Estudar a língua portuguesa é tornar-se apto a utilizá-la com eficiência na
produção e interpretação dos textos com que se organiza nossa vida social. Por meio desses estudos, amplia-se o exercício de nossa sociabilidade - e, consequentemente, de nossa cidadania, que passa a ser mais lúcida. Ampliam- se também as possibilidades de fruição dos textos, seja pelo simples prazer de saber produzi-los de forma bem-feita, seja pela leitura mais sensível e inteligente dos textos literários. Conhecer bem a língua em que se vive e pensa é investir no ser humano que você é.
Língua: UNIDADE E VARIEDADE.
Vários fatores podem originar variações linguísticas:
a) geográficos - há variações entre as formas que a língua portuguesa
assume nas diferentes regiões em que é falada.
Basta pensar nas evidentes diferenças entre o modo de falar de um lisboeta e
de um carioca, por exemplo, ou na expressão de um gaúcho em contraste com a de um mineiro. Essas variações regionais constituem os falares e os dialetos.
b) sociais - o português empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e
aos meios de instrução difere do português empregado pelas pessoas privadas de escolaridade. Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de língua que goza de prestígio, enquanto outras são vitimas de preconceito por empregarem formas de língua menos prestigiadas. Cria-se, dessa maneira, uma modalidade de língua - a norma culta -, que deve ser adquirida durante a vida escolar e cujo domínio é solicitado como forma de ascensão profissional e social. O idioma é, portanto, um instrumento de dominação e discriminação social. Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que alguns grupos desenvolvem a fim de evitar a compreensão por parte daqueles que não fazem parte do grupo. O emprego dessas formas de língua proporciona o reconhecimento fácil dos integrantes de uma comunidade restrita, seja um grupo de estudantes, seja uma quadrilha d e contrabandistas. Assim se formam as gírias, variantes lingüísticas sujeitas a contínuas transformações.
Exemplos:
“A criança tem uma "predisposição natural para a linguagem" e chega à idade
escolar com um conhecimento prévio do idioma, adquirido no trato com a família. Na escola, ela entra em contato com a língua padrão e passa por um processo de aperfeiçoamento semelhante ao de aquisição da linguagem. O autor defende que esse novo aprendizado, como o primeiro, seja funcional e não normativo.”
Alguns exemplos de gíria:
Dar um rolê: passear, sair
Porrada: soco, murro
Pipoco: tiro
Mocréia: mulher feia
Bater um fio: fazer um telefonema
c) profissionais - o exercício de algumas atividades requer o domínio de
certas formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas variantes têm seu uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, médicos, químicos, lingüistas e outros especialistas.
d) situacionais - em diferentes situações comunicativas, um mesmo indivíduo
emprega diferentes formas de língua. Basta pensar nas atitudes que assumimos em situações formais (por exemplo, um discurso numa solenidade de formatura e em situações informais (uma conversa descontraída com amigos, por exemplo). A fala e a escrita também implicam profundas diferenças na elaboração de mensagens. A tal ponto chegam essas variações, que acabam surgindo dois códigos distintos, cada qual com suas especificidades: a
língua falada e a língua escrita.
A língua literária : Quando o uso da língua abandona as necessidades
estritamente práticas do cotidiano comunicativo e passa a incorporar preocupações estéticas, surge a língua literária. Nesse caso, a escolha e a combinação dos elementos lingüísticos, subordinam-se a atividades criadoras e
imaginativas. Código e mensagens adquirem uma importância elevada,
deslocando o centro de interesse para aquilo que a língua é em detrimento daquilo para que ela serve. Isso ocorre , por exemplo, nos seguintes versos de Fernando Pessoa:
"O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo."
Em português, temos vários níveis de linguagem, várias formas de dizer a
mesma mensagem, uma vez que não falamos sempre do mesmo jeito. Para nos comunicarmos melhor e adequadamente, temos de levar em consideração alguns elementos que garantem a eficiência de nossa mensagem.
Exemplificando: se você conversa com um colega, um amigo, você fala de um
modo. Usa uma linguagem. Se esse mesmo assunto for falado com uma autoridade, seu jeito de se comunicar será diferente. E mais, se esse mesmo conteúdo for dirigido a uma criança pequena, também você terá de mudar
sua forma de comunicação. Portanto, você teve de usar níveis de linguagem
diferenciados para cada destinatário de sua mensagem. Para efeitos didáticos, vamos considerar apenas dois níveis de linguagem, embora existam outros:
1. O informal ou coloquial, usado mais comumente em conversas entre
amigos, conhecidos mais íntimos;
2. O formal ou culto, usado em situações de maior cerimônia, quando devem
ser observadas as normas gramaticais.
Exemplos:
a) Aquela ali é uma perua. (nível informal ou coloquial)
b) Aquela senhora está muito enfeitada. (nível formal ou culto)
c) Houve uma grande confusão no colégio e muitos brigaram.
(nível formal)
d) Aconteceu um rebu na escola e o pau quebrou. (nível