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10.º ano
© AREAL EDITORES
Luís de Camões, Rimas
Exercício resolvido
Redação de uma exposição
Tendo em conta a sua experiência de leitura das Rimas, de Luís de Camões, apre-
sente as principais características da lírica camoniana, numa exposição de cento e
trinta a cento e setenta palavras, fundamentando as suas afirmações.
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Exercício 1 Em suma, a Natureza e as suas diferentes re-
Propostas de resolução
presentações assumem na lírica camoniana
O tema da mudança na lírica camoniana é re-
um papel de grande destaque.
corrente, tanto na vertente tradicional como
clássica, e surge frequentemente como um fa-
© AREAL EDITORES
tor de angústia para o sujeito.
Os efeitos da mudança são diversos. Assim, a
mudança atua sobre a Natureza e sobre o mundo
de forma cíclica, regular e previsível, oscilando
entre períodos de decadência e momentos de
ressurgimento. Deste modo, as estações do ano
sucedem-se e a Natureza passa de um período
de definhamento para outro de revitalização, em
ciclos perfeitamente previsíveis.
Opostamente, na vida humana em geral e na
do sujeito em particular tal não acontece, pois
a sua vida é marcada pelo implacável destino,
pela infelicidade e pela miséria, como demons-
tra o soneto “Oh! Como se me alonga, de ano
em ano”. Constata então o sujeito que, se no
passado houve momentos de esperança, a
mudança transformou-os em angústia e tris-
teza, não havendo forma de inverter a situação.
Em suma, na poesia camoniana, a mudança
apresenta uma conotação negativa e conduz o
sujeito ao desencanto e desespero.
Exercício 2
A Natureza é um tema recorrente na poesia
camoniana e está associada às temáticas do
amor e da mudança.
Assim, a Natureza assume diversos papéis
nos diferentes poemas. Nos poemas de con-
teúdo amoroso, verifica-se a preferência por
um cenário verdejante, primaveril e tranquilo,
que se identifica com a expressão latina: “locus
amoenus”. Os elementos naturais criam um ce-
nário favorável para o amor, realçam a beleza
da mulher amada ou desempenham a função
de confidentes (“Alegres campos, verdes arvo-
redos”). Por vezes, a exuberância e beleza da
Natureza surgem como contraponto ao estado
de espírito do “eu”, como acontece no soneto
“A fermosura desta fresca serra”.
Noutros poemas, a Natureza surge como ob-
jeto de contemplação que propicia a reflexão
sobre a existência humana (“Mudam-se os
tempos, mudam-se as vontades”). Surge então
um cenário natural em que as estações do ano
se sucedem de uma forma regular, contras-
tando com a mudança negativa constante na
vida do sujeito.