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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
ENFERMAGEM EM IMUNIZAÇÃO

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

1
CURSO DE
ENFERMAGEM EM IMUNIZAÇÃO

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MÓDULO I
1 A HISTÓRIA DA SAÚDE NO BRASIL
1.1 A POLÍTICA DE SAÚDE BRASILEIRA
1.2 ESTRUTURA DO SERVIÇO SANITÁRIO
1.3 A ERA DOS INSTITUTOS
1.4 O SANEAMENTO DAS CIDADES
1.5 A REVOLTA DA VACINA
2 PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES (PNI)
3 REDE DE FRIO
4 SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO
4.1 PRINCÍPIOS DA REFRIGERAÇÃO
4.1.1 Transferência de calor
4.2 CONTROLE E MONITORAMENTO DA TEMPERATURA
4.2.1 Termômetro digital de momento, máximo e mínimo
4.2.2 Termômetro analógico de momento, máxima e mínima
4.2.3 Termômetro linear
4.2.4 Termômetro analógico de cabo extensor
4.2.5 Termômetro a laser
4.3 SITUAÇÕES EMERGENCIAIS
5 EQUIPAMENTOS DA REDE DE FRIO
5.1 CÂMARAS FRIGORÍFICAS
5.2 FREEZER OU CONGELADORES
5.3 REFRIGERADORES OU GELADEIRAS
5.3.1 Geladeira doméstica
5.3.2 Refrigerador comercial
5.4 CAIXAS TÉRMICAS
5.4.1 Bobinas de gelo reutilizável
5.4.2 Ambientação da bobina de gelo reutilizável

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5.5 CAMINHÃO FRIGORÍFICO
5.6 GELADEIRA A GÁS/ELETRICIDADE
5.7 GELADEIRA COM PAREDES DE GELO REUTILIZÁVEL
5.8 GELADEIRA À ENERGIA SOLAR
6 INSTÂNCIAS DE ARMAZENAMENTO
6.1 NACIONAL
6.2 ESTADUAL
6.3 REGIONAL OU DISTRITAL
6.4 MUNICIPAL
6.5 LOCAL
7 TRANSPORTE DE IMUNOBIOLÓGICOS
8 IMUNOBIOLÓGICOS SOB SUSPEITA

MÓDULO II
9 SALA DE VACINAS
9.1 SALA DE VACINAÇÃO: ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
9.2 EQUIPAMENTOS BÁSICOS DA SALA DE VACINA
9.3 MATERIAIS UTILIZADOS NA SALA DE VACINA
9.4 IMPRESSOS E MANUAIS TÉCNICOS E OPERACIONAIS
9.5 O FUNCIONAMENTO DA SALA DE VACINAÇÃO
9.6 LIMPEZA DA SALA DE VACINAS
10 PROCEDIMENTOS PRELIMINARES À ADMINISTRAÇÃO
10.1 LAVAGEM DAS MÃOS
10.2 CUIDADOS BÁSICOS COM MATERIAIS DESCARTÁVEIS
10.3 CUIDADOS BÁSICOS PARA REMOÇÃO E RECONSTITUIÇÃO DE
SOLUÇÕES
10.3.1 Remoção de soluções acondicionadas em ampola de vidro
10.3.2 Remoção de soluções acondicionadas em frasco-ampola com tampa de
borracha
10.3.3 Reconstituição de soluções apresentadas sob a forma liofilizada
11 CUIDADOS BÁSICOS SEGUNDO AS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DAS
VACINAS

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11.1 VIA ORAL
11.2 VIA INTRADÉRMICA
11.3 VIA SUBCUTÂNEA (SC)
11.4 VIA INTRAMUSCULAR (IM)
11.5 VIA ENDOVENOSA (EV)
12 REGISTRO DAS ATIVIDADES E ARQUIVOS DA SALA DE VACINAÇÃO
12.1 IMPRESSOS PADRONIZADOS EM INSTÂNCIA NACIONAL
12.1.1 Cartão da Criança
12.1.2 Cartão de Controle
12.1.3 Cartão do Adulto
12.1.4 Cartão da Gestante
12.1.5 Boletim Diário de Vacinação
12.1.6 Boletim Mensal de Doses Aplicadas de Vacinas
12.1.7 Inutilização de imunobiológicos
12.1.8 Movimento Mensal de Imunobiológicos e Insumos
12.1.9 Mapa para Controle Diário de Temperatura
12.1.10 Ficha de Investigação dos Eventos Adversos Pós-Vacinação

MÓDULO III
13 FUNDAMENTOS IMUNOLÓGICOS
13.1 IMUNIDADE CELULAR
13.2 IMUNIDADE HUMORAL
13.3 COMPLEXOS DE HISTOCOMPATIBILIDADE
13.4 ANTÍGENOS T-DEPENDENTES E T-INDEPENDENTES
13.5 INTEGRAÇÃO DE MECANISMOS DE IMUNIDADES ESPECÍFICA E
INESPECÍFICA
14 AGENTES IMUNIZANTES
14.1 NATUREZA
14.2 COMPOSIÇÃO
14.3 FATORES PRÓPRIOS DAS VACINAS
14.4 ORIGEM DAS VACINAS
14.5 CONTROLE DE QUALIDADE

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14.6 CONSERVAÇÃO
14.7 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
14.8 PESSOA A SER VACINADA
14.9 CONTRAINDICAÇÕES
14.9.1 Gerais
14.9.2 Falsas contraindicações
14.10 ADIAMENTO DE VACINAÇÃO
14.11 ASSOCIAÇÃO DE VACINAS
14.12 SITUAÇÕES ESPECIAIS
14.12.1 Surtos ou epidemias
14.12.2 Vacinação de escolares
15 CAMPANHA DE VACINAÇÃO
16 CALENDÁRIO BÁSICO DE VACINAÇÕES DE ROTINA
16.1 CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA CRIANÇAS COM ATÉ SEIS ANOS
16.2 CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA CRIANÇAS MAIORES DE SETE ANOS
E PARA ADOLESCENTES
16.3 CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA ADULTOS E IDOSOS
16.4 CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA GESTANTE
17 VACINAS
17.1 VACINA CONTRA TUBERCULOSE (BCG)
17.1.1 Apresentação e composição
17.1.2 Idade de aplicação
17.1.3 Indicação
17.1.4 Via de administração
17.1.5 Eficácia
17.1.6 Contraindicações
17.1.7 Conservação e validade
17.1.8 Observações durante o preparo e a aplicação da vacina BCG
17.1.9 Eventos adversos
17.2 VACINA CONTRA HEPATITE B (RECOMBINANTE)
17.2.1 Apresentação e composição
17.2.2 Idade de aplicação
17.2.3 Via de administração

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17.2.4 Esquemas de aplicação
17.2.5 Contraindicações
17.2.6 Conservação e validade
17.2.7 Observações durante o preparo e a aplicação da vacina hepatite B
17.2.8 Eventos adversos
17.3 VACINA ORAL CONTRA POLIOMIELITE (VOP) E VACINA INATIVADA
POLIOMELITE (VIP)
17.3.1 Composição e apresentação
17.3.2 Idade de aplicação
17.3.3 Via de administração
17.3.4 Esquema de aplicação
17.3.5 Contraindicações VOP e VIP
17.3.6 Conservação e validade
17.3.6.1 da VOP
17.3.6.2 VIP
17.3.7 Eventos adversos
17.4 VACINA ORAL DE ROTAVÍRUS HUMANO
17.4.1 Composição e apresentação, idade de aplicação e via de administração
17.4.2 Esquema de aplicação
17.4.3 Contraindicações
17.4.4 Conservação e validade
17.5 VACINA CONTRA DIFTERIA, TÉTANO, PERTUSSIS, HEPATITE B E
HAEMOPHILUS INFLUENZAE TIPO B (VACINA PENTAVALENTE – DTP/HB/Hib)
17.5.1 Apresentação e composição
17.5.2 Idade de aplicação e via de administração
17.5.3 Esquema de aplicação
17.5.4 Contraindicações
17.5.5 Conservação e validade
17.5.6 Eventos adversos
17.6 VACINA CONTRA DIFTERIA, TÉTANO E COQUELUCHE (DTP)
17.6.1 Apresentação e composição
17.6.2 Idade de aplicação

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17.7 VACINA CONTRA DIFTERIA E TÉTANO (VACINA DUPLA BACTERIANA –
DT/DT)
17.7.1 Apresentação e composição
17.7.2 Via de administração
17.7.3 Esquema de aplicação
17.7.4 Contraindicações
17.7.5 Conservação e validade
17.7.6 Eventos adversos
17.8 VACINA CONTRA O TÉTANO (TT)
17.8.1 Apresentação e composição
17.8.2 Idade de aplicação e via de administração
17.8.3 Esquema de aplicação
17.8.4 Contraindicações
17.8.5 Conservação e validade e eventos adversos
17.8.6 Cuidados adicionais na profilaxia do tétano
17.9 VACINA CONTRA SARAMPO, CAXUMBA, RUBÉOLA E VARICELA (VACINA
TRÍPLICE VIRAL)
17.9.1 Apresentação e composição
17.9.2 Idade de aplicação
17.9.3 Via de administração e esquema de aplicação
17.9.4 Contraindicações
17.9.5 Conservação e validade
17.9.6 Reações adversas
17.10 VACINA CONTRA SARAMPO, CAXUMBA, RUBÉOLA E VARICELA (VACINA
TETRA VIRAL)
17.10.1 Apresentação e composição
17.10.2 Idade de aplicação, via de administração e esquema de aplicação
17.10.3 Contraindicações
17.10.4 Conservação e validade
17.10.5 Reações adversas
17.11 VACINA CONTRA FEBRE AMARELA
17.11.1 Apresentação e composição
17.11.2 Idade de aplicação

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17.11.3 Via de administração e esquema de aplicação
17.11.4 Contraindicações
17.11.5 Conservação e validade
17.11.6 Reações adversas
17.12 VACINA CONTRA A INFLUENZA (GRIPE)
17.12.1 Apresentação e composição
17.12.2 Idade de aplicação
17.12.3 Via de administração e esquema de aplicação
17.12.4 Contraindicações
17.12.5 Conservação e validade
17.12.6 Eventos adversos
17.13 VACINA CONTRA PNEUMOCOCO
17.13.1 Apresentação e composição
17.13.2 Idade de aplicação
17.13.3 Via de administração e esquema de aplicação
17.13.4 Contraindicação
17.13.5 Conservação e validade
17.13.6 Eventos adversos
17.13.1 Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada)
17.13.1.1 Apresentação e composição
17.13.1.2 indicação, via de administração e esquema de aplicação
17.13.1.3 Contraindicação
17.13.1.4 Conservação e validade
17.13.1.5 Eventos adversos
17.14 VACINA E SORO CONTRA RAIVA
17.14.1 Composição e apresentação
17.14.2 Idade de aplicação e via de administração
17.14.3 Esquema de aplicação
17.14.4 Contraindicações
17.14.5 Conservação e validade
17.14.6 Eventos adversos
17.14.7 Profilaxia da raiva humana
17.14.7.1 Profilaxia pré-exposição

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17.14.7.2 Profilaxia pós-exposição
17.14.8 Reexposição
17.14.8.1 Profilaxia pré-exposição incompleta
17.14.8.2 Profilaxia pré-exposição completa
17.14.9.3 Profilaxia pós-exposição completa
17.15 VACINA CONTRA FEBRE TIFOIDE
17.15.1 Apresentação e composição
17.15.2 Idade de aplicação, via de administração e esquema de aplicação
17.15.3 Indicações
17.15.4 Contraindicações
17.15.5 Conservação e validade
17.15.6 Eventos adversos
17.16 VACINA MENINGOCÓCICA A+C
17.16.1 Composição, apresentação, conservação e validade
17.16.2 Cuidados de administração
17.16.3 Efeitos colaterais
17.16.4 Contraindicações e precauções
17.17 VACINA MENINGOCÓCICA C
17.17.1 Apresentação e composição
17.17.2 Indicações
17.17.3 Conservação e validade
17.17.4 Idade de aplicação e via de administração
17.17.5 Contraindicações
17.18 VACINAÇÃO DE ROTINA DA GESTANTE

MÓDULO IV
18 EVENTOS ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO
19 EVENTOS ADVERSOS – CONCEITOS GERAIS
19.1 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE NOVAS VACINAS
19.2 COMPLICAÇÕES OU REAÇÕES NÃO IMUNOLÓGICAS
19.3 COMPLICAÇÕES OU REAÇÕES IMUNOLÓGICAS
19.4 MEDIDAS DE PREVENÇÃO DOS EVENTOS ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO

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19.5 CAUSAS DOS EVENTOS ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO
19.6 IDENTIFICAÇÃO DOS FATORES RELACIONADOS AOS VACINADOS
19.7 ASPECTOS RELACIONADOS AOS COMPONENTES DA VACINA
19.8 ASPECTOS RELACIONADOS À TÉCNICA DE APLICAÇÃO DA VACINA
19.9 CONDUTAS DIANTE DE UM EVENTO ADVERSO
20 SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA DOS EVENTOS ADVERSOS PÓS-
VACINAÇÃO
20.1 NOTIFICAÇÃO DE UM EVENTO ADVERSO PÓS-VACINAÇÃO
20.2 ENCAMINHAMENTO DA FICHA DE NOTIFICAÇÃO DOS EVENTOS
ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO
20.3 IMPORTÂNCIA DO SISTEMA NACIONAL DOS EVENTOS ADVERSOS PÓS-
VACINAÇÃO
21 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VACINAÇÃO
21.1 ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES
21.1.1 Monitoramento
21.1.2 Supervisão
21.1.3 Atribuições do supervisor
21.1.4 Aspectos específicos da supervisão à atividade de vacinação
21.1.5 Avaliação de resultados e de impacto
21.1.6 Acompanhamento das coberturas de vacinação
21.1.6.1 Método administrativo
21.1.6.1.1 Avaliação da cobertura
21.1.6.1.2 Acompanhamento da evolução do programa
21.6.1.1.3 Cálculo da taxa de abandono do programa
21.6.1.1.4 Avaliação da utilização das vacinas
21.6.1.1.5 Vantagens do método administrativo
21.6.1.1.6 Desvantagens do método administrativo
21.1.6.2 Método estatístico
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

1 A HISTÓRIA DA SAÚDE NO BRASIL

A forte tendência idealizadora que marcou a composição das primeiras


imagens do Brasil durou pouco. Os marinheiros conheciam o Brasil e retornavam a
sua terra natal com a imagem de um “paraíso tropical”, e isso era anunciado para
todos. Porém, em pouco tempo este quadro se alterou. A partir do século XVII, o
Brasil começou a ser identificado como o “inferno”, pois os brancos considerados
colonizadores e os africanos, que eram os escravos, passaram a ter poucas
chances de sobrevivência.
Os conflitos com os índios, as dificuldades para viver na região e, sobretudo,
as frequentes doenças eram os principais problemas para o estabelecimento dos
colonizadores no Brasil. Havia poucos médicos e cirurgiões no Brasil e estes
encontravam muitas dificuldades para exercer a sua profissão, devido à falta de
recursos básicos. O tamanho do território brasileiro e a pobreza da população
impediam a realização de um tratamento médico adequado.
Outro ponto importante era que a população tinha receio de ser submetida
aos tratamentos, que eram basicamente a administração de purgantes e a
realização de sangrias, pois julgavam que os pacientes ficavam fracos e causavam a
morte daqueles em estado grave. As recomendações dos médicos só eram aceitas
pela população quando alguma epidemia já estava instalada na região, como por
exemplo, a varíola.
Como não existiam serviços de saúde eficientes, parte da população não
confiava na assistência prestada pelos médicos. A varíola, chamada de mal das
bexigas, era uma doença conhecida desde 3000 a.C. pelos povos africanos e do
Oriente. Provavelmente, chegou ao continente americano com os escravos trazidos
da África, tornando-se a principal causa de morte nas cidades e vilarejos brasileiros.

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Das cidades, a doença se disseminava pelos sertões, provocando a morte
de grande número de índios e de escravos que trabalhavam nos engenhos de
açúcar do Nordeste e na extração de ouro em Minas Gerais. Nas epidemias, os
médicos e os curandeiros pouco podiam fazer, já que a varíola não era conhecida,
assim como as demais doenças infectocontagiosas. A única solução possível na
época era exigir o afastamento dos doentes do ambiente ocupado pelos indivíduos
sadios, o que, na maioria das vezes, levava os pacientes doentes a morrerem
sozinhos, nas matas próximas às vilas e povoados.

1.1 A POLÍTICA DE SAÚDE BRASILEIRA

A vinda da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, determinou mudanças na


administração pública colonial e a saúde também passou por estas mudanças. Para
um atendimento constante e organizado das questões sanitárias, era necessário criar
rapidamente centros de formação médica. Assim, por determinação do rei, foram
fundadas as academias médicas-cirúrgicas do Rio de Janeiro (1813) e da Bahia
(1815), logo transformadas nas duas primeiras escolas de medicina do Brasil.
Surgiu também nesta época a Junta de Higiene Pública, que se mostrou
ineficiente para atender a demanda de saúde da população. Os médicos não sabiam
o que fazer para evitar as doenças infecciosas que atingiam a população da capital.
Estas doenças também foram disseminadas para os índios da região amazônica,
pois os viajantes circulavam por todo o país.
A primeira hipótese, nem sempre verdadeira, levantada nos debates
médicos foi a de que os navios vindos de outros países seriam os principais
causadores das epidemias no Rio de Janeiro, como as de varíola, febre amarela e
cólera. Em 1828, foi organizada a Inspetoria de Saúde dos Portos e todas as
embarcações suspeitas de transportarem passageiros doentes passaram a ser
obrigatoriamente submetidas à quarentena, em uma ilha próxima à baía de
Guanabara, no Rio de Janeiro.
Em seguida, a Junta de Higiene Pública voltou os olhos para a própria
população da corte, exigindo que todos fossem vacinados contra a varíola. Desde o

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início do século XIX, a cidade já contava com uma vacina para conter o avanço da
doença, desenvolvida pelo médico inglês Edward Jenner, em 1796. Era produzida
com o pus retirado de bovinos infectados pelo vírus da varíola. Essa vacina teve
rápida aceitação no mundo ocidental como a melhor estratégia para impedir a
ocorrência de epidemias da doença.

1.2 ESTRUTURA DO SERVIÇO SANITÁRIO

A necessidade urgente de atualizar a economia e a sociedade, escravistas


até pouco antes, com o mundo capitalista mais avançado favoreceu a redefinição
dos trabalhadores brasileiros como capital humano. Com isso, a medicina assumiu o
papel de auxiliar o Estado para assuntos sanitários, comprometendo-se a garantir a
melhoria da saúde individual e coletiva e, ainda, a defesa do projeto de
modernização do país.
A atuação médica, porém, enfrentaria o choque entre as ideias tradicionais,
que atribuíam as epidemias aos “ares corrompidos”, e as teorias da medicina
moderna, baseadas nos conceitos da bacteriologia e da fisiologia desenvolvidos na
Europa e que tinham em Louis Pasteur e Claude Bernard seus principais
divulgadores.
Pouco a pouco, entretanto, começou a ganhar forma no Brasil um novo
campo do conhecimento, voltado para o estudo e a prevenção das doenças e para o
desenvolvimento de formas de atuação nos surtos epidêmicos. Definiu-se, assim,
uma área científica chamada de medicina pública, medicina sanitária, higiene ou
simplesmente saúde pública.
A saúde pública era complementada por um núcleo de pesquisa das
enfermidades que atingiam a coletividade – a epidemiologia. A ideia de que a
população constituía capital humano e a incorporação dos novos conhecimentos
clínicos e epidemiológicos às práticas de proteção da saúde coletiva levaram os
governos republicanos, pela primeira vez na história do país, a elaborar minuciosos
planos de combate às doenças que reduziam a vida produtiva da população.

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Diferentemente dos períodos anteriores, a participação do Estado na área de
saúde tornou-se global, ou seja, não se limitava apenas às épocas de surto
epidêmico, mas estendia-se por todo o tempo e a todos os setores da sociedade. A
contínua intervenção do Estado nas questões relativas à saúde individual e coletiva
revela a criação de uma “política de saúde”.
Essa, por sua vez, não pode existir isolada, devendo articular-se com os
projetos e as diretrizes governamentais voltados para outros setores da sociedade,
tais como educação, alimentação, habitação, transporte e trabalho. No conjunto, a
presença e a atuação do Estado nessas áreas recebem o nome de política social.

1.3 A ERA DOS INSTITUTOS

Para assegurar a eficiência das tarefas dos higienistas e dos fiscais


sanitários, o governo paulista organizou vários institutos de pesquisas, articulados à
estrutura do serviço sanitário. No ano 1892, foram criados os laboratórios
bacteriológicos, de vacinas, de análises clínicas e farmacêuticas. Em seguida foram
ampliados e transformaram-se, respectivamente, nos institutos Butantã, Biológico e
Bacteriológico, sendo este último denominado Instituto Adolfo Lutz.
A contratação de pesquisadores estrangeiros para orientar as atividades
iniciais dos institutos paulistas permitiu ainda que, em 1903, fosse inaugurado o
Instituto Pasteur local, com a função de produzir e comercializar produtos de uso
médico-veterinário. A eficiência dos médicos e dos institutos inspirados pelas novas
concepções científicas foi rapidamente colocada à prova.
No ano de 1902, por exemplo, verificou-se um aumento de mortes por febre
amarela nas cidades paulistas de Santos, Ribeirão Preto e Sorocaba. O médico
ligado à teoria miasmática afirmava que a doença era causada pela poluição dos
ares ou pelo vômito dos enfermos e indicava o isolamento dos infectados como
forma de combate à enfermidade.
Emílio Ribas, diretor do Serviço Sanitário de São Paulo, e seu auxiliar Adolfo
Lutz contestaram essa explicação. Baseando-se em informações vindas da França e
dos EUA, afirmavam que a doença era causada por um micróbio, veiculado pelo

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mosquito Aedes aegypti quando picava as pessoas. Para confirmar essa hipótese,
seis pessoas, inclusive Emílio Ribas e Adolfo Lutz, serviram de cobaias, deixando-se
picar por mosquitos que tinham sido apanhados junto aos doentes de febre amarela.
Os seis apresentaram sinais da infecção. Ficou, assim, comprovada a teoria
moderna do agente disseminador da febre amarela.
No Rio de Janeiro, o principal centro de pesquisas foi o Instituto Soroterápico
de Manguinhos, em funcionamento desde 1899, com o objetivo inicial de produzir
soros e vacinas. Seu primeiro diretor foi o clínico Pedro Afonso, que foi sucedido por
Oswaldo Cruz. Com esse médico, o instituto diversificou suas atividades,
transformando-se em poucos anos em um dos mais reputados laboratórios do mundo.
Reunia destacados cientistas nacionais, entre eles Carlos Chagas, Arthur
Neiva e Rocha Lima. Em 1908, os laboratórios de Manguinhos tornaram-se o
Instituto Oswaldo Cruz, que permanece até hoje o principal centro médico-
epidemiológico de pesquisas do país.

1.4 O SANEAMENTO DAS CIDADES

O Rio de Janeiro foi a cidade brasileira com o maior número de ações


médicas. Por este motivo, durante o período presidencial de Rodrigues Alves (1902-
1906) a então capital da República passou por uma profunda reforma urbanística e
sanitária, comandada pelo prefeito da cidade, engenheiro Pereira Passos, e por
Oswaldo Cruz, diretor geral do Departamento Nacional de Saúde Pública.
Pereira Passos começou por determinar a expulsão de milhares de
trabalhadores pobres que viviam nos prédios antigos e decadentes do centro da
cidade, transformados em cortiços. Sob a alegação de que tais construções eram as
principais responsáveis pela proliferação dos ratos e dos mosquitos transmissores
da febre amarela e da peste bubônica, as autoridades sanitárias promoveram a
derrubada desses prédios. Em seu lugar foram construídas amplas avenidas,
parques e edifícios com a modernidade arquitetônica.
Em seguida, Oswaldo Cruz iniciou os trabalhos de higienização da capital,
montando um esquema de fiscalização das ruas e das casas que abrigavam a

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população do centro carioca. Em poucos meses foi criado um corpo de inspetores
sanitários que tinha a missão de entrar em todas as residências para localizar
possíveis ninhos de ratos ou ambientes que servissem de viveiro para os mosquitos.
Como reflexo dessas transformações, diminuíram os óbitos por doenças
epidêmicas no Rio de Janeiro. As medidas, em maior ou menor escala, foram
reproduzidas em outras capitais estaduais e nas principais cidades do interior,
diminuindo em escala nacional os índices de mortalidade e morbidade por doenças
que vitimaram as populações urbanas por séculos. Porém, as elites econômicas
foram as que mais se beneficiaram.
Apesar das promessas de proteger a saúde de todos os grupos sociais, em
momentos epidêmicos ficava evidente que os cidadãos mais pobres pouco podiam
contar com a ajuda oficial. Em 1918, quando uma violenta epidemia, a gripe
espanhola, se abateu sobre o mundo, no Brasil um grande número de políticos e
médicos fugiu dos centros urbanos, deixando a população trabalhadora entregue à
própria sorte. Por vezes, o descaso ou a arrogância das autoridades provocaram
respostas violentas, como a Revolta da Vacina, ocorrida no Rio de Janeiro em 1904.

1.5 A REVOLTA DA VACINA

A crescente intervenção médica nos espaços urbanos foi recebida com


desconfiança e medo pela população. A retirada à força da população dos
ambientes a serem saneados foi constantemente acompanhada pela vigilância
policial, pois temiam que o povo se revoltasse, agredindo os agentes sanitários.
Além disso, muitas vezes, a polícia agia com violência sem motivo, reproduzindo as
formas repressoras comumente empregadas pelo regime oligárquico contra os
protestos coletivos, como passeata e greves.
A situação mais tensa no processo de modernização das cidades ocorreu no
ano de 1904, na cidade do Rio de Janeiro. Desde o início do ano, Oswaldo Cruz
vinha forçando o Congresso Nacional a aprovar a lei que tornava obrigatória a
vacinação contra varíola. O povo, assustado, reagiu contra o programa de vacinação
em massa não só porque nunca tinha passado por um processo semelhante, mas

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também por desconhecer a composição e qualidade do material empregado na
imunização.
Muitos ainda achavam indecoroso o fato de as moças terem de levantar a
manga da blusa para um desconhecido encarregado da aplicação da vacina.
Aproveitando o clamor popular, grupos políticos de oposição passaram a engrossar
as críticas contra o Estado e sua ação sanitária. Defensores da restauração
monárquica, militares positivistas e até médicos homeopatas, contrários ao uso de
vacinas, uniram-se à movimentação do povo, tentando obstruir as discussões
parlamentares sobre a imunização compulsória.
No dia 31 de outubro de 1904, finalmente, a lei que estabelecia a
obrigatoriedade da vacina foi aprovada pelo Congresso Nacional. A agitação nas
ruas ganhou intensidade maior, ninguém mais querendo se submeter ao “código de
torturas”, nome dado ao conjunto de medidas sanitárias aplicadas aos habitantes do
Rio de Janeiro.
Cinco dias depois foi fundada a Liga Contra a Vacina Obrigatória. A liga
passou a promover reuniões populares diárias, afirmando que a lei de 31 de outubro
era inconstitucional. Em 10 de novembro, começaram os confrontos entre populares
e policiais, dando início à revolta. A sequência de protestos obrigou o comércio a
cerrar as portas e a polícia a recuar momentaneamente. O povo dominou as áreas
centrais da cidade, gritando “Viva” para a parte do Exército que apoiava e “Morra”
para a polícia legalista.
A morte de um dos revoltosos pelas forças repressoras serviu para colocar
os protestos em outro plano. Logo, a população começou a tombar e incendiar os
bondes da Companhia do Jardim Botânico. Enquanto isso, os militares que
apoiavam os revoltosos tentaram tomar a sede do governo e depor o presidente
Rodrigues Alves, mas fracassaram. Nos dias seguintes, o conflito foi além das ruas
do centro, espalhando-se por todo o Rio de Janeiro. Vários manifestantes foram
mortos à bala, inclusive uma criança. Os acontecimentos alteraram as
características da revolta de 1904. Aos poucos a ira popular voltou-se contra o
presidente. Ele e Oswaldo Cruz passaram a ser acusados de serem os únicos
responsáveis pelo motim.
Assustados com as dimensões da revolta e com a possibilidade de serem
presos, os líderes da Liga Contra a Vacina fugiram da cidade, não se importando

AN02FREV001/REV 4.0

18
com o povo nem com a promessa que haviam feito de apoiar o movimento com
dinheiro, armas e ideias. Enquanto isso, o bairro da Saúde, reduto da gente pobre
carioca, tornou-se a fortaleza dos revoltosos e o centro dos conflitos com a polícia.
A resistência popular, ali comandada por um negro apelidado Prata Preta,
atraiu a atenção das forças governamentais, que concentraram o seu poder de
ataque no local. A área chegou a ser bombardeada por um navio de guerra. A
evidente diferença entre as forças em conflito liquidou a revolta. No final do dia 16, o
bairro da Saúde foi ocupado por forças da Polícia e do Exército. A prisão dos líderes
populares colocou ponto final na Revolta da Vacina.
Impressionado e desgastado com os acontecimentos, o governo revogou a
obrigatoriedade da vacina, tornando-a opcional para todos os cidadãos. Definida
como “o mais indomável movimento popular ocorrido no Rio de Janeiro”, a revolta
exigiu que o Estado e a medicina buscassem outras formas de relacionamento com
a sociedade, testando nos anos seguintes novas formas de organização das ações
em favor da saúde coletiva.

FIGURA 1 - OSWALDO CRUZ

FONTE: Disponível em: <http://www.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1084&sid=194>.


Acesso em: 19 abr. 2011.

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19
TABELA 1 - HISTÓRIA DA VACINA NO BRASIL
1804 Introdução da vacina no Brasil.
1811 Criada a Junta Vacínica da Corte.
1832 Primeira legislação de obrigatoriedade da vacina no Brasil.
1834/35 Epidemia de varíola no Rio de Janeiro.
1846 Criado o Instituto Vacínico do Império a partir da reestruturação da
Junta Vacínica.
1872 Nasce Oswaldo Gonçalves Cruz, em São Luís de Paraitinga, São
Paulo.
1878 Epidemia de varíola no Rio de Janeiro.
1886 Extinção do Instituto Vacínico.
1887 Epidemia de varíola no Rio de Janeiro. Introdução da vacina
antivariólica animal no Brasil.
1889 Obrigatoriedade da vacina para crianças de até seis meses de idade.
1894 Criação do Instituto Vacínico Municipal.
1900 Criação do Instituto Soroterápico Federal, primeira instituição a
produzir soro no Brasil.
1902 Oswaldo Cruz assume a direção.
1903 Rodrigues Alves nomeia Oswaldo Cruz como diretor-geral de Saúde
Pública, cargo que corresponde atualmente ao de ministro da Saúde.
1904 Epidemia de Varíola assola a capital. Aprovada a lei da
obrigatoriedade da vacinação. Estoura a Revolta da Vacina.
1907 Febre amarela é erradicada no Rio de Janeiro.
1908 Epidemia de varíola leva a população em massa aos postos de
vacinação.
1909 Oswaldo Cruz deixa a Diretoria-Geral de Saúde Pública, passando a
dedicar-se apenas ao Instituto de Manguinhos, que passa a se
chamar Instituto Oswaldo Cruz.
1917 Morre Oswaldo Cruz
1919 O Instituto Oswaldo Cruz incorpora em sua estrutura o Instituto

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Vacínico Municipal, que passa a ser denominado Instituto Vacínico
Federal.
1921 Regulamentação do Instituto Vacínico Federal.
1925 Introduzida a BCG no Brasil.
1937 Início da produção e utilização da vacina contra a febre amarela
fabricada no Brasil.
1939 Discussões sobre a eficácia da vacina contra a febre amarela.
1940 Reforçada a necessidade de combater o mosquito vetor, Aedes
aegypti, devido à baixa eficácia da vacina.
1942 Erradicada a febre amarela urbana no Brasil.
1948 Realizado o I Congresso Mundial de BCG.
1953 Epidemias de difteria no Brasil.
1961 Realizadas as primeiras campanhas com a vacina oral contra a
poliomielite.
1962 Instituída a Campanha Nacional Contra a Varíola.
1966 Criada a Campanha de Erradicação da Varíola.
1970 Criada a Superintendência de Campanha de Saúde Pública
(SUCAM), resultado da fusão do Departamento Nacional de
Endemias Rurais, da Campanha da Erradicação da Varíola e da
Erradicação da Malária.
1971 Implantado o Plano Nacional de Controle da Poliomielite. Últimos
casos de varíola no Brasil. Iniciada a produção do BCG liofilizado
pelo Butantã.
1972 Início do Programa de Vacinação Antissarampo.
1973 Certificação internacional da erradicação da varíola no Brasil.
Formulado o Programa Nacional de Imunizações, com o objetivo de
controlar ou erradicar doenças infectocontagiosas e
imunopreveníveis.
1974 Criado o Programa Ampliado de Imunizações. Epidemia de meningite
meningocócica no Brasil.
1975 Início do sistema de registro de doses de vacinas aplicadas. Instituído
o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica e Imunizações.

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21
Campanha Nacional de Vacinação Contra a Meningite
Meningocócica.
1976 Implantado em Manguinhos, unidade da Fiocruz, um centro de
produção de vacinas contra as meningites meningocócicas A e C.
1977 Definidas as vacinas obrigatórias para menores de um ano de idade
em todo o Brasil. Aprovado o modelo de Caderneta de Vacinações.
1980 Extinta a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. Início dos
Dias Nacionais Contra a Paralisia Infantil no Brasil.
1981 Lançada a Campanha Nacional de Conscientização Sobre a Febre
Amarela.
1982 Fiocruz lança o primeiro lote da vacina brasileira contra o sarampo.
1984 Iniciada em todo o país a vacinação de crianças de 0 a 4 anos de
idade contra poliomielite, sarampo, difteria, coqueluche e tétano.
1986 Criado o Zé Gotinha, personagem símbolo da Campanha pela
Erradicação da Poliomielite no Brasil.
1989 Implantação da vacinação contra hepatite B na Amazônia Legal.
1990 Extintas a SUCAM e a FSESP, que resultam na FUNASA.
1992 Campanha Nacional Contra o Sarampo. Implantada a vacina tríplice
viral. Implantada a vacina Anti-hepatite B para grupos de risco.
Lançado o Plano de Eliminação do Tétano Neonatal.
1994 Certificação internacional da erradicação da poliomielite no Brasil.
1996 Campanha Nacional de Vacinação Contra a Hepatite B, envolvendo
escolares e odontólogos.
1997 Campanha Nacional de Vacinação Contra o Sarampo, em crianças
menores de cinco anos.
1998 Vacinação contra a Hepatite B em todo o Brasil.
1999 Implementado o Plano de Erradicação do Sarampo. Primeiro ano da
Campanha de Vacinação para a Terceira Idade, com a finalidade de
imunizá-la.
2001 Intensificada a vacinação das mulheres em idade fértil, com o intuito
de zerar a ocorrência do tétano neonatal.
2002 Implantada a vacina tetravalente (DTP + Hib), para menores de um
ano. Campanha Nacional de Vacinação Contra a Rubéola, destinada
às mulheres.

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2003 Jornada Sul-Americana de Vacinação com o propósito de acelerar a
erradicação do sarampo e o controle de doenças que podem ser
evitadas por meio de vacinas.
Assinado pelo Ministério da Saúde acordo para a fabricação da
vacina tríplice viral contra sarampo, rubéola e caxumba.
2004 Apresentada pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) as
seis vacinas prioritárias para desenvolvimento nos próximos três
anos: pentavalente (contra difteria, coqueluche, tétano, hepatite B e
Haemofilus Influenzae), contra a raiva humana e canina, imunização
das meningites A e B, e contra a leishmaniose canina.
2005 Distribuição da nova Caderneta da Criança por maternidades
públicas e privadas.
2006 Incorporada a vacinação contra o rotavírus no Calendário Básico de
Vacinação da Criança. Instituído o “Dia Nacional de Prevenção da
Catapora”, celebrado anualmente no dia 5 de agosto, com o objetivo
de conscientizar a população sobre a importância da vacinação
contra a doença.
2007 Investimento de R$ 800 milhões para aquisição de imunobiológicos.
Avaliação do PNI por consultores externos.
2008 Campanha Nacional para Eliminação da Rubéola, com 67,9 milhões
de vacinados, uma cobertura total de 96,5% da população brasileira.
Pré-qualificação de vacinas pela OMS.
2009 Governo brasileiro apresenta relatório sobre a campanha de
vacinação contra rubéola no país. Fortalecimento do processo de
articulação com a Atenção Básica e outros parceiros.
2010 Atualização do calendário vacinal.
2011 Atualização do calendário vacinal.
FONTE: Disponível em: <http://www.ccms.saude.gov.br/revolta/ltempo.html>

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23
FIGURA 2 - ZÉ GOTINHA

FONTE: Disponível em:


<http://3.bp.blogspot.com/_jdL3dPYmmHg/S1nbRTGOwaI/AAAAAAAAD68/pr7EA6I6IoM/s400/ze_got
inha.jpg>. Acesso em: 19 abr. 2011.

2 PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES (PNI)

As ações relacionadas com a vacinação constituem dentre dos


procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Saúde como os que apresentam
melhor custo benefício. O crescente declínio das taxas de morbimortalidade por
doenças imunopreveníveis nas últimas décadas, no Brasil e no mundo, mostra o
grande benefício que as vacinas proporcionam à população.
O Programa Nacional de Imunização foi criado no ano de 1973 e tinha a
finalidade de coordenar ações que eram desenvolvidas, até aquele momento, sem
continuidade, pelo caráter esporádico, e com uma pequena área de cobertura.
Essas ações eram conduzidas dentro de programas especiais, como por exemplo, o
programa de erradicação da varíola ou o programa de controle da tuberculose, e
como atividades desenvolvidas por iniciativa dos governos estaduais, que
necessitavam de uma coordenação central que lhes proporcionassem sincronia e
racionalização.

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As competências do Programa, estabelecidas no Decreto nº 78.231, podem
ser consideradas válidas até o momento:
 implantar e implementar as ações do Programa, relacionadas com as
vacinações de caráter obrigatório;
 estabelecer critérios e prestar apoio técnico e financeiro à elaboração,
implantação e implementação dos programas de vacinação a cargo das
secretarias de saúde das unidades federadas;
 estabelecer normas básicas para a execução das vacinações;
 supervisionar, controlar e avaliar a execução das vacinações no território
nacional, principalmente o desempenho dos órgãos das Secretarias de
Saúde encarregados dos programas de vacinação;
 centralizar, analisar e divulgar as informações referentes ao Programa
Nacional de Imunização.
A Coordenação do Programa Nacional de Imunização tem como objetivo
principal contribuir para o controle, eliminação e/ou erradicação das doenças
imunopreveníveis, utilizando estratégias básicas de vacinação de rotina e
campanhas anuais desenvolvidas de forma hierarquizada e descentralizada.
O desenvolvimento do Programa Nacional de Imunização é orientado por
normas técnicas estabelecidas em todo o Brasil, no que se refere à conservação,
manipulação, transporte e à aplicação dos imunobiológicos, assim como aos
aspectos de programação e avaliação.
As normas utilizadas pelo Programa Nacional de Imunização são
estabelecidas com a participação dos órgãos responsáveis pela operacionalização e
de outras instituições, assegurando, dessa forma, a sua aceitação e uniformidade de
uso em todo o país.
O Programa Nacional de Imunização é integrante do Programa Ampliado de
Imunizações (PAI), da Organização Pan-Americana de Saúde, com seus objetivos e
diretrizes técnicas de atuação ajustados a este programa. O Ministério da Saúde
realiza a aquisição tanto dos produtos nacionais quanto dos produtos importados e
distribuídos às Secretarias Estaduais de Saúde, a partir da Central Nacional de
Armazenagem e Distribuição (CENADI), implantada em 1982, no Rio de Janeiro.
A qualidade dos produtos distribuídos é garantida pela atuação do Instituto
Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da FIOCRUZ, no Rio de

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Janeiro (RJ), criado em 1981, que é o órgão de referência técnica para os
laboratórios produtores. Amostras de todos os lotes de imunobiológicos, nacionais
ou importados, são analisadas pelo INCQS antes da distribuição para consumo.
O Programa é a referência nacional para as ações de imunizações,
principalmente para os órgãos executores dessas ações: as secretarias estaduais e
municipais de saúde.

3 REDE DE FRIO

A Rede de Frio, também denominada de Cadeia de Frio, é o processo de


armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e transporte dos
imunobiológicos do Programa Nacional de Imunizações. Para que seja efetiva, é
necessário ter condições adequadas de refrigeração, desde o laboratório que produz
a vacina até o momento em que a vacina é administrada em qualquer indivíduo,
independente da localidade que esta pessoa se encontra.
O objetivo final da Rede de Frio é garantir que todos os imunobiológicos
administrados mantenham suas características iniciais, conferindo imunidade e
mantendo a qualidade da vacina. Estes produtos são termolábeis, ou seja, se
deterioram depois de determinado tempo quando expostos a variações de
temperaturas inadequadas à sua conservação. O calor acelera o processo de
inativação dos componentes imunogênicos.
Sendo assim, é necessário mantê-los constantemente refrigerados,
utilizando instalações e equipamentos adequados nas instâncias nacional, estadual,
regional ou distrital e municipal/local. A manipulação inadequada, um equipamento
que apresente defeito, ou falta de energia elétrica podem interromper o processo de
refrigeração, comprometendo a eficácia dos imunobiológicos.
Uma equipe qualificada e equipamentos adequados são os principais
componentes da Rede de Frio; e estes dois componentes devem estar em harmonia
constante.

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FIGURA 3 - COMPONENTES DA REDE DE FRIO

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 29 abr. 2011.

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27
4 SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO

O sistema de refrigeração tem a finalidade de transferir calor de um corpo,


ou espaço, para outro e é composto por um conjunto de componentes que são
unidos entre si. Para que um imunobiológico seja adequadamente conservado, o
sistema de refrigeração deve estar funcionando corretamente e o enfermeiro deve
saber como trabalha este sistema, impedindo, assim, que vacinas sejam perdidas ou
administradas sem suas características iniciais.

4.1 PRINCÍPIOS DA REFRIGERAÇÃO

O profissional de enfermagem que trabalha com imunização deve possuir


conceitos básicos sobre o sistema de refrigeração, pois dele dependem todos os
imunobiológicos que estarão estocados. Esses princípios irão garantir a eficiência e
a eficácia do imunobiológico que será administrado na população, portanto, a
responsabilidade de toda a equipe de enfermagem é grande.
O calor é a nomenclatura atribuída à energia, sendo transferida de um
sistema a outro exclusivamente em virtude da diferença de temperaturas entre eles.
Não é correto afirmarmos que um corpo possui mais calor que outro, tampouco é
correto afirmar que um corpo possui calor, pois os corpos ou sistemas possuem
energia interna e o conceito de energia interna não deve jamais ser confundido com
o conceito de calor.
Quando um corpo recebe ou perde calor pode sofrer os seguintes efeitos:
 variação de temperatura;
 mudança do estado físico.
Existem dois tipos de calor: o sensível, que é a quantidade de calor recebida
ou perdida por um corpo que sofre variação de temperatura; agora, se houver uma
mudança de fase, o calor é denominado latente. Um corpo é mais frio que o outro

AN02FREV001/REV 4.0

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quando possui menor quantidade de energia térmica ou, ainda, quando a sua
temperatura for inferior ao outro.

4.1.1 Transferência de calor

A passagem da energia térmica de um corpo com temperatura mais alta


para outro ou de uma parte para outra de um mesmo corpo com temperatura mais
baixa é denominada de transferência de calor. Essa transmissão pode se processar
de três maneiras diferentes:
 condução – é o processo de transmissão de calor em que a energia
térmica passa de um local para outro por meio das partículas do meio que os
separa;
 convecção – é a forma de transmissão do calor que ocorre
principalmente nos fluidos, ou seja, nos líquidos e gases. Diferentemente da
condução, em que o calor é transmitido de átomo a átomo sucessivamente,
na convecção a propagação do calor se dá por meio do movimento do fluido
envolvendo transporte de matéria;
 radiação – é o processo de transmissão de calor por meio de ondas
eletromagnéticas (ondas de calor). A energia emitida por um corpo (energia
radiante) se propaga até o outro, por intermédio do espaço que os separa.

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FIGURA 4 - FLUXO DE CALOR NO CONGELADOR (CONVECÇÃO)

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 3 maio 2011.

A convecção natural é um mecanismo, ou tipo de transporte de calor, no


qual o movimento do fluido não é gerado por uma fonte externa, como por exemplo,
uma bomba, ventilador, dispositivo de sucção, mas somente pelas diferenças de
densidade no fluido devido a gradientes de temperatura.
Esse princípio é o que acontece com uma caixa térmica horizontal aberta,
com bobinas de gelo reutilizável ou outro produto em baixa temperatura, pois só
estará recebendo calor do ambiente por meio da radiação e não pela saída do ar frio
existente, uma vez que este, sendo mais denso, permanece no fundo da caixa.

AN02FREV001/REV 4.0

30
Quando abrimos a porta de uma geladeira vertical haverá a saída de parte do volume
de ar frio contido dentro da mesma, com sua consequente substituição por parte do ar
quente situado no ambiente mais próximo do refrigerador. Esse ar frio é mais denso e
sai por baixo, permitindo a penetração do ar ambiente com calor e umidade.

FIGURA 5 - TROCA DE CALOR QUANDO ABRIMOS A PORTA DO


REFRIGERADOR

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 3 maio 2011.

Não podemos medir diretamente o calor, mas conseguimos verificar sua


intensidade utilizando o termômetro. A temperatura de uma substância ou de um
corpo é a medida de intensidade do calor ou grau de calor existente em sua massa.
Existem diversos tipos e marcas de indicadores de temperatura. Há diversas escalas
para medição de temperatura, sendo que as mais comuns são a Fahrenheit (ºF), em
uso nos países de língua inglesa, e a Celsius (ºC), utilizada no Brasil.

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31
Nos termômetros em escala Celsius (ºC) ou Centígrados, o ponto de
congelamento da água é 0ºC e o seu ponto de ebulição é de 100ºC, ambos medidos
ao nível do mar e à pressão atmosférica. São fatores importantes que interferem na
manutenção da temperatura no interior das caixas térmicas:
 temperatura ambiente – quanto maior for a temperatura ambiente, mais
rapidamente a temperatura do interior da caixa térmica se elevará em virtude
da entrada de ar quente pelas paredes da caixa;
 material isolante – o tipo, a qualidade e a espessura do material isolante
utilizado na fabricação da caixa térmica interferem na penetração do calor.
Com paredes mais grossas, o calor terá maior dificuldade para atravessá-
las. Já com paredes finas, a facilidade é maior;
 bobinas de gelo reutilizável – a quantidade de bobinas de gelo
reutilizável colocada no interior da caixa é importante para a correta
conservação. Reduzir o espaço interno da caixa para a acomodação de
maior quantidade de bobinas de gelo fará com que a temperatura interna do
sistema permaneça baixa por mais tempo. Dispor as bobinas de gelo
reutilizável nos espaços vazios no interior da caixa, de modo que circundem
os imunobiológicos, serve ao propósito mencionado acima.

FIGURA 6 - CAIXAS TÉRMICAS COM PAREDES GROSSAS

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 3 maio 2011.

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FIGURA 7 - CAIXAS TÉRMICAS COM PAREDES FINAS

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 3 maio 2011.

FIGURA 8 - ARRUMAÇÃO DAS CAIXAS PARA TRANSPORTE DE VACINAS

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 3 maio 2011.

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4.2 CONTROLE E MONITORAMENTO DA TEMPERATURA

A temperatura da Rede de Frio deve ser controlada rigorosamente em todas


as instâncias de armazenamento, pois assim a qualidade destes imunobiológicos
estará garantida. Uma forma de assegurar essa qualidade é realizando a verificação
da temperatura por meio dos termômetros. Há seguir, serão apresentados os tipos
de termômetros disponíveis hoje.

4.2.1 Termômetro digital de momento, máximo e mínimo

É constituído de um visor de cristal líquido, com cabo extensor, que mensura


as temperaturas (do momento, a máxima e a mínima), por meio de seu bulbo
instalado no interior do equipamento, em um período de tempo.

FIGURA 9 - TERMÔMETRO DIGITAL DE MOMENTO, MÁXIMA E MÍNIMA,


COM CABO EXTENSOR

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 3 maio 2011.

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Há disponível ainda um modelo de termômetro que permite a leitura das
temperaturas de momento, máxima, mínima e do ambiente externo. Nesse
termômetro existe um dispositivo de alarme que é acionado quando a variação de
temperatura ultrapassa os limites configurados, ou seja, +2ºC e +8ºC, ou sem
alarme. É constituído por dois visores de cristal líquido, um para temperatura do
equipamento e outro para a temperatura do ambiente.

FIGURA 10 - TERMÔMETRO DIGITAL DE MOMENTO, MÁXIMA E MÍNIMA, COM


CABO EXTENSOR E DOIS VISORES

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 3 maio 2011.

4.2.2 Termômetro analógico de momento, máxima e mínima

Nesse termômetro há duas colunas verticais de mercúrio com escalas


inversas. É utilizado para verificar as variações de temperatura ocorridas em
determinado ambiente, num período de tempo, fornecendo informações sobre a
temperatura mais fria, a temperatura mais quente e a temperatura do momento.
Realiza-se a aferição da seguinte forma:
 temperatura mínima – é a que está indicada no nível inferior do filete
azul na coluna da esquerda;

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 temperatura máxima – é a que está indicada no nível inferior do filete
azul na coluna da direita;
 temperatura do momento – é a que está indicada pela extremidade
superior da coluna de mercúrio em ambos os lados.

FIGURA 11 - TERMÔMETRO ANALÓGICO DE MOMENTO, MÁXIMA E MÍNIMA

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 4 maio 2011.

O termômetro deve ser fixado entre a primeira e a segunda prateleiras da


geladeira, em posição vertical na área central do equipamento. Após cada leitura,
registrar imediatamente no mapa de controle e anular a marcação do termômetro
pressionando o botão central, até que os filetes azuis se encontrem com a coluna
de mercúrio.

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Caso seja observada alguma irregularidade, como por exemplo, temperatura
mínima acima do limite, o profissional responsável pela verificação da temperatura
deverá anotar no mapa, no item “observações” e, em seguida, comunicar o fato ao
encarregado, que deverá adotar as medidas indicadas ao caso.
Se ocorrer a quebra da coluna de mercúrio, recomenda-se expor o
termômetro à luz solar e quando a coluna líquida começar a se movimentar para
cima, segurá-lo firmemente e realizar movimentos firmes para baixo, como o
utilizado para zerar o termômetro clínico, o que fará com que a coluna de mercúrio
volte a integrar-se.

4.2.3 Termômetro linear

Esse tipo de termômetro mostra somente a temperatura do momento, por


isso seu uso deve ser restrito às caixas térmicas de uso diário. Ele deve ser
colocado no centro da caixa, próximo às vacinas e deve-se tampá-lo. Aguardar meia
hora para fazer a leitura da temperatura, verificando a extremidade superior da
coluna. Na caixa térmica da sala de vacina ou para o trabalho externo, a
temperatura deverá ser controlada com frequência, substituindo-se as bobinas de
gelo reutilizável quando a temperatura atingir +8ºC.
Não é recomendada pelo Programa Nacional de Imunização a compra desse
tipo de termômetro, mas ainda existem lugares que utilizam esse modelo. É
esperado pelo Programa Nacional de Imunização que sejam investidos recursos nas
instâncias Municipal, Estadual e Federal na aquisição de termômetros mais precisos
e de melhor qualidade, ou seja, o termômetro digital de momento, máxima e mínima.

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FIGURA 12 - TERMÔMETRO LINEAR

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 4 maio 2011.

4.2.4 Termômetro analógico de cabo extensor

É utilizado na verificação da temperatura do momento, no transporte, no


uso diário da sala de vacina ou no trabalho externo, como campanhas de
vacinação ou então em alguma situação especial. O uso adequado exige que o
sensor ou bulbo do termômetro de cabo extensor seja posicionado entre os
imunobiológicos que estão na caixa térmica. Esta deve ser fechada com o cabo
extensor passando entre a tampa e a borda da mesma, deixando o visor do lado
externo, em cima da caixa térmica.
Após ser realizado esse procedimento, deve-se aguardar 30 minutos para
fazer a leitura da temperatura, verificando a temperatura na extremidade superior da
coluna de mercúrio.

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FIGURA 13 - TERMÔMETRO ANALÓGICO DE CABO EXTENSOR

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 4 maio 2011.

4.2.5 Termômetro a laser

É utilizado principalmente para a verificação de temperatura dos


imunobiológicos nas caixas térmicas, recebidos ou expedidos em grandes
quantidades. Tem um formato de uma pistola, com um gatilho que, ao ser
pressionado, aciona um feixe de raio laser; que ao atingir a superfície das bobinas
de gelo, registra no visor digital do aparelho a temperatura real do momento.
Para que seja obtido um registro de temperatura confiável é necessário que
sejam observados os procedimentos descritos pelo fabricante quanto à distância e
ao tempo de pressão no gatilho do termômetro.

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FIGURA 14 - TERMÔMETRO A LASER

FONTE: Disponível em: < http://i111.twenga.com/saude-beleza/termometro-infra-vermelho/tir-5000-


termometro-infravermelho-tp_9206000357243657083b.png>. Acesso em: 4 maio 2011.

4.3 SITUAÇÕES EMERGENCIAIS

Os equipamentos utilizados para conservação dos imunobiológicos podem


parar de funcionar devido a vários motivos. Para evitar sua perda, precisamos adotar
certas providências. Quando o fornecimento de energia elétrica for interrompido,
deve-se manter o equipamento fechado e monitorar a temperatura interna
rigorosamente com termômetro de cabo extensor.
Caso o fornecimento da energia elétrica não seja restabelecido no prazo
máximo em duas horas ou quando a temperatura estiver próxima a +8°C, deve-se
realizar imediatamente a transferência dos imunobiológicos para outro equipamento
com temperatura recomendada, como por exemplo, um refrigerador ou uma caixa
térmica. Esse mesmo procedimento deve ser realizado em situação de falha no
equipamento.

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O serviço de saúde deverá dispor de bobinas de gelo reutilizável congeladas
para serem usadas no acondicionamento dos imunobiológicos em caixas térmicas.
Deve ser identificada no quadro de distribuição de energia elétrica da instituição a
chave específica do circuito da Rede de Frio ou da sala de vacinação, com um aviso
em destaque: “NÃO DESLIGAR”. Uma parceria com a empresa local de energia
elétrica deve ser estabelecida, para que se possa ter informações prévias sobre
interrupções programadas no fornecimento de energia e com isso programar a
conduta de conservação do imunobiológico.
Nas situações emergenciais é necessário que a instituição comunique a
ocorrência à instância superior imediata para as devidas providências. Os agentes
responsáveis pela vigilância e segurança das Centrais de Rede de Frio devem ser
orientados na identificação de problemas que possam comprometer a qualidade dos
imunobiológicos, realizando a comunicação imediata do técnico responsável,
principalmente durante finais de semana e feriados.

5 EQUIPAMENTOS DA REDE DE FRIO

Para que a qualidade dos imunobiológicos seja mantida é necessário que


existam equipamentos específicos em todas as instâncias. Esses equipamentos são:
 câmara frigorífica;
 freezers ou congeladores;
 refrigeradores tipo doméstico ou comercial;
 caminhão frigorífico;
 caixas térmicas;
 câmara para conservação de imunobiológicos;
 geladeira a gás/eletricidade;
 geladeira com paredes de gelo reutilizável;
 geladeira à energia solar.

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5.1 CÂMARAS FRIGORÍFICAS

Podem ser denominadas também de quartos frios ou câmaras frias. São


ambientes projetados para a armazenagem de produtos predominantemente em
baixas temperaturas e em grandes volumes. Podem ser reguladas para trabalhar
mantendo as mais diversas temperaturas, tanto positivas quanto negativas.
Especificamente para os imunobiológicos, essas câmaras são projetadas para
operarem em temperatura de +2ºC e -20°C, de acordo com a especificação do
produtor.
Os imunobiológicos podem, em algum momento, estar conservados em
temperatura entre +2°C e +8°C, sem perda da sua capacidade imunogênica,
observada a data de validade especificada no produto. Em relação à organização
interna, as câmaras são dotadas de prateleiras, preferencialmente metálicas em
aço inox, que podem ser substituídas por estrado de plástico resistente e servem
para armazenar os imunobiológicos de forma que permita a circulação de ar entre
as mesmas.
É importante também que o profissional que trabalha na Rede de Frio
organize os imunobiológicos seguindo as recomendações fornecidas pelo laboratório
fabricante, apresentação, número de lote e prazo de validade.

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FIGURA 15 - CÂMARA FRIGORÍFICA

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

São cuidados básicos com as câmaras frigoríficas:


 na ausência de controle automatizado de temperatura, recomenda-se
fazer a leitura diariamente, no início da jornada de trabalho, no início da
tarde e no final do dia, com equipamento disponível, e anotar em formulário
próprio;
 testar os alarmes antes de sair, ao final da jornada de trabalho;
 usar equipamento de proteção individual;
 não deixar a porta aberta por mais de um minuto ao colocar ou retirar
imunobiológico e somente abrir a câmara depois de fechada a antecâmara;
 somente entrar na câmara positiva se a temperatura interna registrada
no visor externo estiver ≤+5ºC. Essa conduta impede que a temperatura
interna da câmara ultrapasse +8ºC com a entrada de ar quente durante a
abertura da porta;

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 verificar, uma vez ao mês, se a vedação da porta da câmara está em
boas condições, isto é, se a borracha (gaxeta) não apresenta ressecamento,
não tem qualquer reentrância, abaulamento em suas bordas e se a trava de
segurança está em perfeito funcionamento. O formulário para registro da
revisão mensal encontra-se em manual específico de manutenção de
equipamentos;
 observar para que a luz interna da câmara não permaneça acesa
quando não houver pessoas trabalhando em seu interior. A luz é grande
fonte de calor;
 ao final do dia de trabalho, certificar-se de que a luz interna foi apagada;
de que todas as pessoas saíram e de que a porta da câmara foi fechada
corretamente;
 a limpeza interna das câmaras e prateleiras é feita sempre com pano
úmido e, se necessário, utilizar sabão. Adotar o mesmo procedimento nas
paredes e teto e finalmente secá-los. Remover as estruturas desmontáveis
do piso para fora da câmara, lavar com água e sabão, enxaguar, secar e
recolocar. Limpar o piso com pano úmido (pano exclusivo) e sabão, se
necessário, e secar. Limpar as luminárias com pano seco e usando luvas de
borracha para prevenção de choques elétricos. Recomenda-se a limpeza
antes da reposição de estoque.
 recomenda-se, a cada seis meses, proceder a desinfecção geral das
paredes e teto das câmaras frias;
 semanalmente, a Coordenação Estadual receberá do responsável pela
Rede de Frio o gráfico de temperatura das câmaras e dará o visto, após
análise dos mesmos.

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5.2 FREEZER OU CONGELADORES

São equipamentos destinados, preferencialmente, a estocagem de vacinas a


-20ºC. Os congeladores devem ser do tipo horizontal, com isolamento de suas
paredes em poliuretano, evaporadores nas paredes e condensador/compressor em
áreas projetadas no corpo, abaixo do gabinete. É o equipamento mais eficiente e
confiável para conservação em temperaturas negativas, principalmente aquele
dotado de várias portas pequenas na parte superior.
Os freezers também são usados para congelar as bobinas de gelo reciclável,
tendo o cuidado de não usar o mesmo equipamento em que estão armazenados os
imunobiológicos, para não comprometer a conservação destes.

FIGURA 16 - FREEZER OU CONGELADOR

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

A organização interna deve ser realizada de acordo com as especificações do


fabricante, ocupando no máximo 65% da sua capacidade total. É importante verificar o
prazo de validade dos imunobiológicos para que sejam distribuídos aqueles com o
menor prazo de vencimento, evitando assim o desperdício dessas vacinas.

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45
O acondicionamento das bobinas de gelo reutilizável deve seguir as
seguintes especificações:
 dispor primeiramente as bobinas, empilhando-as horizontalmente em
contato com as paredes laterais do equipamento;
 após o congelamento, deslocá-las para a parte central do freezer e
colocar mais bobinas a congelar conforme descrito anteriormente;
 repetir esse procedimento até completar a carga recomendada (80%) do
freezer.

FIGURA 17 - ORGANIZAÇÃO DAS BOBINAS


DE GELO REUTILIZÁVEL EM UM FREEZER

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

São cuidados básicos com freezers ou congeladores:


 fazer a leitura da temperatura, diariamente, no início da jornada de
trabalho, no início da tarde e no final do dia;
 anotar no mapa de registro diário de temperatura;

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 para os equipamentos sem termômetro de cabo extensor, recomenda-se
fazer a leitura apenas duas vezes ao dia;
 não deixar a porta aberta sem necessidade, somente para
acondicionamento e retirada de imunobiológicos ou bobinas de gelo
reutilizável;
 certificar-se de que a porta está vedada adequadamente;
 fazer degelo a cada 30 dias ou quando a camada de gelo atingir 0,5 cm;
 usar tomada exclusiva e de localização a 1,30 m do piso para cada
equipamento;
 realizar manutenção preventiva e corretiva conforme manual específico.

5.3 REFRIGERADORES OU GELADEIRAS

São equipamentos de uso doméstico que na Rede de Frio são destinados à


estocagem de imunobiológicos em temperaturas positivas a +2ºC, devendo, para
isto, estar regulados para funcionar nesta faixa de temperatura. A vacina pode, em
algum momento, estar em uma temperatura entre +2ºC e +8ºC sem sofrer perda de
potência (em armazenamento).

5.3.1 Geladeira doméstica

As geladeiras, com capacidade a partir de 280 litros, utilizadas pelo


Programa Nacional de Imunizações, devem ser organizadas de acordo com as
seguintes recomendações:
 no evaporador (congelador), colocar gelo reciclável (gelox ou bobinas
com água) na posição vertical. Essa norma contribui para a elevação lenta
da temperatura, oferecendo proteção aos imunobiológicos na falta de
energia elétrica ou defeito do equipamento;

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 na primeira prateleira devem ser colocadas as vacinas que podem ser
submetidas à temperatura negativa (contra poliomielite, sarampo, febre
amarela, rubéola, tríplice viral) dispostas em bandejas perfuradas para
permitir a circulação de ar;
 na segunda prateleira devem ser colocadas as vacinas que não podem
ser submetidas à temperatura negativa (dT, DTP, hepatite B, Hib, influenza,
TT e BCG), também em bandejas perfuradas ou nas próprias embalagens
do laboratório produtor;
 na segunda prateleira, no centro, colocar termômetro de máxima e
mínima na posição vertical, em pé;
 na terceira prateleira podem-se colocar os diluentes, soros ou caixas
com as vacinas conservadas entre +2ºC e +8ºC, tendo o cuidado de permitir
a circulação do ar entre as mesmas, e entre as paredes da geladeira;
 retirar todas as gavetas plásticas e suportes que existam na parte
interna da porta, e no lugar da gaveta grande;
 preencher toda a parte inferior exclusivamente com 12 garrafas de água
com corante, que contribuem para a lenta elevação da temperatura interna
da geladeira. Essa providência é de vital importância para manter a
temperatura da geladeira entre +2ºC e +8ºC quando ocorrer falta de energia
ou defeito no equipamento. A porta do evaporador (congelador) e a bandeja
coletora sob este deverão ser mantidas. Não devem ser usadas bobinas de
gelo reciclável como substitutas das garrafas;
 a geladeira que não possuir o quantitativo de 12 garrafas de água
deverá ser abastecida com o número necessário, colocando-se duas
unidades por dia até atingir o número recomendado (12), evitando-se, dessa
forma, modificação abrupta de temperatura no interior da geladeira, levando
as vacinas a choque térmico. As unidades de saúde que dispuserem de
geladeira para outro fim poderão utilizá-la para refrigerar a água que será
usada para abastecer as 12 garrafas e em seguida colocá-las na geladeira
da vacina de uma só vez. Essas garrafas devem ser tampadas para que a
água não evapore, pois a evaporação acelera a formação de gelo no
evaporador.

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São cuidados básicos que devem ser realizados com a geladeira:
 fazer a leitura da temperatura, diariamente, no início da jornada de
trabalho e no final do dia e anotar no formulário de controle diário de
temperatura;
 manter afixado na porta aviso para que esta não seja aberta fora do
horário de retirada e/ou guarda das vacinas;
 usar tomada exclusiva para cada geladeira, se houver mais de uma;
 instalá-la em local arejado, distante de fonte de calor, sem incidência de
luz solar direta, em ambiente climatizado, bem nivelado e afastado 20 cm da
parede;
 colocar na base da geladeira suporte com rodas;
 não permitir armazenar outros materiais (laboratório odontológico,
alimentos, bebidas, etc.);
 não armazenar absolutamente nada na porta;
 certificar-se de que a porta está vedando adequadamente;
 fazer o degelo a cada 15 dias ou quando a camada de gelo for superior
a 0,5 cm;
 não colocar qualquer elemento na geladeira que dificulte a circulação
de ar.

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FIGURA 18 - ORGANIZAÇÃO INTERNA DO REFRIGERADOR DOMÉSTICO

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

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Para manter as condições ideais de conservação dos imunobiológicos,
proceder à limpeza dos equipamentos a cada 15 ou 30 dias ou quando a camada de
gelo atingir 0,5 centímetros. Recomenda-se:
 transferir os imunobiológicos para outra geladeira se houver, ou para
uma caixa térmica com bobinas de gelo reutilizável, previamente organizada
com as bobinas e após a estabilização da temperatura recomendada (+2ºC
a +8ºC) e vedar as caixas com fita adesiva larga;
 não mexer no termostato;
 desligar a tomada e abrir a porta ou tampa, inclusive do congelador, até
que todo o gelo aderido se desprenda; não usar faca ou outro objeto
pontiagudo para a remoção mais rápida do gelo, pois esse procedimento
pode danificar os tubos de refrigeração;
 limpar, interna e externamente, com um pano umedecido em solução de
água com sabão neutro, ou sabão de coco, por exemplo. Não jogar água no
interior do equipamento.

Após a limpeza verificar as seguintes recomendações:


 ligar o refrigerador;
 recolocar o termômetro, as garrafas e as bobinas de gelo reutilizável e
fechar a porta;
 manter a porta fechada pelo tempo necessário até alcançar a
temperatura recomendada.
 após a estabilização da temperatura, reorganizar os imunobiológicos.
 não fazer o degelo e a limpeza às sextas-feiras e vésperas de feriados
prolongados e/ou final de jornada de trabalho.

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5.3.2 Refrigerador comercial

Esses equipamentos são utilizados na Rede de Frio para estocagem de


imunobiológicos em grande volume, na maioria das vezes na instância regional ou de
grandes cidades, obedecendo, porém, aos mesmos critérios e cuidados estabelecidos
para o refrigerador doméstico. Geralmente são entre 600 a 1.200 litros de capacidade,
equipadas com um pequeno evaporador e quatro ou seis portas. O seu funcionamento
em relação à geladeira doméstica diferencia na circulação do ar interno, tendo em vista
que na geladeira comercial o ar é movimentado por um ventilador. A organização
interna do refrigerador comercial deve seguir as seguintes recomendações:
 na primeira prateleira armazenar as vacinas que podem ser submetidas
à temperatura negativa (OPV, SR ou SRC, FA) empilhadas nas próprias
embalagens (caixas), tendo-se o cuidado de deixar um espaço entre as
pilhas, permitindo a circulação de ar entre as caixas;
 ainda na primeira prateleira, colocar nas laterais e no fundo garrafas com
água, em número suficiente para favorecer a manutenção da temperatura
interna entre +2ºC e +8ºC. Servirão ainda na recuperação da temperatura
interna, quando da abertura da porta e de falta de energia;
 na segunda prateleira armazenar as vacinas que não podem ser
submetidas à temperatura negativa (dT, DTP, hepatite B, Hib, influenza,
BCG, Pneumococo, VIP, DTPa, contra a raiva humana) e, portanto, devem
ser armazenadas em temperatura entre +2ºC a +8ºC, empilhadas nas
próprias embalagens, com o cuidado de deixar um espaço entre as pilhas,
permitindo a circulação de ar entre as caixas;
 na segunda prateleira de cada compartimento, no centro, colocar
termômetro de máxima e mínima na posição vertical (em pé);
 na terceira prateleira colocar caixas com soros ou com as vacinas de
conservação entre +2ºC a +8ºC, empilhadas nas próprias embalagens
(caixas), tendo-se o cuidado de deixar um espaço entre as pilhas, permitindo
a circulação de ar entre as caixas;

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São cuidados básicos com refrigeradores comerciais:
 fazer a leitura da temperatura diariamente no início da jornada de
trabalho da manhã e à tarde; e ao final do dia registrar no formulário de
controle diário de temperatura;
 manter afixado, em cada porta do equipamento, aviso para que a
geladeira não seja aberta fora do horário de retirada e/ou guarda dos
imunobiológicos ou mensuração de temperatura;
 usar tomada exclusiva para cada equipamento;
 fazer degelo e limpeza a cada 30 dias ou quando a camada de gelo for
superior a 0,5 cm.
 instalar distante de fonte de calor, de incidência de luz solar direta, a 20
cm da parede e a 40 cm de outro equipamento;
 instalar bem nivelada, em ambiente climatizado, à temperatura de até
+18ºC;
 colocar na base da geladeira suporte com rodas;
 não permitir armazenar outros materiais;
 certificar-se de que a porta está vedando adequadamente;
 não colocar qualquer elemento no refrigerador que dificulte a circulação
de ar.

FIGURA 19 - ORGANIZAÇÃO INTERNA DO REFRIGERADOR COMERCIAL

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

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5.4 CAIXAS TÉRMICAS

Essas caixas são produzidas com material térmico do tipo poliuretano ou


poliestireno expandido, sendo esta última a mais utilizada no transporte de
imunobiológicos entre os diversos laboratórios fabricantes até a sala de vacina.

FIGURA 20 - CAIXAS TÉRMICAS

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

É recomendada pelo Programa Nacional de Imunização a aquisição de


caixas térmicas de poliestireno expandido do tipo retangular e com tampas
perfeitamente ajustadas. A caixa térmica deve ser organizada para manter a
temperatura de conservação dos imunobiológicos a -20ºC ou entre +2ºC e +8ºC, por
um determinado período de tempo, de acordo com o imunobiológico a ser
armazenado ou transportado.
São cuidados básicos com as caixas térmicas:
 verificar as condições da caixa, observando se há rachaduras e/ou furos;
 não utilizar caixas com dreno;

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 lavar e secar cuidadosamente as caixas após cada uso. Manter as
caixas térmicas abertas, até que estejam completamente secas. Após a
secagem, armazená-las abertas em local adequado.

Para uso diário da caixa térmica na sala de vacinação, utilizamos uma caixa
do tipo retangular, com capacidade mínima para 12 litros e com tampa ajustada.
Deve-se atentar para as seguintes recomendações:
 manter a temperatura interna da caixa entre +2ºC e +8ºC, monitorando-a
com termômetro de cabo extensor, de preferência, ou com termômetro
linear, trocando as bobinas de gelo reutilizável sempre que necessário;
 usar bobinas de gelo reutilizável ambientadas nas laterais da caixa;
 arrumar os imunobiológicos no centro da caixa, deixando-os circundados
pelas bobinas;
 manter a caixa térmica fora do alcance da luz solar direta e distante de
fontes de calor;
 ao final da jornada de trabalho, retornar as bobinas ao
congelador/freezer. Lavar a caixa térmica, enxugá-la e guardá-la sem tampa.

5.4.1 Bobinas de gelo reutilizável

FIGURA 21 - BOBINAS DE GELO REUTILIZÁVEL

FONTE: Disponível em: <http://www.maripesca.com.br/images/GELO-X-RIGIDO-TAM--


P_.jpg?osCsid=1ec0aa50bd99e9545e640dca704f4e9e>. Acesso em: 5 maio 2011.

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As bobinas são constituídas de material plástico, contendo gel à base de
celulose vegetal em concentração não tóxica e água ou apenas água, encontradas
no mercado em várias dimensões.
O Programa Nacional de Imunizações recomenda apenas a bobina de gelo
reutilizável para a conservação de imunobiológicos.
São cuidados que os profissionais devem ter com as bobinas de gelo
reutilizável:
 caso o material plástico seja danificado, deixando vazar seu conteúdo,
no total ou em parte, a bobina deverá ser desprezada;
 uma vez terminado o uso da caixa térmica, as bobinas deverão ser
retiradas, lavadas, enxugadas e retornadas ao congelador ou freezer;
 todas as instâncias de armazenamento e distribuição de imunobiológicos
deverão possuir bobinas congeladas em quantidade suficiente ao
abastecimento do número de caixas térmicas utilizadas;
 observar o prazo de validade das bobinas, como também
periodicamente observá-las contra a luz, a fim de se certificar que estas não
apresentam depósitos ou resíduos em seu interior, o que representaria a
contaminação do produto. Caso isto ocorra, desprezar imediatamente;
 no preparo das caixas térmicas para transporte de imunobiológicos
destinados a locais distantes e de difícil acesso, recomenda-se o uso de
bobinas possíveis de serem abertas.

5.4.2 Ambientação da bobina de gelo reutilizável

A ambientação deverá ser feita para o acondicionamento de imunobiológicos


entre +2ºC e +8ºC, para o transporte ou uso nas atividades de vacinação. Quando
as bobinas de gelo reutilizável estiverem estocadas em freezer, proceder à retirada
das bobinas do freezer e colocá-las sobre uma mesa, pia ou bancada, até que
desapareça a “névoa” que normalmente cobre a superfície externa da bobina
congelada.

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Ao mesmo tempo, colocar uma das bobinas sobre um material isolante
(tampa da caixa de isopor) e pôr sob ela o bulbo de um termômetro de cabo
extensor, para indicação de quando as bobinas terão alcançado a temperatura
mínima de 0ºC. Após o desaparecimento da “névoa” e a confirmação da temperatura
positiva, por intermédio do termômetro de cabo extensor, mantido em uma das
bobinas, colocar as bobinas nas caixas. Concomitantemente, recomenda-se
mensurar a temperatura interna da caixa por meio do termômetro de cabo extensor,
antes de inserir as vacinas em seu interior.

FIGURA 22 - AMBIENTAÇÃO DAS BOBINAS DE GELO REUTILIZÁVEL

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

5.5 CAMINHÃO FRIGORÍFICO

Utilizado para transporte de imunobiológicos entre as instâncias. Os


profissionais que trabalham na Rede de Frio devem estar atentos às recomendações
antes do carregamento, durante o carregamento, no descarregamento e na sua
limpeza.

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Algumas recomendações são importantes antes do carregamento, são elas:
 inspecionar os itens essenciais do veículo e o equipamento de
refrigeração do baú de acordo com as recomendações do fabricante;
 verificar se o estrado vazado de plástico resistente encontra-se no
assoalho;
 limpar o interior do baú;
 acionar o sistema de refrigeração do baú e aguardar que a temperatura
esteja entre +2ºC e +8ºC (aproximadamente 90 minutos).

São recomendações que devem ser observadas no carregamento:


 organizar as caixas no baú, por fileira, começando pela parede do fundo
e lateral. Repetir esse procedimento até acondicionar a carga prevista;
 as vacinas deverão ser transportadas em caixas térmicas devidamente
fechadas com provisão de bobinas de gelo. As vacinas em temperatura
negativa deverão ser localizadas no baú o mais próximo possível da porta;
 o empilhamento máximo das caixas no interior do baú refrigerado deverá
ficar em uma altura inferior à saída do ar do evaporador, de tal maneira que
a mesma não fique obstruída;
 visando promover uma maior inércia e segurança nas caixas de
imunobiológicos durante o transporte, não deixar espaçamentos maiores que
5,0 cm entre as caixas;
 na área da antecâmara do baú refrigerado deve-se tomar o cuidado de
garantir a imobilidade de qualquer insumo transportado neste espaço. Tendo
em vista a possibilidade de deslocamento e avaria destes materiais durante
o transporte.

Durante o descarregamento devem ser observadas as seguintes


recomendações:
 estacionar o caminhão onde houver tomada trifásica para alimentação
do equipamento do baú. Não existindo docas, estacionar o veículo mais
próximo do local da Central de Rede de Frio.
 verificar se todas as caixas estão devidamente fechadas e fazer o
descarregamento o mais rápido possível, não expondo a carga à

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temperatura ambiente ou à luz solar direta. Deixar a porta do baú aberta o
mínimo possível.

FIGURA 23 - ORGANIZAÇÃO DAS CAIXAS TÉRMICAS


NO BAÚ DO CAMINHÃO FRIGORÍFICO

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

5.6 GELADEIRA A GÁS/ELETRICIDADE

Essa geladeira é indicada para os lugares em que existem constantes cortes


de energia, tendo em vista que dispõe de duas fontes de energia para seu
funcionamento; sendo elas o gás, que pode ser o butano ou propano, e energia
elétrica. Seu sistema de refrigeração é do tipo absorção. Sua capacidade varia entre
170 e 240 litros e o seu consumo é de 0,6 litro de gás em 24 horas de
funcionamento, a uma temperatura ambiente de 32ºC.
Uma vez cortada a energia este equipamento leva três horas para ter a sua
temperatura elevada a 10ºC e a sua capacidade para produção de gelo é de 3,6kg
por 24 horas de funcionamento. Não apresenta bom funcionamento em localidades
com altas temperaturas.

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5.7 GELADEIRA COM PAREDES DE GELO REUTILIZÁVEL

Esse tipo de geladeira trabalha acumulando frio ao congelar uma


determinada quantidade de bobinas de gelo reutilizável na forma padrão ou em
tubulares, que é colocada na superfície interna de suas paredes. Quando a energia
é cortada e a geladeira funcionou no mínimo oito horas até o momento do corte, a
temperatura de +2ºC a +8ºC será mantida por 24 horas.

FIGURA 24 - GELADEIRA COM PAREDES DE GELO REUTILIZÁVEL

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

5.8 GELADEIRA À ENERGIA SOLAR

É um equipamento com sistema de refrigeração por compressão.


Geralmente seu compressor é de corrente contínua de 12 ou 24 volts. Utiliza como
fonte de energia elétrica a luz solar, que é absorvida por painéis de células
fotovoltaicas de cristais de silício que a transformam em energia elétrica,
armazenando-a em baterias que, quando submetidas a uma boa manutenção, têm
vida média de cinco a seis anos, enquanto que a geladeira tem em geral garantia de
10 anos e os painéis de 25 anos.

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FIGURA 25 - GELADEIRA SOLAR

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

6 INSTÂNCIAS DE ARMAZENAMENTO

6.1 NACIONAL

A Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos


(CENADI) conta com câmaras frigoríficas, onde são armazenados todos os
imunobiológicos que serão distribuídos em todo o Brasil. Essas câmaras negativas
conservam imunobiológicos em temperatura de -20ºC. E as câmaras positivas para
conservação dos imunobiológicos, entre +2ºC e +8ºC.
Os imunobiológicos são distribuídos para os estados, por via área ou
terrestre, em caixas térmicas devidamente preparadas e enviadas segundo
cronograma preestabelecido pelo Programa Nacional de Imunização. O profissional
que gerencia a Rede de Frio deve estar atento à garantia do bom funcionamento dos
equipamentos da Central de Rede de Frio, os quais dependem da manutenção
permanente, preventiva, corretiva e oportuna, desenvolvida por intermédio de
serviços próprios ou contratados.

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FIGURA 26 - INSTÂNCIA NACIONAL DE ARMAZENAMENTO

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

6.2 ESTADUAL

Nesta instância são armazenados todos os imunobiológicos para utilização


pela rede de saúde da unidade federada.
A área física destinada à Central Estadual da Rede de Frio deverá ter:
 espaço suficiente para a locação dos equipamentos;
 espaço suficiente para acondicionamento de imunobiológicos e
almoxarifado para outros insumos que permita a movimentação de pessoas
e carga entre os equipamentos;
 acesso a veículos de carga;
 tomada elétrica trifásica para alimentação dos equipamentos de
refrigeração do veículo refrigerado durante o manuseio da carga;

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 área destinada ao recebimento, à preparação e à distribuição dos
imunobiológicos, com proteção da incidência de luz solar direta e
climatização. Contar ainda com uma bancada com superfície de dupla altura;
 câmara positiva com antecâmara;
 câmara negativa com antecâmara ou freezers;
 freezers para manutenção e conservação de gelo reciclável;
 grupo motogerador com capacidade para alimentar os equipamentos e
iluminação da central, em situações emergenciais de interrupção no
fornecimento da energia elétrica convencional.
O gerente responsável pela Rede de Frio deve estar atento à garantia do
bom funcionamento dos equipamentos da central, o qual depende da manutenção
permanente, preventiva, corretiva e oportuna, desenvolvidos por meio de serviços
próprios ou contratados.

FIGURA 27 - INSTÂNCIA ESTADUAL DE ARMAZENAMENTO

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

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6.3 REGIONAL OU DISTRITAL

Nessa instância são armazenados todos os imunobiológicos para utilização


na rede de serviços de saúde dos municípios pertencentes a sua área de
abrangência.
A área física destinada à Central Regional ou Distrital da Rede de Frio
deverá ter:
 espaço suficiente para a localização dos equipamentos para
acondicionamento de imunobiológicos e almoxarifado para outros insumos
(seringas, agulhas, caixas térmicas, bobinas de gelo reutilizável, etc.) que
permita a movimentação de pessoas e carga entre os equipamentos;
 acesso a veículos de carga;
 tomada elétrica trifásica para alimentação dos equipamentos de
refrigeração do veículo durante o manuseio da carga;
 área destinada ao recebimento, à preparação e à distribuição dos
imunobiológicos (sala de preparo), com proteção da incidência de luz solar
direta e climatização. Contar ainda com uma bancada com superfície de
dupla altura;
 câmara positiva com antecâmara, de acordo com o porte da área de
abrangência, ou geladeiras e freezers para a conservação de
imunobiológicos em temperaturas entre +2ºC e +8ºC e -20ºC,
respectivamente;
 freezers para manutenção e conservação de gelo reutilizável;
 grupo motogerador com capacidade para alimentar os equipamentos e
iluminação da central, em situações emergenciais de interrupção no
fornecimento da energia elétrica convencional.

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FIGURA 28 - INSTÂNCIA REGIONAL DE ARMAZENAMENTO

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

Os imunobiológicos deverão ser distribuídos aos municípios de acordo com


o cronograma e a solicitação mensal, que deve ser avaliada segundo o consumo
médio mensal de cada solicitante, em caixas térmicas de poliestireno expandido ou
poliuretano devidamente acondicionado. O gestor da Rede de Frio deve estar atento
à garantia do bom funcionamento dos equipamentos da Central de Rede de Frio, o
qual depende da manutenção permanente, preventiva, corretiva e oportuna,
desenvolvidos por meio de serviços próprios ou contratados.

6.4 MUNICIPAL

Nessa instância são armazenados todos os imunobiológicos para utilização


na rede de serviços de saúde pertencentes a sua área de abrangência.
A área física destinada à Central Municipal de Rede de Frio deverá ter:
 espaço suficiente para a localização dos equipamentos para
acondicionamento de imunobiológicos e almoxarifado para outros insumos
(seringas, agulhas, caixas térmicas, bobinas de gelo reutilizável, etc.) que
permita a movimentação de pessoas e carga entre os equipamentos;

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 acesso a veículos de carga;
 tomada elétrica trifásica para alimentação dos equipamentos de
refrigeração do veículo durante o manuseio da carga;
 área destinada ao recebimento, à preparação e à distribuição dos
imunobiológicos (sala de preparo), com proteção da incidência de luz solar
direta e climatização. Contar ainda com uma bancada com superfície de
dupla altura;
 câmara positiva com antecâmara, de acordo com o porte da área de
abrangência, ou geladeiras para a conservação de imunobiológicos em
temperaturas entre +2ºC e +8ºC;
 freezers para manutenção e conservação de gelo reutilizável;
 grupo motogerador com capacidade para alimentar os equipamentos e
iluminação da central, em situações emergenciais de interrupção no
fornecimento da energia elétrica convencional.

FIGURA 29 - INSTÂNCIA MUNICIPAL DE ARMAZENAMENTO

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

O gestor da Rede de Frio deve estar atento à garantia do bom


funcionamento dos equipamentos da Central de Rede de Frio, o qual depende da
manutenção permanente, preventiva, corretiva e oportuna, desenvolvidos por meio
de serviços próprios ou contratados.

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6.5 LOCAL

Nessa instância estão armazenados os imunobiológicos para utilização na


sala de vacinação da unidade de saúde. Devem ser mantidos em temperatura entre
+2ºC e +8ºC, utilizando-se refrigeradores tipo domésticos com capacidade mínima
de 280 litros. A capacidade de armazenamento dos refrigeradores deve estar de
acordo com os quantitativos de imunobiológicos necessários à atividade de
vacinação para a população de referência, bem como da necessidade de reserva
estratégica.
Considerando que as características climáticas peculiares de cada Estado
podem causar choque térmico nos imunobiológicos e consequentemente a perda de
potência, o PNI recomenda a climatização da sala de vacinação com o objetivo de
se evitar a perda de imunobiológicos. Aconselha-se o uso de freezer no nível local
para o acondicionamento de bobinas de gelo reutilizável, para utilização em caixas
térmicas ou em situações de emergência.

FIGURA 30 - INSTÂNCIA LOCAL DE ARMAZENAMENTO

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 5 maio 2011.

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O gestor da Rede de Frio deve estar atento à garantia do bom
funcionamento dos equipamentos da central, que depende da manutenção
permanente, preventiva, corretiva e oportuna, desenvolvidos por intermédio de
serviços próprios ou contratados.

7 TRANSPORTE DE IMUNOBIOLÓGICOS

O transporte dos imunobiológicos produzidos em outros países é realizado


somente por via aérea até o terminal alfandegário do Rio de Janeiro, de onde são
transferidos para a CENADI por via terrestre, em veículo refrigerado. Os
imunobiológicos produzidos em laboratórios no Brasil são conduzidos por via
terrestre, também em veículo refrigerado.
Esse veículo deve estar sempre limpo e previamente climatizado em
temperatura de acordo com o tipo de imunobiológico, ou seja, -20ºC ou entre +2ºC e
+8ºC, o que tem que ser garantido durante todo o período de transporte à CENADI.
As recomendações durante o transporte servem para manter a qualidade do
imunobiológico e são utilizados dispositivos de monitoramento eletrônico da
temperatura, os quais permitem programação e a geração de gráficos das
temperaturas alcançadas durante todo o trajeto.
Os imunobiológicos devem ser transportados para todas as instâncias,
sempre refrigerados, seguindo normas de transporte e armazenamento. No
transporte aéreo e terrestre entre essas instâncias, os imunobiológicos são
acondicionados em caixas térmicas de poliestireno expandido, observando-se a
temperatura recomendada para a conservação e o tempo previsto para o
deslocamento.

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FIGURA 31 - TRANSPORTE DE IMUNOBIOLÓGICOS ENTRE AS INSTÂNCIAS

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_janeiro_2007.pdf>.


Acesso em: 9 maio 2011.

8 IMUNOBIOLÓGICOS SOB SUSPEITA

Os imunobiológicos são produtos que podem sofrer alterações nas suas


características iniciais devido a falhas na Rede de Frio, podendo causar a perda da
capacidade imunogênica e o aumento da reatogenicidade. O imunobiológico sob
suspeita é aquele que, em qualquer das instâncias, permaneceu fora da faixa de
temperatura recomendada, apresentou alterações no aspecto físico-químico ou que
provocou eventos adversos graves, provavelmente associados a lotes.

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A garantia da qualidade dos imunobiológicos, desde a sua produção até o
momento em que eles são administrados, deve ser uma preocupação constante dos
profissionais que manuseiam esses produtos. A conservação adequada envolve
aspectos financeiros e também está relacionada com o abastecimento das
instâncias que realizam a administração do imunobiológico.
A produção dos imunobiológicos é programada e leva em consideração a
demanda do mercado, ou seja, não há um estoque mínimo para garantir o
fornecimento em caso de alguma epidemia ou mesmo na sua utilização rotineira.
Lembramos, ainda, que o imunobiológico sob suspeita deverá ser notificado
imediatamente à instância superior, sendo necessário o preenchimento correto e de
forma legível do formulário e o envio à instância imediatamente superior, tratando-se
de níveis local, municipal ou estadual.
Após avaliação preliminar, o mesmo será encaminhado pela Coordenação
Estadual à Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI) o
mais rápido possível, para análise das informações e definição de conduta. A
decisão final sobre a realização ou não de um novo teste dos imunobiológicos é de
competência da CGPNI.
Além de ser um procedimento dispendioso, o tempo de duração do reteste,
no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) varia entre 45 e
90 dias, dependendo do imunobiológico. É importante ressaltar que, ao colocar um
imunobiológico sob suspeita, até decidir sobre a realização ou não desse novo teste,
devemos adotar as seguintes providências:
 suspender de imediato a utilização do imunobiológico, mantendo-o sob
acondicionamento adequado;
 preencher o Formulário de Avaliação de Imunobiológicos Sob Suspeita,
identificando o produto e registrando o número do lote, procedência,
quantidade, data da validade, local e condições de armazenamento;
 descrever o problema, identificando a causa;
 contatar a Rede de Frio imediatamente superior (local para o municipal,
regional ou estadual, de acordo com a situação do Estado);
 ocorrendo a falta de espaço para o armazenamento, o imunobiológico
sob suspeita pode ser remetido à instância imediatamente superior,

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devidamente acondicionado em caixas térmicas e acompanhado do
documento de devolução, assinado pelo responsável.
Os imunobiológicos conservados em temperaturas positivas, quando
expostos a temperaturas negativas, no momento da constatação da ocorrência,
além das recomendações acima citadas, é importante o exame de vários frascos do
mesmo imunobiológico para verificar se há precipitações, principalmente quando se
tratar de vacinas que contêm adjuvantes e soros. Essa observação constará na
parte descritiva do formulário. Exposições como estas podem causar a precipitação
de substâncias utilizadas como adjuvantes, estabilizantes, adsorventes ou
conservantes em sua formulação e aumentar a ocorrência de reações locais graves,
além de interferir na capacidade imunogênica.

FIM DO MÓDULO I

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