Avaliação brasileiro, é necessário que
implementação das políticas públicas para o desen- compartilhemos com você uma breve contextualiza-
volvimento de estratégias de intervenção em possí- ção histórica do que vem a ser o Inep, o qual funcio-
veis dificuldades encontradas nos diferentes contex- na como principal instrumento de estudos, pesqui-
tos educacionais (BRASIL, 2015). sas e avaliações do Sistema Educacional Brasileiro.
No Brasil, as avaliações externas, realizadas em Muito bem, assim convido você para conhecer o
larga escala, foram designadas pelo Instituto Nacio- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio-
nal de Ensino e Pesquisa (Inep), que visa formular nais Anísio Teixeira (Inep), criado pela Lei nº 378,
matrizes de referência para cada avaliação. Caro(a) de 13 de janeiro de 1937 e transformado em Autar-
aluno(a) é necessário que você compreenda que o quia Federal vinculada ao MEC por meio da Lei nº

163
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

9.448, de 14 de março de 1997 e alterada pela Lei nº Caro(a) aluno(a), em nosso país temos várias ava-
10.269, de 29 de agosto de 2001. liações em larga escala, e repetimos: estas têm como
O Inep tem como objetivo subsidiar a formu- objetivo diagnosticar, por meio de testes padroni-
lação e implementação de políticas públicas para a zados e questionários socioeconômicos, a qualida-
área educacional a partir de parâmetros de qualida- de do ensino oferecido pelo Sistema Educacional
de de ensino e equidade social. Também tem como brasileiro e as condições ou o contexto em que o
objetivo produzir informações e dados claros e con- ensino é realizado. Anteriormente, apresentamos
fiáveis aos gestores, pesquisadores, educadores e pú- alguns programas de avaliação administrados e
blico em geral. aplicados pelo Inep em parceria com as secretarias
Dentre as ações e programas do Inep, podemos estaduais e municipais de educação, as quais, jun-
observar o atendimento dessa autarquia às várias tas, implementam exames, índices e indicadores de
ações, tais como: programas, projetos e atividades abrangência nacional.
implementadas em consonância com o Sistema É necessário frisar que a avaliação como política
Educacional Brasileiro. No total são 22 programas, educacional brasileira está amparada na Lei de Di-
mas citaremos os mais conhecidos no âmbito edu- retrizes e Bases da Educação – Lei nº 9.394/1996 no
cacional para que você, caro(a) aluno(a), possa se Art. 9º ao qual atribui à União: “assegurar o processo
familiarizar. Porém, não deixe de acessar a página nacional de avaliação do rendimento escolar no en-
na internet do Inep e conhecer, na íntegra, cada pro- sino fundamental, médio e superior, em colaboração
grama e o que este significa à sociedade brasileira, com os sistemas de ensino, objetivando a definição
em especial, no âmbito da educação. de prioridades e a melhoria da qualidade de ensino”
• Censo Escolar da Educação Básica. (BRASIL, 1996).
• Censo da Educação Superior. Libâneo, Toschi e Oliveira (2012) acrescentam
• Provinha Brasil. que essa prescrição legal não impede que os estados
• Sistema Nacional de Avaliação da Educação e municípios também possam ter iniciativas de ava-
Básica (Saeb). liação do desempenho escolar em seus respectivos
• Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). sistemas de ensino, visando contribuir com a quali-
• Exame Nacional de Certificação de Compe- dade da educação em suas regiões.
tências de Jovens e Adultos (Encceja). Outro conhecimento importante que você,
• Sistema Nacional de Avaliação da Educação como acadêmico(a) de Pedagogia e futuro(a) profis-
Superior (SINAES). sional da educação, precisa saber é que as avaliações
• Exame Nacional de Desempenho de Estu- do Inep mensuram a qualidade de cada escola, rede
dantes (ENADE). de ensino e alunos para constituir o indicador de
• Exame Nacional de Ingresso na Carreira qualidade educacional; o Ideb – Índice de Desenvol-
Docente. vimento da Educação -, criado em 2007, combina
• PISA. informações de desempenho obtido pelos estudan-
• Certificado de Proficiência na Língua Brasi- tes ao final das etapas de ensino.
leira de Sinais (Prolibras).

164
EDUCAÇÃO FÍSICA

O Ideb é o principal indicador utilizado para Lembre-se, caro(a) aluno(a), que ao trabalhar na
monitorar a qualidade da Educação Básica brasilei- escola você se deparará frequentemente com a pala-
ra e serve como referência para as metas do Plano de vra Ideb em reuniões pedagógicas ou ao chegar pró-
Desenvolvimento da Educação (PDE). Seus resulta- ximo da data de realização de uma das avaliações do
dos são calculados por meio das avaliações do Saeb, Inep ou do prazo final do cadastramento do Censo
Prova Brasil e Enem, que têm como base a série ou o Escolar. Por isso, tenham sempre em mente que os
ano e do Censo Escolar que monitora o rendimento objetivos do Ideb são apenas dois e são coletados por
(aprovação e reprovação) e movimento (abandono) dois instrumentos avaliativos (avaliações do Saeb e
escolar dos alunos do ensino Fundamental e Médio Censo Escolar) que cumprem os objetivos de: “1)
de escolas públicas e privadas (BRASIL, 2011c). detectar escolas e/ou redes de ensino cujos alunos
apresentem baixa performance em termos de rendi-
SAIBA MAIS mento e proficiência” coletados por meio do Saeb e
Prova Brasil e “2) monitorar a evolução temporal do
O Censo Escolar é um levantamento de dados desempenho dos alunos dessas escolas e/ou redes de
estatístico-educacionais de âmbito nacional ensino” por meio do Censo Escolar (INEP, 2011c).
realizado todos os anos e coordenado pelo
Como o Ideb é resultado do produto entre o de-
Inep. Ele é feito com a colaboração das secre-
tarias estaduais e municipais de Educação e sempenho e do rendimento escolar (ou o inverso do
com a participação de todas as escolas públi- tempo médio de conclusão de uma série), então ele
cas e privadas do país. Trata-se do principal
pode ser interpretado da seguinte maneira: para a es-
instrumento de coleta de informações da Edu-
cação Básica, que abrange as suas diferentes cola A, na qual a média padronizada da prova Brasil, 4ª
etapas e modalidades: ensino regular (educa- série ou 5º ano do Ensino Fundamental, é 5,0 e o tem-
ção Infantil e ensinos fundamental e médio),
po médio de conclusão de cada série/ano é de 2 anos, a
educação especial e educação de jovens e
adultos (EJA). O Censo Escolar coleta dados rede/escola terá o Ideb igual a 5,0 multiplicado por 0,5,
sobre estabelecimentos, matrículas, funções ou seja, IDEB = 2,5. Já uma escola B com média padro-
docentes, movimento e rendimento escolar.
nizada da Prova Brasil, 4ª série/5º ano, é igual a 5,0 e o
Fonte: Brasil (2017). tempo médio para conclusão é igual a 1 ano, terá IDEB
= 5,0 (FERNANDES; GREMAUD, 2009).

IDEB AVALIAÇÃO: ENCCEJA E ENEM

Ressaltamos que o Ideb não é uma prova, seus resul- Para a modernização do sistema de estatísticas e
tados são calculados com base no desempenho do indicadores educacionais houve a ampliação dos
estudante em avaliações do Inep e em taxas de apro- meios operacionais de centralização da avaliação
vação, avaliando se o aluno aprendeu, não repetiu o educacional com a inclusão de exames nacionais,
ano e frequentou a sala de aula por meio das infor- tais como: o Exame Nacional do Ensino Médio
mações coletadas pelo Censo Escolar, que cada es- (ENEM), destinado aos alunos do 3º ano do Ensino
cola pública ou privada deve realizar (INEP, 2011c). Médio e o Exame Nacional de Certificação de Com-

165
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

petências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), que tem estrutura: Língua Portuguesa; Língua Estrangeira
como objetivo avaliar habilidades e conhecimentos Moderna; Artes; Educação Física e uma proposta de
de adultos que não tiveram acesso à escola na idade Redação; Matemática; História e Geografia; e Ciên-
própria. A seguir conheça brevemente o significado cias Naturais. Para participar do Encceja com o ob-
e a amplitude dessas duas avaliações. jetivo de certificar o ensino médio, o aluno precisa
ter dezoito anos completos (BRASIL, 2011d).
ENCCEJA Também podem participar desse exame brasilei-
ros quem vivem no exterior e o caráter da prova cons-
O Inep, desde 2002, iniciou a realização do Exa- titui no mesmo sentido daqueles que vivem no Brasil,
me Nacional para Certificação de Competências ou seja, participação voluntária e gratuita. O Encceja
de Jovens e Adultos (Encceja) para jovens resi- atribui à certificação no nível de conclusão do Ensino
dentes no Brasil que não tiveram acesso à escola Fundamental e Ensino Médio da mesma forma como
na idade própria. confere aos estudantes que vivem no Brasil.
Para esses candidatos, a prova é constituída da
O Encceja constitui-se em um exame para afe- seguinte forma: Linguagens, Códigos e suas Tec-
rição de competências, habilidades e saberes
nologias e uma proposta de Redação; Matemática
adquiridos no processo escolar ou nos pro-
cessos formativos que se desenvolvem na vida e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tec-
familiar, na convivência humana, no trabalho, nologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias
nos movimentos sociais e organizações da so- (BRASIL, 2011d).
ciedade civil e nas manifestações culturais, en- Lembramos, caro(a) aluno(a), que essas áreas do
tre outros (BRASIL, 2011d, s/p.).
conhecimento foram estabelecidas a partir do cur-
rículo da Base Nacional Comum, de acordo com os
A participação no Encceja não é obrigatória e é gra- Parâmetros Curriculares Nacionais. A emissão dos
tuita. No Brasil, com a instituição do novo Exame Documentos Certificadores (Certificado e Declara-
Nacional do Ensino Médio (Enem), a partir de 2009, ção de Proficiência) é responsabilidade das Secre-
o Encceja passou a ser realizado visando à certifica- tarias Estaduais de Educação que firmaram com o
ção apenas do Ensino Fundamental, pois a certifica- Inep o Termo de Adesão ao Encceja.
ção do Ensino Médio passou a ser realizada com os
resultados do Enem. A partir de 2017, o Encceja vol- ENEM
tou a certificar o ensino médio e o Enem deixou de
ter esta atribuição. Estão aptos para participar deste O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um
exame quem tem, no mínimo, quinze anos comple- exame individual, de caráter voluntário, oferecido
tos na data de realização das provas. Para os candi- anualmente aos estudantes que estão concluindo
datos a receber a certificação do Ensino Fundamen- ou que já concluíram o ensino médio em anos ante-
tal que moram no Brasil, realiza a prova na seguinte riores (INEP, 2011e). Foi criado em 1998 e, a partir

166
EDUCAÇÃO FÍSICA

de 2004, passou a ser condição indispensável para a Recentemente, o MEC divulgou uma proposta
concessão de bolsas em instituições de Ensino Su- de que o Enem seja utilizado pelas universidades
perior (IES) privadas por meio do Programa Uni- federais para substituir a seleção de seus alunos,
versidade para Todos (ProUni), mediante as notas mais especificamente permitindo um processo uni-
obtidas no exame. ficado para todas aquelas que aderirem ao sistema.
O principal objetivo do Enem, segundo o Em termos da prova, o Inep propõe uma reestrutu-
MEC, é avaliar o desempenho do aluno ao térmi- ração metodológica do exame, de forma a aproxi-
no da escolaridade básica, para aferir o desenvol- mar o exame das Diretrizes Curriculares Nacionais
vimento de competências fundamentais ao exercí- e dos currículos praticados nas escolas, exigindo
cio pleno da cidadania. Desde a sua concepção, o mais conhecimentos em termos de conteúdo, mas
exame foi pensado como modalidade alternativa sem abandonar o modelo de avaliação centrado nas
ou complementar aos exames de acesso aos cursos competências e habilidades.
profissionalizantes pós-médio e ao ensino superior Em 2017, o MEC anunciou algumas alterações
(BRASIL, 2011e). para o Enem: a divulgação dos dados do Enem não
Apesar de voluntário, o Enem caminha para a será mais por escola, pois seu objetivo é medir o de-
universalização entre os estudantes que terminam sempenho do estudante e não da escola, a avaliação
o ensino médio, pois diversas instituições de ensino passa a ser realizada em dois domingos e, não ape-
superior (IES) têm passado a utilizar os resultados nas em um, como anteriormente, a prova passou a
do Enem como componente dos seus processos sele- ser personalizada com o nome do aluno e número
tivos. Além disso, essa universalização do exame tem de sua inscrição, o atendimento especial deve ser so-
sido promovida pela sua participação em programas licitado no ato da inscrição, o Enem deixa de certifi-
governamentais de acesso ao ensino superior, como car o ensino médio que volta a ser feita pelo Encceja
o ProUni, por exemplo, que utiliza os resultados do (Exame Nacional de Certificação de Jovens e Adul-
Enem como pré-requisito para a distribuição de bol- tos), exame realizado pelos Estados e municípios,
sas de estudo em instituições privadas de ensino su- estudantes membros de famílias de baixa renda que
perior (BRASIL, 2011e). possuem cadastro no CadÚnico do Governo Fede-
Atualmente, a prova do Enem é interdisciplinar ral podem pedir isenção da taxa do exame.
e contextualizada. Nela, busca-se colocar o estu-
dante diante das situações-problema e medir não
apenas se ele conhece os conceitos, mas se sabe
aplicá-los. A prova é composta de uma parte ob-
jetiva com 63 questões e de uma redação. Trabalha
com uma escala clássica de 0 a 100 para a atribui-
ção da nota final, tanto na parte objetiva quanto na
redação (BRASIL, 2011e).

167
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Sistema de Avaliação do
Ensino Superior:
SINAES
Agora que já conhecemos o contexto da avaliação da Educação Básica, quero
convidá-lo(a) a continuar em nossa jornada de estudos. Neste tópico, propomos
a reflexão sobre o Sistema de Avaliação do Ensino Superior para que compreenda
toda a complexidade em que as políticas educacionais e a organização da educa-
ção brasileira ocorrem.

168
EDUCAÇÃO FÍSICA

De acordo com Zoghbi et al. (2009, p. 43): rente à qualidade do curso. Para o autor essa foi
a primeira vez que se teve uma medida objetiva
da qualidade média dos alunos egressos desses
As avaliações educacionais em larga escala,
cursos, auxiliando empregadores e potenciais
uma realidade presente em diversas partes do
estudantes em suas escolhas. Adicionalmente,
mundo desde a década de 70, vêm crescendo
pretende-se que a divulgação desses resulta-
no Brasil nos últimos anos, tanto em quantida-
dos às instituições de ensino auxilie e incentive
de como em qualidade. O Sistema Nacional de o processo de melhoria do ensino. Hanushek
Avaliação da Educação Básica (Saeb) foi a pri- e Raymond (2004), por exemplo, encontram
meira iniciativa brasileira, em escala nacional, resultados empíricos que indicam que estados
para se conhecer o sistema educacional brasi- americanos que têm sistemas de avaliação do
leiro em profundidade, o qual começou a ser ensino básico com base na accountability obti-
desenvolvido no final dos anos 80 e foi aplicado veram melhores desempenhos educacionais do
pela primeira vez em 1990. que os estados sem avaliação.

O uso de avaliações em larga escala para o Ensino As avaliações em termos de “accountability” (transpa-
Superior no Brasil, por sua vez, foi iniciado em 1995, rência e prestação de contas), como o Provão e o Ena-
com a criação do Exame Nacional de Cursos (ENC), de, contribuem para o crescimento da qualidade mé-
por meio da Lei 9.131/1995 – Art. 3º e detalhado em dia do aluno egresso do Ensino Superior, bem como a
1996 por meio do Decreto nº 2.026, de 24 de no- classificação anual dos cursos, mas embora revelasse
vembro de 1996. O ENC foi criado para ser aplicado muitos dados não se poderia associar a nota do Pro-
a todos os estudantes egressos de campos pré-de- vão diretamente à qualidade ou não de qualquer Ins-
finidos do Ensino Superior, e foram acrescentadas tituição de Ensino Superior. Portanto, não era consi-
a este, nos anos subsequentes, o sistema do Censo derado um instrumento de avaliação completo.
de Educação Superior e a Avaliação das Condições A sugestão de realizar mudanças no formato do
de Ensino (ACE), por meio de visitas de comissões Provão partiu da campanha eleitoral de Luiz Inácio
externas às instituições de ensino. Contudo, o ENC Lula da Silva e, ao ser eleito, em 2003, a Comissão
ficou popularmente conhecido como Provão em lu- (CEA) propôs realizar tais mudanças apresentando
gar da abreviação ENC (VERHINE; DANTAS; SO- o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Supe-
ARES, 2006). rior (SINAES) que, após um período de discussão
Para Zoghbi et al. (2009, p. 63): sobre a nova proposta, foi aprovado no Congresso
em 2004 e estabelecida sua criação por meio da Lei
O Provão, exame universal e obrigatório, era nº 10.861, de 14 de abril de 2004 (VERHINE; DAN-
aplicado anualmente aos alunos dos cursos de
TAS; SOARES, 2006).
graduação selecionados, iniciou-se em 1996
com administração, direito e engenharia civil, O novo sistema de avaliação do Ensino Superior
e foi sendo expandido até avaliar 26 áreas em subsidiou novas bases para o exame de cursos supe-
2003, último ano de aplicação. Participavam do riores, no qual seria oportuno avaliar os cursos e as
exame somente os alunos concluintes dos refe-
instituições de ensino superior de forma sistêmica,
ridos cursos, o que permitia que o Instituto Na-
cional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira por meio de três componentes: a avaliação das insti-
(Inep) calculasse e divulgasse um conceito refe- tuições, dos cursos e do desempenho dos estudantes.

169
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

O SINAES ainda avalia os aspectos que giram em ENADE


torno desses três eixos, a saber: o ensino; a pesquisa;
a extensão; a responsabilidade social; o desempenho O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
dos alunos; a gestão da instituição; o corpo docente; (Enade) avalia o rendimento dos concluintes dos
as instalações e vários outros aspectos (INEP, 2017), cursos de graduação, em relação aos conteúdos pro-
cumprindo com os objetivos propostos pelo novo gramáticos (previstos nas diretrizes curriculares),
sistema de avaliação do Ensino superior: 1) identi- habilidades e competências adquiridas em sua for-
ficar mérito e valor das instituições, áreas, cursos e mação. O exame é obrigatório e a situação de re-
programas, nas dimensões de ensino, pesquisa, ex- gularidade do estudante no Exame deve constar em
tensão, gestão e formação; 2) melhorar a qualidade seu histórico escolar. A primeira aplicação do Ena-
da educação superior, orientar a expansão da oferta; de ocorreu em 2004 e a periodicidade máxima da
3) promover a responsabilidade social das IES, res- avaliação é trienal para cada área do conhecimento
peitando a identidade institucional e a autonomia. (BRASIL, 2011f).
Segundo informações coletadas na página infor- Contudo, quais são os estudantes concluin-
mativa do SINAES, este instrumento de avaliação do tes? Por exemplo, para o ENADE 2018 dos Cur-
Ensino Superior possui uma série de instrumentos sos de Bacharelado ou Licenciatura, são aqueles
e componentes complementares que constituem a que tenham expectativa de conclusão do cur-
avaliação do curso e da instituição de ensino supe- so até julho de 2019 ou que tenham cumprido
rior. Sendo eles: a autoavaliação, a avaliação externa, 80% (oitenta por cento) ou mais da carga horária
o Enade, a Avaliação dos cursos de graduação e os mínima do currículo do curso da Instituição de
instrumentos de informação (censo e cadastro). Educação Superior (IES) até o final das inscrições
Os resultados das avaliações possibilitam traçar do Enade 2018. Os estudantes concluintes dos
um panorama da qualidade dos cursos e instituições Cursos Superiores de Tecnologia são aqueles que
de educação superior no país. A operacionalização tenham expectativa de conclusão do curso até de-
das avaliações é de responsabilidade do Inep. zembro de 2018 ou que tenham cumprido 75%
As informações obtidas com o Sinaes são utiliza- (setenta e cinco por cento) ou mais da carga ho-
das pelas IES para orientação da sua eficácia institu- rária mínima do currículo do curso da Instituição
cional e efetividade acadêmica e social; pelos órgãos de Educação Superior (IES) até o final das inscri-
governamentais para orientar políticas públicas; e ções do Enade 2018.
pelos estudantes, pais de alunos, instituições aca- O objetivo do Enade é avaliar o desempenho
dêmicas e público em geral para orientar suas deci- dos estudantes com relação aos conteúdos pro-
sões quanto à realidade dos cursos e das instituições gramáticos, o desenvolvimento de competências
(BRASIL, 2017). É importante lembrar que o ENA- e habilidades necessárias ao aprofundamento da
DE é uma avaliação de curso intrínseca aos demais formação geral e profissional e o nível de atuali-
componentes do SINAES, constituindo toda a ava- zação dos estudos com relação à realidade bra-
liação institucional que acontece nas Instituições de sileira e mundial. O Exame é parte integrante
Ensino Superiores. do Sistema Nacional de Avaliação da Educação

170
EDUCAÇÃO FÍSICA

Superior (SINAES), juntamente com a avaliação Adicionalmente, as notas no Enade e os va-


institucional e a avaliação dos cursos de gradua- lores calculados para o IDD de cada curso são
ção (BRASIL, 2017). combinados a indicadores de insumo referentes
O Enade até 2016 foi realizado por amostragem, a docentes, infraestrutura e fatores pedagógicos
mas em 2017 a realização do exame foi censitária, dos cursos para compor o Conceito Preliminar
ou seja, todos os estudantes concluintes habilitados de Curso (CPC). Esse indicador tem a função de
ao Enade 2017 e inscritos pela respectiva Instituição orientar e racionalizar as avaliações in loco. Se
participaram da prova. O Inep constitui a amostra maior que 2, o curso pode dispensar a visita e, as-
dos participantes a partir da inscrição, na própria sim, o CPC torna-se automaticamente o Conceito
instituição de ensino superior, dos alunos habilita- do Curso. Para os cursos visitados (por solicitação
dos a fazer a prova. A participação do estudante é ou por ter o CPC inferior a 3), o Conceito de Cur-
obrigatória, também é condição indispensável ao re- so é dado pelos avaliadores. Porém, caso divirja-se
gistro da regularidade no histórico escolar. do CPC, é necessário uma justificação sólida dos
A prova é composta de 40 questões, sendo 10 motivos. Com isso, espera-se eliminar a aparen-
questões da parte de formação geral e 30 da parte de te contradição entre indicadores objetivos e os da
formação específica da área, contendo questões dis- avaliação in loco. Assim, o CPC é um indicador
cursivas e de múltipla escolha que são especificadas intermediário que viabiliza e dá consistência ao
da seguinte forma: Conceito do Curso. A vantagem da avaliação in
1. Componente de formação geral, 10 (dez) loco é poder observar características específicas
questões, sendo 02 (duas) discursivas e 8 dos cursos que são impossíveis de se detectar com
(oito) de múltipla escolha, envolvendo situ- indicadores padronizados, e assim completar os
ações-problema e estudos de casos, com o
ciclos de avaliação dos cursos previstos no Sinaes
peso de 25% da prova.
(BRASIL, 2017).
2. Componente específico de cada área ou Cur-
A principal aplicação da nota do ingressante
so Superior de Tecnologia avaliado, 30 (trin-
ta) questões, sendo 3 (três) discursivas e 27 do Enade é o cálculo anual do IDD. Assim, a nossa
(vinte e sete) de múltipla escolha, envolvendo análise dessa potencial capacidade preditiva será re-
situações-problema e estudo de casos, com o alizada por meio do recálculo do IDD 2006, substi-
peso de 75% da prova. tuindo a nota do Enade dos alunos ingressantes pela
nota do Enem 2005 desses mesmos alunos. Os re-
O conceito do curso por meio do Enade é calcu- sultados dessa pesquisa permitirão ao MEC avaliar,
lado a partir das notas obtidas pelos estudantes. O de forma mais crítica, a importância da aplicação da
conceito é apresentado em cinco categorias (1 a 5), prova do Enade aos alunos ingressantes nos cursos
sendo que 1 é o resultado mais baixo e 5 é o melhor avaliados (BRASIL, 2011f).
resultado possível (BRASIL, 2011f).

171
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Avaliações
Internacionais

Além das avaliações em larga escala nacionais, o (indicators of national education systems) Indicado-
Inep também auxilia no desenvolvimento de algu- res dos Sistemas Educacionais Nacionais realizado
mas ações avaliativas internacionais, as quais in- pela OCDE. Esses dois últimos projetos constituem
cluem a participação em projetos de avaliação da as estatísticas educacionais dentro do âmbito inter-
Educação Básica e superior e a produção de indica- nacional, dos quais as pesquisas são feitas pelos
dores educacionais comparáveis internacionalmen- organismos internacionais. O Brasil, por meio do
te. Para o desenvolvimento das ações internacionais, Inep, também participa da Pesquisa Talis (Pesqui-
o Inep se articula com organismos internacionais, a sa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem),
fim de efetivar a cooperação institucional e técnica coordenada internacionalmente pela Organização
aprimorando e fortalecendo os sistemas de informa- para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ção e avaliação do Sistema Educacional Brasileiro. (OCDE), a pesquisa já foi realizada duas vezes no
Apresentaremos a você, caro(a) aluno(a), al- Brasil, em 2007 e em 2013.
guns programas ou projetos que o Inep partici- Participamos, também, do projeto Mercosul Edu-
pa para facilitar a cooperação internacional, tais cacional, que resulta da assinatura de um protocolo
como: o Celpe-Bras (Certificado de Proficiência de intenções elaborado pelos ministros da educação
em Língua Portuguesa para Estrangeiros); WEI de cada país que faz parte do bloco econômico do
(World Education Indicators) Indicadores Mun- Mercosul. Para este projeto, a educação é uma estraté-
diais da Educação, realizados pela UNESCO; INES gia de integração econômica e cultural entre os países

172
EDUCAÇÃO FÍSICA

do Mercosul. Além desses programas, o Brasil, por participantes. O programa é desenvolvido e coor-
intermédio do Inep, participa das Redes de Certifica- denado pela Organização para Cooperação e De-
ção ou Acreditação que visa a certificação da qualida- senvolvimento Econômico (OCDE) e, no Brasil, é
de de cursos superiores nos países participantes. coordenador também pelo Inep. Participam desse
Existem, também, os Estudos Regionais Com- programa apenas os países membros da OCDE e
parativos (PERCE; SERCE; TERCE), desenvolvidos também países convidados, como o Brasil, o Méxi-
pelo Laboratório Latino-americano de Avaliação da co, a Argentina e o Chile.
Qualidade da Educação (LLECE), que pertence à Segundo Libâneo, Toschi e Oliveira (2012, p.
oficina regional da UNESCO para a América Latina 268-269), o objetivo do PISA é “[...] obter indicado-
e Caribe (Orealc). Em suas três edições, os progra- res das efetividade dos sistemas educacionais de cada
mas avaliaram a qualidade da educação em séries/ país participante”. O período de realização acontece
anos específicos do Ensino Fundamental. a cada três anos e “[...] avalia o desempenho de alu-
A primeira edição do PERCE - Primeiro Estu- nos das escolas públicas e privadas, urbanas e rurais,
do Regional Comparativo e Explicativo, realizada das cinco regiões do país”.
em 1997, foi aplicada aos alunos da terceira e quarta De acordo com informações disponibilizadas na
série do Ensino Fundamental, avaliando as áreas da página do Inep, o objetivo do PISA é produzir indi-
linguagem, matemática e fatores associados. A se- cadores que contribuam para a discussão da quali-
gunda edição (SERCE), aplicada em 2006, avaliou dade da educação nos países participantes, de modo
o desempenho dos estudantes da terceira e sexta a subsidiar políticas de melhoria do ensino básico.
séries do Ensino Fundamental, nas disciplinas de A avaliação também procura verificar se as escolas
matemática, linguagem e ciências. A terceira edição de cada país estão ou não cumprindo com uma das
(TERCE) foi aplicada em 2013 e, até o momento da metas traçadas junto às agências internacionais, a
escrita deste material, não foram divulgadas mais in- saber: a preparação dos jovens para exercer o papel
formações sobre o seu desenvolvimento. de cidadãos na sociedade contemporânea.
Agora que você já conhece alguns dos progra- As avaliações do Pisa abrangem três áreas do
mas que o Brasil, por meio do Inep, participa inter- conhecimento – leitura, matemática e ciências – e
nacionalmente no âmbito da avaliação da Educação a cada edição atribuem maior ênfase para cada uma
Básica e Educação Superior, convido-o(a) para com- dessas áreas. Por exemplo, em 2000, o foco foi em
preenderem conosco o que é a avaliação do PISA leitura; em 2003, em matemática; e em 2006, em ci-
(Programa Internacional de Avaliação de Alunos), ências. O Pisa 2009 iniciou um novo ciclo do pro-
a qual é tão mencionada nas discussões atuais sobre grama, com o foco novamente recaindo sobre o
as políticas educacionais. domínio de leitura; em 2012, é novamente matemá-
O PISA é um programa de iniciativa interna- tica; e em 2015, ciências. De acordo com o Relatório
cional de avaliação comparada, aplicada apenas aos Nacional PISA 2012 (resultados brasileiros) (INEP,
estudantes na faixa etária dos quinze anos de idade, 2012), revelou-se que o Brasil avançou em pontos na
período em que subentende-se o término da esco- área mais avaliada em 2012 que foi matemática, com
laridade básica obrigatória na maioria dos países relação aos outros países.

173
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Contudo, você pode se perguntar “então por que em 2012, respectivamente, 518,8 e 481,4 contra 391,5
o Brasil não está entre os melhores classificados do do Brasil. Mesmo o Brasil apresentando um avanço
PISA?” Para responder essa pergunta há que se anali- significativo em seus dados, ainda está longe de che-
sar a média dos outros países, por exemplo, Finlândia gar perto dos países desenvolvidos. Conforme mostra
e Estados Unidos da América possuíam como média, a tabela comparativa das edições de 2003 a 2012.

Tabela 1 - Comparativo das edições do PISA de 2003 a 2012

Diferença entre
PISA 2003 PISA 2006 PISA 2009 PISA 2012
2003 e 2012
Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP
Brasil 356,0 4,8 369,5 2,9 385,8 2,4 391,5 2,1 35,4 5,4
México 385,2 3,6 405,7 2,9 418,5 1,8 413,3 1,4 28,1 4,1
Portugal 466,0 3,4 466,2 3,1 486,9 2,9 487,1 3,8 21,0 5,3
Coreia do Sul 542,2 3,2 547,5 3,8 546,2 4,0 553,8 4,6 11,5 5,8
Espanha 485,1 2,4 480,0 2,3 483,5 2,1 484,3 1,9 -0,8 3,4
EUA 482,9 2,9 474,4 4,0 487,4 3,6 481,4 3,6 -1,5 4,9
Uruguai 422,2 3,3 426,8 2,6 426,7 2,6 4409,3 2,8 -12,9 4,5
Finlândia 544,3 1,9 548,4 2,3 540,5 2,2 518,8 1,9 -25,5 3,0
Argentina - - 381,3 6,2 388,1 4,1 388,4 3,5 - -
Peru - - - - 365,1 4,0 368,1 3,7 - -
Colômbia - - 370,0 3,8 380,8 3,2 376,5 2,9 - -
Chile - - 411,4 4,6 421,1 3,1 422,6 3,1 - -
Fonte: ODCE/INEP (2012, p. 15, on-line)2.

Além de observar as competências dos estudantes a formação dos jovens para a vida futura e para a
em leitura, matemática e ciências, o Pisa coleta in- participação ativa na sociedade.
formações para a elaboração de indicadores contex-
tuais, os quais possibilitam relacionar o desempenho
dos alunos a variáveis demográficas, socioeconômi-
REFLITA
cas e educacionais. Essas informações são coletadas
por meio da aplicação de questionários específicos
para os alunos e para as escolas. Você concorda que poderíamos almejar como
meta para 2022 um número mais alto? Diante
Os resultados desse estudo podem ser utilizados do atual contexto da educação brasileira, as
pelos governos dos países envolvidos como instru- condições para superar a meta são possíveis
mento de trabalho na definição e refinamento de ou impossíveis de serem alcançadas?

políticas educativas, procurando tornar mais efetiva

174
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), na Unidade IV, o objetivo foi mostrar a você uma parte
da gama de avaliações em larga escala que são aplicadas na educação
brasileira. Espero que você, após ter lido esta unidade, tenha observado
a importância nacional e internacional que essas avaliações expressam
ao Sistema Educacional brasileiro.
Ainda que as avaliações nacionais e internacionais contribuam com a ava-
liação da qualidade do ensino no Brasil, seus critérios qualitativos pouco con-
sideram os fatores sociais, culturais e econômicos que norteiam todo Sistema
Nacional de Educação. Alguns testes solicitam que os participantes responderam
questionários socioeconômicos, porém esse modelo de avaliação ainda está longe
de considerar que fatores sociais, culturais e econômicos, os marcam diferenças
em nossa extensa área territorial.
Portanto, meu caro(a) aluno(a), sempre que ler ou ouvir críticas ao Sistema
de Avaliação Brasileiro, pense com bases científicas que nem sempre essas críti-
cas revelam contrariedade às avaliações em larga escala, contudo, expressam a
necessidade de ampliar as discussões sobre melhorias nas formas de avaliação do
sistema, considerando não apenas análises quantitativas, mas também qualitati-
vas sobre a educação no Brasil.
Para finalizar esta unidade, quero levar você a refletir se a avaliação tem como
objetivo conhecer para intervir de forma eficiente nos problemas da educação
brasileira detectados e sempre anunciados. O que pode explicar a premiação das
escolas cujos alunos apresentam melhor desempenho e a punição das mais fracas
por meio da baixa colocação no ranqueamento das escolas? A lógica de inter-
venção não deveria ser outra? Para obter bons resultados, é preciso que a escola
tenha uma equipe motivada e engajada no processo educativo, não apenas para
os testes institucionais, mas para que os alunos aprendam para a vida. Deve-se
levar em consideração as condições objetivas de ensino, as desigualdades sociais,
econômicas e culturais dos alunos. Desta forma, olhar para esses aspectos e reco-
nhecer que o processo educativo pode promover a construção da qualidade e a
democratização da educação no Brasil.

175
atividades de estudo

1. Em nossos estudos, vimos a importância do Sistema de Avaliação da


Educação Básica (Saeb) na regulamentação e manutenção de índices e
informações que diagnosticam a realidade de nossas escolas. O Saeb é
composto com três avaliações externas complementares: a Aneb, Anresc/
Prova Brasil e a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA). Nesse sentido,
analise as asserções, considerando 1 para características da Aneb, 2 para
Anresc/Prova Brasil e 3 para Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA).
( ) É realizada por amostragem, com foco na gestão dos sistemas educacionais.
( ) O foco é a alfabetização, de acordo com os direcionamentos do Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa.
( ) Tem como principal objetivo avaliar a Educação Básica brasileira e contribuir para a
melhoria de sua qualidade e para a universalização do acesso à escola.
( ) Avalia habilidades em língua portuguesa (foco em leitura) e matemática (foco na reso-
lução de problemas).
A sequência correta é:
a. 1, 2, 3 e 1.
b. 1, 3, 1 e 2.
c. 2, 2, 1 e 3.
d. 3, 2, 1 e 3.
e. 1, 1, 2 e 3.

2. A implementação das avaliações realizadas no Sistema Educacional Brasi-


leiro ocorreu devido à necessidade política da administração que necessita
mensurar a qualidade, eficiência, equidade e rendimento da aprendizagem
dos alunos no contexto educacional. O Sistema de Avaliação da Educação
Básica (Saeb) consolidou-se no campo das políticas públicas brasileira com
alguns objetivos. Em relação a esses objetivos, analise as afirmativas:
I. Contribuir para a melhoria da qualidade da educação em nosso país.
II. Promover a universalização do acesso à escola.
III. Extinguir a oferta do ensino privado.
IV. Oferecer subsídios concretos para formulação, reformulação e monitora-
mento das políticas públicas educacionais voltadas à Educação Básica.

176
atividades de estudo

É correto apenas o que se afirma em:

a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) I, II e IV.

3. A educação brasileira possui como indicador principal para monitorar a


qualidade da oferta do ensino o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Edu-
cação Índice de Desenvolvimento da Educação). Para constituir os indica-
dores de qualidade educacional nacional, o Ideb utiliza- se de:
a. Dados relacionados ao índice de matriculados na Educação Básica e avalia-
ções periódicas de responsabilidade das instituições de ensino.
b. Dados provenientes dos resultados das proficiências dos alunos aptos
para frequentar o Ensino Médio.
c. Resultados obtidos por meio das avaliações, como Saeb, Prova Brasil,
Enem e considerando as informações levantadas pelo Censo Escolar.
d. Resultados obtidos de unicamente uma prova específica formulada e apli-
cada pelo próprio Ideb anualmente.
e. Dados obtidos exclusivamente da Provinha Brasil, aplicada no Ensino Fun-
damental.

4. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira


(Inep) tem como objetivo subsidiar a formulação e implementação de po-
líticas públicas para a área educacional a partir de parâmetros de quali-
dade de ensino. Dentre suas atribuições, podemos destacar a produção
de informações e dados claros e confiáveis aos gestores, pesquisadores,
educadores e público em geral referentes ao andamento da educação em
nosso país. Nesse sentido, disserte sobre a importância do Inep para
as políticas públicas de nosso país.

5. Dentre as diversas alterações na legislação com a Reforma do Ensino Mé-


dio, descreva três dessas mudanças com base na LDB anexa neste livro.

177
LEITURA
COMPLEMENTAR

Agora que já conhecemos o contexto das avaliações e Nos anos finais (sexto ao nono) do ensino fundamen-
índices nacionais da educação brasileira, quero convidá- tal, o Ideb nacional atingiu 4,1 em 2011, e ultrapassou a
-lo(a) a refletir sobre a seguinte questão: as avaliações meta proposta, de 3,9. Considerada tão somente a rede
nacionais demonstram que o Brasil, em termos educa- pública, o índice nacional chegou a 3,9 e também supe-
cionais, está avançando? rou a meta, de 3,7. De todos os municípios submetidos
Em termos numéricos, os dados levantados pelo Ideb/ à avaliação do Ideb para os anos finais do ensino funda-
Inep revelam que sim, estamos avançando; mas e a qua- mental (cerca de 4,3 mil), 62,5% atingiram as metas, que
lidade do ensino e das condições como este é ministrado foram superadas também em todas as regiões do país.
têm acompanhado esse crescimento? As respostas ain- Dados do Ideb publicados na página do Inep revelam,
da não temos prontas, por isso podemos refletir sobre ainda, que em termos numéricos, a Educação Básica no
essas questões ao analisarmos os dados que nos são Brasil progrediu, pois a média nacional registrada em
apresentados. Vamos lá? Para refletirmos sobre essa 2005 era de 3,8 na primeira fase do Ensino Fundamental.
questão, vamos utilizar como subsídio ou fonte os dados Atualmente estamos caminhando para alcançar a meta
publicados no site do Inep sobre o Ideb 2011 e as metas do Ideb igual a 6,0 até o ano de 2022, ano em que a Inde-
de qualidade para os próximos anos. pendência do Brasil completará seu bicentenário.
Segundo esses dados, o Brasil, de acordo com o Ideb, Parece uma meta distante não acha? Mas, se pararmos
atingiu as metas estabelecidas em todas as etapas do para pensar é uma meta baixa, ou melhor, mediana para
ensino básico (anos iniciais do Ensino Fundamental e alcançarmos somente até daqui a alguns anos, princi-
Ensino Médio). Como exemplo, os dados revelam que palmente se analisarmos a complexidade do Sistema de
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o Ideb nacional Avaliação Nacional e também os investimentos destina-
alcançou 5,0. Ultrapassou não só a meta para 2011 (de dos à educação, mas que contraditoriamente não tem
4,6), como também a proposta para 2013, que era de 4,9. contribuído muito, na prática, para o Sistema Educacio-
Nessa etapa do ensino, a oferta é prioritariamente das nal do país.
redes municipais, que concentram 11,13 milhões de ma- Fonte: as autoras.
trículas, quase 80% do total. O Ideb para os anos iniciais
do ensino fundamental da rede municipal foi calculado
em 5.222 municípios. A meta para 2011 foi alcançada por
4.060 deles (77,5%). Então, podemos observar que os da-
dos do Ideb 2011 e sua proposta para 2013 indicam que
a Educação Básica no Brasil avançou, certo?

178
EDUCAÇÃO FÍSICA

Planejamento e avaliação educacional


Rejane de Medeiros Cervi

Editora: Intersaberes, 2013


Sinopse: nesse livro, a autora propõe novas óticas para as ati-
vidades educacionais nas escolas. Ao retratar a importância
do planejamento e da avaliação continuada, a autora analisa
a realidade brasileira sob o ponto de vista da educação, de-
monstrando soluções para se superar obstáculos e melhora
da qualidade do ensino no país. Além disso, a autora também apresenta a organização os
sistemas institucionais de planejamento e avaliação, os quais mencionam as avaliações em
larga escala no Brasil.

Apresentação: para obter informações sobre o Ideb das escolas em qualquer dependência
administrativa, você pode acessar o portal do Ideb no Inep e mencionar os dados necessários
para a consulta do Ideb de cada instituição.
Disponível em: <http://ideb.inep.gov.br/>

Apresentação: para informações sobre o cálculo do Ideb, consulte o texto para discussão nº
26 da Série Documental do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Disponível em: <http://escoladegestores.mec.gov.br/site/6-sala_topicos_especiais_pne/tex-
tos_links/ideb.pdf>.

Apresentação: para mais informações sobre os componentes avaliativos que constituem o


SINAES, visite o site do Inep. Veja como sua instituição é avaliada quando recebe comissões
do MEC e quando os alunos participam do Enade.
Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/superior-sinaes-componentes>
Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/superior-sinaes-instrumentos>.

Apresentação: para obter informações sobre o Ideb das escolas em qualquer dependência
administrativa, você pode acessar o portal do Ideb no Inep e mencionar os dados necessários
para a consulta do Ideb de cada instituição.
Disponível em: <http://ideb.inep.gov.br/>.

179
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

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180
EDUCAÇÃO FÍSICA

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v2016.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2017.
2
Em: <http://www.oecd.org/>. Acesso em: 12 dez. 2017.

181
gabarito

1. B.
2. E.
3. C.
4. O Inep, como fonte de dados em relação ao andamento da educação de nosso país,
contribui para que a comunidade escolar em geral conheça a realidade de cada insti-
tuição e a partir das necessidades delas busquem subsídios para melhorias por meio
das políticas públicas.
5. Dos três anos relativos, você passaria ao ensino médio; um ano e meio o alu-
no estudará a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ou seja, matérias fixas e
constantes para todos os alunos. No ano e meio restante, o aluno direcioná o seu
currículo para seus interesses profissionais e acadêmicos (linguagens, matemática,
ciências da natureza e ciências humanas), tal como em um curso técnico. As discipli-
nas obrigatórias nos três anos do ensino médio são: português, matemática e inglês.
A carga horária passou de 800 horas para 1.400 horas, o período de transição prevê
aumento de carga horária para 1000 horas.

182
UNIDADE
V
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
(2014-2024)

Professora Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza


Professora Dra. Mara Cecilia Rafael Lopes
Professora Dra. Caroline Mari de Oliveira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• A estrutura do PNE (2014-2024), aspectos legais e históricos
• Metas do PNE (2014-2024) com foco para a educação
básica e suas modalidades.

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer o Plano Nacional de Educação (2014-2024).
• Analisar as metas estabelecidas no Plano Nacional
de Educação (2014-2024), bem como seus limites e
perspectivas nas políticas educacionais brasileiras.
unidade

V
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), nesta última unidade, vamos estudar o Plano
Nacional de Educação, que visa assegurar as condições básicas
para que todo cidadão tenha direito à educação de qualida-
de. O PNE foi aprovado pelo Plenário da Câmara dos Depu-
tados após três anos e meio de tramitação no Congresso. A presidente
Dilma Rousseff  sancionou o PNE em 25 de junho de 2014.
Visando levantar discussões, optamos por tratar as problematizações
do PNE como política de governo e não de Estado, pois a retórica de
assegurar condições básicas para o direito à educação se repete histori-
camente desde a década de 30. Uma política de Estado é permanente e
deve oferecer garantias a todo cidadão, uma política de governo pode ser
circunstancial e possui um tempo determinado. O PNE (2014-2024) se
constitui em um conjunto articulado de metas e estratégias que pretende
responder às necessidades educacionais do País.
Identificamos no plano alguns embates entre o que foi discutido nas
conferências e o que o governo propôs na redação final, ou seja, toda
a mobilização que ocorreu entre os profissionais da educação foi, ape-
nas em parte, considerada. No entanto, o novo PNE se apresenta como
epicentro das ações políticas educacionais no Brasil, cabe a nós, caro(a)
aluno(a), acompanhar e monitorar sua implementação.
No PNE, vários aspectos discutidos nas unidades anteriores serão
retomados: a CF 1988, a LDB 1996, o regime de colaboração, descentra-
lização, privatização, focalização, avaliação, qualificação profissional, fi-
nanciamento, inclusão, orientações externas, entre outros. O PNE é nos-
so foco até 2022, é uma maneira de assegurarmos a execução de várias
metas estabelecidas no plano, por meio do acompanhamento e avaliação
e mobilização dos profissionais de educação.
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A Estrutura do PNE (2014-2024),


Aspectos Legais e Históricos
A Conferência Nacional de Educação (CONAE), • A Constituição Brasileira de 1934, cujo artigo
ocorrida no período de 28 de março a 1º de abril de 150, alínea a) estabelecia como competência
da União “fixar o plano nacional de educa-
2010, foi um momento ímpar para a educação bra-
ção, compreensivo do ensino de todos os
sileira. Seu objetivo, assim como os das conferências
graus e ramos, comuns e especializados; e co-
estaduais e municipais realizadas anteriormente, foi ordenar e fiscalizar a sua execução, em todo
indicar diretrizes e estratégias de ação para o novo o território do país”, instaurou no artigo 152
PNE (2014-2024). Na abertura da CONAE, o pro- um Conselho Nacional de Educação, com a
fessor emérito Demerval Saviani expôs um texto de- função de elaborar o Plano Nacional de Edu-
nominado “Sistema Nacional de Educação articula- cação (SAVIANI, 2010).
do ao Plano Nacional de Educação”, no qual reuniu • Enquanto para os educadores alinhados com
elementos teóricos e históricos para subsidiar a dis- o movimento renovador o plano de educa-
cussão do PNE. Seguem os apontamentos históricos ção era entendido como um instrumento
de introdução da racionalidade científica na
do texto para embasar nossa discussão:
política educacional; para Getúlio Vargas e
• Historicamente, no Brasil, podemos identifi-
Gustavo Capanema, o plano se convertia em
car a origem da ideia de plano na educação a
instrumento destinado a revestir de raciona-
partir da década de 30. Sua primeira mani-
lidade o controle político-ideológico exer-
festação explícita nos é dada pelo “Manifesto
cido pela política educacional (SAVIANI,
dos Pioneiros da Educação Nova” lançado
2010, p. 389).
em 1932 (SAVIANI, 2010, p. 389).

188
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Durante o período do Estado Novo (1937- • Com o início da “Nova República” passou-se
1945), Capanema se aproxima da ideia de
Plano de Educação, o qual se constituiria na [...] de uma estratégia de formulação de polí-
“base e roteiro das providências de governo” ticas, planejamento e gestão tecnocrática, con-
no âmbito educacional (SAVIANI, 2010). centrada no topo da pirâmide no governo au-
• No período compreendido entre 1946 e 1964, toritário, para o polo oposto, da fragmentação
observa-se uma tensão entre duas visões de e do descontrole, justificado pela descentraliza-
ção, mas imposto e mantido por mecanismos
Plano de Educação, travada por ocasião da
autoritários (KUENZER, 1990, p. 61).
discussão no Congresso Nacional do projeto
da nossa primeira Lei de Diretrizes e bases da • Quanto ao PNE (2001-2010), este resultou de
Educação Nacional (SAVIANI, 2010). duas propostas: uma elaborada pelo MEC na
• Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio- gestão Paulo Renato, do governo FHC, e ou-
nal, promulgada em 20 de dezembro de 1961, tra gestada no II Congresso Nacional de Edu-
refere-se a “plano de educação”, mas focado cação. A proposta do MEC, dado o empenho
na distribuição de recursos (SAVIANI, 2010). em reorganizar a educação na égide da redu-
• Designado para relatar o Plano Nacional de ção de custos traduzida na busca da eficiên-
Educação no Conselho Federal de Educa- cia sem novos investimentos, revelou-se um
ção, Anísio Teixeira esclareceu o sentido do instrumento de introdução da racionalidade
preceito legal e arquitetou um procedimen- financeira na educação. Pelo empenho em se
to engenhoso para a distribuição dos recur- guiar pelo princípio da “qualidade social”, po-
sos, detalhando-o no que se refere ao plano deríamos considerar que a segunda proposta
do Fundo Nacional do Ensino Primário. Foi entende o plano como um instrumento de in-
esse procedimento que inspirou a criação, em trodução da racionalidade social na educação
1996, do Fundo de Manutenção e Desenvol- (SAVIANI, 2010, p. 391).
vimento do Ensino Fundamental e de Valori-
zação do Magistério (FUNDEF) (SAVIANI, As oportunidades de elaboração do PNE nas dé-
2010, p. 390). cadas de 30, 40, 60 e 90 não asseguraram o direito
• A partir de 1964, o protagonismo no âmbito educacional a todos; mesmo quando elaborados,
do planejamento educacional se transfere dos não se efetivaram. Os apontamentos históricos de-
educadores para os tecnocratas o que, em ter- monstram que o Brasil não é um país que cumpre
mos organizacionais, se expressa na subordi-
o planejamento das políticas educacionais. Temos
nação do Ministério da Educação ao Ministé-
rio do Planejamento, cujos corpos dirigente e uma nova oportunidade a partir da aprovação do
técnico eram, via de regra, oriundos da área PNE (2014-2024), vamos então compreendê-la.
de formação correspondente às ciências eco- Atente para as determinações legais da CF/1988 e
nômicas (SAVIANI, 2010, p. 390). LDB/1996.

189
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

CF/1988 LDB/1996
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de Art. 9º A União incumbir-se-á de: (Regulamento)
educação, de duração decenal, com o objetivo de I- elaborar o Plano Nacional de Educação, em
articular o sistema nacional de educação em regime colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas Municípios;
e estratégias de implementação para assegurar a Art. 10. Os estados incumbir-se-ão de:
manutenção e desenvolvimento do ensino em seus III– elaborar e executar políticas e planos educa-
diversos níveis, etapas e modalidades por meio de cionais, em consonância com as diretrizes e planos
ações integradas dos poderes públicos das diferentes nacionais de educação, integrando e coordenando as
esferas federativas que conduzam a: (Redação dada suas ações e as dos seus municípios;
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) Art. 11. Os municípios incumbir-se-ão de:
I- erradicação do analfabetismo; I– organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
ções oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-
II- universalização do atendimento escolar;
-os às políticas e planos educacionais da União e dos
III- melhoria da qualidade do ensino; estados;
IV- formação para o trabalho; Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se
V- promoção humanística, científica e tecnológica do um ano a partir da
País. publicação desta lei.
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publica-
VI- estabelecimento de meta de aplicação de recursos
ção desta lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o
públicos em educação como proporção do produto
Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas
interno bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
para os dez anos seguintes, em sintonia com a Decla-
59, de 2009)
ração Mundial sobre Educação para Todos.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos
de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita
resultante de impostos, compreendida a proveniente
de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino.
§ 3º- A distribuição dos recursos públicos assegura-
rá prioridade ao atendimento das necessidades do
ensino obrigatório, nos termos do plano nacional de
educação.

A promulgação da CF de 1988, em seu artigo 214, do atendimento escolar; melhoria da qualidade do


estabelece o Plano Nacional de Educação, de dura- ensino; formação para o trabalho e promoção hu-
ção plurianual, visando à articulação e ao desenvol- manística, científica e tecnológica do país. Na LDB
vimento do ensino em seus diversos níveis e à inte- nº 9.394/96, a obrigatoriedade da construção do pla-
gração das ações do Poder Público, que conduzam no nacional se encontra no artigo 9º com responsa-
à erradicação do analfabetismo; universalização bilidade, por sua elaboração, da União.

190
EDUCAÇÃO FÍSICA

Mesmo com essas determinações legais, o PNE


(2001-2010) foi elaborado por pressão social, pro-
duzida pelo “Fórum Nacional em Defesa da Escola
Pública” - duas propostas apresentadas à Câmara
dos Deputados, uma elaborada pelo governo e ou-
tra, pela sociedade civil.

Essas duas propostas poderiam ser contempla-


das como uma possibilidade de se iniciar um
debate acerca da elaboração do PNE. Entre-
tanto isto não aconteceu, porque o presidente
Fernando Henrique Cardoso definiu o plano
do governo como anexo ao plano da socieda-
de brasileira. Sua aprovação ocorreu em 9 de
janeiro de 2001, com um texto substituto ela-
borado pelo deputado Nelson Marchesan, na
forma da Lei nº 10.172, vetando vários artigos
considerados os mais relevantes pela socieda-
de, como as diretrizes, as metas e os objetivos
(MOREIRA, 2012, p. 173).

O PNE (2001-2010) teve 285 metas agrupadas em


prioridades, a maioria não cumprida, em geral,
pelo fato de o artigo que recomendava o investi-
mento de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) em
Educação ter sido vetado pelo então presidente
Fernando Henrique Cardoso.

191
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Metas do PNE (2014-2024) com Foco Para a


Educação Básica e Suas Modalidades
Para a elaboração do PNE (2014-2024), ocorreram Em todo o processo de elaboração do PNE
encontros e debates nas conferências municipais e (2014-2024), nas conferências municipais, estadu-
estaduais em 2009 e, posteriormente, houve os co- ais e a etapa nacional foram envolvidas cerca de 3
lóquios e mesas de discussões na Conae, etapa na- milhões de pessoas do país todo. Contudo, caro(a)
cional, em 2010. Os eixos de discussão foram: 1) o aluno(a), apesar de olharmos de forma positiva para
papel do Estado na garantia do direito à educação de toda essa mobilização em prol da educação, o pro-
qualidade: organização e regulação da educação na- blema é que muitas decisões estabelecidas na Conae
cional; 2) democratização do acesso, permanência não estão na redação final do plano.
e sucesso escolar; 3) qualidade, gestão democrática Entre “trancos” e “barrancos”, o PNE apresenta-
e avaliação da educação; 4) formação e valorização -se como uma referência para a política educacional
dos trabalhadores em educação; 5) financiamento até 2024. Agora que conhecemos um pouco o con-
da educação e controle social; 6) justiça social, edu- texto do plano, sintetizamos os avanços, conquistas e
cação e trabalho: inclusão, diversidade e igualdade. limites propostos nas 20 metas e suas 170 estratégias.

192
EDUCAÇÃO FÍSICA

Quadro 1 - Metas do Plano Nacional de Educação 2014-2024

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2014-2024)


Meta Setores
Meta 1 Educação Infantil
Metas de 2 a 5 Ensino Fundamental
Meta 3 Ensino Médio
Meta 4 Educação Especial
Meta 6 Organização do espaço-tempo da educação básica
Meta 7 Avaliação da educação básica
Metas 8, 9 e 10 Educação de Jovens e Adultos
Meta 11 Educação Profissional
Metas 12, 13 e 14 Educação Superior
Metas 15, 16, 17 e 18 Para o magistério e servidores da educação básica
Meta 19 Para os diretores de escolas
Meta 20 Para o investimento em educação
Fonte: adaptado de Planejando a Próxima Década (2014, on-line)1.

Na opinião de Luiz Fernandes Dourado (2011), pro- Arelaro (2011) pontua:


fessor da Universidade Federal de Goiás (UFG), o
novo plano tem heranças importantes: o redimen- [...] nós chegamos ao processo de elaboração
de um plano que eu diria, dado o tamanho do
sionamento dos recursos, por meio do Fundeb; a
nosso país, relativamente participativo. O que
otimização da relação entre os entes federados; a aconteceu agora, do ponto de vista de mobili-
ampliação da escolarização obrigatória no país, por zação estadual e municipal, foi maior, não há
meio da Emenda Constitucional nº 59/2009, que dúvida. No entanto, nós estamos vivendo um
ampliou a educação básica obrigatória e gratuita dos descompasso entre aquilo que foi discutido no
Brasil e aquilo que foi escolhido pelo governo
4 aos 17 anos de idade. Dourado (2011) sinaliza a
como um plano a ser apresentado (apud OC-
importante participação da sociedade: TAVIANO; NORONHA, 2011, on-line)2.

(O plano) tem se efetivado por meio da reali- Em relação à ampliação do investimento (meta 20)
zação de audiências públicas, seminários, de-
e expansão das escolas em tempo integral (50%),
bates, entre outros. Nesse processo, merece ser
ressaltada a efetiva participação e articulação Arelaro (2011 apud OCTAVIANO; NORONHA,
entre as entidades da sociedade civil organiza- 2011, on-line)2 coloca que é fundamental lembrar
da, particularmente, dos setores acadêmicos e que, para concretizá-las com qualidade, é neces-
sindicais ligados à área de educação (apud OC- sário um grande volume de investimento, pois te-
TAVIANO; NORONHA, 2011, on-line)2.
mos 33 milhões de alunos matriculados no país:

193
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

“Se você fizer as contas, só pra você cumprir essa Pires (2011) analisou a educação tecnológica e for-
meta, de que 50% das escolas tenham período mação profissional no contexto atual do PNE 2014-
integral, supondo que você vai fazer um projeto 2024 e destaca:
educativo interessante, e que seja instigante para o
jovem, custa caro” (apud OCTAVIANO; NORO- A análise aqui empreendida demonstrou que o
que norteia a educação profissional e tecnoló-
NHA, 2011, on-line)2. Os dados do Censo 2016
gica não é, na verdade, a preocupação com a
mostram que, nesse ano, o número de matrículas formação humana: há outros interesses, dentre
na educação básica foi de 48,8 milhões de alunos, os quais as exigências dos setores produtivos.
em 186,1 mil escolas. Assim, a formação do trabalhador em institui-
A utilização do Ideb, para a autora, como ções notadamente tecnológicas atende a lógica
do capital e “forma” indivíduos tecnicamente
está prevista na meta 7 do plano atual, não pos-
capazes de manterem a ordem estabelecida e
sui aplicação condizente com a realidade e pode não de compreenderem as mudanças do pro-
significar um atraso utilizá-lo como referência de cesso produtivo (PIRES, 2011, p. 214).
avaliação educacional. O Ideb, para Arelaro (2011
apud OCTAVIANO; NORONHA, 2011, on-line)2 Para a autora, a proposta do plano está vinculada
e Dourado (2011), tem limites e necessita agregar ao setor produtivo com uma formação flexível de
outras variáveis. Sem desconsiderar a importân- qualificação do trabalhador (polivalente) com in-
cia do índice, mas a educação é carente de uma teresses práticos e imediatos devido à emergência
avaliação orgânica. do capital. Ela parte do entendimento de que a
formação do trabalhador brasileiro deve ser unitá-
ria, como definiu Gramsci (1986), o que significa
SAIBA MAIS
compreendê-la como possibilidade de construção
de conhecimentos que vão além de saber “exercer
Daniel Cara, em entrevista para a revista Brasil a profissão” (PIRES, 2011 p. 193). As propostas do
de Fato, fala sobre o PNE. PNE 2014-2024 devem ir além da expansão de va-
“O Brasil tem uma dívida histórica com a edu-
cação, não vamos conseguir recuperar 500 gas, cursos e instituições, e abarcarem uma forma-
anos em 10, mas ao final do Plano queremos ção “[...] ampla e continuada do cidadão brasileiro”
estar minimamente próximos de respeitar o (PIRES, 2011, p. 215).
direito à educação” (BRASIL DE FATO, 2014,
on-line)3. Uma conquista do plano é referente à questão da
Caro(a) aluno(a), caso queira ler o restante da diversidade, o plano anterior trazia apenas a educa-
entrevista, acesse o link disponível em: <ht- ção de especiais para especiais, sendo que a estrutu-
tps://www.brasildefato.com.br/node/29114/>.
ra social da nossa sociedade é pluriétnica, multirra-
Fonte: as autoras. cial e intensamente desigual, bem como as relações
que nela estabelecemos. No novo plano, a discussão

194
EDUCAÇÃO FÍSICA

da diversidade, da educação inclusiva ganhou corpo. que atuam”. A meta 17 prevê a valorização do profes-
No prisma da diversidade, temos coletivos diversos: sor de magistério e a aproximação do salário desse
população LGBT, mulheres, negros, quilombolas, profissional aos de escolaridade similar. É importan-
indígenas, pessoas com deficiência, povos do cam- te lembrar, caro(a) aluno(a),
po, entre outros. Nossa realidade no Brasil é de “[...]
uma prática social estruturada na hierarquização so- [...] que a previsão de instituição do piso sala-
rial e planos de carreira no ano de 2001 somen-
cial, no racismo, na desigualdade de renda, na falta
te se concretizou em 2009 quando o piso, neste
de garantia das condições básicas de sobrevivência ano de 2011, atinge o valor de R$ 1.024 para 40
que incide principalmente sobre uma parcela do horas de trabalho. Além disso, é digno de nota
povo brasileiro” (GOMES, 2011, p. 246). que nem todos os estados e municípios imple-
O plano avançou especialmente no que se re- mentaram o piso, como também os planos de
carreira, que deveriam ser instituídos até 2009,
fere à educação escolar indígena, à educação espe-
e que ainda se encontram na dependência da
cial e à educação no campo (GOMES, 2011). Cabe aprovação das assembleias legislativas e câma-
lembrar do princípio constitucional nas políticas ras municipais (AGUIAR, 2011, p. 277).
públicas educacionais, que o direito à educação
se faz pela oportunidade de aprender, garantida Uma importante vitória do novo PNE quanto ao fi-
a todos os sujeitos. Nesse sentido, “todos” reme- nanciamento, apesar de o governo tentar barrar os
te ao princípio da diversidade que compreende 10% do PIB para a educação e o CAQi (Custo Aluno
toda uma população: diversidade étnica, racial, de Qualidade), foi a pressão dos movimentos sociais
gênero, etária, de saberes, de pessoas com defici- na Câmara que resultou na aprovação desses dois
ência, de locais de moradia, cultural, socioeconô- pontos, portanto, manteve a concessão de recursos
mica, entre outros. Perceba, caro(a) aluno(a), que públicos às instituições privadas.
lutamos ainda pelo básico em nossa sociedade. O Nesse contexto de avanços, a obrigatoriedade
reconhecimento da diversidade para garantir o ób- e gratuidade do ensino dos 4 aos 17 anos são enor-
vio: o respeito ao ser humano. mes desafios. A Pesquisa Nacional por Amostra
As metas 15, 17 e 18 são discutidas, por Aguiar de Domicílios/2009 (PNAD) demonstrou que
(2011), como o grande desafio na afirmação de uma mais de 3,6 milhões de crianças e jovens dessa fai-
política para a valorização do magistério. A valori- xa etária estavam fora da escola; nesse grupo de
zação dos profissionais da educação deve levar em crianças, a maioria era de quatro ou cinco anos,
conta o tripé: salário, carreira e formação inicial e ou seja, 25,2%. Os jovens de 15 a 17 anos, 14,8%,
continuada. A meta 15 estabelece o desafio de “que encontravam-se fora da escola, totalizando mais
todos os professores da educação básica possuam de 725 mil crianças estão fora da escola (IBGE/
formação específica de nível superior, obtida em PNAD, 2008). Veja os dados atualizados em 2015
curso de licenciatura na área de conhecimento em pelo Censo.

195
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Crianças fora da Escola


O atual PNE, com vigência entre 2014 e 2024, em
Quantidade em milhão
seu artigo 5° da Lei, preconiza que, ao longo desse
decênio, para assegurar a implementação das metas,
ocorra monitoramento contínuo e avaliações peri-
ódicas da execução e do cumprimento das metas
do Plano. As instâncias, como: Ministério da Edu-
3,7 3,8
3,5 cação (MEC); Comissão de Educação da Câmara
3
dos Deputados e Comissão de Educação, Cultura e
Esporte do Senado Federal; Conselho Nacional de
Educação (CNE); e Fórum Nacional de Educação
(FNE) devem divulgar, em seus respectivos sítios
2010 2012 2014 2015 institucionais, os resultados do monitoramento e
Figura 1 - Crianças fora da escola
das avaliações que realizarem. O artigo 5° prevê,
Fonte: Soria (2016, on-line)4.
ainda, que o Inep

Apesar dos números terem diminuído de 3,8 mi- [...] a cada dois anos ao longo do período de
vigência deste PNE [...] publicará estudos
lhões em 2014 para 3 milhões em 2015, ainda esta-
para aferir a evolução no cumprimento das
mos falando de 3 milhões de crianças fora da esco- metas estabelecidas no Anexo desta Lei, com
la, isso equivale a quase 7% da população brasileira informações organizadas por ente federa-
longe dos estudos. A educação como um dos pilares do e consolidadas em âmbito nacional [...].
para se construir uma base sólida na busca por uma (BRASIL, 2014).

sociedade com oportunidades para todos deve ser


universalizada, para isso, ela deve se constituir como Prezado(a) aluno(a), a partir desses conhecimentos,
uma política de Estado, assim deve ser permanente. nossa orientação é: acompanhe constantemente os
sítios institucionais indicados, as alterações e discus-
REFLITA sões da área educacional, participe, leia, discuta, se
envolva com as instâncias colegiadas de sua cidade,
Diante da complexidade dos problemas edu- tais atitudes fazem parte de sua profissão.
cacionais no Brasil, o que precisa ser feito
para que o PNE se traduza em melhora da
qualidade do ensino?

196
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), dentre as 20 metas fixadas pelo PNE (2014-2024),
ressaltamos que muitas delas parecem ambiciosas, devido às políticas
públicas educacionais brasileiras resultarem do embate entre interesses
internos (governo e sociedade civil) e externos, decorrentes do proces-
so de acumulação capitalista, e pelo fato de que, na história das políticas educa-
cionais, os planos repetem as metas não alcançadas anteriormente.
Compreendemos que a formação humana envolve, também, a formação do
trabalhador, mas não deve se restringir a ela com interesses práticos e imediatos,
pois reforça as diferenças sociais. Necessitamos ir além da expansão quantitativa
de vagas nas instituições escolares, dos cursos profissionalizantes aligeirados, da
falta de estrutura nas escolas, dos salários defasados dos professores, pois é uma
formação sólida com qualidade que pode formar um cidadão e um trabalhador.
Existe uma expectativa em torno do PNE, então vamos acompanhá-lo, lem-
brando que as metas estabelecidas dependerão de um investimento sistemático
na educação, sobretudo na educação básica e na formação continuada dos profis-
sionais da educação. Corremos um risco quanto ao financiamento da educação
no PNE, pelo fato de não ser destinado apenas para educação pública; os recursos
podem ser direcionados para instituições privadas por meio dos programas de
bolsas de estudo e formação técnica em uma porcentagem maior do que para a
própria educação pública.
Desse modo, caro(a) aluno(a), nosso intuito foi levantar questões iniciais so-
bre o PNE para uma discussão, traçando um paralelo da situação educacional do
país no âmbito das reformas. Muitas outras questões precisam ser discutidas no
plano, pois implica o avanço na participação social das políticas educacionais.

197
atividades de estudo

1. Acerca das metas do PNE, analise a veracidade 2. Para elaboração do Plano Nacional de Educa-
das afirmativas seguintes. ção (PNE 2011 – 2022), houve uma mobilização
I. Elevar gradualmente o número de matrículas educacional em diversos encontros e debates
na pós-graduação stricto sensu, de modo a em conferências municipais e estaduais. Em re-
atingir a titulação anual de 60 mil mestres e lação aos eixos de discussão para elaboração
25 mil doutores. do PNE, analise as assertivas:
I. O papel do Estado na garantia do direito à
II. Valorizar os(as) profissionais do magisté-
educação de qualidade: organização e regula-
rio das redes públicas da Educação Bási-
rização da educação nacional.
ca, a fim de equiparar o rendimento médio
dos(as) demais profissionais com escolari- II. Democratização do acesso, permanência e
dade equivalente, até o final do 6º ano da sucesso escolar.
vigência deste PNE.
III. Qualidade, gestão democrática e avaliação
III. Universalizar, para a população de 6 a 17 da educação.
anos, o atendimento escolar aos estudantes
IV. Formação e valorização dos trabalhadores
com deficiência, transtornos globais do de-
em educação.
senvolvimento e altas habilidades ou super-
dotação na rede regular de ensino. É correto apenas o que se afirma em:
IV. Universalizar, até 2016, o atendimento escolar a. I, II e III.
da população de quatro e cinco anos, e am- b. I e IV .
pliar, até 2020, a oferta de educação infantil
c. II, III e IV.
de forma a atender a 50% da população de
até três anos. d. III e IV.

Está correto o que se afirma em: e. I, II, III e IV.


a. Somente a afirmativa I está correta.
3. O Art. 214 da Constituição Federal de 1988 (Re-
b. Somente as afirmativas I e II estão corretas.
dação dada pela Emenda Constitucional nº 59,
c. Somente as afirmativas III e IV estão corretas. de 2009) diz respeito ao Plano Nacional de Edu-
cação. O artigo expõe, como objetivo do PNE,
d. Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
a articulação do sistema nacional de educação
e. Todas as afirmativas estão corretas. em regime de colaboração, definindo diretri-

198
atividades de estudo

zes, objetivos, metas e estratégias para sua a abertura de mais vagas no ensino superior,
implementação, a fim de assegurar a manu- investimentos maiores em educação básica
tenção e desenvolvimento do ensino em seus em tempo integral e em educação profissional,
diversos níveis, etapas e modalidades. Neste além da valorização do magistério (adaptado
sentido, podemos considerar como pressupos- de Brasil, [2017], on-line).
tos do Plano Nacional de Educação:
A Lei nº. 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o
I. Erradicação do analfabetismo. PNE, prevê importantes dispositivos, tais como:
II. Universalização do atendimento escolar. Art. 5 A execução do PNE e o cumprimento de suas metas
III. Oportunizar meios de complexidades no ensino. serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações
periódicas.
IV. Promoção humanista, científica e tecnológica
do país. Art. 10 O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e
os orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito
Está correto apenas o que se afirma em: Federal e dos Municípios serão formulados de maneira
a. I, II e III. a assegurar a consignação de dotações orçamentárias
compatíveis com as diretrizes, metas e estratégias deste
b. I e IV.
PNE e com os respectivos planos de educação, a fim de
c. I, II e V. viabilizar sua plena execução.
d. III e IV. Art. 11 O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Bá-
e. I, II, III e IV. sica, coordenado pela União, em colaboração com os Es-
tados, o Distrito Federal e os Municípios, constituirá fonte
de informação para a avaliação da qualidade da educa-
4. ENADE 2014 (adaptado) - O Plano Nacional de
ção básica e para a orientação das políticas públicas des-
Educação (PNE) inclui 20 metas e estratégias
se nível de ensino.
traçadas para o setor nos próximos 10 anos.
Entre as metas, está a aplicação de valor equi- Art. 13 O poder público deverá instituir, em lei específica,
valente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o Sistema
educação pública, promovendo a universaliza- Nacional de Educação, responsável pela articulação entre
ção do acesso à educação infantil para crianças os sistemas de ensino, em regime de colaboração, para
de quatro a cinco anos, do ensino fundamental efetivação das diretrizes, metas e estratégias do Plano Na-
e do ensino médio. Esse plano também prevê cional de Educação.

199
atividades de estudo

Considerando as informações anteriores, conclui-se e. Permite planejar a educação para os próxi-


que o PNE: mos 10 anos e institui mecanismos de moni-
a. Possibilita, ao país, iniciar seu processo de de- toramento e avaliação, tanto da execução do
senvolvimento, pois prevê aumento anual de Plano como da qualidade da educação, por
10% nos patamares de aplicação do PIB em meio do estabelecimento de metas educacio-
educação e sistema de monitoramento da nais e definição dos investimentos a serem
aplicação de investimentos, o Sistema de Ava- disponibilizados para o alcance dessas metas.
liação da Educação Básica, a ser instituído nos
próximos dois anos. 5. Acerca do PNE (2014-2024), julgue os itens sub-
sequentes como (V) verdadeiro ou (F) falso.
b. Prevê meta de aplicação de 10% do PIB em
educação, sinalizando que os gestores esco- ( ) O PNE tem a duração de dez anos e cada unida-
lares terão 10 vezes mais possibilidades de de da Federação deve elaborar o seu próprio plano.
atingir patamares mais elevados de educação
( ) O PNE aborda questões referentes a todos os
nos próximos 10 anos, pois vincula os investi-
níveis e modalidades da educação.
mentos com a educação aos níveis de desen-
volvimento do país, aferidos pelo PIB. ( ) Entre os objetivos do PNE, está a melhoria da
qualidade de ensino.
c. Estabelece que a melhoria da educação bá-
sica – universalização do acesso à educação ( ) A elaboração do PNE é uma exigência das agên-
infantil, aumento de vagas no ensino superior, cias internacionais financiadoras da educação, não estan-
maior investimento em educação em tempo do prevista na Constituição Federal de 1988.
integral e em educação profissional – eviden- ( ) A necessidade de constituição de conselhos es-
cia a base para o desenvolvimento, pois o colares não está prevista no PNE.
crescimento econômico é o indicador do per-
a. V, V, V, F e F.
centual de recursos do PIB a ser aplicado em
educação. b. F, V, F, V e V.

d. Disponibiliza, para os gestores escolares, o c. F, F, V, V e V.


crescimento de 10% dos investimentos do PIB d. V, V, V, V e F.
em educação, ao ano, durante os próximos 10
anos e um Sistema Nacional de Avaliação para e. V, F, F, V e V.
verificar a efetivação das diretrizes e metas
dispostas no referido Plano.

200
LEITURA
COMPLEMENTAR

Conheça as 20 metas do Plano Nacional de Educação


2014-2024:
Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em
pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo
de idade e ampliar a oferta de educação infantil em cre- escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguin-
ches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por tes médias nacionais para o IDEB: 6,0 nos anos iniciais do
cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vi- ensino fundamental; 5,5 nos anos finais do ensino funda-
gência deste PNE. mental; 5,2 no ensino médio.
Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) Meta 8: elevar a escolaridade média da população de
anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcan-
anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por çar, no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último
cento) dos alunos concluam essa etapa na idade reco- ano de vigência deste Plano, para as populações do
mendada, até o último ano de vigência deste PNE. campo, da região de menor escolaridade no País e dos
Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a
para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) escolaridade média entre negros e não negros decla-
anos e elevar, até o final do período de vigência deste rados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para Estatística (IBGE).
85% (oitenta e cinco por cento). Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com
Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três in-
(dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do teiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo abso-
o acesso à educação básica e ao atendimento educacio- luto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de
nal especializado, preferencialmente na rede regular de analfabetismo funcional.
ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo,
Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por
de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou
cento) das matrículas de educação de jovens e adultos,
serviços especializados, públicos ou conveniados.
nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à
Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o educação profissional.
final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental.
Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional
Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no
técnica de nível médio, assegurando a qualidade da ofer-
mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas,
ta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão
de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por
no segmento público.
cento) dos(as) alunos(as) da educação básica.

201
LEITURA
COMPLEMENTAR

Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação Meta 17: valorizar os(as) profissionais do magistério das
superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida redes públicas de educação básica de forma a equiparar
para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (de- seu rendimento médio ao dos(as) demais profissionais
zoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano
da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta de vigência deste PNE.
por cento) das novas matrículas, no segmento público. Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a exis-
Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e tência de planos de Carreira para os(as) profissionais da
ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo educação básica e superior pública de todos os sistemas
docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de ensino e, para o plano de Carreira dos(as) profissio-
de educação superior para 75% (setenta e cinco por nais da educação básica pública, tomar como referência
cento), sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e cinco o piso salarial nacional profissional, definido em lei fede-
por cento) doutores. ral, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição
Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas Federal.
na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a ti- Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos,
tulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 para a efetivação da gestão democrática da educação,
(vinte e cinco mil) doutores. associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e
Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da
prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacio- União para tanto.
nal de formação dos profissionais da educação de que tra- Meta 20: ampliar o investimento público em educação
tam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7%
de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os (sete por cento) do Produto Interno Bruto – PIB do País
professores e as professoras da educação básica possu- no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo,
am formação específica de nível superior, obtida em curso
o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do
de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.
decênio.
Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cin-
Fonte: Planejando a Próxima Década (2014, on-line)1.
quenta por cento) dos professores da educação básica,
até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a
todos(as) os(as) profissionais da educação básica for-
mação continuada em sua área de atuação, conside-
rando as necessidades, demandas e contextualizações
dos sistemas de ensino.

202
EDUCAÇÃO FÍSICA

Plano Nacional de Educação (2011-2020) - Avaliação


e Perspectivas
Luiz Fernandes Dourado (org.)
Editora: Autêntica
Sinopse: uma análise crítico-propositiva do projeto de lei envia-
do pelo Executivo ao Legislativo, para que, como dito na Intro-
dução do Livro, se torne um plano de Estado capaz de expressar
a participação da sociedade brasileira nos rumos da educação.

Planejando a próxima década conhecendo as 20 me-


tas do Plano Nacional de Educação
MEC
Editora: MEC
Sinopse: apresenta as 20 metas do PNE e suas estratégias. Para
ler o livro online, acesse o link disponível em: <http://pne.mec.
gov.br/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf>.

Apresentação: debates com os professores Lisete Arelaro, Eliane Asche e Roger Marchesini
sobre o PNE (2011-2020):

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4E1mMx9cP9o>.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Ie7142C0Z1o>.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5BMQlAmtRkQ>.

203
referências

AGUIAR, M. A. S. A formação dos profissionais da educação no contexto atual


e o PNE 2011-2020: avaliação e perspectivas. In: DOURADO, L. F. (Org.). Fi-
nanciamento e gestão da educação e o PNE 2011-2020: avaliação e perspectivas.
UFG: Autêntica, 2011. p. 263-284.
BRASIL. Conheça as 20 metas definidas pelo PNE. On-line [2017]. Disponível
em: <http://www.brasil.gov.br>. Acesso em: 13 dez. 2017.
______. Constituição da república dos estados Unidos do Brasil (de 16 de ju-
lho de 1934). Presidência da República, Brasília, 1934. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm>. Acesso em:
13 dez. 2017.
______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Presidência da
República, Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 13 dez. 2017.
______. Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Acrescenta
§ 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para redu-
zir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação
das Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à manutenção e
desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, dá
nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade
do ensino de quatro a dezessete anos e ampliar a abrangência dos programas
suplementares para todas as etapas da educação básica, e dá nova redação ao §
4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e ao caput do art. 214, com a inserção neste
dispositivo de inciso VI. Presidência da República, Brasília, 2009. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc59.htm>.
Acesso em: 13 dez. 2017.
______. Lei n° 10.172, de 9/de janeiro de 2001. Estabelece o Plano Nacional de
Educação e dá outras providências. Presidência da República, Brasília, 2001. Dis-
ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm>.
Acesso em: 13 dez. 2017.
______. Lei n° 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Edu-
cação - PNE e dá outras providências. Presidência da República, Brasília, 2014.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/
l13005.htm>. Acesso em: 13 dez. 2017.
______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional. Presidência da República, Brasília, 1996. Disponí-
vel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 13
dez. 2017.

204
referências

DOURADO, L. F. (Org.). Financiamento e gestão da educação e o PNE 2011-


2020: avaliação e perspectivas. UFG: Autêntica, 2011.
GOMES, N. L. O Plano Nacional de Educação e a diversidade: dilemas, desafios e
perspectivas. In: DOURADO, L. F. (Org.). Financiamento e gestão da educação
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zação Brasileira, 1986.
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transição. In: CALAZANS, M. J. et al. Planejamento e educação no Brasil. São
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(1990-2010): os casos Brasil e Portugal. 2012. 357 f. Tese (Doutorado em Educa-
ção) - Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2012.
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cação. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, v. 15, n. 44, p. 380-412, maio/
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Acesso em: 13 dez. 2017.
2
Em: <http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edi-
cao=71&id=883>. Acesso em: 13 dez. 2017.
3
Em: <https://www.brasildefato.com.br/node/29114/>. Acesso em: 13 dez. 2017.
4
Em: <https://digitaispuccampinas.wordpress.com/2016/11/07/censo-aponta-
-que-3-milhoes-de-criancas-estao-fora-da-escola/>. Acesso em: 13 dez. 2017.

205
gabarito

1. D.
2. E.
3. C.
4. E.
5. A.

206
Anexo

Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que TÍTULO II


estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO
Atualizada em 16/2/2017. NACIONAL

Art. 2º A educação, dever da família e do


Estado, inspirada nos princípios de liberdade
CÂMARA DOS DEPUTADOS e nos ideais de solidariedade humana, tem
Centro de Documentação e Informação por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos


Estabelece as diretrizes e bases da educação seguintes princípios:
nacional. I - igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e
Faço saber que o Congresso Nacional decreta o saber;
e eu sanciono a seguinte Lei: III - pluralismo de idéias e de concepções
pedagógicas;
TÍTULO I IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e
DA EDUCAÇÃO privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em
Art. 1º A educação abrange os processos estabelecimentos oficiais;
formativos que se desenvolvem na vida VII - valorização do profissional da educação
familiar, na convivência humana, no trabalho, escolar;
nas instituições de ensino e pesquisa, nos VIII - gestão democrática do ensino público, na
movimentos sociais e organizações da forma desta Lei e da legislação dos sistemas
sociedade civil e nas manifestações culturais. de ensino;
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que IX - garantia de padrão de qualidade;
se desenvolve, predominantemente, por meio X - valorização da experiência extra-escolar;
do ensino, em instituições próprias. XI - vinculação entre a educação escolar, o
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao trabalho e as práticas sociais.
mundo do trabalho e a prática social. XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
(Inciso acrescido pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)

207
Anexo

TÍTULO III VI - oferta de ensino noturno regular,


adequado às condições do educando;
DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE VII - oferta de educação escolar regular
EDUCAR para jovens e adultos, com características e
modalidades adequadas às suas necessidades
Art. 4º O dever do Estado com educação e disponibilidades, garantindo-se aos que
escolar pública será efetivado mediante a forem trabalhadores as condições de acesso
garantia de: e permanência na escola;
I - educação básica obrigatória e gratuita dos VIII - atendimento ao educando, em todas
4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, as etapas da educação básica, por meio
organizada da seguinte forma: (“Caput” do de programas suplementares de material
inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de didático-escolar, transporte, alimentação e
4/4/2013) assistência à saúde; (Inciso com redação dada
a) pré-escola; (Alínea acrescida pela Lei nº pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
12.796, de 4/4/2013) IX - padrões mínimos de qualidade de ensino,
b) ensino fundamental; (Alínea acrescida pela definidos como a variedade e quantidade
Lei nº 12.796, de 4/4/2013) mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis
c) ensino médio; (Alínea acrescida pela Lei nº ao desenvolvimento do processo de ensino-
12.796, de 4/4/2013) aprendizagem;
II - educação infantil gratuita às crianças de X - vaga na escola pública de educação infantil
até 5 (cinco) anos de idade; (Inciso com redação ou de ensino fundamental mais próxima
dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013) de sua residência a toda criança a partir do
III - atendimento educacional especializado dia em que completar 4 (quatro) anos de
gratuito aos educandos com deficiência, idade. (Inciso acrescido pela Lei nº 11.700, de
transtornos globais do desenvolvimento e 13/6/2008, publicada no DOU de 16/6/2008, em
altas habilidades ou superdotação, transversal vigor em 1º de janeiro do ano subsequente ao de
a todos os níveis, etapas e modalidades, sua publicação)
preferencialmente na rede regular de ensino;
(Inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de Art. 5º O acesso à educação básica
4/4/2013) obrigatória é direito público subjetivo,
IV - acesso público e gratuito aos ensinos podendo qualquer cidadão, grupo
fundamental e médio para todos os que não de cidadãos, associação comunitária,
os concluíram na idade própria; (Inciso com organização sindical, entidade de classe
redação dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013) ou outra legalmente constituída e, ainda, o
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, Ministério Público, acionar o poder público
da pesquisa e da criação artística, segundo a para exigi-lo. (“Caput” do artigo com redação
capacidade de cada um; dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)

208
Anexo

§ 1º O poder público, na esfera de sua (Artigo com redação dada pela Lei nº 12.796, de
competência federativa, deverá: (Parágrafo 4/4/2013)
com redação dada pela Lei nº 12.796, de
4/4/2013) Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada,
I - recensear anualmente as crianças e atendidas as seguintes condições:
adolescentes em idade escolar, bem como I - cumprimento das normas gerais da educação
os jovens e adultos que não concluíram a nacional e do respectivo sistema de ensino;
educação básica; (Inciso com redação dada II - autorização de funcionamento e avaliação
pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013) de qualidade pelo Poder Público;
II - fazer-lhes a chamada pública; III - capacidade de autofinanciamento,
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela ressalvado o previsto no art. 213 da
frequência a escola. Constituição Federal.
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o
Poder Público assegurará em primeiro lugar o TÍTULO IV
acesso ao ensino obrigatório, nos termos deste
artigo, contemplando em seguida os demais DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
níveis e modalidades de ensino, conforme as NACIONAL
prioridades constitucionais e legais.
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal
caput deste artigo tem legitimidade para e os Municípios organizarão, em regime de
peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do colaboração, os respectivos sistemas de
§ 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo ensino.
gratuita e de rito sumário a ação judicial § 1º Caberá à União a coordenação da
correspondente. política nacional de educação, articulando
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade os diferentes níveis e sistemas e exercendo
competente para garantir o oferecimento do função normativa, redistributiva e supletiva
ensino obrigatório, poderá ela ser imputada em relação as demais instâncias educacionais.
por crime de responsabilidade. § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de
§ 5º Para garantir o cumprimento da organização nos termos desta Lei.
obrigatoriedade de ensino, o Poder
Público criará formas alternativas de Art. 9º A União incumbir-se-á de:
acesso aos diferentes níveis de ensino, I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em
independentemente da escolarização anterior. colaboração com os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios;
Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis II - organizar, manter e desenvolver os órgãos
efetuar a matrícula das crianças na educação e instituições oficiais do sistema federal de
básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade. ensino e o dos Territórios;

209
Anexo

III - prestar assistência técnica e financeira aos superior e os estabelecimentos do seu


Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios sistema de ensino.
para o desenvolvimento de seus sistemas § 1º Na estrutura educacional, haverá um
de ensino e o atendimento prioritário à Conselho Nacional de Educação, com funções
escolaridade obrigatória, exercendo sua normativas e de supervisão e atividade
função redistributiva e supletiva; permanente, criado por lei.
IV - estabelecer, em colaboração com os § 2º Para o cumprimento do disposto nos
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, incisos V a IX, a União terá acesso a todos os
competências e diretrizes para a educação dados e informações necessários de todos os
infantil, o ensino fundamental e o ensino estabelecimentos e órgãos educacionais.
médio, que nortearão os currículos e seus § 3º As atribuições constantes do inciso IX
conteúdos mínimos, de modo a assegurar poderão ser delegadas aos Estados e ao
formação básica comum; Distrito Federal, desde que mantenham
IV-A - estabelecer, em colaboração com os instituições de educação superior.
Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
diretrizes e procedimentos para identificação, Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
cadastramento e atendimento, na educação I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e
básica e na educação superior, de alunos com instituições oficiais dos seus sistemas de ensino;
altas habilidades ou superdotação; (Inciso II - definir, com os Municípios, formas de
acrescido pela Lei nº 13.234, de 29/12/2015) colaboração na oferta do ensino fundamental,
V - coletar, analisar e disseminar informações as quais devem assegurar a distribuição
sobre a educação; proporcional das responsabilidades, de
VI - assegurar processo nacional de avaliação acordo com a população a ser atendida e os
do rendimento escolar no ensino fundamental, recursos financeiros disponíveis em cada uma
médio e superior, em colaboração com os dessas esferas do Poder Público;
sistemas de ensino, objetivando a definição III - elaborar e executar políticas e planos
de prioridades e a melhoria da qualidade do educacionais, em consonância com as
ensino; diretrizes e planos nacionais de educação,
VII - baixar normas gerais sobre cursos de integrando e coordenando as suas ações e as
graduação e pós-graduação; dos seus Municípios;
VIII - assegurar processo nacional de avaliação IV - autorizar, reconhecer, credenciar,
das instituições de educação superior, com supervisionar e avaliar, respectivamente,
a cooperação dos sistemas que tiverem os cursos das instituições de educação
responsabilidade sobre este nível de ensino; superior e os estabelecimentos do seu
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, sistema de ensino;
supervisionar e avaliar, respectivamente, V - baixar normas complementares para o seu
os cursos das instituições de educação sistema de ensino;

210
Anexo

VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, nº 10.709, de 31/7/2003, publicada no DOU de


com prioridade, o ensino médio a todos que 1/8/2003, em vigor 45 dias após a publicação)
o demandarem, respeitado o disposto no art. Parágrafo único. Os Municípios poderão optar,
38 desta Lei; (Inciso com redação dada pela Lei ainda, por se integrar ao sistema estadual de
nº 12.061, de 27/10/2009, publicada no DOU de ensino ou compor com ele um sistema único
28/10/2009, em vigor em 1º de janeiro do ano de educação básica.
subsequente ao de sua publicação)
VII - assumir o transporte escolar dos alunos Art. 12. Os estabelecimentos de ensino,
da rede estadual. (Inciso acrescido pela Lei nº respeitadas as normas comuns e as do seu
10.709, de 31/7/2003, publicada no DOU de sistema de ensino, terão a incumbência de:
1/8/2003, em vigor 45 dias após a publicação) I - elaborar e executar sua proposta
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar- pedagógica;
se-ão as competências referentes aos Estados II - administrar seu pessoal e seus recursos
e aos Municípios. materiais e financeiros;
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: e horas-aula estabelecidas;
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos IV - velar pelo cumprimento do plano de
e instituições oficiais dos seus sistemas de trabalho de cada docente;
ensino, integrando-os às políticas e planos V - prover meios para a recuperação dos
educacionais da União e dos Estados; alunos de menor rendimento;
II - exercer ação redistributiva em relação às VI - articular-se com as famílias e a comunidade,
suas escolas; criando processos de integração da sociedade
III - baixar normas complementares para o com a escola;
seu sistema de ensino; VII - informar pai e mãe, conviventes ou
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os não com seus filhos, e, se for o caso, os
estabelecimentos do seu sistema de ensino; responsáveis legais, sobre a frequência e
V - oferecer a educação infantil em creches rendimento dos alunos, bem como sobre a
e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino execução da proposta pedagógica da escola;
fundamental, permitida a atuação em outros (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.013, de
níveis de ensino somente quando estiverem 6/8/2009)
atendidas plenamente as necessidades de VIII - notificar ao Conselho Tutelar do
sua área de competência e com recursos Município, ao juiz competente da Comarca
acima dos percentuais mínimos vinculados e ao respectivo representante do Ministério
pela Constituição Federal à manutenção e Público a relação dos alunos que apresentem
desenvolvimento do ensino. quantidade de faltas acima de cinqüenta por
VI - assumir o transporte escolar dos alunos cento do percentual permitido em lei. (Inciso
da rede municipal. (Inciso acrescido pela Lei acrescido pela Lei nº 10.287, de 20/9/2001)

211
Anexo

Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - as instituições de ensino mantidas pela União;
I - participar da elaboração da proposta II - as instituições de educação superior criadas
pedagógica do estabelecimento de ensino; e mantidas pela iniciativa privada;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, III - os órgãos federais de educação.
segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino; Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e
III - zelar pela aprendizagem dos alunos; do Distrito Federal compreendem:
IV - estabelecer estratégias de recuperação I - as instituições de ensino mantidas,
para os alunos de menor rendimento; respectivamente, pelo Poder Público estadual
V - ministrar os dias letivos e horas-aula e pelo Distrito Federal;
estabelecidos, além de participar integralmente II - as instituições de educação superior
dos períodos dedicados ao planejamento, à mantidas pelo Poder Público municipal;
avaliação e ao desenvolvimento profissional; III - as instituições de ensino fundamental
VI - colaborar com as atividades de articulação e médio criadas e mantidas pela iniciativa
da escola com as famílias e a comunidade. privada;
IV - os órgãos de educação estaduais e do
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as Distrito Federal, respectivamente.
normas da gestão democrática do ensino Parágrafo único. No Distrito Federal, as
público na educação básica, de acordo com as instituições de educação infantil, criadas e
suas peculiaridades e conforme os seguintes mantidas pela iniciativa privada, integram seu
princípios: sistema de ensino.
I - participação dos profissionais da educação
na elaboração do projeto pedagógico da Art. 18. Os sistemas municipais de ensino
escola; compreendem:
I - as instituições do ensino fundamental,
II - participação das comunidades escolar e médio e de educação infantil mantidas pelo
local em conselhos escolares ou equivalentes. Poder Público municipal;
II - as instituições de educação infantil criadas
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão e mantidas pela iniciativa privada;
às unidades escolares públicas de educação III - os órgãos municipais de educação.
básica que os integram progressivos graus
de autonomia pedagógica e administrativa e Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes
de gestão financeira, observadas as normas níveis classificam-se nas seguintes categorias
gerais de direito financeiro público. administrativas:
I - públicas, assim entendidas as criadas ou
Art. 16. O sistema federal de ensino incorporadas, mantidas e administradas pelo
compreende: Poder Público;

212
Anexo

II - privadas, assim entendidas as mantidas e CAPÍTULO II


administradas por pessoas físicas ou jurídicas DA EDUCAÇÃO BÁSICA
de direito privado.
Seção I
Art. 20. As instituições privadas de ensino se
enquadrarão nas seguintes categorias: Das Disposições Gerais
I - particulares em sentido estrito, assim
entendidas as que são instituídas e mantidas Art. 22. A educação básica tem por finalidades
por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas desenvolver o educando, assegurar-lhe
de direito privado que não apresentem as a formação comum indispensável para o
características dos incisos abaixo; exercício da cidadania e fornecer-lhe meios
II - comunitárias, assim entendidas as que são para progredir no trabalho e em estudos
instituídas por grupos de pessoas físicas ou posteriores.
por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive
cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, Art. 23. A educação básica poderá organizar-se
que incluam na sua entidade mantenedora em séries anuais, períodos semestrais, ciclos,
representantes da comunidade; (Inciso com alternância regular de períodos de estudos,
redação dada pela Lei nº 12.020, de 27/8/2009) grupos não-seriados, com base na idade, na
III - confessionais, assim entendidas as que competência e em outros critérios, ou por
são instituídas por grupos de pessoas físicas forma diversa de organização, sempre que o
ou por uma ou mais pessoas jurídicas que interesse do processo de aprendizagem assim
atendem a orientação confessional e ideologia o recomendar.
específicas e ao disposto no inciso anterior; § 1º A escola poderá reclassificar os alunos,
IV - filantrópicas, na forma da lei. inclusive quando se tratar de transferências
entre estabelecimentos situados no País e
TÍTULO V no exterior, tendo como base as normas
curriculares gerais.
DOS NÍVEIS E DAS MODALIDADES DE § 2º O calendário escolar deverá adequar-se
EDUCAÇÃO E ENSINO às peculiaridades locais, inclusive climáticas e
econômicas, a critério do respectivo sistema
CAPÍTULO I de ensino, sem com isso reduzir o número de
DA COMPOSIÇÃO DOS NÍVEIS ESCOLARES horas letivas previsto nesta Lei.

Art. 21. A educação escolar compõe-se de: Art. 24. A educação básica, nos níveis
I - educação básica, formada pela educação fundamental e médio, será organizada de
infantil, ensino fundamental e ensino médio; acordo com as seguintes regras comuns:
II - educação superior.

213
Anexo

I - a carga horária mínima anual será de aspectos qualitativos sobre os quantitativos e


oitocentas horas para o ensino fundamental dos resultados ao longo do período sobre os
e para o ensino médio, distribuídas por um de eventuais provas finais;
mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho b) possibilidade de aceleração de estudos
escolar, excluído o tempo reservado aos para alunos com atraso escolar;
exames finais, quando houver; (Inciso com c) possibilidade de avanço nos cursos e nas
redação dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017) séries mediante verificação do aprendizado;
II - a classificação em qualquer série ou etapas d) aproveitamento de estudos concluídos com
exceto a primeira do ensino fundamental, êxito;
pode ser feita: e) obrigatoriedade de estudos de recuperação,
a) por promoção, para alunos que cursaram, de preferência paralelos ao período letivo,
com aproveitamento, a série ou fase anterior, para os casos de baixo rendimento escolar,
na própria escola; a serem disciplinados pelas instituições de
b) por transferência, para candidatos ensino em seus regimentos;
procedentes de outras escolas; VI - o controle de freqüência fica a cargo da
c) independentemente de escolarização escola, conforme o disposto no seu regimento
anterior, mediante avaliação feita pela escola, e nas normas do respectivo sistema de ensino,
que defina o grau de desenvolvimento e exigida a freqüência mínima de setenta e
experiência do candidato e permita sua cinco por cento do total de horas letivas para
inscrição na série ou etapa adequada, aprovação;
conforme regulamentação do respectivo VII - cabe a cada instituição de ensino
sistema de ensino; expedir históricos escolares, declarações de
III - nos estabelecimentos que adotam a conclusão de série e diplomas ou certificados
progressão regular por série, o regimento de conclusão de cursos, com as especificações
escolar pode admitir formas de progressão cabíveis.
parcial, desde que preservada a seqüência do § 1º A carga horária mínima anual de que
currículo, observadas as normas do respectivo trata o inciso I do caput deverá ser ampliada
sistema de ensino; de forma progressiva, no ensino médio, para
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas
com alunos de séries distintas, com níveis de ensino oferecer, no prazo máximo de
equivalentes de adiantamento na matéria, cinco anos, pelo menos mil horas anuais de
para o ensino de línguas estrangeiras, artes, carga horária, a partir de 2 de março de 2017.
ou outros componentes curriculares; (Parágrafo único acrescido pela Medida Provisória
V - a verificação do rendimento escolar nº 746, de 22/9/2016, convertido em § 1º e com
observará os seguintes critérios: redação dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
a) avaliação contínua e cumulativa do § 2º Os sistemas de ensino disporão sobre
desempenho do aluno, com prevalência dos a oferta de educação de jovens e adultos

214
Anexo

e de ensino noturno regular, adequado às § 3º A educação física, integrada à proposta


condições do educando, conforme o inciso pedagógica da escola, é componente curricular
VI do art. 4º. (Parágrafo acrescido pela Lei nº obrigatório da educação básica, sendo sua
13.415, de 16/2/2017) prática facultativa ao aluno:
I - que cumpra jornada de trabalho igual ou
Art. 25. Será objetivo permanente das superior a seis horas;
autoridades responsáveis alcançar relação II - maior de trinta anos de idade;
adequada entre o número de alunos e o III - que estiver prestando serviço militar inicial
professor, a carga horária e as condições ou que, em situação similar, estiver obrigado
materiais do estabelecimento. à prática da educação física;
Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema IV - amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044, de 21
de ensino, à vista das condições disponíveis de outubro de 1969;
e das características regionais e locais, V - (VETADO)
estabelecer parâmetro para atendimento do VI - que tenha prole. (Parágrafo com redação
disposto neste artigo. dada pela Lei nº 10.793, de 1/12/2003, em vigor
no ano letivo seguinte)
Art. 26. Os currículos da educação infantil, § 4º O ensino da História do Brasil levará em
do ensino fundamental e do ensino médio conta as contribuições das diferentes culturas
devem ter base nacional comum, a ser e etnias para a formação do povo brasileiro,
complementada, em cada sistema de especialmente das matrizes indígena, africana
ensino e em cada estabelecimento escolar, e européia.
por uma parte diversificada, exigida pelas § 5º No currículo do ensino fundamental, a
características regionais e locais da sociedade, partir do sexto ano, será ofertada a língua
da cultura, da economia e dos educandos. inglesa. (Parágrafo com redação dada pela
(“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº Medida Provisória nº 746, de 22/9/2016,
12.796, de 4/4/2013) convertida na Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
§ 1º Os currículos a que se refere o caput § 6º As artes visuais, a dança, a música e o
devem abranger, obrigatoriamente, o estudo teatro são as linguagens que constituirão o
da língua portuguesa e da matemática, o componente curricular de que trata o § 2º
conhecimento do mundo físico e natural e deste artigo. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
da realidade social e política, especialmente 11.769, de 18/8/2008 e com redação dada pela
do Brasil. Lei nº 13.278, de 2/5/2016)
§ 2º O ensino da arte, especialmente em suas § 7º A integralização curricular poderá
expressões regionais, constituirá componente incluir, a critério dos sistemas de ensino,
curricular obrigatório da educação básica. projetos e pesquisas envolvendo os temas
(Parágrafo com redação dada pela Lei nº 13.415, transversais de que trata o caput. (Parágrafo
de 16/2/2017) acrescido pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012,

215
Anexo

com redação dada pela Lei nº 13.415, de grupos étnicos, tais como o estudo da história
16/2/2017) da África e dos africanos, a luta dos negros e
§ 8º A exibição de filmes de produção dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra
nacional constituirá componente curricular e indígena brasileira e o negro e o índio na
complementar integrado à proposta formação da sociedade nacional, resgatando as
pedagógica da escola, sendo a sua exibição suas contribuições nas áreas social, econômica
obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas e política, pertinentes à história do Brasil.
mensais. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.006, § 2º Os conteúdos referentes à história e
de 26/6/2014) cultura afro-brasileira e dos povos indígenas
§ 9º Conteúdos relativos aos direitos brasileiros serão ministrados no âmbito de
humanos e à prevenção de todas as formas todo o currículo escolar, em especial nas áreas
de violência contra a criança e o adolescente de educação artística e de literatura e história
serão incluídos, como temas transversais, nos brasileiras. (Artigo acrescido pela Lei nº 10.639,
currículos escolares de que trata o caput deste de 9/1/2003 e com nova redação dada pela Lei
artigo, tendo como diretriz a Lei nº 8.069, de nº 11.645, de 10/3/2008)
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e
do Adolescente), observada a produção e Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação
distribuição de material didático adequado. básica observarão, ainda, as seguintes
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.010, de diretrizes:
26/6/2014 e retificado no DOU de 4/4/2014) I - a difusão de valores fundamentais ao
§ 10. A inclusão de novos componentes interesse social, aos direitos e deveres dos
curriculares de caráter obrigatório na Base cidadãos, de respeito ao bem comum e a
Nacional Comum Curricular dependerá de ordem democrática;
aprovação do Conselho Nacional de Educação II - consideração das condições de escolaridade
e de homologação pelo Ministro de Estado da dos alunos em cada estabelecimento;
Educação. (Parágrafo acrescido pela Medida III - orientação para o trabalho;
Provisória nº 746, de 22/9/2016, convertida e com IV - promoção do desporto educacional e
redação dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017) apoio às práticas desportivas não-formais.

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino Art. 28. Na oferta de educação básica para
fundamental e de ensino médio, públicos e a população rural, os sistemas de ensino
privados, torna-se obrigatório o estudo da promoverão as adaptações necessárias à sua
história e cultura afro-brasileira e indígena. adequação às peculiaridades da vida rural e
§ 1º O conteúdo programático a que se refere de cada região, especialmente:
este artigo incluirá diversos aspectos da história I - conteúdos curriculares e metodologias
e da cultura que caracterizam a formação apropriadas às reais necessidades e interesses
da população brasileira, a partir desses dois dos alunos da zona rural;

216
Anexo

II - organização escolar própria, incluindo I - avaliação mediante acompanhamento e


adequação do calendário escolar às fases do registro do desenvolvimento das crianças,
ciclo agrícola e às condições climáticas; sem o objetivo de promoção, mesmo para
III - adequação à natureza do trabalho na zona o acesso ao ensino fundamental; (Inciso
rural. acrescido pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
Parágrafo único. O fechamento de escolas do II - carga horária mínima anual de 800
campo, indígenas e quilombolas será precedido (oitocentas) horas, distribuída por um
de manifestação do órgão normativo do mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho
respectivo sistema de ensino, que considerará educacional; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.796,
a justificativa apresentada pela Secretaria de de 4/4/2013)
Educação, a análise do diagnóstico do impacto III - atendimento à criança de, no mínimo, 4
da ação e a manifestação da comunidade (quatro) horas diárias para o turno parcial e de
escolar. 7 (sete) horas para a jornada integral; (Inciso
acrescido pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
Seção II IV - controle de frequência pela instituição de
Da Educação Infantil educação pré-escolar, exigida a frequência
mínima de 60% (sessenta por cento) do total
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa de horas; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.796, de
da educação básica, tem como finalidade 4/4/2013)
o desenvolvimento integral da criança V - expedição de documentação que permita
de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos atestar os processos de desenvolvimento e
físico, psicológico, intelectual e social, aprendizagem da criança. (Inciso acrescido
complementando a ação da família e da pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
comunidade. (Artigo com redação dada pela Lei
nº 12.796, de 4/4/2013) Seção III
Do Ensino Fundamental
Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
I - creches, ou entidades equivalentes, para Art. 32. O ensino fundamental obrigatório,
crianças de até três anos de idade; com duração de 9 (nove) anos, gratuito na
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos
a 5 (cinco) anos de idade. (Inciso com redação de idade, terá por objetivo a formação básica
dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013) do cidadão, mediante: (“Caput” do artigo com
redação dada pela Lei nº 11.274, de 6/2/2006)
Art. 31. A educação infantil será organizada I - o desenvolvimento da capacidade de
de acordo com as seguintes regras comuns: aprender, tendo como meios básicos o pleno
(“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
12.796, de 4/4/2013) II - a compreensão do ambiente natural e

217
Anexo

social, do sistema político, da tecnologia, das § 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será
artes e dos valores em que se fundamenta a incluído como tema transversal nos currículos
sociedade; do ensino fundamental. (Parágrafo acrescido
III - o desenvolvimento da capacidade de pela Lei nº 12.472, de 1/9/2011, publicada
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de no DOU de 2/9/2011, em vigor 90 dias após a
conhecimentos e habilidades e a formação de publicação)
atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos Art. 33. O ensino religioso, de matrícula
laços de solidariedade humana e de tolerância facultativa, é parte integrante da formação
recíproca em que se assenta a vida social. básica do cidadão e constitui disciplina dos
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino horários normais das escolas públicas de
desdobrar o ensino fundamental em ciclos. ensino fundamental, assegurado o respeito
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam à diversidade cultural religiosa do Brasil,
progressão regular por série podem adotar no vedadas quaisquer formas de proselitismo.
ensino fundamental o regime de progressão § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão
continuada, sem prejuízo da avaliação os procedimentos para a definição dos
do processo de ensino-aprendizagem, conteúdos do ensino religioso e estabelecerão
observadas as normas do respectivo sistema as normas para a habilitação e admissão dos
de ensino. professores.
§ 3º O ensino fundamental regular será § 2º Os sistemas de ensino ouvirão
ministrado em língua portuguesa, assegurada entidade civil, constituída pelas diferentes
às comunidades indígenas a utilização de suas denominações religiosas, para a definição
línguas maternas e processos próprios de dos conteúdos do ensino religioso. (Artigo com
aprendizagem. redação dada pela Lei nº 9.475, de 22/7/1997)
§ 4º O ensino fundamental será presencial,
sendo o ensino a distância utilizado como Art. 34. A jornada escolar no ensino
complementação da aprendizagem ou em fundamental incluirá pelo menos quatro
situações emergenciais. horas de trabalho efetivo em sala de aula,
§ 5º O currículo do ensino fundamental sendo progressivamente ampliado o período
incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate de permanência na escola.
dos direitos das crianças e dos adolescentes, § 1º São ressalvados os casos do ensino
tendo como diretriz a Lei nº 8.069, de 13 noturno e das formas alternativas de
de julho de 1990, que institui o Estatuto organização autorizadas nesta Lei.
da Criança e do Adolescente, observada a § 2º O ensino fundamental será ministrado
produção e distribuição de material didático progressivamente em tempo integral, a
adequado. (Parágrafo acrescido pela Lei nº critério dos sistemas de ensino.
11.525, de 25/9/2007)

218
Anexo

Seção IV sistema de ensino, deverá estar harmonizada


à Base Nacional Comum Curricular e ser
articulada a partir do contexto histórico,
Do Ensino Médio econômico, social, ambiental e cultural.
§ 2º A Base Nacional Comum Curricular
Art. 35. O ensino médio, etapa final da referente ao ensino médio incluirá
educação básica, com duração mínima de três obrigatoriamente estudos e práticas de
anos, terá como finalidades: educação física, arte, sociologia e filosofia.
I - a consolidação e o aprofundamento § 3º O ensino da língua portuguesa e da
dos conhecimentos adquiridos no ensino matemática será obrigatório nos três anos do
fundamental, possibilitando o prosseguimento ensino médio, assegurada às comunidades
de estudos; indígenas, também, a utilização das respectivas
II - a preparação básica para o trabalho e línguas maternas.
a cidadania do educando, para continuar § 4º Os currículos do ensino médio incluirão,
aprendendo, de modo a ser capaz de se obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa
adaptar com flexibilidade a novas condições e poderão ofertar outras línguas estrangeiras,
de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; em caráter optativo, preferencialmente o
III - o aprimoramento do educando como espanhol, de acordo com a disponibilidade
pessoa humana, incluindo a formação ética e de oferta, locais e horários definidos pelos
o desenvolvimento da autonomia intelectual e sistemas de ensino.
do pensamento crítico; § 5º A carga horária destinada ao cumprimento
IV - a compreensão dos fundamentos científico- da Base Nacional Comum Curricular não
tecnológicos dos processos produtivos, poderá ser superior a mil e oitocentas horas
relacionando a teoria com a prática, no ensino do total da carga horária do ensino médio,
de cada disciplina. de acordo com a definição dos sistemas de
ensino.
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular § 6º A União estabelecerá os padrões de
definirá direitos e objetivos de aprendizagem desempenho esperados para o ensino médio,
do ensino médio, conforme diretrizes do que serão referência nos processos nacionais
Conselho Nacional de Educação, nas seguintes de avaliação, a partir da Base Nacional Comum
áreas do conhecimento: Curricular.
I - linguagens e suas tecnologias; § 7º Os currículos do ensino médio deverão
II - matemática e suas tecnologias; considerar a formação integral do aluno, de
III - ciências da natureza e suas tecnologias; maneira a adotar um trabalho voltado para a
IV - ciências humanas e sociais aplicadas. construção de seu projeto de vida e para sua
§ 1º A parte diversificada dos currículos de formação nos aspectos físicos, cognitivos e
que trata o caput do art. 26, definida em cada socioemocionais.

219
Anexo

§ 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas § 1º A organização das áreas de que trata


de avaliação processual e formativa serão o caput e das respectivas competências e
organizados nas redes de ensino por meio de habilidades será feita de acordo com critérios
atividades teóricas e práticas, provas orais e estabelecidos em cada sistema de ensino.
escritas, seminários, projetos e atividades on- (“Caput” do parágrafo com redação dada pela
line, de tal forma que ao final do ensino médio Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
o educando demonstre: I – (Revogado pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
I - domínio dos princípios científicos e II – (Revogado pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
tecnológicos que presidem a produção III – (Revogado pela Lei nº 11.684, de 2/6/2008)
moderna; § 2º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008)
II - conhecimento das formas contemporâneas § 3º A critério dos sistemas de ensino,
de linguagem. (Artigo acrescido pela Lei nº poderá ser composto itinerário formativo
13.415, de 16/2/2017) integrado, que se traduz na composição de
componentes curriculares da Base Nacional
Art. 36. O currículo do ensino médio será Comum Curricular - BNCC e dos itinerários
composto pela Base Nacional Comum formativos, considerando os incisos I a V do
Curricular e por itinerários formativos, que caput. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº
deverão ser organizados por meio da oferta 13.415, de 16/2/2017)
de diferentes arranjos curriculares, conforme § 4º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008)
a relevância para o contexto local e a § 5º Os sistemas de ensino, mediante
possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: disponibilidade de vagas na rede, possibilitarão
(“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº ao aluno concluinte do ensino médio cursar
13.415, de 16/2/2017) mais um itinerário formativo de que trata
I - linguagens e suas tecnologias; (Inciso com o caput. (Parágrafo acrescido pela Medida
redação dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017) Provisória nº 746, de 22/9/2016, convertida e com
II - matemática e suas tecnologias; (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
redação dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017) § 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta
III - ciências da natureza e suas tecnologias; de formação com ênfase técnica e profissional
(Inciso com redação dada pela Lei nº 13.415, de considerará: (“Caput” do parágrafo acrescido
16/2/2017) pela Medida Provisória nº 746, de 22/9/2016,
IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Inciso convertida e com redação dada pela Lei nº
acrescido pela Lei nº 11.684, de 2/6/2008, com 13.415, de 16/2/2017)
redação dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017) I - a inclusão de vivências práticas de trabalho
V - formação técnica e profissional. (Inciso no setor produtivo ou em ambientes de
acrescido pela Medida Provisória nº 746, de simulação, estabelecendo parcerias e fazendo
22/9/2016, convertida na Lei nº 13.415, de uso, quando aplicável, de instrumentos
16/2/2017) estabelecidos pela legislação sobre

220
Anexo

aprendizagem profissional; (Inciso acrescido pela Medida Provisória nº 746, de 22/9/2016,


pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017) convertida e com redação dada pela Lei nº
II - a possibilidade de concessão de certificados 13.415, de 16/2/2017)
intermediários de qualificação para o § 10. Além das formas de organização
trabalho, quando a formação for estruturada previstas no art. 23, o ensino médio poderá
e organizada em etapas com terminalidade. ser organizado em módulos e adotar o sistema
(Inciso acrescido pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017) de créditos com terminalidade específica.
§ 7º A oferta de formações experimentais (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº
relacionadas ao inciso V do caput, em áreas que 746, de 22/9/2016, convertida e com redação
não constem do Catálogo Nacional dos Cursos dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
Técnicos, dependerá, para sua continuidade, § 11. Para efeito de cumprimento das
do reconhecimento pelo respectivo Conselho exigências curriculares do ensino médio,
Estadual de Educação, no prazo de três anos, e os sistemas de ensino poderão reconhecer
da inserção no Catálogo Nacional dos Cursos competências e firmar convênios com
Técnicos, no prazo de cinco anos, contados da instituições de educação a distância com
data de oferta inicial da formação. (Parágrafo notório reconhecimento, mediante as
acrescido pela Medida Provisória nº 746, de seguintes formas de comprovação: (“Caput”
22/9/2016, convertida e com redação dada pela do parágrafo acrescido pela Medida Provisória
Lei nº 13.415, de 16/2/2017) nº 746, de 22/9/2016, convertida e com redação
§ 8º A oferta de formação técnica e profissional dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
a que se refere o inciso V do caput, realizada I - demonstração prática; (Inciso acrescido
na própria instituição ou em parceria com pela Medida Provisória nº 746, de 22/9/2016,
outras instituições, deverá ser aprovada convertida e com redação dada pela Lei nº
previamente pelo Conselho Estadual de 13.415, de 16/2/2017)
Educação, homologada pelo Secretário II - experiência de trabalho supervisionado ou
Estadual de Educação e certificada pelos outra experiência adquirida fora do ambiente
sistemas de ensino. (Parágrafo acrescido escolar; (Inciso acrescido pela Medida Provisória
pela Medida Provisória nº 746, de 22/9/2016, nº 746, de 22/9/2016, convertida e com redação
convertida e com redação dada pela Lei nº dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
13.415, de 16/2/2017) III - atividades de educação técnica oferecidas
§ 9º As instituições de ensino emitirão em outras instituições de ensino credenciadas;
certificado com validade nacional, que (Inciso acrescido pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
habilitará o concluinte do ensino médio IV - cursos oferecidos por centros ou
ao prosseguimento dos estudos em nível programas ocupacionais; (Inciso acrescido pela
superior ou em outros cursos ou formações Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
para os quais a conclusão do ensino médio V - estudos realizados em instituições de
seja etapa obrigatória. (Parágrafo acrescido ensino nacionais ou estrangeiras; (Inciso

221
Anexo

acrescido pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017) técnica de nível médio deverá observar:
VI - cursos realizados por meio de educação I - os objetivos e definições contidos nas
a distância ou educação presencial mediada diretrizes curriculares nacionais estabelecidas
por tecnologias. (Inciso acrescido pela Lei nº pelo Conselho Nacional de Educação;
13.415, de 16/2/2017) II - as normas complementares dos respectivos
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos sistemas de ensino;
no processo de escolha das áreas de III - as exigências de cada instituição de ensino,
conhecimento ou de atuação profissional nos termos de seu projeto pedagógico. (Artigo
previstas no caput. (Parágrafo acrescido acrescido pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008)
pela Medida Provisória nº 746, de 22/9/2016,
convertida e com redação dada pela Lei nº Art. 36-C. A educação profissional técnica de
13.415, de 16/2/2017) nível médio articulada, prevista no inciso I do
caput do art. 36-B desta Lei, será desenvolvida
Seção IV-A de forma:
Da Educação Profissional Técnica de Nível I - integrada, oferecida somente a quem
Médio já tenha concluído o ensino fundamental,
(Seção acrescida pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008) sendo o curso planejado de modo a conduzir
o aluno à habilitação profissional técnica
Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção de nível médio, na mesma instituição de
IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a ensino, efetuando-se matrícula única para
formação geral do educando, poderá prepará- cada aluno;
lo para o exercício de profissões técnicas. II - concomitante, oferecida a quem ingresse
Parágrafo único. A preparação geral para o no ensino médio ou já o esteja cursando,
trabalho e, facultativamente, a habilitação efetuando-se matrículas distintas para cada
profissional poderão ser desenvolvidas curso, e podendo ocorrer:
nos próprios estabelecimentos de ensino a) na mesma instituição de ensino,
médio ou em cooperação com instituições aproveitando-se as oportunidades
especializadas em educação profissional. educacionais disponíveis;
(Artigo acrescido pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008) b) em instituições de ensino distintas,
aproveitando-se as oportunidades
Art. 36-B. A educação profissional técnica de educacionais disponíveis;
nível médio será desenvolvida nas seguintes c) em instituições de ensino distintas, mediante
formas: convênios de intercomplementaridade,
I - articulada com o ensino médio; visando ao planejamento e ao desenvolvimento
II - subseqüente, em cursos destinados a de projeto pedagógico unificado. (Artigo
quem já tenha concluído o ensino médio. acrescido pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008)
Parágrafo único. A educação profissional

222
Anexo

Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação § 3º A educação de jovens e adultos


profissional técnica de nível médio, quando deverá articular-se, preferencialmente,
registrados, terão validade nacional e com a educação profissional, na forma do
habilitarão ao prosseguimento de estudos na regulamento. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
educação superior. 11.741, de 16/7/2008)
Parágrafo único. Os cursos de educação
profissional técnica de nível médio, nas formas Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos
articulada concomitante e subseqüente, e exames supletivos, que compreenderão a
quando estruturados e organizados em etapas base nacional comum do currículo, habilitando
com terminalidade, possibilitarão a obtenção ao prosseguimento de estudos em caráter
de certificados de qualificação para o trabalho regular.
após a conclusão, com aproveitamento, de § 1º Os exames a que se refere este artigo
cada etapa que caracterize uma qualificação realizar-se-ão:
para o trabalho. (Artigo acrescido pela Lei nº I - no nível de conclusão do ensino fundamental,
11.741, de 16/7/2008) para os maiores de quinze anos;
II - no nível de conclusão do ensino médio,
Seção V para os maiores de dezoito anos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos
pelos educandos por meios informais serão
Da Educação de Jovens e Adultos aferidos e reconhecidos mediante exames.

Art. 37. A educação de jovens e adultos será CAPÍTULO III


destinada àqueles que não tiveram acesso
ou continuidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria. DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão TECNOLÓGICA
gratuitamente aos jovens e aos adultos,
que não puderam efetuar os estudos na (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008)
idade regular, oportunidades educacionais
apropriadas, consideradas as características Art. 39. A educação profissional e tecnológica,
do alunado, seus interesses, condições de no cumprimento dos objetivos da educação
vida e de trabalho, mediante cursos e exames. nacional, integra-se aos diferentes níveis e
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará modalidades de educação e às dimensões do
o acesso e a permanência do trabalhador trabalho, da ciência e da tecnologia. (“Caput”
na escola, mediante ações integradas e do artigo com redação dada pela Lei nº 11.741,
complementares entre si. de 16/7/2008)

223
Anexo

§ 1º Os cursos de educação profissional e Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.741,


tecnológica poderão ser organizados por eixos de 16/7/2008)
tecnológicos, possibilitando a construção de
diferentes itinerários formativos, observadas Art. 42. As instituições de educação
as normas do respectivo sistema e nível de profissional e tecnológica, além dos seus
ensino. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.741, cursos regulares, oferecerão cursos especiais,
de 16/7/2008) abertos à comunidade, condicionada a
§ 2º A educação profissional e tecnológica matrícula à capacidade de aproveitamento e
abrangerá os seguintes cursos: não necessariamente ao nível de escolaridade.
I - de formação inicial e continuada ou (Artigo com redação dada pela Lei nº 11.741, de
qualificação profissional; 16/7/2008)
II - de educação profissional técnica de nível
médio; CAPÍTULO IV
III - de educação profissional tecnológica
de graduação e pós-graduação. (Parágrafo
acrescido pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008) DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
§ 3º Os cursos de educação profissional
tecnológica de graduação e pós-graduação Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
organizar-se-ão, no que concerne a objetivos, I - estimular a criação cultural e o
características e duração, de acordo com as desenvolvimento do espírito científico e do
diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pensamento reflexivo;
pelo Conselho Nacional de Educação. (Parágrafo II - formar diplomados nas diferentes áreas
acrescido pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008) de conhecimento, aptos para a inserção em
setores profissionais e para a participação no
Art. 40. A educação profissional será desenvolvimento da sociedade brasileira, e
desenvolvida em articulação com o ensino colaborar na sua formação contínua;
regular ou por diferentes estratégias de III - incentivar o trabalho de pesquisa
educação continuada, em instituições e investigação científica, visando o
especializadas ou no ambiente de trabalho. desenvolvimento da ciência e da tecnologia e
da criação e difusão da cultura, e, desse modo,
Art. 41. O conhecimento adquirido na desenvolver o entendimento do homem e do
educação profissional e tecnológica, meio em que vive;
inclusive no trabalho, poderá ser objeto de IV - promover a divulgação de conhecimentos
avaliação, reconhecimento e certificação para culturais, científicos e técnicos que constituem
prosseguimento ou conclusão de estudos. patrimônio da humanidade e comunicar o
(“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº saber através do ensino, de publicações ou de
11.741, de 16/7/2008) outras formas de comunicação;

224
Anexo

V - suscitar o desejo permanente de equivalente e tenham sido classificados em


aperfeiçoamento cultural e profissional e processo seletivo;
possibilitar a correspondente concretização, III - de pós-graduação, compreendendo
integrando os conhecimentos que vão programas de mestrado e doutorado, cursos
sendo adquiridos numa estrutura intelectual de especialização, aperfeiçoamento e outros,
sistematizadora do conhecimento de cada abertos a candidatos diplomados em cursos
geração; de graduação e que atendam às exigências
VI - estimular o conhecimento dos problemas das instituições de ensino;
do mundo presente, em particular os nacionais IV - de extensão, abertos a candidatos que
e regionais, prestar serviços especializados atendam aos requisitos estabelecidos em
à comunidade e estabelecer com esta uma cada caso pelas instituições de ensino.
relação de reciprocidade; § 1º Os resultados do processo seletivo
VII - promover a extensão, aberta à referido no inciso II do caput deste artigo serão
participação da população, visando à difusão tornados públicos pelas instituições de ensino
das conquistas e benefícios resultantes da superior, sendo obrigatória a divulgação da
criação cultural e da pesquisa científica e relação nominal dos classificados, a respectiva
tecnológica geradas na instituição; ordem de classificação, bem como do
VIII - atuar em favor da universalização e cronograma das chamadas para matrícula, de
do aprimoramento da educação básica, acordo com os critérios para preenchimento
mediante a formação e a capacitação de das vagas constantes do respectivo edital.
profissionais, a realização de pesquisas (Parágrafo único acrescido pela Lei nº 11.331, de
pedagógicas e o desenvolvimento de 25/7/2006, e renumerado para § 1º pela Lei nº
atividades de extensão que aproximem os 13.184, de 4/11/2015)
dois níveis escolares. (Inciso acrescido pela Lei § 2º No caso de empate no processo seletivo,
nº 13.174, de 21/10/2015) as instituições públicas de ensino superior
darão prioridade de matrícula ao candidato
Art. 44. A educação superior abrangerá os que comprove ter renda familiar inferior a
seguintes cursos e programas: dez salários mínimos, ou ao de menor renda
I - cursos seqüenciais por campo de saber, familiar, quando mais de um candidato
de diferentes níveis de abrangência, abertos preencher o critério inicial. (Parágrafo acrescido
a candidatos que atendam aos requisitos pela Lei nº 13.184, de 4/11/2015)
estabelecidos pelas instituições de ensino, § 3º O processo seletivo referido no inciso II
desde que tenham concluído o ensino médio considerará as competências e as habilidades
ou equivalente; (Inciso com redação dada pela definidas na Base Nacional Comum Curricular.
Lei nº 11.632, de 27/12/2007) (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº
II - de graduação, abertos a candidatos 746, de 22/9/2016, convertida e com redação
que tenham concluído o ensino médio ou dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)

225
Anexo

Art. 45. A educação superior será ministrada e irregularidades constatadas. (Parágrafo


em instituições de ensino superior, públicas ou acrescido pela Medida Provisória nº 785, de
privadas, com variados graus de abrangência 6/7/2017)
ou especialização.
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo
Art. 46. A autorização e o reconhecimento regular, independente do ano civil, tem, no
de cursos, bem como o credenciamento de mínimo, duzentos dias de trabalho acadêmico
instituições de educação superior, terão prazos efetivo, excluído o tempo reservado aos
limitados, sendo renovados, periodicamente, exames finais, quando houver.
após processo regular de avaliação. § 1º As instituições informarão aos interessados,
§ 1º Após um prazo para saneamento de antes de cada período letivo, os programas dos
deficiências eventualmente identificadas pela cursos e demais componentes curriculares,
avaliação a que se refere este artigo, haverá sua duração, requisitos, qualificação dos
reavaliação, que poderá resultar, conforme o professores, recursos disponíveis e critérios
caso, em desativação de cursos e habilitações, de avaliação, obrigando-se a cumprir as
em intervenção na instituição, em suspensão respectivas condições, e a publicação deve
temporária de prerrogativas da autonomia, ser feita, sendo as 3 (três) primeiras formas
ou em descredenciamento. concomitantemente: (“Caput” do artigo com
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder redação dada pela Lei nº 13.168, de 6/10/2015)
Executivo responsável por sua manutenção I - em página específica na internet no sítio
acompanhará o processo de saneamento e eletrônico oficial da instituição de ensino
fornecerá recursos adicionais, se necessários, superior, obedecido o seguinte:
para a superação das deficiências. a) toda publicação a que se refere esta Lei
§ 3º No caso de instituição privada, além deve ter como título “Grade e Corpo Docente”;
das sanções previstas no § 1º, o processo b) a página principal da instituição de ensino
de reavaliação poderá resultar também em superior, bem como a página da oferta de
redução de vagas autorizadas, suspensão seus cursos aos ingressantes sob a forma de
temporária de novos ingressos e de oferta vestibulares, processo seletivo e outras com a
de cursos. (Parágrafo com redação dada pela mesma finalidade, deve conter a ligação desta
Medida Provisória nº 785, de 6/7/2017) com a página específica prevista neste inciso;
§ 4º É facultado ao Ministério da Educação, c) caso a instituição de ensino superior não
mediante procedimento específico e com possua sítio eletrônico, deve criar página
a aquiescência da instituição de ensino, específica para divulgação das informações
com vistas a resguardar o interesse dos de que trata esta Lei;
estudantes, comutar as penalidades previstas d) a página específica deve conter a data
nos § 1º e § 3º em outras medidas, desde que completa de sua última atualização; (Inciso
adequadas para a superação das deficiências acrescido pela Lei nº 13.168, de 6/10/2015)

226
Anexo

II - em toda propaganda eletrônica da por meio de provas e outros instrumentos


instituição de ensino superior, por meio de de avaliação específicos, aplicados por banca
ligação para a página referida no inciso I; (Inciso examinadora especial, poderão ter abreviada
acrescido pela Lei nº 13.168, de 6/10/2015) a duração dos seus cursos, de acordo com as
III - em local visível da instituição de ensino normas dos sistemas de ensino.
superior e de fácil acesso ao público; (Inciso § 3º É obrigatória a freqüência de alunos e
acrescido pela Lei nº 13.168, de 6/10/2015) professores, salvo nos programas de educação
IV - deve ser atualizada semestralmente a distância.
ou anualmente, de acordo com a duração § 4º As instituições de educação superior
das disciplinas de cada curso oferecido, oferecerão, no período noturno, cursos de
observando o seguinte: graduação nos mesmos padrões de qualidade
a) caso o curso mantenha disciplinas com mantidos no período diurno, sendo obrigatória
duração diferenciada, a publicação deve ser a oferta noturna nas instituições públicas,
semestral; garantida a necessária previsão orçamentária.
b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês
antes do início das aulas; Art. 48. Os diplomas de cursos superiores
c) caso haja mudança na grade do curso ou reconhecidos, quando registrados, terão
no corpo docente até o início das aulas, os validade nacional como prova da formação
alunos devem ser comunicados sobre as recebida por seu titular.
alterações; (Inciso acrescido pela Lei nº 13.168, § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades
de 6/10/2015) serão por elas próprias registrados, e aqueles
V - deve conter as seguintes informações: conferidos por instituições não-universitárias
a) a lista de todos os cursos oferecidos pela serão registrados em universidades indicadas
instituição de ensino superior; pelo Conselho Nacional de Educação.
b) a lista das disciplinas que compõem a grade § 2º Os diplomas de graduação expedidos por
curricular de cada curso e as respectivas universidades estrangeiras serão revalidados
cargas horárias; por universidades públicas que tenham
c) a identificação dos docentes que ministrarão curso do mesmo nível e área ou equivalente,
as aulas em cada curso, as disciplinas que respeitando-se os acordos internacionais de
efetivamente ministrará naquele curso reciprocidade ou equiparação.
ou cursos, sua titulação, abrangendo a § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado
qualificação profissional do docente e o tempo expedidos por universidades estrangeiras só
de casa do docente, de forma total, contínua poderão ser reconhecidos por universidades
ou intermitente. (Inciso acrescido pela Lei nº que possuam cursos de pós-graduação
13.168, de 6/10/2015) reconhecidos e avaliados, na mesma área
§ 2º Os alunos que tenham extraordinário de conhecimento e em nível equivalente ou
aproveitamento nos estudos, demonstrado superior.

227
Anexo

Art. 49. As instituições de educação superior Parágrafo único. É facultada a criação de


aceitarão a transferência de alunos regulares, universidades especializadas por campo do
para cursos afins, na hipótese de existência de saber.
vagas, e mediante processo seletivo.
Parágrafo único. As transferências ex officio Art. 53. No exercício de sua autonomia, são
dar-se-ão na forma da lei. asseguradas às universidades, sem prejuízo
de outras, as seguintes atribuições:
Art. 50. As instituições de educação superior, I - criar, organizar e extinguir, em sua sede,
quando da ocorrência de vagas, abrirão cursos e programas de educação superior
matrícula nas disciplinas de seus cursos a previstos nesta Lei, obedecendo às normas
alunos não regulares que demonstrarem gerais da União e, quando for o caso, do
capacidade de cursá-las com proveito, respectivo sistema de ensino;
mediante processo seletivo prévio. II - fixar os currículos dos seus cursos e
programas, observadas as diretrizes gerais
Art. 51. As instituições de educação superior pertinentes;
credenciadas como universidades, ao III - estabelecer planos, programas e projetos
deliberar sobre critérios e normas de seleção e de pesquisa científica, produção artística e
admissão de estudantes, levarão em conta os atividades de extensão;
efeitos desses critérios sobre a orientação do IV - fixar o número de vagas de acordo com
ensino médio, articulando-se com os órgãos a capacidade institucional e as exigências do
normativos dos sistemas de ensino. seu meio;
V - elaborar e reformar os seus estatutos e
Art. 52. As universidades são instituições regimentos em consonância com as normas
pluridisciplinares de formação dos quadros gerais atinentes;
profissionais de nível superior, de pesquisa, VI - conferir graus, diplomas e outros títulos;
de extensão e de domínio e cultivo do saber VII - firmar contratos, acordos e convênios;
humano, que se caracterizam por: VIII - aprovar e executar planos, programas
I - produção intelectual institucionalizada e projetos de investimentos referentes a
mediante o estudo sistemático dos temas e obras, serviços e aquisições em geral, bem
problemas mais relevantes, tanto do ponto como administrar rendimentos conforme
de vista científico e cultural, quanto regional dispositivos institucionais;
e nacional; IX - administrar os rendimentos e deles dispor
II - um terço do corpo docente, pelo menos, na forma prevista no ato de constituição, nas
com titulação acadêmica de mestrado ou leis e nos respectivos estatutos;
doutorado; X - receber subvenções, doações, heranças,
III - um terço do corpo docente em regime de legados e cooperação financeira resultante de
tempo integral. convênios com entidades públicas e privadas.

228
Anexo

§ 1º Para garantir a autonomia didático- I - propor o seu quadro de pessoal docente,


científica das universidades, caberá aos técnico e administrativo, assim como um plano
seus colegiados de ensino e pesquisa de cargos e salários, atendidas as normas
decidir, dentro dos recursos orçamentários gerais pertinentes e os recursos disponíveis;
disponíveis, sobre: II - elaborar o regulamento de seu pessoal
I - criação, expansão, modificação e extinção em conformidade com as normas gerais
de cursos; concernentes;
II - ampliação e diminuição de vagas; III - aprovar e executar planos, programas e
III - elaboração da programação dos cursos; projetos de investimentos referentes a obras,
IV - programação das pesquisas e das serviços e aquisições em geral, de acordo com
atividades de extensão; os recursos alocados pelo respectivo Poder
V - contratação e dispensa de professores; mantenedor;
VI - planos de carreira docente. (Parágrafo IV - elaborar seus orçamentos anuais e
único transformado em § 1º pela Lei nº 13.490, plurianuais;
de 10/10/2017) V - adotar regime financeiro e contábil que
§ 2º As doações, inclusive monetárias, atenda às suas peculiaridades de organização
podem ser dirigidas a setores ou projetos e funcionamento;
específicos, conforme acordo entre doadores VI - realizar operações de crédito ou de
e universidades. (Parágrafo acrescido pela Lei financiamento, com aprovação do Poder
nº 13.490, de 10/10/2017) competente, para aquisição de bens imóveis,
§ 3º No caso das universidades públicas, os instalações e equipamentos;
recursos das doações devem ser dirigidos VII - efetuar transferências, quitações e tomar
ao caixa único da instituição, com destinação outras providências de ordem orçamentária,
garantida às unidades a serem beneficiadas. financeira e patrimonial necessárias ao seu
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.490, de bom desempenho.
10/10/2017) § 2º Atribuições de autonomia universitária
poderão ser estendidas a instituições que
Art. 54. As universidades mantidas pelo comprovem alta qualificação para o ensino
Poder Público gozarão, na forma da lei, de ou para a pesquisa, com base em avaliação
estatuto jurídico especial para atender às realizada pelo Poder Público.
peculiaridades de sua estrutura, organização
e financiamento pelo Poder Público, assim Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente,
como dos seus planos de carreira e do regime em seu Orçamento Geral, recursos suficientes
jurídico do seu pessoal. para manutenção e desenvolvimento das
§ 1º No exercício da sua autonomia, além das instituições de educação superior por ela
atribuições asseguradas pelo artigo anterior, mantidas.
as universidades públicas poderão:

229
Anexo

Art. 56. As instituições públicas de educação for possível a sua integração nas classes
superior obedecerão ao princípio da gestão comuns de ensino regular.
democrática, assegurada a existência de § 3º A oferta de educação especial, dever
órgãos colegiados deliberativos, de que constitucional do Estado, tem início na
participarão os segmentos da comunidade faixa etária de zero a seis anos, durante a
institucional, local e regional. educação infantil.
Parágrafo único. Em qualquer caso, os
docentes ocuparão setenta por cento dos Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão
assentos em cada órgão colegiado e comissão, aos educandos com deficiência, transtornos
inclusive nos que tratarem da elaboração e globais do desenvolvimento e altas habilidades
modificações estatutárias e regimentais, bem ou superdotação: (“Caput” do artigo com
como da escolha de dirigentes. redação dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
I - currículos, métodos, técnicas, recursos
Art. 57. Nas instituições públicas de educação educativos e organização específicos, para
superior, o professor ficará obrigado ao atender às suas necessidades;
mínimo de oito horas semanais de aulas. II - terminalidade específica para aqueles
que não puderem atingir o nível exigido para
CAPÍTULO V a conclusão do ensino fundamental, em
virtude de suas deficiências, e aceleração para
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL concluir em menor tempo o programa escolar
para os superdotados;
Art. 58. Entende-se por educação especial, III - professores com especialização adequada
para os efeitos desta Lei, a modalidade de em nível médio ou superior, para atendimento
educação escolar oferecida preferencialmente especializado, bem como professores do
na rede regular de ensino, para educandos ensino regular capacitados para a integração
com deficiência, transtornos globais do desses educandos nas classes comuns;
desenvolvimento e altas habilidades ou IV - educação especial para o trabalho, visando
superdotação. (“Caput” do artigo com redação a sua efetiva integração na vida em sociedade,
dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013) inclusive condições adequadas para os que não
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de revelarem capacidade de inserção no trabalho
apoio especializado, na escola regular, para competitivo, mediante articulação com os
atender as peculiaridades da clientela de órgãos oficiais afins, bem como para aqueles
educação especial. que apresentam uma habilidade superior nas
§ 2º O atendimento educacional será áreas artística, intelectual ou psicomotora;
feito em classes, escolas ou serviços V - acesso igualitário aos benefícios dos
especializados, sempre que, em função programas sociais suplementares disponíveis
das condições específicas dos alunos, não Para o respectivo nível do ensino regular.

230
Anexo

Art. 59-A. O poder público deverá instituir TÍTULO VI


cadastro nacional de alunos com altas
habilidades ou superdotação matriculados na DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
educação básica e na educação superior, a fim
de fomentar a execução de políticas públicas Art. 61. Consideram-se profissionais da
destinadas ao desenvolvimento pleno das educação escolar básica os que, nela estando
potencialidades desse alunado. em efetivo exercício e tendo sido formados em
Parágrafo único. A identificação precoce cursos reconhecidos, são: (“Caput” do artigo com
de alunos com altas habilidades ou redação dada pela Lei nº 12.014, de 6/8/2009)
superdotação, os critérios e procedimentos I - professores habilitados em nível médio
para inclusão no cadastro referido no caput ou superior para a docência na educação
deste artigo, as entidades responsáveis infantil e nos ensinos fundamental e médio;
pelo cadastramento, os mecanismos de (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.014, de
acesso aos dados do cadastro e as políticas 6/8/2009)
de desenvolvimento das potencialidades do II - trabalhadores em educação portadores
alunado de que trata o caput serão definidos de diploma de pedagogia, com habilitação
em regulamento. (Artigo acrescido pela Lei nº em administração, planejamento, supervisão,
13.234, de 29/12/2015) inspeção e orientação educacional, bem como
com títulos de mestrado ou doutorado nas
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas mesmas áreas; (Inciso com redação dada pela
de ensino estabelecerão critérios de Lei nº 12.014, de 6/8/2009)
caracterização das instituições privadas sem III - trabalhadores em educação, portadores
fins lucrativos, especializadas e com atuação de diploma de curso técnico ou superior em
exclusiva em educação especial, para fins de área pedagógica ou afim. (Inciso acrescido pela
apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Lei nº 12.014, de 6/8/2009)
Parágrafo único. O poder público IV - profissionais com notório saber
adotará, como alternativa preferencial, a reconhecido pelos respectivos sistemas de
ampliação do atendimento aos educandos ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins
com deficiência, transtornos globais do à sua formação ou experiência profissional,
desenvolvimento e altas habilidades ou atestados por titulação específica ou prática
superdotação na própria rede pública de ensino em unidades educacionais da rede
regular de ensino, independentemente do pública ou privada ou das corporações privadas
apoio às instituições previstas neste artigo. em que tenham atuado, exclusivamente para
(Parágrafo único com redação dada pela Lei nº atender ao inciso V do caput do art. 36; (Inciso
12.796, de 4/4/2013) acrescido pela Medida Provisória nº 746, de
22/9/2016, convertida e com redação dada pela
Lei nº 13.515, de 16/2/2017)

231
Anexo

V - profissionais graduados que tenham feito § 2º A formação continuada e a capacitação


complementação pedagógica, conforme dos profissionais de magistério poderão
disposto pelo Conselho Nacional de Educação. utilizar recursos e tecnologias de educação
(Inciso acrescido pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017) a distância. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
Parágrafo único. A formação dos profissionais 12.056, de 13/10/2009)
da educação, de modo a atender às § 3º A formação inicial de profissionais
especificidades do exercício de suas atividades, de magistério dará preferência ao ensino
bem como aos objetivos das diferentes etapas presencial, subsidiariamente fazendo uso
e modalidades da educação básica, terá como de recursos e tecnologias de educação a
fundamentos: distância. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
I - a presença de sólida formação básica, que 12.056, de 13/10/2009)
propicie o conhecimento dos fundamentos § 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os
científicos e sociais de suas competências de Municípios adotarão mecanismos facilitadores
trabalho; de acesso e permanência em cursos de
II - a associação entre teorias e práticas, formação de docentes em nível superior para
mediante estágios supervisionados e atuar na educação básica pública. (Parágrafo
capacitação em serviço; acrescido pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
III - o aproveitamento da formação e § 5º A União, o Distrito Federal, os Estados
experiências anteriores, em instituições de e os Municípios incentivarão a formação de
ensino e em outras atividades. (Parágrafo profissionais do magistério para atuar na
único acrescido pela Lei nº 12.014, de 6/8/2009) educação básica pública mediante programa
institucional de bolsa de iniciação à docência
Art. 62. A formação de docentes para atuar na a estudantes matriculados em cursos
educação básica far-se-á em nível superior, de licenciatura, de graduação plena, nas
em curso de licenciatura plena, admitida, instituições de educação superior. (Parágrafo
como formação mínima para o exercício do acrescido pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
magistério na educação infantil e nos cinco § 6º O Ministério da Educação poderá
primeiros anos do ensino fundamental, a estabelecer nota mínima em exame nacional
oferecida em nível médio, na modalidade aplicado aos concluintes do ensino médio
normal. (“Caput” do artigo com redação dada como pré-requisito para o ingresso em cursos
pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017) de graduação para formação de docentes,
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e ouvido o Conselho Nacional de Educação -
os Municípios, em regime de colaboração, CNE. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.796, de
deverão promover a formação inicial, a 4/4/2013)
continuada e a capacitação dos profissionais § 7º (VETADO na Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
de magistério. (Parágrafo acrescido pela Lei nº § 8º Os currículos dos cursos de formação de
12.056, de 13/10/2009) docentes terão por referência a Base Nacional

232
Anexo

Comum Curricular. (Parágrafo acrescido § 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos


pela Medida Provisória nº 746, de 22/9/2016, a serem definidos em regulamento pelas
convertida na Lei nº 13.415, de 16/2/2017) universidades, terão prioridade de ingresso
os professores que optarem por cursos de
Art. 62-A. A formação dos profissionais a licenciatura em matemática, física, química,
que se refere o inciso III do art. 61 far-se-á biologia e língua portuguesa. (Artigo acrescido
por meio de cursos de conteúdo técnico- pela Lei nº 13.478, de 30/8/2017)
pedagógico, em nível médio ou superior,
incluindo habilitações tecnológicas. Art. 63. Os institutos superiores de educação
Parágrafo único. Garantir-se-á formação manterão:
continuada para os profissionais a que se I - cursos formadores de profissionais para
refere o caput, no local de trabalho ou em a educação básica, inclusive o curso normal
instituições de educação básica e superior, superior, destinado à formação de docentes
incluindo cursos de educação profissional, para a educação infantil e para as primeiras
cursos superiores de graduação plena ou séries do ensino fundamental;
tecnológicos e de pós-graduação. (Artigo II - programas de formação pedagógica para
acrescido pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013) portadores de diplomas de educação superior
que queiram se dedicar à educação básica;
Art. 62-B. O acesso de professores das III - programas de educação continuada para
redes públicas de educação básica a cursos os profissionais de educação dos diversos
superiores de pedagogia e licenciatura será níveis.
efetivado por meio de processo seletivo
diferenciado. Art. 64. A formação de profissionais de
§ 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto educação para administração, planejamento,
no caput deste artigo os professores das inspeção, supervisão e orientação educacional
redes públicas municipais, estaduais e federal para a educação básica, será feita em cursos
que ingressaram por concurso público, de graduação em pedagogia ou em nível de
tenham pelo menos três anos de exercício da pós-graduação, a critério da instituição de
profissão e não sejam portadores de diploma ensino, garantida, nesta formação, a base
de graduação. comum nacional.
§ 2º As instituições de ensino responsáveis
pela oferta de cursos de pedagogia e outras Art. 65. A formação docente, exceto para a
licenciaturas definirão critérios adicionais educação superior, incluirá prática de ensino
de seleção sempre que acorrerem aos de, no mínimo, trezentas horas.
certames interessados em número superior
ao de vagas disponíveis para os respectivos Art. 66. A preparação para o exercício do
cursos. magistério superior far-se-á em nível de pós-

233
Anexo

graduação, prioritariamente em programas além do exercício da docência, as de direção


de mestrado e doutorado. de unidade escolar e as de coordenação
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido e assessoramento pedagógico. (Parágrafo
por universidade com curso de doutorado em acrescido pela Lei nº 11.301, de 10/5/2006)
área afim, poderá suprir a existência de título § 3º A União prestará assistência técnica aos
acadêmico. Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
na elaboração de concursos públicos para
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão provimento de cargos dos profissionais da
a valorização dos profissionais da educação, educação. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
assegurando-lhes, inclusive nos termos 12.796, de 4/4/2013)
dos estatutos e dos planos de carreira do
magistério público: TÍTULO VII
I - ingresso exclusivamente por concurso
público de provas e títulos; DOS RECURSOS FINANCEIROS
II - aperfeiçoamento profissional continuado,
inclusive com licenciamento periódico Art. 68. Serão recursos públicos destinados à
remunerado para esse fim; educação os originários de:
III - piso salarial profissional; I - receita de impostos próprios da União, dos
IV - progressão funcional baseada na titulação Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
ou habilitação, e na avaliação do desempenho; II - receita de transferências constitucionais e
V - período reservado a estudos, planejamento outras transferências;
e avaliação, incluído na carga de trabalho; III - receita do salário-educação e de outras
VI - condições adequadas de trabalho. contribuições sociais;
§ 1º A experiência docente é pré-requisito IV - receita de incentivos fiscais;
para o exercício profissional de quaisquer V - outros recursos previstos em lei.
outras funções de magistérios nos termos das
normas de cada sistema de ensino. (Parágrafo Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca
único transformado em § 1º pela Lei nº 11.301, menos de dezoito, e os Estados, o Distrito
de 10/5/2006) Federal e os Municípios, vinte e cinco por
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do cento, ou o que consta nas respectivas
art. 40 e no § 8º do art. 201 da Constituição Constituições ou Leis Orgânicas, da receita
Federal, são consideradas funções de resultante de impostos, compreendidas as
magistério as exercidas por professores e transferências constitucionais, na manutenção
especialistas em educação no desempenho e desenvolvimento do ensino público. (Vide
de atividades educativas, quando exercidas Medida Provisória nº 773, de 29/3/2017)
em estabelecimento de educação básica em § 1º A parcela da arrecadação de impostos
seus diversos níveis e modalidades, incluídas, transferida pela União aos Estados, ao Distrito

234
Anexo

Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção
respectivos Municípios, não será considerada, e desenvolvimento do ensino as despesas
para efeito do cálculo previsto neste artigo, realizadas com vistas à consecução dos
receita do governo que a transferir. objetivos básicos das instituições educacionais
§ 2º Serão consideradas excluídas das receitas de todos os níveis, compreendendo as que se
de impostos mencionadas neste artigo as destinam a:
operações de crédito por antecipação de I - remuneração e aperfeiçoamento do
receita orçamentária de impostos. pessoal docente e demais profissionais da
§ 3º Para fixação inicial dos valores educação;
correspondentes aos mínimos estatuídos II - aquisição, manutenção, construção e
neste artigo, será considerada a receita conservação de instalações e equipamentos
estimada na lei do orçamento anual, ajustada, necessários ao ensino;
quando for o caso, por lei que autorizar a III - uso e manutenção de bens e serviços
abertura de créditos adicionais, com base no vinculados ao ensino;
eventual excesso de arrecadação. IV - levantamentos estatísticos, estudos
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa e pesquisas visando precipuamente ao
previstas e as efetivamente realizadas, que aprimoramento da qualidade e à expansão
resultem no não atendimento dos percentuais do ensino;
mínimos obrigatórios, serão apuradas e V - realização de atividades-meio necessárias
corrigidas a cada trimestre do exercício ao funcionamento dos sistemas de ensino;
financeiro. VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de
§ 5º O repasse dos valores referidos neste escolas públicas e privadas,
artigo do caixa da União, dos Estados, do VII - amortização e custeio de operações de
Distrito Federal e dos Municípios ocorrerá crédito destinadas a atender ao disposto nos
imediatamente ao órgão responsável pela incisos deste artigo;
educação, observados os seguintes prazos: VIII - aquisição de material didático-escolar
I - recursos arrecadados do primeiro ao e manutenção de programas de transporte
décimo dia de cada mês, até o vigésimo dia; escolar.
II - recursos arrecadados do décimo
primeiro ao vigésimo dia de cada mês, até Art. 71. Não constituirão despesas de
o trigésimo dia; manutenção e desenvolvimento do ensino
III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro aquelas realizadas com:
dia ao final de cada mês, até o décimo dia do I - pesquisa, quando não vinculada às
mês subseqüente. instituições de ensino, ou, quando efetivada
§ 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos fora dos sistemas de ensino, que não vise,
a correção monetária e à responsabilização precipuamente, ao aprimoramento de sua
civil e criminal das autoridades competentes. qualidade ou à sua expansão;

235
Anexo

II - subvenção a instituições públicas ou Parágrafo único. O custo mínimo de que


privadas de caráter assistencial, desportivo trata este artigo será calculado pela União
ou cultural; ao final de cada ano, com validade para o
III - formação de quadros especiais para a ano subseqüente, considerando variações
administração pública, sejam militares ou regionais no custo dos insumos e as diversas
civis, inclusive diplomáticos; modalidades de ensino.
IV - programas suplementares de alimentação,
assistência médico-odontológica, Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da
farmacêutica e psicológica, e outras formas de União e dos Estados será exercida de modo
assistência social; a corrigir, progressivamente, as disparidades
V - obras de infra-estrutura, ainda que de acesso e garantir o padrão mínimo de
realizadas para beneficiar direta ou qualidade de ensino.
indiretamente a rede escolar; § 1º A ação a que se refere este artigo
VI - pessoal docente e demais trabalhadores obedecerá a fórmula de domínio público
da educação, quando em desvio de função que inclua a capacidade de atendimento e a
ou em atividade alheia à manutenção e medida do esforço fiscal do respectivo Estado,
desenvolvimento do ensino. do Distrito Federal ou do Município em favor
da manutenção e do desenvolvimento do
Art. 72. As receitas e despesas com manutenção ensino.
e desenvolvimento do ensino serão apuradas § 2º A capacidade de atendimento de cada
e publicadas nos balanços do Poder Público, governo será definida pela razão entre
assim como nos relatórios a que se refere o § os recursos de uso constitucionalmente
3º do art. 165 da Constituição Federal. obrigatório na manutenção e desenvolvimento
do ensino e o custo anual do aluno, relativo ao
Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, padrão mínimo de qualidade.
prioritariamente, na prestação de contas de § 3º Com base nos critérios estabelecidos nos
recursos públicos, o cumprimento do disposto §§ 1º e 2º, a União poderá fazer a transferência
no art. 212 da Constituição Federal, no art. direta de recursos a cada estabelecimento de
60 do Ato das Disposições Constitucionais ensino, considerado o número de alunos que
Transitórias e na legislação concernente . efetivamente freqüentam a escola.
§ 4º A ação supletiva e redistributiva não
Art. 74. A União, em colaboração com os poderá ser exercida em favor do Distrito
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, Federal, dos Estados e dos Municípios se estes
estabelecerá padrão mínimo de oportunidades oferecerem vagas, na área de ensino de sua
educacionais para o ensino fundamental responsabilidade, conforme o inciso VI do art.
baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, 10 e o inciso V do art. 11 desta Lei, em número
capaz de assegurar ensino de qualidade. inferior à sua capacidade de atendimento.

236
Anexo

Art. 76. A ação supletiva e redistributiva TÍTULO VIII


prevista no artigo anterior ficará condicionada
ao efetivo cumprimento pelos Estados, Distrito DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Federal e Municípios do disposto nesta Lei,
sem prejuízo de outras prescrições legais. Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com
a colaboração das agências federais de
Art. 77. Os recursos públicos serão destinados fomento à cultura e de assistência aos índios,
as escolas públicas, podendo ser dirigidos desenvolverá programas integrados de ensino
a escolas comunitárias, confessionais ou e pesquisa, para oferta de educação escolar
filantrópicas que: bilíngüe e intercultural aos povos indígenas,
I - comprovem finalidade não-lucrativa e com os seguintes objetivos:
não distribuam resultados, dividendos, I - proporcionar aos índios, suas comunidades
bonificações, participações ou parcela de seu e povos, a recuperação de suas memórias
patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto; históricas; a reafirmação de suas identidades
II - apliquem seus excedentes financeiros em étnicas, a valorização de suas línguas e
educação; ciências;
III - assegurem a destinação de seu patrimônio II - garantir aos índios, suas comunidades e
a outra escola comunitária, filantrópica ou povos, o acesso às informações, conhecimentos
confessional, ou ao Poder Público, no caso de técnicos e científicos da sociedade nacional e
encerramento de suas atividades; demais sociedades indígenas e não-índias.
IV - prestem contas ao Poder Público dos
recursos recebidos. Art. 79. A União apoiará técnica e
§ 1º Os recursos de que trata este artigo financeiramente os sistemas de ensino no
poderão ser destinados a bolsas de estudo provimento da educação intercultural às
para a educação básica, na forma da lei, para os comunidades indígenas, desenvolvendo
que demonstrarem insuficiência de recursos, programas integrados de ensino e pesquisa.
quando houver falta de vagas e cursos § 1º Os programas serão planejados com
regulares da rede pública de domicílio do audiência das comunidades indígenas.
educando, ficando o Poder Público obrigado a § 2º Os programas a que se refere este artigo,
investir prioritariamente na expansão da sua incluídos nos Planos Nacionais de Educação,
rede local. terão os seguintes objetivos:
§ 2º As atividades universitárias de pesquisa I - fortalecer as práticas sócio-culturais e a
e extensão poderão receber apoio financeiro língua materna de cada comunidade indígena;
do Poder Público, inclusive mediante bolsas II - manter programas de formação de pessoal
de estudo. especializado, destinado à educação escolar
nas comunidades indígenas;

237
Anexo

III - desenvolver currículos e programas § 3º As normas para produção, controle e


específicos, neles incluindo os conteúdos avaliação de programas de educação a distância
culturais correspondentes às respectivas e a autorização para sua implementação,
comunidades; caberão aos respectivos sistemas de ensino,
IV - elaborar e publicar sistematicamente podendo haver cooperação e integração entre
material didático específico e diferenciado. os diferentes sistemas.
§ 3º No que se refere à educação superior, § 4º A educação a distância gozará de
sem prejuízo de outras ações, o atendimento tratamento diferenciado, que incluirá:
aos povos indígenas efetivar-se-á, nas I - custos de transmissão reduzidos em canais
universidades públicas e privadas, mediante comerciais de radiodifusão sonora e de sons
a oferta de ensino e de assistência estudantil, e imagens e em outros meios de comunicação
assim como de estímulo à pesquisa e que sejam explorados mediante autorização,
desenvolvimento de programas especiais. concessão ou permissão do poder público; (Inciso
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.416, de com redação dada pela Lei nº 12.603, de 3/4/2012)
9/6/2011) II - concessão de canais com finalidades
exclusivamente educativas;
Art. 79-A. (VETADO na Lei nº 10.639, de 9/1/2003) III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para
o Poder Público, pelos concessionários de
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o canais comerciais.
dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da
Consciência Negra’. (Artigo acrescido pela Lei nº Art. 81. É permitida a organização de cursos ou
10.639, de 9/1/2003) instituições de ensino experimentais, desde
que obedecidas as disposições desta Lei.
Art. 80. O Poder Público incentivará o
desenvolvimento e a veiculação de programas Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão
de ensino a distância, em todos os níveis as normas de realização de estágio em sua
e modalidades de ensino, e de educação jurisdição, observada a lei federal sobre a
continuada. matéria. (“Caput” do artigo com redação dada
§ 1º A educação a distância, organizada com pela Lei nº 11.788, de 25/9/2008)
abertura e regime especiais, será oferecida Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.788,
por instituições especificamente credenciadas de 25/9/2008)
pela União.
§ 2º A União regulamentará os requisitos Art. 83. O ensino militar é regulado em
para a realização de exames e registro de lei específica, admitida a equivalência de
diploma relativos a cursos de educação a estudos, de acordo com as normas fixadas
distância. pelos sistemas de ensino.

238
Anexo

Art. 84. Os discentes da educação superior § 2º (Revogado pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
poderão ser aproveitados em tarefas de ensino § 3º O Distrito Federal, cada Estado e Município,
e pesquisa pelas respectivas instituições, e, supletivamente, a União, devem: (“Caput” do
exercendo funções de monitoria, de acordo parágrafo com redação dada pela Lei nº 11.330,
com seu rendimento e seu plano de estudos. de 25/7/2006)
I - (Revogado pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a a) (Revogada pela Lei nº 11.274, de 6/2/2006)
titulação própria poderá exigir a abertura de b) (Revogada pela Lei nº 11.274, de 6/2/2006)
concurso público de provas e títulos para cargo c) (Revogada pela Lei nº 11.274, de 6/2/2006)
de docente de instituição pública de ensino II - prover cursos presenciais ou a distância
que estiver sendo ocupado por professor aos jovens e adultos insuficientemente
não concursado, por mais de seis anos, escolarizados;
ressalvados os direitos assegurados pelos III - realizar programas de capacitação para
arts. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato todos os professores em exercício, utilizando
das Disposições Constitucionais Transitórias. também, para isto, os recursos da educação a
distância;
Art. 86. As instituições de educação superior IV - integrar todos os estabelecimentos de
constituídas como universidades integrar-se- ensino fundamental do seu território ao
ão, também, na sua condição de instituições sistema nacional de avaliação do rendimento
de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência escolar.
e Tecnologia, nos termos da legislação § 4º (Revogado pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
específica. § 5º Serão conjugados todos os esforços
objetivando a progressão das redes escolares
TÍTULO IX públicas urbanas de ensino fundamental para
o regime de escolas de tempo integral.
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS § 6º A assistência financeira da União aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a bem como a dos Estados aos seus Municípios,
iniciar-se um ano a partir da publicação desta ficam condicionadas ao cumprimento
Lei. do art. 212 da Constituição Federal e
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir dispositivos legais pertinentes pelos governos
da publicação desta Lei, encaminhará, ao beneficiados.
Congresso Nacional, o Plano Nacional de
Educação, com diretrizes e metas para os dez Art. 87-A. (VETADO na Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
anos seguintes, em sintonia com a Declaração
Mundial sobre Educação para Todos. Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios adaptarão sua legislação

239
Anexo

educacional e de ensino as disposições desta Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis
Lei no prazo máximo de um ano, a partir da nºs 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e 5.540,
data de sua publicação. de 28 de novembro de 1968, não alteradas
§ 1º As instituições educacionais adaptarão pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro de
seus estatutos e regimentos aos dispositivos 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e,
desta Lei e às normas dos respectivos sistemas ainda, as Leis nºs 5.692, de 11 de agosto de
de ensino, nos prazos por estes estabelecidos. 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e as
§ 2º O prazo para que as universidades demais leis e decretos-lei que as modificaram
cumpram o disposto nos incisos II e III do art. e quaisquer outras disposições em contrário.
52 é de oito anos.
Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da
Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou Independência e 108º da República.
que venham a ser criadas deverão, no prazo
de três anos, a contar da publicação desta Lei, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
integrar-se ao respectivo sistema de ensino. Paulo Renato Souza

Art. 90. As questões suscitadas na transição


entre o regime anterior e o que se institui nesta
Lei serão resolvidas pelo Conselho Nacional
de Educação ou, mediante delegação deste,
pelos órgãos normativos dos sistemas de
ensino, preservada a autonomia universitária.

Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua


publicação.

240
EDUCAÇÃO FÍSICA

conclusão geral

Chegamos ao fim dessa jornada que teve como obje- ção dos Órgãos Governamentais da Educação:
tivos centrais transitar e compreender as alíneas que MEC/INEP, apontando as relações de influência
desenham o universo, as políticas educacionais e a das Agências e Organismos Internacionais na
organização da educação brasileira. Discutimos, ao educação. Por fim, estudamos o Plano Nacio-
longo das unidades, com autores que promoveram nal de Educação (2014-2024), pois entendemos
uma rica interlocução entre as ações da atualidade aqui, caro(a) aluno(a), que precisamos conhecer
e as relações históricas estabelecidas entre o global e analisar o contexto que precede e insere nossas
e o local. atitudes no cotidiano escolar, independente dos
O que significa que navegamos das questões níveis ou modalidades de educação aos quais
conceituais de Estado, Sociedade Civil e Políti- estamos nos referindo.
cas Públicas, para que pudéssemos entender as Sendo assim, chegamos ao final dos nossos
posições históricas relacionadas às Políticas Pú- estudos relacionados a essa temática, mas refor-
blicas para a Educação Básica e os aspectos le- çamos que o texto apresentado não esgota todas
gais das políticas educacionais; destacamos, na as possibilidades de pensar e refletir acerca das
Constituição Brasileira, o Capítulo II Da Edu- temáticas abordadas. Contudo, esperamos que
cação e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação tenha lhe oportunizado momentos importantes
Brasileira (LDB 9394/96). e oportunos para a compreensão das análises
Discutimos os níveis e modalidades da edu- realizadas acerca das temáticas propostas. Es-
cação, bem como seus limites e especificidades pero que você tenha se sentido aguçado(a) em
centrais, articulados com os aspectos socioeco- querer ir além e desenvolver outras pesquisas e
nômicos, políticos e históricos. Analisamos a incursões no campo das políticas e organização
forma de organização e avaliação, utilizada na brasileira. Assim, chegamos ao final de mais um
educação básica, para verificação do rendimen- estudo, desejamos a você sucesso e inúmeras re-
to escolar; concomitante, entrelaçamos a fun- alizações profissionais. Até breve!

241

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