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SAÚDE E SEGURANÇA NO

TRABALHO

autora
CAROLINA SAMPAIO MACHADO

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2016
Conselho editorial  solange moura; roberto paes; gladis linhares; karen bortoloti;
adriana maria christino

Autora do original  carolina sampaio machado

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  gladis linhares

Coordenação de produção EaD  karen fernanda bortoloti

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  amanda carla duarte aguiar

Imagem de capa  lev kropotov | dreamstime.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

M149s Machado, Carolina Sampaio


Saúde e segurança no trabalho / Carolina Sampaio Machado
Rio de Janeiro : SESES, 2016.
64 p. : il.

isbn: 978-85-5548-195-6

1. Normas regulamentadoras. 2. Risco. 3. Periculosidade. 4. Práticas inseguras.


5. Agentes infecciosos. I. SESES. II. Estácio.
cdd 344.02

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário

Prefácio 5

1. Segurança no Trabalho, Acidentes e


Doenças Ocupacionais 7

1.1  Aspectos históricos 9


1.2  Conceitos necessários ao entendimento da disciplina 10
1.3  A segurança e saúde dos trabalhadores 11

2. Causas, Consequências e
Riscos de Acidentes de Trabalho 17

2.1  Acidentes do trabalho: aspectos e conceitos 19


2.2  Etiopatogenia dos acidentes do trabalho 21
2.3  Estatísticas dos acidentes do trabalho 23
2.4  Benefícios previdenciários para acidentes e doenças ocupacionais 25

3. Prevenção e Controle dos Acidentes e


Doenças Ocupacionais 31

3.1  Medidas de prevenção e controle dos acidentes


e doenças do trabalho 33
3.2  Norma Regulamentadora 4 (SESMT) 35
3.3  Norma Regulamentadora 5 (CIPA) 36
3.4  Norma Regulamentadora 6 (EPI) 38
3.5  Norma Regulamentadora 7 (PCMSO) 40
4. Riscos Ambientais e Operações Insalubres 43

4.1  A medicina do trabalho 45


4.2  Norma Regulamentadora 9 46
4.3  Higiene do trabalho 48
4.4  Norma Regulamentadora 15 49

5. Periculosidade e Perícia Trabalhista 53

5.1  Norma Regulamentadora 16 55


5.2  NBR 14280 56
5.3  Legislação de segurança e medicina do trabalho 57
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),

Sejam bem-vindos à disciplina de Saúde e Segurança no Trabalho!


Quando nos referimos ao estudo da Saúde e Segurança no Trabalho (SST),
lembramos logo de atitudes realizadas no ambiente de trabalho que podem ou
não serem seguras. E são essas atitudes e posturas que, quando trabalhadas de
maneira contínua e eficaz, servem de base para grande parte dos estudos sobre
SST e medidas preventivas.
Este livro apresenta os principais conteúdos relacionados com a saúde e
segurança no trabalho, abordando desde os aspectos históricos, como os con-
ceitos iniciais básicos e sobre os primeiros estudiosos da área de seguros, até
as concepções legais, práticas do dia-a-dia das empresas e informações forne-
cidas por órgãos governamentais nacionais e internacionais. Objetiva-se dis-
ponibilizar as informações de maior relevância para o bom entendimento do
tema saúde e segurança do trabalho como um todo, trazendo resultados recen-
tes disponíveis na literatura, bem como dados oficiais.
Serão apresentados conceitos sobre segurança do trabalho, doenças ocu-
pacionais, higiene do trabalho, classificações e benefícios previdenciários.
As normas vigentes sobre saúde e segurança no trabalho serão apresentadas,
englobando aspectos de interesse dos trabalhadores e das instituições. Além
disso, serão discutidas questões práticas do cotidiano das corporações, enfati-
zando as boas práticas em segurança do trabalho e ações preventivas inerentes
às atividades executadas.
Espera-se que ao final da leitura do presente livro, o estudante compreen-
da a complexidade do assunto, por se tratar de um tema que está relacionado
diretamente com as relações interpessoais nos ambientes de trabalho e com o
comportamento humano, o qual apresenta singularidades específicas. Ainda,
será possível que o leitor reflita sobre o seu papel como profissional e cidadão
frente os desafios e oportunidades na ciência da saúde e segurança do trabalho.

Bons estudos!

5
1
Segurança no
Trabalho, Acidentes
e Doenças
Ocupacionais
Seja bem-vindo ao Capítulo I da disciplina de Saúde e Segurança no Trabalho!
Nesse capítulo será apresentada uma introdução ao tema Saúde e Segurança
no Trabalho, com os principais conceitos, nomenclaturas e definições, com a
finalidade de proporcionar seu melhor entendimento e compreensão da disci-
plina como um todo.
Também trataremos do contexto histórico no qual a segurança no trabalho
está inserida, desde seu surgimento até a atualidade. Dessa forma, será possível
compreender como ocorreu a evolução do pensamento que verificamos hoje
em dia quando se discute a saúde e segurança ocupacional.
Esperamos que com essa leitura, o estudante possa debruçar sobre as raízes
da ciência da saúde e segurança no trabalho, vislumbrando o cenário atual das
corporações e realizando projeções futuras aos desafios que pode enfrentar em
sua carreira profissional.
Inicialmente serão apresentados os aspectos históricos do estudo da saúde
e segurança do trabalho. Os conceitos relacionados com a segurança do tra-
balho, acidentes e doenças ocupacionais também serão alvos de estudo nesse
capítulo. Em seguida serão contempladas as leis e normas regulamentadoras,
visando proporcionar ampla reflexão do histórico e cenário atual quanto à saú-
de e segurança no trabalho.

OBJETIVOS
•  Verificar a importância do estudo da saúde e segurança no trabalho para a formação de
profissionais das mais diversas áreas de atuação.
•  Estudar os conceitos e definições relacionadas com a segurança no trabalho, associados
com a prevenção e controle de situações de risco.
•  Estudar os diferentes tipos de dados e informações utilizadas na saúde e segurança
no trabalho.

8• capítulo 1
1.1  Aspectos históricos
O trabalho sempre foi uma necessidade à sobrevivência do homem. Atrelado
a essa realidade, sabe-se desde a antiguidade que o trabalho é causa de lesões,
adoecimento e até mesmo de morte. Os acidentes de trabalho são eventos que
possuem relação com a atividade exercida, enquanto que as doenças ocupacio-
nais são provocadas pelas condições especiais em que o trabalho é executado.
O médico Bernardino Ramazzini, considerado “pai da medicina ocupacional”,
no ano de 1700 publicou seu famoso livro De Morbis Artificum Diatriba, no qual
descreve diversas doenças relacionadas ao trabalho, sendo o precursor da lista
atual de doenças ocupacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
(CHAGAS; SALIM; SERVO, 2011).
A Revolução Industrial, iniciada em países da Europa no século XVIII, carac-
terizou-se como um marco na mudança das relações de trabalho, com o advento
de novas tecnologias e regimes de produção diferenciados. O uso crescente de
máquinas, o excesso de operários em locais confinados, as longas jornadas de
trabalho, a utilização de crianças nas atividades industriais e as péssimas con-
dições de salubridade nos ambientes das fabricas são algumas das situações
verificadas no período da Revolução Industrial. Os trabalhadores, por sua vez,
foram percebendo que o trabalho desenvolvido poderia ser fonte de exploração
econômica e social, podendo levar a danos à saúde, adoecimento e morte. Com
isso, verifica-se que temas relativos à saúde e segurança no trabalho ganharam
maior força nas discussões do ambiente ocupacional (SANTOS, 2001).
Ocorreram, nesse período, mobilizações sociais reivindicando ao Estado
posicionamento sobre as relações entre patrões e empregados, almejando re-
dução nos riscos associados às atividades no trabalho. As primeiras normas tra-
balhistas foram criadas na Inglaterra (Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes, no
ano de 1802) e outros países em processo de industrialização criaram normas
semelhantes posteriormente (CHAGAS; SALIM; SERVO, 2011).
No Brasil, um marco na legislação trabalhista foi a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), instituída pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943 no
governo Getúlio Vargas (BRASIL, 1943). A CLT buscou atender as demandas so-
ciais e trabalhistas e as manteve sob o controle do Estado. Nesse período tam-
bém foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, sendo que mui-
tos conceitos originais da legislação ainda são utilizados, como empregador

capítulo 1 •9
e empregado, as características do vínculo empregatício e do contrato de tra-
balho, a Justiça do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho, entre outros
(CHAGAS; SALIM; SERVO, 2011).

1.2  Conceitos necessários ao entendimento


da disciplina

Inúmeros são os conhecimentos utilizados para falar de saúde e segurança do


trabalho. O entendimento desses conceitos é fundamental para a compreen-
são, incorporação e aplicação dessa ciência no cotidiano empresarial. Dentre
as noções relevantes aos estudantes, foram enumeradas as principais que ser-
vem de base para a continuidade do seu estudo:

Conceitos Importantes
Segurança e Saúde no Trabalho (SST): condições e fatores que afetam, ou poderiam
afetar, a segurança e a saúde dos trabalhadores (incluindo trabalhadores temporários e
terceirizados), visitantes ou qualquer outra pessoa no ambiente de trabalho.
Acidente: acontecimento inesperado que provoque lesão corporal que cause a
morte, a perda ou a redução da capacidade para o trabalho.
Incidente: evento não planejado que tem o potencial de levar a um acidente, pode
ser considerado como um quase acidente.
Doença ocupacional: condição adversa física ou mental, passível de ser
identificada, oriunda de (e/ou agravada por) uma atividade laboral ou situação
relacionada ao trabalho.
Perigo: fonte, situação ou ato com potencial para provocar danos aos trabalhadores
em termos de lesão ou doença.
Risco: combinação da probabilidade de ocorrência de um evento perigoso com a
exposição ao agente causador.

Para melhor compreensão da diferença entre perigo e risco, utiliza-se a ima-


gem de uma situação na qual um sujeito hipotético está navegando dentro de
um barco no oceano rodeado por um tubarão (figura 1.1).

10 • capítulo 1
Figura 1.1  –  Representação da diferença entre risco e perigo.

No exemplo dado, o perigo seria o tubarão, ou seja, a fonte causadora de


risco, pois ele por si só não oferece risco, a menos que o indivíduo se exponha
ao tubarão. Nesse caso, a atitude do homem hipotético de se colocar em uma
situação na qual ele está exposto ao tubarão (perigo), seria o que chamamos de
risco, ou seja, a possibilidade de sofrer danos provocados pela exposição.

1.3  A segurança e saúde dos trabalhadores


Analisando a dinâmica de empresas de diversos segmentos do ponto de vis-
ta econômico, verifica-se a constante busca pelo aumento da produtividade e
eficiência na produção, com enfoque na melhoria dos processos, diminuição
custos e aumento de lucros. Geralmente essa dinâmica vem acompanhada da
redução do número de empregos e não necessariamente de melhorias nas con-
dições de trabalho.

capítulo 1 • 11
É frequente a situação na qual se aumenta o ritmo de trabalho, diminui-se o
período de descanso e elevam-se as responsabilidades dos trabalhadores, com
a finalidade de aumentar índices de produtividade e os resultados da empresa.
Porém, este cenário de sobrecarga pode afetar a saúde e a segurança dos traba-
lhadores, uma vez que exige esforços físicos e psíquicos que podem futuramen-
te ocasionar doenças ocupacionais ou mesmo resultar em acidente de trabalho
devido ao cansaço. É imperioso ressaltar a necessidade dos momentos de des-
canso e a importância da afetividade na convivência com a família, promoção
da saúde dos trabalhadores, participação em encontros culturais, a prática de
atividades físicas com a finalidade de melhorar a qualidade de vida dos traba-
lhadores (CAMARGO; BUENO, 2003).
Dentre as doenças relacionadas ao excesso de estresse laboral e privação
do descanso, as mais diagnosticadas são a depressão, ansiedade, síndrome de
burnout (distúrbio psíquico que pode levar à depressão devido a um estado de
esgotamento mental e físico) e dores em geral (dores musculares, de cabeça,
nas costas). Pode-se afirmar que as consequências para a saúde dos trabalha-
dores decorrentes de rotinas de trabalho exaustivas e estressantes configuram
uma questão extremamente complexa. Muitos processos produtivos, principal-
mente em períodos antigos, causavam problemas de saúde nos trabalhadores
relativos aos esforços repetitivos e muitas vezes monótonos. Atualmente os no-
vos sistemas de produção possuem outros estímulos, porém introduzem novos
e diferentes fatores de estresse, como a insegurança e a competição.
A persistência de antigos sistemas de produção com baixa capacitação tec-
nológica, processos ultrapassados, relações de trabalho informais, trabalho
análogo ao escravo e alta rotatividade de mão de obra, particularmente em
países em desenvolvimento, como o Brasil, ainda são realidade. A existência
desse padrão de produção reflete em diversas doenças ocupacionais, como in-
toxicação por substâncias químicas, podendo causar o saturnismo e a silicose,
por exemplo.
O saturnismo é uma doença causada pela exposição ao chumbo que pode
estar presente em tintas, poeiras de construções e combustíveis. Os profissio-
nais podem inalar os vapores das tintas, por exemplo, caso não utilizem másca-
ras adequadas. Por ser acumulativo, o chumbo não é eliminado do organismo,

12 • capítulo 1
podendo provocar alterações como distúrbios de comportamento (paranóia,
delírios e alucinações), alterações do equilíbrio, agitação psicomotora, altera-
ções de consciência, convulsões e coma (SILVA et al., 2013).
A silicose é uma doença pulmonar causada pela exposição prolongada à síli-
ca, principal constituinte da areia. Mineiros, cortadores de arenito e de granito,
operários das fundições e oleiros são os principais profissionais acometidos
com silicose. Além disso, trabalhadores que utilizam jatos de areia na constru-
ção de túneis e em fabricações de sabões abrasivos, também estão expostos.
Os sintomas da silicose são dificuldade para respirar e pneumonia, devido à
formação de um tecido cicatricial no pulmão, os sintomas aparecem poucos
meses ou muitos anos após a exposição inicial, dependendo principalmente da
quantidade de exposição à sílica (MELO; ZAGO, 2012).
Para evitar a exposição aos vapores, poeiras e gases tóxicos, recomenda-se o
uso de EPI, ou seja, a máscara adequada ao tipo de substância a qual o trabalha-
dor está exposto. Para a proteção das mãos, recomenda-se o uso de luvas, fabri-
cadas com material adequado ao tipo de substância com a qual o trabalhador
realiza operações.
Estudos em diversas áreas foram realizados na busca por soluções ao traba-
lho realizado em condições inadequadas. Profissionais das áreas de arquitetura
e engenharia se empenharam na concepção de layouts que respeitem a postura
do trabalhador, fisioterapeutas e educadores físicos no estudo de exercícios la-
borais que estimulem a circulação sanguínea e a postura, dentre outros. Nesse
sentido, as empresas precisaram adequar-se e modernizar sua rotina, para não
perderem seus funcionários, melhorarem a produtividade e para cumprirem as
normas do Ministério do Trabalho, as quais protegem os trabalhadores contra
ambientes insalubres.
Diversas melhorias na cultura das empresas são observadas, como a incor-
poração na rotina do descanso após o almoço aos funcionários. Muitas empre-
sas oferecem salas especiais para acomodar os trabalhadores e até mesmo con-
tratam educadores físicos ou terapeutas para exercitá-los antes de cada turno
de trabalho. Apesar de ainda incipientes principalmente em empresas de pe-
queno porte, essas atitudes que visam o bem estar e a promoção da saúde dos
funcionários já é uma realidade em grande parte das instituições.

capítulo 1 • 13
ATIVIDADES
01. Enumere as diferenças existentes entre perigo e risco.

02. Quais foram os fatores históricos que levaram à criação das legislações atuais e normas
vigentes em SST?

03. Relate quais os fatores alheios aos trabalhadores que favorecem o acontecimento de
acidente do trabalho.

04. Quais são as causas de saturnismo e silicose?

05. Em quais as melhorias que as empresas podem investir visando melhorar a ergonomia?

REFLEXÃO
A partir da leitura deste primeiro capítulo, você observou que o cenário atual de estudos, nor-
mativas e legislações em saúde e segurança no trabalho é resultado de antiga história real
de rotinas de trabalho exaustivas e insalubres, as quais infelizmente ainda são verificadas em
alguns países do globo. Notou-se assim a importância das medidas preventivas e corretivas
no âmbito da saúde do trabalhador.

LEITURA
Consulta ao portal do Ministério Público do Trabalho, aos documentos sobre Estratégia Na-
cional de Redução de Acidentes e Doenças do Trabalho.
Disponível em
http://portal.mte.gov.br/seg_sau/seguranca-e-saude-no-trabalho.htm

14 • capítulo 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho.
Câmara dos Deputados. 1943. Legislação Federal e marginália.
CHAGAS, A. M. R.; SALIM, C. A.; SERVO, L. M. S. Saúde e segurança no trabalho no Brasil: aspectos
institucionais, sistemas de informação e indicadores. Brasília: Ipea, p.396, 2011.
CAMARGO, R. A. A.; BUENO, S. M. V. Lazer, a vida além do trabalho para uma equipe de futebol entre
trabalhadores de hospital. Revista Latino-americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v.11, n.4, p.490-8,
2003.
MELO, R. S. S.; ZAGO, M. M. F. Os sentidos da silicose atribuídos por trabalhadores de pedreiras
adoecidos. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v.21, n.4, p.845-53, 2012.
SANTOS, T. S. Globalização e exclusão: a dialética da mundialização do capital. Revista Sociologia,
Porto Alegre, v.3, n.6, p.170-198, 2001.
SILVA, M. C. A.; D’INCAO, R. B.; LUL, R. M.; RENON, V. P.; MATTOS, A. Z. Manifestações gastrintestinais
e diagnóstico de intoxicação por chumbo: relato de dois casos. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, v.57,
n.1, p.61-63, 2013.

capítulo 1 • 15
16 • capítulo 1
2
Causas,
Consequências e
Riscos de Acidentes
de Trabalho
Seja bem-vindo ao Capítulo II da disciplina de Saúde e Segurança no Trabalho!
Nesse capítulo serão apresentadas as causas de consequências dos acidentes
de trabalho, como o fator humano, as condições de risco e o comportamen-
to inseguro. Os acidentes do trabalho serão estudados com aprofundamento,
algumas situações serão descritas como forma de exemplos e reflexões serão
instigadas acerca dessa realidade.
Além disso, vamos estudar as estatísticas atuais dos acidentes de trabalho
e das situações nas quais eles ocorrem, buscando compreender os fatores que
levam ainda hoje ao elevado numero de ocorrências nesse sentido.
Ao final, vamos aprender sobre os benefícios previdenciários aos quais os tra-
balhadores registrados sob o regime da CLT tem direito em caso de acidente ou
doença ocupacional e as situações nas quais eles se aplicam.
Inicialmente serão apresentadas as noções de acidentes de trabalho, suas
causas e consequências na vida dos trabalhadores. Os conceitos relacionados
às ações humanas e condições inseguras serão expostos. Em seguida vamos es-
tudar sobre os principais benefícios previdenciários e suas aplicações.

OBJETIVOS
•  Associar os fatores relacionados com a ocorrência de acidentes do trabalho.
•  Entender o processo que leva ao acontecimento de situações indesejadas e fatalidades
no trabalho.
•  Assimilar as situações nas quais o trabalhador tem direito aos benefícios previdenciários.

18 • capítulo 2
2.1  Acidentes do trabalho: aspectos e
conceitos

A definição de acidente do trabalho é qualquer acontecimento inesperado e


imprevisto, relacionado ou derivado do trabalho (incluindo atos de violência),
que provoquem lesão corporal ou perturbação funcional, permanente ou tem-
porária, que cause a morte, a perda ou a redução da capacidade para o trabalho.
Equipara-se ao acidente do trabalho o acidente que, embora não tenha sido a
única causa, tenha contribuído diretamente para a ocorrência da lesão. Ainda,
certos acidentes sofridos pelo trabalhador no local e no horário de trabalho,
doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de
sua atividade, acidente sofrido a serviço da empresa ou no trajeto entre a resi-
dência e o trabalho (BRASIL, 2013).
Conceitualmente, denominam-se acidentes típicos aqueles decorrentes
da característica da atividade profissional desempenhada pelo acidentado.
Acidentes de trajeto são os acidentes ocorridos no trajeto entre a residência e
o local de trabalho do segurado e vice-versa. Os acidentes devidos à doença do
trabalho são os acidentes ocasionados por qualquer tipo de doença profissio-
nal de acordo com o ramo de atividade. O termo incapacidade temporária com-
preende os trabalhadores que ficaram temporariamente incapacitados para o
exercício de sua atividade. Já o termo incapacidade permanente refere-se aos
empregados que ficaram permanentemente incapacitados para o trabalho
(BRASIL, 2013).
No ano de 1931 o norte americano Henri Heinrich realizou estudos na área
de seguros e verificou pela primeira vez um padrão nas ocorrências de aciden-
tes. A partir da sua investigação, Heinrich concluiu que na maioria dos aciden-
tes não ocorriam lesões no(s) acidentado(s), ou seja, poucos eram os acidentes
graves, com lesões incapacitantes. Frank Bird Junior foi também um estudioso
norte americano da área de seguros, o qual realizou pesquisas sobre a proba-
bilidade de ocorrência de acidentes e incidentes a partir de análise envolven-
do 297 empresas, 1.750.000 trabalhadores e 1.753.498 eventos, no ano de 1954
(ARRA, 2015). Os resultados obtidos foram analisados e sumarizados de acordo
com o diagrama apresentado na figura 2.1.

capítulo 2 • 19
Acidentes com lesões graves
1
Acidentes com lesões leves
10

30 Acidentes sem lesões, com danos à propriedade

600 Incidentes sem danos à propriedade

Figura 2.1  –  Diagrama com as conclusões obtidas em estudo de Frank Bird Junior sobre a
ocorrência de acidentes e incidentes. Fonte: Adaptado de Arra (2015).

A partir dos resultados obtidos nas pesquisas de Frank Bird Jr surge um


novo conceito de acidente. Os acidentes do trabalho são tratados como eventos
não desejados dos quais resultam danos físicos à pessoa, danos à propriedade
ou atrasos nas operações da empresa (ARRA, 2015). Iniciam-se também os con-
troles de perdas, de acordo com os princípios básicos:
– A investigação dos acidentes da classe “sem lesões” são relevantes para
os gestores, no sentido de eliminar muitas práticas e condições inseguras que
podem vir a causar acidentes com lesões;
– O interesse da gerência nos programas que reduzam as perdas, diminuam
os atrasos na produção e aumentem a qualidade dos produtos com diminuição
do custo final;
– Visando diminuir os acidentes e reduzir custos relacionados a estes, jus-
tifica-se economicamente a formação de quadro de funcionários para atuarem
na área de Saúde e Segurança do Trabalho.
Buscando maior controle dos riscos envolvidos nos processos produtivos,
no ano de 1972, o engenheiro especialista em segurança de sistemas Willie
Hammer foi precursor das discussões sobre análise de risco de processos, prin-
cipalmente em virtude da sua experiência na Força Aérea dos Estados Unidos.
As análises de risco foram implementadas em diversas organizações, com pro-
gramas de segurança do trabalho associados às técnicas de confiabilidade, tudo
isso em virtude de grandes acidentes ocorridos no período, como Flixborough,
Seveso, Bhopal, por exemplo (ARRA, 2015).
O acidente de Flixborough ocorreu devido a uma grande explosão em um
reator contendo ciclo-hexano, onde 28 trabalhadores foram mortos e mais

20 • capítulo 2
de 36 ficaram feridos. O acidente de Seveso ocorreu na Itália, no ano de 1976,
onde tanques contendo dioxina TCDD (2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina) se
romperam e o produto se espalhou na atmosfera e por grande área na planície.
Cerca de 3000 animais morreram e muitos outros tiveram que ser sacrificados
para evitar a entrada da substância na cadeia alimentar. Aproximadamente 193
pessoas residentes nas áreas próximas sofreram de cloracne e outros sintomas
(SERPA, 2002).
A tragédia de Bhopal foi um acidente industrial que ocorreu na Índia em
1984, quando 40 toneladas de gases tóxicos vazaram na fábrica de pesticidas
da empresa norte-americana Union Carbide. Foram expostas aos gases mais
de 500 mil pessoas, sendo que a maioria eram trabalhadores. Estima-se que
ocorreram cerca de 3.000 mortes diretas e 10 mil mortes indiretas devido a
doenças relacionadas à inalação do gás. A empresa responsável negou-se a for-
necer informações detalhadas sobre a natureza dos contaminantes, então os
médicos não tiveram condições de tratar adequadamente os indivíduos expos-
tos. Atualmente sabe-se que o composto químico liberado no ambiente foi o
isocianato de metila (BAHIA, 2006).

2.2  Etiopatogenia dos acidentes do trabalho


A etiopatogenia dos acidentes do trabalho é o estudo especializado das causas
que ocasionam o desenvolvimento de certos agravos à saúde relacionados com
o trabalho. A causa de um acidente seria qualquer fator que, caso removido no
tempo adequado, teria evitado o acidente. Os principais fatores causadores dos
acidentes do trabalho são as condições inseguras (inerentes às atividades labo-
rais, como máquinas e instrumentos), atos inseguros (ações indevidas do ser hu-
mano) e eventos catastróficos (relacionados com a natureza) (BOGAMIL, 2014).

Exemplos de atos inseguros


•  Não seguir as normas de segurança existentes;
•  Trabalhar em ritmo perigoso (muito lento ou muito rápido);
•  Trabalhar sem que os dispositivos de segurança estejam funcionando;
•  Trabalhar com ferramentas improvisadas;

capítulo 2 • 21
•  Distrair-se ou brincar no local de trabalho;
•  Não utilizar os equipamentos de proteção individual adequados;
•  Usar ar comprimido para limpeza pessoal;
•  Descer ou subir escadas correndo;
•  Limpar máquinas em movimento;
•  Subir em objetos para improvisar escadas;
•  Jogar objetos em direção a outros colaboradores;
•  Comer alimentos ou guardá-los em locais impróprios;
•  Usar equipamentos de proteção individual incorretamente;
•  Fumar em local proibido;
•  Subir em escadas mal apoiadas.

As condições inseguras podem ser minimizadas por meio de estudos téc-


nicos de engenharia, porém, além disso, deve-se atentar aos atos inseguros do
ser humano e verificar o que o levou a agir de maneira inadequada ou arrisca-
da. Visando prevenir os acidentes, devem-se conhecer todas as causas, até as
mais remotas, para após estudo abrangente, promover a eliminação dos riscos
(BOGAMIL, 2014).
O aspecto humano na prevenção de acidentes pode ser trabalhado por meio
de treinamentos. Durante o treinamento de integração baseado na função a ser
exercida pelo novo empregado ou na reciclagem dos antigos, é necessário reali-
zar um reforço das normas de segurança, com instruções sobre a prevenção de
incêndios e combate ao fogo, primeiros socorros, informações sobre limpeza
e organização, sinalizações, técnicas adequadas de manuseio e transporte de
materiais, dentre outros (BOGAMIL, 2014).
O Ministério da Saúde brasileiro possui estratégias para a efetivação da
atenção à saúde do trabalhador. Dentre essas iniciativas estão à vigilância e a
notificação de agravos à saúde relacionados ao trabalho. O documento elabo-
rado pelo Ministério da Saúde, intitulado Protocolo de notificação de acidentes
do trabalho fatais, graves e em crianças e Adolescentes (BRASIL, 2006), define
como acidente do trabalho fatal:

... aquele que leva a óbito imediatamente após sua ocorrência ou que venha a ocorrer
posteriormente, a qualquer momento, em ambiente hospitalar ou não, desde que a causa
básica, intermediária ou imediata da morte seja decorrente do acidente (Ministério da
Saúde, Brasil, 2006, p. 15)

22 • capítulo 2
A partir da definição proposta pelo Ministério da Saúde, pode-se compreen-
der que os acidentes fatais relacionados ao trabalho não necessariamente levam
o acidentado a óbito imediatamente após o ocorrido, podendo eventualmente
resultar em morte em ocasião futura. Ainda, visando evitar interpretações, esse
mesmo documento traz considerações que devem ser levadas em conta na defi-
nição dos casos de acidente do trabalho grave, tais como:
1. necessidade de tratamento em regime de internação hospitalar;
2. incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias;
3. incapacidade permanente para o trabalho;
4. enfermidade incurável;
5. debilidade permanente de membro, sentido ou função;
6. perda de membro, sentido ou função;
7. deformidade permanente;
8. aceleração de parto;
9. aborto;
10. fraturas, amputações de tecido ósseo, luxações ou queimaduras graves;
11. desmaio (perda de consciência) provocado por asfixia, choque elétrico
ou outra causa externa;
12. qualquer outra lesão levando à hipotermia; doença induzida pelo calor
ou inconsciência requerendo ressuscitação ou requerendo hospitalização por
mais de 24 horas;
13. doenças agudas que requeiram tratamento médico em que exista razão
para acreditar que resulte de exposição ao agente biológico, suas toxinas ou a
material infectado.

2.3  Estatísticas dos acidentes do trabalho


Embora exista uma vasta gama de normas e leis que garantam a proteção dos
trabalhadores, a frequente ocorrência de acidentes do trabalho com lesões e
mortes revela a necessidade permanente de ações preventivas. São enormes
os prejuízos associados aos acidentes de trabalho. Os indivíduos acidentados
bem como seus familiares enfrentam prejuízos de caráter pessoal, social e eco-
nômicos. Além disso, o governo também tem prejuízos relativos aos custos as-
sistenciais, previdenciários e pela perda das contribuições futuras do cidadão
(BRASIL, 2008).

capítulo 2 • 23
Dados recentes do Ministério da Previdência Social apontam que durante
o ano de 2013 foram registrados no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
cerca de 717,9 mil acidentes do trabalho. Do total de acidentes registrados, os
acidentes típicos (decorrentes da característica da atividade profissional de-
sempenhada pelo acidentado) foram maioria, seguidos dos acidentes de traje-
to e por fim das doenças ocupacionais. As pessoas do sexo masculino foram a
maior população envolvida em acidentes do trabalho. Nos acidentes típicos e
nos de trajeto, a faixa etária com maior incidência de acidentes foi constituída
por pessoas de 20 a 29 anos. Nas doenças de trabalho a faixa de maior incidên-
cia foi a de 30 a 39 anos (BRASIL, 2013).
Ao analisarmos os acidentes ocorridos de acordo com os setores de ativida-
de, verifica-se que o setor de Serviços apresentou maior índice de acidentes do
trabalho, seguido do setor Industrial e, por fim, o setor Agropecuário. É inte-
ressante notar que dentre os acidentes tidos como típicos, houve significativa
notificação de acidentes nos trabalhadores do Comércio/reparação de veículos
automotores e Serviços sociais e de saúde. Já nas doenças de trabalho, os maio-
res índices de notificação foram em Atividades financeiras e Fabricação de veí-
culos e equipamentos de transporte (BRASIL, 2013). A figura 2.2 apresenta as
partes do corpo mais afetadas por acidentes do trabalho.

26% 8%
14% Articulações e tecido conjuntivo
Membros inferiore
6% Cabeça e pescoço
Membros superiores
5%
Tórax e quadril
Outros
41%

Figura 2.2  –  Porcentagem das partes do corpo mais acometidas por acidentes do trabalho.
Fonte: Adaptado de Tobias (2015).

Os ferimentos, fraturas e traumatismos superficiais do punho e da mão


(membros superiores) foram as principais lesões notificadas no sistema de re-
gistros do Ministério da Previdência Social. Quanto às doenças do trabalho, as
mais incidentes foram as lesões no ombro, sinovite (inflamação no revestimen-
to da articulação) e dorsalgia (dor nas costas) (BRASIL, 2013).
A importância dos sistemas de informações sobre os acidentes de trabalho
consiste no fornecimento de dados confiáveis sobre o impacto dos acidentes,

24 • capítulo 2
tanto em termos de lesões provocadas, quanto nos aspectos associados às suas
origens. Dessa maneira é possível utilizar as informações como ferramentas
de gestão e prevenção. As etapas de elaboração de um sistema de informação
iniciam-se com a seleção e análise de eventos. O Ministério da Saúde (BRASIL,
2006) elencou instruções sobre a elaboração de sistema de informações sobre
acidentes do trabalho:
1. Detecção: reconhecimento e registro dos eventos com criação de banco
de dados;
2. Seleção de eventos: análise aprofundada, análise e criação de banco de
dados complementar.
3. Exploração dos bancos de dados e emissão de relatórios: descrição de
aspectos identificados distribuídos, no mínimo, segundo características de
pessoa, tempo e lugar, incluindo aspectos do processo causal dos acidentes
(sempre que possível, dados devem ser distribuídos de modo a permitir visuali-
zação de sua evolução temporal);
4. Interpretação: tentativa de reconhecimento de necessidades de saú-
de, padrões de processos causais, necessidades de aprimoramento da for-
mação de pessoal, identificação, seleção de prioridades a serem abordadas
e recomendações;
5. Implementação e monitoramento das recomendações com avaliação
de impacto de providências recomendadas e efetivamente adotadas e aspectos
do próprio sistema.

Por fim, recomenda-se avaliar constantemente os aspectos em relação ao


tempo decorrido entre as ocorrências e as detecções pelo sistema, servindo de
fonte de retroalimentação do sistema e contribuindo para o seu aperfeiçoa-
mento contínuo (BRASIL, 2006).

2.4  Benefícios previdenciários para acidentes


e doenças ocupacionais

No Brasil, os trabalhadores com registro em carteira pelas normas da CLT têm


do seu salário descontado um valor relativo às contribuições previdenciárias
que visam ao custeio dos benefícios concedidos em razão de acidente de tra-

capítulo 2 • 25
balho. A empresa contratante tem por obrigação repassar a contribuição previ-
denciária ao INSS retida do funcionário, além de realizar o pagamento de sua
cota patronal. De acordo com a Lei 8.213/91, o acidente do trabalho tem cober-
tura previdenciária, sendo que os primeiros 15 dias de afastamento são pagos
pela empresa empregadora. A contar pelo 16º dia, o segurado deixa de receber
o salário pela empresa e passa a receber o benefício por incapacidade direta-
mente do INSS (BRASIL, 1991).
Dessa maneira, o acidentado não necessita provar inocência em relação aos
motivos causadores do acidente para ter seu benefício garantido, pois qual-
quer acidente ou doença que decorram do trabalho dispensam a prova da cul-
pa. Sendo assim, do segurado é exigido apenas comprovar que o acidente ou
doença decorrem das suas atividades laborais, para que fique caracterizada a
responsabilidade da Previdência Social.
Ao constatar o acidente de trabalho, a empresa ou, na ausência desta, o pró-
prio acidentado, seus dependentes, entidade sindical competente, o médico
responsável ou ainda por autoridade pública, deverá fazer a Comunicação de
Acidente de Trabalho (CAT) informando o ocorrido, havendo ou não afasta-
mento, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte,
de imediato à autoridade competente. A obrigatoriedade da emissão da CAT
nos casos de acidente do trabalho ou doença profissional tem por finalidade
proporcionar ao trabalhador o recebimento do benefício. O empregado ou seus
dependentes (em caso de morte do empregado em decorrência do acidente de
trabalho) têm garantidos alguns dos seguintes benefícios: auxílio-doença, auxí-
lio-acidente, aposentadoria por invalidez ou pensão por morte (BRASIL, 1991).
Por meio da ação acidentária, o empregado busca a reparação de eventuais
males que sofreu por conta do acidente, os quais resultaram em redução da sua
capacidade para o trabalho de forma total ou parcial, permanente ou tempo-
rária. Sabe-se que a compensação financeira não vai restaurar a saúde do tra-
balhador por completo ou mesmo sua capacidade para retornar ao trabalho,
porém entende-se que é uma maneira de auxiliar e diminuir a dificuldade para
dar continuidade a sua vida profissional e pessoal (MONTEIRO; BERTAGNI,
1998).
O benefício de auxílio-doença é concedido caso o empregado fique incapa-
citado de desempenhar suas funções habituais por mais de 15 dias, em decor-
rência das lesões provocadas pelo acidente do trabalho. O auxílio-acidente é
fornecido caso o empregado tenha redução permanente da capacidade laboral

26 • capítulo 2
para o trabalho que exercia em virtude das lesões decorrentes de acidente de
qualquer natureza. A aposentadoria por invalidez é concedida caso haja incapa-
cidade permanente e total para exercício de atividade que garanta a subsistên-
cia do empregado. Os dependentes farão jus ao benefício de pensão por morte
em caso de acidente fatal (BRASIL, 1991).
A tabela 2.1 apresenta mais detalhes dos benefícios previdenciários relacio-
nados aos acidentes do trabalho, de acordo com a legislação brasileira.

AUXÍLIO-ACIDENTE
Após a consolidação das lesões decorrentes de acidente, caso o empregado ainda estiver
acometido com sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitual-
mente exercia. Entende-se por sequela definitiva a redução da capacidade para suas ativida-
des laborais habituais, ou exigência de maior esforço para o desempenho da mesma atividade
e impossibilidade de desempenho da atividade que exercia à época do acidente, sendo viável
o exercício de outra após a reabilitação. O valor da renda mensal inicial do benefício corres-
ponde a 50% do salário benefício, sendo esse apurado mediante a média aritmética simples
dos oitenta por cento maiores salários de contribuição, sem aplicação do fator previdenciário.

AUXÍLIO-DOENÇA
Deverá ser concedido ao empregado incapacitado para o trabalho ou para suas atividades
habituais de maneira temporária, com prognóstico de que haverá recuperação para o tra-
balho ou reabilitação para outra atividade laborai. O termo final será o dia da recuperação
da capacidade de trabalho, da conversão para aposentadoria por invalidez ou auxílio-aci-
dente, da habilitação para outra atividade, após a reabilitação profissional, da conversão
em aposentadoria por idade ou do falecimento do segurado. O valor do benefício será de
91% do salário benefício. O salário benefício será a média aritmética simples correspon-
dente a 80% de todo o período contributivo, sem empregar o fator previdenciário.

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ


A perícia-médica do INSS deve constatar a incapacidade permanente para o desempenho
de atividade laborai, em regra, de maneira irreversível. Porém, a incapacidade não pode
resultar de doença ou lesão de que o empregado já era portador antes da filiação ao regime
de previdência, salvo em caso de agravamento da patologia. O valor do benefício será de
100% do salário benefício, mais 25% se o segurado necessitar da assistência permanente
de outra pessoa. O salário benefício será a média aritmética simples correspondente a oiten-
ta por cento de todo o período de contribuição, sem se empregar o fator previdenciário.

Tabela 2.1  –  Benefícios previdenciários relacionados aos acidentes do trabalho. Fonte: Bra-
sil (1991).

capítulo 2 • 27
ATIVIDADES
01. Quais são os acidentes típicos?

02. Enumere alguns dos avanços obtidos a partir dos estudos de Frank Bird Jr. em SST.

03. Cite exemplos de atos inseguros que podem ser realizados no ambiente de trabalho,
gerando risco aos trabalhadores.

04. Quais os locais do corpo com maiores registros de lesão? A que você atribui
esse resultado?

05. Em quais tipos de situação o auxílio-doença é fornecido?

REFLEXÃO
A partir da leitura do Capítulo II, você observou as situações que podem motivar a ocorrência
de acidentes no ambiente de trabalho e as maneiras de evitar que eles ocorram. A partir des-
sa leitura é possível refletir as ações dos gestores frente aos desafios enfrentados no intuito
de prevenir a ocorrência de acidentes com perdas materiais e humanas.

LEITURA
Leitura do Guia de Análise dos Acidentes de Trabalho, do Ministério Público do Trabalho.
Disponível em
http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812D8C0D42012D94E6D33776D7/
Guia%20AT%20pdf%20para%20internet.pdf

28 • capítulo 2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRA, G. Evolução da segurança do trabalho e da saúde ocupacional. Processos – Soluções de
Engenharia. Disponível em: <http://www.processos.eng.br/Portugues/PDFs/evolucao_da%20
seguranca_do_trabalho.pdf> Acessado em: 20 de julho de 2015.
BAHIA, A. F. N. Gerência de risco industrial: um estudo "ex-post" sobre o acidente em Bhopal, Índia.
2006. 115 f. Dissertação (Mestrado em Gestão Econômica do Meio Ambiente) – Universidade de
Brasília, Brasília.
BOGAMIL, V. T. Avaliação das condições de trabalho em um canteiro de obras. Revista Unilins, p.1-16,
2014.
BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de Julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência
Social e dá outras providências. D.O.U. Brasília, DF. 1991.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Notificação de acidentes do trabalho fatais, graves e com crianças e adolescentes.
Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 32 p., 2006.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Análises de acidentes do trabalho fatais no Rio Grande
do Sul: a experiência da Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador – SEGUR. – Porto Alegre:
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul, 2008.
BRASIL. Ministério da Previdência Social. AEPS 2013 – Anuário Estatístico da Previdência Social.
Seção IV – Acidentes do Trabalho. 2013.
MONTEIRO, A. L.; BERTAGNI, R. F. S. Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais:
Conceito, processos de conhecimento e de execução e suas questões polêmicas. São Paulo:
Saraiva,1998. 269 p.
SERPA, R. R. Gerenciamento de riscos ambientais. Desenvolvimento e meio ambiente, Curitiba, v. 5,
p.101-107, 2002.
TOBIAS, J. C. Quanto vale uma vida. JI Prevent. Disponível em: http://jiprevent.com.br/site/quanto-
vale-uma-vida-2/. Acessado em: 16 de julho de 2015.

capítulo 2 • 29
30 • capítulo 2
3
Prevenção e
Controle dos
Acidentes
e Doenças
Ocupacionais
Seja bem-vindo ao Capítulo III da disciplina de Saúde e Segurança no Trabalho!
Nesse capítulo serão apresentadas as principais medidas de prevenção e
controle dos acidentes e doenças ocupacionais. Vamos estudar sobre os servi-
ços prestados pelos grupos de prevenção e controle de acidentes das empresas,
as comissões organizadas por funcionários e designados pelo gestor no sentido
de diminuir a ocorrência de acidentes.
Vamos abordar os equipamentos de proteção individual, seus usos e reco-
mendações. Além disso, os grupos organizados de profissionais da saúde como
médicos, enfermeiros e técnicos de segurança do trabalho.
Inicialmente serão apresentadas as noções de prevenção e controle dos
acidentes do trabalho, as normas regulamentadoras relacionadas com as co-
missões de prevenção de acidentes, equipes de saúde e de avaliação de riscos
ambientais. Em seguida vamos estudar sobre os principais equipamentos de
proteção individual e seus usos corretos.

OBJETIVOS
•  Aprender as medidas de prevenção e controle dos acidentes do trabalho nas organizações.
•  Entender os objetivos e diretrizes de normas regulamentadoras que tratam da prevenção
de acidentes e avaliações dos riscos ambientais.
•  Compreender os usos dos principais equipamentos de proteção individual e as questões
associadas a eles.

32 • capítulo 3
3.1  Medidas de prevenção e controle dos
acidentes e doenças do trabalho

Os gestores de empresas, preocupados com a segurança do trabalho e com a


prevenção de acidentes, podem realizar diversas melhorias em suas atividades
e processos. Objetivando evitar a ocorrência de acidentes, minimizar condições
inseguras de trabalho, preparar os trabalhadores para a prevenção de ocorrên-
cias indesejadas e estabelecer melhores condições físicas e psíquicas aos co-
laboradores, as organizações podem lançar mão de procedimentos eficientes
que resguardem o maior bem que a organização possui: o capital humano.
Nesse sentido, devem-se realizar pesquisas e estudos técnicos sobre as ins-
talações de trabalho e levantamento ambiental dos riscos e programa de pre-
venção de riscos ambientais (PPRA). Além disso, de acordo com o escopo de
atividade realizada pela empresa, é necessário realizar estudo médico sobre os
efeitos dos agentes nocivos à saúde humana presentes nos locais de trabalho,
também conhecidos como Programa de controle médico e saúde ocupacional
(PCMSO).
Faz-se necessário, também, implementar ações que visem preservar o meio
ambiente, pois a poluição gerada pelas atividades industriais é um problema
que pode afetar a saúde dos trabalhadores e da população como um todo.
O planejamento é indispensável em se tratando de prevenção de aciden-
tes. Para todas as atividades realizadas em uma empresa devem-se realizar
estudos e planejamentos visando prevenir acidentes e/ou incidentes. O em-
pregador, ao determinar a realização de certa atividade deve observar a viabi-
lidade de execução da tarefa, a habilitação do empregado designado à execu-
tá-la e as condições de segurança necessárias à realização da tarefa (RIBEIRO
NETO et al., 2008).
Mesmo em tarefas que não sejam consideradas de risco, como a substitui-
ção de uma lâmpada, por exemplo, é possível ocorrerem acidentes. No exemplo
dado, a exposição do funcionário à tensão, caso o disjuntor não seja desligado,
poderá causar sérios danos à saúde do trabalhador. Nesse sentido, medidas de
prevenção devem ser adotadas visando à viabilidade de execução das ativida-
des, mesmo que inicialmente a atividade não tenha risco aparente (RIBEIRO
NETO et al., 2008).

capítulo 3 • 33
A habilitação do funcionário para executar uma tarefa também é um aspec-
to de grande relevância. A operação de uma empilhadeira, por exemplo, requer
aperfeiçoamento teórico e prático do funcionário que venha a executar essa ta-
refa. O empregador deve sempre verificar a habilitação dos seus funcionários
de acordo com a atividade executada, promover treinamentos e atualizações,
pois a inabilidade na realização das funções pode causar acidentes extrema-
mente graves e muitas vezes fatais (RIBEIRO NETO et al., 2008).
As causas dos acidentes de trabalho muitas vezes estão relacionadas aos
erros cometidos pelo trabalhador. Muitos empregados morrem ou mutilam-
se todos os anos em decorrência de acidentes do trabalho relacionados com o
comportamento inadequado do trabalhador, condições físicas e/ou psíquicas
do indivíduo, improvisações de ferramentas e utensílios, precárias condições
do ambiente de trabalho, dentre outros. A inclusão do comportamento dos tra-
balhadores no conjunto dos fatores causais de acidentes do trabalho não signi-
fica atribuir a culpa da ocorrência do acidente aos trabalhadores acidentados
(OLIVEIRA, 2003).
Buscando-se a prevenção de situações indesejadas no ambiente de traba-
lho, deve-se entender e estudar os fatores determinantes do comportamento,
ou seja, o que motivou a ocorrência de tal erro, e debruçar sobre os aspectos en-
contrados no sentido de impedir que esse tipo de situação volte a ocorrer. Por
exemplo, após determinado incidente ou acidente, faz-se necessária a busca
por respostas sobre o que havia de errado no ambiente de trabalho, nas relações
de trabalho e ainda na vida do trabalhador, que motivaram o comportamento
inadequado frente a uma determinada situação. Deve-se sempre lembrar que o
erro, embora indesejável, é passível de ocorrer, e todos podem cometê-lo. Para
as organizações, no entanto, não é o erro que deve interessar, no sentido da pre-
venção de acidentes, mas sim as causas do erro (OLIVEIRA, 2003).
Práticas de treinamento aos funcionários em prevenção de acidentes são
importantes e devem ser executadas de maneira contínua e regular. No entan-
to, não bastam apenas os treinamentos se não houver mudanças e adequações
nos processos produtivos, pois a capacitação do trabalhador para fazer segu-
rança não é a única solução na prevenção de acidentes. O ideal é a associação
de diversas medidas preventivas, visando à melhoria contínua dos ambientes e
da organização do trabalho (OLIVEIRA, 2003).

34 • capítulo 3
3.2  Norma Regulamentadora 4 (SESMT)
A NR 4 é a norma regulamentadora que aborda o Serviço Especializado em Enge-
nharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). Essa norma nos traz que
todas as empresas que possuam empregados regidos pela CLT, sejam elas priva-
das ou públicas, órgãos públicos da administração direta e indireta e dos poderes
Legislativo e Judiciário, deverão manter o SESMT com a finalidade de promover
a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. Para as em-
presas que possuam mais de 50% de seus funcionários em setores com atividade
cujo risco seja de grau superior ao da atividade principal da empresa, deverão
dimensionar os SESMT de acordo com o maior grau de risco (BRASIL, 1978).
As empresas poderão constituir o SESMT centralizado para atender a ou-
tros estabelecimentos pertencentes a ela, desde respeite a distância de no má-
ximo 5.000 metros entre aquele em que se situa o serviço e cada um dos de-
mais. Os SESMT devem ser compostos por Médico do Trabalho, Engenheiro
de Segurança do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do
Trabalho e Técnico ou Auxiliar em Enfermagem do Trabalho (BRASIL, 1978).
Os graus de risco das atividades das empresas vão desde 1 ao 4. Exemplos de
graus de risco das atividades podem ser verificados na tabela 3.1.

ATIVIDADE GRAU DE RISCO

Agências de publicidade 1

Operadoras de televisão por assinatura por cabo 2

Concessionárias de rodovias, pontes, túneis e serviços relacionados 3

Construção de redes de abastecimento de água, coleta de esgoto


4
e construções correlatas

Tabela 3.1  –  Exemplos de atividades de acordo com o grau de risco estabelecido pela
NR-4. Fonte: Brasil (1978).

capítulo 3 • 35
O dimensionamento dos SESMT será realizado de acordo com o grau de ris-
co da atividade e o número de empregados. Por exemplo, para empresas com
grau de risco 1 que possuam de 501 a 1.000 funcionários, a obrigatoriedade é
que se tenha um Técnico de Segurança do Trabalho. Já em empresas com o
mesmo número de funcionários, mas com grau de risco 4, a obrigatoriedade
é que se tenha quatro Técnicos de Segurança do Trabalho, um Engenheiro de
Segurança do Trabalho, um Auxiliar de Enfermagem do Trabalho e um Médico
do trabalho. O SESMT deve ter seu funcionamento avaliado periodicamente
por grupo composto por representantes da empresa, do sindicato dos trabalha-
dores e Delegacia Regional do Trabalho (BRASIL, 1978).

3.3  Norma Regulamentadora 5 (CIPA)


A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é formada por repre-
sentantes do empregador e dos empregados de empresas ou instituições que
admitirem trabalhadores como empregados, de acordo com o dimensiona-
mento da instituição contratante. A CIPA tem como objetivo a prevenção
de acidentes e doenças do trabalho, buscando tornar o trabalho realizado
compatível com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador
(BRASIL, 1978).
Os representantes dos empregados (titulares e suplentes) são eleitos em
processo de votação secreta, do qual participam exclusivamente funcionários
interessados independentemente de filiação sindical ou outros. O número de
membros titulares e suplentes da CIPA é determinado de acordo com o número
de funcionários da empresa e considera-se a ordem decrescente de votos rece-
bidos. O mandato dos membros eleitos tem duração de um ano, sendo permi-
tida uma reeleição (BRASIL, 1978).
O empregador determina, entre seus representantes, o Presidente da CIPA,
e os representantes dos empregados escolhem o vice-presidente. A CIPA tem
diversas atribuições, dentre as quais se destacam:

36 • capítulo 3
– Identificar os riscos do processo de trabalho, elaborar o mapa de riscos e plano
de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e
saúde no trabalho;
– Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de preven-
ção, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho;
– Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho
visando identificar situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde
dos trabalhadores;
– Realizar avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e
discutir as situações de risco que foram identificadas, a cada reunião;
– Divulgar aos demais trabalhadores as informações relativas à segurança e saúde
no trabalho;
– Participar com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empre-
gador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processos de trabalho
relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores;
– Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de má-
quina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde
dos trabalhadores;
– Divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como
cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde
no trabalho;
– Participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da
análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução
dos problemas identificados;
– Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Inter-
na de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT);
– Participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Preven-
ção da AIDS.

capítulo 3 • 37
As reuniões da CIPA devem ocorrer mensalmente, porém reuniões extraor-
dinárias podem ser convocadas no caso de alguma ocorrência indesejada, como
surgimento de doença ocupacional ou acidente. Ressalta-se que é responsabili-
dade do empregador proporcionar aos membros da CIPA os meios necessários
para o desempenho adequado de suas atribuições, como treinamentos, por
exemplo, garantindo tempo suficiente para a realização das tarefas constantes
do plano de trabalho (BRASIL, 1978).

3.4  Norma Regulamentadora 6 (EPI)


A NR 6 trata de questões relacionadas aos Equipamentos de Proteção Indivi-
dual (EPI). Considera-se como EPI todo dispositivo de uso individual utiliza-
do pelo trabalhador com a finalidade de protegê-lo dos riscos que venham a
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Já o Equipamento Conjugado de
Proteção Individual é todo aquele equipamento composto por vários dispositi-
vos, o qual o fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam
ocorrer simultaneamente, suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no tra-
balho. As empresas têm o dever de fornecer aos empregados o EPI adequado
ao risco gratuitamente, em perfeito estado de conservação e funcionamento,
sempre que não houver completa proteção contra os riscos de acidentes do
trabalho ou de doenças profissionais. Além disso, no período em que as medi-
das de proteção coletiva ainda estiverem sendo implantadas e em situações de
emergência (BRASIL, 1978).
Cabe ao empregador adquirir, orientar e exigir o uso de EPI adequado
aos funcionários. O trabalhador deve utilizar o EPI e responsabilizar-se
pela sua conservação, além de comunicar ao empregador qualquer altera-
ção que o torne impróprio para uso. A legislação brasileira apresenta lista
com os equipamentos de proteção individual de acordo com o tipo de prote-
ção. A tabela 3.2 apresenta alguns exemplos de EPIs contidos na legislação
(BRASIL, 1978).

38 • capítulo 3
TIPO DE PROTEÇÃO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
– Capacete para proteção contra impactos de objetos sobre o crânio e
choques elétricos;
CABEÇA – Capuz para proteção do crânio, face e pescoço contra respingos de
produtos químicos.

– Óculos para proteção dos olhos contra impactos de partículas


volantes;
– Óculos para proteção dos olhos contra luminosidade intensa;
OLHOS E FACE – Protetor facial contra impactos de partículas volantes;
– Protetor facial contra riscos de origem térmica;
– Máscara de solda para proteção dos olhos e face contra impactos

– Protetor auditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao


AUDITIVA estabelecido na NR-15;

– Peça semi-facial filtrante para proteção das vias respiratórias contra


RESPIRATÓRIA poeiras e névoas, fumos e radionuclídeos (PFF1, PFF2, PFF3).

– Luvas para proteção das mãos;


– Creme protetor de segurança para proteção dos membros superiores
contra agentes químicos;
MEMBROS – Manga para proteção do braço e do antebraço contra choques
SUPERIORES elétricos;
– Braçadeira para proteção do antebraço contra agentes cortantes;
– Dedeira para proteção dos dedos contra agentes abrasivos e
escoriantes.

– Calçado para proteção contra impactos de quedas de objetos sobre


os artelhos;
MEMBROS – Calçado para proteção dos pés contra agentes provenientes de
INFERIORES energia elétrica e agentes térmicos;
– Calça para proteção das pernas contra agentes abrasivos e
escoriantes.

– Macacão para proteção do tronco e membros superiores e inferiores;


CORPO INTEIRO – Vestimenta para proteção de todo o corpo.

CONTRA – Cinturão de segurança com dispositivo trava-queda para proteção do


usuário contra quedas em operações com movimentação vertical ou
QUEDAS horizontal.

Tabela 3.2  –  Lista de EPIs de acordo com o tipo de proteção oferecida. Fonte: Brasil (1978)

capítulo 3 • 39
3.5  Norma Regulamentadora 7 (PCMSO)
A NR 7 é a norma que estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implemen-
tação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) por to-
dos os empregadores, com o objetivo de promoção e preservação da saúde dos
seus empregados. O PCMSO faz parte de um conjunto amplo de iniciativas da
empresa no campo da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com as
demais NRs. Este programa tem caráter de prevenção, rastreamento e diagnósti-
co precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, e deve ser planejado e
implantado com base nos riscos à saúde. O empregador deve garantir a elabora-
ção e efetiva aplicação do PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia, arcar com os
custos dos procedimentos relacionados ao programa (BRASIL, 1978).
A realização obrigatória dos exames médicos admissional, periódico, de re-
torno ao trabalho, de mudança de função e demissional devem estar inclusos ao
PCMSO, outros exames complementares podem ser realizados, a critério do mé-
dico coordenador ou encarregado. A periodicidade de realização de cada exame
está determinada na legislação competente e para cada exame médico realizado,
o médico emitirá o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) (BRASIL, 1978).
Ações de saúde a serem executadas durante o ano devem ser planejadas e o
PCMSO deve seguir esse planejamento para, posteriormente, elaborar relató-
rio com as ações e resultados discriminados por setores da empresa, número
e natureza dos exames médicos, incluindo avaliações clínicas e exames com-
plementares. O relatório anual é apresentado e discutido na CIPA. Ao serem
constatadas doenças profissionais ou agravos, o médico-coordenador ou en-
carregado deve solicitar à empresa a emissão da Comunicação de Acidente do
Trabalho (CAT), indicar, quando necessário, o afastamento do trabalhador da
exposição ao risco, ou do trabalho e encaminhar o trabalhador à Previdência
Social. Além disso, cabe destacar que todo estabelecimento deve estar equipa-
do com material necessário à prestação dos primeiros socorros, considerando-
se as características da atividade desenvolvida (BRASIL, 1978).

ATIVIDADES
01. Os treinamentos são as únicas maneiras de prevenir os acidentes de trabalho? Explique.

02. Quais os critérios que as empresas devem seguir para ter o SESMT centralizado?

40 • capítulo 3
03. Quais os graus de risco das atividades, de acordo a o SESMT?

04. Quais os objetivos da CIPA?

05. O que é um EPI? Dê exemplos.

REFLEXÃO
A partir da leitura do Capítulo III, você observou a prevenção de acidentes é uma etapa de
extrema importância no dia-a-dia das empresas. A partir dessa leitura é possível refletir as
ações dos funcionários frente aos desafios enfrentados no intuito de prevenir a ocorrência
de acidentes com lesões e perdas.

LEITURA
Documento do Ministério Público do Trabalho, intitulado “Caminhos para Análise de Aciden-
tes de Trabalho”.
Disponível em
http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BD96D6A012BE3CCC6D50AEC/
pub_cne_analise_acidente.pdf

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério de Estado do Trabalho. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V,
Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Portaria
MTB nº 3.214, de 08 de Junho de 1978 – D.O.U. Brasília, DF. 1978.
OLIVEIRA, J. C. Segurança e saúde no trabalho: uma questão mal compreendida. São Paulo Perspec,
São Paulo, v.17, n.2, p.03-12, 2003.
RIBEIRO NETO, J. B. M.; TAVARES, J. C.; HOFFMANN, S. C. Sistemas de gestão integrados:
qualidade, meio ambiente, responsabilidade social, segurança e saúde no trabalho. São Paulo:
Editora SENAC, 2008. 362 p.

capítulo 3 • 41
42 • capítulo 3
4
Riscos Ambientais
e Operações
Insalubres
Seja bem-vindo ao Capítulo IV da disciplina de Saúde e Segurança no Trabalho!
Nesse capítulo falaremos sobre os riscos ambientais e as operações insalubres
no ambiente de trabalho. O que é um ambiente insalubre? Quais são os fatores
que caracterizam esse ambiente? Essas respostas serão esclarecidas de manei-
ra simples e aplicadas ao cotidiano das organizações, buscando facilitar a com-
preensão dos estudantes.
Além disso, vamos estudar sobre a higiene do trabalho e as normas regula-
mentadoras relativas aos riscos ocupacionais. Serão expostos conceitos apro-
fundados sobre os agentes causadores de agravos à saúde, como os agentes
físicos, químicos e biológicos. Vamos aprender medidas de controle desses
agentes e entender como devemos nos comportar visando evitá-los.
Inicialmente serão apresentados os riscos aos quais os empregados podem
vir a estarem expostos, de acordo com o tipo de atividade exercida e com o tem-
po de exposição ao fator de risco. Em seguida estudaremos as normas regula-
mentadoras que atuam sobre essa temática, atentando às particularidades de
cada situação e posturas a serem assumidas.

OBJETIVOS
•  Aprender as medidas de proteção aos riscos ocupacionais.
•  Entender quais são os agentes causadores de risco e as formas de exposição, buscando
compreender as ações relevantes à prevenção de contaminação.
•  Compreender quais podem ser os EPIs indicados para prevenir o contato com os agentes
químicos, físicos e biológicos.

44 • capítulo 4
4.1  A medicina do trabalho
A medicina do trabalho surgiu na Inglaterra, no contexto da Revolução Indus-
trial, em momento no qual a força de trabalho era resultante da exploração do
trabalhador a um processo produtivo acelerado e desumano. Robert Dernham,
proprietário de uma fábrica têxtil na época, refletindo sobre a realidade dos
seus operários e sobre a falta de médicos, procurou por conta própria o Dr. Ro-
bert Baker, seu médico particular, pedindo que indicasse uma forma pela qual
ele, enquanto dono de empresa poderia resolver tal situação. Dr. Robert Baker
respondeu dizendo que deveria colocar um médico na fábrica, para atuar como
intermediário entre os trabalhadores, o empresário e as demais pessoas. O mé-
dico, segundo Dr. Baker, deveria visitar todos os setores da fábrica nos quais
houvesses trabalhadores, a fim de avaliar os efeitos do trabalho sobre a saúde
das pessoas (MENDES; DIAS, 1991).
Nesse caso, ao verificar alguma situação na qual os funcionários estives-
sem sofrendo influências negativas na sua saúde em decorrência do trabalho
executado, ao médico caberá verificar a possibilidade de prevenção e colocá-la
em prática. Em resposta, o empregador aceitou contratar o médico para atuar
na fábrica, surgindo então o primeiro serviço de medicina do trabalho. A im-
plantação de serviços baseados num modelo que responsabilizava os agravos à
saúde a cargo da figura do médico rapidamente expandiu-se por outros países.
Nessa época, a escassez de sistemas de assistência à saúde fez com que os ser-
viços médicos de empresa passassem a exercer um papel substitutivo, consoli-
dando, ao mesmo tempo, sua vocação enquanto instrumento de criar e manter
a dependência do trabalhador, ao lado do exercício direto do controle da força
de trabalho (MENDES; DIAS, 1991).
Em 1954, a OIT convocou um grupo de especialistas para estudar as diretri-
zes gerais da organização de “Serviços Médicos do Trabalho”, as quais foram
substituídas no ano de 1958 por “Serviços de Medicina do Trabalho”. Algumas
características da medicina do trabalho são:
– Sua constituição é fundamentalmente uma atividade médica e o local da
prática se dá nos locais de trabalho.
– Um de suas principais tarefas é cuidar da adaptação física e mental dos
empregados, a fim de contribuir para a colocação destes em locais ou tarefas
correspondentes às aptidões. Dessa forma, a adequação do trabalho ao traba-
lhador é importante.

capítulo 4 • 45
– À medicina do trabalho atribui-se a tarefa de contribuir com o estabeleci-
mento e manutenção do nível mais elevado possível do bem-estar físico e men-
tal dos funcionários (MENDES; DIAS, 1991).

O estudo da medicina do trabalho elucida as diferenças existentes entre a


medicina tradicional e a do trabalho, tendo em vista que a medicina tradicio-
nal tem como objetivo o bem-estar do paciente e a cura das doenças a partir de
atuação liberal, autônoma e livre de afetividade. Porém, o conceito de medicina
do trabalho, pela própria maneira de surgimento, ou seja, a partir da necessi-
dade do Estado de intervir nas relações capital com trabalho e regulamentar os
ambientes de trabalho, baseia-se na “saúde” do trabalho e da produção, não na
saúde do trabalhador (SCHÜLLER SOBRINHO, 1995).
Essa especialidade não autônoma nasce e se constitui a partir das regula-
mentações legais que define sua prática, pois dessas leis surgem as relações de
classe posteriormente. Grande parte dos profissionais de medicina do trabalho
é empregada em empresas, sindicatos e/ou faz parte do sistema de saúde públi-
ca e vai espalhar as práticas institucionais. Constitui-se como uma tarefa prin-
cipal do médico ser o tomador de decisões sobre os mais aptos para a produção,
de acordo com livros-textos básicos para o exercício profissional de Medicina
do Trabalho (SCHÜLLER SOBRINHO, 1995).

4.2  Norma Regulamentadora 9


A NR 9 trata dos Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), esta-
belecendo a obrigatoriedade de elaboração e implementação desse programa
com objetivo de preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. A
preservação da saúde dos funcionários é baseada no princípio da antecipação,
reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais existentes ou que
venham a existir, considerando a proteção do meio ambiente e dos recursos
naturais (BRASIL, 1978).
Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos
existentes no ambiente corporativo que, devido a sua natureza, concentração,
intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do
trabalhador. Exemplos de agentes físicos são os ruídos, as vibrações, as tem-
peraturas extremas e as radiações. Os agentes químicos podem ser solventes,

46 • capítulo 4
ácidos, bases, poeiras e gases. As bactérias, os fungos, os vírus e os protozoários
são exemplos de agentes biológicos. As ações relacionadas ao PPRA como ela-
boração, aplicação, acompanhamento e avaliação do PPRA poderão ser realiza-
das pelo SESMT ou por pessoa ou equipe que sejam capazes de desenvolvê-lo,
sendo que dentre os documentos devem conter, no mínimo um planejamento
anual, cronograma, estratégias, forma de registro e divulgação de dados, avalia-
ção periódica do PPRA (BRASIL, 1978).
A NR 9 traz algumas particularidades quanto a avaliação de risco, nas quais
ressalta-se:

Avaliação Preliminar da Exposição


3.1. Deve ser realizada avaliação preliminar da exposição às VMB e VCI, no
contexto do reconhecimento e da avaliação dos riscos, considerando-se também os
seguintes aspectos:
a) ambientes de trabalho, processos, operações e condições de exposição;
b) características das máquinas, veículos, ferramentas ou equipamentos de trabalho;
c) informações fornecidas por fabricantes sobre os níveis de vibração gerados por
ferramentas, veículos, máquinas ou equipamentos envolvidos na exposição,
d) condições de uso e estado de conservação de veículos, máquinas, equipamentos
e ferramentas, incluindo componentes ou dispositivos de isolamento e amortecimento
que interfiram na exposição de operadores ou condutores;
e) características da superfície de circulação, cargas transportadas e velocidades
de operação, no caso de VCI;
f) estimativa de tempo efetivo de exposição diária;
g) constatação de condições específicas de trabalho que possam contribuir para o
agravamento dos efeitos decorrentes da exposição;
h) esforços físicos e aspectos posturais;
i) dados de exposição ocupacional existentes;
j) informações ou registros relacionados a queixas e antecedentes médicos
relacionados aos trabalhadores expostos. (BRASIL, 1978).

capítulo 4 • 47
4.3  Higiene do trabalho
A higiene do trabalho ou higiene ocupacional trata-se de um conjunto de me-
didas preventivas relacionadas ao ambiente do trabalho, com o objetivo de mi-
nimizar os acidentes do trabalho e as doenças ocupacionais de maneira ativa.
A análise ergonômica do ambiente de trabalho é um exemplo de atividade re-
lacionada com a higiene do trabalho, para eliminação os riscos e redução do
absenteísmo. A análise da higiene do trabalho permite identificação e propo-
sição de mudanças no ambiente empresarial, com a finalidade de realizar ade-
quações e melhorias que resultam, consequentemente, no aumento da produ-
tividade, motivação e satisfação do trabalhador e redução de outros tipos de
absenteísmo, alheios às doenças ocupacionais (SOUNIS, 1991).
Dentre as ações que podem ser executadas na higiene do trabalho, estão as
auditorias de higiene do trabalho, o acompanhamento técnico e as avaliações
qualitativas e quantitativas dos riscos ambientais. Os principais riscos físicos ve-
rificados nas organizações são a temperatura (calor e frio), os ruídos, radiações,
umidade e vibrações. Já os riscos químicos são a poeira, os vapores, os gases e as
névoas. Os riscos biológicos podem ser fungos, bactérias e parasitas. Além disso,
existem os riscos ergonômicos e riscos de acidentes (SOUNIS, 1991).
A associação profissional de higienistas industriais, conhecida como
ACGIH (do inglês American Conference of Governmental Industrial Hygienists)
tem como objetivos promover a proteção dos trabalhadores, fornecendo infor-
mações científicas objetivas aos profissionais de saúde ocupacional e ambien-
tal. A ACGIH atua em 11 diferentes comitês com tópicos de segurança e saúde
agrícola, instrumentos de amostragem de ar, bioaerossóis, limites de exposi-
ção biológica, computação, ventilação industrial, agentes infecciosos, empre-
sas de pequeno porte, limites de exposição ocupacional dos agentes químicos
e físicos (TACHIBANA, 2009).
Um dos conceitos básicos da higiene do trabalho são os limites de exposi-
ção ocupacional para substâncias químicas (do inglês Threshold Limit Value –
TLV), os quais se referem às concentrações das substâncias químicas dispersas
na atmosfera e que a maioria dos trabalhadores podem estar expostos continua
e diariamente, sem apresentar efeitos adversos à saúde. A lista de TLVs inclui
cerca de 600 substâncias químicas e agentes físicos e mais de 30 índices de ex-
posição biológicos (BEIs) para produtos químicos utilizados com frequência na

48 • capítulo 4
indústria. O controle de risco à saúde é realizado com base nos TLVs e BEI, para
prática de higiene industrial nos ambientes de trabalho e devem ser aplicadas
por pessoa devidamente treinada (TACHIBANA, 2009).

4.4  Norma Regulamentadora 15


A NR 15 apresenta os assuntos relacionados com as atividades e operações in-
salubres, realizadas em ambientes que podem oferecer riscos significativos aos
trabalhadores. Os limites de tolerância, conceituados pela NR 15, são as concen-
trações ou intensidades máximas ou mínimas toleráveis, de acordo com o tipo de
agente ao qual se está exposto (agente químico, físico, biológico, por exemplo) e
com o tempo de exposição. Por tolerância entende-se a não ocorrência de dano à
saúde do trabalhador, durante sua vida laboral. As atividades ou operações insa-
lubres são aquelas desenvolvidas acima dos limites de tolerância ou que expõe o
trabalhador a agentes físicos, químicos ou biológicos (BRASIL, 1978).
Periodicamente são realizadas inspeções nos locais de trabalho por profis-
sional competente, documentadas por laudo de inspeção contendo os riscos
específicos de exposição do trabalhador. Por meio das inspeções é possível
constatar que a atividade executada é insalubre, ou seja, compromete a saú-
de do trabalhador pela presença de agentes agressivos ou acima dos limites de
tolerância permitidos pelas normas técnicas. O trabalhador exposto a um am-
biente insalubre tem a garantia de recebimento de percentual que incide sobre
seu pagamento, sendo de 40% para insalubridade de grau máximo, 20% para
insalubridade de grau médio e 10% para insalubridade de grau mínimo.
Verificando a insalubridade do local de trabalho, é possível que se busque
a neutralização ou eliminação do agente agressor, por meio da adoção de me-
didas que mantenham o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerân-
cia ou adoção do uso de EPI adequado e eficaz para eliminação da exposição
ao agente agressor. Porém, quando não é possível se eliminar ou neutralizar o
agente agressor, autoridade competente analisará o laudo técnico do engenhei-
ro ou médico do trabalho para poder fixar o valor do adicional de insalubridade
aos trabalhadores. Avaliação por perícia é necessária para constatar a efetiva
eliminação ou neutralização dos riscos, podendo, assim, suspender o benefício
(BRASIL, 1978).

capítulo 4 • 49
ATIVIDADES
01. Quais as diferenças entre a medicina tradicional e a medicina do trabalho?

02. Quais são os princípios do PPRA?

03. Quais as ações de higiene do trabalho podem ser executadas nas organizações?

04. Qual a importância de se conhecer o TLV para os profissionais que atuam em locais com
risco ocupacional?

05. Relate a importância das inspeções no trabalho no sentido de averiguar situa-


ções insalubres.

REFLEXÃO
A partir da leitura do Capítulo IV, você observou a que as atividades executadas pelos tra-
balhadores podem apresentar riscos à sua saúde, sendo necessária a constante inspeção
dos estabelecimentos e o acompanhamento de um profissional de saúde frequente. A partir
dessa leitura é possível refletir as ações dos gestores na prevenção e controle dos riscos
ocupacionais, com o objetivo de melhorar o ambiente de trabalho e garantir locais de atuação
saudáveis aos seus funcionários.

LEITURA
Leitura do documento “Guia Técnico de Riscos Biológicos”.
Disponível em
http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BD96D6A012BE3D0C5552065/
guia_tecnico_cs3.pdf

50 • capítulo 4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério de Estado do Trabalho. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V,
Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Portaria
MTB nº 3.214, de 08 de Junho de 1978 – D.O.U. Brasília, DF. 1978.
SCHÜLLER SOBRINHO, O. Temas de Ciências Sociais. In: VIEIRA, S. I. Medicina básica do trabalho.
Curitiba: Gênesis, 1995, v.4.
SOUNIS, E. Manual de higiene e medicina do trabalho. São Paulo: Ícone, 496 p., 1991.
TACHIBANA, I. K. Instrumentação em higiene ocupacional em uma pedreira na Região Metropolitana
de São Paulo. 2009. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mineral) - Escola Politécnica, Universidade
de São Paulo, 2009.

capítulo 4 • 51
52 • capítulo 4
5
Periculosidade e
Perícia Trabalhista
Seja bem-vindo ao Capítulo V da disciplina de Saúde e Segurança no Trabalho!
Nesse capítulo vamos estudar a periculosidade das atuações profissionais e a
perícia trabalhista. Os principais conceitos relacionados com as atividades que
oferecem perigos aos trabalhadores serão categorizados e esclarecidos.
Além disso, vamos nos debruçar sobre um vasto conhecimento dos agravos
na saúde do trabalhador exposto aos perigos inerentes à sua ocupação, lesões,
danos e perdas para a saúde.
Vamos aprender a realizar os cálculos de taxa de frequência dos acidentes,
de acordo com as normativas nacionais e entender sua aplicação prática no co-
tidiano das empresas.
Por fim, estudaremos as legislações nacionais e internacionais referentes à
Saúde e Segurança do trabalho, com suas particularidades e aspectos históri-
cos, para aprofundar seus conhecimentos e entendimentos do dinâmico tema
de nossa disciplina.
Serão apresentados os conceitos associados com a periculosidade e perí-
cia trabalhista, no sentido de auxiliar ao aluno a compreensão desse complexo
tema. Em seguida vamos nos apropriar da nomenclatura usual relativa às le-
sões e agravos à saúde decorrentes de acidentes e doenças ocupacionais. Por
fim vamos entender as legislações nacionais e internacionais sobre a ciência
de SST.

OBJETIVOS
•  Aprender os detalhes relacionados com a periculosidade do trabalho.
•  Entender quais são as etapas da perícia trabalhista.
•  Compreender as legislações vigentes sobre Saúde e Segurança do Trabalho no Brasil e
no mundo.

54 • capítulo 5
5.1  Norma Regulamentadora 16
A NR 16 trata de assuntos relacionados às atividades e operações perigosas, ou
seja, as atividades que oferecem perigo ao trabalhador e ao ambiente de traba-
lho. Essas atividades são classificadas em três categorias, sendo:
•  Explosivos: substâncias ou misturas de substâncias que, quando exci-
tadas por algum agente externo, são capazes de decompor-se quimicamente
gerando considerável volume de gases a altas temperaturas. Estas reações de
decomposição podem ser iniciadas por agentes mecânicos (pressão, atrito,
impacto, vibração etc.) pela ação do calor (aquecimento, faísca, chama etc.) ou
ainda pela ação de outro explosivo (espoletas, boosters, ou outros iniciadores).
São substâncias capazes de rapidamente transformarem-se em gases, produ-
zindo calor intenso e pressões elevadas.
•  Inflamáveis: Líquido inflamável é todo produto que possua ponto de ful-
gor inferior a 70 °C e pressão de vapor absoluta que não exceda a 2,8 kgf/cm², a
37,7 ° C; líquido combustível é todo produto que possua ponto de fulgor igual
ou superior a 70 ° C e inferior a 93,3 ° C. Entende-se por ponto de fulgor como a
menor temperatura em que uma substância entra em combustão.
•  Radioativos: substâncias capazes de emitir radiações. As radiações emiti-
das pelas substâncias podem ser de partículas alfa, beta e raios gama.

A NR determina que operações de transporte, tanto de inflamáveis líquidos


como gasosos liquefeitos em pequenas quantidades (até 200 litros e 135 quilos)
estão excluídas de periculosidade. O uso de combustíveis inflamáveis em veí-
culos particulares ou de trabalho, mesmo que em grande quantidade não são
considerados para efeito desta norma. O empregador é responsável por delimi-
tar as áreas que possuam risco. Os componentes perigosos, explosivos, infla-
máveis e radioativos possuem elevado potencial de causar acidentes e grandes
tragédias. Portanto, deve-se atentar ao que consta na norma, e também os EPIs
indicados, cuidados no manuseio, transporte, armazenamento e aplicação de
cada substância, ainda que seja em pequena proporção.

capítulo 5 • 55
5.2  NBR 14280
A NBR 14280 é uma norma elaborada pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) que aborda o Cadastro de Acidente do Trabalho (CAT), com
objetivo de fixar critérios para registro, comunicação, investigação e análise de
acidentes do trabalho, bem como suas causas e consequências em quaisquer
atividades ocupacionais.
Alguns conceitos são importantes, como a lesão pessoal, que é qualquer dano
sofrido pelo ser humano, como consequência de acidente do trabalho. A nature-
za da lesão é determinada pelas características principais da lesão. Lesão imedia-
ta trata-se da lesão que se manifesta no momento do acidente e a lesão tardia ou
mediata é aquela que não se manifesta imediatamente após o acidente. Entende-
se por tempo computado o tempo contado em dias perdidos pelos acidentados
mais os dias debitados pelos acidentados vítimas de morte ou incapacidade per-
manente. O prejuízo material decorre de danos materiais ou perda de tempo,
ambos resultantes de acidente do trabalho, inclusive danos ao meio ambiente.
As horas-homem de exposição ao risco de acidente são a somatória das horas
durante as quais os empregados trabalham, em determinado período de tempo.
O cálculo de horas-homem em exposição ao risco é feito pela somatória das
horas de trabalho de cada empregado. Por exemplo, 25 homens trabalhando
cada um, 200 h por mês, totalizam 5 000 horas-homem. Quando o número de
horas trabalhadas varia de grupo para grupo, calculam-se os vários grupos so-
mados para obtenção do resultado final.
As taxas de frequência de acidentes devem ser calculadas com a seguin-
te fórmula:
N ×1 000 000
FA =
H
Onde: FA = taxa de frequência; N = número de acidentes; H = horas-homem
de exposição ao risco.
A taxa de frequência de acidentados com lesão e afastamento deve ser calcu-
lada com a seguinte fórmula:
N L ×1 000 000
FL =
H
Onde: FL = taxa de frequência de acidentados com lesão e afastamento;
NL = número de acidentados com lesão e afastamento; H = horas-homem de
exposição ao risco.

56 • capítulo 5
A partir dessas análises é possível que a empresa verifique as causas de ocor-
rência ou aumento do número de acidentados com afastamento. O registro é
extremamente importante por seu caráter informativo sobre o grau de risco e
qualidade dos serviços de prevenção, permitindo, ainda, avaliar a variação da
relação existente entre acidentados com afastamento e sem afastamento.
As empresas podem realizar levantamento do custo não segurado, onde se
consideram as despesas com reparo ou substituição de equipamentos, serviços
assistenciais não segurados, horas extras em decorrência do acidente, custos
jurídicos, prejuízo decorrente da queda de produção (seja pela interrupção do
funcionamento do equipamento ou pela operação a qual o acidentado estava
incumbido), dentre outros.

5.3  Legislação de segurança e medicina do


trabalho

A Constituição da República Federativa do Brasil preconiza que a saúde é um


direito de todos os cidadãos e dever garantido pelo Estado mediante políticas
sociais e econômicas, que visem à redução do risco de doença e outros agravos
(BRASIL, 1988). Essa determinação tem servido de base para diversas deman-
das sociais, como ambientes de trabalho mais saudáveis, diminuição da jorna-
da de trabalho e demais obrigações dos empregadores.
Além disso, estabeleceu-se com a Constituição a jornada de seis horas para
o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação
coletiva, o repouso semanal remunerado, o gozo de férias anuais remuneradas
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal, o seguro contra
acidentes de trabalho, a proibição de trabalho noturno, perigoso, ou insalubre
a menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir dos 14 anos (CHAGAS; SALIM; SERVO, 2011).
A abolição da escravatura e o advento do trabalho assalariado foram acom-
panhados da criação da legislação trabalhista no Brasil, sendo que o princi-
pal documento normativo é a CLT (CHAGAS; SALIM; SERVO, 2011). Fazem-se
necessários alguns conceitos para conhecimento, como o empregador, que é
empresa (individual ou coletiva) que, assumindo os riscos da atividade econô-
mica, contrata, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Exemplos são

capítulo 5 • 57
os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recrea-
tivas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitem trabalhadores
como empregados. É denominado empregado todo indivíduo (pessoa física)
que prestar serviços não eventuais ao empregador, sob a dependência deste e
mediante pagamento de salário (BRASIL, 1943).
O profissional empregado doméstico é todo indivíduo que presta serviço
de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou família em sua re-
sidência. Denomina-se trabalhador autônomo aquele que presta serviço de na-
tureza urbana ou rural, em caráter eventual (sem caráter de emprego), a uma
ou mais empresas, ou pessoa física que exerce atividade econômica por conta
própria (BRASIL, 1999).
É conhecido como estagiário o indivíduo que está desenvolvendo uma ati-
vidade educativa escolar supervisionada em uma empresa ou outro ambiente
de trabalho, visando à preparação para o trabalho produtivo de estudantes que
estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior,
profissional, de ensino médio, de educação especial e dos anos finais do ensino
fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. Os
estagiários, embora exerçam atividade com subordinação, não são emprega-
dos. Eles estão sujeitos aos riscos ocupacionais como os demais funcionários,
pois desenvolvem atividades nos mesmos locais que estes. Logo, a legislação
em vigor determina a aplicação das normas vigentes de SST ao contrato de está-
gio, de acordo com a Lei n 11.788, de 25 de setembro de 2008.
O Brasil possui diversas leis, decretos, convenções, instruções normativas e
portarias, todas relacionadas à segurança e saúde no trabalho, dentre as quais se
destacam a lei nº 5.889 de 1973 a qual designa normas reguladoras do trabalho
rural, a lei nº 7.410 de 1985 que dispõe sobre a especialização de Engenheiros
e Arquitetos em Engenharia de Segurança do Trabalho, a Profissão de Técnico
de Segurança do Trabalho e a lei nº 9.719 de 1998 que dispõe sobre normas e
condições gerais de proteção ao trabalho portuário, institui multas pela inob-
servância de seus preceitos.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência especializada
nas questões do trabalho ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), ela-
bora convenções importantes para a normatização em Saúde e Segurança no
Trabalho (SST). Entre os objetivos da OIT está a melhoria das condições de vida
e proteção à saúde de todos os trabalhadores. Além disso, essa organização
desempenhou e ainda desempenha papel de extrema relevância na difusão e

58 • capítulo 5
padronização de normas e condutas na área ocupacional. A OIT elaborou diver-
sas convenções das quais o Brasil ratificou a maioria, estando entre os países
que mais seguem as convenções da OIT (CHAGAS; SALIM; SERVO, 2011).
Com o objetivo de atender as recomendações da OIT, modificações foram
realizadas na CLT. Em 8 de junho de 1978 foi aprovada a Portaria MTb n° 3.214
(BRASIL, 1978), composta de 28 Normas Regulamentadoras (NRs). Atualmente
estão disponíveis 36 NRs. As NRs são um conjunto de requisitos e procedimen-
tos relativos à segurança e medicina do trabalho, obrigatórias às empresas tan-
to privadas quanto públicas e órgãos do governo que possuam empregados re-
gidos pela CLT. As NRs atuais são:
•  NR 01 – Disposições Gerais;
•  NR 02 – Inspeção Prévia;
•  NR 03 – Embargo ou Interdição;
•  NR 04 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho – SESMT;
•  NR 05 – NR-5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA;
•  NR 06 – Equipamentos de Proteção Individual – EPI;
•  NR 07 – Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO;
•  NR 08 – Edificações;
•  NR 09 – Programas de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA;
•  NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade;
•  NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio
de Materiais;
•  NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos;
•  NR 13 – Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações;
•  NR 14 – Fornos;
•  NR 15 – Atividades e Operações Insalubres;
•  NR 16 – Atividades e Operações Perigosas;
•  NR 17 – Ergonomia;
•  NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria
da Construção;
•  NR 19 – Explosivos;
•  NR 20 – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis;
•  NR 21 – Trabalho a Céu Aberto;
•  NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração;
•  NR 23 – Proteção Contra Incêndios;

capítulo 5 • 59
•  NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho;
•  NR 25 – Resíduos Industriais;
•  NR 26 – Sinalização de Segurança;
•  NR 27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB;
•  NR 28 – Fiscalização e Penalidades;
•  NR 29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário;
•  NR 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário;
•  NR 31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária
Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura;
•  NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde;
•  NR 33 – Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados;
•  NR 34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção e Reparação Naval;
•  NR 35 – Trabalho em Altura;
•  NR 36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e
Processamento de Carnes e Derivados.

As NRs vão sendo atualizadas conforme os meios de trabalho vão se conso-


lidando, com o objetivo de preservar a saúde dos trabalhadores, bem como o
meio ambiente.

ATIVIDADES
01. Cite algumas das responsabilidades do empregador frente aos assuntos referentes
à periculosidade.

02. Quais são os objetivos da NBR 14280?

03. O que é lesão pessoal?

04. Qual a importância de realizar cálculos de taxa de frequência de acidentes?

05. Quais foram os acontecimentos que motivaram a criação das leis trabalhistas?

60 • capítulo 5
REFLEXÃO
A partir da leitura deste capítulo, você observou as situações de periculosidade no trabalho,
como o manuseio e transporte de substâncias perigosas. Além disso, você pode observar
a normativa relacionada com a notificação dos acidentes do trabalho. Notou-se, também, a
importância do dos cálculos de taxa de frequência de acidentes para as organizações.

LEITURA
Documento eletrônico “Periculosidade, insalubridade e penosidade no ambiente de trabalho”
da Secretaria de Recursos Humanos do Senado.
Disponível em
http://www.senado.gov.br/senado/portaldoservidor/jornal/jornal107/sau-
de_insalubridade.aspx

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14280: Cadastro de acidente do trabalho
- Procedimento e classificação. Rio de Janeiro, 2000.
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho.
Câmara dos Deputados. 1943. Legislação Federal e marginália.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado
Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.
BRASIL. Ministério de Estado do Trabalho. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V,
Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Portaria
MTB nº 3.214, de 08 de Junho de 1978 – D.O.U. Brasília, DF. 1978.
CHAGAS, A. M. R.; SALIM, C. A.; SERVO, L. M. S. Saúde e segurança no trabalho no Brasil: aspectos
institucionais, sistemas de informação e indicadores. Brasília: Ipea, p.396, 2011.
MENDES, R.; DIAS, E. C. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Rev Saúde pública, São
Paulo, v.25, p.341-9, 1991.

capítulo 5 • 61
GABARITO
Capítulo 1

01. Perigo é a fonte ou a situação que possui potencial de provocar danos aos trabalhadores
em termos de lesão ou doença. Risco é a combinação da probabilidade de ocorrência de um
evento perigoso com a exposição ao agente causador.
02. O aumento da demanda por trabalho em fábricas ocorrido durante o período da Re-
volução Industrial alavancou o número de trabalhadores. No entanto, o acontecimento de
acidentes frequentes levou os trabalhadores a se organizarem e os gestores a criarem nor-
mas de segurança do trabalho, que ao passar do tempo foram aprimoradas e ainda hoje são
atualizadas de acordo com o cenário atual das empresas.
03. Cansaço, excesso de trabalho, problemas fora do ambiente de trabalho (de ordem social
e familiar), problemas dentro do ambiente de trabalho.
04. Saturnismo - doença causada pela exposição ao chumbo que pode estar presente em
tintas, poeiras de construções, combustíveis. Silicose - doença pulmonar causada pela expo-
sição prolongada à sílica.
05. Na concepção de layouts que respeitem a postura do trabalhador, na contratação de
fisioterapeutas e educadores físicos para aplicarem exercícios laborais que estimulem a cir-
culação sanguínea e a postura dos trabalhadores.

Capítulo 2

01. Acidentes típicos são aqueles que ocorrem devido às características da atividade laboral
do trabalhador acidentado.
02. Prevenção de práticas inseguras que podem vir a causar acidente com lesão, maior inte-
resse da gerência nos programas que reduzam as perdas, diminua os atrasos na produção e
contenção de gastos, justificativa para formação de equipe de SST nas empresas.
03. Trabalhar sem que os dispositivos de segurança estejam funcionando, com ferramentas
improvisadas e distrair-se ou brincar no local de trabalho.
04. Os ferimentos, fraturas e traumatismos superficiais do punho e da mão (membros supe-
riores) foram as principais lesões notificadas no sistema de registros do Ministério da Previ-
dência Social. Esse resultado pode ser atribuído ao uso constante dos membros superiores
no desenvolvimento das tarefas.
05. Nos casos em que o empregado ficou incapacitado de desempenhar suas funções habi-
tuais por mais de 15 dias, em decorrência das lesões provocadas pelo acidente do trabalho.

62 • capítulo 5
Capítulo 3

01. Não, não bastam apenas os treinamentos se não houver mudanças e adequações nos
processos produtivos. O ideal é a associação de diversas medidas preventivas, visando à
melhoria contínua dos ambientes e da organização do trabalho.
02. As empresas devem respeitar a distância de no máximo 5.000 metros entre aquele em
que se situa o serviço e cada um dos demais.
03. Grau de risco 1, 2, 3 e 4, de acordo com o tipo de atividade desenvolvida e com o dimen-
sionamento da empresa.
04. A prevenção de acidentes e doenças do trabalho, buscando tornar o trabalho realizado
compatível com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
05. É o dispositivo de uso individual utilizado pelo trabalhador com a finalidade de protegê-lo
dos riscos que venham a ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Os exemplos seriam
luvas, máscara e capacete.

Capítulo 4

01. Na prática da medicina tradicional o profissional atua de maneira autônoma e indepen-


dente, aplicando seus conhecimentos e esforços em prol da saúde do indivíduo. Na medicina
do trabalho a atuação está atrelada à instituição na qual o profissional exerce função, ou seja,
ao empregador e aos interesses da corporação.
02. Princípio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do controle dos riscos am-
bientais existentes ou que venham a existir, considerando a proteção do meio ambiente e
dos recursos naturais.
03. Exemplos de ações de higiene do trabalho são as auditorias, o acompanhamento técni-
co e as avaliações qualitativas e quantitativas dos riscos ambientais.
04. O conhecimento dos limites das concentrações das substâncias químicas dispersas na
atmosfera aos quais os trabalhadores podem estar expostos, de maneira contínua e diária,
sem apresentar efeitos adversos à saúde.
05. A partir das inspeções é possível constatar se a atividade executada é insalubre, ou seja,
compromete a saúde do trabalhador pela presença de agentes agressivos ou acima dos
limites de tolerância permitidos pelas normas técnicas.

Capítulo 5

01. O empregador é responsável por delimitar as áreas que possuam risco e fornecer os
EPIs adequados à atividade.

capítulo 5 • 63
02. Estabelecer critérios para registro, comunicação, investigação e análise de acidentes
do trabalho, bem como suas causas e consequências em quaisquer atividades ocupacionais.
03. Lesão pessoal é qualquer dano sofrido pelo ser humano, como consequência de aci-
dente do trabalho.
04. A partir desse cálculo, é possível que a empresa verifique as causas de ocorrência ou
aumento do número de acidentados com afastamento.
05. A partir da Revolução Industrial houve aumento dos acidentes do trabalho e de mortes
devido ao esforço. Além disso, no Brasil, a abolição da escravatura e advento do trabalho
assalariado motivaram a criação de leis trabalhistas.

64 • capítulo 5

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