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Edgar Morin, francês graduado em Direito, Economia Política, História e

Geografia, autor de diversos livros, entre eles: O método com seis volumes é
responsável por contribuições para um pensamento complexo que visa integrar
diversos conteúdos e conhecimentos ao processo de construção do sujeito. Por
isso mesmo, contribui de forma veemente para a prática pedagógica
oferecendo uma noção de sujeito que é composto por diversos conteúdos,
aliando a sua natureza aos ditames da cultura.

Em 1999, lançou o livro “A cabeça bem feita: repensar a reforma,


reformar o pensamento”, obra de prefácio, nove capítulos e dois anexos, traz
importantes reflexões sobre o processo de formação do sujeito resultando
numa proposta autodidata que visa criar uma cultura que compreenda nossa
condição de vida.

Criticando uma fragmentação crescente das disciplinas, em oposição a


um mundo cada vez mais globalizado, essa unidimensionalidade dificuldade a
compreensão dos fatos e impossibilita a emancipação. Em se tratando da
Educação e da prática pedagógica, esse esfacelamento dos saberes assume
posição forte na vida social, principalmente pelo nosso próprio sistema de
ensino reproduzir essa lógica separatista. A dissociação entre as ciências
humanas e as técnicas é só um exemplo desse modelo de pensamento. Morin
(2001) propõe três desafios: 1 – o desafio sociológico, que requer a integração
da informação, do conhecimento e do pensamento; 2 – o desafio cívico,
representado pela democratização do saber; e 3 – o desafio dos desafios,
significando a reforma do ensino e do pensamento.

Inspirado por Montaigne, responsável pelo termo “cabeça bem feita”


Morin ressalta a importância da curiosidade e da capacidade de se posicionar
diante dos problemas da vida e elabora o que seriam os passos para alcançar
essa cabeça bem feita: Contextualização e globalização do conhecimento
como imperativo para a educação; recriar o espírito científico das ciências
como sistemas complexos, evitando o reducionismo científico; pensamento
ecológico que se trata da interação de sistemas vivos que engloba múltiplas
disciplinas; a interação da biologia com outras ciências para determinar a
origem e a evolução da vida dos humanos e a interação das culturas científicas
e humanistas.

Refletindo a partir das contribuições de Morin (2001) e utilizando a


experiência da escrita do Memorial onde mencionei ter sido educado por três
instituições fortes - Família, Religião e Escola – pude perceber que minha
formação foi totalmente separatista, o modelo de escola-fábrica que
impossibilitou minha relação direta com a vida e os acontecimentos resultando
numa formação incapaz de se relacionar com o mundo globalizado com que
nos deparamos hoje.

A divisão das disciplinas por cadernos e pastas, não possibilitou pensar


numa formação interdisciplinar e acredito que isso tenha relação direta com as
dificuldades que tive na escola e na vida.

Pensando com Morin, acredito que a prática pedagógica precisa


alcançar o nível de vida que temos no mundo contemporâneo, não há mais
como pensar numa educação segmentada, castradora de sentidos, bancária.
Onde a relação professor-aluno é piramidal, hierárquica. Há que se construir
uma prática pedagógica horizontal, capilar, onde a construção e interpretação
dos sentidos da vida leve em consideração a realidade local de cada indivíduo,
a formação do sujeito autônomo, capaz e consciente de produzir significado
para suas práticas diárias e ciente de sua interação total com a natureza, hoje,
infelizmente, a educação ainda enfrenta dificuldades de ensinar o indivíduo a
se olhar como parte integrante de um sistema e não alheio a ele.

REFERÊNCIAS

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita. Tradução Eloá Jacobina. 5. ed. Rio


de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001a.

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