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Ano 10 | número 2178 | Maputo, Quinta-Feira 29 de Março de 2018

Director: Fernando Veloso | Editor: Matias Guente | Propriedade da Canal i, lda
Sede: Bairro Central, Av. Maguiguana, n.º 1049 | Casa n.º 65000 R/C | Registo: 18/GABINFO-DEC/2009
e-mail: graficocanalmoz@gmail.com | mtsgnt@gmail.com | Telefones: 823672025 - 823053185

Jornalistas pedem audiência a Filipe Nyusi

para abordarem o clima de terror
imposto pelo regime
Maputo (Canalmoz) – Um grupo ma de intimidação e insegurança”. moçambicanos profissionais e ac-
de dez pessoas, entre as quais jorna- O “Comité de Emergência” diz que tivistas da liberdade de expressão,
listas e activistas dos Direitos Huma- anotou as declarações do primeiro- com a infeliz coincidência de não
nos, pediu uma audiência com o Pre- -ministro, Carlos Agostinho do Ro- ter havido esclarecimento de ne-
sidente da República, Filipe Nyusi, e sário, da presidente da Assembleia nhum dos casos até agora”, referem.
com a procuradora-geral da Repúbli- da República, Verónica Macamo, No seu comunicado, o “Comi-
ca, Beatriz Buchili, para abordarem e de outros membros do Governo, té de Emergência” indica que os
o rapto e espancamento do jornalista que condenaram publicamente o jornalistas ali congregados não se
Ericino de Salema e todo o clima de rapto e tortura de Ericino de Sale- calarão “enquanto a liberdade de
medo que se instalou com os sucessi- ma, mas exigem acções concretas imprensa e de expressão não forem

Capital
CAPITAL
vos raptos e assassinatos de cidadãos para o esclarecimento desse caso efectivas no nosso país, o que sig-
Av. do Bagamoyo, n.⁰ 611, 1.⁰ Andar Direito - Beira

moçambicanos, regra geral com opi- e de outros casos relacionados. nifica que as pessoas não só têm
niões contrárias ao sistema instalado. “Não nos contentamos, porém, CAPITAL
a liberdade de expressar as suas
As pessoas que pretendem encon- com os discursos de condenação do ideias, mas, sobretudo,
Av. do Bagamoyo, de
n.⁰ 611, 1.⁰ Andar que
Direito - Beira não

trar-se com Filipe Nyusi e Beatriz acto macabro contra o nosso colega são seviciadas em função da sua
Av. do Bagamoyo, n.⁰ 611, 1.⁰ Andar Direito - Beira

Buchili fazem parte de uma organi- Ericino de Salema. Do Governo, exi- opinião”. Assinam o documento
zação que foi criada em princípios
de 2016, denominada “Comité de
Emergência para Defesa da Liber-
Capital gimos, para além de discursos, acções enviado a Filipe Nyusi: Borges Nha-
de neutralização e responsabilização mirre (CIP), Erick Charas (fundador
dos autores”, lê-se no documento. do jornal “@Verdade”), Ernesto
Av. do Bagamoyo, n.⁰ 611, 1.⁰ Andar Direito - Beira

dade de Imprensa e de Expressão”. Segundo o “Comité de Emergên- CAPITAL CAPITAL

Nhanale (activista), Fátima Mimbi-
Segundo um comunicado de im-
Av. do Bagamoyo, n.⁰ 611, 1.⁰ Andar Direito - Beira
cia”, o rapto e tortura de Ericino de re (CIP), Fernando Lima (“Savana”),

l
prensa que chegou à nossa Redac-
Av. do Bagamoyo, n.⁰ 611, 1.⁰ Andar Direito - Beira SalemaCAPITAL
não é um acto isolado na Francisco Carmona (“Savana”),
ção, a organização diz que solicitou sociedade. “Têm sido prática, prin- Gilberto Mendes (actor), Jeremias
o encontro com Filipe Nyusi porque
CAPITAL
está preocupada com o “actual cli- Capital
Av. do Bagamoyo, n.⁰ 611, 1.⁰ Andar Direito - Beira
cipalmente, nos últimos três anos, Langa (STV) e Matias Guente (“Ca-
atentados e assassinatos de cidadãos nal de Moçambique”). (Redacção)
Av. do Bagamoyo, n.⁰ 611, 1.⁰ Andar Direito - Beira CAPITAL
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As reacções da Assembleia da República

ao rapto de Salema
“Não há balas que silenciem vinte e nove milhões de moçambicanos”, diz a bancada
parlamentar do MDM. A Renamo diz que o caso revela a promiscuidade entre os poderes
do Estado. A Frelimo diz que nada justifica um acto bárbaro como aquele.

Verónica Macamo e Carlos Agostinho do Rosário exigem esclarecimento e responsabilização.

Maputo (Canalmoz) – Era para ser
uma sessão normal de informações
do Governo ao parlamento, mas o
rapto e tortura de Ericino de Salema,
jornalista, jurista e activista social,
acabou por ser um dos assuntos
dominantes, com os deputados, in-
cluindo os da Frelimo, a condenarem
o acto e a exigir responsabilização.
A bancada parlamentar do Movi-
mento Democrático de Moçambi-
que diz que é um acto macabro e, por
isso, condenável, e afirma que não
há balas que silenciem vinte nove
milhões de moçambicanos e encora-
ja os moçambicanos a lutarem con-
tra o que chama “novos colonos”.
A Renamo diz que o acto é co-
barde e revelador da promiscui-
dade entre os poderes do Estado.
A presidente da Assembleia
da República, Verónica Maca-
mo, o primeiro-ministro, Carlos
Agostinho do Rosário, e a ban-
cada parlamentar da Frelimo di-
zem que a Polícia deve trabalhar
para o esclarecimento do caso.
“Apelamos às instituições que li-
dam com matérias de investigação
para esclarecer”, disse o porta-voz
da bancada parlamentar do MDM,
Fernando Bismarque, e acrescentou
que é difícil acreditar que a Polícia
não tenha pistas, tendo em con-
ta a zona onde o rapto aconteceu.
Ericino de Salema foi raptado cer-
ca das 13h50, na Av. 24 de Julho,
numa zona muito movimentada,
onde estão situados o Ministério da
Educação e o Ministério da Cultura.
“Queremos dizer que não há bala,
não há tortura que pode silenciar
vinte e nove milhões de moçam-
bicanos. Temos que continuar a
lutar para nos libertarmos do novo
colono que o país tem”, disse o
porta-voz da bancada do MDM.
José Lopes, porta-voz da bancada
parlamentar da Renamo, descre-
ve o acto como sendo cobarde e
diz que o rapto de Ericino de Sale-
ma “revela uma promiscuidade de
poderes”, porque, segundo afirma,
actos como estes não aconteceriam,
se houvesse separação de poderes.
“É um acto de cobardia, um expoen-
te máximo da ausência da liberdade
de imprensa a de expressão”, disse.
Edmundo Galiza Matos Jr., porta-
-voz da bancada parlamentar da
Frelimo, diz que a sua bancada é
solidária com o sucedido e exi-
ge esclarecimentos pela Polícia.
“As suas posições, se for por via dis-
so, devem ser entendidas no quadro
constitucional do país. Mas tenho
algumas dúvidas que possa ter sido
efectivamente isso”, disse Edmundo
Galiza Matos e exprimiu reservas
sobre a existência de uma relação
de causa-efeito entre os comentá-
rios de Salema e o que aconteceu.
“Seja como for, aquilo que estiver
por detrás não justifica qualquer ac-
ção violenta de qualquer ser huma-
no. É uma situação a lamentar e de
repudiar a todos os títulos. A Polícia
deve trabalhar a todo o gás para que
acções desta natureza não voltem
a ocorrer”, referiu Galiza Matos.
Verónica Macamo e Carlos
Agostinho do Rosário
Falando durante a abertura da ses-
são de informações do Governo, a
presidente da Assembleia da Repú-
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blica, Verónica Macamo, afirmou:
“Condenamos veementemente este
acto ignóbil, que atenta contra a
vida e integridade das pessoas. Ape-
lamos às autoridades para que, o
mais rápido, encontre os autores”.
O primeiro-ministro, Carlos Agos-
tinho do Rosário, condenou o rapto e
espancamento de Ericino de Salema.
Salema foi raptado no princípio
da tarde de terça-feira, à saída do
Sindicato Nacional de Jornalistas,
onde havia ido almoçar. Foi espan-
cado brutalmente e depois foi aban-
donado na zona de Muntanhane,
em Marracuene, onde foi socorri-
do por cidadãos, tendo sido levado
para o “Hospital Privado”, em Ma-
puto, onde se encontra internado.
Ericino de Salema estava a ser ví-
tima de várias ameaças devido ao
teor dos seus comentários no pro-
grama “Pontos de Vista”, da STV.
Ericino de Salema foi assunto,
nos últimos dias, ao ter critica-
do abertamente o comportamen-
to desviante de Florindo Nyusi,
filho do Presidente da República,
que tem estado a violar regras de
trânsito com os seus carros luxu-
osos sem chapas de matrícula.
O “Canalmoz” sabe que Erici-
no de Salema está fora de perigo,
mas teve várias fracturas, nos pés,
no fémur e nos braços, e serão ne-
cessárias intervenções cirúrgicas.
A Polícia diz que ainda não tem
pistas dos raptores. A única coisa que
sabe dizer é que Salema foi raptado
por dois indivíduos que se desloca-
vam numa viatura “Toyota Cami”,
sem matrícula. (André Mulungo)

Sobre denúncias feitas pelos partidos da oposição

STAE em Sofala reconhece problemas

e atribui culpa ao “software”
Beira (Canalmoz) – O Secre-
tariado Técnico de Administra-
ção Eleitoral em Sofala, através
do seu director provincial, Jorge
Donquene, reconheceu os pro-
blemas denunciados pelos par-
tidos da oposição em relação à
morosidade, à não abertura de
alguns postos de recenseamento
e à não indicação da residência
dos eleitores nos cartões emitidos.
Segundo Jorge Donquene, até à
primeira semana do início do pro-
cesso, foram detectados problemas
de “software” em quase todas as má-
quinas recebidas do fornecedor, que
é a empresa da família Sidat, que é
sócia de Armando Guebuza e tem re-
lações de amizade com Filipe Nyusi.
Algumas máquinas simplesmente
não estão a funcionar. Alguns mem-
bros das brigadas não dominam
o equipamento. Há também falta
de lamparinas em alguns postos.
O director do STAE em Sofala disse
à imprensa que uma equipa da em-
presa fornecedora dos equipamen-
tos já se encontra no local a fazer
vistoria e reparações dos aparelhos.
“Reconhecemos ter havido estes
problemas apresentados pelos par-
tidos políticos em relação ao pro-
cesso de recenseamento eleitoral.
O “software” era um caso, mas já
está ultrapassado, e as máquinas já
estão a funcionar em pleno”, disse.
O problema do “software” fez com
que cerca de 20.000 eleitores dos
distritos municipais de Nhamatan-
da e Dondo fossem registados como
residentes na província de Sofala, o
que quer dizer que podem votar em
qualquer município de Sofala, como
munícipes. Sobre essa questão, o
STAE não se pronunciou. (J. Jeco)
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EUA exigem esclarecimento sobre o rapto
de Ericino de Salema
Maputo (Canalmoz) – A Embaixa-
da dos Estados Unidos da América
em Moçambique diz que condena
com veemência o ataque contra
Ericino de Salema, jornalista e co-
mentador político moçambicano.
Numa declaração que foi tor-
nada pública na quarta-feira, em
Maputo, a Embaixada dos Estados
Unidos considera que, embora não
se saiba quem são os perpetrado-
res ou a sua motivação para levar
a cabo este crime, tal acto de vio-
lência contra Ericino de Salema
em frente ao Sindicato Nacional
de Jornalistas é um ataque à liber-
dade de expressão e à liberdade
de imprensa, pilares sobre os quais
Governo atribui 32 milhões de meticais para realojar
vítimas do desabamento da lixeira do Hulene
Maputo (Canalmoz) – O Conselho
de Ministros diz que aprovou esta se-
mana a transferência para o Conselho
Municipal de Maputo de um montan-
te global de 32,2 milhões de meticais,
para apoiar 269 famílias vítimas do
desabamento da lixeira do Hulene.
A colina de lixo na principal lixeira
de Maputo desabou na madrugada
do passado dia 19 de Fevereiro e ma-
tou, deixando soterradas, dezassete
pessoas, incluindo cinco crianças.
O desembolso financeiro do Governo
foi anunciado no final da reunião sema-
nal do Conselho de Ministros por Ana
Comuana, na condição de porta-voz da
sessão. O Governo não faz referência
a qualquer acto de responsabilização
dos gestores da lixeira pelo sucedido,
embora a Procuradoria-Geral da Re-
pública tenha anunciado a realização
de uma investigação criminal do caso.
“O Conselho de Ministro aprovou
qualquer democracia deve assentar.
A Embaixada dos EUA diz também
que espera das autoridades moçam-
bicanas a condução duma investi-
gação exaustiva e transparente, para
assegurar que os responsáveis por
este ataque sejam levados à Justiça.
Os Estados Unidos da América
dizem também que mantêm-se so-
lidários com todas as forças vivas
da sociedade moçambicana que
manifestaram a sua indignação
contra este crime e defenderam
a importância duma imprensa li-
vre e independente como um pilar
da democracia em Moçambique.
Ericino de Salema foi raptado na
passada terça-feira, em Maputo,
um decreto para a transferência extra-
ordinária de recursos financeiros para
apoiar as vítimas do desabamento da li-
xeira do Hulene. Através deste diploma
legal, o Conselho de Ministro pretende
assegurar a transferência e canalização
de fundos do Ministério da Terra, Am-
biente e Desenvolvimento para o Con-
selho Municipal de Maputo, ao abrigo
da lei número 1/2008, de 16 de Janeiro,
que prevê transferências extraordiná-
rias”, disse Ana Comuana a jornalistas.
Ana Comuana explicou, na ocasião,
que o objectivo é contribuir para que
o Conselho Municipal possa pagar o
subsídio de mobilidade temporária
às 269 famílias que perderam as suas
casas. O valor global a transferir é de
trinta e dois milhões e duzentos oi-
tenta mil meticais. O valor é para ser
gerido pelo Conselho Municipal, expli-
cou Ana Comuana na mesma ocasião.
Parte das famílias afectadas continua
por indivíduos desconhecidos que
o violentaram e o abandonaram
algures em Marracuene. O rap-
to ocorreu depois de o jornalista
receber mensagens com teor inti-
midatório em resultado das suas
afirmações, alegadamente críticas,
sobre a má governação no país.
Até ao momento, a Polícia ainda
não tem pistas sobre os autores do
crime. Não é a primeira vez que um
comentador de assuntos políticos é
agredido selvaticamente em Mapu-
to, por fazer comentários não abo-
natórios sobre o regime em vigor
no país. Várias entidades nacionais
e estrangeiras já reagiram ao acon-
tecimento. (Eugénio da Câmara)
alojada em situação precária em dois
centros de acomodação criados para
o efeito em dois bairros da cidade de
Maputo. As autoridades têm estado a
proceder à localização e parcelamen-
to de talhões, para onde serão deslo-
cadas as chamadas “vítimas do lixo”.
Recentemente, o Conselho de Minis-
tros anunciou uma série de medidas, a
seguir ao desabamento do lixo: a decla-
ração da situação de emergência para
o encerramento da lixeira, com vista à
segurança das famílias; o levantamen-
to que terminou com a identificação
de 400 famílias residentes em áreas
consideradas de risco; o realojamento
de outras 173 famílias em centros de
acolhimento e nas respectivas famílias.
Na altura, também foi dito que o
Governo precisava de 99 milhões de
dólares para o realojamento de 1750
famílias que viviam junto da lixei-
ra do Hulene. (Eugénio da Câmara)
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