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MELHORES POEMAS

MANUEL BANDEIRA

Org. Francisco de Assis Barbosa


Para se entender a obra de
Manuel Bandeira, é preciso saber um
pouco de sua vida.

 Manuel Bandeira nasceu em Recife


em 1886.

 Ainda muito jovem, descobre que


tem tuberculose e se vê obrigado a
abandonar suas atividades.

 É nesse momento, paradoxalmente,


que deu-se vida à poesia, onde
efetivamente nasce o poeta.

 O autor, depois de ter enganado


muitas vezes a morte, veio a falecer
em 1968, com 82 anos.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

 Considerado modernista, ainda que não ativo, Manuel


Bandeira experimentou influências de outras estéticas,
herdeiro da musicalidade simbolista sempre se
preocupou com a sonoridade harmônica evidenciado
fortemente em seus poemas.

 Em seus poemas, os constantes temas são: solidão, dor,


medo da morte, o passado, a infância, a melancolia, a
presença do popular, do folclórico, poesia erótico-
sentimental, o cotidiano, a ternura , a solidariedade e o
humor amargo.
Melhores poemas – a obra
• Organizada em 1984, reúne os poemas mais
expressivos de Manuel Bandeira.

• Em toda a sua trajetória poética, Manuel Bandeira


nos mostra a preocupação com a constante busca
por novas formas de expressão.

• A principal característica da obra de Bandeira é,


sem sobra de dúvidas, o emprego do verso livre. No
entanto, isso não significa que Bandeira não fizesse
uso das formas fixas. Nas suas últimas obras ele
utilizou-se muito da forma mais clássica de todas: o
soneto.
• Os versos livres de Bandeira sempre foram escritos
sem preocupações. Ele não gostava de modificar
nada.

• Até mesmo, segundo o próprio poeta, o poema


"Vou me embora para Pasárgada" foi escrito dessa
forma.

• O cotidiano de Santa Tereza, local onde morava, era


constantemente transformado em crônicas.

• Explorava os elementos sensoriais (visão, audição,


tato, olfato, gustação) de forma que se ressaltava em
seus poemas.
• Herdeiro da musicalidade simbolista,
sempre se preocupou com a sonoridade,
harmônica ou dissonante, dando um
efeito mais agressivo a quaisquer temas.

• Nos textos eminentemente sensuais, nota-


se a linguagem coloquial, antirretórica,
despojada, a grandiloquência, as
metáforas arrojadas, muito usadas por
poetas como Castro Alves e Olavo Bilac.
 Esse poema teve como intuito provocar o estilo
parnasiano vigente na época. A leitura do poema de
Manuel Bandeira foi feita na Semana da Arte Moderna
onde um grupo de artistas confrontavam os valores
parnasianos que se fundamentavam na valorização da
estética e da perfeição. A obra provocou muitas críticas
dos parnasianos.

 O poema que se inicia com uma referência do poeta à


vaidade dos parnasianos, teve como proposta esclarecer
uma identidade nacional – já que, até então, a arte
brasileira buscava modelos estrangeiros - e o
reconhecimento da liberdade de expressão.
 Ao longo do poema, percebemos críticas ao
parnasiano e a sua estética. São representadas por
ironia ao modo perfeito parnasiano de fazer arte
compondo rimas, inclusive, em termos que possuem
a mesma classe gramatical.

 Além disso observamos, também, a sonoridade


poética herdada do simbolismo com as construções
dos “P” e “b” e o jogo de palavras “Não foi! - Foi! -
Não foi!” que faz analogia com o som e o pulo dos
sapos.
 Esse poema de estética modernista possui versos
livres e o seu conteúdo nega os valores
ultrapassados das estéticas anteriores. O poema
traduz a liberdade que é defendida pelos
modernistas.

 Há, num primeiro momento, uma repulsa aos


elementos que transformam a arte em ato
burocrático e num segundo momento, há uma
defesa de um “lirismo libertador” sem censuras e
espontâneo.
 Traduz perfeitamente o paradigma do movimento
modernista.

 O autor nega as manifestações líricas que limitam a


liberdade poética, critica a forma que os
procedimentos são.

 Da mesma maneira, ironiza o movimento romântico,


dizendo que está farto desse tipo de lirismo, deixa
claro que não quer mais o lirismo das formas
tradicionais, dos movimentos tradicionais e sim uma
liberdade poética como forma de arte autêntica.
 O poema Pneumotórax apresenta um tema autobiográfico num tom
coloquial e irônico. O segundo verso pode ser considerado como
síntese da vida do poeta.

 Vemos a presença de um humor absurdo diante da morte sem


remédio, poema-piada típico do modernismo.

 Na primeira parte relembrando seu lado simbolista é sugerido pelos


fonemas b/p/t/d/ um som da tosse intensificado pela onomatopeia
tosse, tosse, tosse.

 Na segunda parte, a linha pontilhada marca uma quebra tanto na


narrativa como na respiração.

 Na terceira e última parte, observamos um eufemismo para


desenganar o paciente. O doente se agarra a uma esperança, mas o
médico acha tudo inútil e recomenda que toque um tango argentino,
utilizando dos fonemas /t/ (tocar um tango argentino)procurando
imitar a tosse do enfermo.
 Nesse poema, Manuel Bandeira comenta que foi o
que mais demorou para ser feito. Encantou-se pelo
nome Pasárgada que significa campo dos persas.

 O eu-lírico contrapõe o mundo real, em que se


encontra, e o imaginário para qual deseja ir a
Pasárgada, um lugar em que os sonhos podem ser
realizados. O tema central é a evasão espacial e
temporal.

 O poema estruturado em sete sílabas métricas, ou


redondilhas maiores, marca um ritmo acelerado e
reforça a ideia da vida intensamente vivida, o
desejo do eu-lírico na sonhada Pasárgada.
Consoada
Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
 É um texto metafórico e trata de um tema universal, a
morte.

 A metáfora seria a associação que o eu-lírico faz entre a


“preparação para o banquete e a preparação para a
morte”.

 Numa linguagem subjetiva, usa o termo 'consoada'


como se estivesse pronto para receber a visitante: a
morte. Aquela iniludível, que não engana ninguém e
que mais cedo ou mais tarde chegará a todos.

 Este poema é sem métrica regular; pois suas


características são da 1ºfase do modernismo brasileiro:
FASE HEROICA OU DE DESTRUIÇÃO: de combate e
destruição, quando ocorre a libertação linguística e são
afirmados os valores estéticos do movimento.
ARTE DE AMAR
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação,
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.


Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
 O poema ” Arte de amar”, também, tem a morte como tema
constante. Todavia, não encontramos neste poemas, uma ironia
tão acentuada. Os versos em “Arte de amar” são curtos; aqueles
um pouco maiores recebem a vírgula, que tem como característica
precípua a função realizar as pausas.

 As figuras de linguagem não possuem nesse poema papel


preponderante. O sujeito lírico por meio dos versos quer passar
uma ideia do que ele entende por amor de como se dá essa arte.

 No primeiro verso o sujeito lírico diz que: “Se queres sentir a


felicidade de amar, esqueça a tua alma. No verso seguinte fala
que: “a alma é que estraga o amor.” Neste ínterim, baseando
nestes versos, poder-se-á falar que para sentirmos a alegria de
amar devemos abdicar das nossas vontades.
 O versos subsequentes, dois e três, evocam o amor ágape,
que na língua grega significa o amor, caridoso,
compassivo. Esta forma de amor é o amor-compaixão, “é o
sentimento que nega a vontade ao invés, em vez de afirmá-
la.” Com estes fatores explicitados anteriormente em
mente, para o sujeito lírico a alma só encontra aprazimento
quando está em contato com Deus, e não em outra alma.
Além disso, diz que a satisfação não pode se dar com
nenhum outro ser terreno.

 O sétimo verso é pautado por um leve erotismo, pois os


corpos se entenderão apenas com outros corpos. Isto
demonstra que para o sujeito lírico o amor se dá apenas
por meio de algo erótico, este sentimento é diferente do
ágape. Chegando até a ser pessimista em relação ao amor.
 Para finalizar, faz-se necessário frisar que “A arte
de amar” é um poema reflexivo em que as rimas
praticamente inexistem.

 Ele se aproxima bastante de um texto em prosa,


porém não perde seu caráter poético através dos
versos. É um poema escrito por Manuel
Bandeira em seu melhor estilo.

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