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A Sindrome de Burnout

A síndrome de Burnout, também conhecida no Brasil com a denominação de


esgotamento profissional, começou a ser descrita a partir dos anos 90 do
século passado. Apresenta-se constituída por três fatores componentes de
maior relevância que são:”exaustão emocional, despersonalização e
diminuição da realização pessoal”(1).O primeiro fator a se instalar, na
concepção de Cordes & Dougherty(2), é a exaustão emocional. Tal fator se
apresenta como:”um estado crônico de elevado estresse físico e emocional
provocado por exigências excessivas do trabalho”.(3)Tal fator é descrito por
seus portadores como um sentimento de falta de sentido emocional do
trabalho, associado a uma percepção pessoal de não ter mais forças para
continuar enfrentando as exigências do trabalho(4).A exaustão emocional têm
surgido, historicamente, como uma característica patológica específica de
profissões que “tem contato direto com usuários. Trata-se de profissões que
tem por objeto de trabalho o atendimento a pessoas que necessitam de cuidado
e/ou assistência e que, em conseqüência, exigem certa dose de envolvimento
emocional do profissional. Por exemplo, o trabalho dos professores de escola,
dos médicos e dos enfermeiros implica contato direto e quotidiano com seus
alunos e pacientes, respectivamente.”(5)
A despersonalização se manifesta com a percepção de: absurdo, falta de
sentido e razão de ser naquele trabalho, a sensação de estar numa situação sem
saída. Por exemplo: ” se eu pudesse eu pedia as contas agora, eu só faço coisas
sem valor, não sou reconhecido, meu trabalho aqui não tem futuro, não vale
nada, ninguém reconhece o esforço que eu faço, eu faço o melhor que eu
posso. Vir trabalhar, cumprir horário é uma tortura.” Tal percepção se
cronifica com o desenvolvimento de comportamentos de auto-desvalorização,
hostilidade com as chefias e colegas, conflitos no lar, desenvolvimento de
sintomas psicossomáticos, faltas ao trabalho, uma tendência maior a ter
acidentes nos trabalho.
A diminuição,e mesmo a falta , de realização pessoal se manifestando pelo
sentimento de falta de perspectivas ,de crescimento profissional, a sensação de
estar preso a um trabalho endafonho, convivendo com pessoas que não
estimulam o seu crescimento pessoal e profissional, o trabalhar apenas e tão
somente pelo salário. A sensação de humilhação ao se defrontar mensalmente
com holerit e perceber que aquele valor financeiro não compensa a falta de
realização pessoal. Uma funcionária comenta:”Francisco toda vez que eu pego
o holerite me dá uma batedeira, o dinheiro é o mesmo todo mês, eu me sinto
um lixo.(os olhos se enchem de lágrimas) Eu estudei, me capacitei, eu
acreditava que eu ia ser feliz. Eu gosto da minha profissão, mas assim não dá.
A população não reconhece o valor da gente, aqui dentro você sabe, é cada um
por si. Se eu pudesse eu não voltava mais aqui, é um inferno. Eu preciso tomar
anti-depressivo para vir trabalhar. Eu venho como um robô, eu nem ligo mais
para o usuário, eles não respeitam a gente; as colegas de trabalho, você sabe só
tem mulher no setor. E viver entre mulheres não é fácil.”
Na minha experiência com o projeto “Ouro da Casa”, tenho percebido
aspectos desta síndrome em muitos funcionários(as) em todos os setores e não
apenas naqueles que têm contato direto com o usuário.Acredito que a partir
desde informe inicial possamos refletir:
1-Eu sou portador da Síndrome de Burnout?(ou já fui ou sou um candidato a
ter no futuro)
2-O que posso fazer para contribuir para a prevenção desta síndrome no meu
ambiente de trabalho?
3-Voçê acredita na existência desta síndrome de exaustão emocional no seu
local de trabalho?

Referências Bibliográficas
1-Lee,R.T.; Ashforth, B.E. On the meaning of Maslach’s three dimensions of
burnout. Journal of Applied Psychology, v.75, p.743-747,1990.
2-Cordes,C.L.; Dougherty, T.W. A review and integration of research on job
burnout. Academy of Management Review, v.18, p.621-656, 1993.
3-Wright, T.A., Cropanzano, R. Emotional exhaustion as a predictor of job
performance and voluntary turnover. Journal of Applied psychology, v.83,
p.486-493, 1998.
4-Babakus, E.; Cravens, D. W.; Johnston. M.; Moncrief, W. C. The role of
emotional exhaustion in sales force attitude and behavior relationships.
Academy of Marketing Science Journal, v.27, p.58-70, 1999.
5-Tamayo, Alvaro, Exaustão emocional no trabalho, Revista de
Administração, São Paulo, v.37, n.2, p.26-37, abril/junho 2002

Francisco de Assis Porto

Campinas, 30 de abril de 2004


Que você Viva em paz e seja Feliz!

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