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A qualidade das fontes hídricas naturais tem sido alterada em diferentes escalas nas
últimas décadas. Fator este, desencadeado pela complexidade dos usos múltiplos da água
pelo homem, os quais acarretaram em degradação ambiental significativa e diminuição
considerável na disponibilidade de água de qualidade, produzindo inúmeros problemas ao
seu aproveitamento. A água pode ter sua qualidade afetada pelas mais diversas atividades do
homem, sejam elas domésticas, comerciais ou industriais. Cada uma dessas atividades gera
poluentes característicos que têm uma determinada implicação na qualidade do corpo
receptor. A poluição pode ter origem química, física ou biológica, sendo que em geral a
adição de um tipo destes poluentes altera também as outras características da água. Desta
forma, o forma possível com as fontes de poluição. Em geral, As conseqüências de um
determinado poluente dependem das suas concentrações, do tipo de corpo d´água que o
recebe e dos usos da água. O trabalho a seguir tem como objetivo dar uma idéia do que são e
quais são as principais conseqüências de poluição hídrica pelas águas contaminadas
resultantes de combate a grandes incêndios, principalmente os de ocorrência em áreas
industriais.
Palavras-chave: águas contaminadas de incêndio, impacto ambiental, remediação, técnica.
1.- Introdução
O elemento mais presente em nosso planeta é sem dúvidas a água. Ela é matéria vital
de sustentação e reprodução da vida. É encontrada tanto no estado líquido, gasoso ou sólido,
na atmosfera, sobre ou sob a superfície terrestre conforme mostra a figura 1, nos oceanos,
mares, rios e lagos.
Nela se concentram a maior parte de organismos e microorganismos vivos. Na
constituição dos tecidos orgânicos sua presença é fundamental: cerca de 60% do peso do
homem é constituído de água e, em certos animais aquáticos, esta porcentagem alcança 98%.
Cálculos aproximados revelam que o planeta Terra possui em sua massa 1,36 x 10 18 m3 de água.
Cerca de 97,4% de toda essa massa está contida nos mares e os oceanos, ou seja, é água salgada
ASSEMAE/FUNASA, 1996.
* Carlos Alberto do Carmo – Engenheiro Civil – Graduado pela Universidade Estácio de Sá – 2016
* email: engcarlos.a.carmo@gmail.com
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Figura 1 -Mapa quantifica pela primeira vez água escondida debaixo da terra no mundo
Profundidade das
águas continentais:
Fonte:http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/11/.html
Na forma de neve ou gelo, no topo das grandes cadeias de montanhas ou nas zonas polares,
estão estocados 2,14% da água total. Resta apenas cerca de 0,6 % do total disponível como água
doce, seja nos aquíferos subterrâneos (0,61%), nos rios e lagos superficiais (0,0140%) ou na
atmosfera, na forma de vapor d’água (0,001%). ASSEMAE/FUNASA, 1996.
Preservar o ciclo vital da água é preservar a vida. A figura 2 ilustra o ciclo da água.
Em muitos lugares nesse planeta, o ciclo natural vem sofrendo muitas alterações. A ação
desregrada de desmatamentos faz com que a água precipitada em forma de chuva escorra
mais rapidamente, isso reduz a infiltração no solo e deixa de sustentar os cursos d'água.
Além do mais, em determinadas regiões ela desaparece ocorrendo um longo período de
estiagem.
Figura 2 – Esquema do ciclo da água
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O envelopamento do solo gerado por impermeabilizações do solo nos grandes
centros urbanos (uso do asfalto, cimento e calçamento), reduz a percolação da água,
deixando também de abastecer os lençois subterrâneos. Muitas cidades precisam dessa água,
retirada com a perfuração de poços para atender as suas necessidades.
A preservação dos rios é muito importante, pois preserva grande parte da vida.
Muitas cidades são formadas próximas a rios. As águas fluviais servem para abastecimento,
alimento, uso doméstico, irrigação, produção industrial, fonte de energia, e meio de
transporte.
A qualidade da água tem sido comprometida desde o manancial, pelo lançamento de
efluentes e resíduos, o que exige investimento nas estações de tratamento e alterações na
dosagem de produtos para se garantir a qualidade da água na saída das estações. No entanto,
tem-se verificado que a qualidade da água decai no sistema de distribuição pela
intermitência do serviço, pela baixa cobertura da população com sistema público de
esgotamento sanitário, pela obsolescência da rede de distribuição e pela manutenção
deficiente, entre outros.
As ações de controle e vigilância da qualidade da água têm sido extremamente
tímidas. Muitos municípios e localidades não dispõem de pessoal e de laboratórios capazes
de realizar o monitoramento da qualidade da água, do manancial ao sistema de distribuição,
tendo, até mesmo, dificuldades em cumprir as exigências da Portaria nº 36/1990 do
Ministério da Saúde. Segundo a PNSB (1989), das regiões brasileiras, mais uma vez, a
Norte dispõe de apenas 32,4% dos municípios com controle bacteriológico da água dos
sistemas. Quadro que pouco mudou nos últimos anos.
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mínimos (chamados concentrações-traço) por meio de alimentos ou da água potável. No
entanto, a partir de determinadas concentrações, estes e outros metais pesados passam a ser
altamente tóxicos, trazendo graves prejuízos à comunidade aquática e às pessoas e animais
que se utilizam de águas contaminadas. Tais metais interferem ainda de forma prejudicial
nos processos biológicos de tratamento de esgotos, devendo por isso ser parcialmente
removidos, por meio de pré-tratamento, antes dos lançamentos de esgotos industriais na rede
pública coletora.
A qualidade química é aferida pela própria identificação do componente na água, por
meio de métodos laboratoriais específicos. Tais componentes químicos não devem estar
presentes na água acima de certas concentrações determinadas com o auxílio de estudos
epidemiológicos e toxicológicos. As concentrações limites toleráveis significam que a
substância, se ingerida por um indivíduo com constituição física mediana, em certa
quantidade diária, durante um determinado período de vida, adicionada à exposição esperada
da mesma substância por outros meios (alimento, ar, etc.), submete esse indivíduo a um
risco inaceitável de acometimento por uma enfermidade crônica resultante. Dois importantes
grupos de substâncias químicas, cada qual com origens e efeitos sobre a saúde humana
específicos, são as substâncias químicas inorgânicas, como os metais pesados e orgânicas,
como os solventes.
Além disso, nos sinistros de incêndio, elementos químicos em contato com a água
utilizada para apagar o fogo e a execução de rescaldo, também carreiam uma quantidade
substancial desses elementos aos canais pluviais, rios e lagoas.
Estes resíduos podem comprometer e até matar os organismos vivos e se acumular
nos tecidos dos peixes e crustáceos. Estes animais fazem parte da cadeia alimentar humana,
e sua ingestão pode provocar graves danos à saúde.
Nitratos e pesticidas utilizados na agricultura quando em depósitos e indústrias
alcançados por incêndios e pelas águas de combate as chamas e rescaldo contaminam o
lençol freático e são associados ao desenvolvimento de vários tipos de doenças.
A poluição do ambiente gerada por gases resultantes muitas vezes da reação química
de determinados elementos em contato com essas mesmas águas, também é bastante
prejudicial a vida humana e animal.
Por isso, preservar os cursos de água e usá-la de forma sustentável deve ser a grande
preocupação de uma sociedade responsável.
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Pela qualidade de vida hoje e pela sobrevivência das gerações futuras, é preciso
proteger os mananciais, recuperar rios poluídos, incentivar a educação ambiental e o uso
consciente da água.
Assim, mesmo em situações que possam ser consideradas “graves”, como explosões,
incêndios ou vazamentos tóxicos, as ações de controle a serem desencadeadas deverão ser
devidamente analisadas a partir de critérios técnicos e com o apoio de especialistas, de modo
que uma situação mesmo que grave não resulte em conseqüências maiores.
A fase de rescaldo constitui uma parte integrante do combate ao incêndio, sendo uma das
mais importantes, em que o Comandante de Socorro, após a extinção do incêndio, fará
vistoria visando constatar se existem focos de incêndio sobre os escombros, a fim de
extingui-los, e se existe necessidade de proceder ao escoamento da água ou remoção de
entulho. Cientificar-se de que os elementos que entraram em ignição não voltem a se
desenvolver pela potencialização de altas temperaturas. Também é o tratamento e disposição
de resíduos; monitoramento da qualidade das áreas impactadas e elaboração de relatórios
dos trabalhos de campo.
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Nesta fase atua-se na extinção dos focos ardentes que permanecem dentro do setor
afetado, de maneira a apagar completamente as chamas ou brasas ainda existentes e evitar
que o fogo reacenda.
O rescaldo destina-se a assegurar que se eliminou toda combustão na área ardida, pois a
operação de rescaldo se finaliza apenas quando a combustão é eliminada e a mesma é
resfriada a ponto de não conseguir atingir seu ponto de ignição novamente, conforme ilustra
a figura 4.
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Figura 5 – Mega explosão de deposito de combustível
Fopnte: https://zonaderisco.blogspot.com.br/2007/05/mega-exploso-do-depsito-de-combustveis
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utilizaram detectores de atmosfera explosiva para minimizar a possibilidade de explosões de
atmosfera inflamável.
Os grandes incidentes industriais, semelhantes ao Buncefield, além da complexidade
do combate ao fogo estão trazendo outros problemas relacionados à contaminação ambiental
de duas maneiras:
A contaminação ambiental direta, devido aos componentes da combustão gerado
pelo fogo e a contaminação ambiental indireta gerado pelo combate ao fogo, produzido pela
água residual de incêndio contaminado por substancias tóxicas ou que interage com produtos
químicos contidos no incêndio e também pelo concentrado de espuma utilizado em produtos
inflamáveis.
Toda essa água residual contaminada é direcionada ao sistema de drenagem da
indústria, contaminando o solo e o lençol freático e posteriormente atingindo córrego, lago,
rio e mar, etc.
No Brasil seria interessante que as autoridades considerassem a ecotoxicidade da
água residual de incêndio de indústrias potencialmente perigosas, envolvendo líquidos
inflamáveis, produtos tóxicos, como resíduo potencialmente perigoso que atendesse os
critérios da ABNT-NBR sobre Gestão de Resíduos Perigosos. E mantivesse o rigor nas
fiscalizações quanto ao atendimento de requisitos legais e normativos relativos aos aspectos
preventivos.
A gestão de resíduos perigosos de incêndio seria os resíduos provenientes de água
contaminada proveniente de combate aos incêndios gerados em equipamentos e instalações
industriais que tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos
d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor
tecnologias disponível.
Nesse caso a indústria seria obrigada armazenar em tanques , conforme as figuras 6 e
7, e monitorar, e tratar a água contaminada de incêndio, como se fosse Armazenamento
Temporário de Produtos Perigosos, sendo liberada aos corpos d’água quando estivesse
atingido o padrão de qualidade de água limpa, livre de quaisquer riscos ao ecossistema.
O armazenamento tem como definição à contenção temporária de resíduos em área
adequada, a espera de reciclagem, recuperação, tratamento ou destinação adequada, desde
que atenda às condições básicas de segurança.
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Figura 6 – Sistema de contenção de águas do MAKRO de Campo Grande -
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Como exemplos de áreas de risco em potencial para desastres temos no Estado de
São Paulo, na ilha Barnabé, Santos, 143 tanques com capacidade de armazenagem de 170
milhões de litros de produtos químicos. Zona Risco.blogspot
Assim como esse episódio de Londres, no momento em que assistimos pessoalmente
ou pela televisão a tantos outros acidentes semelhantes ficamos perplexos com a altura que o
fogo atinge e com o volume da densa fumaça que encobre horizontes e escondem o céu e às
vezes o sol, porém não nos damos conta de que o maior impacto não esteja nas emissões
atmosféricas, originadas por gases tóxicos, carbono e cinzas lançadas no ar e sim pelas águas
utilizadas para a extinção das chamas, bem como as utilizadas em rescaldo.
Além de grande quantidade de resíduos sólidos, após o incêndio ter sido contido,
ainda existem riscos eminentes que podem contaminar pessoas, ambientes e o solo, diante da
necessidade de se realizar os rescaldos do material queimado. Então o grande vilão é a água
utilizada para apagar o fogo, por meio da lixiviação (Lixiviação é o processo de extração de
uma substância de sólido através da sua dissolução num líquido. É um termo utilizado em
vários campos da ciência como a geologia, ciências do solo, metalurgia e química) que vão
contaminar os recursos hídricos com poluentes industriais como o cádmio, chumbo, cianetos
e mercúrio, que podem levar a intoxicações mortais em pequenas quantidades, alterando a
qualidade da água, bem como extinguindo seres vivos existentes naquele ambiente.
A qualidade da água é prejudicada pela concentração de cinzas levada pelas águas,
além da deposição de sedimentos desprendidos do solo, decorrentes da erosão, para o fundo
dos corpos d’água.
MEIXNER (2004), após efetuar um estudo sobre os impactos que um fogo florestal
tem em áreas imediatamente adjacentes aos incêndios, concluiu que, quanto aos impactos
físicos na água, o aumento do fluxo de sedimentos após um incêndio traz impactos tanto na
ecologia, como na água potável, uma vez que os reservatórios de água e as bacias poderão
ser preenchidos, perturbados e, portanto, danificados pelos sedimentos.
Já para SPENCER et al. (2003) refere no seu estudo que um dos primeiros impactos
presenciados, após um incêndio florestal, é a morte dos peixes, que poderá ser causada pelas
elevadas temperaturas durante o fogo e/ou pela difusão do fumo na água, ou pela alteração
dos parâmetros químicos da água, tais como a alta volatilização dos níveis de compostos.
Aqui no Brasil um incêndio de grandes proporções atingiu uma unidade industrial de
produtos químicos na cidade de Boituva, São Paulo. A Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental (Cetesb) verificou danos ambientais . O órgão fez vistorias em
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conjunto com bombeiros, para analisar os impactos que o incêndio causou ao meio
ambiente, pois houve vazamento de líquido tóxico.
Fonte: CETESB
Fonte: CETESB
Fonte: CETESB
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De acordo com a publicação da Cetesb 2014, figuras 8,9 e 10, incêndios envolvendo
produtos químicos podem resultar em consequências bastante diversificadas, em função do
comportamento de diferentes substâncias quando expostas ao fogo. Embora a água seja o
agente de extinção mais comumente empregado, a mesma pode ser ineficaz em alguns
casos, razão pela qual deve-se utilizar alguns critérios para a escolha do agente a ser
empregado. Tais informações deverão ser obtidas junto a especialistas ou em documentação
técnica a respeito do(s) produto(s) envolvido(s), como manuais de emergência, fichas de
informações sobre produtos químicos, etc.
Nos casos em que ocorrerem a emanação de vapores, tóxicos ou inflamáveis, ou mesmo
em situações de derrames de produtos sólidos ou líquidos, é comum o uso de água tanto para
abatimento de vapores, como para a lavagem ou diluição do produto vazado. No entanto, da
mesma forma que nos casos de incêndio, há que se considerar alguns fatores para o uso de
água nestas situações, tais como:
reações do produto quando em contato com a água;
contato da água com outros produtos envolvidos na ocorrência ou presentes na área,
que possam acarretar reações indesejadas;
contaminação da água e carreamento desta para bueiros, galerias e corpos d’água.
risco de aumento no volume do contaminante e na área atingida, muitas vezes
ampliando a área contaminada e o próprio impacto ambiental do acidente. A
operação de abatimento dos gases será tanto mais eficiente, quanto maior for a
solubilidade do produto em água, como é o caso da amônia e do ácido clorídrico.
Vale lembrar que a água utilizada para o abatimento dos gases deverá ser contida, e
recolhida posteriormente, para que a mesma não cause poluição dos recursos hídricos
existentes na região da ocorrência.
Assim, mesmo em situações que possam ser consideradas “graves”, como explosões,
incêndios ou vazamentos tóxicos, as ações de controle a serem desencadeadas
deverão ser devidamente analisadas a partir de critérios técnicos e com o apoio de
especialistas, de modo que uma situação mesmo que grave não resulte em
consequências maiores.
Levando-se em conta que as cidades se desenvolvem, em sua maioria, junto mananciais
com potencial para abastecimento das necessidades humanas e industriais, grande numero de
cidades se encontram próximos a rios e demais corpos d’água, tanto para o bombeamento
como para lançamento das águas usadas de todos os processos.
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Uma evidencia concreta na publicação do portal G1 de 24/09/2015, aporta o problema e
as consequências do assunto em foco. Parte da água usada para apagar o incêndio que
destruiu uma fábrica de produtos químicos no fim da tarde desta quarta-feira (23), em
Araçatuba (SP), pode ter causado mais estragos ao meio ambiente. A água contaminada
atingiu um córrego que é afluente do rio responsável pelo abastecimento da maior parte da
cidade. Barreiras de contenção foram feitas para não deixar que todo o produto chegasse até
a água. De acordo com os técnicos da Cetesb, uma equipe vai avaliar o impacto ambiental.
30 homens do Corpo de Bombeiros trabalharam durante oito horas para controlar as chamas.
Parte da água usada pelo Corpo de Bombeiros para controlar o incêndio desceu por
algumas ruas do bairro. Em diversos pontos é possível ver água e produto químico
acumulado. Barreiras de contenção foram feitas para impedir que a água contaminada
chegasse ao córrego Machadinho que fica há poucos metros do local.
Com relação ao impacto na qualidade da água destaco a publicação no "O Estadão" (São
Paulo), de 4 Agosto 2011, muita água, mas de qualidade cada vez pior, sobretudo nas
proximidades dos grandes centros industriais. Essa ameaça, embora real, nem sempre é
percebida pela população e por autoridades. Os investimentos em saneamento básico
aumentaram nos últimos anos, mas, para afastar o risco de contaminação nesse aspecto, será
necessário ampliá-los ainda mais.
Já existem conclusões definidas no Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no
Brasil - Informe 2011, elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA) com o objetivo de
apresentar a situação da água no Brasil sob vários aspectos, como disponibilidade, qualidade
e gestão de recursos hídricos. Trata-se da segunda edição desse trabalho, com dados de 2009
(a primeira edição foi lançada no ano passado, com dados de 2008), coletados em 1.747
pontos.
De sua parte, o Informe 2011 deixa claro que a qualidade das águas é muito pior nas
regiões de grande concentração populacional, justamente as que mais necessidades terão no
futuro, o que torna o problema ainda mais dramático.
Quanto à água que a população mais utiliza, a qualidade é baixa e vem piorando. Um
quarto da água dos rios, lagoas e mananciais do País é de qualidade péssima, ruim ou
regular. No estudo anterior da ANA, 20% dos recursos hídricos tiveram essas classificações.
Os pontos que apresentam qualidade de água péssima e ruim se encontravam, na maioria,
nas proximidades das regiões metropolitanas e industriais, e o grande responsável pela
degradação dos recursos hídricos nesses pontos é o lançamento de esgoto sem tratamento e
em casos de incêndio a contaminação das águas de rescaldo.
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A universalização do abastecimento de água por rede pública e, em particular, o
atendimento da demanda futura nas grandes cidades estão exigindo a ampliação das
unidades de captação e tratamento e, em muitas regiões - inclusive a Grande São Paulo, a
busca de novas fontes de captação que, como mostra a ANA, estão cada vez mais
contaminadas.
Por isso, é duplo o desafio do poder público na gestão dos recursos hídricos do País:
ampliar os sistemas de coleta e, sobretudo, de tratamento adequado do esgoto urbano, ao
mesmo tempo que é necessário prever a contenção de águas contaminadas utilizadas em
rescaldo de incêndios, alocar maiores investimentos em sistemas de captação, tratamento e
distribuição de água.
Além disso, de acordo com a publicação no jornal a TRIBUNA de 14 de abril de 2015,
alerta o zoólogo Marcelo Pinheiro, que é professor da Universidade Estadual Paulista
(Unesp) – Campus São Vicente, essas água contaminadas tem afetado peixes, aves, animais
herbívoros, tecidos de árvores e toda a cadeia alimentar da qual fazem parte esses seres,
vítimas da contaminação resultante do incêndio como no caso da Ultracargo, na Alemoa, em
Santos.
A previsão é do Marcelo Pinheiro zoólogo e especialista em manguezais e estuários,os
impactos ambientais desse desastre podem perdurar por, no mínimo, mais cinco anos, diz
ele.
Foram oito dias consecutivos de fogo nos tanques da empresa, localizada na Alemoa, em
Santos. Trata-se do maior incidente do gênero já registrado no País, conforme afirmou o
comandante do Corpo de Bombeiros, Marco Aurélio Pinto.
Segundo a Companhia Ambiental do Estado (Cetesb), parte da água utilizada no
combate ao incêndio, retirada do estuário, retornou ao canal com resíduos de combustível
(gasolina e etanol). “Foi justamente essa água que causou a morte dos peixes”, aponta a
estatal.
A companhia também afirma que laudos preliminares da análise da água do estuário
apontaram como causa da morte dos animais o baixo nível de oxigênio e a temperatura
elevada da água – aproximadamente 27 graus.
"Os reflexos ambientais desse incêndio são incalculáveis”, afirma Pinheiro. Segundo ele,
a morte expressiva de peixes é o primeiro impacto do desastre. “Outros animais também
devem ser contaminados, em função da alimentação dos peixes contaminados, como garças
e outras aves”.
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2.6.- Controle de extravasamento de água residual de incêndio
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águas usadas no combate a incêndios, e nem há no momento de aprovação de um projeto,
por parte das autoridades competentes, nem há evidencia de que já tenha sido previsto em
projeto tal dispositivo no âmbito nacional.
3.- Conclusão
Diante dos fatos ocorridos e pela possibilidade futura de novos sinistros, os atuais
procedimentos comparados com a legislação, normas e procedimentos para minimizar os
impactos causados, nos remetem a necessidade de elaboração de Planos de Emergência mais
elaborados visando conter o volume estimado de água para extinguir incêndios de forma que
possa ser controlada ate que a mesma esteja em condições de retornar ao corpo hídrico.
Trata-se de definir sistemas apropriados de canalizações e drenagem específicas bem
como calcular a áreas e volume necessários para armazenar a água usada no combate ao
fogo, com acesso, pontos de monitoramento, forma de escoamento ou bombeamento e
demais necessidades no controle da qualidade da água de forma a garantir a segurança
ambiental ate que esteja liberada para o meio ambiente.
Fontes da pesquisa:
http://g1.globo.com/sao-paulo/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2015/09/agua-usada-
em-incendio-se-mistura-produtos-quimicos-e-atinge-corrego.html
http://emergenciasquimicas.cetesb.sp.gov.br/aspectos-gerais/introducao-acoes-de-
resposta/uso-da-agua-no-combate-ao-fogo-e-a-vazamentos/
http://m.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/santos/impactos-ambientais-causados-
pelo-incendio-podem-durar-cinco-anos/?cHash=c7da50da8b694c011d49efd988833970
http://revistaincendio.com.br/consequencias-ambientais-das-espumas-de-combate-a-
incendios/
http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-qualidade-da-agua-imp-,753891
http://zonaderisco.blogspot.com.br
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SPENCER, C. N., GABEL, K. O., HAUER, F. R.. Wildfire effects on stream food
AGRARIAN ACADEMY, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.1, n.01; p. 2014 60
webs and nutrient dynamics in Glacier National Park, USA. Forest Ecology and
Management, 178, p. 141-153. 2003.
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