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Mercado de Capitais

Autor: Prof. Alexandre Saramelli


Colaboradores: Prof. Santiago Valverde
Prof. Paulo Fernando Minotti
Professora conteudista: Alexandre Saramelli

Prof. Me. Alexandre Saramelli é nascido na cidade de São Paulo, contador formado pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie de São Paulo e Mestre profissional em controladoria pela mesma universidade.

Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio e grande porte como contador em áreas de custos e
orçamentos e foi consultor em sistemas de controladoria da desenvolvedora alemã SAP.

Atualmente, é professor adjunto na Universidade Paulista, onde é coordenador do curso tecnológico de Gestão em
Finanças da UNIP Interativa, além de consultor empresarial.

Como entusiasta de tecnologia da informação e ambientes altamente informatizados, é um incentivador da


pesquisa, difusão e uso eficiente e intensivo das modernas ferramentas de gestão, da transferência de conhecimento
e do ensino a distância por telecomunicações.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S243 Saramelli, Alexandre

Mercado de capitais. / Alexandre Saramelli - São Paulo: Editora


Sol, 2013.

112 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-067/13, ISSN 1517-9230.

1.Economia 2.Mercado de capitais 3. Bolsa de valores I.Título

CDU 336.76

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor

Prof. Fábio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças

Profa. Melânia Dalla Torre


Vice-Reitora de Unidades Universitárias

Prof. Dr. Yugo Okida


Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Graduação

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Virgínia M. Bilatto
Amanda Casale
Sumário
Mercado de Capitais

Apresentação.......................................................................................................................................................7
Introdução..........................................................................................................................................................11
Unidade I
1 Breve Histórico e Estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN)...................... 17
1.1 Estrutura do sistema financeiro nacional................................................................................... 19
1.2 As instituições financeiras................................................................................................................. 22
2 Abertura de Capital de Empresas.................................................................................................... 29
2.1 Companhia aberta – conceito legal............................................................................................... 29
2.2 Desenvolvimento das sociedades anônimas.............................................................................. 32
2.2.1 Estrutura da sociedade anônima ..................................................................................................... 33
2.3 Abertura de capital na estratégia empresarial.......................................................................... 34
2.4 Conceito de mercado monetário.................................................................................................... 35
2.4.1 Sistemas de custódia e liquidação de títulos – Selic e Cetip................................................. 35
2.4.2 Títulos públicos......................................................................................................................................... 37
2.4.3 Mercado aberto ....................................................................................................................................... 37
2.5 Conceito de mercado de crédito..................................................................................................... 38
2.5.1 Empréstimos de curto e médio prazo............................................................................................. 38
2.6 Conceito de mercado de câmbio ................................................................................................... 40
2.7 Conceito de mercado de capitais................................................................................................... 41
2.7.1 Mercado futuro ....................................................................................................................................... 43
2.7.2 Mercado de opções................................................................................................................................. 44
2.7.3 Derivativos - swap...................................................................................................................................45
Unidade II
3 Os Títulos do Mercado de Capitais................................................................................................. 52
3.1 Ações.......................................................................................................................................................... 53
3.1.1 A escolha de uma ação.......................................................................................................................... 55
3.2 Debêntures............................................................................................................................................... 55
3.3 Commercial paper................................................................................................................................. 56
4 Modalidades Operacionais do Mercado Acionário........................................................... 57
4.1 Operações no mercado à vista......................................................................................................... 58
4.1.1 Formas de negociação........................................................................................................................... 58
4.1.2 Liquidação................................................................................................................................................... 59
4.1.3 Mercado de lote-padrão e mercado fracionário......................................................................... 60
4.1.4 Os custos de transação.......................................................................................................................... 60
4.1.5 Tributação................................................................................................................................................... 60
4.1.6 Riscos do mercado de ações............................................................................................................... 60
Unidade III
5 Conceituação dos Índices do Mercado Acionário Brasileiro................................... 66
5.1 Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa)............................................................... 67
5.1.1 Procedimentos para rebalanceamento........................................................................................... 69
5.1.2 Cisão de empresas................................................................................................................................... 70
5.1.3 Início da negociação em bolsa........................................................................................................... 70
5.2 Índice Brasil – IBRX...............................................................................................................................71
6 Conceituação dos Índices do Mercado Acionário Internacional.......................... 74
6.1 Índice Dow Jones – Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE)............................................. 75
6.2 Índice S&P 500 – Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE)................................................ 75
6.3 Índice composto Nasdaq.................................................................................................................... 76
6.4 Índice Nikkei – Bolsa de Valores de Tóquio................................................................................ 76
6.5 Índice Financial Times – Bolsa de Valores de Londres............................................................ 77
Unidade IV
7 Operações no Mercado de Derivativos....................................................................................... 83
7.1 Conceito de mercado de derivativos............................................................................................. 84
7.2 Definição de derivativos..................................................................................................................... 84
7.3 Mercado a termo................................................................................................................................... 85
7.4 Mercado de opções............................................................................................................................... 86
7.5 Fundos de investimento em ações................................................................................................. 87
7.5.1 Tipos de fundos de investimento em ações.................................................................................. 89
7.5.2 Rating dos fundos................................................................................................................................... 91
8 Análise Fundamentalista...................................................................................................................... 92
8.1 Conceito.................................................................................................................................................... 92
8.2 Formação do preço justo de uma ação........................................................................................ 93
8.3 Principais indicadores fundamentalistas..................................................................................... 94
8.4 Aspectos a serem observados na análise de uma empresa.................................................. 96
Apresentação

Olá, aluno(a) UNIP.

Os mercados financeiros e de capitais sempre estão presentes na vida das pessoas, mesmo que elas
não percebam (ou não queiram perceber isso). Até o indivíduo que vive isolado, em um local muito
distante, terá contato em algum momento com o mercado, nem que seja para praticar uma troca, o
chamado escambo.

Porém, se já temos tantas disciplinas que precisamos estudar ao longo do curso de Gestão em
Finanças, qual é o motivo, ou ainda, qual é a justificativa para se estudar Mercado de Capitais?

Mercado de Capitais é um assunto que vemos todos os dias na televisão, na internet e nos jornais.
Trata-se de um dos temas mais bem comentados em qualquer noticiário das principais mídias. Por
isso, imagino que você tenha a sensação de que conhece esse assunto mais que o suficiente, o que
certamente o(a) fará acreditar que o ideal seria substituir essa disciplina por outra qualquer, como
contabilidade, negócios, estratégia, marketing, ou informática. Temos tantas outras coisas importantes
para estudar, não é verdade?

Temos que observar também que o mercado de capitais, apesar de ser bem dimensionado no Brasil,
costuma ser uma realidade apenas para as grandes empresas e para as pessoas que têm conhecimento
e gana de investidoras. Certamente, não é um assunto que você irá aplicar imediatamente em seu atual
trabalho na cidade onde você mora, ou mesmo importante para a sua vida particular.

No entanto, Mercado de Capitais é o tipo de disciplina que não deve ser encarada apenas
como um elemento para constar no currículo, já que o MEC e/ou algum burocrata de Brasília
exigem que as universidades abordem esse assunto. Não é uma disciplina para se estudar de
forma cerimonial.

Com muita esperança, espera-se que você, no papel de aluno(a), não se prenda a argumentos diversos
e veja a disciplina Mercado de Capitais com empolgação e com muito interesse.

Uma das recomendações, ao se estudar Mercado de Capitais, é se desvencilhar desse sentimento de


que a disciplina não tem utilidade. Pode até ser verdade que o mercado de capitais brasileiro seja um
ambiente para poucos atualmente, mas é igualmente verdade que, cada vez mais, o mercado de capitais
está recebendo a devida atenção dos governos nacionais e dos profissionais das mais diversas áreas, para
que seja desenvolvido e faça parte da vida dos grandes, médios e pequenos empresários, além da vida
particular das pessoas.

Entre as iniciativas mais importantes nesse sentido, destacam-se o processo de convergência contábil
internacional e a publicação do CPC-PME, o pronunciamento contábil brasileiro para pequenas e médias
empresas, que, em linha com os pronunciamentos contábeis internacionais, tem a intenção de facilitar
o acesso desse tipo de empresa ao mercado de capitais.

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Segundo dados da IASB (International Accounting Standards Board), entidade responsável pelas
normas contábeis internacionais, há 52 bolsas de valores no mundo que, juntas, negociam ações de
cerca de 45.000 empresas. O que chama a atenção é que, apenas na Europa, há aproximadamente 25
milhões de empresas atuando no setor privado.

As pequenas e médias empresas são uma força econômica invejável, mas o mercado de capitais não
é uma opção para a captação de recursos para elas.

Nada irá mudar se profissionais e estudantes como você não olharem para o mercado de capitais
com interesse. Além de incentivos, normas e regulamentos que facilitem o acesso das pequenas e médias
empresas (e mesmo das grandes empresas), é necessário também um contingente de profissionais que
conheçam além dos aspectos mais visíveis do mercado de capitais.

É nesse sentido que o estudo de mercado de capitais passa a ser imprescindível. Hoje, talvez, você
ainda não use esse conhecimento, mas, daqui a pouco tempo, você poderá usá-lo e terá o mercado de
capitais como uma forte opção para obter renda, seja na empresa onde está trabalhando, seja para sua
vida particular.

Objetivos da disciplina:

Expomos aqui os objetivos da disciplina, que são as expectativas da universidade e dos coordenadores
pedagógicos quanto ao que o professor deve proporcionar aos alunos. Dessa forma, a disciplina Mercado
de Capitais visa propiciar a você, aluno(a), uma visão geral do mercado de capitais e sua importância
para a criação de valor econômico das empresas e para a promoção do desenvolvimento social do país;
além disso, também oferece condições de interpretar as variações de preços nas bolsas, a partir da
composição das carteiras e da análise da macroeconomia.

Sugestões de estudo:

Sugerir como um aluno deve estudar é um exercício muito complicado, porque cada um de nós tem
suas individualidades e manias.

Há pessoas que conseguem absorver bem o assunto a partir de uma leitura flutuante, rápida. Outros
não conseguem entendê-lo sem uma leitura minuciosa, lenta e criteriosa.

Da mesma forma, para muitos, o ato de ler e estudar pode ser muito prazeroso, pois a sensação de
adquir um conhecimento por si só já traz satisfação. No entanto, para outros, simplesmente saber que
este livro-texto tem 180 páginas já é um motivo mais que suficiente para insatisfação.

Há alunos que preferem um livro cheio de gráficos, figuras, resumos, enquanto outros preferem um
livro apenas com texto, que vá direto ao assunto e sem interferências. Há ainda aqueles que não gostam
de teorias acadêmicas e citações de pesquisadores, ou seja, preferem livros que mostrem exemplos
práticos e tragam o ambiente da prática empresarial.

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Quando este livro foi elaborado, pensou-se em trazer vários conteúdos para que se tornasse
interessante a todos. A intenção aqui, ao se falar em “sugestão” de estudo, não é a de se
estabelecer uma forma rígida para o curso, mas sim de trazer um guia sobre como agir para
que a sua experiência ao estudar seja mais efetiva e prazerosa. É evidente que você tem
liberdade para estudar da forma que acredita ser mais eficiente. Não é necessário seguir esta
sugestão que proporemos aqui, mas é fundamental que se envolva com os assuntos com muito
entusiasmo.

Nesse sentido, são sugeridos os seguintes passos:

1. Comece o seu estudo pela bibliografia. Isso mesmo. Vá até o final do livro-texto e verifique quais
livros, artigos e referências foram utilizados na sua elaboração. Uma vez conhecida a bibliografia,
é recomendado que você siga o roteiro sugerido no sumário, ou seja:

2. Estude a unidade I, na qual conhecerá o sistema financeiro nacional e os aspectos relacionados à


abertura de capital nas empresas.

3. Em seguida, vá para a unidade II, em que são explorados os títulos do mercado de capitais e suas
modalidades operacionais.

4. Depois siga para unidade III, em que são analisados os índices e os mercados de derivativos.

5. Finalmente, continue seus estudos com a unidade IV, em que irá estudar os fundos de investimento
e as análises fundamentalistas.

Finalizando assim o seu estudo!

1 Referências

2 Unidade I
Saiba mais
Exercícios
3 Unidade II Tarefas

4 Unidade III

5 Unidade IV

Figura 1: Esquema de estudo.

A palavra finalizar aqui deve ser apenas um referencial, porque a proposta é que, a partir de agora,
o seu estudo sobre o mercado de capitais seja permanente.
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Leve suas dúvidas, comentários e pesquisas para os chats e/ou fóruns.

Fazer boas perguntas aos professores é também uma forma muito eficaz de estudar, além de ser uma
ótima contribuição para os outros colegas e para próprio professor, pois abre possibilidade para que ele
possa expandir a abordagem do livro-texto.

Caso você tenha dificuldades para entender algum assunto e entre na desconfortável situação de
não saber nem o que perguntar, use como poderosas ferramentas as seguintes perguntas:

• Quem?
• Que?
• Como?
• Quando?
• Onde?
• Por quê?

Faça essas perguntas a você mesmo e, a partir desse exercício, conseguirá formular uma pergunta
mais estruturada, ou até entender o assunto sozinho. Com essa ótima hipótese, ajude seus colegas a
entender também as suas descobertas.

É muito importante saber que o livro-texto não esgota todas as possibilidades de estudo, ou seja,
não deve ser tratado como a única fonte de referência no assunto.

Por isso, em cada uma das unidades, leia sempre os resumos iniciais e finais e busque as informações
propostas nas áreas de saiba mais. Leia também os artigos e veja os filmes sugeridos. Faça os exercícios
e as tarefas propostas. É fundamental que você use a sua curiosidade.

Ao final de cada unidade, será estudado o jargão específico da área de finanças, em que serão
discutidos os significados dos termos que foram usados ao longo do conteúdo.

Além do significado de uma palavra na língua portuguesa ou em uma língua estrangeira (como o
inglês, que é largamente empregado no mercado de capitais), é muito importante que você conheça o
significado específico que uma palavra ou frase têm dentro do contexto estudado.

Caso, ao final do estudo, você sinta que ainda tem muitas dúvidas, a ponto de não saber responder
às perguntas da prova, estude mais. Retorne às unidades anteriores quantas vezes achar necessário e
tente entender o conteúdo sem a ansiedade por obter uma boa nota na prova, o que, não raramente,
atrapalha o processo de aprendizagem.

No entanto, as sensações de dúvida e querer conhecer mais são o real objetivo de toda aula. Uma
aula nunca acaba!

10
Introdução

Figura 2: Touro da Bolsa de Nova York.

O touro da Bolsa de Nova York foi esculpido pelo artista ítalo-americano Arturo di
Modica, em 1989, e é um dos símbolos de Wall Street.

O touro e o urso apresentam uma simbologia toda especial. Sabe-se que há momentos
em que a bolsa está em alta e outros em que está em baixa. A “época do touro” é o como
é chamado o momento em que a bolsa está em alta, porque esse animal, quando ataca,
sempre ataca de baixo para cima. Já a “época do urso” é a expressão utilizada quando a
bolsa está em baixa, pois esse animal ataca sempre de cima para baixo.

Para muitos, o touro representa uma superstição. A maioria dos nova iorquinos, ao passar
pelo touro a caminho da bolsa de valores, costuma bater a pasta na estátua de bronze para
dar sorte. Há os que dizem também que quem tocar nas partes íntimas do touro de bronze...
Torna-se milionário!

Antes de iniciarmos os nossos estudos, imagine as seguintes situações:

Primeira situação:

De um lado da cidade, um comerciante tem uma ótima ideia: expandir seu negócio e/ou criar
um novo produto. Essa ideia é muito boa, pois pode resolver um problema que muitas pessoas
(prováveis clientes) enfrentam no seu dia a dia, além de movimentar a economia local. No entanto,
resignado, esse comerciante irá dormir triste, porque não poderá pôr em prática essa ideia, já que
não tem dinheiro, nem quem se interesse em injetar capital em seu comércio.

Do outro lado dessa mesma cidade, outra pessoa, que aqui chamaremos de investidor, também
está com um problema: recebeu uma herança ou, por um motivo qualquer, tem certo estoque
de dinheiro. Ele não quer deixar esse dinheiro parado, mas também não está disposto a abrir um
11
negócio. Talvez, falte a essa pessoa uma boa ideia. Talvez, não tenha motivação ou conhecimento
para trabalhar numa ativiade qualquer. Quem sabe, falta-lhe saúde, ou já está ocupado demais
trabalhando em outro negócio. Por qualquer um desses motivos, seria muito bom para nosso
investidor encontrar alguém sério e honesto, com uma boa proposta e, com essa pessoa, ganhar
dinheiro.

No entanto, o dia terminará e nada de útil terá acontecido.

Onde invisto o
meu dinheiro?
Preciso de
dinheiro!

Figura 3: Onde invisto meu dinheiro?

Segunda situação:

Amanhece. Um operador de bolsa de valores acaba de iniciar o seu dia, em uma sala apertada
de uma corretora de valores qualquer. Tempos difíceis. Todos estão muito nervosos na cidade.
Na televisão, passa uma entrevista em que os jornalistas criticam acidamente o governo, que
não toma “as medidas necessárias”. Uma senhora idosa, dentro de um supermercado, reclama
da “caristia”. Os jornalistas discutem então as consequências de uma crise nos mercados
internacionais. Tudo é incerto, a única certeza que se tem é a de que há diversos problemas
por resolver na economia. Esse operador, no entanto, está confiante. Apesar de todas as
dificuldades da economia e/ou do mercado, ele está com esperança de fazer bons negócios.
Ás vezes, em tempos de crise é que as boas oportunidades acontecem. A qualquer momento
poderá surgir uma ótima chance.

O telefone toca. Trata-se de um cliente pedindo para comprar ações da empresa X e vender ações
da empresa Y. Mas, antes de fechar o negócio, ele gostaria de saber a opinião do corretor, que diz que
não tem certeza se será uma boa oportunidade. Sugere, então, que não feche o negócio na parte da
manhã e espere até o período da tarde, após os executivos da empresa Y anunciarem os resultados
trimestrais. Caso o cliente não quisesse esperar, sugere também que compre as ações da empresa W,
que, segundo os analistas e previsões da corretora, certamente irá ganhar muito dinheiro nos próximos
meses porque, em um determinado país, estão precisando muito dos produtos que ela fabrica. Por conta
de um problema na navegação marítima, os fornecedores tradicionais não estão conseguindo entregar
a mercadoria.

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Repentinamente, o operador fala para o cliente:

– Estou vendo aqui e, ao mesmo tempo em que conversamos, todas as ações disponíveis para a W já
foram vendidas. Fica, então, a sugestão de esperar até à tarde, após o anúncio da empresa Y.

Então, cliente pede que o corretor compre as ações da empresa H. Completamente espantado, ou
melhor, abismado, o corretor diz:

– O senhor tem certeza? Essa empresa está em uma situação financeira desesperadora, as ações
estão despencando, está todo mundo vendendo-as a preço de banana! Tudo indica que a crise que essa
empresa está enfrentando é irreversível, não haverá recuperação.

O cliente, no entanto, com toda a naturalidade e segurança afirma:

– É isso mesmo. Ao contrário do que você diz, eu confio que a H não só irá se recuperar, como
também ganhará muito dinheiro nas próximas semanas.

O corretor diz:

– Ok. Negócio fechado!

Diante das situações expostas, pergunta-se:


• Há diferença entre o perfil de investidor das personagens da primeira situação e da segunda
situação?

• De que as personagens da primeira situação e da segunda situação têm medo? O medo é o mesmo
para ambos, ou há um personagem mais avesso ao risco que o outro?

• Que problemas podem ocorrer em cada uma das situações anteriores?

• Qual o papel do sistema monetário nacional, no processo de organizar e criar confiança para que
as pessoas possam realizar os seus negócios?

• Como profissional da área de finanças, o que você poderia fazer para prestar um bom serviço, caso
estivesse interagindo com um desses personagens?

13
Unidade I

14
Mercado de Capitais

Unidade I

Figura 4: Sala do Conselho Monetário Nacional.

Nesta unidade, iremos estudar o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e a função dos agentes
intermediários e auxiliares, bem como compreenderemos como a intermediação desempenha papel
fundamental no cenário econômico atual. Para isso, é fundamental uma abordagem histórica que
explique o porquê da necessidade de se formar um sistema financeiro.

Saiba mais

Como comentado anteriormente na apresentação, este livro texto não


deve ser visto como fonte única de estudos. Por isso, não deixe de consultar
os seguintes livros que compõem a bibliografia básica do nosso curso:

PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

CAVALCANTI, F.; MISUMI, J. Y. e RUDGE, L. F. Mercado de capitais. 7ª ed.


Rio de Janeiro: Elisevier, 2009.

LAGIOIA, U. C. T. Fundamentos do mercado de capitais. 2ª ed. São Paulo:


Atlas, 2009.

O modelo a ser estudado será o brasileiro. Também iremos discutir a abertura de capital das empresas:
o que representa para uma empresa participar da bolsa de valores e captar dinheiro no mercado, tanto
a longo como a médio prazo, para a geração de capital de giro, e quais os diferentes tipos de mercado
existentes e as estratégias que as empresas utilizam.

15
Unidade I

As origens do mercado financeiro e de capitais são antigas e se confundem com a evolução da


humanidade. Há muitos séculos, os romanos formaram uma bem organizada rede bancária internacional,
pois era comum a atuação de banqueiros e agiotas. Em Veneza, na época do renascimento, por conta de
sua excelente localização e do clima de efervescência social, o sistema financeiro desenvolveu-se ainda
mais.

A origem das bolsas de valores é confusa. Há historiadores que atribuem aos romanos o seu
surgimento, com o Collegium Mercatorum Romano; outros, aos gregos, com o Emporium Grego. Há
ainda os historiadores que atribuem ao Fundack (bazar) Palestino.

Mas a origem mais aceita para as bolsas de valores, como as conhecemos atualmente, surge na
cidade de Bruges, na atual Bélgica, em 1309. Bruges era a então capital de Flandres, pertencente à Liga
Hanseática, onde havia uma importante rota comercial europeia e um mercado muito desenvolvido.
Nesse ambiente, um senhor de nome Van der Burse abriu sua casa para a realização de reuniões de
comerciantes, onde negociavam capitais.

Segundo De Clercq (1992), na fachada dessa casa, que pode ser observada na imagem a seguir, havia
um escudo com três bolsas, que eram o brasão d´armas da família do Sr. Burse.

Figura 5: Prédio do Sr. Van Der Burse, conhecido como a primeira bolsa de valores, e o brasão d´armas
de sua família, formado por um escudo e três pequenas bolsas.

Logo, as reuniões frequentes na casa do Sr. Van Der Burse foram conhecidas como as reuniões de
Burse e, posteriormente, simplesmente como “bolsa”.

Joseph de La Vega, que narrou as histórias das bolsas em 1688, descreveu que a bolsa era uma
pequena praça rodeada de pilares e se chamava assim por se encerrarem nela os mercadores, como em
uma bolsa, e pelas diligências que cada um faz de ali encher a sua.

Independente dessas origens, podemos observar que os locais onde os comerciantes e as pessoas
em geral buscam negócios e capitais financeiros são sempre relacionados à palavra “mercado”, no
mesmo sentido do mercado onde as pessoas procuram um produto de que precisam, como alimentos
e/ou roupas; ou seja, um local seguro e em condições para que os negócios sejam realizados de forma
satisfatória.
16
Mercado de Capitais

Fortuna (2007, p. 214) conceituou sistema financeiro como o “conjunto de instituições que se
dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um
fluxo de recursos entre poupadores e investidores. O sistema financeiro nacional é responsável pela
regulamentação, fiscalização e execução das operações relativas à circulação da moeda e do crédito”.

1 Breve Histórico e Estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN)

Analisando o conceito de Fortuna, imagine um mercado de alimentos em que o telhado está


quebrado, deixando vazar água. A temperatura do ambiente é quente ou fria demais. As condições de
higiene são ruins e os alimentos facilmente são contaminados com bactérias nocivas à saúde. Os preços
não são atribuídos de forma justa, os comerciantes são aproveitadores e as pessoas estão sujeitas a
serem assaltadas por ladrões.

Os bons comerciantes buscam dar aos seus clientes boas condições para compra, mantendo o
prédio onde estão alocados em bom estado estrutural e as instalações com bom asseio e higiene.
Se o comércio fica em uma região sujeita a assaltos, certamente serão instaladas medidas
antiassalto. Os preços praticados serão justos, de forma que o cliente se sinta bem e compre com
confiança.

Não raramente, alguns comerciantes passam a ser conhecidos por conta de atributos nobres, como a
honestidade e a gentileza. Porém, sabe-se que nem sempre isso ocorre. Há comerciantes sem escrúpulos
que fazem tudo parecer bom para atrair clientes. Ou ainda, há casos conhecidos de comerciantes que
são muito ousados e que acabam tendo comportamentos que prejudicam os demais.

Devido a esses fatores, os governos e autoridades públicas costumam interferir nos mercados no que
diz respeito às relações entre particulares (que, supõe-se, deveriam ser praticadas livremente), exigindo
ou impondo aos comerciantes comportamento ético e cumprimento de leis e normas. Nos mercados de
alimentos, por exemplo, as prefeituras somente autorizam o estabelecimento de um novo comércio se
o comerciante buscar uma licença sanitária. Caso isso não ocorra, o poder público poderá, se for o caso,
solicitar o uso de força policial para, por exemplo, fechar o negócio.

No mercado financeiro, não poderia ser diferente. Os governos têm o importante papel de conferir
aos mercados segurança e credibilidade. O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é um instrumento que
corrobora essa ação. O SFN atual é o resultado de anos de experiência e do desenvolvimento do mercado
de capitais no país. Da mesma forma como ocorreu em outros países, esse desenvolvimento surgiu a
partir de circunstâncias tanto positivas como negativas.

O órgão supremo do Sistema Monetário Nacional (SMN) é o Conselho Monetário Nacional


(CMN), que é responsável pela política da moeda e do crédito, objetivando a estabilidade da
moeda e o desenvolvimento econômico e social do país. Os membros efetivos do CMN são o
Ministro da Fazenda, o Ministro do Planejamento e Orçamento e o Presidente do Banco Central.
É permitido ao presidente do conselho convidar outros ministros de estado e representantes de
entidades públicas ou privadas apenas para participar das reuniões, no entanto, aos convidados,
não lhes é dado o direito ao voto.
17
Unidade I

O CMN é um órgão deliberativo/normativo, o que significa que é responsável pelo estabelecimento


de diretrizes para o sistema financeiro nacional, e se reúne ordinariamente uma vez ao mês e,
extraordinariamente, sempre que houver uma convocação pelo presidente.

Lembrete

A sala onde o Conselho Monetário Nacional se reúne está na foto do


início desta unidade!

As principais atribuições do CMN são:

• Regular a constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras.


• Aplicar as penalidades previstas na Lei quando cabíveis.
• Estabelecer medidas de prevenção ou correção de desequilíbrios econômicos.
• Disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações creditícias.
• Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública interna e
externa.
• Autorizar as emissões de papel-moeda.
• Determinar as taxas de recolhimento compulsório das instituições financeiras.

Saiba mais

Acompanhe as decisões do Conselho Monetário Nacional, que são publicadas


no Diário Oficial e podem ser acessadas no seguinte site: <http://www.bcb.gov.br
/?id=CMNATAS&ano=2010>.

Acesse também o site do Ministério da Fazenda, que sempre divulga as


decisões do CMN, como se pode ver em: <http://www.fazenda.gov.br/>.

No sistema financeiro nacional há regulamentação, fiscalização e execução das operações relativas


à circulação da moeda e do crédito. A seguir, apresentamos uma breve cronologia das suas origens e de
seus aspectos históricos, conforme Ferreira (2011, p.1):

Em 1952, foi fundado o atual Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico


e Social – BNDES.

Em 1964, ocorreu a reforma bancária, por intermédio da Lei nº 4.595, que


dispôs sobre a criação do Conselho Monetário Nacional, a transformação

18
Mercado de Capitais

da Sumoc no Banco Central da República do Brasil, que, posteriormente,


passou a ser denominado Banco Central do Brasil, e a composição original do
sistema financeiro nacional: Conselho Monetário Nacional, Banco Central da
Republica do Brasil (atual Banco Central do Brasil – Bacen), Banco do Brasil
S/A, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (atual Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES) e demais instituições
financeiras públicas e privadas.

Entre 1964 e 1965, foi criado o Sistema Financeiro da Habitação – SFH –,


tendo como principal operador o Banco Nacional da Habitação – BNH. As
principais fontes de recursos do SFH são o Fundo de Garantia por Tempo de
Trabalho – FGTS – e o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo – SBPE.
Em 1986, o BNH foi extinto, e suas atribuições foram transferidas para a
Caixa Econômica Federal.

A Lei do mercado de capitais, nº 4.728/65, estabeleceu normas relativas ao


mercado de investimentos.

Em 1976, pela Lei nº 6.385, foi criada a Comissão de Valores Mobiliários, que
também integra o sistema financeiro nacional.

Em 1986, foi encerrada a conta movimento do Banco do Brasil perante o


Banco Central, dando-se início ao processo de transferência de todas as
atribuições de autoridade monetária responsável pela emissão de moeda ao
Bacen (FERREIRA, 2011, p.1).

1.1 Estrutura do sistema financeiro nacional

Saiba mais

No Brasil, a Lei que rege o sistema financeiro nacional é a 4.595, de 31 de


dezembro de 1964. Consulte-a em: <http://www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/
Port/lei4595_Hist.asp?idpai=leis>.

Segundo Ferreira (2011), o sistema financeiro nacional é dividido em dois subsistemas:

• Subsistema de supervisão ou normativo: edita normas que definem os parâmetros para


transferência de recursos dos poupadores aos tomadores e controla o funcionamento das
instituições e entidades que efetuam atividades de intermediação financeira. O subsistema de
supervisão é formado pelas seguintes entidades:

— Conselho Monetário Nacional.


19
Unidade I

— Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.


— Banco Central do Brasil S/A.
— Comissão de Valores Mobiliários.
— Conselho Nacional de Seguros Privados.
— Superintendência de Seguros Privados.
— IRB – Brasil Resseguros.
— Conselho de Gestão da Previdência Complementar.
— Secretaria de Previdência Complementar.

O Conselho Monetário Nacional, conforme estudamos anteriormente, é o órgão máximo do sistema


financeiro nacional. Estudemos, então, as outras entidades.

Um dos principais componentes do subsistema normativo, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)


foi criada pela Lei 6.385, de 07/12/1976, e é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, com a
responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e desenvolver o mercado de capitais.

De acordo com a Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA, 2010), a principal atribuição da
CVM é promover medidas que incentivem os poupadores a investirem no mercado de capitais.
A função do mercado de valores mobiliários na economia é o atendimento às necessidades de
financiamento de médio e longo prazo por parte das empresas, bem como fiscalização, a fim de
evitar irregularidades.

Estimular o funcionamento das bolsas de valores e das instituições operadoras do mercado de


capitais é outra atribuição da CVM, que assegura um andamento eficiente e regular, assim como
protege os investidores, com vistas a manter a confiabilidade do mercado, além de coibir qualquer
tipo de irregularidade, como já mencionamos.

Assim segundo a Bolsa de Valores de São Paulo (2010), os principais objetivos da CVM são: fortalecer
o mercado de títulos e valores mobiliários e assegurar o funcionamento eficiente e regular das bolsas de
valores, de mercadorias e futuros e de instituições auxiliares que operem nesses mercados.

As principais funções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) são:

• Disciplinar e fiscalizar a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado.


• Disciplinar a negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários.
• Fiscalizar a organização, o funcionamento e as operações das bolsas de valores e das bolsas de
mercadorias e futuros.
• Fiscalizar a administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários.
• Manter a fiscalização da auditoria de companhias abertas e dos serviços de consultores e analistas
de valores mobiliários.
20
Mercado de Capitais

• Fixar limites máximos de preços e comissões cobradas pelos intermediários e fiscalizar companhias
de capital aberto.
• Suspender a negociação de valores mobiliários.
• Decretar recesso das bolsas de valores.
• Divulgar informações para orientar os participantes do mercado.
• Efetuar o registro para negociação em bolsa de valores e no mercado de balcão.
• Expedir normas aplicáveis às companhias abertas.

No subsistema normativo há também o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), criado pelo
Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, para fixar as diretrizes e normas da política governamental
relativa aos seguros privados e à capitalização. É também responsável por aplicar normas às atividades
de seguros nacionais.

Ainda no subsistema normativo, existe a Susep (Superintendência de Seguros Privados), que fiscaliza
o mercado de seguros, previdência aberta, capitalização, planos privado de assistência à saúde, além do
IRB (Brasil Resseguros), que surgiu em 1997, após a quebra do monopólio das atividades de seguro no
país, que cabia ao Instituto de Resseguros do Brasil.

Finalmente, nesse subsistema, temos o Conselho de Gestão da Previdência Complementar, que regula,
coordena e normatiza as entidades fechadas de previdência complementar (os fundos de pensão) e é
controlado e fiscalizado pela Secretaria de Previdência Complementar, assim como todas as instituições
particulares de previdência complementar.

• Subsistema operativo: operacionaliza a transferência de recursos do poupador para o tomador,


seguindo as regras estabelecidas pelas entidades integrantes do subsistema de supervisão. A
composição do sistema operativo é a seguinte:

— Instituições financeiras bancárias ou monetárias.


— Instituições financeiras não bancárias ou não monetárias.
— Instituições do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos.
— Agentes especiais.
— Instituições do Sistema de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários.
— Instituições do Sistema de Liquidação e Custodia de Títulos e Valores Mobiliários.
— Instituições administradoras de recursos de terceiros.
— Entidades prestadoras de serviços financeiros regulamentados.
— Instituições prestadoras de serviços financeiros não regulamentados.
— Instituições do Sistema Nacional de Seguros Privados e de Previdência Complementar.

21
Unidade I

1.2 As instituições financeiras

Neste capítulo, estudam-se as instituições financeiras e, segundo Ferreira (2011) e com base na lei
4.595, de 31 de dezembro de 1964, as pessoas jurídicas se consideram instituições financeiras, privadas
ou públicas, quando atuam em atividade acessória à coleta, intermediação ou até aplicação de capital
próprio ou externo, tanto em moeda nacional quanto estrangeira, levando em conta a legislação
vigente.

Para que uma entidade ou empresário possam atuar no mercado financeiro nacional, é fundamental
que peçam autorização ao Banco Central. Essa regra é fundamental, inclusive para instituições financeiras
que já atuam no exterior e que tenham interesse em atuar também no Brasil, e a autorização deve ter a
sanção do Presidente da República.

Saiba mais

Segundo a jornalista Ana Paula Ribeiro, do jornal Brasil Econômico, e


a Associação Brasileira de Bancos, entre os anos de 2010 e 2011, vários
bancos internacionais, como os britânicos Royal Bank of Scotland (RBS),
Standard Chartered e o conhecido banco suíço UBS, antes de iniciar suas
operações no Brasil, solicitaram autorização ao Banco Central. Saiba mais
em: <http://www.abbc.org.br/m5_imprime.asp?cod_noticia=9326&cod_
pagina=1187>.

As instituições financeiras são divididas em dois tipos:

• As instituições financeiras bancárias.


• As instituições financeiras não bancárias.

E recebem as seguintes classificações:

• Instituições ligadas ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE).


• Agentese especiais.
• Instituições do Sistema de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários.
• Instituições do Sistema de Liquidação e Custódia de Títulos e Valores Mobiliários.
• Instituições administradoras de recursos de terceiros:

— Fundos mútuos de investimentos regulamentados pelo Bacen.

— Fundos mútuos de investimentos regulados pela CVM.

22
Mercado de Capitais

— Fundos mútuos de investimentos regulamentados pelo Bacen em conjunto com a CVM.


— Fundos mútuos de investimento regulamentados pelo Bacen, CVM e Susep.

• Entidades prestadoras de serviços financeiros regulamentados.


• Instituições do Sistema Nacional de Seguros Privados e Previdência Complementar.
• Instituições prestadoras de serviços financeiros não regulamentados.
• O caso específico do Banco do Brasil.
• Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.
• Caixa Econômica Federal – CEF.
• Bancos comerciais.
• Cooperativas de crédito.
• Sociedades de crédito, de financiamento e de investimento.
• Sociedades corretoras.
• Sociedades distribuidoras.
• Sociedades de arrendamento mercantil.
• Associações de poupança e empréstimos.
• Investidores institucionais e entidades fechadas de previdência privada.
• Companhias hipotecárias.

Analisemos a seguir essas classificações:

• As instituições financeiras bancárias são autorizadas a captar recursos junto ao público sob
a forma de depósitos à vista. Com isso, têm permissão para criar moeda escritural. A seguir,
exemplos de instituições financeiras bancárias:

— Bancos comerciais.
— Caixas econômicas.
— Cooperativas de crédito.
— Bancos cooperativos.
— Bancos múltiplos com carteira comercial.

• Já as instituições financeiras não bancárias (ou não monetárias) não são autorizadas a captar
recursos sob a forma de depósito à vista. Alguns exemplos:

— Bancos de investimentos.
— Bancos estaduais de desenvolvimento.
23
Unidade I

— Sociedades de arrendamento mercantil.


— Sociedades de crédito, financiamento e investimento.
— Companhias hipotecárias.
— Bancos múltiplos sem carteira comercial.

• As instituições ligadas ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE) são


autorizadas a captar recursos em forma de depósitos em caderneta de poupança, sendo que os
recursos são encaminhados principalmente a atividades de financiamento habitacional. Exemplos
de instituições ligadas ao SBPE:

— Sociedades de crédito imobiliário.


— Associações de poupança e empréstimos.
— Caixas econômicas (estaduais).
— Bancos múltiplos com carteira de credito imobiliário.
— Sociedades de crédito imobiliário.

• Instituições que executam funções atípicas, diferentes das demais instituições que são registradas
no Banco Central, são denominadas agentes especiais. Geralmente, são entidades que atuam
como instrumento de política de desenvolvimento do governo, fomentando negócios. Exemplos
de agentes especiais:

— Banco do Brasil S.A.


— Caixa Econômica Federal.
— Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
— Banco do Nordeste do Brasil S/A.
— Banco da Amazônia S/A.

• As instituições do Sistema de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários prestam


serviços a poupadores e tomadores, mediante compra e venda, como intermediários de títulos,
valores mobiliários e câmbio. Exemplos:

— Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários.


— Sociedades corretoras de câmbio.
— Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários.
— Corretores de mercadorias e corretores de mercadorias agrícolas, operadores especiais de
mercadorias agrícolas e corretores de algodão.
— Agentes autônomos de investimentos.

24
Mercado de Capitais

• As instituições do Sistema de Liquidação e Custódia de Títulos e Valores Mobiliários prestam


serviços aos intermediários financeiros, proporcionando condições de mercado para a emissão e
circulação de títulos e valores mobiliários. No entanto, essas instituições não efetuam operações
de compra e venda. Exemplos:

— Bolsa de valores.
— Entidades de mercado de balcão organizado.
— Sociedades de compensação e liquidação de operações.
— Bolsa de mercadorias e futuros.
— Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic.
— Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos.

• As Instituições administradoras de recursos de terceiros reúnem poupadores que têm objetivos


comuns para a aplicação de seus recursos. Aqui, temos:

— Fundos mútuos de investimento regulamentados pelo Bacen (Banco Central do Brasil), que são
formados por:

- Fundos de investimento financeiro.


- Fundos de investimento financeiro – dívida estadual e/ou municipal.
- Fundos de aplicação em quotas de fundos de investimento financeiro.
- Fundos de renda fixa – capital estrangeiro.
- Fundos de investimento no exterior.
- Fundos de investimento extramercado.

— Os fundos mútuos de investimentos regulados pela CVM possuem outras características. São
compostos por:

- Fundos mútuos de investimento em ações.


- Fundos mútuos de investimento em ações – carteira livre.
- Fundo de investimento em quotas de fundos mútuos de investimentos em ações.
- Fundos setoriais de investimento em empresas emergentes.
- Fundos de investimento cultural e artístico.
- Fundos de privatização.
- Fundos de conversão – capital estrangeiro.

25
Unidade I

―— Fundos Mútuos de investimentos regulamentados pelo Bacen em conjunto com a CVM, que
possibilitam escolhas aos investidores, como:

- Fundos de investimento – capital estrangeiro.


- Fundos mútuos de investimento em ações do setor de mineração.
- Fundos mútuos de ações incentivadas.
- Fundos de investimento imobiliários.
- Fundos mútuos de privatização – dívida securitizada.

―— Fundos mútuos de investimento regulamentados pelo Bacen, CVM e Susep, que são formados
pelo Fundo de Aposentadoria Programada Individual, (FAPI), assim como:

- Clubes de investimentos.
- Carteira de títulos e valores mobiliários.
- Sociedades de investimento – capital estrangeiro.
- Administradores de consórcio.

• As entidades prestadoras de serviços financeiros regulamentados são entidades que,


juridicamente, não pertencem à categoria de instituição financeira, mas prestam serviços
regulamentados. Como exemplo, temos as agências de fomento e/ou de desenvolvimento.
• Ainda segundo Ferreira (2011), as instituições do Sistema Nacional de Seguros Privados e
Previdência Complementar são organizações mantenedoras de seguros de coisas, pessoas, bens,
responsabilidades, obrigações, direitos, garantias, cosseguro, resseguro, retrocessão de seguros,
planos de pecúlio ou de rendas e de assistência médica ou odontológica e planos de benefícios
complementares ou assemelhados aos da Previdência Social, formados pelas sociedades
seguradoras, sociedades de capitalização, entidades abertas de previdência privada com fins
lucrativos, entidades abertas de previdência privada sem fins lucrativos, entidades fechadas
de previdência privada, sociedades administradoras de planos de seguro-saúde e corretoras de
seguros.
• As instituições prestadoras de serviços financeiros não regulamentados não são organizações
financeiras. Porém, prestam serviços tipicamente financeiros. Como exemplos, temos as sociedades
administradoras de cartões de crédito e as sociedades de fomento mercantil.
• O Banco do Brasil representa um caso à parte. Até janeiro de 1986, essa instituição assemelhava-
se a uma autoridade monetária, efetuando serviços de política econômica do governo mediante
ajustamentos da conta movimento do Banco Central do Brasil (Bacen) e do Tesouro Nacional (TN).
Porém, atualmente, é considerado um banco comercial comum, embora ainda seja responsável
pela Câmara de Confederação.
• O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é responsável pela
política de investimento de longo prazo. É conhecido atualmente como a principal instituição
26
Mercado de Capitais

financeira de fomento do Brasil, cumprindo o importante papel de atenuar os desequilíbrios


regionais, promover o crescimento das exportações, entre outras funções. Para tal, usa recursos de
programas e fundos de fomento. As principais formas de atuação do BNDES são:

— Financiamento direto, podendo ser concedido a empresas e instituições privadas ou públicas,


bem como a seus acionistas, para que estes participem do aumento de capitais.
— Financiamento para a compra de máquinas e equipamentos.
— Financiamentos indiretos, mediante linhas de crédito operadas por agentes financeiros
credenciados (bancos comerciais, de investimento, desenvolvimento etc.) e por meio de
participação acionária.
— Apoio ao capital privado para a complementação, consolidação e modernização da base
industrial do país.
— Aval de repasse de linhas de crédito externo para financiamento de importação de equipamentos
e insumos.
— Apoio ao lançamento de ações (operações underwriting).
— Apoio à construção naval com recursos do fundo da Marinha Mercante.
— Apoio a operações de interesse do país, como fazendas de silvicultura (madeira) e programas
de TV digital e audiovisual.

• A Caixa Econômica Federal (CEF) mantém a forte característica de ser um instrumento


governamental de financiamento social, estando voltada a demandas importantes para o país,
como o financiamento habitacional e o saneamento básico.
• Os bancos comerciais são intermediários financeiros. A sua principal função é a de transferir
recursos dos agentes superavitários para os deficitários. Esse mecanismo cria moeda por meio do
efeito multiplicador, por isso, os bancos são fortemente fiscalizados pelo Banco Central (o “banco
dos bancos”), que efetua depósitos compulsórios para diminuí-lo. Os bancos comerciais prestam
os seguintes serviços:

— Desconto de títulos.
— Realização de operações de abertura de crédito simples ou em conta corrente.
— Realização de operações especiais de crédito rural, de câmbio e de comércio internacional.
— Captação de depósitos à vista e a prazo fixo.
— Obtenção de recursos junto às instituições oficiais para repasse aos clientes.
— Entre outros serviços.

• As cooperativas de crédito, geralmente, atuam em setores primários da economia brasileira,


equiparando-se às instituições financeiras. No entanto, são formadas entre os funcionários das
próprias organizações.
27
Unidade I

• As sociedades de crédito, de financiamento e de investimentos são organizações de


intermediação de crédito que captam recursos por meio de letras de câmbio. Sua principal função é
a de financiar bens de consumo duráveis aos consumidores finais. São os conhecidos crediários.
• As sociedades corretoras desenvolvem operações por meio de títulos e valores mobiliários por
conta de terceiros. São aquelas organizações que dependem diretamente do Banco Central do
Brasil (Bacen) para constituírem-se e são reguladas pelo órgão mais importante desse segmento,
a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
• As sociedades distribuidoras subscrevem as emissões de títulos e ações, intermediam e realizam
operações no mercado aberto. Essas sociedades não têm acesso às bolsas de valores.
• As sociedades de arrendamento mercantil efetuam operações conhecidas como leasing, uma
palavra em inglês que significa locação de bens. Nessa operação de leasing, o locatário pode,
ao final do contrato, renová-lo, adquirir o bem por valor residencial ou devolver o bem locado
à sociedade. As operações de leasing tornaram-se muito comuns atualmente. As sociedades de
arrendamento mercantil costumam captar os recursos financeiros dos agentes superavitários por
meio de títulos conhecidos como debêntures.
• As associações de poupança e empréstimos são sociedades civis em que os associados têm
direito à participação nos resultados. Essas associações captam recursos financeiros por meio de
cadernetas de poupança, cujo objetivo é principalmente o financiamento de imóveis.
• Os investidores institucionais são os fundos mútuos de investimentos, condomínios abertos que
aplicam seus recursos financeiros em títulos e valores mobiliários. O principal objetivo desse tipo
de instituição é oferecer aos condomínios maiores retornos e menores riscos possíveis aos seus
patrimônios. Nessa classificação, podemos citar também as entidades fechadas de previdência
privada, que são organizações mantidas por contribuições de um grupo de trabalhadores e de
uma mantenedora. Por meio de uma determinação legal, parte de seus recursos financeiros devem
ser destinados ao mercado acionário.
• As companhias hipotecárias atuam prioritariamente em financiamentos imobiliários e
administração de crédito de longo prazo de bancos de desenvolvimento, destinando-se a
financiamentos privados de capital fixo e de giro.
• Os bancos múltiplos, como o próprio nome já dá a entender, atuam em vários setores do sistema
financeiro nacional. Como obrigação jurídica, devem possuir pelo menos duas das seis carteiras a
seguir:

— Comercial.
— De investimento.
— De crédito imobiliário.
— De aceite.
— De desenvolvimento.
— De leasing.
28
Mercado de Capitais

• Os bancos cooperativos surgiram das cooperativas de crédito e tornaram-se verdadeiros bancos


comerciais. São restritos a atuar apenas em uma Unidade da Federação (UF) para impulsionar o
desenvolvimento local, porque a intenção é que os recursos fiquem na região e não migrem para
outros estados e/ou cidades. Como peculiaridades, esses bancos oferecem condições para que um
agente econômico superavitário, que não tenha a intenção de aplicar seus recursos financeiros
excedentes em algum empreendimento próprio, seja colocado em contato com outro agente
econômico deficitário que tenha como objetivo realizar investimentos em alguma atividade que
emane capital superior às suas disponibilidades.

Observação

No mercado, costuma-se utilizar a expressão em inglês going public


para a empresa que almeja abrir o seu capital. E, quando a empresa lança
a sua primeira oferta de ações, costuma-se utilizar a expressão IPO - Initial
Public Offering.

2 Abertura de Capital de Empresas

Neste tópico, iremos entender o conceito legal e o desenvolvimento das empresas estabelecidas
como Sociedades Anônimas (S.A.). Um fator relevante para este estudo é a análise das estratégias das
empresas que almejam captar recursos e alavancar resultados.

2.1 Companhia aberta – conceito legal

Considera-se uma companhia aberta aquela que efetua a colocação de valores mobiliários em bolsa
de valores ou em mercado de balcão. Em muitos casos, emitir ações é uma excelente estratégia de
captação de recursos para as empresas.

Saiba mais
Um exemplo muito interessante de companhia aberta é a RENAR Maçãs
S.A., a primeira empresa do setor hortifrutigranjeiro a abrir seu capital. Nos
seguintes sites, é possível conhecer o histórico em torno da abertura de
capital da empresa, com um exemplo da atuação de sociedades corretoras
que ajudaram esse processo:
<www.renar.agr.br>.
<http://www.bmfbovespa.com.br/InstSites/RevistaBovespa/94/
Empresas.shtml>.
<http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/valor/2011/07/06/renar-
macas-fara-aumento-de-capital-de-r-16-milhoes.jhtm>.
29
Unidade I

Fortuna (2007, p. 116) ressalta que “para que uma empresa possa abrir o seu capital, o primeiro
passo é estar estabelecida como sociedade anônima, ou seja, estar adequada à regulamentação
disposta na Lei 10.303, de 30/10/2001, a nova Lei das sociedades anônimas .” Não é um processo
simples para a empresa se adequar ao disposto na lei 10.303/01. Não raramente, é necessário
investir uma boa quantidade de recursos financeiros, porque as exigências são muito grandes.
A empresa deve publicar frequentemente suas demonstrações contábeis, por exemplo.

Além disso, os sócios devem aprovar a transformação da empresa em sociedade anônima, com
moldes determinados pelo estatuto social em assembleia geral ou por escritura pública. O valor do
capital social deve ser subscrito por um número mínimo de acionistas e posteriores alterações devem
ser dispostas.

Deve-se determinar também o número de ações de acordo com:

• A divisão do capital.
• A proporção entre preferenciais e ordinárias.
• Suas classes.
• Posse ou não de valor nominal.
• Fixação de dividendo mínimo.
• Possibilidade de se manter ações em tesouraria.
• Criação do Conselho de Administração – CA.
• Criação da diretoria que delibera futuros aumentos de capital.

O processo de abertura de capital e o registro são basicamente compostos por três etapas:

• Nomeação do diretor de relações com investidores.


• Contratação de auditoria independente, da qual os auditores devem ser credenciados pela CVM.
• Apresentação da documentação necessária para cumprimento das normas legais.

Dessa forma, o diretor de relações com investidores é um profissional responsável por prestar
informações à CVM e aos acionistas, divulgando as atividades e decisões da companhia, além de
esclarecer dúvidas.

Os auditores independentes devem ser credenciados pela CVM e auditarão anualmente as


demonstrações contábeis, apresentando um parecer. É muito importante que os auditores sejam de fato
independentes, ou seja, não tenham vínculos de qualquer tipo com a empresa, para não gerar conflito
de interesses.

30
Mercado de Capitais

Saiba mais

Para entender melhor o trabalho do diretor de


relações com investidores, visite o site do Ibri (Instituto
Brasileiro de Relações com Investidores): <http://www.ibri.
org.br/home/>.

Fortuna (2007, p. 131) comenta que “a operação de lançamento de valores mobiliários precisa ser
coordenada por uma instituição financeira, que pode ser um banco de investimento, um banco múltiplo,
uma sociedade corretora ou sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários.” Por sua vez, essa
instituição financeira coordenadora responsabiliza-se também pelo registro dos valores mobiliários nas
bolsas de valores ou entidades do mercado de balcão e pelos processos de registro na CVM.

Como comentado anteriormente, a abertura de capital de uma empresa geralmente é uma operação
complexa, envolvendo o dispêndio de altas somas de recursos financeiros para pagar os custos de
exigências legais, como:

• Contratação de auditoria externa.


• Taxa de fiscalização do registro de emissão junto à CVM.
• Pagamento de anuidade à bolsa, de acordo com seu porte.
• Serviço de ações escriturais e taxa de fiscalização de manutenção de companhia aberta junto à
CVM.
• Custos de divulgação.
• Prospectos e material informativo aos acionistas.
• Atendimento a analistas de investimentos e investidores.
• Custos de intermediação financeira.

Além desses custos, há também os custos de cunho interno para a empresa, tais como:

• Formação de grupo de estudos sobre a abertura.


• Consultoria externa de mercado de capitais.
• Departamento de acionistas.
• Estrutura da diretoria de relações com o mercado.

Basicamente, para uma empresa abrir o seu capital e estar em uma bolsa de valores, é muito
importante que seja apresentada com muita transparência para os acionistas e para a sociedade em
geral.
31
Unidade I

Saiba mais

A Bolsa de Valores de São Paulo instituiu, no ano de 2000, uma classificação


do nível de governança corporativa das sociedades anônimas, com o
objetivo de criar segmentos especiais que proporcionassem um ambiente de
negociação que estimulasse, ao mesmo tempo, o interesse dos investidores
e a valorização das companhias. O novo mercado é direcionado às empresas
que venham abrir capital, enquanto os níveis diferenciados 1 e 2 destinam-se
a empresas que já possuem ações negociadas na BM&F Bovespa.

Para conhecer mais sobre o assunto, acesse:


<http://www.bmfbovespa.com.br/empresas/download/Folder_
NovoMercado.pdf>.

Observação

A operação de underwriting (best effort) ou “o melhor esforço” é a


intermediação que as entidades financeiras fazem em relação à oferta
pública de títulos. Caso não encontrem interessados em quantidade para a
compra das ações, as próprias entidades financeiras as comprarão. Assim,
quando uma empresa anuncia um IPO ou uma captação de recursos, há a
certeza de que esses recursos realmente serão captados.

2.2 Desenvolvimento das sociedades anônimas

Conforme Borba (1997) o desenvolvimento das sociedades anônimas ocorreu em três sistemas
distintos de formação:

• O sistema de privilégios.
• O sistema da autorização.
• O sistema da livre criação.

No sistema de privilégios, a criação de uma sociedade anônima dependia apenas de um ato do


governo. As sociedades não eram criadas por conta da vontade das partes, mas sim por uma concessão
do Estado por meio de um ato legislativo. Por isso, não se aplicava às demais empresas. Ser uma sociedade
anônima era um privilégio. Esse sistema vigorou entre os séculos XVII e XVIII.

No sistema de autorização, segundo Borba (1997 p.95), “a sociedade era criada pelos interessados,
mas dependia de uma autorização preliminar do governo.”
32
Mercado de Capitais

Já no sistema de livre criação, que é o modelo atualmente em vigor, os interessados são livres
para criar as sociedades anônimas, não há necessidade de prévia autorização governamental, mas são
obrigadas a se registrarem nos órgãos competentes.

Segundo a Lei das sociedades por ações, 6.404/76, com as alterações das Leis 9.457/97 e 10.303/2001,
existem duas espécies de sociedade anônima:

• A companhia aberta.
• A companhia fechada.

Segundo Borba (1997), a companhia aberta é aquela que procura captar recursos junto ao público.
Já a fechada não possui registros junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Elas possuem o capital
social representado por ações, mas, os títulos e valores mobiliários de sua emissão não são permitidos à
negociação em bolsas de valores ou no mercado de balcão.

Observação

Um exemplo de sociedade anônima de capital aberto é a empresa Dasa


(Diagnósticos da América S.A.), que é atualmente a maior empresa da área
de diagnósticos da América Latina.

Já um modelo de sociedade anônima de capital fechado é a Tac Motors


(Tecnologia Automotiva Catarinense S.A.), uma empresa automobilística
especializada em veículos especiais.

Saiba mais
Visite os sites da Dasa e da Tac Motors, conheça o seus históricos como
sociedades anônimas e compare as duas propostas empresariais em:
<www.dasa.com.br>.
<www.tacmotors.com.br>.

2.2.1 Estrutura da sociedade anônima

Segundo Almeida (2011), as sociedades anônimas devem possuir, necessariamente, três órgãos:

• A assembleia geral.
• A diretoria.
• O conselho fiscal.
33
Unidade I

A assembleia geral e a diretoria devem ter funcionamento permanente, conforme dispuserem os


estatutos. Nas companhias abertas e de economia mista, deve-se manter também um conselho de
administração. No entanto, esse órgão é facultativo para as empresas de capital fechado.

Almeida (2011) expõe que os acionistas têm obrigação pessoal perante a sociedade e não apenas
de caráter patrimonial. Obrigam-se a integralizar as ações subscritas pelo seu preço de emissão e não
pelo seu eventual valor nominal. Por outro lado, essa integralização não torna os acionistas condôminos
do patrimônio social, dando a eles o direito apenas ao que remanescer desse patrimônio, no caso de
dissolução da sociedade.

O autor ainda destaca o papel dos controladores, que, dentro do conjunto de acionistas, são aqueles
que são titulares de direito de voto. Isso lhes assegura, de modo permanente, a maioria das deliberações
da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia. Os administradores,
por usa vez, poderão ou não ser acionistas da empresa, mas são responsáveis por eventuais abusos que
cometerem no exercício de suas funções.

2.3 Abertura de capital na estratégia empresarial

De acordo com Mellagi Filho (2000):

[...] a crescente globalização dos mercados e a reestruturação pela qual


a economia brasileira vem passando, vêm trazendo para o nosso meio
uma quantidade expressiva de experientes e exigentes investidores
internacionais, que, somados ao processo de aprendizado e sofisticação de
nossos investidores institucionais – que aprenderam, quando da aquisição
de ações ofertadas à venda nos processos de privatização das empresas
estatais, a atuar em defesa de seus direitos –, começamos a conviver com
pleitos crescentes no sentido de se assegurar uma forma mais efetiva de
governança corporativa (MELLAGI FILHO, 2000, p. 87).

Mellagi Filho (2000) comenta também que:

Diversas operações de reestruturação que procuraram se mobilizar com o


objetivo de melhor defender os interesses têm como estratégia a incorporação
da sociedade controladora pela sociedade controlada, que permite a utilização
do ágio pago quando da aquisição do controle, com vantagem fiscal, originando
aumento do capital social da sociedade incorporadora e a consequente diluição
da participação dos acionistas minoritários. Nessas operações, foram debatidos
os critérios utilizados para determinar a avaliação das empresas envolvidas e para
estabelecer a relação de troca de ações (valor patrimonial, valor de mercado das
ações e valor econômico), assim como a eliminação do direito de recesso nas
operações de cisão de sociedades e nas operações de incorporação e de fusão
em que há liquidez de mercado das ações (porque integram índice de bolsa de
valores) ou dispersão acionária relevante (MELLAGI, 2000, p. 88).
34
Mercado de Capitais

A Comissão de Economia da Câmara dos Deputados aprovou o substitutivo elaborado pelo Deputado
Emerson Kapaz ao projeto de Lei n.º 3.115, de 1997, que engloba os projetos de Lei números 3.519/97 e
1.000/99.

2.4 Conceito de mercado monetário

Assaf Neto (2003, p. 118) declara que “o mercado monetário visa ao controle da liquidez monetária
da economia, em que os papéis negociados têm como parâmetro de referência a taxa de juros, que
se constitui em sua mais importante moeda de transação.” Os papéis que lastreiam as operações do
mercado monetário são caracterizados pelos reduzidos prazos de resgate e alta liquidez.

Ainda segundo Assaf Neto (2003),

[...] os papéis negociados são aqueles emitidos pelo Banco Central do Brasil,
voltados à execução da política monetária do Governo Federal (BBC – Bônus
do Banco Central), e pelo Tesouro Nacional, emitidos com o objetivo de
financiar o orçamento público (NTN – Notas do Tesouro Nacional, LTN –
Letras do Tesouro Nacional), além de diversos títulos públicos emitidos pelos
estados e municípios (ASSAF NETO, 2003, p. 119).

Também são negociados no mercado monetário os Certificados de Depósito Interfinanceiros (CDI),


exclusivamente entre instituições financeiras, e títulos de emissão privada, como o Certificado de
Depósito Bancário (CDB) e debêntures.

2.4.1 Sistemas de custódia e liquidação de títulos – Selic e Cetip

Grande parte dos títulos públicos e privados negociados no mercado monetário são escriturais, ou
seja, não são emitidos fisicamente, exigindo maior organização em sua liquidação e transferência.

As negociações com esses valores são controladas e custodiadas por dois sistemas especiais, denominados
Selic e Cetip. Assaf Neto (2003, p. 123) descreve Selic “como o Sistema Especial de Liquidação e Custódia,
desenvolvido pelo Banco Central do Brasil e a Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado
Aberto), em 1979, voltado a operar com títulos públicos de emissão do Bacen e do Tesouro Nacional.

Saiba mais
O Banco Central do Brasil conceitua Selic como sistema informatizado
que se destina à custódia de títulos escriturais de emissão do Tesouro
Nacional e ao registro e à liquidação de operações com esses títulos.

O Banco Central disponibiliza um manual de utilização do Selic, que


pode ser acessado em: <http://www.bcb.gov.br/?SELICINTRO>.

35
Unidade I

A Cetip, também é um sistema de controle e custódia, mas para


transações entre particulares. Atualmente, a Cetip é uma sociedade
anônima de capital aberto. Você pode conhecer mais sobre a Cetip
acessando o seguinte site: <http://www.cetip.com.br/index.asp>.

A seguir, o histórico das taxas de juros fixadas pelo Copom e a evolução da taxa Selic:

15,0
14,5
Expectativa
14,0 13,75
Focus
13,5
13,00
13,0 12,75
12,25 Taxa Selic (Expectativa 25/03/11) 12,25
12,5 Taxa Selic
12,0 11,75 famoso 11,75
período
11,5 11,25 11,25 11,25
eleitoral
11,0
10,75
10,5 10,25 10,25
10,0
9,50
9,5 9,25
9,0 8,75
8,5
8,0
dez/07

fev/08

abr/08

jun/08

ago/08

out/08

dez/08

fev/09

abr/09

jun/09

ago/09

out/09

dez/09

fev/10

abr/10

jun/10

ago/10

out/10

dez/10

fev/11

abr/11

jun/11

ago/11

out/11

dez/11
Figura 6: Histórico das taxas de juros fixadas pelo Copom e evolução da taxa Selic.

A Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados) é um sistema


semelhante ao Selic, porém controla títulos privados como CDB, RDB, debêntures, CDI etc.,
podendo operar também com títulos públicos que estão em poder do setor privado da
economia.

Assaf Neto (2003) informa que:

Na Cetip, os negócios não são liquidados imediatamente como no Selic,


porque as transferências de recursos são efetuadas por meio de ordens
de pagamentos equivalentes. Toda compra de títulos terá sua liquidação
no dia seguinte ao da operação, após a compensação bancária (ASSAF
NETO, 2003, p.128).

A taxa Selic tem maior relevância, porque é a referência do custo do dinheiro no mercado
financeiro, e a taxa Cetip é ligeiramente mais elevada que a Selic, porque embute maior risco
decorrente do fato de sua liquidação ser efetivada no dia seguinte. Por isso, existe a possibilidade de
se atuar de forma especulativa, aproveitando-se dos conhecimentos das tendências e informações
obtidas no mercado.

36
Mercado de Capitais

2.4.2 Títulos públicos

A respeito dos títulos públicos, Assaf Neto (2003) explica que:

Os governos federal, estadual e municipal captam recursos no mercado por


intermédio da emissão de títulos representativos da dívida pública. Os títulos
estaduais e municipais apresentam baixa liquidez no mercado, motivo pelo
qual possui circulação mais restrita. Os títulos públicos federais têm maior
aceitação e liquidez (ASSAF NETO, 2003, p. 204).

Os títulos da dívida pública do governo federal são classificados de acordo com sua natureza de
emissões e características de negociação, como:

• Títulos do Tesouro Nacional.


• Títulos do Banco Central.
• LTN – Letras do Tesouro Nacional.
• BBC – Bônus do Banco Central.
• LFT – Letras Financeiras do Tesouro Nacional.
• LBC – Letras do Banco Central.
• NTN – Notas do Tesouro Nacional.
• NBC – Notas do Banco Central.
• CTN – Certificado do Tesouro Nacional.
• CFT – Certificado Financeiro do Tesouro.

2.4.3 Mercado aberto

O mercado monetário é um instrumento do Estado para controlar a liquidez monetária da economia.


Com esse objetivo, negociam-se compras e vendas de títulos públicos.

Se a autoridade monetária decide reduzir a oferta monetária da economia, coloca (vende) títulos
de sua emissão junto aos agentes econômicos, retirando do sistema monetário parte do dinheiro em
circulação.

Se a autoridade monetária decide fazer o contrário, ou seja, expandir os meios de pagamento,


recompra, então, os títulos anteriormente vendidos. Com isso, aumenta-se a oferta de moeda.

Dessa forma, a liquidez monetária da economia pode ser regulada e as necessidades do Tesouro Nacional
podem ser supridas de forma mais dinâmica e imediata. Esse sistema é tão flexível que, atualmente, é possível
regular diariamente o nível de oferta monetária e a taxa de juros em curto prazo.

37
Unidade I

2.5 Conceito de mercado de crédito

Segundo Assaf Neto (2003, p. 209), o mercado de crédito “visa fundamentalmente suprir as
necessidades de caixa de curto e médio prazo dos vários agentes econômicos, seja por meio da concessão
de créditos às pessoas físicas, seja por empréstimos e financiamentos às pessoas jurídicas.”

Essas operações são realizadas dentro de uma política de especialização do sistema financeiro
nacional por instituições financeiras bancárias, sendo essas bancos múltiplos e comerciais.

2.5.1 Empréstimos de curto e médio prazo

As instituições bancárias oferecem várias modalidades de créditos. As mais conhecidas e/ou as que
mais se destacam são:

• Descontos de cheques.
• Contas garantidas.
• Créditos rotativos.
• Hot money.
• Empréstimos para capital de giro e para pagamento de tributos das empresas.
• Vendor.
• Repasse de recursos externos.
• Crédito direto ao consumidor.
• Assunção de dívidas.
• Adiantamento de contratos de exportação.

As modalidades de crédito anteriores são clássicas. Atualmente, há muita criatividade no mercado


financeiro e as instituições financeiras lançam, vez ou outra, novas modalidades de crédito. A seguir,
conheceremos um pouco mais dessas modalidades mais comuns, conforme as descrições de Assaf Neto
(2003):

• Desconto bancário de títulos: é uma operação de crédito típica do sistema bancário, que envolve
principalmente duplicatas e notas promissórias. Para ser efetuado o desconto é necessária uma
garantia do recebimento de um crédito futuro de um título representativo para que a instituição
conceda um empréstimo.

O desconto bancário de títulos é uma forma de antecipar o recebimento do crédito por meio da
cessão de seus direitos a um mutuante. Após o título ser transferido para a instituição financeira,
é de responsabilidade do tomador de recursos (cedente) a liquidação do título negociado perante
o banco.

38
Mercado de Capitais

• Contas garantidas: é um limite de crédito rotativo para suprir eventuais necessidades de recursos.
As contas garantidas são movimentadas geralmente mediante cheques, cobrindo o saldo devedor
existente. Os encargos financeiros são calculados sobre o saldo que permanecer descoberto e
cobrados dos clientes normalmente ao final de cada mês.
• Créditos rotativos: são linhas de crédito abertas pelos bancos que visam ao financiamento das
necessidades de curto prazo (capital de giro) e são movimentadas por meio de cheques.

• Operações hot money: são operações de curto prazo para cobertura de necessidades mais
permanentes de caixa das empresas. As taxas de hot money são formadas com base nas taxas do
mercado interfinanceiro (taxa CDI). Essas taxas podem ser mudadas rapidamente de posição, de
acordo com as variações que ocorrerem nos percentuais.

• Empréstimos para capital de giro e pagamento de tributos: constituem adiantamentos


concedidos às empresas para liquidação de impostos e tarifas públicas, como IPI, ICMS, IR, INSS,
entre outros.

Os empréstimos são formalizados por meio de contratos que estabelecem condições básicas, como
garantias, prazo de resgate e encargos financeiros.

• Operações de vendor: é uma operação de crédito em que a instituição bancária paga à vista a
uma empresa comercial os direitos relativos às vendas realizadas e recebidas em cessão, em troca
de uma taxa de juros de intermediação. No vendor, a empresa vendedora atua como cedente do
crédito, e o banco como cessionário e financiador do comprador.

O objetivo das operações de vendor, que vêm sendo cada vez mais usadas em substituição a
operações mais tradicionais, como o desconto de cheques, é viabilizar as vendas comerciais a
prazo, permitindo que a empresa vendedora receba à vista e, ao mesmo tempo, repasse um crédito
ao comprador.

• Repasse de recursos externos: configura um repasse de recursos contratados por meio de


captações em moeda estrangeira efetuada pelos bancos comerciais e múltiplos e bancos de
investimentos. Esses recursos são captados no exterior por meio de empréstimos ou colocação de
títulos e repassados às empresas nacionais visando ao financiamento de capital de giro e capital
fixo.

• Crédito direto ao consumidor: conhecido no mercado como CDC, é uma operação tipicamente
destinada a financiar aquisições de bens e serviços por consumidores ou usuários finais. A
concessão do crédito é efetuada por uma sociedade financeira, e a garantia da operação é a
alienação fiduciária do bem ou objeto do financiamento.

• Assunção de dívidas: é uma operação destinada a empresas com recursos em caixa para quitação
de uma dívida futura. O banco negocia a liberação de recursos equivalentes ao valor de liquidação
da dívida vincenda, garantindo uma aplicação financeira a taxas superiores às praticadas para os
fundos a serem utilizados na quitação. Com isso, a empresa consegue baratear o custo de sua
dívida.
39
Unidade I

Nos casos de dívida internacional, o devedor transfere a responsabilidade de seu pagamento a


uma instituição financeira mediante sua liquidação antecipada. Essa operação pode ser vantajosa
porque, nesse caso, é concedido um desconto (deságio) em relação ao montante pago.

• Adiantamento de contrato de câmbio: o denominado ACC, é uma operação que representa um


incentivo de crédito aos exportadores. É desenvolvida com o objetivo de dinamizar as exportações
nacionais, tornando-as mais competitivas no mercado. As instituições financeiras autorizadas a operar
com câmbio adiantam aos exportadores recursos lastreados nos contratos de câmbio firmados com
importadores estrangeiros, antecipando os recursos às empresas nacionais vendedoras.

2.6 Conceito de mercado de câmbio

Assaf Neto (2003, p. 216) define mercado de câmbio como o “segmento financeiro em que ocorrem
operações de compras e vendas de moedas internacionais conversíveis, ou seja, em que se verificam
conversões de moeda nacional em estrangeiras e vice-versa.”

As operações de câmbio também precisam de intermediação de instituições financeiras


regulamentadas pelo Banco Central e são realizadas por operadores de câmbio, que são especialistas
vinculados a essas instituições, e por corretoras de câmbio.

As taxas de câmbio, conforme expõe o autor, são determinadas por diversos fatores que formam as
paridades no mercado de câmbio. Um desses fatores é a influência das reservas monetárias que um país
deseja manter.

Assim como o governo controla a liquidez da economia por meio da oferta e compra de títulos
públicos, a autoridade monetária promove intervenções no mercado de moedas estrangeiras e altera as
taxas de câmbio, o que incentiva o aumento das exportações e inibe as importações.

A liquidez da economia também é um fator que atua sobre a taxa de câmbio. Quando a liquidez está mais
restrita, os importadores de bens e serviços costumam adiar suas aquisições. Da mesma forma, os importadores
e os exportadores procuram antecipar seus negócios para realizarem recursos de caixa. Essas decisões costumam
elevar a oferta de moeda estrangeira, promovendo uma redução da taxa de câmbio.

Além disso, as taxas de câmbio também costumam sofrer influências por fatores domésticos, como a
posição das reservas cambiais, a situação do balanço de pagamentos, a condução da política econômica etc.

Lembrete

As empresas que atuam em mercados estrangeiros, seja com exportação,


importação, recebendo repasses de capitais e/ou enviando capitais para
outros países, costumam formar políticas de proteção contra variações
bruscas na política cambial. Para isso, adotam as chamadas operações de
Hedge, derivativos que estudaremos nas próximas unidades.
40
Mercado de Capitais

2.7 Conceito de mercado de capitais

Segundo Bovespa (2010), a função primordial dos mercados financeiros é aproximar agentes
econômicos normalmente separados no mercado: o superavitário e o deficitário. A Bovespa (2010)
também conceituou mercado de capitais como:

[...] um sistema de distribuição de valores mobiliários, que tem o propósito


de proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu
processo de capitalização.
É constituído pelas bolsas de valores, sociedades corretoras e outras
instituições financeiras autorizadas.
No mercado de capitais, os principais títulos negociados são os representativos
do capital de empresas — as ações — ou de empréstimos tomados, via
mercado, por empresas — debêntures conversíveis em ações, bônus de
subscrição e commercial papers —, que permitem a circulação de capital
para custear o desenvolvimento econômico.
O mercado de capitais abrange, ainda, as negociações com direitos e recibos
de subscrição de valores mobiliários, certificados de depósitos de ações e
demais derivativos autorizados à negociação (BOVESPA, 2010, p. 10).

Para Gitman e Joehnk (2005, p.21), mercado de capitais “é o mercado em que títulos a longo prazo,
como ações e títulos de dívida, são comprados e vendidos.”

O mercado de capitais divide-se em dois:

• Mercado primário.
• Mercado secundário.

O mercado primário, ainda sob a definição de Gitman, “é o mercado em que novas emissões de títulos
são vendidas ao público.” É nesse mercado que as empresas realizam as ofertas iniciais ou conhecidas
como IPO´s, conforme estudamos anteriormente.

Saiba mais
O maior IPO, ou a maior captação de recursos em bolsas, foi realizado
pela empresa brasileira Petrobrás, no segundo semestre de 2010, conforme é
demonstrado no jornal de relações com investidores da empresa, que pode ser
acessado no seguinte endereço: <http://www.petrobras.com.br/ri/publicador/arq/
126/arq_126_12105.pdf>.
Esse também é um exemplo de meio de comunicação com os acionistas,
uma atividade obrigatória por lei.

41
Unidade I

Já o mercado secundário, conforme Gitman e Joehnk (2005), é o mercado em que os títulos são
negociados depois de emitidos e são conhecidos também como aftermarkets ou pós-mercado. Esse
mercado permite que se negocie títulos que já estão circulando.

Lembrete

Lembra-se das situações apresentadas na introdução deste livro-


texto?

A primeira situação representava uma operação tipicamente de mercado


primário, em que uma pessoa precisa de dinheiro e outra precisa investir.
Esse também foi o mercado utilizado pela Renar Maçãs, mencionada numa
das observações que estudamos anteriormente.

Já a segunda situação mostrava um investidor que está interessado


em ações que já estão circulando no mercado, ou seja, ações em mercado
secundário. Nesse caso específico, nos é revelado que as ações dessa
empresa estavam desvalorizadas e ninguém gostaria de comprá-las. No
entanto, isso pode mudar repentinamente e esse investidor poderá ganhar
muito dinheiro. É claro que esse investidor aceita trabalhar com um risco
muito elevado, em uma ação especulativa.

Observação

Mercado de balcão:

Várias vezes, citamos neste livro-texto a expressão mercado de


balcão. Pois bem, o chamado mercado de balcão é, atualmente, segundo
Gitman e Joehnk (2005), uma rede amplamente disseminada de
telecomunicações pela quais são realizadas transações tanto de ofertas
públicas iniciais, como IPO´s de títulos que já estão em circulação.
No passado, realmente as ações costumavam ser transacionadas nos
balcões das corretoras, (daí o nome) mas, atualmente, o comum é que
as ações sejam negociadas por meio das telecomunicações, seja por
telefone, seja pela internet.

É muito comum as corretoras disponibilizarem aos seus clientes os chamados home brokers,
que são sistemas de computador que podem ser acessados de casa ou de qualquer lugar pela
internet e que dispensam ou minimizam a necessidade do atendimento ao cliente por um
corretor.
42
Mercado de Capitais

O mercado de capitais, ao ser praticado de forma saudável, acaba por provocar um aumento da
eficiência microeconômica das empresas. Isso também gera efeitos macroeconômicos positivos.
Esse efeito é devido ao fato de que, quando uma empresa aceita abrir o seu capital e ter ações
na bolsa de valores, está também assumindo um compromisso com terceiros, na maioria das
vezes, de longo prazo. Além disso, passa a pulverizar também os seus riscos, pois um universo de
investidores se torna conivente com o sucesso dessa empresa.

Naturalmente, a empresa se vê com a necessidade de fornecer ao mercado informações


detalhadas sobre seu desempenho, seu passado, seus planos e compromissos para o futuro. Com
isso, os investidores acompanham os resultados das empresas, apontam falhas, premiam os acertos
e dão sugestões para a melhoria das atividades, o que cria um ambiente muito saudável para os
negócios.

No mercado de capitas, é possível também captar recursos para capital de giro e capital fixo. Como
afirma Assaf Neto (2003), o mercado de capitais está estruturado de forma a suprir as necessidades de
investimentos dos agentes econômicos por meio de diversas modalidades de financiamento a médio e
longo prazo, para capital de giro e capital fixo.

A seguir, serão analisados alguns exemplos de como é possível captar recursos para capital de giro
e capital fixo.

2.7.1 Mercado futuro

O mercado futuro opera por meio de contratos em que se estabelece um compromisso entre
comprador e vendedor, na venda de um determinado ativo a um preço predefinido, numa data futura.
A principal característica do mercado futuro é a padronização de contratos, que facilita a formação de
preços e implementa a liquidez, agilizando sua negociação. Assim, caso o investidor tenha comprado um
contrato futuro de determinado produto, não terá dificuldades em vendê-lo.

O mercado futuro é uma boa alternativa para os empresários, que, ao negociar antecipadamente
suas mercadorias, evitam o risco de não ter a quem vendê-las no futuro. As mercadorias negociadas
nesses mercados são conhecidas pelo nome de commodities e podem tanto ser aço, algodão, boi gordo,
como camisetas, desde que possam ser padronizadas.

Porém, há também algumas dificuldades nos contratos futuros, que não são flexíveis em comparação
aos contratos a termo. Nem sempre os compradores e vendedores conseguem compatibilizar os seus
interesses. Um comprador de algodão, por exemplo, pode desejar que a mercadoria seja entregue em
um prazo diferente daquele que o vendedor tem condições de entregar. Por isso, esses períodos de
defasagem precisam ser administrados.

A seguir, segue a variação do preço e do número de contratos do boi gordo, negociados na


BM&F:

43
Unidade I

86,00 2.500
84,00
82,00 2.000
80,00
78,00 1.500
76,00
74,00 1.000
72,00
70,00 500
68,00
66,00 -
4/1/2010

7/1/2010

12/1/2010

15/1/2010

20/1/2010

26/1/2010

29/1/2010

3/2/2010

8/2/2010

11/2/2010

18/2/2010

11/2/2010

23/2/2010

26/2/2010

3/3/2010

8/3/2010

11/3/2010

16/3/2010
mai/10 out/10 Contratos negociados (mai +out)

Figura 7: Variação do preço e do número de contratos do boi gordo negociados na BM&F.

2.7.2 Mercado de opções

O mercado de opções confere apenas direitos ao comprador e obrigações ao vendedor de opções,


o que não ocorre nos mercados a termo e futuros. Ao titular dá-se o direito sobre algo e, ao vendedor,
uma obrigação futura requisitada pelo comprador. Por exemplo: a opção de compra chamada em inglês
de call fornece ao titular o direito de comprar o ativo da transação a um preço predeterminado, numa
data certa.

Nos contratos de opções, é necessário pagar um prêmio para se ter o direito e somente uma das
partes incide em obrigações. Isso porque o titular já cumpriu com sua obrigação no acordo, que é o
pagamento do prêmio.

Nesse mercado e nas bolsas em geral, existe uma grande variedade de estratégias, com opções de
muita criatividade que podem resolver grandes problemas. Há ainda a possibilidade de combinação de
varias opções, que é conhecida no jargão do mercado de capitais como “trava”. Essas combinações são
conhecidas também por outras denominações, como:

• Butterfly.
• Condor.
• Straddle.
• Box.
• Conversion.
• Entre outras.

Operações com opções dão margem a especulações refinadas, em que é possível efetuar bons
negócios.

44
Mercado de Capitais

2.7.3 Derivativos - swap

As operações de swap, um termo em inglês que significa troca, são um tipo de operação de derivativos
em que o objetivo é trocar o fluxo financeiro de determinado ativo ou passivo, sem que se troque o
principal.

Por exemplo, é muito comum as empresas trocarem entre si fluxos de moedas diferentes. Sabe-se
que as empresas possuem vantagens competitivas em determinados mercados e algumas conseguem
obter melhores taxas de financiamento no mercado de juros flutuante. Assim, as empresas optam em
trocar essas vantagens entre elas.

Existem alguns tipos de swap, mencionados a seguir:

• Swap pré.
• Swap dólar.
• Swap forward.
• Swap IGP-M.

A seguir, conheceremos mais a fundo essas modalidades:

• O swap pré é uma taxa pré-fixada por uma taxa pós-fixada. Nessa operação o cliente
ficará passivo a uma taxa pós-fixada e ativo a uma taxa pré-fixada. No final do período do
swap efetua-se um ajuste referente às diferenças de rendimento geradas pelas duas taxas
envolvidas.

• O swap dólar é um swap da variação cambial acrescido de uma taxa de juros contra uma taxa
pós-fixada. Na operação, o cliente fica passivo a uma taxa pós-fixada e ativo em variação cambial
acrescida de uma taxa de juros. Ao final do swap, realiza-se um ajuste referente às diferenças de
rendimento geradas pelas duas taxas envolvidas.

• O swap forward é um swap de variação cambial contra uma taxa pré-fixada, derivada de uma
estimativa da variação cambial no período da operação. O cliente ficará passivo a uma taxa pré-
fixada e ativo em variação cambial na transação. Ao final do swap realiza-se um ajuste referente
às diferenças de rendimento geradas pelas duas taxas envolvidas.

• O swap IGP-M é um swap de uma taxa pós-fixada contra o IGP-M (Índice Geral de Preços de
Mercado). Ao final do swap realiza-se um ajuste referente às diferenças de rendimento geradas
pelas duas taxas envolvidas.

45
Unidade I

2.7.3.1 Objetivos das operações com derivativos

Saiba mais

O cartoon Buy-buy-sell-sel, de autoria de Kevin Kallaugher, mais


conhecido como Kal, mostra uma situação típica do mercado de capitais:
uma pessoa anuncia, em um dia normal de trabalho na “mais importante
instituição financeira da nação”, que tem uma ação muito interessante.
A partir daí, desencadeia-se uma série de atitudes das pessoas, que ora
mostram-se calmas, ora mostram irritabilidade, desespero, fúria, dúvida,
temores e sentimentos diversos em torno da ação, que “parece” ser
interessante.

Desde então, essa imagem, em sua simplicidade, é usada para representar


o ambiente do mercado de capitais, que nem sempre é possível expressar
por palavras.

O quadrinho Buy-buy-sell-sel, do Kal, foi feito para a capa de uma das


edições da revista The Economist, em 1989, e pode ser visto no site: <http://
shop.kaltoons.com/collections/prints/products/buy-sell-print/>.

Dentro do mercado de capitais, o mercado de derivativos destina-se a dar transparência/visibilidade


na formação de preços dos ativos e commodities, a permitir transferências de risco de preços e a oferecer
possibilidades de alavancagem de preços e de definição do custo futuro do dinheiro na formação das
taxas de juros.

Nas operações com derivativos, alguns objetivos são destacados, como:

• Especulação.
• Hedge.
• Arbitragem.
• Financiamento.

Na especulação, o ganho é baseado na expectativa e existe uma assunção de risco no ativo. Nas
operações de hedge há proteção de posição do ativo-objeto e redução de risco.

Em arbitragem, o ganho é baseado no desequilíbrio do mercado e não existe risco.

Em financiamento existe uma operação de aplicação/captação e não há risco do ativo-objeto.

46
Mercado de Capitais

Saiba mais

Os filmes a seguir propiciam uma relação com o conteúdo que você


estudou nesta unidade:

STONE, Oliver. Wall Street: poder e cobiça. EUA, 1987, 126 min.

Mostra os bastidores do mundo dos grandes negócios da década de


1980 e a ganância e a cobiça da ascensão capitalista por causa do acúmulo
de riqueza e poder nas mãos de poucos.

STONE, Oliver. Wall Street: o dinheiro nunca dorme. EUA, 2010, 127
min.

Continuação de Wall Street: poder e cobiça, esse filme mostra o mundo


dos grandes negócios na atualidade.

Exemplos de aplicação

Ao longo da unidade, você teve contato com várias palavras que representam conceitos utilizados
no jargão de mercado de capitais.

Questão 1. Nos espaços a seguir, tente explicar com suas próprias palavras os significados das
expressões sugeridas. Caso não consiga explicar, volte ao texto e releia. Ou pesquise em um dicionário
de negócios ou em um glossário. No site da BMF & Bovespa há um glossário muito bom.

Underwriting
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Swap
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

47
Unidade I

Arrendamento mercantil
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Trava
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______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Questão 2. Nos espaços a seguir, tente responder às seguintes perguntas:

a) O mercado financeiro e de capitais é importante para a economia de um país? Por quê?


______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

b) É recomendável, para uma empresa pequena, captar recursos na bolsa de valores? O que é
necessário?
______________________________________________________________________________
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Mercado de Capitais

Questão 3. No espaço a seguir, tente montar um mapa mental ou um esquema com os principais
conceitos estudados:

Resumo

Nesta unidade, estudamos a estrutura e os objetivos do sistema


financeiro nacional, as instituições financeiras e suas várias classificações,
bem como o papel de cada um dos agentes financeiros.

Vimos também como as empresas se tornam sociedades anônimas, as


exigências para que uma empresa abra seu capital em bolsa e como captar
recursos financeiros junto ao público. Além disso, você conheceu os vários
tipos de mercado, do cambial ao mercado de capital, os mercados primário
e secundário, as estratégias e variedades de transações que as empresas
podem realizar no mercado de capitais para captar capital de giro e capital
a médio e longo prazos, além de táticas para se proteger, os chamados
derivativos.

É fundamental observar a importância do mercado de capitais para o


país e entender que existe toda uma estrutura formada pelo SFN com suas
instituições especializadas, tanto para normatização quanto para operação,
visando dar tranquilidade e segurança aos interessados em participar dos
mercados.
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Unidade I

Com esse conhecimento, iremos passar para a unidade II, em que


estudaremos os títulos do mercado de capitais, bem como suas modalidades
operacionais.

Exercícios

Questão 1 (ESAF 2008 - analista de finanças e controle - CGU, adaptada). A Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) constitui órgão integrante do subsistema normativo do mercado de valores mobiliários.
Aponte a única opção incorreta no que diz respeito à CVM.

A) É uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pela Lei n. 6385/76.

B) As funções da Comissão de Valores Mobiliários repercutem junto a três grandes grupos: instituições
de mercado, companhias abertas e investidores.

C) A Comissão de Valores Mobiliários tem por finalidade a fiscalização e a regulação do mercado de


títulos de renda variável.

D) No cumprimento de sua missão como agente da sociedade para assegurar o equilíbrio monetário,
a CVM zela pela adequada liquidez da economia.

E) A CVM, em função da natureza de suas atividades, recebe, processa e coloca à disposição do


mercado uma enorme massa de informações; a atualização desse banco de dados é condição para
que o acesso seja rápido e eficaz.

Resposta correta: alternativa D.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: a Lei n. 6385/76, que criou a CVM, e a Lei n. 6404/76 (Lei das Sociedades por Ações)
têm por objetivo a manutenção da disciplina e do funcionamento do mercado de valores mobiliários,
bem como a atuação de seus participantes. A CVM foi criada com a responsabilidade de disciplinar,
fiscalizar e desenvolver o mercado de capitais.

B) Alternativa correta.

Justificativa: os grupos citados representam o mercado de bolsa e o de balcão, e as ações da CVM


impactam nos participantes destes mercados.

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Mercado de Capitais

C) Alternativa correta.

Justificativa: a política de atuação da CVM está em regular e disciplinar as atividades relacionadas


ao mercado de valores mobiliários, entendidos os de renda variável.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: cabe ao Banco Central assegurar o equilíbrio monetário, bem como zelar pela adequada
liquidez da economia.

E) Alternativa correta.

Justificativa: a CVM deve assegurar o acesso do público às informações sobre os valores mobiliários
negociados e as companhias que os tenham emitido.

Questão 2 (FCC 2011, Banco do Brasil - escriturário). O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
(SELIC) do Banco Central do Brasil é um sistema informatizado que

A) é operado em parceria com a CETIP, balcão organizado de ativos e derivativos.

B) substitui o Sistema de Pagamentos Brasileiro, SPB.

C) tem como participantes, exclusivamente, a Secretaria do Tesouro Nacional e os bancos múltiplos.

D) impossibilita a realização de operações compromissadas, ou seja, a venda ou compra de títulos


com o compromisso de recompra ou revenda.

E) destina-se à custódia de títulos escriturais de emissão do Tesouro Nacional, bem como ao registro
e à liquidação de operações com esses títulos.

Resolução desta questão na plataforma.

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