Professional Documents
Culture Documents
Jurema sagrada como tradição mágica religiosa é uma tradição nordestina que se iniciou com o uso da
jurema pelos indígenas da região norte e nordeste do Brasil, tendo sofrido influências de variadas origens,
da feitiçaria europeia à pajelança, xamanismo indígena, passando pelas religiões africanas, pelo
catolicismo popular, e até mesmo pelo esoterismo moderno, psicoterapia psicodélica e pelo cristianismo
esotérico. No contexto do sincretismo brasileiro afro-ameríndio, a presença ou não da jurema como
elemento sagrado do culto vem estabelecer a diferença principal entre as práticas de umbanda e do
catimbó. A prática é ainda um assunto pouco estudado.
Apesar de bastante conhecida no Nordeste do Brasil ainda não há um consenso sobre qual a
classificação exata da planta popularmente conhecida por Jurema.
A Jurema (Acacia Jurema mart.) é uma das muitas espécies das quais a Acácia é o gênero. Várias
espécies de Acácia nativas do nordeste brasileiro recebem o nome popular de Jurema.
As Acácias sempre foram consideradas plantas sagradas por diferentes povos e culturas de todo o
mundo; Os Egípcios e Hebreus veneravam a "Acacia nilotica" (Sant, Shittim, Senneh), os Hindus a
"Acacia suma" (Sami), os Árabes a "Acacia arabica" (Al-uzzah), os Incas e outros povos indígenas da
América do sul veneravam a "Acacia cebil"(vilca, Huillca, Cebil), os nativos do Orinoco a "Acacia niopo"
(Yopo) e os índios do nordeste brasileiro tinham na "Acacia jurema" (Jurema, Jerema, Calumbi) a sua
árvore sagrada, a sua Acacia, ao redor da qual desenvolveu-se essa tradição hoje conhecida como
"Jurema sagrada".
O culto da Jurema está para a Paraíba, assim como o de Iroko está para a Bahia. Esta arvore tipicamente
Nordestina, era venerada pelos índios potiguares e tabajaras, da Paraíba, muitos séculos antes da
descoberta Brasil. Em Pernambuco, existe um município cujo nome é Jurema devido a grande quantidade
destas árvores que ali se encontra. A jurema (mimosa hostilis), depois de crescida, é uma frondosa árvore
que vive mais de 200 anos. Todas as partes dessa árvore são aproveitadas: a raiz, a casca, as folhas e
as sementes, utilizadas em banhos de limpeza, infusões, unguentos, bebidas e para outros fins
ritualísticos. Os devotos iniciados nos rituais do culto são chamados de “Juremeiros”. Foi na cidade de
Alhandra, município a poucos quilômetros de João Pessoa, que esse culto, na forma do Catimbó
alcançou fama. A Jurema já era cultuada na antiguidade por pelo menos dois grandes grupos indígenas,
o dos tupis e o dos cariris também chamados de tapuias. Os tupis se dividiam em tabajaras e potiguares,
que eram inimigos entre si. Na época da fundação da Paraíba, os tabajaras formavam um grupo de
aproximadamente cinco mil índios. Eles ocupavam o litoral e fundaram as aldeias Alhandra e a de
Taquara.
A jurema sagrada é remanescente da tradição religiosa dos índios que habitavam o litoral da Paraíba, Rio
Grande do Norte e no Sertão de Pernambuco e dos seus pajés, grandes conhecedores dos mistérios do
além, plantas e dos animais. Depois da chegada dos africanos no Brasil, quando estes fugiam dos
engenhos onde estavam escravizados, encontravam abrigo nas aldeias indígenas, e através desse
contato, os africanos trocavam o que tinham de conhecimento religioso em comum com os índios. Por
isso até hoje, os grandes mestres juremeiros conhecidos, são sempre mestiços com sangue índio e
negro. Os africanos contribuíram com o seu conhecimento sobre o culto dos mortos egun e das
divindades da natureza os orixás voduns e inkices. Os índios, estes contribuíram com o conhecimento de
invocações dos espíritos de antigos pajés e dos trabalhos realizados com os encantados das matas e dos
rios. Daí a jurema se compor de duas grandes linhas de trabalho: a linha dos mestres de jurema e a linha
dos encantados .
Na literatura o suco da jurema aparece no Romance Iracema de José de Alencar, (1829 - 1877),
publicado em 1865. É descrito como bebida de cor esverdeada, que deixavam os índios em estado de
transe, propiciando-lhes sonhos agradáveis. Iracema era filha do pajé, guardiã do suco da jurema. Por
isso deveria manter-se virgem, mas sua vida muda com a chegada de Martim, um homem branco, que
chegara como convidado à sua casa.
O romance ocorre no interior e litoral nordestino (terra do autor) e explora a rivalidade tribal entre os
índios tabajaras (da tribo de Iracema) e os pitiguaras (referência aos potiguaras do qual ainda existem
remanescentes), que disputavam territórios litoral e adversários dos tabajaras.
O autor apesar de descrever alguns costumes indígenas, ameniza a violência do processo de aculturação
descrito além de Iracema nos seus outros romances indianistas "Ubirajara" (1870), e "O Guarani" (1857) e
não fornece um relato comparável as descrições etnográficas. Contudo, diante da escassez de fontes
sobre os índios do nordeste do Brasil, é uma importante referência para reconstituição dos rituais e mitos
destruídos pela aculturação juntamente com seu romance regionalista "O Sertanejo" (1875).
Também o romance brasileiro "Macunaíma" escrito por Mário de Andrade ( poeta e romancista
modernista) faz referência a essa planta para fins ritualísticos. O personagem principal homônimo ao se
caracterizar de mulher para enganar Venceslau Pietro Petra, "virou uma francesa tão linda que se
defumou com jurema e alfinetou um raminho de pinhão paraguaio para evitar quebranto."
Para entender o que é um Reino da Jurema Sagrada é o seguinte, após o seu nascimento cada vez que
era obrigado a acrescentar novos atos e valores dentro da Jurema de Caboclo era criado um Reinado,
voltamos ao período da Pre-colonização do Brasil, que foi antes do descobrimento em 1498 oficial em
1500, e em 1532 Os invasores que foram chamados de colonizadores ao chegar ao Novo Mundo, ou
Terra prometida, fizeram amizade com os índios que habitavam o litoral. Os índios do tronco dos Tupis,
que ocupavam a Costa Leste foram totalmente exterminados. Esse é o período em que não houve
registro escrito sobre as atividades desenvolvidas pelos povos indígenas no Brasil.
O índio, que sempre esteve em harmonia com o meio ambiente, sofreu muito com a chegada do homem
branco, que formava pequenos vilarejos, a caça de escravos índios também era utilizada por esses
primeiros homens em terras brasileiras. Em 1532 existiam muitos colonizadores e homens com muitos
sonhos.
A grande resistência do índio de ser escravo em sua própria terra levou os invasores a alternativas.
Logo depois, em 1533, deu-se início a chegada dos navios negreiros, trazendo escravos da África. Este
contato estabelecido passou a ocupar mais a cultura do habitante da terra com remédios, hábitos
alimentares e junção de religião.
Foi desta época que se desenvolviam os primeiros Juremeiros consagrados pelos Pajés do tronco dos
Tupi.
Estes Reinos são espirituais, como já foi dito, mas no culto da Jurema eles são representados por
estruturas físicas que chamamos também de cidades, que são representadas em árvores onde existiram
consagrações de juremeiros, a sua ciência e buscada toda na natureza do reino animal e ou vegetal,
como que para os índios existem Deus tudo que na força da natureza, que esses espíritos são invocados
afim de ajudar os membros da aldeia, ato esse realizado pelos Pajés.
E tem ate nos dias de hoje os índios que são iniciados na pajelança que os seus guias espirituais são
índios que se encantaram.
A cidade no mundo espiritual é a união de forças espirituais, ligados a vida das árvores, fazendo um elo
entre o mundo espiritual e a terra e isso ao Juremeiro.
Na cidade montada para o Juremeiro, o seu altar e suas mesas de consagração são constituídas por
vários objetos que lembram ou contém algo que liga a natureza ao mundo dos encantados para fazer as
invocações.
São constituídas por pote, moringas, bacias de barro, água, cachimbos, cruzeiros de Luz, maracás, tronco
de árvores sagradas e vários outros objetos. Observando que os copos taças e cristais foi agregado nos
outros reinados e não na Jurema de Caboclo que é tudo nativo.
São muitos os elementos para se levantar uma cidade, esta cidade é colocada sob a proteção de um
Mestre, o qual foi encantado nela na sua passagem, ao manifestar em um médium é consagrado e
encantado novamente na mesa, sendo sua missão espiritual para com a comunidade.
É composto pelas cidades de Juremal, Cidade Campos Verdes e Cidade Estrela D’Alva. Família Surupira
que são os índios que não teve contatos com o homem branco isso que se encantou-se antes de 1500.
Este Reino pertence aos primeiros Juremeiros, são os encantados mais antigos da Jurema Sagrada
Catimbó.
Fazem parte deste reino os Caiporas, Curupiras, Sereias, Mestres Curandeiros, Casamenteiros e Mestras
Parteiras.
Praticam magia com os elementos da natureza, sendo todos os atos principais na própria natureza, nada
dentro de casa, somente alguns se realizam em seus altares.
Por isso o Reino do Juremá é dito como o um reino dos primórdios, com seus cultos primitivos, voltados à
natureza e ao homem e seu habitat natural, invocações de encantados no seu elemento natural.
Há muitos caboclos (índios) e muitos cabocos (mestiços) com poucas características de índios, mas que
entendem muito de remédios do mato por serem juremados pelos Pajés.
Este Reino é governado por Tupã que na mesa é chamado de Rei Tanaruê (não acosta). Toda a falange
de Tupinambá vem através deste reino. Os mestres Inácio de Oliveira, Roldão de Oliveira e Maria do
Acais I, que na verdades era índios vivia na Paraíba, são os que estão à frente das cidades.
Este reino tem a função de melhorar a vida das pessoas trazendo prosperidade, inteligência e despertar a
ciência dos discípulos. Na árvore da Jurema Preta este reino está na semente.
Ou seja, a semente para todos os outros onze reinados saiu do reino de Tupã.
Dizem os antigos que este reino fica na direção norte e no Rio Grande do Norte ou na Paraíba e quem
tem a ciência da vidência vê no céu quando o dia começa a nascer e isto somente por alguns segundos.
Este é um Reino de muitos Mestres antigos também que viveram no Rio Grande do Norte e redondezas.
Há muitos Caboclos e Pretos Velhos, neste reino. O Vajucá está divido em duas partes:
É interessante falar sobre este reino corrigindo a pronúncia que algumas pessoas ao falar ou cantar sobre
este reinado, erroneamente o chamam de panema.
Panema é um mal súbito, uma doença parecida com o banzo dos negros, um tipo de depressão causada
por encantamento com o objetivo de fazer o atingido definhar.
Tanema é um Peino de transformação e equilíbrio; um Reino onde as coisas e pessoas passam e se
transmutam; um Reino de renovação. Neste Reinado encontraremos muitos curandeiros, ciganos, alguns
pajés e outros entes que trabalham e cuidam de ervas e animais.
Reino do Angico, uma árvore da família das acácias, muito importante em nosso culto que leva o mesmo
nome deste Reino.
Este Reinado traz o poder da proteção, do fechar do corpo e o espírito para os males do mundo.
Neste local, vários espíritos que se destacaram pela manipulação dos poderes encantados das águas e
de feitiços ligados a alma feminina, tais como Mestra Aninha do Alejo, Mestra Joana Pé de chita, Sibamba
e etc.
Reino dos índios que foram massacrados, dos feiticeiros que foram condenados e torturados por serem
bruxos, magos negros, cabalistas e etc. Reino da guerra e do conflito, dele é que tiramos a força para os
trabalhos de “fumaça as esquerdas”, que são rituais onde evocamos o poder de aniquilação impregnado
neste reino para diluirmos situações indigestas ou aparentemente intransponíveis em nossa vida.
Parecido com o Reino de Tanema, onde estão se transformando as energias, o reino do bom florar é um
local onde já estão estabelecidos os vínculos eco existenciais com os seres animais, vegetais e humanos.
Morada dos antigos mestres raizeiros; este reino é repleto de entes iluminados, a maioria dos mestres
que trabalham ligados a este lugar, se dedicam a trabalhar em magias curativas.
Este Reino é um marco da influência da cultura negra dentro do culto da Jurema Sagrada.
Reino de vários quilombos mistos de negros, índios e brancos foragidos, Reino onde estão estabelecidos
muitos vodus e Pretos Velhos, Xambá entre outros culto afro descendentes.
Este é um marco na história da Jurema Sagrada, localidade onde foi aberta a primeira porta, ou seja, a
primeira casa de Catimbó Jurema.
É o Reinado que tem mais adeptos. É considerado um marco.
A partir de Maria do Acais firmou-se aliança e troca de conhecimento com os outros Reinados existentes
e unificação da ciência, tendo sido criado por muitos mestres que acostam em novos discípulos.
Os mestres mais importantes dos primórdios dos cultos da jurema no nordeste que são Mestre Manoel
Cadete, Mestre Machado Bravo e Mestre José Pelintra.
O último e mais misterioso dos reinos. Nele se encontram os Reinados, Os Tronos e os Poderes do
mundo espiritual. Local onde vivem e trabalham os anjos de todas as espécies.
Neste Reinado trabalha-se com o Poder Divino através de uma outra forma mais sútil da magia.
O que para os esotéricos é onde se guardam os dogmas da alta magia.
É o Reinado fonte de Purificação da Espiritualidade do culto da Jurema Sagrada.