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DIDÁTICA DA MATEMÁTICA
Saddo Ag Almouloud
PUC-SP/FSA
Saddoag@pucsp.br
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• o professor, assume o papel de mediador, cria condições para o aluno ser o principal
ator da construção de seus conhecimentos a partir da(s) atividade(s) proposta(s).
Na realidade, o aluno aprende por uma necessidade própria e não por uma necessidade
aparente do professor ou da escola. Além do mais, pensar uma organização de ensino em
várias etapas, valorizando a dialética ferramenta-objeto:
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b. Pesquisa - novo implícito: como segunda condição, os alunos não podem resolver
totalmente o problema proposto porque o objeto de ensino é a ferramenta adequada
para resolver o problema.
c. Explicitação-institucionalização local:visto que, nas situações de comunicação, os
alunos apresentam várias formas de saber, o objetivo desta fase é dar um estatuto de
objeto aos conhecimentos que foram utilizados como ferramenta, como condição para
a homogeneização e a constituição do saber da classe, além de situar o saber e
promover seu progresso.
d. Institucionalização-estatuto do objeto: dentre os conhecimentos explicitados na fase
anterior, o professor seleciona alguns, para serem descontextualizados e que deverão
ser retidos pelos alunos, a fim de serem utilizados na resolução de outros problemas.
e. Familiarização - reutilização numa situação nova: o professor propõe aos alunos,
nesta fase, que o conhecimento institucionalizado seja utilizado como ferramenta
explícita. O novo objeto torna-se, então, conhecimento antigo para ser utilizado em
um novo ciclo da dialética ferramenta-objeto.
f. Complexificação da tarefa ou novo problema: nesta fase, são propostas situações
mais complexas, em que os alunos poderão testar e/ou desenvolver os novos
conhecimentos adquiridos.
Uma situação-problema é a escolha de questões abertas e/ou fechadas numa situação mais
ou menos matematizada, envolvendo um campo de problemas colocados em um ou vários
domínios de saber e de conhecimentos. Sua função principal é a utilização implícita, e depois
explícita, de novos objetos matemáticos, por meio de questões postas pelos alunos no
momento da resolução do problema. A construção dessas situações deve levar em
consideração as seguintes características:
• Os alunos entendem facilmente os dados do problema e podem se engajar na sua
resolução usando seus conhecimentos disponíveis.
• Essas situações devem colocar em jogo um campo conceitual que queremos
efetivamente explorar e no qual o conhecimento está inserido.
• Os conhecimentos antigos dos alunos são insuficientes para a resolução imediata do
problema.
• Os conhecimentos, objeto de aprendizagem, fornecem as ferramentas as mais
adequadas para obter a solução final.
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• O problema pode envolver vários domínios de conhecimentos: álgebra, geometria,
domínio numérico etc.
As atividades devem ser concebidas levando em consideração as recomendações dos PCN e
das propostas curriculares, os resultados de pesquisas sobre o tema, mas também, permitir
aos alunos desenvolver certas competências e habilidades. Elas terão essencialmente por
objetivos:
• Auxiliar o aluno na construção de conhecimentos e saberes de uma maneira construtiva
e significativa;
• Desenvolver certas habilidades como, por exemplo, saber ler, interpretar e utilizar as
diferentes representações matemáticas, bem com desenvolver o raciocínio dedutivo.
As situações-problema devem ser concebidas de modo a permitir ao aluno agir, se
expressar, refletir, evoluir por iniciativa própria, adquirindo assim novos conhecimentos, o
papel do professor sendo o de mediador e de orientador. Suas intervenções devem ser feitas de
maneira a não prejudicar a participação do aluno no seu processo de aprendizagem. Nesta
visão, a aplicação de cada atividade deve levar em consideração as seguintes condições:
• Os alunos devem mobilizar os objetos de saber disponíveis como ferramenta explicita
para resolver, pelo menos parcialmente, o problema.
• O professor/aplicador deve provocar um debate de confrontação dos resultados dos
alunos. Nesta fase, diversas formas de saber vão aparecer. O objetivo visado é
homogeneizar e construir o saber da classe, assim como promover o progresso na
aquisição individual dos conhecimentos.
• É importante que o professor/aplicador, após o debate, selecione e organize as
descobertas dos alunos e sistematize esses novos conhecimentos e saberes a fim de
promover para o aluno uma melhor compreensão desses novos objetos matemáticos.
Além disso, é preciso fazer a institucionalização dos saberes novos estudados. É
imprescindível ter uma fase de familiarização na qual o professor deve propor outras
situações cujos objetivos é consolidar os novos conhecimentos dos alunos.
1) Abordagem epistemológica
• Historicamente, quais são os problemas que levaram à construção dessa noção?
• Qual é a importância dessa noção atualmente, em matemática?
• Qual é o papel dessa noção na compreensão e/ou desenvolvimentos em outras áreas de
conhecimentos?
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• Qual é o papel dessa noção na vida do dia-a-dia?
2- Papel dessa noção no ensino
• Estudo da proposta curricular: quando essa noção deve ser ensinada/aprendida?
• Estudo dos livros didáticos: como ela é abordada nos livros?
• Quais exercícios e problemas são ligados a essa noção?
3- Concepções iniciais dos alunos (antes do ensino)
• Estudo dos erros dos alunos a respeito dessa noção
• Quais dificuldades o aluno deve superar para adquirir essa noção?
• Quais são as concepções dos alunos a respeito dessa noção antes do ensino?
Questões 4
4- Concepção final desejada
• Quais saberes e saber-fazer o aluno deve aprender?
• Quais comportamentos observáveis atestarão que o aluno adquiriu essa noção?
Cabe ressaltar aqui que a análise a priori de uma situação-problema, é composta de uma
análise matemática e uma análise didática nas quais procuramos os seguintes fatos:
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1. Análise matemática. Neste estudo, visamos identificar os métodos e/ou as estratégias
de resolução de cada situação, evidenciando os conhecimentos e saberes matemáticos
envolvidos.
2. Análise didática: deve ser feita levando em conta, pelo menos, os seguintes aspectos:
• Análise da pertinência das situações propostas em relação ao saber matemático
visado e em relação aos saberes anteriormente adquiridos;
• Identificar as variáveis de comando da situação e escolher, se for o caso, as
variáveis necessárias para o estudo;
• Estudar a consistência das situações: verificar se as variáveis escolhidas não
levam à construção de conhecimentos incompatíveis, mesmo que seja de modo
provisório, para o agente.
• Prever e analisar as dificuldades que os alunos podem enfrentar quando da
resolução de cada atividade;
• Identificar os novos conhecimentos e/ou métodos de resolução que os alunos
podem adquirir;
• Prever os saberes/conhecimentos e/ou métodos de resolução de problema que
devem ser institucionalizados
Apresentamos de uma maneira não exaustiva, algumas questões que precisam ser
respondas pelo construtor de situações-problema.
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6- Avaliação
• O que deve ser avaliado? Os saberes e saber-fazer dos alunos, além da evolução das
concepções dos alunos?
• Qual instrumento de avaliação construir para isso?
• As concepções dos alunos evoluíram?
7- Análise a posteriori
Nesta fase deve-se fazer
• a análise das produções dos alunos levando em consideração as atividades
propostas e as informações coletadas no decorrer da experimentação. Essa análise
deve ser feita levando em consideração as diferentes interações dos alunos (aluno-
situação, aluno-aluno, aluno-professor etc.) com a situação.
• Estudar as modificações possíveis que podem ser feitas no estudo proposto
(questão de pesquisa, os fundamentos teóricos e metodológicos, as situações
propostas, as variáveis escolhidas, o esquema experimental...)
• Análise dos principais resultados em relação à questão da pesquisa, às hipóteses, a
metodologia adotada e em relação aos resultados de outras pesquisas sobre o
mesmo assunto.
A análise a posteriori depende da qualidade da análise a priori. A análise a priori é
importantíssima, pois de sua qualidade depende o sucesso da situação-problema e, o professor
pode controlar a realização das atividades dos alunos, identificar e compreender os fatos
observados. As numerosas conjecturas que vão aparecer poderão ser levadas em conta e ser
objeto de um debate científico em sala de aula.
Situação-problema 1
Contexto :
O problema acima é uma adaptação do exercico n°5 tirado da « Collection Mathématiques IPN, 9e année,
(1991), Rep. De Mali, p. 157, HATIER –Librairie Nouvelle.”
O problema acima foi propósto a alunos de “10e sciences”(1º ano de Ensino Médio) no capitulo “II. Fonctions
Numeriques d’une Variable Réell » de la section «C/- ALGEBRE ET INTRODUCTION À L’ANALYSE ».
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Enunciado
1. Um ponto M se desloca sobre o lado de um quadrado ABCDA cujo lado mede 4 u.m (fig.
abaixo). Designamos por x a medida em cm do comprimento do trajeto de A a M.
a. Expresse a área a(x) da parte colorida, segundo a posição do ponto M.
b. Represente graficamente a aplicação correspondente.
3. Retome as mesmas tarefas dadas na primeira questão, sendo ABCD agora um losango
cujos lados medem 4 u.m e o ângulo Ĉ mede 60°.
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B. Variáveis didáticas – Dominos matemáticos envolvidos
B1 Variáveis Didáticas
Determine as variáveis didáticas do problema. Justifique sua escolha.
B1.1
Dar dois valores de cada uma das variáveis didáticas levantadas em B1.1 e analise
B1.2
seu impacto sobre as estrategias de resolução dos alnos et sobre os processos
de apprendizagem.
Na terceira questão do problema, um parâmetro da figura em jogo é uma variável
B1.3
didática pertinente. Qual é essa variável? Explique por que ela é fundamental
na resolução da questão.
B2 Quadros e Registros
Quais são os vampos de conhecimentos envolvidos:
B2.1 - No enunciado do problema?
- Na(s) estratégia(s) de resolução do problema?
Suas respostas devem estar fundamentadas em argumentos cientificamente
válidos.
Quais são os registros (no sentido de Duval, 1995 et1996) envolvidos:
B2.2 - No enunciado do problema?
- Na sua estratégia de resolução do problema?
Suas respostas devem estar fundamentadas em argumentos cientificamente
válidos.
C. Estrutura do Problema
Quais tipos de tarefas os alunos devem cumprir para resolver o problema proposto?
C1
Cada tarefa identificada deve ser formulada de maneira precisa em relação às competências
que se exige de um aluno desse nível.
Para cada tipo de tarefa identificado:
C.2
Qual (quais) é (são) a (ou as) técnica(s) que pode(m) ser mobilizada(s) pelo aluno? E bloco
tecnologico-teórico para justificar a técnica? Justifique sua resposta.
- Quais são as propriedades matemáticas da função definida por x →—וa(x) ?
C.3
- Quais dessas propriedades, podem ser fonte de dificuldades para os alunos?
Justifique sua resposta
1000
Supõe-se que se acrescente a cada uma das três questões do problema a questão seguinte:
“Comparar os resultados obtidos nas três questões respectivas do problema aos resultados
C4
que encontramos se supomos que o ponto M se desloca sobre os lados ADCBA?”.
Do ponto de vista didático, qual seria a importância desta questão?
REFERÊNCIAS
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DOUADY, R. (1993). L'ingénierie didactique: un moyen pour l'enseignant d'organiser les
rapports entre l'enseignement et l'apprentissage. Cahier de DIDIREM, Paris: IREM de
Paris VII.
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