You are on page 1of 179

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
MESTRADO ACADÊMICO EM GEOGRAFIA

FILIPE MACIEL DE MOURA

ANÁLISE GEOESPACIAL DE DADOS MULTIESPECTRAIS NO ESTUDO


TEMPORAL DA LINHA DE COSTA DA PRAIA DE PARAJURU, CEARÁ-
NORDESTE DO BRASIL

FORTALEZA-CEARÁ
2018
FILIPE MACIEL DE MOURA

ANÁLISE GEOESPACIAL DE DADOS MULTIESPECTRAIS NO ESTUDO TEMPORAL


DA LINHA DE COSTA DA PRAIA DE PARAJURU, CEARÁ-NORDESTE DO BRASIL

Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de


Mestrado Acadêmico em Geografia do Programa de
Pós-Graduação em Geografia do Centro de Ciências
e Tecnologia da Universidade Estadual do Ceará,
como requisito parcial à obtenção do título de mestre
em Geografia. Área de Concentração: Análise
Geoambiental e Ordenação do Território nas
Regiões Semiáridas e Litorâneas.

Orientador: Prof. Dr. Fábio Perdigão Vasconcelos


Coorientadora: Profª. Dra. Adryane Gorayeb

FORTALEZA-CEARÁ
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Sistema de Bibliotecas

Moura, Filipe Maciel de.


Análise geoespacial de dados multiespectrais no
estudo temporal da linha de costa da praia de
Parajuru, Ceará-Nordeste do Brasil [recurso
eletrônico] / Filipe Maciel de Moura. - 2017.
1 CD-ROM: il.; 4 ¾ pol.

CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do


trabalho acadêmico com 178 folhas, acondicionado em
caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm).

Dissertação (mestrado acadêmico) - Universidade


Estadual do Ceará, Centro de Ciências e Tecnologia,
Programa de Pós-Graduação em Geografia, Fortaleza,
2017.
Área de concentração: Geografia.
Orientação: Prof. Dr. Fábio Perdigão Vasconcelos.
Coorientação: Prof.ª Ph.D. Adryane Gorayeb.

1. Sensoriamento Remoto. 2. Digital Shoreline


Analysis System. 3. Método do Polígono de Mudança. 4.
Linha de Costa. 5. Spit Arenoso. I. Título.
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Ciência, por me proporcionar o contanto com a imensidão de teorias e


conceituações que a compõem, e, acima disso, demonstrar que ser intelectual não é apenas se
julgar superior, mas reconhecer que ainda se tem muito a aprender e que a caminhada em
busca do conhecimento é longa e espinhosa, sendo o ser coletivo muito mais importante que o
individual, e, acima de tudo isso, por ensinar a reprimir o meu eu preconceituoso.
Á minha família, por todo amor e apoio para comigo.
Agradeço, especialmente, à Gabriela, minha esposa, companheira, amor e amiga, que esteve e
está sempre ao meu lado, apoiando-me e auxiliando nas decisões tomadas.
Agradeço a meu irmão, Maciel de Moura, pelo incessante auxílio durante todo o
desenvolvimento deste trabalho, sem o qual este sonho não seria possível.
A meu orientador, professor Fábio Perdigão, por me receber tão bem no laboratório,
auxiliando-me assiduamente no desenvolvimento desta investigação.
Gostaria de agradecer imensamente à minha coorientadora, professora Dra. Adryane Gorayeb,
pela orientação, apoio e incentivo, não só durante a realização desta pesquisa, mas no dia a dia
acadêmico, como coordenadora do Laboratório de Geoprocessamento da Universidade
Federal do Ceará (Labocart - UFC). A você, professora, toda minha gratidão pela amizade,
confiança, paciência e pelo incentivo.
Tenho gratidão especial e imensurável à professora Claudia Maria Magalhães Grangeiro, que
me acolheu e me conduziu, abrindo horizontes e perspectivas ao longo do desenvolvimento
deste trabalho, sempre me aconselhando com dedicação e uma educação que jamais verei
outra vez, sem desmerecer os demais profissionais. A dor de sua partida será sentida para
sempre, mas, acima disso, o sentimento de gratidão pela sua generosidade e respeito para com
os outros será sempre lembrado, querida professora Claudia.
Aos meus amigos, que, apesar da distância, estão sempre no meu pensamento.
Ao CNPq, pelo financiamento desta pesquisa.
Aos demais familiares, amigos e pessoas que conheci e convivi e que me ajudaram, direta ou
indiretamente, na realização deste trabalho.

.
“...os comunistas não se rebaixam a ocultar suas
opiniões e os seus propósitos. Declaram abertamente
que os seus objetivos só poderão ser alcançados pela
derrubada violenta de toda ordem social existente.
Que as classes dominantes tremam à idéia de uma
revolução comunista. Nela, os proletários nada tem a
perder a não ser suas prisões, tem um mundo a
ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!...”
(Karl Marx)

“...nada melhor seria, supostamente, se cada um, ao


praticar uma legítima especialização, cultivar
laboriosamente seu jardim, se esforçar o quanto
menos em seguir a obra do vizinho. Mas os muros
são tão altos que tapam a vista. Todavia, quantas
sugestões preciosas sobre métodos e interpretações
dos fatos, quantas aquisições culturais, quanto
progresso na intuição nasceriam em diversos grupos,
de intercâmbios intelectuais mais frequentes! O
porvir da história .... é a esse preço, e também a justa
inteligência dos fatos que a manhã serão história.
Pretendemos nos levantar contra estas terríveis
cismas...”

(Lucien Paul Victor Febvre)


RESUMO

Os estudos quali-quantitativos das variações morfológicas da linha de costa são parâmetros


largamente adotados na determinação de ciclos erosivos ou progradacionais, constituindo-se
um dado essencial na gestão, mitigação e prevenção de riscos na zona costeira. A aplicação
da análise geoespacial em dados multiespectrais, vislumbrando o conhecimento dessas
variações morfológicas, tem sido intensamente aplicada, uma vez que essa possibilita a
adoção de uma escala temporal passada, presente e a projeção de cenários futuros. Com base
nessas premissas, o objetivo desta dissertação é realizar a análise da evolução da linha de
costa de um sistema costeiro arenoso, a partir da aplicação dos métodos Change Polygon
(Polígono de mudança) e Digital Shoreline Analysis System (DSAS). Os materiais e métodos
consistiram na utilização de dados da série Landsat 2, 5 e 8, delimitados temporalmente entre
1979 e 2016, compreendendo um horizonte de dados de 38 anos. Esses dados foram
submetidos a técnicas de sensoriamento remoto no software ArcGis® versão 10.0, para
determinação da evolução da linha de costa. A área de estudo está localizada na região de
Parajuru, no município de Beberibe, estado do Ceará, Nordeste do Brasil. Trata-se de um
sistema costeiro arenoso que compreende três diferentes subsistemas: spit arenoso, praia
arenosa abrigada e praia arenosa exposta. Foram identificados trechos de erosão e acresção
sedimentar para os diferentes períodos analisados. Para o setor 1 de face praial exposta, que
compreende o spit arenoso, com o DSAS constatou-se, para o período chuvoso, uma taxa de
variação média de -11,59 (m/ano). Para o período seco, a taxa de variação média foi da ordem
de -9,22 (m/ano). Com o método polígono de mudança, no período chuvoso, obteve-se uma
taxa de variação média da ordem de 0,01 m e, no período seco, 0,02 m. Para o setor 2 de face
praial abrigada, com o DSAS constatou-se, no período chuvoso, uma taxa de variação média
de -4,24 (m/ano). Para o período seco, a taxa de variação média foi da ordem de -2,90
(m/ano). Com o método polígono de mudança, no período chuvoso, obteve-se uma taxa de
variação média da ordem de 0,0010 m e, no período seco, 0,015 m. Por fim, para o setor 3 de
face praial exposta, com o DSAS constatou-se, para o período chuvoso, uma taxa de variação
média de -0,68 (m/ano). Para o período seco, a taxa de variação média foi da ordem de -5,59
(m/ano). Com o método polígono de mudança, no período chuvoso, obteve-se uma taxa de
variação média da ordem de 0,0012 m e, no período seco, 0,027m. Constatou-se a
predominância das tendências erosivas, as quais provavelmente estão relacionadas a
intervenções antrópicas, como barragens e estruturas físicas para carcinicultura ao longo do
leito fluvial do rio Pirangi, diminuindo o aporte de sedimentação continental, além de eventos
naturais, como as ondas de alta energia.

Palavras-chave: Sensoriamento Remoto. Digital Shoreline Analysis System. Método do


Polígono de Mudança. Linha de Costa. Spit Arenoso.
ABSTRACT

Qualitative studies from the morphological variations of the coastline are widely adopted in
the determination of erosive or progradational cycles, constituting an essential element in the
management, mitigation, and prevention of risks in the coastal zone. The application of the
geospatial analysis in multispectral data, glimpsing the knowledge of these morphological
variations, has been intensely applied since it allows an adoption of a past, present, and future
scenario’s scale. Based on these premises, this dissertation’s aim is to perform an analysis on
the coastline development of a sandy coastal system stemming from the application of the
change polygon method and the Digital Shoreline Analysis System (DSAS). The materials
and methods consist on the use of Landsat 2.5 and 8 data, delimited temporally between 1979
and 2016, comprising a data horizon of 38 years. These data were submitted to remote sensing
techniques, without ArcGis® software version 10.0, to determine the evolution of the
coastline. The study area is located in the region of Parajuru, in the city of Beberibe, state of
Ceará, Northeast from Brazil. It is a sandy coastal system that comprises three different
subsystems: sandy spit, sheltered sandy beach, and exposed sandy beach. Erosion and
sediment accretion sections were identified into the different analyzed periods. To the sector 1
of exposed beach face, which includes the sandy spit with the DSAS, a change average rate of
-11.59 (m/ year) was observed for the rainy season. To the dry period the change average rate
was from the order of -9.22 (m / year). With the change polygon method, in the rainy season,
it was obtained a variation average rate from the order of 0.01 m, and in the dry period 0.02
m. To sector 2 of the sheltered coastal area with the DSAS, a change average rate of -4.24 (m
/ year) was observed in the rainy season. To the dry period the change average rate was from
the order of -2.90 (m / year). With the change polygon method in the rainy season, it was
obtained a change average rate from the order of 0.0010 m, and in the dry period 0.015 m.
Finally, the area 3 of the beach face, exposed with the DSAS, the change average rate was of -
0.68 (m / year) to the rainy season. To the dry period the change average rate was from the
order of -5, 59 (m/ year). With the change polygon method in the rainy season, it was
obtained a change average rate from the order of 0.0012 m, and in the dry period 0.027m. It
was verified the predominance of erosive tendencies, which are probably related to anthropic
interventions, such as dams and physical structures for shrimp farming along the river bed of
the Pirangi River, reducing the contribution of continental sedimentation, as well as natural
events such as high waves energy.

Keywords: Coastline. Change Polygon Method. Digital Shoreline Analysis System. Remote
Sensing. Sandy Spit.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Componentes primários da morfodinâmica........................................... 27


Figura 2 - Representação do fenômeno de refração de ondas................................ 29
Figura 3 - Representação do fenômeno de difração de ondas................................ 29
Figura 4 - Correntes longitudinais e correntes de retorno..................................... 31
Figura 5 - Disposição perpendicular e comportamento sazonal de um perfil
praial.......................................................................................................... 34
Figura 6 - Delimitação da linha de costa (em vermelho)......................................... 37
Figura 7 - Divisão das escalas temporal e espacial na evolução costeira............... 38
Figura 8 - Ciclos de evolução costeira a partir da relação entre demanda e
oferta de sedimento................................................................................... 39
Figura 9 - Fatores atuantes na variação temporal da linha de costa..................... 40
Figura 10 - Reprodução esquemática de uma célula sedimentar............................. 41
Figura 11 - Setor de face praial abrigada na área da praia de Parajuru................ 42
Figura 12 - Setor de face praial exposta na área do spit arenoso............................. 43
Figura 13 - Setor de face praial exposta na área da praia de Parajuru.................. 43
Figura 14 - Variação da linha de costa a partir do End Point Rate......................... 51
Figura 15 - Variação da linha de costa a partir do Shoreline Change Envelope.... 52
Figura 16 - Variação da linha de costa a partir do Net Shoreline Movement........ 52
Figura 17 - Etapas do método Change Polygon......................................................... 55
Figura 18 - Representação espacial da TVLC........................................................... 56
Figura 19 - Diagrama de fluxo das etapas de análise dos dados matriciais............ 64
Figura 20 - Zonas morfológicas da faixa de praia..................................................... 85
Figura 21 - Afloramento de paleomangue na zona de estirâncio da face praial
abrigada..................................................................................................... 86
Figura 22 - Afloramento de paleomangue na zona de estirâncio da face praial
exposta....................................................................................................... 86
Figura 23 - Ciclos morfodinâmicos associados ao spit arenoso................................ 88
Figura 24 - Dunas fixas presentes na praia de Parajuru.......................................... 89
Figura 25 - Dunas móveis presentes na praia de Parajuru....................................... 89
Figura 26 - Disposição dos corredores de deflação eólica e rebdous na praia de
Parajuru..................................................................................................... 90
Figura 27 - Disposição da planície flúviomarinha do rio Pirangi............................ 91
Figura 28 - Disposição das dunas móveis na margem direita da planície
flúviomarinha do rio Pirangi................................................................... 91
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados descritivos dos setores de determinação da evolução costeira.. 21


Tabela 2 - Ondas quanto à tipologia de arrebentação............................................. 28
Tabela 3 - Trabalhos aplicados à linha de costa no contexto da região Nordeste. 49
Tabela 4 - Dados de entrada para teste da TVLC................................................... 56
Tabela 5 - Dados multiespectrais aplicados na análise multitemporal.................. 59
Tabela 6 - Principais produções bibliográficas que tratam da área de estudo..... 62
Tabela 7 - Valores médios mensais e anuais da estação Jaguaruana..................... 68
Tabela 8 - Balanço hidroclimatológico normal....................................................... 71
Tabela 9 - Estatística das precipitações (níveis mensal e anual)............................. 73
Tabela 10 - Chave de classificação numérica dos totais precipitados...................... 77
Tabela 11 - Anos padrões para o posto Aracati (1960 – 2016)................................. 79
Tabela 12 - Dados de entrada para análise da linha de costa no DSAS – Setor 1.. 100
Tabela 13 - Balanço estatístico interdecadal - Setor 1............................................... 101
Tabela 14 - Resumo estatístico interdecadal para o Setor 1 – período chuvoso..... 102
Tabela 15 - Estatísticas do DSAS no período chuvoso para o Setor 1 (1979 –
2016)........................................................................................................... 103
Tabela 16 - Resumo estatístico interdecadal para o Setor 1 – período seco............ 109
Tabela 17 - Estatísticas do DSAS no período seco para o Setor 1 (1979 – 2016).... 110
Tabela 18 - Dados de entrada para análise da linha de costa no DSAS – Setor 2.. 115
Tabela 19 - Balanço estatístico interdecadal - Setor 2............................................... 116
Tabela 20 - Resumo estatístico interdecadal para o setor 2 – período chuvoso...... 117
Tabela 21 - Estatísticas do DSAS no período chuvoso para o Setor 2 (1979 –
2016)........................................................................................................... 119
Tabela 22 - Resumo estatístico interdecadal para o setor 2 – período seco............. 125
Tabela 23 - Estatísticas do DSAS no período seco para o Setor 2 (1979 – 2016).... 126
Tabela 24 - Dados de entrada para análise da linha de costa no DSAS - Setor 3... 132
Tabela 25 - Balanço estatístico interdecadal - Setor 3............................................... 134
Tabela 26 - Resumo estatístico interdecadal para o Setor 3 – período chuvoso..... 135
Tabela 27 - Estatísticas do DSAS no período chuvoso para o Setor 3 (1979 –
2016)........................................................................................................... 136
Tabela 28 - Resumo estatístico interdecadal para o Setor 3 – período seco............ 143
Tabela 29 - Estatísticas do DSAS no período seco para o Setor 3 (1979 – 2016).... 144
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição da série pluviométrica na escala mensal (1988 - 2016).... 61


Gráfico 2 - Distribuição dos valores máximos, médios e mínimos da série
pluviométrica (1988 - 2016)...................................................................... 61
Gráfico 3 - Variação anual de temperatura média, máxima e mínima da estação
Jaguaruana................................................................................................ 68
Gráfico 4 - Relação dos valores médios, mínimos e máximos das variáveis
precipitação e temperatura...................................................................... 69
Gráfico 5 - Relação dos valores médios das variáveis evaporação e precipitação. 70
Gráfico 6 - Relação dos valores médios das variáveis umidade relativa e
temperatura............................................................................................... 70
Gráfico 7 - Extrato do balanço hídrico mensal......................................................... 72
Gráfico 8 - Balanço hidroclimatológico normal....................................................... 72
Gráfico 9 - Deficiência, excedente, retirada e reposição hídrica ao longo do ano.. 73
Gráfico 10 - Precipitações médias mensais - posto Aracati - (1960 - 2016)............... 74
Gráfico 11 - Precipitações totais anuais em relação à média da série 1960 - 2016... 75
Gráfico 12 - Distribuição pluviométrica e representatividade percentual da
quadra chuvosa - posto Aracati - (1960 - 2016)..................................... 76
Gráfico 13 - Estatística descritiva da normal climatológica (1960 - 2016)................ 78
Gráfico 14 - Classificação dos anos padrões (1960 - 2016)......................................... 78
Gráfico 15 - Variação espacial do comprimento da linha de costa - Setor 1............ 102
Gráfico 16 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período
chuvoso para o Setor 1 – EPR................................................................. 104
Gráfico 17 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
período chuvoso para o Setor 1 – LRR................................................... 105
Gráfico 18 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de
costa (m) no período chuvoso para o Setor 1 – NSM............................. 106
Gráfico 19 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período
chuvoso para o Setor 1 – SCE.................................................................. 106
Gráfico 20 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período
seco para o Setor 1 – EPR........................................................................ 111
Gráfico 21 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
período seco para o Setor 1 – LRR.......................................................... 111
Gráfico 22 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de
costa (m) no período seco para o Setor 1 – NSM................................... 113
Gráfico 23 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período seco
para o Setor 1 – SCE................................................................................ 113
Gráfico 24 - Variação espacial do comprimento da linha de costa - Setor 2............ 117
Gráfico 25 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período
chuvoso para o Setor 2 – EPR................................................................. 120
Gráfico 26 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
período chuvoso para o Setor 2 – LRR................................................... 121
Gráfico 27 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de
costa (m) no período chuvoso para o Setor 2 – NSM............................. 123
Gráfico 28 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período
chuvoso para o Setor 2 – SCE.................................................................. 123
Gráfico 29 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período
seco para o Setor 2 – EPR........................................................................ 127
Gráfico 30 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
período seco para o Setor 2 – LRR.......................................................... 128
Gráfico 31 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de
costa (m) no período seco para o Setor 2 – NSM................................... 130
Gráfico 32 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período seco
para o Setor 2 – SCE................................................................................ 130
Gráfico 33- Variação espacial do comprimento da linha de costa - Setor 3............ 135
Gráfico 34 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período
chuvoso para o Setor 3 – EPR................................................................. 138
Gráfico 35 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
período chuvoso para o Setor 3 – LRR................................................... 140
Gráfico 36 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de
costa (m) no período chuvoso para o Setor 3 – NSM............................. 141
Gráfico 37 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período
chuvoso para o Setor 3 – SCE.................................................................. 141
Gráfico 38 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período
chuvoso para o Setor 3 – EPR................................................................. 146
Gráfico 39 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
período chuvoso para o Setor 3 – LRR................................................... 146
Gráfico 40 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de
costa (m) no período seco para o Setor 3 – NSM................................... 148
Gráfico 41 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período seco
para o Setor 3 – SCE................................................................................ 148
Gráfico 42 - Relação acresção e erosão (m²) no período chuvoso para o Setor 1..... 150
Gráfico 43 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período chuvoso para o
Setor 1........................................................................................................ 151
Gráfico 44 - Relação acresção e erosão (m²) no período seco para o Setor 1............ 153
Gráfico 45 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor
1.................................................................................................................. 154
Gráfico 46 - Relação acresção e erosão (m²) no período chuvoso para o Setor 2..... 156
Gráfico 47 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período chuvoso para o
Setor 2........................................................................................................ 157
Gráfico 48 - Relação acresção e erosão (m²) no período seco para o Setor 2............ 159
Gráfico 49 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor
2.................................................................................................................. 160
Gráfico 50 - Relação acresção e erosão (m²) no período chuvoso para o Setor 3..... 162
Gráfico 51 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período chuvoso para o
Setor 3........................................................................................................ 163
Gráfico 52 - Relação acresção e erosão (m²) no período seco para o Setor 3............ 165
Gráfico 53 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor
3.................................................................................................................. 166
LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Localização da área de estudo................................................................. 21


Mapa 2 - Carta-imagem dos setores de determinação da evolução costeira....... 22
Mapa 3 - Sistemas locais de regulação dos processos morfogenéticos................. 26
Mapa 4 - Caracterização hidrológica da região da praia de Parajuru................ 81
Mapa 5 - Unidades litoestratigráficas..................................................................... 83
Mapa 6 - Unidades geomorfológicas........................................................................ 84
Mapa 7 - Elevações do terreno na região de Parajuru.......................................... 93
Mapa 8 - Declividades do terreno na região de Parajuru..................................... 94
Mapa 9 - Processo de difração de ondas característico na praia de Parajuru.... 98
Mapa 10 - Disposição espacial dos transectos de aplicação do DSAS para o
Setor 1........................................................................................................ 101
Mapa 11 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o
Setor 1........................................................................................................ 106
Mapa 12 - Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso para o
Setor 1........................................................................................................ 108
Mapa 13 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período seco para o Setor 1. 112
Mapa 14 - Variação total da linha de costa (m) – no período seco para o Setor
1.................................................................................................................. 142
Mapa 15 - Disposição espacial dos transectos de aplicação do DSAS para o
Setor 2........................................................................................................ 116
Mapa 16 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o
Setor 2........................................................................................................ 122
Mapa 17 - Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso para o
Setor 2........................................................................................................ 124
Mapa 18 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período seco para o Setor 2. 129
Mapa 19 - Variação total da linha de costa (m) – no período seco para o Setor
2.................................................................................................................. 131
Mapa 20 - Disposição espacial dos transectos de aplicação do DSAS para o
Setor 3........................................................................................................ 133
Mapa 21 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o
Setor 3........................................................................................................ 140
Mapa 22 - Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso para o
Setor 3........................................................................................................ 142
Mapa 23 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o
Setor 3........................................................................................................ 147
Mapa 24 - Variação total da linha de costa (m) – no período seco para o Setor
3.................................................................................................................. 149
Mapa 25 - Variação da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor
1.................................................................................................................. 152
Mapa 26 - Variação da linha de costa (m) – no período seco para o Setor
1.................................................................................................................. 155
Mapa 27 - D Variação da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor
2.................................................................................................................. 158
Mapa 28 - Variação da linha de costa (m) – no período seco para o Setor 2......... 161
Mapa 29 - Variação da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor 3.. 164
Mapa 30 - Variação da linha de costa (m) – no período seco para o Setor 3......... 167
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANA Agência Nacional das Águas


COGERH Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos
CPRM Serviço Geológico do Brasil
CPTEC Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
ERTS Earth Resources Technology Satellite
ETM Enhanced Thematic Mapper Plus
FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
MDT Modelo Digital de Terreno
SEMACE Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará
SR Sensoriamento Remoto
TM Thematic Mapper
TST Temperatura de Superfície Terrestre
UECE Universidade Estadual do Ceará
UFC Universidade Federal do Ceará
USGS U.S. Geological Survey
UTM Universal Transversa de Mercator
VCAN Vórtice Ciclônico de Altos Níveis
ZCIT Zona de Convergência Intertropical
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 19
1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................................................... 24
1.2 OBJETIVOS.................................................................................................... 24
1.2.1 Geral............................................................................................................... 24
1.2.2 Específicos...................................................................................................... 24
1.3 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS............................................................
24
2 BASES CONCEITUAIS NO ESCOPO DAS ANÁLISES DOS
AMBIENTES COSTEIROS......................................................................... 25
2.1 DINÂMICA DO LITORAL E PROCESSOS ATUANTES........................... 25
2.1.1 Ondas.............................................................................................................. 27
2.1.2 Marés.............................................................................................................. 29
2.1.3 Correntes litorâneas...................................................................................... 30
2.1.4 Ventos............................................................................................................. 31
2.2 PLANÍCIE LITORÂNEA E MORFOLOGIA DO AMBIENTE PRAIAL.... 32
2.3 LINHA DE COSTA........................................................................................ 34
2.4 CICLOS RETROGRADANTES E PROGRADANTES DA LINHA DE
COSTA............................................................................................................ 37
2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS FACES PRAIAIS A PARTIR DO GRAU DE
EXPOSIÇÃO À AÇÃO DAS ONDAS........................................................... 42
2.6 MORFOLOGIAS ASSOCIADAS ÀS BARREIRAS COSTEIRAS.............. 44
2.6.1 Spits arenosos................................................................................................. 44
2.6.2 Ilhas barreira................................................................................................. 46
2.7 MÉTODOS DE ANÁLISES DA VARIAÇÃO DA LINHA DE COSTA...... 47
2.7.1 Digital Shoreline Analysis System (DSAS).................................................. 49
2.7.2 Change Polygon (polígono de mudança)..................................................... 54
3 PROCEDIMENTOS TÉCNICO-OPERACIONAIS................................. 57
3.1 DADOS GEOCARTOGRÁFICOS................................................................. 57
3.1.1 Dados vetoriais............................................................................................... 57
3.1.2 Dados matriciais............................................................................................ 58
3.1.3 Dados alfanuméricos..................................................................................... 60
3.2 DADOS BIBLIOGRÁFICOS......................................................................... 61
3.3 SOFTWARES UTILIZADOS......................................................................... 62
3.4 METODOLOGIAS PARA ANÁLISE DA VARIAÇÃO TEMPORAL DA
LINHA DE COSTA........................................................................................ 63
3.4.1 Análise de dados matriciais.......................................................................... 63
3.4.2 Compartimentação da área monitorada e delimitação da linha de
costa................................................................................................................ 65
3.4.3 Digital Shoreline Analysis System (DSAS).................................................. 65
3.4.4 Change Polygon (Polígono de mudança)..................................................... 66
4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA ÁREA DE ESTUDO........................ 66
4.1 ASPECTOS HIDROCLIMÁTICOS E HIDROLÓGICOS............................. 66
4.1.1 Variáveis climáticas....................................................................................... 67
4.1.2 Balanço hídrico.............................................................................................. 70
4.1.3 Comportamento pluviométrico.................................................................... 73
4.1.4 Hidrologia....................................................................................................... 80
4.2 QUADRO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO......................................... 82
5 DINÂMICA COSTEIRA ASSOCIADA ÀS VARIAÇÕES
MORFOLÓGICAS DA LINHA DE COSTA DA PRAIA DE
PARAJURU................................................................................................... 95
6 APLICAÇÃO DO MÉTODO DIGITAL SHORELINE ANALYSIS
SYSTEM (DSAS) NA ANÁLISE MULTITEMPORAL EM ESCALA
INTERDECADAL DA LINHA DE COSTA (1979 - 2016)....................... 99
6.1 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 1 - TRECHO SPIT ARENOSO)......... 100
6.1.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 - 2016) - Setor 1................ 102
6.1.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 1...................... 109
6.2 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL ABRIGADA (SETOR 2 - TRECHO PRAIA DE
PARAJURU)................................................................................................... 115
6.2.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 – 2016) – Setor 2............... 117
6.2.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 2...................... 125
6.3 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 3 - TRECHO PRAIA DE
PARAJURU)................................................................................................... 132
6.3.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 – 2016) – Setor 3............... 135
6.3.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 3...................... 143
7 APLICAÇÃO DO METODO DO POLÍGONO DE MUDANÇA
(CHANGE POLYGON) NA ANÁLISE MULTITEMPORAL EM
ESCALA INTERDECADAL DA LINHA DE COSTA (1979 –
2016)................................................................................................................ 150
7.1 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 1 - TRECHO SPIT ARENOSO)......... 150
7.2 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL ABRIGADA (SETOR 2 - TRECHO PRAIA DE
PARAJURU)................................................................................................... 156
7.3 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 3 - TRECHO PRAIA DE
PARAJURU)................................................................................................... 162
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 168
REFERÊNCIAS........................................................................................... 171
19

1 INTRODUÇÃO

Os ambientes litorâneos e as alterações morfológicas a eles associados vêm sendo


investigados pelas ciências da terra com diferentes objetivos, dentre os quais se destacam o
conhecimento e a mensuração do comportamento morfológico do ponto de vista espacial e
temporal. Cabe ressaltar que a maioria desses estudos está vinculada a ações direcionadas à
gestão, visando à mitigação e à prevenção de riscos costeiros.
Nas áreas costeiras onde há forte urbanização, ou nas que estão em processo de franca
expansão, o entendimento da dinâmica litorânea se apresenta como fundamental, uma vez
que, nas últimas décadas, inúmeros processos ligados a eventos de alta energia, como as
ressacas do mar, associadas a ondas do tipo swell, têm causado variações bruscas nas
morfologias costeiras e também a destruição de ambientes naturais e estruturas construídas na
orla, conforme Paula e Dias (2015). Além dos prejuízos ambientais e econômicos, há fortes
impactos sociais ocasionados em função dessas bruscas alterações na morfologia de áreas
costeiras, principalmente das comunidades tradicionais ligadas à pesca e/ou que estão
estabelecidas no litoral. As discussões acerca dessa temática vêm se intensificando tanto no
cenário nacional (PAULA et al., 2013; 2016; MUEHE, 2005; 2006), como no cenário
internacional (MATIAS et al., 2009; 2010).
Desse modo, torna-se urgente a necessidade do melhor conhecimento do
comportamento morfológico/sedimentar do ambiente costeiro, incluindo a variação desse
comportamento no espaço e no tempo. Esse conhecimento permite o entendimento qualitativo
e quantitativo da evolução dos ambientes costeiros, sendo possível melhor compreender seu
funcionamento, além de possibilitar a projeção de cenários futuros, indispensáveis a uma
melhor gestão do litoral.
No que diz respeito à analise dos estágios passado, atual e futuro, vários métodos
podem ser utilizados, tais como: datação de amostras sedimentares e a correlação espacial de
sua disposição ao longo do litoral, realização de perfis topográficos transversais à linha de
costa, entre outros. Além desses, a análise temporal da linha de costa, através das técnicas da
análise geoespacial, vem sendo amplamente debatida na literatura científica por inúmeros
autores, como Mclaughlin et al., (2002) e Tessler e Goya (2005), e tem sido cada vez mais
utilizada nos estudos acerca da dinâmica e evolução costeira e das variações morfológicas
associadas.
A dinâmica costeira é condicionada pelo balanço entre os processos de erosão e
deposição, resultantes da ação diferenciada de inúmeros fatores de ordem natural (ondas,
20

marés, correntes e regime de ventos), além dos fatores de ordem antropogênica, que atuam de
forma direta ou indireta, acentuando tais processos, como no caso da erosão costeira.
A movimentação da linha de costa está relacionada a diversos fatores, destacando-se a
atuação das ondas e das correntes marinhas. No caso da atuação das ondas, a movimentação
ocorre principalmente pela incidência frontal no perfil praial, originando o transporte
transversal. A ação combinada de ondas e marés pode potencializar os episódios erosivos
ocorridos na linha de costa, conforme Tessler & Goya (2005), originando eventos extremos,
por exemplo, através da sobreelevação de ondas com maior poder destrutivo.
Na atuação das correntes marinhas longitudinais ou de deriva litorânea, que no Ceará
tem orientação geral de leste para oeste, há o transporte longitudinal de sedimentos ao longo
do perfil praial. A partir dessa dinâmica, há a formação e o remodelamento de uma série de
feições geomorfológicas, cujas características podem fornecer importantes registros da
evolução do litoral.
O litoral cearense apresenta, em sua vasta extensão, os traços dessa dinâmica
evolutiva, seja nas unidades morfológicas atuais (praias, dunas, corredores de deflação eólica,
falésias), seja nos paleoambientes (paleomangues, paleodunas, terraços fluviais e marinhos).
Considerando-se, portanto, a importância dos estudos acerca da evolução costeira e
das variações morfológicas associadas e com o intuito de aplicar as ferramentas inseridas nas
geotecnologias para dimensionar as variações da linha de costa, tomou-se como área de
estudo o setor costeiro situado na localidade de Parajuru, no município de Beberibe, Litoral
Leste do Estado do Ceará.
A escolha da área de estudo foi fundamentada em três fatores principais. O primeiro
baseia-se na existência de um sistema de spit arenoso bem desenvolvido, que está associado à
linha de costa e desembocadura fluvial, e cuja localização influencia diretamente a dinâmica
deposicional costeira. O segundo baseia-se na intensificação de eventos de alta energia, como
o overwash, que tem acentuado a ação dos processos erosivos. E, por fim, a carência de
estudos específicos acerca da análise geoespacial no estudo temporal da linha de costa nesse
trecho do litoral cearense.

1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A praia de Parajuru está situada na margem direita da desembocadura do rio Pirangi.


Esse curso fluvial tem sua nascente localizada no município de Quixadá, estado do Ceará. De
21

acordo com COGERH (2001), a bacia desse leito fluvial apresenta uma área de 4374,1 km² e
perímetro de 360 km, com largura média variando de 35 km, no alto e médio curso, a 55 km,
no baixo curso. O acesso à área de estudo, a partir da capital do estado, é feito através da CE-
040 (Mapa 1).
Foram definidos três setores para aplicação dos métodos de determinação da evolução
costeira, com base em critérios geomorfológicos, (11.922,90 m²). O primeiro setor
corresponde à área do spit (3.886,98 m²), localizado na desembocadura do rio Pirangi. O
segundo setor corresponde ao trecho abrigado da linha de costa, à retaguarda do referido spit,
(1.494,39 m²), enquanto que o terceiro setor corresponde ao trecho exposto da linha de costa,
situado a oeste do referido spit, (6.541,53 m²), conforme apresentado na Tabela 1 e nos Mapas
1 e 2.

Tabela 1 - Dados descritivos dos setores de determinação da evolução costeira


Discretização dos Setores de Análise da Linha de Costa
Coordenadas (SIRGAS - 2000)
Setor Face Trecho Vértices Área (m²)
Latitude Longitude
1.1 4° 22' 50.341" S 37° 50' 57.154" W
Spit 1.2 4° 22' 31.291" S 37° 50' 43.021" W
1 Exposta 3.886,98
Arenoso 1.3 4° 23' 52.658" S 37° 48' 16.876" W
1.4 4° 24' 14.286" S 37° 48' 28.856" W
2.1 4° 22' 59.658" S 37° 51' 4.177" W
2.2 4° 22' 50.341" S 37° 50' 57.154" W
2 Abrigada 1.494,39
2.3 4° 23' 58.172" S 37° 48' 58.106" W
Praia de 2.4 4° 24' 8.036" S 37° 49' 3.712" W
Parajuru 3.1 4° 20' 38.272" S 37° 54' 35.029" W
3.2 4° 20' 16.512" S 37° 54' 19.245" W
3 Exposta 6.541,53
3.3 4° 22' 43.426" S 37° 50' 51.942" W
3.4 4° 23' 5.158" S 37° 51' 8.322" W
Fonte: Elaborado pelo autor.
Mapa 1 - Localização da área de estudo 22
38°3'0"W 37°58'45"W 37°54'30"W 37°50'15"W 37°46'0"W

La. dos
Cavalos
BEBERIBE

A
!
A
!
A
A
!
!
A
!
!
A A !
A!
A
!
A
!
A
Oceano
Atlântico /
4°21'45"S

4°21'45"S
!
A! A
A
!
A!
A
!
!
A!
A
!
A
!
La. Córrego da
La.
Negra Paripueira !
.
Floresta
Arataca

Praia de Parajuru !
.

Rio !
.
Riacho Pirangi Pontal
Legenda
La. do do Lôlo do Maceió
Umari La. Xarabiçu
Limites Municipais Recursos Hídricos
Córrego da
Corpos D'água Amarela Córrego do Guajiru !
.
4°26'0"S

4°26'0"S
Área de Estudo Riacho das Campestre
Córrego Umburanas FORTIM
!
. Localidades Costeiras do Camará Rio La. do !
.
La. do La. Olho Córrego Campestre Rio Barra
Riacho Tapuio D'Água do Félix Jaguaribe ARACATI
A
! Parque Eólico
Córrego
Córrego
Ezequiel
!
.
38°3'0"W 37°58'45"W 37°54'30"W 37°50'15"W 37°46'0"W
69°30'0"W 47°24'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W
41°0'0"W 40°0'0"W 39°0'0"W 38°0'0"W 37°0'0"W

±
AQUIRAZ

±
Oceano PINDORETAMA

4°0'0"S
Atlântico Oceano
1°36'0"S

1°36'0"S

HORIZONTE Oeste Fortaleza Leste


Atlântico Oceano
Atlêntico
CASCAVEL
PACAJUS
4°14'20"S

4°14'20"S
Praia de
CE
Parajuru

3°0'0"S

5°0'0"S
CHOROZINHO
PI 0 25 50
BEBERIBE RN
Oceano Pacífico

km
23°42'0"S

23°42'0"S

41°0'0"W 40°0'0"W 39°0'0"W 38°0'0"W


4°28'40"S

4°28'40"S

FORTIM 0 1 2 4 6 8
OCARA km
Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator Sistemas de
MORADA
ARACATI Coordenadas Geográficas
0 375 750 1,500 km 0 5 10 NOVA20 Datum Horizontal: SIRGAS 2000
PALHANO Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
km RUSSAS ITAIÇABA Paralelo de Referência: -6°
69°30'0"W 47°24'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W Bases Cartográficas
Região Demais IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) - 1:250.000
América do Sul Ceará Demais Municipios Beberibe
Nordeste Estados COGERH - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (2008) - 1:100.000

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados Landsat (2016), IBGE (2010) e COGERH (2008).
Mapa 2 - Carta-imagem dos setores de determinação da evolução costeira 23
4°20'25"S 37°52'55"W 37°50'50"W 4°22'30"S 37°48'45"W

Setor 3 - Face Praial Exposta/ Trecho Setor 1 - Face Praial Exposta/ Trecho

/
Praia de Parajuru Spit Arenoso
4°20'25"S

1 6 5
# 2 # #
#
3 4

4°24'35"S
# #
37°55'0"W

Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator


Sistemas de Coordenadas Geográficas
Setor 2 - Face Praial Abrigada/ Trecho
0 0.5 1 2 3 Datum Horizontal: SIRGAS 2000
Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
Praia de Parajuru
km Paralelo de Referência: -6°

37°55'0"W 4°22'30"S 37°52'55"W 37°50'50"W 4°24'35"S 37°48'45"W


Latitude Longitude Latitude Longitude Latitude Longitude
1 4° 21' 38.181" S 37° 52' 52.492" W 2 4° 22' 0.878" S 37° 52' 20.529" W 3 4° 23' 4.077" S 37° 50' 44.813" W

Latitude Longitude Latitude Longitude Latitude Longitude


4 4° 23' 15.164" S 37° 50' 22.825" W 5 4° 23' 16.540" S 37° 49' 52.739" W 6 4° 22' 46.747" S 37° 50' 46.241" W

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados Landsat (2016) e fotos de arquivo pessoal
24

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral

Compreender a evolução da linha de costa da praia de Parajuru, em


Beberibe/Ceará – Nordeste do Brasil, utilizando técnicas de análise geoespacial, através das
ferramentas Digital Shoreline Analysis System (DSAS) e Change Polygon (Polígono de
Mudança), baseadas no sensoriamento remoto.

1.2.2 Específicos

 Estabelecer a evolução da linha de costa dos três setores individualizados para a área
de estudo, no intervalo temporal compreendido entre 1979 e 2016;
 Elaborar mapas espaço-temporais da variação da linha de costa e spit arenoso na
escala interdecadal para os períodos chuvosos e secos nos anos elencados.
 Analisar as respostas numéricas da variação morfológica derivadas das ferramentas
Digital Shoreline Analysis System – DSAS e Change Polygon (Polígono de Mudança);
 Indicar as tendências de erosão e progradação da linha de costa.

1.3 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS

A dissertação está organizada em 08 capítulos.


No primeiro capítulo é apresentada a introdução, tratando da organização da
dissertação e breve apresentação do enquadramento do tema, localização da área de estudo e
objetivos.
No segundo capítulo é abordado o referencial teórico que fundamentou este
trabalho, sendo apresentados os agentes da dinâmica costeira, compartimentação do ambiente
praial, a partir de critérios morfológicos, definição e classificação de barreiras costeiras e os
conceitos operacionais e estatísticos dos métodos de análise da evolução espaçotemporal do
litoral.
No terceiro capítulo são apresentados os procedimentos técnicos operacionais
ligados à aquisição, manipulação e obtenção de resultados.
No quarto capítulo são apresentados os aspectos fisiográficos da área de estudo.
25

Nos capítulos cinco, seis e sete são apresentados os resultados alcançados. No


oitavo capítulo são apresentadas as considerações finais do trabalho.

2 BASES CONCEITUAIS NO ESCOPO DAS ANÁLISES DOS AMBIENTES


COSTEIROS

Visando alcançar os objetivos propostos, faz-se necessária a apresentação de


modelos conceituais que englobem os temas abordados e das ferramentas utilizadas. No que
concerne aos processos responsáveis pela formação e modelação de diversas morfologias
costeira na área em questão, os processos oceanográficos são mais efetivos, contudo os
agentes fluviais e eólicos também desempenham importante papel como área fonte dos
processos de retroalimentação. Esses agentes e suas formas de atuação serão descritos nos
itens a seguir. Referente às ferramentas e às metodologias, foram empregadas técnicas de
ampla utilização no meio científico.

2.1 DINÂMICA DO LITORAL E PROCESSOS ATUANTES

O ambiente costeiro caracteriza-se pelo grande dinamismo, tanto espacial quanto


temporal, que resulta em grande variedade de feições geomorfológicas e geológicas.
Conforme Rossetti (2008), essa grande variação nas feições advém da complexa
interação de processos deposicionais e erosivos, relacionados com a ação de ondas (tanto
normais, quanto de tempestades tropicais ou tsunamis), marés, correntes litorâneas e ação dos
ventos.
Na região da praia de Parajuru, foi possível identificar três sistemas
reguladores dos processos morfogenéticos, sendo o primeiro sistema representado pelo rio
Pirangi, onde concentram-se os fluxos controlados pelas descargas fluviais. Esse sistema se
enquadra geograficamente no limite final da região de influência das marés e a principal fonte
de material sedimentar é originada pelos processos de desgaste e erosão da Formação
Barreiras, esculpida na forma de tabuleiro costeiro.
O segundo sistema é o flúviomarinho, regulado pelos processos de transporte
fluvial e ações de maré diárias. Como destaca Meireles et al, (2002), nesse sistema, “os
processos morfogênicos interagem com os materiais transportados pela deriva litorânea e
migração de dunas, bem como os sedimentos de fundo de canal e em suspensão”.
26

O terceiro, e mais efetivo na modelagem das formas presentes, está ligado ao


sistema marinho. Nesses sistemas, os processos reguladores são de origem oceanográfica,
dentre eles os fluxos originados pela ação das marés, ondas e deriva litorânea (Mapa 3).

Mapa 3 - Sistemas locais de regulação dos processos morfogenéticos

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em USGS (2013) e IBGE (2010).
27

Vinculada aos processos reguladores, dá-se a morfodinâmica da planície litorânea e do


ambiente praial, que está vinculada aos processos compensação entre os fluxos de matéria e
energia. De acordo com Cowell e Thom (1994), “o mecanismo de conexão deflagrador dessa
compensação é o próprio transporte sedimentar através da dinâmica de fluídos responsável
pela erosão-deposição ao longo do tempo” (Figura 1).

Figura 1 - Componentes primários da morfodinâmica

Fonte: Adaptado de (Cowell e Thom, 1994) .

Incluídos nesses componentes primários estão uma série de agentes geradores e


reguladores da morfodinâmica. Optou-se, porém, por detalhar os agentes de cunho
oceanográfico e atmosférico, uma vez que são mais efetivos na área de estudo.

2.1.1 Ondas

Do ponto de vista da dinâmica sedimentar, as ondas desempenham o papel de


importantes agentes de energia, constituindo-se na principal causa de erosão e gerando
diversos tipos de correntes e diferentes padrões de transporte de areia. Desse modo, como
aponta Wright e Short (1984), a dinâmica praial é resultante da “interação das ondas
incidentes, permanentes e aperiódicas e dos fluxos gerados por ondas e marés”.
Conceitualmente, as ondas representam o resultado da transmissão de energia na
superfície aquosa do oceano pela ação dos ventos (KINSMAN, 1984). As ondas passam a
atuar efetivamente na remobilização de material sedimentar nas faces mais rasas, esse
transporte inicia quando a onda se instabiliza e quebra na zona de surfe (THORNBURY,
1979).
Como aponta Young (1999), as ondas podem ser de dois tipos, wind-sea (Sea) e
swell:
 Wind-sea (Sea): originadas a partir da ação dos ventos locais. São muito
irregulares, com diversos períodos (seis a nove segundos) e várias direções;
28

 Swell: se propagam a partir de outras regiões, sendo mais uniformes, com


grandes comprimentos de onda e pequenas amplitudes. Todo conjunto de ondas com períodos
a partir de 10 segundos são consideradas swell.
Após a arrebentação, as ondas transpassam a zona de surf até a face praial, dando
início ao processo denominado espraiamento (swash) e, em seguida, retornam à zona de surf,
processo denominado refluxo (backwah). Visando a classificação tipológica da arrebentação,
Galvin (1968) agrupou as ondas em 4 tipos (Tabela 2).

Tabela 2 - Ondas quanto à tipologia de arrebentação

Formas de arrebentação Descrição

São formadas quando a camada superior da crista se move mais


Progressiva ou Deslizante (Spilling rápidos do que a onda como o todo. É característica de praias
Breaker) com baixa declividade, a onda desliza sobre o perfil praial e tem
a energia dissipada através de uma larga faixa.

São ondas de característica violentas e podem ser observadas em


praias com declividade que varia de moderada a alta. Tendem a
carrear uma maior carga sedimentar que as deslizantes,
Mergulhante (Plunging Breaker)
remobilizando a carga da praia para o largo até o limite exterior
da linha de quebra. São frequentemente associadas a ondas
longas ou swells.

Tem a se evidenciar em praias com declividade alta, onde a onda


Ascendente (Surging Breaker) praticamente não quebra, ela ascende sobre a face de praia,
interagindo com o refluxo das ondas anteriores.

Similares as mergulhantes, porém diferenciando-se pelo fato de


Frontal (Collapsing Breaker) que sua crista ao invés de enrolar, desaba, ocorrendo ocorrem em
praias de mergulho moderado em condições de vento regulares.

Fonte: Adaptado de Galvin (1968).

Associados aos efeitos de fundo marinho, três processos passam a atuar sobre as
ondas, sendo esses empinamento, refração e difração (HOEFEL, 1998). O empinamento
representa a modificação na altura da onda, objetivando a conservação do fluxo de energia, no
qual, quando há uma retração na velocidade das ondas, devido aos efeitos de redução da
profundidade, a energia aumenta representada na altura da onda (NIELSEN, 2009). A
refração esboça a alteração na direção de propagação das ondas, a partir de deformações
originadas por mudanças na velocidade, a partir das modificações de fundo (NIELSEN,
2009). Desse modo, temos que na incidência oblíqua, em uma profundidade irregular, as
ondas deparam-se com variações de profundidade, dando origem ao fato de que ondas que se
propagam em ambientes mais rasos tendem a apresentar velocidades reduzidas, quando em
comparação com áreas mais profundas, como exposto na Figura 2 (KOMAR, 2000).
29

Figura 2 - Representação do fenômeno de refração de ondas

Fonte: Adaptado de Segar (1998).


A difração consiste na transmissão lateral e na energia da onda ao longo da crista
(Figura 3). A difração se manifesta em setores de propagação de ondas em setores restritos,
ou, nos casos de interceptação das ondas, é interceptada por um obstáculo (SUGUIO, 1992).

Figura 3 - Representação do fenômeno de difração de ondas

Fonte: Adaptado de Segar (1998).

2.1.2 Marés

No domínio costeiro, as variações na amplitude das marés podem ser causadoras


de profundas modificações no processo de sedimentação do litoral, acumulando ou erodindo a
30

costa (GARRISON, 2010).


As marés são resultado da ação conjunta de atração gravitacional entre a Terra, a
Lua e o Sol, e por forças centrífugas, originadas pelos movimentos de rotação em torno do
centro de massa do sistema Sol-Terra-Lua, que se localiza no interior da terra (SILVA et al.,
2004). Do ponto de vista da amplitude, as marés foram classificadas em três tipos, de acordo
com Davis (1985), micro (<2m), meso (2 – 4m) e macro (>4m).
Outro fator que pode ser usado para classificar as marés é o seu período de
influência, podendo ser diurna, apresentando uma preamar e uma baixa-mar em um dia. Outro
tipo são as semidiurnas, que apresentam duas preamares e duas baixa-mares em um dia. E,
por último, maré mista, que se assemelha às semidiurnas por apresentar duas preamares e
duas baixa-mares, no entanto são evidenciadas diferenças na altura e duração do ciclo
(MORAIS, 1996).
Por fim, associadas ao alinhamento dos astros, podem ocorrer as marés de sizígia,
que representam os maiores alcances e variações. As marés de sizígia são originadas a partir
do alinhamento da Terra, Lua e Sol, originando as luas nova e cheia. Já na ocorrência das luas
crescente e minguante, há uma divisão das forças, condicionando as marés de quadratura
(MIGUES, 1996).

2.1.3 Correntes litorâneas

As ondas incidentes na zona surf dissipam uma fração da energia, dando origem
às correntes longitudinais e/ou transversais à costa (GUILCHER, 1957). As correntes
litorâneas incluem fluxos unidirecionais, desenvolvidos ao longo da costa, e correntes de
retorno, como exposto na Figura 4 (SHEPARD e INMAN, 1950).
As correntes longitudinais desenvolvem-se entre a praia e a zona de arrebentação.
Essas correntes condicionam o transporte de material sedimentar paralelo à linha de costa,
também conhecida como deriva litorânea, resultante da incidência oblíqua das ondas
(GUILCHER, 1957).
Garrison (2010) aponta que o mecanismo é simples: na superfície da praia, as
partículas de areia, transportadas pela água que chega, descrevem um movimento de
‘ziguezague’ na mesma direção da corrente de deriva litorânea, de tal modo que cada onda as
movimenta em um pequeno trecho ao longo da praia. Na água, ocorre o mesmo: as ondas
podem levantar os grãos de areia e a corrente de deriva litorânea imprime a esses grãos um
31

movimento de ‘ziguezague’. Como consequência, a areia é movimentada pela ação da


corrente.

Figura 4 - Correntes longitudinais e correntes de retorno

Fonte: Silva, et al., (2004).

As correntes transversais representam o fluxo de retorno da carga hidráulica ao


mar, por meio da ação das correntes de retorno, sendo característica dessas correntes a ação
em espaços estreitos, velocidade com que desencadeiam os processos. Os fluxos das correntes
de retorno sofrem retroalimentação das correntes longitudinais, sendo extintas ao
transpassarem o limite da zona de surf. Essas correntes são determinantes no carreamento de
carga sedimentar para a zona offshores (GUILCHER, 1957).

2.1.4 Ventos

Os ventos são um dos maiores responsáveis pela dinâmica costeira, tendo um


papel importante na sedimentação costeira, nas formações de ondas e na geração das correntes
litorâneas (MAIA, 1998).
No contexto da costa cearense, está presente a atuação constante dos ventos
alísios, em conjunto com as brisas marinhas, a velocidade média dos ventos incidentes nesse
litoral são de 6 m/s (PINHEIRO, 2003). A respeito da direção, estas seguem a sazonalidade
dos períodos de precipitação, nos meses de março e abril, nos quais há a concentração das
maiores pluviometrias, os ventos têm direção predominante SE, durante o dia, e SSES,
32

durante a noite. Já entre maio e agosto, há uma efetivação da alternância da ação das brisas
marinhas-terrestres, predominando ventos ENE-E, durante o dia, e E-SE, durante a noite. Por
fim, entre agosto e dezembro, predominam dos ventos alísios de E (PINHEIRO, 2003).
Para o litoral do Ceará, nos meses de março e abril, ápices do período chuvoso,
predominam ventos de SE (120°- 150°), ao longo do dia, passando a SSES (150°- 180°),
durante a noite. O período entre maio e agosto é de transição, no qual o ciclo térmico diurno
terra-oceano passa a alternar brisas marinhas e terrestres, resultando em ventos de ENE-E
(60°- 90°), durante o dia, e E-SE (90°- 150°), durante a noite. Entre agosto e dezembro, a
direção predominante varia de E a SE, com predomínio dos ventos alísios de E (PINHEIRO,
2003. MORAIS 1996).

2.2 PLANÍCIE LITORÂNEA E MORFOLOGIA DO AMBIENTE PRAIAL

A planície litorânea caracteriza-se por ser um ambiente recente no contexto da


acumulação e remodelação de material sedimentar, sob constante ação de agentes de origem
continental, oceanográfica e climática. Como destaca Suguio (2003, p. 11-12), “as planícies
costeiras são superfícies geomorfológicas deposicionais de baixo gradiente, formada por
sedimentação predominantemente subaquosa, como o mar e composta por sedimentos em
geral de idade quaternária”.
Quando se trata da aplicação de terminologias para divisão da planície litorânea
em feições morfológicas similares, a literatura de base é liderada por pesquisadores de língua
inglesa, tais como Shepard (1954), Short (1999), Davis (1985), Pethinck (1984), King (1972),
dentre outros. Contudo, destacam-se as iniciativas de autores brasileiros na busca de
adequarem e classificarem a planície litorânea brasileira de acordo com essa literatura base.
Dentre as iniciativas, destacam-se Angulo et al. (1996), Hoefel (1998), Suguio (1998) e
Muehe (1994).
Ao longo das obras desses autores, fica evidente a complexidade de adequação da
similaridade dos termos para feições locais presentes no litoral brasileiro. Dessa forma, as
classificações que mais se aproximam de uma similaridade, tanto dos termos como das
feições relacionadas, são as de Suguio (1998) e Muehe (1994), a exemplo do limite
geográfico e da tradução de backshore (pós-praia), que são definidos do mesmo modo pelos
autores. Já no caso da antepraia, existe uma série de divergências quanto ao limite, subdivisão
e qualificação. Suguio (1998) considera esta como foreshore situada entre o limite superior da
33

preamar e a linha de baixamar. Muehe (1994), por sua vez, adota o termo shoreface limitada
geograficamente pelo prisma praial submerso. Baseando-se em Niedoroda et al. (1985), essa
divergência foi contornada, dividindo-se a antepraia em superior (foreshore) e inferior
(shoreface). No meio científico brasileiro, como aponta Christofoletti (1980), a partir de uma
adaptação, adota-se a divisão do sistema praial da seguinte forma: backshore (pós-praia),
foreshore (estirâncio) e shoreface (antepraia).
O sistema praial surge, então, a partir de uma complexa rede de interações. O
ambiente praial, de acordo com Hoefel (1998), é
(...) um depósito de sedimentos não coesivos e inconsolidados sobre a zona costeira,
dominado primariamente por ondas e limitado internamente pelos níveis máximos
de ação de ondas de tempestade ou pelo início da ocorrência de dunas fixadas ou de
qualquer outra alteração fisiográfica brusca, caso existam; e externamente pela
profundidade de fechamento de interna.

De posse dessa conceituação, no presente estudo, considera-se praia como um


ambiente sedimentar, onde se apresentam fácies consolidadas (plataforma de abrasão) e não
consolidados (areias, cascalhos e outros), sob constante modificação a partir da ação de
forçantes oceanográficas (ondas, marés e correntes), climáticas (ventos e precipitações) e
antropogênicas. Iniciando-se na após o limite máximo da maré baixa até a zona de pós-praia.
Para se dividir ambiente praial, consideraram-se as proposições de Morais (1996). O autor
considera a divisão desse sistema em dois grupos. O primeiro a partir da influência das ondas,
o qual é dividido em três zonas (Figura 5): Zona de Arrebentação, delimitada pela área onde
as ondas iniciam o estado de instabilidade e quebram, gerando as zonas de surfe e
espraiamento; Zona de Surfe, setor de onde incidem as ondas resultantes da quebra na zona
de arrebentação e Zona de Espraiamento, área de ocorrência da subida e descida da água.
O segundo grupo corresponde aos setores influenciados pelas marés, estando
dividido também em três grupos: Pós-praia corresponde à área que se encontra fora da
influência da maré, contundo é alcançada por marés excepcionais, ressacas ou ondas de
tempestade; Estirâncio, área sujeita às variações de subida e descida das marés e Antepraia,
área submersa constantemente, porém pode ter trechos expostos em eventos de marés
excepcionais.
34

Figura 5 - Disposição perpendicular e comportamento sazonal de um perfil praial

Fonte: Adaptado de Morais (1996).

Conhecer essas definições e ter o entendimento de que a interação entre agentes e


a planície litorânea gera situações de risco, uma vez que pequenas modificações podem
representar a intensificação de processos naturais, como a erosão costeira, é de suma
importância. Nesse sentido, destacam-se os estudos de Bird (2008), Muehue (2006), Meireles
(2008), Morais (1996), Tessler et al. (2005), dentre outros.

2.3 LINHA DE COSTA

A linha de costa representa um limite em constante variação espacial e temporal,


condicionada principalmente pelas forçantes oceanográficas. Essas variações podem
ocasionar respostas quase imperceptíveis, ou podem gerar situações de risco costeiro,
associado a eventos de alta energia (WHITE, 2007; CAMARGO et al, 2010). Essas situações
de risco tendem a acentuarem-se nesse ambiente específico, em função das muitas atividades
nela praticadas – pesca artesanal, turismo, recreação, infraestrutura portuária –, bem como por
concentrar, em muitas regiões, os maiores contingentes populacionais.
O conceito de linha de costa é imbuído de uma extrema complexidade, tendo em
vista que perpassa vários critérios de classificação e identificação. De forma simples, ela pode
ser classificada como a representação da interface entre a terra e a água (BOAK E TURNER,
2005, p. 688). Entretanto, quando se correlaciona a interação da linha de costa com os agentes
condicionantes de fluxo de matéria energia imbuídos de intensa dinâmica espacial e temporal,
35

essa simples definição não supre o embasamento necessário para explicar os fenômenos
resultantes, como avanço ou recuo da linha de costa. Desse modo, como aponta Oertel (2005),
deve-se considerar a linha de costa como um indicador unidimensional, sem espessura e
diâmetro, servindo como indicador de posição da praia ao longo do tempo.
Temos, então, que a linha de costa representa um limite, o qual pode ser detectado
a partir de uma série de indicadores (OERTEL, 2005). Desse modo, autores como Pilkey e
Dixon (1996), Silvester e Hsu (1997) e Oertel (2005), sugerem que a linha de costa é o limite
entre as áreas secas e molhadas da praia. Contudo, os autores recomendam a consideração da
influência das marés na variação e na alteração dessas áreas.
Já Crowell (1991) afirma que a linha de costa corresponde simplesmente à linha
de interface entre a terra e a água. Logo, esse conceito deve ser entendido como um perímetro
flutuante, isto é, que possui um posicionamento geográfico variável na escala espaço-
temporal.
De maneira diferente, Horn (2005) adota linha de costa como sendo o
“posicionamento onde o nível médio da superfície da água atinge a primeira porção semi-
emersa da praia, denominada de face da praia”.
Temos, assim, que a complexidade em definir a linha de costa reside na infinidade
de indicadores que podem ser utilizados para sua identificação. Os indicadores são resultantes
da interação de vários agentes, podendo ser tomados como base os originados pela ação dos
agentes físicos, como as feições geomorfológicas resultantes da dinâmica praial, além de
estruturas antropogênicas (BOAK E TURNER, 2005, p. 690). Visando agrupar esses
indicadores de maneira mais usual e prática, os mesmos autores os dividiram em dois grupos:
1° Grupo - Indicadores relacionados ao nível de água: consideram a interação
entre o perfil praial e a interação com a maré e o espraiamento das ondas;
2° Grupo - Indicadores relacionados a feições costeiras discerníveis visualmente:
i. Indicadores alinhados em estruturas construídas pelo homem
(enrocamentos, molhes, muros, calçadas, referenciais de nível topográfico);
ii. Feições morfológicas indicadoras (escarpa, berma superior);
iii. Indicadores referentes à posição da linha d’água (linha seca-molhada,
espraiamento).
É de fundamental importância que o pesquisador, ao definir o indicador que
tomará como base para identificar a linha de costa, represente a realidade da área estudada.
Além disso, o indicador deve estar de acordo com os dados disponíveis e com as respectivas
escalas aplicadas (BOAK e TURNER, 2005). Nesse contexto, como apontam Stockdon et al.
36

(2002), a identificação da linha de costa divide-se em duas etapas: a primeira refere-se à


seleção e a definição do indicador, a segunda inclui o processo de detecção do indicador.
Kraus e Rosati (1997), destacam que os principais indicadores utilizados para
definir a linha de costa são:
a) Linha Média da Preamar de Sizígia: definida a partir de um datum maregráfico ou pelo
“run –up” da onda;
b) Linha de Preamar: baseada em critérios geomorfológicos: linha de berma, crista da praia,
base de dunas ou de falésias;
c) Divisa seco/molhado: critério que tem dependência direta de fatores, como a própria praia,
nível do mar, ondas, regime de ventos, entre outros. Para definição da linha, tendo como base
este critério, toma-se como base a diferença entre as tonalidades derivadas dos sedimentos
secos ou molhados;
d) Linha d’água: representada pela linha de contato direto entre os sedimentos da praia e a
água. Tem relação direta com as fases das marés e a ação das ondas, apresenta-se como
fronteira móvel.
Cabe ressaltar que a adoção de produtos de sensoriamento requer todo um
tratamento prévio dos dados, tais como registro, correção atmosférica e outros, a não adoção
dessas etapas irá coincidir em falhas na análise da variação de linha de costa.
Deste modo, o presente estudo adotou a definição de linha de costa de Crowell
(1991, p. 841), apresentada como sendo a
definição comumente adotada para caracterizar a posição da linha de costa em áreas
costeiras arenosas, tem incidido na utilização da ‘linha’ que marca o limite atingido
durante a preamar de sizígia, caracterizando-se por uma mudança nítida de
tonalidade nas areias da praia facilmente identificável nas fotografias aéreas e
imagens de sensoriamento remoto.

Como indicador, utilizou-se a divisa seco/molhado, a qual se baseia na diferença


entre as tonalidades derivadas dos sedimentos secos ou molhados, ou seja, o limite final do
sedimento molhado e início do seco foi considerado linha de costa (Figura 6).
37

Figura 6 - Delimitação da Linha de costa (em vermelho)

Fonte: O autor, com base em dados Quickbird (2016) - (Esri Basedata).

2.4 CICLOS RETROGRADANTES E PROGRADANTES DA LINHA DE COSTA

As discussões relativas à erosão costeira são abordadas, algumas vezes, de


maneira precipitada, pois focalizam no imediatismo dos efeitos evidenciados no litoral, sem
antes levantar evidencias históricas desses processos. Esse fato tem sido abordado por autores
como Beets (2000, p.4) e Nicholls (1989, p.202): “esses efeitos são muitas vezes tratados
como irreversíveis, pois desconsideram o fator temporal que é preponderante nas análises
desses processos”.
Os autores debatem, nesse sentido, o desconhecimento das escalas dos eventos,
como é o caso das erosões episódicas associadas a ondas de tempestades, ou ainda, a ciclos
erosivos constantes e evolutivos no tempo, associados aos processos naturais, os quais, muitas
vezes, representam uma regressão da linha de costa de poucos centímetros, numa
representação mensal, sazonal e anual. Outros fatos desconsiderados são as intermitências dos
ciclos naturais do ambiente costeiro, ou seja, passa um período retrogradando e outros
progradando. Dessa forma, as variações morfodinâmicas foram subdivididas em uma escala
considerando as variáveis tempo e espaço (Figura 7).
38

Figura 7 - Divisão das escalas temporal e espacial na evolução costeira

Milênios Geológica

Séculos
Histórica
Décadas

Anos
Eventos

Estações

Dias

Horas
Instantânea

Segundos
0 01 1 10 100
Comprimento (km)

Fonte: Adaptado de Cowel e Thom (1994).

De acordo com a divisão de Cowell e Thom (1994), a escala instantânea


representa a ocorrência de ciclos de alterações morfológicas primárias, como a migração de
um banco intermaré. A escala de eventos envolve a sequência recorrente de um determinado
processo (variação sazonal), exemplificado pelo fechamento sazonal de estuários. A escala
histórica, por sua vez, compreende a variação de anos a séculos resultante da combinação de
vários eventos, como a migração de canais de maré ao longo da costa. Por último, a escala
geológica, sendo a escala temporal atuante em décadas e milênios, como o preenchimento de
estuários (WOODROFFE, 2002).
Nesse sentido, é de suma importância, ao se analisar o ambiente costeiro, incluir
todos os processos envolvidos na interação da evolução costeira, nos quesitos espacial e
temporal. Na relação espacial, esses ambientes são controlados pela demanda e pela oferta de
sedimentos que, segundo Nicholls (1989, p.205), podem ser conceitualmente assim
apresentadas:
A demanda de sedimentos de uma costa é determinada pela taxa de aumento
relativo do nível do mar e pela morfologia da planície costeira. O abastecimento de
sedimento é determinado pela disponibilidade de sedimentos e pela capacidade de
transporte de vento e água.

Ainda com base em Nicholls (1989) e em suas exposições, torna-se evidente que
estado de equilíbrio entre demanda e oferta de carga sedimentar são fatores de cunho
desencadeador da evolução da costa. Na busca de apresentar de maneira esquemática e de
39

promover melhor entendimento para os envolvidos com as questões ligadas ao litoral, o autor
desenvolveu uma diagramação, como exposta na Figura 8. No diagrama são apresentados os
três estágios possíveis, a partir da relação entre demanda e oferta de material sedimentar.
No caso 1, evidenciam-se os casos de ciclos progradantes, nos quais a demanda é
menor do que a oferta. O caso 2 apresenta o estado de equilíbrio, no qual demanda e oferta
são praticamente iguais. Por fim, no caso 3, demonstram-se os casos de recuo da linha de
costa, ocasionados pela ineficiência da oferta em suprir a demanda sedimentar para
estabilização ou progradação.

Figura 8 - Ciclos de evolução costeira a partir da relação entre demanda e oferta de


sedimentos

Fonte: Nicholls (1989).

A identificação dos ciclos e estágios que o ambiente costeiro apresentou e apresenta


pode ser evidenciada através das análises de vários aspectos, como perfil de equilíbrios,
alterações da tipologia sedimentar da face praias e outros. Contudo, a análise da variação
temporal da linha de costa vem se sobressaindo nas últimas décadas.
O posicionamento da linha de costa, no decorrer do tempo, apresentou inúmeras
variações, avançando ou recuando por sobre o mar. Esses ciclos são ocasionados a partir da
ação da uma série de agentes atuantes de modo constante. De acordo com GTL (2014), “estes
fatores são o forçamento oceanográfico, os sedimentos, o contexto geomorfológico e a
intervenção humana”. Entende-se, nesse caso, como forçamento oceanográfico as interações
geradas pela ação conjunta de ondas, marés, correntes e variações nível do mar.
O fator sedimento inclue a natureza do material e sua disponibilidade para atuar
40

nos processos de retroalimentação dos sistemas deposicionais. O contexto geomorfológico se


refere às formas e suas predisposições genéticas à acumulação ou à erosão. As intervenções
antropogênicas englobam todas as formas de barramento dos fluxos naturais de matéria e
energia (verificar Figura 9).

Figura 9 - Fatores atuantes na variação temporal da linha de costa

Fonte: GTL (2014).

Outro fato importante é que o recuo da linha de costa não está associado apenas
aos processos erosivos, mas a fatores como a elevação do nível mar. Porém, com os processos
de recarga sedimentar em equilíbrio, mesmo com o avanço do nível do mar, o litoral pode se
apresentar estável (VALETIN, 1989).
Nesse contexto, outro aspecto fundamental relativo aos ciclos retrogradantes e
progradantes da linha de costa são as células sedimentares, ambientes pelos quais todos os
fluxos de ganho e perda de material sedimentar são controlados. De acordo com Van Rijn
(2010), essas células são definidas como
[...] uma unidade relativamente autônoma dentro da qual o sedimento circula. Uma
célula contém um ciclo completo de sedimentação, incluindo fontes, caminhos de
transporte e sumidouros. Seus limites separam as partes da costa que são
interdependentes daqueles que são independentes em termos de processos físicos.

A utilização dessa terminologia avança no sentido da delimitação de um balanço


sedimentar, expondo as relações de entrada através dos fluxos fluviais, subterrâneos, eólicos e
marinhos e das relações de saída de carga no sistema praial, representada pelos fluxos da
deriva litorânea, marés e ondas representadas pelas trocas com a plataforma. Esse processo de
perda, na maioria dos casos, segue o sentido direcional das correntes de deriva. No trecho
41

costeiro de Parajuru, esse fluxo está alinhado no sentido Leste-Oeste. A Figura 10 esboça a
diagramação do modelo de celular sedimentar de Van Rijn (2010).

Figura 10 - Reprodução esquemática de uma célula sedimentar

Fonte: Van Rijn (2010).

No contexto da costa cearense, destaca-se a forte pressão que essa vem


passando nas últimas décadas, a partir da inserção de estruturas (hotéis, resorts, barramentos
fluviais e outros) e atividades (carcinicultura, hotelaria de grande porte, pesca predatória,
agropecuária de porte industrial). Umas das principais problemáticas que se evidenciam nesse
setor são as intensificações dos processos erosivos, como destacam Pinheiro (2000); Carvalho
et al. (1994); Maia et al. (1997); Martins et al., (2004); Moura et al. (2007); Sousa (2007);
Muehe (2001 e 2005), dentre outros. De acordo com Suguio (1998, p.275), “o processo em
geral é de origem natural, que pode atuar tanto em costa rasa quanto escarpada. Por outro
lado, a erosão costeira, principalmente a praial, pode ser induzida pelo homem”.
Para Morais (1996, p. 213), há erosão costeira em dois tipos: erosão natural e
erosão antrópica. A erosão natural é resultado da sazonalidade dos regimes de ondas e da
morfodinâmica das feições fisiográficas costeiras, constituindo um processo normal no
equilíbrio sedimentológico e dinâmico do sistema costeiro, enquanto que a erosão antrópica é
resultante da interferência do homem nesse sistema dinâmico, nas diversas formas de
intervenção.
42

2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS FACES PRAIAIS A PARTIR DO GRAU DE EXPOSIÇÃO À


AÇÃO DAS ONDAS

Os ambientes praiais apresentam inúmeras classificações a partir de características


morfológicos, porém outros critérios, como o grau de exposição e a ação das ondas, têm sido
amplamente aplicados (MUEHE, 2004). Autores como Hus e Evans (1989) e Short (1999)
ressaltam que o grau de exposição a ondas tem papel importante no condicionamento das
correntes costeiras e, consequentemente, no transporte sedimentar associado. Desse modo, a
partir dos diferentes graus de exposição às ondas, as praias podem ser expostas, semi-
abrigadas e abrigadas.
Para Short (1999), a exposição pode condicionar o ambiente praial a um
comportamento cíclico de retrogradação, transporte e progradação, a partir das variações
sazonais de incidência de ondas. Esse comportamento pode se apresentar numa escala
temporal de caráter semanal, mensal ou decadal, sem, entretanto, apresentar incremento ou
decréscimo líquido de sedimentos no sistema (KLEIN et al, 2005). Esse conceito vem sendo
aplicado no litoral brasileiro por Muehe (2001). Segundo Muehe (2001, p 41), “são
caracterizadas por ambientes resguardados da ação direta das ondas”. Na área de estudo,
delimitou-se um trecho costeiro com essas características. Em específico, essa face praial é
protegida da ação direta das ondas pela proteção de um spit arenoso, situado ao norte dessa
área (Figura 11).

Figura 11 - Setor de face praial abrigada na área da praia de Parajuru

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em imagens Quickbird R3G2B1 2016 (Esri Basedata).

As faces praias expostas, de acordo com Muehe (2001, p 41), “são ambientes
expostos a ação direta da energia das ondas”. Na área de estudo, delimitaram-se dois trechos
43

costeiros com essas características, em específico, o trecho do spit arenoso e o trecho da praia
de Parajuru, situada imediatamente a Oeste (Figuras 12 e13).

Figura 12 - Setor de face praial exposta na área do spit arenoso

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em imagens Quickbird R3G2B1 2016 (Esri Basedata).

Figura 13 - Setor de face praial exposta na área da praia de Parajuru

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em imagens Quickbird R3G2B1 2016 (Esri Basedata).

Por fim, as faces praias semi-abrigadas representam estágios intermediários entre


os dois anteriores. Para a área de estudo, não se aplicou essa terminologia.
44

2.6 MORFOLOGIAS ASSOCIADAS ÀS BARREIRAS COSTEIRAS

2.6.1 Spits arenosos

Com base na literatura (HAYES, 1979; DAVIS, 1994; BIRD, 2000; SALES et al
2003), as barreiras representam extensões de areias sempre emersas que se alongam de forma
paralela à faixa de praia, das quais são separadas por extensões aquáticas ou anfíbias, como
lagunas, canais de marés, braços de mar ou segmentos fluviais abandonados.
Ainda segundo os autores, essas feições, em sua grande maioria, têm dimensões
superiores a 1 km, que resultam da acumulação de sedimentos na zona infralitorânea em
resposta à ação das ondas e correntes litorâneas (em particular as correntes longitudinais e de
marés), representando formas naturais de proteção das praias em relação à ação abrasiva do
mar (e.g. DAVIS, 1990; BIRD, 1996). Como ocorre em outros ramos das ciências, os estudos
das barreiras arenosas geram um debate complexo.
Segundo a proposta de Beaumont (1885), as barreiras resultam da emersão e
migração de barras arenosas (sand bars) em direção à praia, sendo formadas a níveis pouco
profundos da zona infralitorânea.
Em contraponto, Gilbert (1885) considerou que as barreiras (e, em particular, as
ilhas-barreiras ou barrier islands, que representam cordões litorâneos completamente
desconectados da praia nas duas extremidades) evoluiriam pela ação de correntes
longitudinais (a deriva litorânea), tendo como ponto de partida a formação de flechas
litorâneas (“esporões”, barrier spits, correspondendo a cordões litorâneos, apresentando uma
extremidade conectada com a faixa de praia ou continente).
Sales et al., (2003) destacam que, apesar desta controvérsia, esses conceitos
preliminares deram base para uma evolução conceitual tipológica acerca das barreiras
arenosas, como é o caso proposto por Johnson (1919), que considerou as hipóteses de
emersão de barras arenosas e formação de flechas litorâneas pela ação de correntes litorâneas.
Além desse, cabe destacar o trabalho de Hoyt (1967), que demostrou outro contexto evolutivo
associado ao afogamento de cordões litorâneos pré-existentes.
Segundo Sales et al., (2003), atualmente esses três pressupostos continuam sendo
aceitos de forma relativamente antagônica. Considerando, no entanto, que uma grande parte
da controvérsia foi alimentada por ausência de estudos estratigráficos susceptíveis de
subsidiar os cenários evolutivos propostos, a maior disponibilidade de tais estudos nos dos
últimos decênios vem permitindo criar certo consenso acerca de algumas das condições
45

primárias que determinam a evolução de barreiras.


No que tange aos processos necessários para a formação das barreiras, Roy et al,
(1984) elencaram três fatores condicionantes:
1) Abundância de sedimentos na zona litorânea;
2) Morfologia plana e de pouca profundidade na zona infralitorânea;
3) Presença de espaços de acomodação morfológica.
Quanto à dinâmica, Suguio (2007) afirma que o processo de construção de uma
barra arenosa está relacionado à dinâmica exercida pelas desembocaduras fluviais, através do
bloqueio do transporte longitudinal de sedimentos. Desse modo, o fluxo de água bloqueia o
transporte de areia, de modo semelhante a um espigão artificial, contribuindo para a
acumulação sedimentar que dá origem às barras arenosas.
Suguio (2007) propôs a existência de três fases relacionadas ao surgimento e ao
desenvolvimento das barreiras arenosas:
1) Primeira Fase: denominada fase de enchente, há o bloqueio do transporte
litorâneo (deriva litorânea) pelo fluxo fluvial na área da desembocadura do rio, ou seja, esse
fluxo atua como uma espécie de espigão hidráulico. Há, dessa forma, a progradação de areia
marinha à barlamar do fluxo fluvial e retrogradação dos sedimentos fluviais à sotamar
(SUGUIO et al., 1985).
2) Segunda Fase: na fase seguinte (fase de vazante), o obstáculo exercido pelo
fluxo fluvial tende a desaparecer. O principal efeito disso é a erosão parcial dos depósitos
marinhos por meio da ação das correntes longitudinais, sendo construído, a partir de então, a
barra arenosa. Essa, por sua vez, tende a obstruir a desembocadura fluvial.
3) Terceira Fase: trata-se da fase de crescimento da barra arenosa. Isso ocorre
desde que a fase de vazante seja longa o suficiente, o que determinará o crescimento da barra
e a fará resistir às condições subsequentes de alta energia hidrodinâmica.
Com base nos processos atuantes, Dingle e Clifton (1994) propuseram que as
barreiras arenosas podem ser classificadas em:
1) Litorais dominados por ondas onde as barreiras seriam estáveis (wave-
dominated barriers);
2) Litoral dominado pela ação conjunta da energia das ondas e marés, formando
barras de energia mista (mixed energy barriers oudrumsticks barriers);
3) Litorais com aporte sedimentar realizado por corrente longitudinal, induzindo à
formação de flechas litorâneas (attached barriers, barriers spits);
4) Litorais com presença de participação dos fluxos fluviais na modelagem dos
46

depósitos, formando flecha litorânea ou flechas litorâneas duplas (double spits).


Spits (barreiras dominadas por ondas):
Barreiras do tipo spit evoluem, sobretudo, onde ocorrem inflexões da linha de
costa e um abundante suprimento de areia. As inflexões produzem acentuado ângulo de
incidência das ondas e, assim, uma significativa ação das correntes longitudinais (deriva
litorânea). Em função do elevado suprimento de areias, processa-se elevado transporte de
sedimentos de forma paralela à praia (Davis e Duncan, 2004).
Spits duplos (barreiras dominadas por fluxos fluviais e energia das ondas)
O surgimento e evolução de spits duplos ocorrem na desembocadura de pequenos
rios (DINGLER e CLIFTON, 1994). A morfologia dessas barreiras depende da combinação
entre fluxos fluviais e clima de ondas, sendo os sedimentos fornecidos sobretudo pelos rios.
Os períodos de estiagem permitem uma ação considerável das ondas, o que propicia a
deposição de sedimentos ao longo da desembocadura do rio e a formação de correntes
longitudinais que dispersam os sedimentos. Tal contexto é responsável pela criação de spits
em ambas as laterais do curso fluvial (DINGLER e CLIFTON, 1994).
Com frequência, em função da maior ou menor energia das ondas, um dos spits
duplos apresenta-se mais desenvolvido que o outro, situação que tende a barrar a
desembocadura dos rios (CLAUDINO SALES, 2002)
Barreiras de energia mista
São aquelas barreiras nas quais, além da energia das ondas, há também
participação da energia das marés (DAVIS, 1994). Devido à menor influência das ondas,
ocorre transporte de sedimentos para offshore através do inlet, que separa o ambiente anfíbio
criado pelas barreiras do ambiente marinho, fato responsável pela edificação de deltas de
jusante bem desenvolvidos (DAVIS e HAYES, 1984).
Esses corpos sedimentares formam uma morfologia arqueada em direção ao
mar que impacta a incidência das ondas, que são refratadas no entorno do delta de jusante,
provocando uma reversão local da direção da corrente longitudinal no segmento à sotamar
(DAVIS, 1994). Em consequência, parte considerável do aporte sedimentar é aprisionado
nesse segmento à sotamar, permitindo a construção da barreira.

2.6.2 Ilhas barreira

As ilhas barreira são corpos sedimentares emergentes que ocorrem paralelamente


à linha de costa, possuindo as duas extremidades livres, ou seja, sem nenhuma conexão direta
47

com o continente. Elas são encontradas em diversas costas do mundo e, conforme Davidson-
Arnott (2010), podem formar cadeias de ilhas separadas do continente por canais de maré,
lagunas ou baías.
De acordo com Otvos (2012), elas são um dos tipos de barreiras costeiras mais
recorrentes, cuja presença no sistema costeiro é extremamente importante, por serem fontes
supridoras de sedimentos para o litoral adjacente e, principalmente, por funcionarem como
uma primeira barreira de proteção da costa contra a ação de ondas de tempestades e eventos
de alta energia, da mesma forma que os spits arenosos.

2.7 MÉTODOS DE ANÁLISES DA VARIAÇÃO DA LINHA DE COSTA

Os estudos voltados ao conhecimento das variáveis ambientais representam,


sem dúvida, uma eficaz ferramenta para os gestores do meio físico. Para tanto, é necessária a
aplicação de metodologias que venham, de certo modo, sintetizar as análises e produzir
resultados na maioria dos casos expressos como mapas e gráficos. No caso das ambientes
praias, Silva et al. (2005) ressaltam que, por exemplo, a indicação da sensibilidade da costa a
processos erosivos é de suma importância, não apenas para geoconservação dos elementos
naturais, mas, acima disso, é fundamental na prevenção de riscos às comunidades locais.
Nessa perspectiva, o emprego de técnicas voltadas ao estudo das taxas de
variação da linha de costa (retrogradação e/ou progradação) surge como uma importante
ferramenta, de excelente grau de confiabilidade. Cabe salientar que os valores expressos nas
taxas médias da variação da linha de costa, por exemplo, representam o estado comparativo
de duas situações temporais, representando, assim, uma tendência a determinado
comportamento morfossedimentar do ambiente (DIAS et al, 1994). Nesse contexto, Dias et
al, (2004) colocam que algumas considerações devem ser adotadas ao aplicar taxas nos
estudos costeiros, tais como:
 Período Analisado: os ciclos retrogradantes presentes no ambiente
praial não representam um fenômeno que ocorre num ritmo constante e continuado.
Logo, temos um caráter cíclico, no qual os ciclos progradantes e retrogradantes se
alternam sem apresentar uma periodicidade predefinida. Contudo, as taxas médias
podem sofrer processos de super ou subvalorizarão em relação às anuais, quando
associadas a situações excepcionais.
48

 Sazonalidade Anual: as variações morfossedimentares do ambiente


praial estão associadas a estações do ano, ou seja, no inverno os ciclos retrogradantes
tendem a ser mais efetivos. Em contrapartida, os progradacionais tendem a prevalecer
no verão. Na comparação dos dados para esses dois períodos, as taxas médias podem
sofrer leves distorções de super ou subvalorizarão, essas distorções estão associadas,
na maioria dos casos, a eventos extremos.
 Método e Indicadores: no que concerne à identificação e à
determinação das taxas de variação da linha de costa, uma diversidade de ferramentas
pode ser utilizada, tais como perfis topográficos ou sensoriamento remoto. Referente
aos indicadores da linha de costa, os mais utilizados são a linha de berma e o limite
seco/molhada na face praial. Entretanto, podem ocorrer leves distorções, quando se
comparam os dados de perfis transversais e sensoriamento remoto, para uma mesma
área, em um mesmo período.
 Amplitude Temporal: ao adotar uma amplitude temporal muito longa,
as taxas tendem a apresentar menores valores de dispersão, porém representam valores
menos significativos, uma vez que não consideram períodos intermediários entre o ano
inicial e final, o que acarreta a não apresentação de leves mudanças. Por exemplo, ao
adotar o ano inicial 1970 e final 2000, sem inserir anos intermediários, será
desconsiderada uma série de dados de 30 anos (1971 a 1999).
 Escala: a escala adotada deve seguir parâmetros de exatidão
cartográfica, a partir dos produtos tomados como base, a exemplo de imagens
satélitais e fotografias aéreas, sendo de extrema importância a aplicação de escalas
grandes, tanto na produção das linhas de costa como na representação e diagramação
final.
As taxas de variação de linha de costa, apesar dessas questões, representam um
dos melhores indicadores das tendências evolutivas do ambiente praial, quando se seguem as
ressalvas apresentadas. Dentre elas, destacam-se a adoção de amplitudes temporais com anos
intermediários entre o inicial e o final, além da utilização de escalas compatíveis com os
produtos aplicados, as tendências evolutivas serão expressas com alto grau de confiabilidade,
identificando, com precisão, as variações sedimentares da linha de costa (DIAS et al, 1994;
THIELLER e DANFORT, 1994).
Acerca dos métodos e técnicas que se baseiam na aplicação de dados
multiespectrais em períodos predeterminados, destacam-se o Digital Shoreline Analysis
System (DSAS), desenvolvido por Thieler et al. (2009), e o Change polygon (Polígono de
49

Mudança), desenvolvido por Smith e Cromley (2012). A tabela 3 destaca os principais e mais
atuais trabalhos direcionados na aplicação desses métodos, a nível da região Nordeste do
Brasil.

Tabela 3 – Trabalhos aplicados à linha de costa no contexto da região Nordeste


Autor Ano Trabalho Técnica
Uso de técnicas de geoprocessamento para a
análise da evolução da linha de costa em
Farias, E. G. G; Maia,
2010 ambientes litorâneos do Estado do Ceará,
L.P.
Brasil. Revista de Gestão Integrada da Zona
Costeira, v. 10, n. 4, p. 521-544, 2010.
Análise da evolução da linha de costa entre as
praias do Futuro e Porto das Dunas, região Digital Shoreline
MARINO, M. T. R. D.;
2013 metropolitana de Fortaleza (RMF), estado do Analysis System
FREIRE, G. S. S.
Ceará, Brasil. Revista de Gestão Costeira (DSAS)
Integrada, v.13, n.1, p.113-129, 2013.
O uso de SIG na análise da evolução de linha
SOUZA, W. F.; LEITE, de costa controlada por promontório: trecho
N. S.; MEIRELES, A. J. 2016 entre as praias de Ponta Grossa e Retiro
A.; SILVA, E. V. Grande, Icapuí-Ceará. Revista da Casa da
Geografia de Sobral, v. Especial, p. 20-35,
Análise multitemporal dos elementos
geoambientais da planície estuarina de região
de Ponta do Tubarão, área de influência dos Change polygon
SOUTO, M.V.S, 2004 campos petrolíferos de Macau e Serra, (Polígono de
município de Macau, RN. Dissertação de Mudança)
Mestrado. Natal: UFRN. Programa de Pós-
Graduação em Geodinâmica e Geofisica .
Fonte:Elaborado pelo Autor

2.7.1 Digital Shoreline Analysis System (DSAS)

O Digital Shoreline Analysis System (DSAS) é uma das principais metodologias


empregadas nos estudos direcionados à evolução da linha de costa, devido à qualidade das
estatísticas geradas e ao fato de ser gratuito. O DSAS foi desenvolvido por Thieler et al,
(2009), através da parceria entre United States Geological Survey (USGS) e Innovate Inc,
sendo distribuído através do link <https://woodshole.er.usgs.gov/project-
50

pages/DSAS/version4/>.
As variáveis referentes às variações de linha de costa fornecidas pelo DSAS são
confiáveis, desde que os dados de entrada referentes às linhas temporais sejam bem definidos,
seguindo um indicador preciso e visível em todas as imagens multiespectrais (ANDERS e
BYRNES, 1991; CROWELL et al, 1991; THIELER e DANFORTH, 1994 e MOORE, 2000).
O operador das análises tem a possibilidade de atribuir um valor geral de incerteza
para cada linha, um valor positivo ou negativo em metros que representará o grau de incerteza
de posição e medição. Esse grau de incerteza é aplicado nos cálculos de erro padrão, o
coeficiente de correlação e os intervalos de confiança, que são fornecidos pela regressão
linear simples e ponderada (MORTON et al, 2004; MORTON e MILLER, 2005; HAPKE et
al, 2006; e HAPKE E REID, 2007 e HIMMELSTOSS, 2009),
Essa ferramenta funciona como extensão integrada no software ArcGis, através do
qual se processam cálculos estatísticos, baseados em linhas de costas de períodos previamente
determinados. As derivações estatísticas são expressas por seis parâmetros principais: (1) End
Point Rate - EPR, (2) Linear Regression Rate - LRR, (3) Shoreline Change Envolope - SCE,
(4) Net Shoreline Moviment - NSM, (5) Weighted Linear Regression - WLR e (6) Least
Median of Squares - LMS. Além desses, são calculados quatro parâmetros auxiliares, os quais
apresentam derivações relativas à acurácia dos parâmetros principais, sendo estes: (A) R-
squared of Linear Regression - LR², (B) Confidence of End Point Rate - ECI, (C) Confidence
Interval of Linear Regression - LCI e (D) Standard Error of Linear Regression - LSE
(HIMMELSTOSS, 2009).

- PARÂMETROS PRINCIPAIS:
(1) End Point Rate – EPR: essa variável é alcançada através da divisão da distância entre a
linha mais antiga e a mais recente do conjunto de dados pelo tempo decorrido entre estes. Os
valores são expressos em metros/ano. Na Figura 14 é apresentado um exemplo de distribuição
de linhas de costa de diferentes períodos e a aplicação do EPR, no qual aplicando a fórmula e
apenas os dados dos anos de 2005 e 1936, chegou-se a um valor de 1,09 m/ano
(HIMMELSTOSS, 2009).
51

Figura 14 - Variação da linha de costa a partir do End Point Rate

Fonte: Adaptado de Himmelstoss (2009).

Em relação às potencialidades do EPR, destacam-se a facilidade de cálculo e o


requisito mínimo de apenas duas datas de linha de costa. As limitações, por sua vez, estão no
fato de que, para um conjunto de dados maior, apenas as datas extremas são consideradas,
afetando a detecção de leves alterações do ciclo sedimentar, bem como magnitude e
tendências cíclicas podem ser perdidas (CROWELL et al, 1997, DOLAN et al, 1991).

(2) Linear Regression Rate – LRR: em contrapartida, o LRR considera todas as linhas de
costa do conjunto de dados nos cálculos e é expresso em m/ano. Esse parâmetro baseia-se em
uma taxa de mudança de regressão linear, que pode ser determinada ajustando uma linha de
regressão de mínimos quadrados a todos os pontos da costa para um transecto específico.
Como destaca Himmelstoss (2009, p. 48),
a linha de regressão é colocada de modo que a soma dos resíduos quadrados
(determinada pelo quadrado da distância de deslocamento de cada ponto de dados da
linha de regressão e adicionando os resíduos quadrados em conjunto) seja
minimizada, sendo a taxa de regressão linear a inclinação da linha.

As potencialidades do LRR são o fato de incluir todo o horizonte de anos e estar


fundamentado em modelos estatísticos de ampla aceitação (DOLAN et al, 1991). Porém, em
relação às limitações, tem-se o fato de que a regressão linear sofre influência de efeitos
atípicos, além de subestimar a taxa de mudança, quando comparada a outras variáveis
(DOLAN et al, 1991; GENZ et al, 2007).

(3) Shoreline Change Envolope – SCE: essa variável informa uma distância, diferentemente
das outras variáveis, que resultam numa taxa. O SCE expressa em metros a distância entre a
linha mais antiga e a mais recente (Figura 15). Sendo, então, apresentada a mudança total da
52

linha de costa para todo o horizonte de dados (HIMMELSTOSS, 2009). Tem como principal
potencialidade apresentar um panorama geral de todo conjunto de dados, porém, tem como
principal limitação, apresentar apenas valores positivos, o que não permite identificar se está
ocorrendo um ciclo progradacional ou retrogradacional (DOLAN et al, 1991).

Figura 15 - Variação da linha de costa a partir do Shoreline Change Envelope

Fonte: Adaptado de Himmelstoss (2009).

(4) Net Shoreline Moviment – NSM: o NSM representa o movimento líquido do litoral,
através da distância expressa em metros entre a linha de costa mais antiga e a mais recente
(Figura 16). A principal potencialidade desse parâmetro é a visualização de valores positivos
e negativos, permitindo identificar se está ocorrendo um ciclo progradacional ou
retrogradacional (DOLAN et al, 1991). Por sua vez, a limitação está no fato de influenciar os
valores dos ciclos progradacionais ou retrogradacionais.

Figura 16 - Variação da linha de costa a partir do Net Shoreline Movement

Fonte: Adaptado de Himmelstoss (2009).


53

(5) Weighted Linear Regression – WLR: essa variável expressa uma regressão linear
ponderada, na qual os dados mais confiáveis recebem maior ênfase ou peso para determinar
uma linha de melhor ajuste, ou seja, em dados multiespectrais, quanto maior a resolução
espacial, maior será o peso, e menores valores de incerteza (HIMMELSTOSS, 2009). Como
ressaltam Genz et al (2007), “no cálculo das estatísticas da taxa de mudança das costas, é
dada maior ênfase aos pontos de dados para os quais a incerteza da posição é menor”.
A WLR considera todo o conjunto de dados, além de permitir a aplicação de
dados multiespectrais de diferentes resoluções, uma vez que pondera o grau de precisão de
cada dado da série. No entanto, é recomendado utilizar dados de precisão similares, para não
afetar os produtos finais, como cartas e gráficos (DOLAN et al, 1991).

(6) Least Median of Squares – LMS: esse parâmetro objetiva ajustar a linha a partir da
minimização da soma dos resíduos quadrados. Esse método é um estimador de regressão mais
robusto que minimiza a influência de um outlier anômalo na equação de regressão geral, no
qual o processo de ajuste da linha segue a mesma lógica do LRR (HIMMELSTOSS, 2009). O
LMS é determinado por um processo iterativo que calcula todos os valores possíveis de
inclinação (a taxa de mudança) dentro de uma faixa restrita de ângulos, seguindo uma
abordagem descrita em Rousseeuw e Leroy (1987).

- PARÂMETROS AUXILIARES:
R-squared of Linear Regression - LR²: a estatística R-quadrado representa, através de
porcentagem, a variância nos dados a partir de uma regressão. É, desse modo, um índice
adimensional que varia de 1,0 a 0,0 e mede quão bem sucedida a linha de melhor ajuste
explica a variação nos dados (ROUSSEEUW e LEROY, 1987; HIMMELSTOSS, 2009). Os
autores ressaltam que há, desse modo, duas situações:
 Valores R² próximos de 1,0: indicam que a linha de melhor ajuste explica a maior
parte da variação na variável dependente. Se x e y estão perfeitamente relacionados,
não há variação residual e a razão de variância seria 1,0.
 Valores de R² próximos de 0,0: indicam que a linha de melhor ajuste explica pouco da
variação na variável dependente e pode não ser um modelo útil. Se não houver relação
entre as variáveis x e y, então a proporção da variabilidade residual da variável y para
a variância original é igual a 0,0.
54

Confidence of End Point Rate – ECI: Segundo Himmelstoss (2009, p. 52), “as incertezas do
litoral para as duas posições usadas no cálculo do ponto final são cada uma ao quadrado e
depois juntas (soma dos quadrados). A raiz quadrada do somatório dos quadrados é dividida
pelo número de anos entre as duas linhas”.

Confidence Interval of Linear Regression – LCI: esse parâmetro representa o erro padrão
da inclinação com intervalo de confiança (LCI, para regressão linear ordinária, e WCI, para
regressão linear ponderada) e descreve a incerteza da taxa relatada (HIMMELSTOSS, 2009).
Durante a análise, é possível definir níveis de confiança entre 68.3, 90, 95, 95.5 ou
99.7 por cento. As taxas LRR e WLR são determinadas por uma linha de regressão de melhor
ajuste através dos dados da amostra. A inclinação dessa linha é a taxa de mudança relatada
(em metros/ano). O intervalo de confiança (LCI ou WCI) é calculado multiplicando o erro
padrão (também chamado de desvio padrão) da inclinação pela estatística de teste de duas
colunas na porcentagem de confiança especificada pelo usuário (ZAR, 1999).

Standard Error of Linear Regression - LSE: o LSE analisa os valores previstos (ou
estimados) de y (a distância da linha de base), são calculados para cada ponto do litoral
usando os valores de x (data da linha de costa) aplicados à equação para a linha de regressão
de melhor ajuste. O erro padrão da estimativa avalia a precisão da linha de regressão de
melhor ajuste na predição da posição de uma linha costeira para um determinado ponto no
tempo (HIMMELSTOSS, 2009).

2.7.2 Change Polygon (Polígono de mudança)

Buscando aplicar uma metodologia alternativa ao DSAS, foi desenvolvida a


técnica Change Polygon por Smith e Cromley (2012).
Essa técnica também se baseia em análises computacionais de dados
multiespectrais. A principal diferença em relação à técnica anterior é o fato de não utilizar
uma linha arbitrária como base nas análises, no caso do DSAS a baseline onshore e offshore.
Change Polygon utiliza duas linhas de costa de datas distintas para a construção de topologias
que representem a diferenças entre elas. As análises topológicas baseiam-se na operação
algébrica de subtração de dois ou mais polígonos de acresção e erosão, a diferença total da
área entre duas linhas de costa.
Para a aplicação do Change Polygon, são seguidas cinco etapas (Figura 17).
55

Antes de iniciar as etapas, deve-se escolher os dados multiespectrais de duas ou mais datas
distintas, em que a mais antiga representará a linha de base. A primeira e a segunda referem-
se à vetorização das linhas de costa dos diferentes períodos. Na terceira, é realizado o
cruzamento das linhas. Na quarta etapa, as regiões espacialmente localizadas entre as duas
linhas são poligonizadas, a fim de fechar todas as extremidades entre elas.
Os polígonos podem ser representados de modo composto ou decomposto. Na
quinta e última etapa, são definidos os polígonos erosivos e progradacionais. Os erosivos
representam os setores nos quais a linha mais recente recuou em relação à linha base, já os
progradacionais englobam os setores nos quais a linha mais recente avançou por sobre a mais
antiga.
Figura 17 - Etapas do método Change Polygon

Fonte: Elaborado pelo autor.

Visando representar esses valores, de modo a integrar todos as variáveis, como


polígonos e linha de costa, na análise estatística, Dias et al., (1994), desenvolveram a Taxa de
Variação de Linha de Costa – TVLC. Acerca dessas taxas, Dias et al (1994) apontam que:
as taxas de variação da linha de costa constituem um dos melhores marcadores dos
índices de erosão costeira quando esta atinge estágios avançados. Na maior parte dos
casos, este índice é mais explícito e, frequentemente, mais confiável do que a
avaliação da área perdida ou do volume erodido, já que há sempre uma tendência ao
equilíbrio.

A construção das Taxas de Variação de Linha de Costa (TVLC) baseia-se no cálculo


matemático no qual o saldo obtido (SD) entre a área acrescida (AC) e erodida (AE)
(Fórmula I) pela extensão da linha de costa (ELC) do ano base (Fórmula II).
56

SD = AC – AE (I)

TVLC = SD / ELC (II)

A fim de exemplificar, tomaram-se como base os dados referentes a uma praia


qualquer (Tabela 4). A partir da aplicação dos dados nas fórmulas I e II, chegou-se a uma taxa
de variação de 7,23 m (Figura 18).

Tabela 4 - Dados de entrada para teste da TVLC


Dados de Entrada (1980 - 1990)
ELC - Extensão da Linha de Costa (m) 3.000
AC - Área Acrescida (m²) 25.200
AE - Área Erodida (m²) 3.500
SD - Saldo (m²) 21.700
TVLC - Taxa de Variação de Linha de Costa (m) 7,23
Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 18 - Representação espacial da TVLC

Fonte: Elaborado pelo autor.


57

3 PROCEDIMENTOS TÉCNICO-OPERACIONAIS

Para alcançar os objetivos propostos, o presente trabalho teve sua execução


organizada em duas etapas:
1. Etapa de Gabinete: nesta etapa foram executadas revisões bibliográficas
pertinentes ao tema em questão; análise, processamento e montagem do banco de dados
dos produtos multiespectrais; elaboração de mapas multitemporais da linha de costa e
mapas temáticos de temas físicos e sociais; obtenção e tratamento de dados
geoestatísticos; interpretação e análise da variação da linha de costa e produção textual.
2. Etapa de Campo: nesta etapa foram realizadas visitas na área de estudo,
para análise da realidade local, além de registro fotográfico.
A descrição e o detalhamento dos procedimentos metodológicos e operacionais
adotados neste estudo são discutidos nos itens a seguir.

3.1 DADOS GEOCARTOGRÁFICOS

Neste item são apresentados os dados utilizados, bem como as especificações


técnicas e fontes de aquisição.

3.1.1 Dados vetoriais

Os dados vetoriais podem ser apresentados na forma de ponto, linha ou polígono.


Tendo em vista essas condições básicas, utilizou-se base de dados levantada em campo,
criadas em laboratório, bem como as oriundas de órgãos governamentais, das esferas estadual
e federal.
Para os dados vetoriais pertinentes aos limites territoriais, adotou-se a base de
dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), levantada no último censo
demográfico, que data do ano de 2010, disponível no formato shapefile, sob o sistema de
referência espacial (Datum) SIRGAS 2000 e sob o Sistema de Coordenadas Geográficas.
Os dados vetoriais pertinentes a informações geológicas e pedológica compõem a
base de dados do Serviço Geológico do Brasil - CPRM. Os referidos dados estão separados
em três Planos de Informações, os quais são pertinentes às Classes de Litotipos, às Classes de
Solos, e às Classes Geomorfológicas, disponibilizados no formato shapefile e estão sobe o
58

sistema de referência espacial (Datum) WGS 84 e sobe o Sistemas de Coordenadas


Geográficas, (CPRM, 2004), tendo sido reprojetados para SIRGAS 2000 e Sistema de
Coordenadas Geográficas.
No que tange à hidrografia, foram utilizadas as informações que compõem o
banco de dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará - COGERH, as
quais abordam a drenagem, os lagos, as lagoas, e os reservatórios mapeados na escala de
1:100.000 (COGERH, 2008). Estão disponibilizados no formato shapefile e estão sob o
sistema de referência espacial (Datum) SAD 69 e Sistema de Coordenadas UTM, tendo sido
reprojetados para SIRGAS 2000 e Sistema de Coordenadas Geográficas.
No âmbito geoambiental, a composição do banco tem bases vetoriais do acervo da
Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE (ano de 2008), e da Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos – FUNCEME (ano de 2007). Ambos
definidos no sistema de referência espacial (Datum) SAD 69 e sobe o Sistemas de
Coordenadas UTM, tendo sido reprojetados para SIRGAS 2000 e Sistema de Coordenadas
Geográficas.
Já os dados referentes ao sistema viário fazem parte do banco de dados do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (ano de 2010). Estão
definidos no sistema de referência espacial (Datum) SIRGAS 2000 e sob o Sistema de
Coordenadas Geográficas.
Além destes dados vetoriais, foram construídas bases de dados em formato
shapefile do tipo linha e polígono, referentes às variações de linha costa dos intervalos de
tempo previamente estabelecidos, seguindo os padrões cartográficos vigentes, adotando-se o
sistema de referência espacial (Datum) SIRGAS 2000 e Sistema de Coordenadas Geográficas.

3.1.2 Dados matriciais

Na construção das informações geocartográficas da área de estudo e dos dados


multitemporais da linha de costa, utilizaram-se dados multiespectrais de múltiplas fontes. Os
dados multiespectrais podem ser adquiridos de maneira gratuita a partir de diversas
plataformas, destacando-se a do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais –, no
endereço eletrônico <http://www.dgi.inpe.br/CDSR/>, e a do USGS – United States
Geological Survey –, no endereço eletrônico <https://earthexplorer.usgs.gov/>.
O banco de dados multiespectral foi montado com dados da série Landsat 1, 2 e 3
Sensor MSS, Landsat 5 Sensor TM, Landsat 7 Sensor ETM+ e Landsat 8 Sensor OLI,
distribuídos no intervalo temporal de 1970 a 2017. Outro produto orbital utilizado
59

corresponde aos dados da missão Sentinel. Foram utilizados os dados do satélite Sentinel – 2
Sensor MSI –, compreendidos entres os anos de 2015 e 2017. Por fim, foi incluído, no banco
de dados, imagem do satélite Quickbird para o ano de 2009, sendo cedida pela
Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE.
A etapa posterior à organização dos dados foi a seleção desses a partir de critérios pré-
estabelecidos, os quais permitem que o usuário possa filtrar os dados por um período (faixa de
resolução temporal) a ser aplicado. Neste Trabalho consideraram-se dois critérios: cobertura
de nuvens de cada cena e o critério de microescala, fundamentado na sazonalidade climática.

Nesta dimensão da microescala adotou-se a estação climática representada através do


semestre chuvoso (janeiro a julho) e semestre seco (agosto a dezembro). Deste modo, adotou /
adotaram-se imagens dos anos de 1979, 1989, 1999, 2009 e 2016 da série Landsat (Tabela 5),
aplicadas na análise temporal da linha de costa.

Tabela 5 - Dados multiespectrais aplicados na análise multitemporal


Imagens Orbitais Landsat
Resolução Composição
Ano Mês Estação Satélite Sensor Bandas
Espacial (m) (RGB)
Junho Chuvosa
1979 Landsat 2 MSS 80 4a7 546
Agosto Seca
Junho Chuvosa
1989
Outubro Seca
Junho Chuvosa
1999 Landsat 5 TM 30 1a7 543
Agosto Seca
Julho Chuvosa
2009
Setembro Seca
Junho Chuvosa
2016 Landsat 8 OLI 15 1 a 9 654 + Pan (8)
Setembro Seca
Fonte: Elaborado pelo autor, com base nos dados do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Para a construção dos produtos relativos à elevação e declividade recorreu-se aos


dados do projeto SRTM – Shuttle Radar Topographic Mission –, executado em conjunto entre
a NIMA – National Imagery and Mapping Agency –, e a NASA – National Aeronautics and
Space Administration –, ambas dos EUA. Os dados datam do ano de 2004 e encontra-se
disponibilizadas pela USGS/Eros Data Center e pelo INPE – Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais –, através do projeto banco de dados geomorfométricos do Brasil, também
conhecido como topodata. Os dados de elevação encontram-se disponíveis com espaçamento
de cerca de 30 metros (1 arcos-segundo). A acurácia vertical absoluta do MDT gerado é de 16
metros, considerando um intervalo de confiança de 90%. Desse modo, os dados foram
adquiridos por meio digital, através do projeto topodata, selecionando-se a folha da
60

articulação enumerada com o código 04S39.

3.1.3 Dados alfanuméricos

Para a caracterização climática, utilizou-se um aporte de dados delimitados entre os


anos de 1975 a 2016, para as variáveis temperatura, pressão atmosférica, evaporação e
umidade relativa, tomaram-se como base os dados fornecidos pela estação meteorológica
mais próxima, que, nesse caso, é a estação Jaguaruana (Código INMET: 00437007) e
coordenadas geográficas 4°49'58.07" de Latitude Sul, 37°47'4.05" de Longitude Oeste de
Greenwich. Essa estação encontra-se distante aproximadamente a 76 km da área de estudo e é
gerenciada pelo o Instituto Nacional de Meteorologia – INMET. Os dados são
disponibilizados através do Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa –
BDMEP –, disponibilizados no endereço eletrônico
<http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=bdmep/bdmep >.
Para a caracterização da variável precipitação, foram utilizados os dados delimitados
ente os anos de 1960 e 2016, coletados pela estação Aracati (Código FUNCEME: 437000) e
coordenadas geográficas 4°34’0.12” de Latitude Sul, 37°46’0.12” de Longitude Oeste de
Greenwich. Essa estação encontra-se distante aproximadamente a 29 km da área de estudo e é
gerenciada pelo o Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos – FUNCEME. Os
dados foram acessados a partir do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos
– SNIRH –, essa plataforma é gerida pela Agência Nacional de Águas – ANA – e
disponibilizada através do link <http://portal1.snirh.gov.br/ana/home/>.
Outros postos pluviométricos se localizam geograficamente mais próximos da praia de
Parajuru, a exemplo do posto Fortim (437019), distante 7 km da área. Contudo, sua
abrangência de dados, delimitada apenas entre 1988 – 2016, não contempla o quadro de
imagens analisadas. Por sua vez, o posto Aracati (43700) teve suas medições iniciadas em
1914 e permanecem ativas até a atualidade. Logo, essa abrangência temporal representativa
do comportamento pluvial e a distância de 29 km da área de estudo foram os fatores
preponderantes para a utilização dos dados desse posto.
A respeito dos postos e a distância da área, foram avaliados os padrões estatísticos da
série histórica 1988 – 2016 dos três postos (Gráficos 1e 2), mostrando-se que a diferença na
dispersão dos dados e sua variabilidade para os dados de precipitação são mínimos, validando,
desta forma, a utilização dos dados do posto Aracati.
61

Gráfico 1 - Distribuição da série pluviométrica na escala mensal (1988 - 2016)

Fonte: Elaborado pelo autor, com base nos dados da ANA - Agência Nacional de Águas.

Gráfico 2 - Distribuição dos valores máximos, médios e mínimos da série pluviométrica


(1988 - 2016)

Fonte: Elaborado pelo autor, com base nos dados da ANA - Agência Nacional de Águas.

Para a variável maré, utilizaram-se os dados disponibilizados pela Diretoria de


Hidrografia e Navegação – DHN –, disponibilizados no Banco Nacional de Dados
Oceanográficos – BNDO –, através do link <http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-previsao-
mare/tabuas/>. Os dados compreendem uma escala temporal de 2005 até o presente.

3.2 DADOS BIBLIOGRÁFICOS

Com intuito de embasar o trabalho, realizou-se pesquisa bibliográfica sistemática,


direcionada para cada tema abordado. Foram analisados documentos de âmbito nacional e
internacional, tais como livros, periódicos, banco de teses e dissertações, além de manuais
técnicos. No contexto da área de estudo, elencaram-se os trabalhos disponíveis, dentre os
quais se destacam com exposto a seguir (Tabela 6).
62

Tabela 6 – Principais produções bibliográficas que tratam da área de estudo


Autor Ano Trabalho
Compartimentação geológica, processos dinâmicos e
MEIRELES, A. J. A.;
uso e ocupação da planície costeira de Parajuru,
MORAIS, J. O. de. 1994
município de Beberibe, litoral leste do Estado do
Ceará. Revista de Geologia, Fortaleza v.7, p. 69-81.
Análise do comportamento hidrodinâmico e
sedimentológico do Estuário do Rio Pirangi - Ceará
PINHEIRO, D.R. (NE/Brasil). Dissertação de Mestrado em
2003
Geociências. Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Programa de Pós-graduação em geociências,
Porto Alegre, 2003.
Avaliação do uso potencial de áreas estuarinas a
ABREU, F. L; MORAIS, J. O.
partir da identificação e caracterização do
de; SOUZA, J. M. N. de;
2006 comportamento de variáveis hidroclimáticas,
PINHEIRO, L. de. S; PAULA,
oceanográficas e ambientais - estudos de caso: rio
D. P. de.
Pirangi-CE.
Análise integrada na bacia hidrográfica do Rio
Pirangi-CE: subsídios para o planejamento e gestão
SILVA, J. M. O. ambiental. Tese de Doutorado. Fortaleza: UFC.
Programa de Pós-Graduação em Geografia da
2012 Universidade Federal do Ceará.
Análise geoambiental do baixo curso da bacia
hidrográfica do rio Pirangi. CE. Revista GeoNorte, v.
SILVA, J. M. O; SILVA, E. V 3, p. 593-605.
Análise hidroclimática da Bacia Hidrográfica do rio
Pirangi-Ceará. Revista GeoNorte, v. unico, p. 346.
Fonte: Elaborado pelo autor

3.3 SOFTWARES UTILIZADOS

Para o tratamento dos dados multiespectrais e diagramação dos produtos cartográficos,


fez-se uso do software ArcGIS® 10.0, por meio da versão trial, devidamente licenciada
através do ID: 3788757452, o software e licença foram adquiridos junto a ESRI -
Environmental Systems Research Institute –, na página <https://learn.arcgis.com/pt-
br/trial/#>.
As análises relativas às variações da linha de costa foram realizadas por meio da
63

extensão Digital Shoreline Analysis System – DSAS. Essa ferramenta é uma rotina
computacional e realiza operações geométricas, baseada na biblioteca MATLAB Component
Runtime (MCR), funcionado em conjunto com o ArcGis. O DSAS foi desenvolvido pelo
United States Geological Survey – USGS – e é distribuído gratuitamente por meio do link
<http://woodshole.er.usgs.gov/ project-pages/dsas/do>.
As análises estatísticas, produção de gráficos e tabelas foram realizadas no software
LibreOffice Calc, também distribuído de maneira gratuita.
Para a elaboração dos diagramas de fluxo dos processos envolvidos na análise e
produção dos produtos cartográficos, fez-se uso do software ArgoCASEGEO versão 3.0,
desenvolvido pelo Departamento de Informática da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e
distribuído gratuitamente. Esse software é uma ferramenta e baseia-se no modelo conceitual
UML-GeoFrame, que é específico para aplicações de Sistemas de Informação Geográfica
(SIG).

3.4 METODOLOGIAS PARA ANÁLISE DA VARIAÇÃO TEMPORAL DA LINHA DE


COSTA

Nesta etapa são descritos os procedimentos operacionais adotados no tratamento das


informações e produção de resultados apresentados.

3.4.1 Análise de dados matriciais

A utilização de dados multiespectrais requer a adoação de medidas iniciais para a


correção de erros advindos de caratér sistemático, tais como geométricos e radiométricos,
ocasionados por falhas geradas pelo próprio satélite, além da inteferência da atmosfera
(CROSTA, 1993). Essas medidas inicais estão inclusas em três etapas: pré-processamento,
processamento e pós-processamento.
Neste trabalho acrescentou-se mais uma etapa, denominda diagramação, na qual estão
incluidos todos os processos de análise dos dados, previamente tratados na etapas anteriores,
bem como a produção de todos os produtos cartográficos, os quais foram divididos em
principais, que incluem os mapas multitemporais da linha de costa, a partir dos dois metódos,
e secundários, estando inseridos nessa categora outros produtos cartográficos, tais como
mapas temáticos de caratér fisico natural, delimitação de setores e outros (Figura 19).
64

Figura 19 - Diagrama de fluxo das etapas de análise dos dados matriciais

Fonte: Elaborado pelo autor.

Pré-processamento: nesta etapa foram empregadas técnicas e funções operacionais,


objetivando corrigir as distorções dos dados multiespectrais, como ruídos, erros radiométricas
e erros na geometria de imageamento. Com o intuito de corrigir os erros já mencionados, em
especifico de caráter geométrico, foi executado o registro das imagens digitais, com base em
mosaicos controlados Geocover (NASA, 2012), na escala de 1:1.000.000, tornando possível a
comparação/integração entre as imagens e a análise com outras camadas de dados
(alfanuméricos e vetoriais). Após o registro os dados, foram reprojetados do Datum de origem
WGS 84 e Sistemas de Coordenadas Geográficas, para SIRGAS 2000 e Sistema de
Coordenadas Geográficas.
65

Processamento: nesta etapa foram selecionadas as bandas espectrais a serem empregadas nas
análises. Inicialmente, realizou-se o empilhamento das bandas em um único arquivo para cada
ano e mês, posteriormente, empregou-se cálculo estatístico, a fim de determinar a extensão de
correlação entre as diferentes bandas espectrais e validar as que destaquem melhor as
morfologias analisadas. Em um terceiro momento, executou-se composição colorida dos
dados, com base no sistema de cores aditivas RGB, referentes às cores: vermelho (red) - verde
(green) – azul (blue), no qual, a partir da associação de três bandas espectrais, cada uma
inserida num canal de cor, resulta em um produtor final com uma falsa-cor. Desse modo,
adotou-se o seguinte padrão RGB 546, 543 e 654, respectivamente, para os satélites Landsat 2,
5 e 8. Por fim, aplicou-se realce de contraste linear e fusão da imagem Landsat 8, para ganho
de resolução espacial, nesse caso, de 30 m para 15 m.

Pós-processamento: nesta etapa os dados multiespectrais foram organizados em um banco de


dados a partir do critério da sazonalidade da precipitação, no qual temos o semestre chuvoso
de janeiro a julho e o semestre seco de agosto a dezembro.
Diagramação: por fim, na última etapa foram produzidos os produtos cartográficos temáticos
e específicos da análise temporal da linha de costa.

3.4.2 Compartimentação da área monitorada e delimitação da linha de costa

A compartimentação da área monitorada seguiu as definições de Muehe (2001), para


face praial abrigada e exposta. Desse modo, foram delimitados dois setores de face praial
exposta e um setor de face praial abrigada.
A delimitação da linha de costa tomou como indicador a divisa seco/molhado, que
facilmente é visualizada, devido à diferença de tonalidades derivadas dos sedimentos secos ou
molhados. O limite final do sedimento molhado e início do seco foi considerado linha de
costa.

3.4.3 Digital Shoreline Analysis System (DSAS)

A análise geoespacial da linha de costa foi realizada por meio da ferramenta Digital
Shoreline Analysis System (DSAS), desenvolvida por Thieler et al, (2009) e já amplamente
utilizada em estudos no litoral do estado do Ceará, como nos trabalhos de Farias e Maia
(2010), Marino e Freire (2013) e Souza et al. (2016). Essa ferramenta atua como
complemento no software ArcGis®, e realiza operações geométricas baseadas na biblioteca
MATLAB® Component Runtime (MCR). A sua aplicação neste estudo obedeceu às seguintes
etapas, para os três setores de estudo:
66

I. Criação de geodatabase específico para cada setor;

II. Digitalização da linha de costa;

III. Definição de transectos;

IV. Definição do limite onshore e offshore;

V. Definição das linhas de costa em períodos distintos;

VI. Definição dos parâmetros estatísticos, - Shoreline Change Envelope (SCE), 2- Net
Shoreline Movement (NSM), 3 - End Point Rate (EPR), 4 - Linear Regression (LRR),
5 - Weighted Linear Regression (WLR), e 6 - Least Median of Squares (LMS); e

VII. Elaboração de mapas e gráficos.

3.4.4 Change Polygon (Polígono de mudança)

De modo complementar, foi aplicada a metodologia Change Polygon, desenvolvida


por Smith e Cromley (2012), cuja utilização se deu através das seguintes etapas:
I. Digitalização da linha de costa;

II. Cruzamentos das linhas de costa;

III. Poligonização das regiões situadas entre as linhas;

IV. Definição dos polígonos erosivos e progradacionais; e

V. Aplicação da taxa de variação de linha de costa TVLC desenvolvida por Dias et al,
(1994).

4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA ÁREA DE ESTUDO

4.1 ASPECTOS HIDROCLIMÁTICOS E HIDROLÓGICOS

O conhecimento do comportamento climático e hidrológico de uma região é um


elemento fundamental no entendimento da evolução morfológica dos ambientes, uma vez que
as relações de troca de matéria e energia, bem como os agentes dessa relação têm sua
dinâmica ligada a esses fatores. Desse modo, realizou-se a caracterização das variáveis
climáticas e hidrológicas da região da praia de Parajuru, localizada no limite final do
município de Beberibe, Litoral Leste do Estado do Ceará.
67

4.1.1 Variáveis climáticas

A praia de Parajuru sofre maior influência de fatores climáticos locais, como latitude e
maritimidade. Em virtude da baixa latitude, aproximando-se dos 4º 24’66’’ em relação ao
Equador, há alta incidência de radiação solar, com temperaturas elevadas, sendo atenuadas
pela maritimidade, disponibilizando maior umidade e atenuação das temperaturas.
Além desses fatores, há que se destacar a sazonalidade da precipitação na área
investigada, regida pelos sistemas atmosféricos que atuam no litoral leste do estado do Ceará.
Dentre estes sistemas, têm-se como os principais a Zona de Convergência Intertropical
(ZCIT) – formada pela confluência dos ventos alísios do hemisfério norte com os ventos
alísios do hemisfério sul e uma dos principais responsáveis pela precipitação –, as ondas de
leste (OL), os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), as brisas continentais, dentre
outros mecanismos (FERREIRA E MELO, p. 5, 2005).
Para a caracterização das variáveis climáticas, foram utilizados os dados da estação
meteorológica localizada em Jaguaruana, que apresenta uma amplitude de dados entre os anos
de 1970 a 2015, com exceção dos dados pluviométricos, que foram utilizados os dados do
posto Aracati, devido a sua proximidade com a área de estudo e sua amplitude de dados
delimitada entre 1960 a 2016. As similaridades nos valores de precipitação foram
apresentadas e justificadas no item 1.1.3.
Seguindo a classificação de Mendonça e Danni-Oliveira (2007), a área de estudo
apresenta o clima Tropical Quente Semiárido, dispondo uma pluviosidade de 850 a 1.000
milímetros e com temperaturas que variam de 21ºC a 32° C. A quadra chuvosa concentra-se
entre os meses de fevereiro a maio, com o período seco ocorrendo no segundo semestre do
ano (Tabela 7).
68

Tabela 7 - Valores médios mensais e anuais da estação Jaguaruana


Posto Jaguaruana - (1970 - 2015)
Média
Variavel Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Anual
Evaporação
195,3 137,1 104,6 90,9 105,4 124,7 167,4 204,9 225,0 231,3 214,4 206,2 2007,2
(mm)
Temperatura
27,6 27,2 26,9 26,7 26,6 26,1 25,9 26,4 26,9 27,3 27,5 27,7 26,9
média (°C)
Temperatura
32,0 31,4 30,9 30,7 30,6 30,3 30,5 31,3 31,8 32,1 32,2 32,3 31,3
máxima (°C)
Temperatura
23,3 23,1 23,0 22,8 22,6 21,9 21,4 21,5 22,1 22,6 22,9 23,2 22,5
mínima (°C)
Umidade
71,0 75,0 82,0 82,0 79,0 77,0 74,0 68,0 68,0 67,0 68,0 69,0 73,3
relativa (%)
Pressão
1.009,0 1.009,0 1.008,9 1.009,2 1.010,1 1.011,5 1.012,1 1.011,7 1.011,1 1.009,9 1.009,3 1.009,1 1010,1
atmosférica
Precipitação
60,0 87,6 261,3 188,6 142,7 52,1 48,4 3,8 5,1 2,5 0,9 9,0 862,0
média (mm)
Insolação
255,3 194,4 180,4 198,9 220,7 121,5 236,9 280,5 268,2 296,8 271,5 275,1 2800,2
total (horas)

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.

Com base na análise da estação meteorológica Jaguaruana, a variável temperatura


apresenta um valor médio anual de 26,9 °C e máximas e mínimas anuais médias de 31,3 °C e
22,5 °C, respectivamente. Em termos de variação ao longo do ano, a temperatura média oscila
entre 25,9 °C (julho) e 27,7 °C (dezembro). Já a temperatura máxima média varia entre 30,3
°C (junho) e 32,3 °C (dezembro), enquanto que a temperatura mínima média varia entre 21,4
°C (Julho) e 23,3 °C (Janeiro) - (Gráfico 3).

Gráfico 3 - Variação anual de temperatura média, máxima e mínima da estação


Jaguaruana

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.
69

Para a mesma estação, porém, referente à precipitação e sua relação com a temperatura
média, denota-se o decaimento das precipitações de praticamente 99,90% dos valores médios,
no período de agosto a dezembro, para esse mesmo período os valores de temperatura média
apresentam o processo inverso, elevando seus valores mesmo que em uma diferença percentual
pequena (Gráfico 4).
Gráfico 4 - Relação dos valores médios, mínimos e máximos das variáveis precipitação e
temperatura

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.
A pressão atmosférica mostra-se homogênea ao longo do ano, variando menos de 3,20
hPa, em média, tendo os meses de julho e agosto com maior média de pressão atmosférica
(1.012,1 e 1.011,7 hPa) e o meses de janeiro e fevereiro as com menores valores médio média
(1.009,0 hPa). Em termos anuais, a pressão atmosférica média na região é de 1.010,1 hPa.
A insolação total anual média é 2.800,2 horas de brilho solar. Numa escala mensal, a
insolação média varia entre 121,5 horas de brilho solar, em junho, e 296,8 horas, no mês de
outubro.
A evaporação para a área de estudo, como ocorre quase como padrão na região
Nordeste, apresenta médias bastante elevadas, com um valor total anual para a série de
2.007,2 mm, variando desde o valor mínimo de 90,9 mm, no mês de abril, a um máximo de
231,3 mm, no de outubro. Os valores mais baixos estão delimitados na quadra chuvosa
(fevereiro a maio). Observou-se, então, uma relação inversamente proporcional entre essas
duas variáveis (Gráfico 5).
70

Gráfico 5 - Relação dos valores médios das variáveis evaporação e precipitação

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.

A umidade relativa do ar apresenta pouca variação, quando comparada a outras


localidades do Nordeste, apresentando uma média anual de 73,3 %, com média mensal
mínima de 67%, no mês de outubro, e máxima de 82%, em maio. Esses elevados valores de
umidade relativa, associada a uma pequena variação ao longo do ano têm uma relação
inversamente proporcional com a variável temperatura (Gráfico 6). Outo fator preponderante
à manutenção dessa baixa variação é a proximidade com os ambientes fluviais e costeiros.
Gráfico 6 - Relação dos valores médios das variáveis umidade relativa e temperatura

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.

4.1.2 Balanço hídrico

Visando a elaboração de um balanço hídrico mais próximo da realidade da área de


estudo, utilizaram-se os dados de temperatura média da estação Jaguaruana e as precipitações
médias do posto Aracati, o intervalo temporal dos dados está compreendido entre 1975 a
71

2016. Para os cálculos e diagramação dos gráficos, utilizou-se a planilha desenvolvida por
Rolim et al. (1998, p. 133 – 137.), essa planilha baseia-se no método de Thornthwaite e
Mather (1955).
O balanço hídrico climatológico elaborado por Thornthwaite e Mather (1955)
representa uma das possibilidades no monitoramento da variação do componente hídrico no
solo. Esse método estatístico baseia-se no cálculo mediante a entrada de duas variáveis
principais, a temperatura média mensal do ar e a chuva total média mensal para um intervalo
temporal pré-estabelecido. Vale ressaltar que este método tem boa consistência na
representação dos dados e é amplamente utilizado por autores como Camargo (1973) e Pereira
et al., (1997).
O principal resultado desse método é resumo estatístico representado pelo balanço
hídrico normal (Tabela 8). Nesse resumo são apresentadas as seguintes variáveis:
evapotranspiração potencial (ETP), precipitação menos evapotranspiração potencial (P-ETP),
negativo acumulado (NEG-AC), armazenamento de água no solo (ARM), alteração no
armazenamento (ALT), evapotranspiração real (ETR), deficiência hídrica (DEF) e excedente
hídrico (EXC), todos na escala mensal.

Tabela 8 - Balanço hidroclimatológico normal


ETP -
¹Temp. ²Precip. P-ETP ARM ALT ETR DEF EXC
Meses Thornthwaite NEG-AC
Méd (°C) Méd (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
(1948)
Jan 27,60 102,09 179,17 -119,17 -984,43 0,01 -0,01 60,01 119,16 0,00
Fev 27,20 140,99 148,94 -61,34 -1.045,77 0,00 0,00 87,60 61,34 0,00
Mar 26,90 232,42 151,42 109,88 0,00 100,00 100,00 151,42 0,00 9,89
Abr 26,70 235,93 134,57 54,03 0,00 100,00 0,00 134,57 0,00 54,03
Mai 26,60 131,46 129,83 12,87 0,00 100,00 0,00 129,83 0,00 12,87
Jun 26,10 53,81 112,11 -60,01 -60,01 54,87 -45,13 97,23 14,89 0,00
Jul 25,90 27,79 111,70 -63,30 -123,32 29,14 -25,74 74,14 37,57 0,00
Ago 26,40 5,09 124,04 -120,24 -243,55 8,76 -20,38 24,18 99,86 0,00
Set 26,90 2,15 136,08 -130,98 -374,54 2,36 -6,39 11,49 124,59 0,00
Out 27,30 4,97 157,40 -154,90 -529,43 0,50 -1,86 4,36 153,04 0,00
Nov 27,50 3,41 164,84 -163,94 -693,37 0,10 -0,40 1,30 163,54 0,00
Dez 27,70 19,60 180,89 -171,89 -865,26 0,02 -0,08 9,08 171,81 0,00
Totais - 959,72 1.730,98 -868,98 - 395,75 0,00 785,21 945,77 76,79
Médias 26,90 79,98 144,25 -72,42 - 32,98 - 65,43 78,81 6,40
1 - Temperatura Média da Estação Jaguaruana
2 - Precipitação Média do Posto Aracati
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.

A análise dos dados indicou que na área da praia de Parajuru os índices pluviométricos
médios anuais giram em torno dos 959,72 mm. Para esse cenário, apresenta-se um balanço hídrico
marcado por um déficit hídrico de 855,27 concentrando-se nos meses de janeiro, fevereiro, e junho
72

a dezembro. O excedente de hídrico registrado foi de 84 mm, delimitado nos meses de abril e maio
(Gráfico 7).

Gráfico 7 - Extrato do balanço hídrico mensal

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.

Referente aos valores de evapotranspiração potencial (ETP), denota-se que os menores


valores de ETP estão relacionados aos meses com maiores valores de precipitação, com um total
médio anual na ordem de 1.730,98 mm e média anual de 144,25 mm. Por sua vez, a curva da
evapotranspiração real (ETR) demonstrou um aumento significativo entre os meses de janeiro a
março e um decréscimo brusco até o mês de novembro. Numericamente, a variável ETR apresentou
um total médio anual na ordem de 875,7 mm e média anual de 73 mm (Gráfico 8).
Gráfico 8 - Balanço hídrico normal mensal

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.
Sintetizando essas informações, a partir do Gráfico 9, fica evidente que a relação das fases
de reposição e excedente hídrico estão temporalmente delimitadas na quadra chuvosa, na qual o mês
de fevereiro marca o início da reposição, mesmo de maneira pouco expressiva, e o ápice do
excedente hídrico ocorre no mês de abril. O fim da quadra chuvosa é iniciado no mês de junho e
73

marca os processos de retirada de água do solo, atingindo o ápice de deficiência hídrica nos meses
de novembro e dezembro.

Gráfico 9 - Deficiência, excedente, retirada e reposição hídrica ao longo do ano

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.

4.1.3 Comportamento pluviométrico

O comportamento pluviométrico da praia de Parajuru foi caracterizado com base nos dados
do posto Aracati (437000). Os dados delimitam-se entre os anos de 1960 – 2016, representando uma
série temporal de 57 anos.
A partir das análises estatísticas realizadas (Tabela 9), registrou-se, para a série de dados, a
precipitação média anual de 959,72 mm. Desse total, a quadra chuvosa compreendida entre os
meses de fevereiro a maio concentra um valor médio de 740,80 mm (77%). Os maiores desvios em
relação à média mensal situam-se entre os meses de janeiro e maio.

Tabela 9 - Estatística das precipitações (níveis mensal e anual)


Posto Aracati - (1960 - 2016)
Parâmetro Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Anual
Média 102,09 140,99 232,42 235,93 131,46 53,81 27,79 5,09 2,15 4,97 3,41 19,60 959,72
DVP 101,67 112,85 144,06 157,05 104,12 54,36 38,27 10,83 5,75 10,59 5,98 34,10 484,52
CV 1,00 0,80 0,62 0,67 0,79 1,01 1,38 2,13 2,67 2,13 1,75 1,74 0,50
Máxima 406,50 624,00 630,00 650,50 411,70 249,00 167,20 67,30 33,00 46,00 24,00 215,00 2.654,10
Mínima 0,00 4,50 22,60 15,40 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 220,00
Percentual 11% 15% 24% 25% 14% 6% 3% 1% 0% 1% 0% 2% -
DVP: Desvio Padrão / CV: Coeficiente de Variação
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.

Ao nível de detalhamento mensal, as colunas com os valores médios indicaram, a princípio,


a existência de dois períodos pluviais bem distintos na área de estudo (Gráfico 10). O período
chuvoso tem início no mês de janeiro e prolonga-se até o mês de junho, enquanto que o período
seco vai do mês de julho até o mês de dezembro, indicando, portanto, seis meses de chuvas bem
74

volumosas e outros seis de chuvas bem menos volumosas. Cabe ressaltar que essa transição decorre
de maneira gradual, porém apresenta picos de decaimento na pluviometria nos meses de setembro e
novembro.
Dentro dessa caracterização, distinguiu-se a pré-quadra chuvosa, iniciada em dezembro,
indo até janeiro, na qual concentra-se um acumulado de 13% (121,69) mm das precipitações anuais.
Já a quadra chuvosa delimitada entre os meses de fevereiro e maio concentra um acumulado de 77%
(740 mm), e por fim a pós-quadra, que representa o decaimento mais brusco das precipitações,
registra apenas um percentual de 10% (97,23 mm) das precipitações registradas ao longo do ano.
O mês que apresentou as maiores médias de chuvas, ao longo de toda a série histórica na
área de estudo, foi abril, com mínimo de 15,40 mm no ano de 1998 e máximo 650,5 mm no ano de
1973, o que gera uma amplitude de aproximadamente 635,10 mm. Em oposição, o mês de setembro
foi o que apresentou menor precipitação ao longo da série, com o mínimo de 0 mm em 77% dos
anos alisados, e uma máxima de 33 mm no ano de 1974.

Gráfico 10 - Precipitações médias mensais - posto Aracati - (1960 - 2016)

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.

Da série de 57 anos, um total de 3 anos (1972, 1976 e 2006) ficou enquadrado na média
pluviométrica de 959,72 mm, representando um percentual de 5%. Um total de 40% dos anos
(1961, 1963, 1964, 1965, 1967, 1971, 1973, 1974, 1975, 1977, 1984, 1985, 1986, 1988, 1989, 1994,
1995, 2002, 2003, 2004, 2007, 2008 e 2009) situou-se acima do valor médio. Por sua vez, um total
31 anos (1960, 1962, 1966, 1968, 1969, 1970, 1978, 1979, 1980, 1981, 1982, 1983, 1987, 1990,
75

1991, 1992, 1993, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2005, 2010, 2011, 2012, 2013,2014, 2015,
2016) representa um percentual de 54% abaixo da média (Gráfico 11).
Essa variação na distribuição da pluviometria está diretamente ligada à ocorrência dos
fenômenos El niño e La ninã e suas respectivas intensidades de atuação, como apresenta o CPTEC
2017, e a fenômenos meteorológicos, como a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e Ondas
de Leste (ZIL).

Gráfico 11 - Precipitações totais anuais em relação à média da série 1960 - 2016

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.

No contexto geral da distribuição anual da série de dados, a área de estudo apresentou uma
precipitação mínima de 220 mm no ano de 1993 e uma máxima 2.614,10 mm para o ano de 1985
(Gráfico 12). A máxima representa um valor de 277% acima da média, enquanto a mínima apenas
um valor de 23% em relação à média.
76

Gráfico 12 - Distribuição pluviométrica e representatividade percentual da quadra chuvosa - posto Aracati - (1960 - 2016)

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.
77

Observando essa alta dispersão nos valores máximos e mínimos na distribuição da série,
optou-se por aplicar uma análise estatística adequada, para homogeneizar os dados em períodos
similares, a partir dos totais precipitados. Para atingir esse objetivo, utilizou-se a metodologia dos
anos padrões desenvolvida por Galvani, E. Luchiari, A. (2004). Essa metodologia baseia-se na
análise estatística da série de dados por meio de aplicação de quartis, por definição, como aponta
Langford, (2006) os quartis
são os valores que dividem um conjunto de dados em quatro partes iguais. Uma vez
ordenado o conjunto de dados, o segundo quartil (Q2 - também conhecido como mediana) é
o valor que fica a meio dos valores dos elementos do conjunto de dados, isto é, o valor que
divide o conjunto de dados em duas partes iguais (metades). Depois o primeiro quartil (Q1)
será o valor que fica a meio da primeira metade do conjunto de dados e o terceiro quartil
(Q3) será, analogamente, o valor que fica a meio da segunda metade do conjunto de dados.

Após a delimitação da série de dados para o período de 1960 a 2016, procedeu-se a


definição do range de 5 a 95%, ou seja, 5% dos menores valores e 5% dos maiores da série de dados
serão considerados outliers. Nesse caso, foram classificados os anos de 1993 (220 mm) e 1983
(325,6 mm) como outliers inferiores, e 1985 (2.614,1 mm) e 1964 (1.913,4 mm) outliers superiores.
Na etapa seguinte foram calculados os quartis. As precipitações que estiverem
delimitadas entre os 5% dos menores valores serão denominados anos supersecos, as que estiverem
entre os 5% dos maiores valores serão denominados superúmidos. Por sua vez, os que estiverem
entre o 1° quartil e o 3° quartil serão denominados normais, já os que estiverem entre o 3° quartil e
o valor máximo serão denominados anos úmidos (Tabela 10).

Tabela 10 - Chave de classificação numérica dos totais precipitados


Classificação - Galvani,
Precipitação anual (mm)
E. Luchiari, A. (2004)
5% menores da série Super secos
5% maiores da série Super úmidos
Entre V.min e 1° quartil Secos
Entre 1° quartil e 3° quartil Normais
Entre 3° quartil e V.max Úmidos

Fonte: Adaptado pelo autor de Galvani, E. & Luchiari, A. (2004).

A análise e o tratamento derivaram uma estatística descritiva, com o valor mínimo de


precipitação de 331,6 (2016), 1° quartil representando 25% dos dados com um valor de 656,1
(1991), 2° quartil descrito pela mediana e representando 50% da série, com um valor de 880,6
(1962), 3° quartil representando 75% dos dados, com um valor de 1.184,2 (1975) e o valor máximo
de 1.815,6 (1973) – (Gráfico 13).
78

Gráfico 13 - Estatística descritiva da normal climatológica (1960 - 2016)

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.

Referente à distribuição dos anos, de acordo com a classificação, houve uma


predominância dos anos com precipitação normal, com um percentual de 47% da série (Gráfico 14 e
Tabela 11). Houve um equilíbrio entre os anos secos e úmidos, cada um representando 23% da
série.

Gráfico 14 - Classificação dos anos padrões (1960 - 2016)

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.
79

Tabela 11 - Anos padrões para o posto Aracati (1960 – 2016)

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.
80

4.1.4 Hidrologia

A praia de Parajuru está inserida na região hidrográfica do rio Pirangi. No


contexto da divisão estadual de bacias hidrográficas, está localizada na porção Leste da bacia
Metropolitana, limitando-se ao Sul com a bacia do Banabuiú, ao Oeste com a bacia do Curu,
ao Leste com a bacia do baixo Jaguaribe e ao Norte com o Oceano Atlântico (Mapa 4). O
baixo curso do rio Pirangi, onde se situa a praia de Parajuru, estende-se por uma área de
1.500,43 km², distribuídos ao longo de oito municípios (Cascavel, Beberibe, Fortim, Aracati,
Chorozinho, Itaiçaba, Palhano e Russas).
A rede de drenagem desse trecho costeiro é composta pelo rio Pirangi, curso
hídrico principal que recebe em seu curso a contribuição de aproximadamente 28 riachos e
132 córregos. Os fluxos hídricos dessa rede estão, em sua grande maioria, associados a
sedimentos da Formação Barreiras e ao campo de dunas. Os corpos d’água se apresentam na
forma de lagoas costeiras de portes variadas associadas aos campos de dunas. Essas lagoas
cumprem importante função no que diz respeito ao abastecimento de água das comunidades
locais.
Cabe ressaltar que duas obras hídricas do tipo açudagem estão instaladas no baixo
curso do rio Pirangi. A primeira é o açude Macacos, concluído em 2007, no município de
Ibaretama, reservatório com capacidade de 10.320.333 m³ e bacia hidráulica de 249,56
hectares. A segunda está situada no município de Ocara, denomina-se açude Batente,
finalizado no ano de 1998 e tendo como principal objetivo perenizar o rio Pirangi, por isso
tem uma bacia hidráulica de 597,91 hectares e uma capacidade de acumular 28.900.000. Esses
reservatórios têm sua capacidade acumulada monitorada pela Secretaria dos Recursos
Hídricos – SRH e pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará – COGERH e
são classificados por esta como de porte médio.
Em relação ao comportamento das vazões, denotam-se duas tipologias a partir da
localização dos leitos em relação à zona de praia, os que estão mais distantes apresentam
caráter de intermitência, já os mais próximos têm um caráter perene, devido à recarga
constante pelo aquífero dunas. O leito principal foi perenizado por meio da obra já
mencionada. A estação fluviométrica mais próxima é a de ITAPEIM (código ANA
35900000), distante 34 km da praia de Parajuru. Optou-se por não apresentar os dados devido
ao pequeno intervalo amostral (2000 – 2010), além dos dados estarem disponibilizados
apenas para o mês janeiro dos referidos anos.
81

Mapa 4 - Caracterização hidrológica da região da praia de Parajuru

Fonte: Elaborado pelo autor com base em IBGE (2010) e COGERH (2008).
82

4.2 QUADRO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO

No quadro regional, o Litoral Leste do Ceará tem um arcabouço geológico marcado


por rochas do embasamento Pré-Cambriano, sedimentos de idade Terciária da Formação
Barreiras e depósitos Quaternários (SOUZA, 1998). Desse modo, a partir do mapeamento, com
base em CPRM (2003), foram identificadas cinco unidades litoestratigráficas: Depósitos Eólicos
Litorâneos, Formação Barreiras, Depósitos Fluviomarinhos e Marinhos, Depósitos Aluvionares e
o Complexo Ceará – Unidade Canindé (Mapa 05). De acordo com Caby et al, (1986), o pré-
cambriano do setor de estudo é representado pelo “Complexo Ceará – Unidade Canindé”. A
unidade Canindé é constituída por paragnaisses em níveis distintos de metamorfismo-
migmatização, incluindo ortognaisses ácidos e rochas metabásicas (CPRM, 2003).
O Terciário é representado pela Formação Barreiras, constituída de sedimentos
afossilíferos, friável e argilo-arenosos de origem continental. Os processos de deposição
sedimentar desta formação datam do Mioceno (ARRAIS et al, 1988). Quanto as formas
associadas aos depósitos da Formação Barreiras, essas são predominantes dissecadas, com fraco
grau de entalhe da rede de drenagem.
O período Quaternário na área de estudo está representado pelos depósitos eólicos
litorâneos, depósitos fluviomarinhos, marinhos e aluvionares (CPRM, 2003). Segundo Pinheiro
(2003, p.23), esses depósitos “continentais e transicionais são caracterizados por intensa e
complexa dinâmica, inseridos nos ambientes atuais de sedimentação”. Desse modo, as formas
associadas a esses depósitos são predominantes de regime de acumulação. De acordo com Souza
(1998), esse material tem uma granulometria variada e está espacialmente disposto por sobre a
Formação Barreiras.
Em relação ao relevo característico da praia de Parajuru e seu entorno imediato
(Mapa 06), a partir do levantamento da CPRM (2003), foram identificadas cinco unidades
geomorfológicas homogêneas: campo de dunas e faixa de praias, planícies fluviomarinhas,
tabuleiros litorâneos, planície fluvial e lacustre, depressão sertaneja e maciço residual.
Na planície litorânea, há formas de acumulação, como a faixa de praia/pós-praia,
dunas e planície flúvio-marinha. Silva (2012) destaca que nos campos dunares há depósitos de
origem continental e marinha, remodelados pela ação eólica e marinha.
Mapa 5 - Unidades litoestratigráficas 83
38°5'5"W 37°58'40"W 37°52'15"W 37°45'50"W

Praia do

/
ENb Canto Oceano
BEBERIBE Verde
sem nome !
. Atlântico
La. dos
4°20'15"S

4°20'15"S
Cavalos

PRcn
Q2e
La.
Negra Córrego da
La.
Arataca Floresta Praia
Q2m !
.
Paripueira de Parajuru
!
.
Pontal do
Rio Maceió
Pirangi !
.
La. do Riacho
Umari do Lôlo

Unidades Litoestratigráficas (CPRM - 2003)


Córrego Córrego da La. Xarabiçu
do Camará Amarela Córrego do !
. FORTIM
Rio Jaguaribe
Campestre Guajiru
Q2e - Depósitos Eólicos Litorâneos La. do Barra
!
.
4°26'40"S

4°26'40"S
Tapuio La. Olho La. do
Córrego
ENb - Formação Barreiras D'Água do Félix Campestre

Córrego
Q2m - Depósitos Fluviomarinhos e Marinhos
Ezequiel Q2a
La. da La. da !
.
Q2a - Depósitos Aluvionares
Córrego do Marmota Viçosa Fortim
Salgadinho Riacho das ARACATI
PRcn - Complexo Ceará - Unidade Canindé Umburanas Córrego José
dos Santos

38°5'5"W 37°58'40"W 37°52'15"W 37°45'50"W


40°40'0"W 38°50'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W 0 1 2 4 6

± ±
PINDORETAMA
O
Oc
HORIZONTE km
A t c ee a
A
O
Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator
O cc ee aa nn oo
3°50'0"S

3°50'0"S

t ll â a nn
â nn oo A
A tt ll ââ nn tt ii cc oo Sistemas de Coordenadas Geográficas
tt i PACAJUS
4°14'20"S

4°14'20"S
i cc Datum Horizontal: SIRGAS 2000
oo
CASCAVEL
Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
Paralelo de Referência: -6°
CHOROZINHO Bases Cartográficas
CE CPRM - Atlas Digital de Geologia do Estado do Ceará (2003) - 1:250.000
5°40'0"S

5°40'0"S

BEBERIBE IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) - 1:250.000


RN COGERH - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (2008) - 1:100.000
4°28'40"S

4°28'40"S

FORTIM
Legenda / Covenções Cartográficas
PI
PB OCARA Limites Estaduais Enquadramento da Área Rio
7°30'0"S

7°30'0"S

ARACATI
0 50 100
PE 0 5 10 20
MORADA
NOVA
Limites Municpais !
. Localidades Costeiras Riacho
km km PALHANO
RUSSAS

40°40'0"W 38°50'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W


Beberibe Corpos D'água Córrego

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em CPRM (2003).


Mapa 6 - Unidades geomorfológicas 84
38°5'5"W 37°58'40"W 37°52'15"W 37°45'50"W
4°20'15"S

/
La. dos
órrego da
C ndreza Cavalos
sem
Oceano
A
BEBERIBE nome

La.
Atlântico
Negra
La. Córrego da
Arataca Floresta Praia
!
. de Parajuru
Paripueira !
.
Rio Pirangi Pontal do
Maceió
Riacho !
.
La. do do Lôlo
Umari

Córrego da La. Xarabiçu


Córrego
do Camará Amarela Córrego do .Guajiru
!
Campestre
La. do
!
.
4°26'40"S

4°26'40"S
La. Olho Córrego Campestre
La. do
D'Água do Félix Barra
Tapuio
Córrego
Ezequiel FORTIM Fortim
Unidades Geomorfológicas (CPRM - 2003)
La. da La. da !
.
Marmota Viçosa
Campo de Dunas e Faixa de Praia Riacho das
Umburanas

Tabuleiro Litorâneo
Córrego do Córrego
Planícies Flúvio-Marinhas Salgadinho José dos
La. do
Junco Santos Rio Jaguaribe
Planícies Fluviais e Flúvio-Lacustres
Rio da
Casca
Superfícies Aplainadas Degradadas ARACATI Córrego Aroeiras

38°5'5"W 37°58'40"W 37°52'15"W 37°45'50"W


40°40'0"W 38°50'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W 0 1 2 4 6

± ±
PINDORETAMA
O
Oc
HORIZONTE km
A t c ee a
A
O
Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator
O cc ee aa nn oo
3°50'0"S

3°50'0"S

t ll â a nn
â nn oo A
A tt ll ââ nn tt ii cc oo Sistemas de Coordenadas Geográficas
tt i PACAJUS
4°14'20"S

4°14'20"S
i cc Datum Horizontal: SIRGAS 2000
oo
CASCAVEL
Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
Paralelo de Referência: -6°
CHOROZINHO Bases Cartográficas
CE CPRM - Atlas Digital de Geologia do Estado do Ceará (2003) - 1:250.000
5°40'0"S

5°40'0"S

BEBERIBE IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) - 1:250.000


RN COGERH - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (2008) - 1:100.000
4°28'40"S

4°28'40"S

FORTIM
Legenda / Covenções Cartográficas
PI
PB OCARA Limites Estaduais Enquadramento da Área Rio
7°30'0"S

7°30'0"S

ARACATI
0 50 100
PE 0 5 10 20
MORADA
NOVA
Limites Municpais !
. Localidades Costeiras Riacho
km km PALHANO
RUSSAS
40°40'0"W 38°50'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W
Beberibe Corpos D'água Córrego

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em CPRM (2003).


85

A faixa de praia de Parajuru apresenta uma largura média (N-S) de 75m. Em termos
de detalhe, a zona de estirâncio apresenta-se bem desenvolvida lateralmente (N-S), englobando
65% da largura média da faixa de praia (Figura 20).
No que diz respeito à composição morfossedimentar, Silva (2012) destaca que esse
setor se caracteriza pela acumulação de sedimentos de idade Holocênica, tendo granulometria
predominantemente formada por areias e cascalhos.

Figura 20 - Zonas morfológicas da faixa de praia

Antepraia Estirâncio
Berma

Fonte: Arquivo do Autor.

De acordo com Meireles e Morais (1994), as ondas nesse setor costeiro chegam à
faixa de praia obliquamente com direção predominante SE-NW. O autor destaca ainda a presença
de depósitos de paleomangues aflorando no setor de estirâncio (Figuras 21 e 22).
Esses afloramentos demonstram as oscilações climáticas e a consequente variação do
nível do mar. No caso de Parajuru, as evidências remontam a um nível maior do que o atual
(MEIRELES e MORAIS, 1994).
86

Figura 21 - Afloramento de paleomangue na zona de estirâncio da face praial abrigada

Estirâncio Berma
Paleomangue

Fonte: Arquivo do Autor.

Figura 22 - Afloramento de paleomangue na zona de estirâncio da face praial exposta

Paleomangue

Fonte: Arquivo do Autor.

A outra unidade é uma barreira costeira disposta no sentido E-W, conectada ao


continente na borda leste no pontal do Maceió. As barreiras costeiras são corpos de areia
efetivamente emersos, dispostos paralelamente à faixa de praia, estando dela separados por
corpos aquosos, como lagunas, canais de maré, braços de mar ou segmentos fluviais (HAYES,
1979; DAVIS, 1994; BIRD, 2000; CLAUDINO SALES et al, 2003).
87

A formação dessas morfologias está associada a três princípios: disponibilidade de


carga sedimentar na zona litorânea, morfologias de fundo de caráter plana e de baixa
profundidade (ROY et al, 1984).
Ao tomar como base os ciclos morfodinâmicos e as formas associadas, a partir do
modelo proposto por Dingle e Clifton (1994), a praia de Parajuru apresentou. nos anos de 1975,
1984 e 1993, a alternância entre os processos marinhos através das ondas e fluviais, originando
spits duplos (double spits), dominados por fluxos fluviais e energia das ondas (Figura 23).
De acordo Dingle e Clifton (1994), a formação dos spits duplos tem relação com o
fornecimento predominante de carga sedimentar pelo fluxo fluvial. A ação marinha através das
correntes litorâneas, nesses casos, assume papel de agente modelador. É natural que, nesses
casos, um dos spits apresente-se menos desenvolvido que o outro, uma vez que o prolongamento
destes tem relação com a posição e barramento do fluxo (CLAUDINO SALES, 2002).
Outro ciclo morfodinâmico identificado compreende os anos de 2005 e 2010. Com
base ainda no modelo Dingle e Clifton (1994), a praia de Parajuru apresentou um spit dominado
por ondas (Figura 23). Essas Barreiras do tipo spit evoluem a partir das inflexões da linha de
costa associadas à grande disposição de material sedimentar. As inflexões acentuam o ângulo de
incidência das ondas e uma potencialização das correntes de deriva litorânea (DAVIS e
DUNCAN, 2004).
O último estágio é representado pelo ano de 2017, em que a praia de Parajuru
apresentou uma variação na tipologia barra arenosa, a partir do rompimento do spit arenoso no
setor central, possivelmente, associado a eventos de alta energia, originando um sistema de ilha
barreira na porção Oeste e mantendo o spit arenoso na porção Leste.
88

Figura 23 - Ciclos morfodinâmicos associados ao spit arenoso

Fonte: Elaborado pelo autor com base no banco de dados do INPE.


89

A respeito das dunas nesse setor costeiro, Meireles e Morais (1994) ressaltam que
essas encontram-se dispostas espacialmente de maneira paralela à linha de costa, e são
formadas por areias quartzosas de granulometria de média a fina. Quanto às tipologias
dunares no setor de estudo, concentram-se três tipos básicos: as fixas, as móveis e as nebkkas
ou rebdous (Figuras 24, 25, 26).

Figura 24 - Dunas fixas presentes na praia de Parajuru

Dunas Fixas

Fonte: Arquivo do Autor.

Figura 25 - Dunas móveis presentes na praia de Parajuru

Dunas Móveis

Fonte: Arquivo do Autor.


90

Figura 26 - Disposição dos corredores de deflação eólica e rebdous na praia de Parajuru

Corredor de Deflação Rebdous

Fonte: Arquivo do Autor.

As dunas fixas e móveis se sobressaem sobre os corredores de deflação e rebdous.


Em relação à disposição espacial, em relação à linha de costa, as dunas móveis situam-se no
limite imediato, ao fim da pós-praia, onde, em alguns trechos, estão passados por processos de
fixação por vegetação gramínea. No entanto, essa fixação não é efetiva devido ao porte da
vegetação (SILVA, 2012). No limite imediato, ao fim das dunas móveis, encontram-se as
dunas fixas.
A partir do mapeamento e com base em CPRM (2003), a planície flúviomarinha
do rio Pirangi (Figura 27) ocupa uma área de aproximadamente 65,5 km², constituídos por
sedimentos de granulometria argilosa, com altas concentrações de matéria orgânica.
De acordo com Silva (2012), o ambiente em questão possui modelado plano, com
dinâmica associada às condições climáticas, fluviais e oceanográficas. Associado a essa
unidade, encontram-se dispostos. nas margens direita e esquerda, campo de dunas móveis
com elevadas declividades (Figura 28).
91

Figura 27 - Disposição da planície flúviomarinha do rio Pirangi

Planície Flúviomarinha

Fonte: Arquivo do Autor.

Figura 28 - Disposição das dunas móveis na margem direita da planície flúviomarinha


do rio Pirangi

Planície Fluviomarinha

Dunas Móveis

Fonte: Arquivo do Autor.

As planícies lacustres ocorrem nas depressões interdunares e nos tabuleiros pré-


litorâneos. Esses ambientes na praia de Parajuru situam-se no setor central da planície
litorânea e estão associados a riachos e fluxos hídricos originados pelos campos dunares
(MEIRELES e MORAIS, 1994). De acordo com Silva (2012), destacam-se as lagoas de
Paripueira e Tanque Ribeiro, ambas situadas no limite entres os campos dunares e o tabuleiro
pré-litorâneo.
A planície fluvial que perpassa pelas unidades geomorfológicas planície litorânea,
92

tabuleiros e depressão sertaneja é representada pelo curso principal do rio Pirangi.


Outra unidade geomorfológica bastante representativa são os tabuleiros pré-
litorâneos, que são formas moldadas nos sedimentos da Formação Barreiras. Segundo Souza
(1988), os tabuleiros dispõem-se à retaguarda do cordão de dunas, contatando, sem ruptura
topográfica, com as depressões sertanejas, penetram cerca de 40km, em média, para o interior.
Em alguns pontos, como nas praias, atingem o mar e são esculpidos em falésias.
A respeito das elevações no setor praial, foram identificadas cotas variando entre
0 e 2 metros, predominando ao longo da faixa de praia e planície fluvial e flúviomarinha.
As costas entre 10 e 20 metros situam-se na retaguarda (Sul) da faixa de praia e
estão associadas a campos de dunas e a alguns trechos de planície fluvial.
As cotas máximas superiores a 40 metros estão presentes nos setores escarpados
de dunas e falésias, dispostos ao Leste e a Oeste do spit arenoso. Essas cotas são mais
representativas na retaguarda sul do spit, onde predominam as superfícies aplainadas e de
caráter cristalino e a de Tabuleiros costeiros (Mapa 7).
No que diz respeito à declividade do terreno, essas associadas às elevações,
detectou-se uma predominância por declividades suaves, variando entre 0° e 3, associadas à
faixa de praia, tabuleiros e margens fluviais (Mapa 8). As elevações superiores a 20°
associam-se a escarpas de falésias e a campo de dunas.
Referente aos solos presentes na praia de Parajuru, com base nos estudos de
Pereira e Silva (2005), são encontrados dois tipos de solos: os Neossolos Quartzarênicos
associados às dunas e praias atuais e os Gleissolos associados à planície fluviomarinha. Os
Gleissolos caracterizam-se pela não diferenciação de horizontes, além da presença de variação
textural, desde argila até a areia, e os alagamentos constantes. Além dessas informações, cabe
mencionar a influência da maré e a presença de vegetação de mangue nesse solo. Os
Neossolos Quartzarênicos são basicamente quartzosos, além de serem profundos e muito bem
drenados, e com fertilidade baixa, estando associados a planície litorânea e a tabuleiro
costeiro (SILVA, 2012).
Mapa 7 - Elevações do terreno na região de Parajuru 93
38°5'5"W 37°58'40"W 37°52'15"W 37°45'50"W

Praia do

/
sem
nome
Canto Verde
!
. Oceano
La. dos
4°20'15"S

4°20'15"S
Cavalos
Atlântico

La.
Negra Córrego da
La.
Arataca Floresta Praia
!
. Paripueira de Parajuru
BEBERIBE !
.
Pontal do
Maceió
Riacho Rio !
.
La. do do Lôlo Pirangi
Umari

La. Xarabiçu
Córrego
Córrego da Córrego do . Guajiru
!
Amarela
do Camará La. do
Campestre
La. do
FORTIM Barra
Tapuio Campestre !
.
4°26'40"S

4°26'40"S
Modelo Digital de Elevação (m) Riacho das
La. Olho Córrego
D'Água do Félix
Umburanas Rio
Jaguaribe
0

0
0

Córrego
-2

-3

-4

40
-1

Ezequiel
>
10

20

30

!
.
0

La. da La. da
Marmota Viçosa Fortim
Córrego
do Salgadinho Córrego José ARACATI
38°5'5"W 37°58'40"W 37°52'15"W dos Santos 37°45'50"W
40°40'0"W 38°50'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W 0 1 2 4 6

± ±
PINDORETAMA
O
Oc
HORIZONTE km
A t c ee a
A
O
O cc ee aa nn oo
Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator
3°50'0"S

3°50'0"S

t ll â a nn
â nn oo
tt i A
A tt ll ââ nn tt ii cc oo Sistemas de Coordenadas Geográficas
PACAJUS
4°14'20"S

4°14'20"S
i cc Datum Horizontal: SIRGAS 2000
oo
CASCAVEL Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
Paralelo de Referência: -6°
CHOROZINHO Bases Cartográficas
CE INPE - Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil (2009)
5°40'0"S

5°40'0"S

BEBERIBE IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) - 1:250.000


RN COGERH - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (2008) - 1:100.000
4°28'40"S

4°28'40"S

FORTIM Legenda / Covenções Cartográficas


PI
PB OCARA
Limites Estaduais Enquadramento da Área Rio
7°30'0"S

7°30'0"S

ARACATI
0 50 100 0 5 10 20
MORADA

km
PE NOVA
km
Limites Municpais !
. Localidades Costeiras Riacho
PALHANO
RUSSAS
40°40'0"W 38°50'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W
Beberibe Corpos D'água Córrego

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em CPRM (2003).


Mapa 8 - Declividades do terreno na região de Parajuru 94
38°5'5"W 37°58'40"W 37°52'15"W 37°45'50"W
Praia do

/
Canto
. Verde
! Oceano
Atlântico
4°20'15"S

4°20'15"S
Paripueira Praia
!
. de Parajuru
BEBERIBE !
.
Pontal do
Maceió
!
.

Guajiru ! FORTIM
.
Declividade (Graus) Barra
!
.
4°26'40"S

4°26'40"S
0° - 3° ARACATI
3° - 8°
8° - 20° !
.
Fortim
> 20°

38°5'5"W 37°58'40"W 37°52'15"W 37°45'50"W


40°40'0"W 38°50'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W 0 1 2 4 6

± ±
PINDORETAMA
O
Oc
HORIZONTE km
A t c ee a
A
O
O cc ee aa nn oo
Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator
3°50'0"S

3°50'0"S

t ll â a nn
â nn oo
tt i A
A tt ll ââ nn tt ii cc oo Sistemas de Coordenadas Geográficas
PACAJUS
4°14'20"S

4°14'20"S
i cc Datum Horizontal: SIRGAS 2000
oo
CASCAVEL Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
Paralelo de Referência: -6°
CHOROZINHO Bases Cartográficas
CE INPE - Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil (2009)
5°40'0"S

5°40'0"S

BEBERIBE IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) - 1:250.000


RN COGERH - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (2008) - 1:100.000
4°28'40"S

4°28'40"S

FORTIM Legenda / Covenções Cartográficas


PI
PB OCARA
Limites Estaduais Enquadramento da Área Rio
7°30'0"S

7°30'0"S

ARACATI
0 50 100
PE 0 5 10 20
MORADA
NOVA
Limites Municpais !
. Localidades Costeiras Riacho
km km PALHANO
RUSSAS

40°40'0"W 38°50'0"W
Beberibe Corpos D'água Córrego
38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em CPRM (2003).
95

5 DINÂMICA COSTEIRA ASSOCIADA ÀS VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS DA


LINHA DE COSTA DA PRAIA DE PARAJURU

Adaptando-se o modelo de célula sedimentar de Van Rijn (2010), para a área de


estudo, delinearam-se dois grupos predominantes. O primeiro trata dos fluxos de entrada nos
quais estão inseridos os processos de mobilização de carga sedimentar para o ambiente praial,
representados pelos leitos fluviais (Pirangi e Jaguaribe) e lacustres. O segundo grupo trata dos
fluxos que desempenham tanto papel de fornecedores como de remobilizadores. A função
desempenhada nesse grupo tem relação com a sazonalidade climática, a exemplo das marés
excepcionais e das ondas de tempestade, responsáveis por desencadear fortes ciclos erosivos.
A disposição espacial desses grupos pode ser verificada na figura 29.

Figura 29. Célula sedimentar do trecho costeiro de Parajuru

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados Quickbird (2016) – Esri Basedata

Esses fluxos, associados às variações climáticas, condicionam a hidrodinâmica do


ambiente praial de modo a apresentar um perfil com balanço sedimentar sazonal, ou seja,
tendem a apresentar comportamentos diferenciados nos meses mais e menos chuvosos ao
longo do intervalo interanual.
96

De acordo com Manso et al. (1995), de modo geral, as praias apresentam


características de progradação na estação delimitada pelo verão, uma vez que as ondas
apresentam altura significativa menos elevada em relação à estação de inverno, de modo que a
carga sedimentar presente na antepraia é carreada para os setores de estirâncio e berma,
gerando os processos de engorda praial.
Em contrapartida, no período de inverno, a altura significativa das ondas tende a
aumentar, gerando eventos de alta energia, evidenciando a predominância dos processos de
perda sedimentar. De modo inverso, cargas sedimentares depositadas na berma e na estirâncio
são remobilizadas para a área de antepraia. Essa dinâmica sazonal pode ser visualizada na
figura 30. O estágio 1 representa o comportamento do ambiente praial no período de verão, o
estágio 2, por sua vez, representa o período de inverno.

Figura 30 - Representação da variação sazonal de uma praia

Fonte: Adaptado de Manso et al. (1995).

Para a área de estudo, entende-se como verão o período delimitado entre os meses
de dezembro a março. O inverno, por sua vez, compreende o intervalo entre os meses de
junho a agosto. Ao considerar o modelo proposto por Manso et al, (1995) e ao compará-lo aos
dados encontrados na área de estudo, demonstrou-se que, em alguns casos, como no setor 2,
esse modelo se aplica.
Além da variável climática, essa dinâmica sazonal está condicionada à ação dos
ventos e das ondas. Os ventos na praia de Parajuru apresentam velocidades mínima (0,4 m/s),
média (1,66 m/s) e máxima (5,4 m/s), e direção predominante NE no período da manhã, já no
período da tarde prevalece NE e NNE, com algumas ocorrências W (PINHEIRO, 2003).
97

As ondas também são fortes condicionantes desse comportamento sazonal, de


modo que o ângulo de incidência dessas sobre a faixa praial é preponderante na remoção e
remobilização do material sedimentar. Na praia de Parajuru, em especifico no setor em que o
spit arenoso é conectado ao continente, há ondas que sofrem um processo de deformação a
partir da ação hidráulica do pontal do Maceió, o qual modifica também a corrente de deriva
litorânea (Mapa 9, layout 1).
No setor mais a Oeste do spit arenoso, detectou-se dois trem de ondas
características, o primeiro destacado pelas setas de cor azul, no qual se tem uma incidência em
ângulo reto, o segundo retrata a difração pela ação hidráulica da ponta do spit arenoso (Mapa
9, layout 2).
Por fim, no perfil praial imediatamente a Oeste do spit, detectaram-se dois trechos
semelhantes, porém nesse casso a difração é originada por bancos arenosos submersos (Mapa
9, layout 3). Cabe ressaltar que a incidência do trem de ondas em ângulos retos tem um forte
potencial de remobilização do material sedimentar e o consequente recuo da linha de costa, a
partir da elevação das ondas condicionada por eventos de alta energia.
98

Mapa 9. Processo de difração de ondas característico na praia de Parajuru

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados Quickbird (2016) – Esri Basedata
99

Os Resultados foram estruturados em uma escala que trata das variações totais em
um contexto interdecadal (1979 – 2016), na qual se aplicou o DSAS e o Change Polygon para
cada setor, nos períodos secos e chuvosos. Em nível de comparação dos dois métodos,
utilizou-se a variável EPR (DSAS) e a TVLC (Change Polygon). Acerca da classificação dos
anos padrões para a série de dados, esses se intercalam em secos (1979, 1999 e 2016) e
úmidos (1989 e 2009).

6 APLICAÇÃO DO MÉTODO DIGITAL SHORELINE ANALYSIS SYSTEM (DSAS)


NA ANÁLISE MULTITEMPORAL, EM ESCALA INTERDECADAL DA LINHA DE
COSTA (1979 - 2016)

Com a análise da variação da linha de costa a partir do DSAS, chegou-se a uma


série de resultados estatísticos, os quais foram apresentados em mapas e gráficos. Esses dados
representam a movimentação da linha de costa no intervalo temporal adotado de duas
maneiras distintas. A primeira trata da variação expressa metros/anos, a segunda retrata a
variação em metros.
Para tanto, adotaram-se os parâmetros principais EPR (m/ano), LRR (m/ano),
LMS (m/ano), SCE (m), NSM (m) e o parâmetro auxiliar LR² (%). O EPR indica a variação
da linha de costa através da razão entre a distância e o tempo, a partir do input da linha de
costa mais antiga e a mais recente do conjunto de dados. O LRR representa um ajuste do EPR
através da adoção de análise por regressão linear, a qual inclui toda a série de dados. O LMS,
por sua vez, segue a lógica dos anteriores, com o diferencial de exclusão dos Outliers.
O NSM esboça o movimento total da linha de costa no intervalo temporal, a partir
do cruzamento das linhas de extremo do conjunto de dados. Essa variável é expressa tanto em
valores positivos como negativos. O SCE indica a variação da linha de costa para o horizonte
de dados, expresso em metros e tratando apenas de valores positivos.
Por fim, o parâmetro auxiliar LR² trata da variância dos dados a partir da
aplicação de uma regressão, representando, assim, um índice variando de 1 a 0, indicando,
assim, a capacidade de explicação a partir dos dados. Os valores próximos a 1 representam a
alta representatividade dos dados e o melhor ajuste possível entre a relação x e y. Em
contrapartida, os valores próximos a zero retratam uma baixa representatividade dos dados,
em que se tem uma baixa dependência entre x e y.
100

6.1 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA FACE PRAIAL


EXPOSTA (SETOR 1 - TRECHO SPIT ARENOSO)
O setor 1 é representado por uma face praial exposta, situada no setor Leste da área de
estudo (Figura 31). Nesse setor predominam as forçantes oceanográficas como agentes da
dinâmica litorânea.

Figura 30 - Representação da variação sazonal de uma praia

Spit Arenoso

Fonte: Arquivo do Autor

Para aplicação do DSAS, adotou-se, como parâmetro de entrada do modelo, a


divisão em período seco e chuvoso, em que foram construídos 52 transectos perpendiculares à
linha de costa, com um espaçamento lateral (L-W) de 100 metros, e com comprimento (N-S)
de 800 metros (Tabela 12).

Tabela 12 – Dados de entrada para análise da linha de costa no DSAS – Setor 1


Comprimento
Comprimento da
Setor Período Transectos Espaçamento dos Transectos
Linha de Costa (m)
(m)
Chuvoso 8,13
Setor 1 52 100 800
Seco 7,76
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS

Os transectos têm seu ponto inicial na porção leste do quadrante do setor próximo
ao pontal do Maceió. O ponto final, por sua vez, situa-se na área de entorno imediata à porção
desconectada do spit (Mapa 10).
101

Mapa 10 – Disposição espacial dos transectos de aplicação do DSAS para o Setor 1

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir da aplicação do DSAS

De modo geral, as alterações morfológicas e tipológicas apresentadas ao longo do


tempo pelo spit arenoso alertam para um contexto delicado, no qual se identificou a
predominância dos ciclos erosivos. Esses ciclos tendem a se intensificar no período seco, no
qual a variação total da linha de costa, para esse período, totalizou uma dinâmica lateral (N-S)
de 267,15 m ao longo dos transectos. Já no período chuvoso, esse valor teve um leve
decaimento para 238,04. Em termos de quantidade de transectos, no período chuvoso, o total
de setores de erosão são maiores, entretanto, no período seco, as variações são mais bruscas
(Tabela 13).
Tabela 13 – Balanço estatístico interdecadal - Setor 1
Erosivos (< 0) Estáveis (= 0) Progradantes (> 0)
Período Variável
Transectos % Transectos % Transectos %
Chuvoso 39 75% 1 0% 12 23%
End Point Rate - EPR
Seco 30 58% 1 2% 21 40%
Chuvoso Linear Regression Rate – 47 90% 1 2% 5 10%
Seco LRR 39 75% 1 2% 12 23%
Chuvoso Least Median of Squares – 34 65% 1 2% 17 33%
Seco LMS 41 79% 1 2% 10 19%
Chuvoso Net Shoreline Moviment – 29 56% 11 21% 12 23%
Seco NSM 21 40% 10 19% 21 40%
Total de Transectos Setor 1 52
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS
102

Em contrapartida a essa dinâmica erosiva, o spit apresentou um desenvolvimento


lateral (L-W) e um consequente aumento da linha de costa, em que esta avançou de 1,91 km,
no ano de 1979, para significantes 11,94 km, no ano de 2016. A linha de costa nesse setor
apresentou um comprimento médio mais significativo no período chuvoso da ordem de 8,13
km, perante o comprimento de 7,76 km do período seco (Gráfico 15).

Gráfico 15 – Variação espacial do comprimento da linha de costa - Setor 1

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat.

6.1.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 – 2016) – Setor 1

O comportamento sedimentar, em face da pluviometria do período chuvoso no


setor 1, apresentou um predomínio dos ciclos erosivos na porção leste do spit, e ciclos
progradacionais na porção oeste. Desse modo, detectou-se uma taxa de variação média de
0,81(m/ano). A partir do ajuste por regressão linear, esse passou a representar uma taxa de -
2,40 (m/ano). Aplicando-se o tratamento estatístico de exclusão dos valores extremos
superiores e inferiores, essa taxa chegou a uma média final de -11,59 (m/ano). Em termos
totais, localizou-se uma variação expressa em metros de 238,04 m (Tabela 14 e 15).
Tabela 14 – Resumo estatístico interdecadal para o Setor 1 – período chuvoso
Parâmetros Principais Parâmetro Auxiliar
Valores EPR LRR LMS SCE NSM
LR² (%)
(m/ano) (m/ano) (m/ano) (m) (m)
Mínimo -7,02 -7,97 -57,29 0 -189,48 -1
Médio 0,81 -2,40 -11,59 114,34 -24,36 0,02
Máximo +33,24 +3,57 +28,64 238,04 +232,68 0,98
Desvio Padrão 7,99 2,77 24,06 81,32 92,83 0,75
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS
103

Tabela 15 – Estatísticas do DSAS no período chuvoso para o Setor 1 (1979 – 2016)


Parâmetros Principais Parâmetro Auxiliar
Transcetos
EPR LRR LMS SCE NSM
(n°) LR² (%)
(m/ano) (m/ano) (m/ano) (m) (m)
1 0,53 0,1 -1,11 43,2 19,64 0,01
2 -0,09 -0,99 -2,23 77,11 -3,46 0,23
3 -0,73 -1,48 -0,73 80,53 -26,9 0,52
4 -1,41 -2,56 -1,42 130,64 -52,34 0,56
5 -1,33 -2,6 -4,02 144,07 -49,07 0,47
6 -1,01 -2,43 -4,03 151,11 -37,55 0,38
7 -0,95 -2,44 -5,09 159,55 -35,04 0,32
8 -0,85 -2,15 -5,11 143,03 -31,32 0,28
9 -0,94 -2,21 -5,09 141,31 -34,96 0,31
10 -0,82 -2,11 -5,61 140,91 -30,31 0,27
11 -1,15 -2,75 -5,16 172 -42,54 0,38
12 -1,13 -2,97 -5,61 192,15 -41,94 0,37
13 -1,11 -2,74 -5,74 175,26 -41,12 0,35
14 -0,99 -2,81 -6,39 192,71 -36,78 0,28
15 -0,01 -2,22 -6,24 208,65 -0,43 0,16
16 1,39 -1,16 -6,25 220,17 51,3 0,03
17 -6,4 -7,35 -8,14 198,98 -172,86 0,87
18 -6,34 -7,36 -8,38 198,42 -171,08 0,86
19 -7,02 -7,97 -8,26 218,7 -189,48 0,87
20 -6,78 -7,96 -8,4 238,04 -183,01 0,8
21 -6,9 -7,86 -8,4 235,59 -186,34 0,81
22 -6,53 -7,81 -8,34 231,75 -176,23 0,8
23 -6,56 -7,54 -8,14 216,49 -177,19 0,84
24 -5,98 -6,85 -7,22 196,14 -161,54 0,84
25 -5,68 -6,41 -7,02 182,35 -153,4 0,85
26 -3,97 -5,13 -6,36 151,03 -107,24 0,73
27 -3,13 -4,22 -5,2 131,78 -84,39 0,67
28 -2,6 -2,74 -3,25 121,53 -70,26 0,36
29 -1,66 -2,11 -2,23 100,44 -44,91 0,35
30 -0,43 -0,97 -1,15 52,55 -11,48 0,24
31 -1,43 -1,74 -1,43 59,73 -24,23 0,24
32 3,15 3,04 3,1 53,52 53,52 0,89
33 3,71 3,57 3,71 63,04 63,04 0,87
34 3,06 3,02 3,06 52,07 52,07 0,98
35 10,89 -1 11,16 76,23 76,23 -1
36 13,66 -1 13,88 95,61 95,61 -1
37 8,96 -1 9,32 62,69 62,69 -1
38 7,29 -1 7,22 51,04 51,04 -1
39 24,97 -1 25,89 174,78 174,78 -1
40 25,43 -1 25,89 178,03 178,03 -1
41 33,24 -1 28,64 232,68 232,68 -1
42 -1 -1 -57,29 0 0 -1
43 -1 -1 -57,29 0 0 -1
44 -1 -1 -57,29 0 0 -1
45 -1 -1 -57,29 0 0 -1
46 -1 -1 -57,29 0 0 -1
47 -1 -1 -57,29 0 0 -1
48 -1 -1 -57,29 0 0 -1
49 -1 -1 -57,29 0 0 -1
50 -1 -1 -57,29 0 0 -1
51 -1 -1 -57,29 0 0 -1
52 0 0 0 0 0 0
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS
104

Nessa perspectiva, para o setor 1, no período chuvoso ao longo dos 52 transectos,


foram registradas três situações no que concerne à taxa de variação expressa pela relação
metros/ano. A partir da variável EPR, a qual se baseia na linha mais antiga (1979) e mais
recente (2016), a extremidade do spit conectado ao continente apresentou predominância dos
processos erosivos entre os transectos 1 e 32, no limite imediato entre os transectos 33 e 41.
Em contrapartida, registraram-se processos de progradação da costa. Por fim, entre os
transectos 42 e 52, os processos erosivos são retomados, porém com taxas menores (Mapa
11).
Desse modo, detectou-se, através da variável EPR, que em 58% dos transectos
predominaram processos de retração da linha de costa e 42% registraram processos de
progradação, nos quais os processos de retração registraram máxima de -7,02 (m/ano) e valor
de progradação máxima +33,24 (m/ano). Logo, tem-se uma amplitude de 40,26 (m/ano) de
variação, em termos de transectos estáveis, ou seja, com taxa igual a 0, tivemos o transecto 52
presentes no fim da porção desconectada (Gráfico 16).

Gráfico 16 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período chuvoso


para o Setor 1 – EPR

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS

A variável LRR, por sua vez, considerou as linhas do horizonte de dados, para o
qual se aplicou análise por regressão linear, fornecendo, desse modo, resultados mais
ajustados, incidindo sobre a redução dos totais. A taxa de retração registrou um máximo valor
de -7,91 (m/ano) similar a do EPR. A progradação, por sua vez, apresentou um valor máximo
de +3,77 (m/ano), reduzindo drasticamente em relação ao EPR. Em termos percentuais, os
transectos de recuo totalizaram 75% e os de progradação 12%. Em relação a ambientes sem
modificação, nenhum transecto registrou esse contexto.
105

A regressão linear LR² para os dados apresentou, ao longo da porção conectada e


central, uma predominância de valores próximo a 1. Entretanto, na porção desconectada na
extremidade oeste, a regressão assumiu valores igual a 0 ou -1. Essa resposta diferenciada
relaciona-se à presença apenas da linha de costa do ano de 2016, ao longo dos transectos entre
43 e 52, ou seja, nenhuma das outras linhas de costa do horizonte de dados avançou
espacialmente até esse transectos (Gráfico 17).

Gráfico 17 – Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no período


chuvoso para o Setor 1 – LRR

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS

Essa evidência erosiva pode estar diretamente relacionada ao ângulo de incidência


das ondas, que, no caso do setor central, o trem de ondas chega com um ângulo de 90 graus,
tendo, assim, uma descarga completa de energia, a qual tende a se intensificar em eventos de
alta energia. Diferentemente nos setores onde as ondas sofrem refração, os processos de recuo
são menos intensos e chegam a apresentar processos de progradação. Como destaca Farias
(2008), além das ondas, a ação das marés, ventos e descarga fluvial também estão
relacionadas às variações espaciais e temporais da linha de costa, mesmo que de maneira não
tão efetiva.
O processo de prolongamento (L-W) está condicionado ao processo de
carreamento e depósito da carga sedimentar pela ação de deriva litorânea. Em contrapartida, o
recuo (N-S) apresentado tem relação com a ação de remodelagem deflagrada pela ação das
ondas.
106

Mapa 11 – Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o Setor 1

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS


107

Em termos de variação total, a qual se expressa em metros, esse trecho apresentou


recuo máximo de -189,48m e uma progradação máxima de +232,68m. Houve uma
predominância dos processos de recuo com um percentual de 56%, já os progradacionais
apresentam um valor de 23%. Em relação à estabilidade (= 0), foram detectados 11 transectos,
representando um total de 21%. Os transectos sob progradação e em estabilidade estão
localizados na extremidade Oeste do spit e situam-se entre os transectos 32 e 52, expondo,
assim, esse caráter de desenvolvimento L-W (Mapa 12 e Gráfico 18).
A partir do cruzamento da linha espacialmente mais distante com a mais
recente, chegou-se à variação líquida da linha de costa através da variável SCE, expressa
apenas em valores positivos. Dessa forma, as maiores variações se apresentam no setor
central, tendo uma variação média de 114,34 m (Mapa 12 e Gráfico 19).

Gráfico 18 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m) no
período chuvoso para o Setor 1 – NSM

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS

Gráfico 19 – Movimentação interdecadal da linha de costa (m) – no período chuvoso


para o Setor 1 – SCE

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS


108

Mapa 12 – Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor 1

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS


109

6.1.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 1

No período seco, o setor registrou um leve decaimento na quantidade de


transectos de caráter erosivo, porém os valores de recuo se acentuaram significativamente.
Nesses termos, o spit arenoso prosseguiu seu prolongamento horizontal e recuo vertical. A
taxa de variação se situou entre – 6,43 e +23 (m/ano), com o ajuste linear registrou um
intervalo entre -8,61 e +5,34 (Tabela 16).

Tabela 16 – Resumo estatístico interdecadal para o Setor 1 – período seco


Parâmetro
Parâmetros Principais
Auxiliar
Valores
EPR LRR LMS SCE NSM
LR² (%)
(m/ano) (m/ano) (m/ano) (m) (m)
Mínimo -6.43 -8.61 -57.29 0 -182.6 -1
Médio 1.39 -1.59 -9.22 108.94 -7.39 0.00
Máximo +23.78 +5.34 +19.82 267.15 +166.46 0.97
Desvio Padrão 6.94 2.85 23.30 69.38 89.13 0.72
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

A partir da exclusão dos valores extremos de cunho máximo e mínimo, com o


parâmetro LMS, com os valores antes citados, as taxas assumiram um recuo de -57,29 e
progradação de +19,82. Entre os transectos 15 e 30 o processo de recuo lateral, a partir do
solapamento lateral, mostrou-se contínuo, o que levou ao rompimento do spit arenoso no ano
de 2017 (Figura 31 e Tabela 17).
Figura 31 – Solapamento lateral do spit arenoso

Diferentes níveis de
solapamento lateral
controlados pela
variação da maré

Fonte: Arquivo do Autor.


110

Tabela 17 – Estatísticas do DSAS no período seco para o Setor 1 (1979 – 2016)


Parâmetros Principais Parâmetro Auxiliar
Transcetos
EPR LRR LMS SCE NSM
(n°) LR² (%)
(m/ano) (m/ano) (m/ano) (m) (m)
1 -1.91 -2.27 -1.8 101.9 -70.6 0.76
2 -2.56 -3.01 -2.49 126.52 -94.82 0.83
3 -3.67 -4.56 -3.73 201.67 -135.73 0.77
4 -3.4 -4.37 -4.75 187.26 -91.82 0.45
5 -3.52 -4.57 -5.71 132.08 -95.16 0.73
6 -5.23 -5.54 -5.2 141.31 -141.31 0.97
7 -4.32 -5.26 -4.75 122.79 -116.74 0.8
8 -4.94 -5.08 -5.74 211.47 -182.6 0.86
9 1.93 0.14 -1.88 125.83 71.37 0
10 0.45 0.42 0.45 92.55 16.61 0.03
11 1.07 0.71 0.68 88.14 39.73 0.11
12 1.67 1.09 1.67 68.48 61.74 0.34
13 2.04 2.06 0.3 102.05 75.49 0.62
14 0.49 0.07 -2.26 98.85 18.26 0
15 -1.51 -1.64 -2.37 108.9 -55.95 0.37
16 -0.2 -0.82 -1.48 49.14 -5.51 0.2
17 0.88 -1.22 -0.51 168.1 23.77 0.04
18 -4.41 -6.35 -8.4 197.19 -119.18 0.6
19 -4.2 -6.35 -4.75 213.18 -113.42 0.56
20 -3.08 -3.52 -3.98 104.6 -83.15 0.74
21 1.31 -0.17 -1.67 107.92 35.31 0
22 -6.43 -8.61 -9.7 267.15 -173.66 0.68
23 -4.81 -6.74 -8.4 207.92 -129.79 0.63
24 -2.08 -2.98 -3.29 157 -56.27 0.29
25 -4.17 -4.22 -3.28 191.74 -112.68 0.32
26 -3.73 -4.52 -4.68 194.1 -100.82 0.44
27 -3.06 -3.64 -3.73 153.33 -82.73 0.46
28 -1.46 -3.15 -4.75 144.97 -39.46 0.33
29 -1.24 -2.21 -2.76 98.97 -33.44 0.36
30 3.3 2.78 2.46 89.18 89.18 0.64
31 5.84 5.34 5.09 157.67 157.67 0.93
32 4.4 3.95 4.37 97.7 74.86 0.44
33 4.38 3.6 4.37 144.41 74.48 0.18
34 2.6 1.81 2.6 133.71 44.2 0.05
35 2.12 1.91 2.13 45.45 35.97 0.46
36 11.78 -1 11.69 82.47 82.47 -1
37 17.05 -1 18.33 119.37 119.37 -1
38 16.87 -1 18.33 118.09 118.09 -1
39 14.37 -1 14.3 100.62 100.62 -1
40 12.05 -1 11.69 84.38 84.38 -1
41 22.91 -1 19.82 160.38 160.38 -1
42 23.78 -1 19.82 166.46 166.46 -1
43 -1 -1 -57.29 0 0 -1
44 -1 -1 -57.29 0 0 -1
45 -1 -1 -57.29 0 0 -1
46 -1 -1 -57.29 0 0 -1
47 -1 -1 -57.29 0 0 -1
48 -1 -1 -57.29 0 0 -1
49 -1 -1 -57.29 0 0 -1
50 -1 -1 -57.29 0 0 -1
51 -1 -1 -57.29 0 0 -1
52 0 0 0 0 0 0
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.
111

A respeito do parâmetro EPR, registrou-se um recuo médio de 1,39 (m/ano).


Aplicando regressão linear nesse dado, esse valor apresentou uma taxa média de -1,59
(m/ano). É evidente que os outliers afetam diretamente o conjunto de dados. Com a exclusão
destes, a média final de recuo representou uma taxa de -9,22 (m/ao). Para a variável EPR, o
transecto 22 foi o que apresentou maior retração, com valor -6,43 (m/ano). Em termos de
progradação, o transecto 42, localizado na porção Oeste do setor, registrou um ganho de +
23,78 (m/ano) (Gráfico 20). A variável LRR, a partir de todas as linhas do horizonte de dados,
registrou, para o transecto 22, uma retração de -8, 61 (m/ano). Já para o ganho sedimentar, o
transecto mais expressivo foi o 31, com uma taxa de +5,34 (m/ano) (Gráfico 21). Denota-se
que houve uma mudança entre os transectos 35 e 42. A partir do cruzamento das linhas de
1979 e 2016, esses se mostraram progradacionais, porém, com o cruzamento de todas as
linhas, esses foram caracterizados como erosivos (Mapa 13).

Gráfico 20 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano), no período seco,


para o Setor 1 – EPR

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

Gráfico 21 – Taxa regressão de linear interdecadal da linha de costa (m/ano), no período


seco, para o Setor 1 – LRR

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


112

Mapa 13 – Variação da linha de costa (m/ano) – no período seco, para o Setor 1

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


113

Analisando as variações globais com a variável NSM, a qual considera as linhas


extremas do horizonte de dados, apresentou um recuo médio de -7,39 (m) e uma progradação
de +166,46 (m). Como nas outras variáveis, no setor Leste entre os transectos 1 e 10, e no
setor central entre os transectos 21 e 29, evidenciou-se a concentração dos eventos de recuo
da linha de costa. Os perfis progradacionais localizaram-se 29 e 42, situados na extremidade
Oeste (Gráfico 22).

Gráfico 22 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m),
no período seco, para o Setor 1 – NSM

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

Em termos de variação líquida, a partir da variável SCE, identificou-se


movimentação média de 108,94 (m). Essa variação espacial delimitou-se entre os transectos 1
e 42 (Gráfico 23). Entre os transectos 43 e 52, esse valor foi igual a 0 (m), uma vez que esses
situam-se na porção Oeste, na qual apenas a linha de costa de 2016 se encontra (Mapa 14).

Gráfico 23 – Movimentação interdecadal da linha de costa (m), no período seco, para o


Setor 1 – SCE

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS


114

Mapa 14 – Variação total da linha de costa (m) – no período seco, para o Setor 1

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS


115

6.2 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA


FACE PRAIAL ABRIGADA (SETOR 2 - TRECHO PRAIA DE PARAJURU)

O segundo setor de análise representa uma face praial abrigada da ação direta da
incidência de ondas, em virtude da função protetora exercida pelo spit arenoso. Porém, o grau
de proteção varia de acordo com a dinâmica evolutiva do spit, tanto que as maiores variações,
nesse setor, foram entre 1979 e 1989, período em que o spit se encontrava pouco
desenvolvido (Figura 32).

Figura 32 – Disposição morfológica da faixa praial abrigada

Face Praial Abrigada


Spit Arenoso

Fonte: Arquivo do Autor

Para aplicação do DSAS nesse setor, adotou-se, como parâmetros de entrada do


modelo, a divisão em período seco e chuvoso, em que foram construídos 43 transectos
perpendiculares à linha de costa, com um espaçamento lateral (L-W) de 100 metros e com
comprimento (N-S) de 1.200 metros (Tabela 18).

Tabela 18 – Dados de entrada para análise da linha de costa no DSAS – Setor 2


Comprimento
Comprimento da
Setor Período Transectos Espaçamento dos Transectos
Linha de Costa (m)
(m)
Chuvoso 6,05
Setor 2 43 100 1.200
Seco 6,30
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS

Os transectos têm seu ponto inicial na porção leste do quadrante do setor nas
imediações da desembocadura do rio Pirangi. O ponto final, por sua vez, situa-se na área de
fim, face abrigada (Mapa 15).
116

Mapa 15 – Disposição espacial dos transectos de aplicação do DSAS para o Setor 2

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir da aplicação do DSAS.

Em um contexto comparativo entre o período seco e chuvoso, esse setor


apresentou uma predominância dos processos erosivos no período chuvoso, já os progradantes
tiveram uma leve acentuação nos valores no período seco. A taxa de variação para o período
chuvoso delimitou-se entre -13,92 e +7,22 (m/ano), já no seco essa mesma taxa variou entre -
11,18 e +3,29 (m/ano). No que diz respeito à quantidade de transectos e à dinâmica atuante, o
período seco concentrou o maior número de transectos com caráter de retração da linha de
costa (Tabela 19).

Tabela 19 – Balanço estatístico interdecadal - Setor 2


Erosivos (< 0) Estáveis (= 0) Progradantes (> 0)
Período Variável
Transectos % Transectos % Transectos %
Chuvoso End Point Rate - 21 49% 0 22 51%
Seco EPR 17 40% 0 26 60%
Chuvoso Linear Regression 24 56% 0 19 44%
Seco Rate – LRR 26 60% 0 0 17 40%
Chuvoso Least Median of 28 65% 0 % 15 35%
Seco Squares – LMS 33 77% 0 10 23%
Chuvoso Net Shoreline 20 47% 0 23 53%
Seco Moviment – NSM 17 40% 0 26 60%
Total de Transectos Setor 2 43
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS
117

A variação da linha de costa em questão demostrou uma retração em seu


comprimento, saindo de 11,24 km, em 1979, para 4,71, em 2016, ambos no período seco. Em
termos de média, a linha de costa da face praial abrigada apresentou uma extensão media de
6,3 km, no período seco, e 6,04 km, no chuvoso (Gráfico 24).

Gráfico 24 – Variação espacial do comprimento da linha de costa - Setor 2

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat.

6.2.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 – 2016) – Setor 2

A dinâmica sedimentar para o período chuvoso foi representada pelo predomínio


dos processos de retração da linha de costa. A taxa de recuo médio com o ajuste linear para
esse setor foi de -2,35 (m/ano). Com a retirada dos outliers, a partir do método LMS, essa
taxa torna-se ainda mais preocupante, uma vez que dobra o anterior, apresentando uma média
de -4,24 (m/ano). Acerca das variações líquidas, pelo método NSM, representaram retração
média da linha de costa de -40,91 (Tabela 20 e 21).

Tabela 20 – Resumo estatístico interdecadal para o setor 2 – período chuvoso


Parâmetro
Parâmetros Principais
Auxiliar
Valores
EPR LRR LMS SCE NSM
LR² (%)
(m/ano) (m/ano) (m/ano) (m) (m)
Mínimo -13,76 -12,55 -13,92 67,9 -509,08 0
Médio -1,11 -2,35 -4,24 323,08 -40,91 0,54
Máximo 13,63 9,56 7,22 609,68 504,32 0,97
Desvio Padrão 7,65 6,31 6,04 152,87 283,12 0,31
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.
118

Essa variação está condicionada às forçantes oceanográficas e hidráulicas


exercidas pelo rio Pirangi. Nesse setor, em específico, as variações do nível do mar são
evidenciadas pela presença de paleoambientes (Figura 33).

Figura 33 – Disposição morfológica da faixa praial abrigada

Recuo lateral condicionado pelas marés e fluxos fluviais

Paleomangues

Fonte: Arquivo do Autor.

A largura (N-S) da faixa de praia nesse varia entre 10 e 30 metros. Na porção


inicial, entre os transcetos 1 e 30, ela tende a ser mais retraída. No limite final dessa, entre os
transectos 30 e 43, onde se inicia o setor 3, a faixa praial tem sua largura gradativamente
elevada (Figura 34).

Figura 34 – Faixa praial abrigada

Fonte: Arquivo do Autor.


119

Tabela 21 – Estatísticas do DSAS, no período chuvoso, para o Setor 2 (1979 – 2016)


Parâmetro
Parâmetros Principais
Auxiliar
Transcetos (n°)
EPR LRR LMS SCE NSM
LR² (%)
(m/ano) (m/ano) (m/ano) (m) (m)
1 2,35 1,5 1,2 103,75 87,11 0,28
2 4,03 3,48 4,66 149,25 149,25 0,77
3 4,29 3,31 4,29 158,81 158,81 0,72
4 3,64 2,9 0,73 134,61 134,61 0,67
5 4,31 3,18 0,42 159,38 159,38 0,54
6 3,67 2,75 1,28 135,9 135,9 0,62
7 2,67 2,29 2,73 98,94 98,94 0,73
8 3,88 2,68 1,28 143,41 143,41 0,54
9 4,47 2,93 4,37 165,5 165,5 0,49
10 4,34 2,57 4,34 160,74 160,74 0,34
11 4,18 2,67 4,04 154,72 154,72 0,44
12 -6,45 -5,77 1,6 335,59 -238,71 0,42
13 -7,96 -7,7 -1,07 373,8 -294,6 0,64
14 -7,3 -7,45 -4,33 367,92 -269,92 0,67
15 -5,26 -5,76 -8,4 258,09 -194,69 0,76
16 5,66 2,59 4,36 306,81 209,39 0,12
17 7,35 3,22 7,22 477,38 272,12 0,08
18 12,3 7,51 -5,63 607,01 455 0,25
19 12,46 8,45 -4,33 576,62 460,9 0,32
20 13,63 9,56 -2,91 582,91 504,32 0,37
21 11,28 6,24 -7,12 609,68 417,44 0,16
22 -5 -6,77 -5,61 271,02 -184,87 0,79
23 -4,53 -5,74 -4,41 243,78 -167,65 0,8
24 -6,45 -7,19 -6,39 288,27 -238,57 0,88
25 -7,36 -8,01 -9,64 336,1 -272,2 0,86
26 -8,66 -9,14 -11,18 381,27 -320,4 0,86
27 -9,18 -9,38 -8,14 396,35 -339,53 0,84
28 -9,76 -9,32 -7,13 370,69 -361,04 0,86
29 -9,2 -9,11 -6,24 403,58 -340,3 0,78
30 -9,75 -9,66 -7,02 444,47 -360,86 0,74
31 -11,84 -11,13 -11,69 441,55 -438,12 0,85
32 -13,48 -12,39 -13,92 498,75 -498,75 0,89
33 -13,76 -12,55 -13,92 509,08 -509,08 0,93
34 -13,5 -12,49 -13,92 499,33 -499,33 0,95
35 -11,47 -10,8 -8,4 424,25 -424,25 0,97
36 -3,12 -3,81 -8,14 233,37 -115,41 0,46
37 -1,97 -2,98 -8,4 256,98 -72,75 0,22
38 0,17 -1,77 -8,14 222,35 6,4 0,08
39 1,43 -1,09 -8,18 273,73 52,75 0,02
40 3,05 -0,34 -9,34 363,41 112,74 0
41 3,84 0,14 -11,18 436,69 142,25 0
42 3,64 -0,22 -11,69 468,6 134,5 0
43 1,78 1,58 1,66 67,9 65,7 0,6
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.
120

As resposta do setor 2 no período chuvoso demonstraram um certo equilíbrio, em


que, dos 43 transectos, 21 foram erosivos e 22 progradacionais. Os transectos iniciais (1 a 11),
situados no limite imediato à desembocadura do rio Pirangi, registraram uma variação média
da linha de costa de + 3,83 (m/ano). Nos transectos subsequentes (12 a 15), os processos de
retração são evidenciados com uma variação média da ordem de -6,74 (m/ano). Essa retração
relaciona-se com a contínua expansão das áreas de carcinicultura, que tendem a barra e
remobilizam as fontes de retroalimentação da linha de costa (Gráfico 25).
Entre os transectos 16 e 21, os processos de ganho sedimentar são retomados e
representam uma média de +10,44 (m/ano). Essa elevação no ganho e consequente
alargamento da faixa de praia tem como principal fonte a retração contínua no setor central do
spit arenoso.
Na faixa delimitada pelos transectos 22 a 37, por sua vez, os processos erosivos
são retomados de maneira mais expressiva, representando uma média de -8,68 (m/ano). Esse
aumento significativo na retração da linha de costa está diretamente condicionado à ação mais
efetiva das marés, uma vez que esse situa-se na porção final do setor 2. Por fim, entre os
transectos 38 e 41, foram registrados processos de acresção à linha de costa, com uma taxa de
variação média de +2,31 (m/ano). A fonte principal para a acresção nesse trecho é a erosão
continua da porção extrema Oeste do spit arenoso (Mapa 16).

Gráfico 25 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano), no período chuvoso,


para o Setor 2 – EPR

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

A partir do ajuste linear através do parâmetro LRR para os mesmo dados, obteve-
se uma suavização nas médias. Nesse caso, os transectos erosivos representaram 56% da série
de dados, enquanto os progradacionais, apenas 44% (Mapa 16). A taxa de variação média
para a variação média da linha de costa para o horizonte de dados foi -2,35 (m/ano).
121

Entre os transectos 1 e 11, foi registrada uma taxa de progradação da ordem de


+2,75 (m/ano), já para os transectos entre 12 e 15, a taxa foi levemente rebaixada para -6,67
(m/ano). A principal modificação da taxa pode ser verificada entre os transectos 16 e 21, na
qual se rebaixou a taxa em quase 50%, saindo do valor de +10,44 (m/ano) para +6,26 (m/ano).
A partir do transecto 22, o ciclo erosivo se estendia até o 37, porém com o ajuste linear,
obteve-se a inserção dos transectos 38, 39 e 40, os quais, aglutinados, representaram uma taxa
de recuo médio de -7,56 (m/ano) (Gráfico 26).

Gráfico 26 – Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano), no período


chuvoso, para o Setor 2 – LRR

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

Com a exclusão dos outliers, a partir da aplicação do LMS, a taxa de variação


delimitou-se entre -13,92 e +7,22 (m/ano). Os valores de LR² para o horizonte representaram
uma de média 54,4%. No entanto, os transectos 40, 41 e 42 tiveram LR² igual a 0. Justifica-se
esse valor atrelando ao fato da baixa variação da linha de costa entre esses transectos.
122

Mapa 16 – Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso, para o Setor 2

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

Com base na variável NSM, que resultou do cruzamento das linhas dos anos de
123

1979 e 2016, obteve-se uma variação total expressa em metros, dessa forma houve equilíbrio
entre as retiradas e o ganho, em que os valores máximos de recuo foram da ordem de -500,08
m e progradação de +504,32m (Gráfico 27). Em termos percentuais, houve uma leve
predominância dos processos de progradação no total de transectos, com um percentual de
53%, já os erosivos apresentam um valor de 47%. Em relação à estabilidade (= 0), não foi
detectado nenhum transecto (Mapa 17).

Gráfico 27 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m),
no período chuvoso, para o Setor 2 – NSM

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

A variação líquida da linha de costa, através da variável SCE, constatou a maior


variação entre os transectos 17e 21, uma variação média de 570,72 m. As áreas extremas
(inicias e finais) do setor computaram as menores variações, com uma média de 136,07 m
(Mapa 17 e Gráfico 28).

Gráfico 28 – Movimentação interdecadal da linha de costa (m), no período chuvoso,


para o Setor 2 – SCE

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


124

Mapa 17 – Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso, para o Setor 2

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


125

6.2.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 2

Para o período seco, no setor 2 registrou-se uma variação significativa nas taxas,
com elevação das de recuo e redução nas de progradação, situadas entre – 9,8 e +14,03
(m/ano). Baseado nas linhas de costas extremas, chegou a uma variação total entre -362,45 a
+519,24 m (Tabela 22).
Tabela 22 – Resumo estatístico interdecadal para o setor 2 – período seco
Parâmetro
Parâmetros Principais
Auxiliar
Valores
SCE NSM
EPR (m/ano) LRR (m/ano) LMS (m/ano) LR² (%)
(m) (m)
Mínimo -9,8 -9,37 -11,18 69,31 -362,45 0
Médio 1,30 -0,56 -2,90 284,46 48,39 0,36
Máximo 14,03 10,15 3,29 593,95 519,24 0,86
Desvio
7,10 5,62 3,10 164,55 262,03 0,32
Padrão
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

A partir da aplicação do parâmetro LMS e a respectiva exclusão dos valores


extremos de cunho máximo e mínimo da série de dados exposta na Tabela 23, as taxas
assumiram um recuo de -11,18 e progradação de +3,29, evidenciando a sobrelevação dos
valores de recuo da linha de costa. As fontes de retroalimentação do setor 2 são
impulsionados por três áreas fontes principais. A primeira trata dos fluxos hidráulicos gerados
pelo rio Pirangi, a segunda advém do recuo progressivo do spit arenoso, a terceira concentra
os fluxos gerados pelo desmonte da área de pós-praia (Figura 35).

Figura 35 – Desmonte da pós-praia e retroalimentação da Faixa praial abrigada

Trechos de desmonte da pós-praia

Fonte: Arquivo do Autor.


126

Tabela 23 – Estatísticas do DSAS, no período seco, para o Setor 2 (1979 – 2016)


Parâmetro
Parâmetros Principais
Transcetos Auxiliar
(n°) EPR LRR LMS SCE NSM
LR² (%)
(m/ano) (m/ano) (m/ano) (m) (m)
1 2,09 1,32 -0,81 108,14 77,47 0,21
2 1,77 0,67 1,66 99,59 65,33 0,08
3 1,07 -0,29 0,19 97,23 39,77 0,01
4 0,33 -0,79 -0,07 87,1 12,24 0,11
5 0,73 -0,48 0,1 89,24 27,17 0,04
6 0,69 -0,24 0,51 77,17 25,57 0,01
7 0,89 0,18 0,9 75,29 32,99 0,01
8 0,45 -0,32 -1,8 69,31 16,6 0,03
9 0,36 -0,86 0,36 105,79 13,48 0,09
10 1,57 -0,27 1,55 145,38 58,12 0
11 3,36 0,77 3,29 185,87 124,45 0,02
12 -9,8 -9,37 -2,25 427,56 -362,45 0,65
13 -9,1 -8,6 -1,07 414,82 -336,65 0,63
14 -0,03 -0,88 -0,03 126,44 -1 0,08
15 2,72 0,04 0,93 221,18 100,67 0
16 -1,12 -3,59 -1,15 240,64 -41,5 0,33
17 -1,3 -4,05 -1,32 272,76 -48,02 0,34
18 0,61 -1,75 0,6 199,83 22,72 0,12
19 7,7 4,37 -3,25 370,28 284,83 0,22
20 13,66 9,39 -2,37 569,71 505,59 0,38
21 10,51 4,38 -6,24 551,64 388,83 0,08
22 10,33 3,22 -4,02 490,97 382,33 0,04
23 9,53 6,11 -5,62 471,79 352,61 0,23
24 9,44 6,08 -5,2 456,18 349,19 0,24
25 9,78 6,41 -3,98 462,35 361,86 0,27
26 9,77 6,1 -5,63 497,39 361,57 0,21
27 10,65 7,02 -5,61 505,22 394,1 0,26
28 12,42 9 -3,73 524,88 459,72 0,37
29 14,03 10,15 -2,46 562,56 519,24 0,4
30 13,9 9,81 -4,66 593,95 514,36 0,35
31 1,14 -0,64 -6,39 179,67 42,32 0,01
32 -8,52 -7,98 -5,12 315,11 -315,11 0,83
33 -9,29 -8,74 -5,15 347,25 -343,65 0,8
34 -7,74 -7,41 -4,66 292,6 -286,48 0,81
35 -6,72 -6,47 -3,98 255,41 -248,46 0,84
36 -5,66 -5,38 -3,76 221,73 -209,4 0,82
37 -4,49 -4,5 -5,61 186,72 -166,04 0,82
38 -3,87 -4,65 -3,79 179,96 -143,37 0,83
39 -3,64 -5,14 -3,73 207,89 -134,79 0,75
40 -3,98 -5,08 -4,66 179,89 -147,13 0,84
41 -4,53 -5,64 -5,61 194,22 -167,59 0,86
42 -6,5 -8,06 -11,18 280,57 -240,47 0,82
43 -7,5 -8,03 -10,07 290,45 -260,15 0,82
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

Para o parâmetro EPR, no período seco, os transectos erosivos representaram 40%


face aos 60% progradacionais, esse percentual delimita-se em uma taxa de variação situada
127

entre -9,8 a +14,03 (m/ano). Semelhante ao período chuvoso, entre os transectos 1 e 11,
registraram-se processos de acresção à linha de costa, porém com uma redução significativa
na taxa, passando de + 3,83 (m/ano) a +1,21 (m/ano). Outra alteração verifica-se no transecto
15, que, para o período chuvoso, registrou recuo e, para o seco, registrou progradação. Outra
alteração de mesmo caráter ocorreu entre os transectos 22 a 31, que no chuvoso tinham
caráter erosivo e no seco assumiram características progradacionais. Os transectos incluídos
entre o 38 e 43, por sua vez, passaram de caráter progradacional a erosivo (Gráfico 29).

Gráfico 29 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano), no período seco,


para o Setor 2 – EPR

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

Para o ajuste por regressão, expresso pelo parâmetro LRR, os dados passaram por
uma suavização, principalmente nos valores extremos máximos e mínimos. Desse modo, os
transectos erosivos representaram um total de 60% das séries, enquanto os progradacionais
40%. A taxa de regressão ficou delimitada entre -9,37 e +10,15 (m/ano). Em nível de valor
médio, obteve-se -0,56 (m/ano), como exposto no Gráfico 30.
A partir da análise de todas as linhas de costas do horizonte de dados, pelo
parâmetro LRR, verificou-se uma predominância dos processos de recuo da costa nos
transectos iniciais 3 e 14, com uma taxa média de -1,76 (m/ano), assim como na porção
extrema Oeste, na qual a taxa média foi de -5,97 (m/ano). Na perspectiva progradacional,
ressaltam-se os transectos entre 19 e 29, onde foi registrada uma acresção média da ordem de
+6,56 (m/ano) (Gráfico 30 e Mapa 18).
128

Gráfico 30 – Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano), no período


seco, para o Setor 2 –

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

Por fim, a taxa LMS delimitou-se entre -11,18 e +3,29 (m/ano). Os valores de LR²
para o horizonte representaram uma média de 36,6%. No entanto, os transectos de 2 a 3, 15 e
31 registraram baixa variação, o que findou por afetar o percentual final. Com a exclusão
desses, o valor de LR² demonstra um valor de 57,7%.
129

Mapa 18 – Variação da linha de costa (m/ano) – no período seco, para o Setor 2

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


130

A partir do cruzamento das linhas de 1979 e 2016, obteve-se a variação total do


recuo e avanço da linha de costa, a qual registrou um recuo de -362,45 m e uma acresção de
+519,24 (Gráfico31). Denota-se a forte variação e o ganho sedimentar, principalmente nos
transcetos iniciais. Essa forte variação também foi registrada no setor 1, expressa pelo
prolongamento E-W do spit arenoso.
Em termos percentuais, houve uma predominância dos processos de progradação
no total de transectos, com um percentual de 60%, já os erosivos apresentam um valor de
40%. Em relação à estabilidade (= 0), não foi detectado nenhum transecto (Mapa 19).

Gráfico 31 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m),
no período seco, para o Setor 2 – NSM

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

Por fim, a variação líquida da linha de costa, através da variável SCE, constatou a
maior variação entre os transectos 19 e 29, uma variação média de 284,46 m. A porção inicial
Leste computou as menores variações, com uma média de 103,64 m. Em contrapartida, a
porção Oeste computou uma leve alteração em relação a Leste, com uma média de 240,88 m
(Mapa 19 e Gráfico 32).
Gráfico 32 – Movimentação interdecadal da linha de costa (m), no período seco, para o
Setor 2 – SCE

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


131

Mapa 19 – Variação total da linha de costa (m) – no período seco, para o Setor 2

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


132

6.3 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA FACE


PRAIAL EXPOSTA (SETOR 3 - TRECHO PRAIA DE PARAJURU)

O último setor de aplicação do DSAS foi denominado setor 3 e apresenta a maior


extensão em relação aos outros. Nesse setor, a face praial encontra-se totalmente exposta à
ação das ondas. De modo geral, houve uma predominância dos ciclos de recuo, os quais
possivelmente estão relacionados à predominância da incidência do trem de ondas no ângulo
de 90 graus. Outra característica marcante é a largura (N-S) da faixa de praia, chegando a
quase 100 metros (Figura 36).

Figura 36 – Disposição da faixa de praia do setor 3

Fonte: Arquivo do Autor.

Para aplicação do DSAS, nesse setor adotou-se, como parâmetros de entrada do


modelo, a divisão em período seco e chuvoso, em que foram construídos 78 transectos
perpendiculares à linha de costa, com um espaçamento lateral (L-W) de 100 metros, e com
comprimento (N-S) de 800 metros (Tabela 24). Os transectos têm seu ponto inicial na porção
Oeste do quadrante do setor, na sequência da faixa praial abrigada. Um fato marcante é a
presença de um parque eólico nesse setor inicial. O ponto final, por sua vez, fica próximo da
área fluvial do rio Pirangi (Mapa 15 e Figura 37).
Tabela 24 – Dados de entrada para análise da linha de costa no DSAS - Setor 3
Comprimento dos Comprimento da Linha
Setor Período Transcetos Espaçamento
Transectos (m) de Costa (m)
Chuvoso 8,36
Setor 3 78 100 800
Seco 8,11
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.
133

Mapa 20 – Disposição espacial dos transectos de aplicação do DSAS para o Setor 3

Fonte: Elaborado pelo autor a partir, da aplicação do DSAS.

Figura 37 – Disposição espacial do parque eólico situado na porção Oeste do setor 3

Fonte: Arquivo do Autor.

O setor 3 registrou as estatísticas mais preocupantes em relação aos outros setores,


no qual as taxas de retração da linha de costa chegaram a 100% no período seco. As taxas de
134

variação para o período chuvoso delimitaram-se entre -4,37 e +7,86 (m/ano). Já no seco, essa
mesma taxa variou entre -7,46 e +0,86 (m/ano). No que diz respeito à quantidade de
transectos e à dinâmica atuante, o período seco concentrou o maior número de transectos, com
caráter de retração da linha de costa entre 99% e 100%. Já no período chuvoso, os transectos
erosivos variaram entre 59% e 58%, os transectos que demonstraram maior variação de
situação na porção Oeste do setor, nas imediações do parque eólico, onde uma série de
problemáticas podem ser observadas como, por exemplo, a destruição de estruturas disposta
ao longo do ambiente praial (Tabela 19 e Figura 38).

Tabela 25 – Balanço estatístico interdecadal - Setor 3


Erosivos (< 0) Estáveis (= 0) Progradantes (> 0)
Período Variável
Transectos % Transectos % Transectos %
Chuvoso 46 59% 0 32 41%
End Point Rate - EPR
Seco 77 99% 0 1 1%
Chuvoso 52 67% 0 26 33%
Linear Regression Rate – LRR
Seco 78 100% 0 0 0%
0%
Chuvoso 53 68% 0 25 32%
Least Median of Squares – LMS
Seco 78 100% 0 0 0%
Chuvoso 46 59% 0 32 41%
Net Shoreline Moviment – NSM
Seco 77 99% 0 1 1%
Total de Transectos Setor 3 78
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS,

Figura 38 – Evidências erosivas na porção Oeste do setor 3

Evidências erosivas
Parque eólico

Fonte: Arquivo do Autor.

A variação da linha de costa em questão demostrou uma retração em seu


135

comprimento, saindo de 9,14 km, em 1979, para 7,94, em 2016, ambos no período seco. Em
termos de média, a linha de costa da face praial abrigada apresentou uma extensão média de
8,10 km, no período seco, e 8,35 km, no chuvoso (Gráfico 33).

Gráfico 33 – Variação espacial do comprimento da linha de costa - Setor 3

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsa.

6.3.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 – 2016) – Setor 3

A dinâmica sedimentar no setor 3 demonstrou-se bem delimitada, uma vez que no


período chuvoso foram detectados ciclos de retração e acresção, no qual o primeiro se
sobrepõe em um percentual médio de 63%. A taxa de variação média EPR foi delimitada
entre -4,37 e +7,86 (m/ano). Após o tratamento por regressão linear, esse intervalo demostrou
um intervalo entre -5,26 e +4,65 (m/ano). A variação líquida da linha de costa delimitou-se
entre -161,65 e +290,81 m (Tabela 26 e 27).

Tabela 26 – Resumo estatístico interdecadal para o Setor 3 – período chuvoso


Parâmetro
Parâmetros Principais
Auxiliar
Valores
EPR LRR LMS SCE NSM
LR² (%)
(m/ano) (m/ano) (m/ano) (m) (m)
Mínimo -4,37 -5,26 -5,2 14,89 -161,65 0
Médio -0,04 -0,58 -0,68 148,70 -1,64 0,45
Máximo 7,86 4,65 4,37 583,91 290,81 1
Desvio Padrão 2,80 2,37 2,25 123,31 103,50 0,33
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.
136

Tabela 27 – Estatísticas do DSAS, no período chuvoso, para o Setor 3 (1979 – 2016)


Parâmetro
Parâmetros Principais
Auxiliar
Transctos (n°)
EPR LRR LMS SCE NSM
LR² (%)
(m/ano) (m/ano) (m/ano) (m) (m)
1 -3,01 -2,7 -2,6 111,48 -111,48 0,86
2 -2,35 -2,2 -2,06 86,98 -86,98 0,95
3 -2,36 -2,17 -1,89 87,5 -87,5 0,92
4 -2,69 -2,32 -2,16 99,6 -99,6 0,76
5 -1,57 -1,33 -1,2 58,09 -58,09 0,71
6 -0,42 -0,28 -0,42 26,27 -15,6 0,15
7 -0,42 -0,5 -0,53 25,02 -15,36 0,58
8 -0,88 -0,7 -0,62 36 -32,42 0,42
9 -0,42 -0,14 -0,14 52,06 -15,53 0,01
10 -0,85 -0,77 -0,51 52,85 -31,57 0,31
11 1,35 0,99 0,78 65,65 49,91 0,29
12 -1,61 -1,39 -1,38 59,72 -59,72 0,57
13 -1,43 -1,19 -1,19 57,92 -52,92 0,46
14 -1,25 -0,9 -0,72 62,7 -46,17 0,27
15 -1,5 -1,21 -1 55,45 -55,45 0,52
16 -1,57 -1,32 -1 57,99 -57,99 0,73
17 -1,81 -1,68 -1,81 67,13 -67,13 0,93
18 -1,57 -1,67 -1,74 57,91 -57,91 0,95
19 -1,54 -1,57 -1,67 56,87 -56,87 0,91
20 -2,26 -2,09 -2,25 83,52 -83,52 0,91
21 -2,87 -2,7 -2,46 106,34 -106,34 0,96
22 -3,51 -3,28 -3,1 129,91 -129,91 0,94
23 -4,15 -3,85 -3,73 153,73 -153,73 0,91
24 -2,26 -2,2 -1,97 83,73 -83,73 0,9
25 6,25 4,65 4,37 323,88 231,43 0,25
26 5,81 4,45 4,29 281,12 215,06 0,29
27 5,24 3,95 3,51 255,14 193,85 0,29
28 0,05 -0,43 -0,68 70,21 1,76 0,04
29 -0,94 -1,24 -1,43 68,13 -34,61 0,5
30 -1,23 -1,5 -1,67 71,77 -45,34 0,64
31 -1,12 -1,35 -1,61 55,77 -41,49 0,75
32 -0,98 -1,14 -1 42,1 -36,31 0,82
33 -1,04 -1,04 -1,03 38,51 -38,51 1
34 -1,29 -1,26 -1,28 47,79 -47,79 0,99
35 -1,56 -1,51 -1,55 57,55 -57,55 0,98
36 -2,36 -2,26 -2,24 87,16 -87,16 0,98
37 -2,07 -2,1 -2,06 76,64 -76,64 0,99
38 -0,07 -0,14 -0,12 14,89 -2,43 0,09
39 3,71 3 2,91 151,75 137,12 0,41

(Continua)
137

(Continuação)

40 3,94 3,19 2,92 154,32 145,67 0,46


41 2,85 2,27 2,06 117,62 105,4 0,41
42 1 0,75 0,7 52,17 37,18 0,25
43 1,78 1,58 1,66 67,9 65,7 0,6
44 1,92 1,7 1,89 84,72 71,01 0,51
45 1,98 1,72 1,95 96,35 73,34 0,42
46 2,46 2,17 2,33 117,46 90,96 0,45
47 2,36 2,11 1,73 132,85 87,5 0,36
48 2,13 1,81 1,87 126,02 78,85 0,28
49 1,8 1,51 1,33 123,33 66,67 0,21
50 1,73 1,41 1,53 114,76 64 0,2
51 1,75 1,22 1,42 115,91 64,58 0,13
52 2,12 1,78 2,06 117,05 78,47 0,31
53 1,81 1,41 1,89 117,18 66,92 0,18
54 1,41 0,87 1,11 117,32 52,31 0,06
55 1,16 0,6 0,9 120,09 43,07 0,03
56 0,14 -0,5 -0,93 91,97 5,33 0,03
57 -0,43 -0,88 -0,73 95,39 -15,86 0,09
58 -0,98 -1,43 -1,43 101,07 -36,38 0,27
59 -2,75 -3,25 -3,06 168,14 -101,69 0,52
60 -2,59 -3,07 -2,92 155,62 -95,77 0,54
61 -3,53 -4,09 -4,04 192,65 -130,43 0,63
62 -4,05 -4,71 -4,66 227,18 -149,94 0,6
63 -3,74 -4,78 -5,09 264,7 -138,3 0,48
64 -4,25 -5,17 -5,2 267,25 -157,36 0,54
65 -4,37 -5,26 -5,17 273,88 -161,65 0,52
66 -4,36 -5,25 -5,09 280,31 -161,15 0,49
67 -2,71 -3,68 -3,29 252,02 -100,25 0,28
68 0,06 -1,32 -1,49 227,35 2,27 0,03
69 2,79 1,02 0,26 296,48 103,26 0,02
70 2,56 0,83 -0,14 275,7 94,68 0,01
71 1,03 -0,65 -1,55 255,36 38,03 0,01
72 -0,73 -2,18 -2,49 250,26 -26,95 0,09
73 -0,86 -2,34 -2,62 260,79 -31,91 0,09
74 1,99 -0,33 -1,24 373,32 73,8 0
75 7,86 4,61 3,46 579,54 290,81 0,08
76 7,66 4,29 2,76 583,91 283,45 0,07
77 4,44 1,48 0,11 487,97 164,44 0,01
78 3,69 0,6 -1,15 485,77 136,43 0
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

Nesse contexto, ao longo dos 78 transectos para o período chuvoso, delimitou-se


alternância espacial entres os ciclos de recuo e acresção. Nos 10 primeiros transectos,
138

observou-se a predominância dos processos de retração da linha de costa, com uma média de -
1,49 (m/ano), em face da média geral de recuo, que representa uma taxa de -0,04 (m/ano). No
transecto subsequente n°11, registra-se processo de acresção da linha de costa. Entre os
transectos 12 e 24, há a retomada dos processos erosivos, com uma taxa média de -2,10
(m/ano). No restante dos transectos, foram registrados processos de progradação nos
transectos entre 25 a 28, 39 a 56, 68 a 71 e 74 a 78, com uma média de +2,48 (m/ano), os
erosivos foram demarcados entre os transectos 29 a 38, 58 a 67 e 72 a 73, com uma média de
-2,08 (m/ano) (Gráfico 34).

Gráfico 34 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano), no período chuvoso,


para o Setor 3 – EPR

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

Desse modo, detectou-se na variável EPR que 59% dos transectos foram de
caráter erosivo. Em contrapartida, em 41% predominaram taxas de progradação da linha da
costa. As taxas de retração situaram-se entre -4,37 a +7,86 (m/ano), e uma amplitude de 12,23
(m/ano). Não foi identificado nenhum transecto estável, ou seja, com variação igual a 0.
Para a variável LRR, a taxa de retração registrou um máximo valor de –5,26
(m/ano), acima do EPR. A progradação, por sua vez, apresentou um valor máximo de +4,65
(m/ano), reduzindo em relação ao EPR. Em termos percentuais, os transectos de recuo
totalizaram 67% e os de progradação 33%. Em relação a ambientes sem modificação, nenhum
transecto registrou esse contexto (Mapa 21 e Gráfico 35).
139

Gráfico 35 – Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano), no período


chuvoso, para o Setor 3 – LRR

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

A regressão linear LR² para os dados apresentou, ao longo da porção conectada e


central, uma predominância de valores próximo a 1. Entretanto, na porção Leste a regressão
assumiu valores iguais, com percentual de 37%, entre os transectos 68 e 78. Essa resposta
diferenciada relaciona-se à alta variação e à alternância de recuo e acresção entre os transectos
mencionados.
140

Mapa 21 – Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o Setor 3

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


141

Referente à variação total, foi registrado um recuo máximo de -161,65 m e uma


acresção de +290,81 m. Em termos percentuais, houve predominância dos processos de recuo
com um percentual de 59%, já os progradacionais apresentam um valor de 41%. Em relação à
estabilidade (= 0), não foi detectado nenhum transectos. Os transectos sob progradação estão
localizados, em sua maioria, na porção central e extremos lestes, situam-se entre os transectos
39 e 56. Os erosivos concentram-se, em sua maioria, na porção oeste, entre os transectos 1 e
38. (Mapa 22 e Gráfico 36).

Gráfico 36 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa


(m), no período chuvoso, para o Setor 3 – NSM

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

A partir do cruzamento da linha espacialmente mais distante com a mais recente,


chegou-se à variação líquida da linha de costa, através da variável SCE, expressa apenas em
valores positivos. Dessa forma, as maiores variações se apresentam no setor central, tendo
uma variação média de 148,70 m (Mapa 22 e Gráfico 37).
Gráfico 37 – Movimentação interdecadal da linha de costa (m), no período chuvoso,
para o Setor 3 – SCE

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


142

Mapa 22 – Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso, para o Setor 3

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


143

6.3.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 3

Para o período seco, o setor 3 registrou uma sobre-elevação do caráter erosivo,


registrando 100% dos processos de retração da linha de costa. A taxa de variação se situou
entre –11,44 e +0,43 (m/ano). Com o ajuste linear, registrou um intervalo entre -8,76 e -1,81
(m/ano) (Tabela 28).
O cenário se mostrou mais preocupante ao se aplicar o parâmetro LMS,
evidenciando-se uma taxa de variação predominantemente erosiva, em um percentual de
100%, em um intervalo -11,44 e -0,81 (m/ano).

Tabela 28 – Resumo estatístico interdecadal para o Setor 3 – período seco


Parâmetros Principais Parâmetro Auxiliar
Valores EPR LRR LMS SCE NSM
LR² (%)
(m/ano) (m/ano) (m/ano) (m) (m)
Mínimo -7,46 -8,76 -11,44 100,45 -275,94 0,11
Médio -3,21 -4,28 -5,59 200,10 -118,80 0,68
Máximo 0,43 -1,81 -0,81 349,62 15,93 0,99
Desvio Padrão 1,66 1,48 2,68 61,89 61,60 0,20
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.
144

Tabela 29 – Estatísticas do DSAS, no período seco, para o Setor 3 (1979 – 2016)


Parâmetros Principais Parâmetro Auxiliar
Transcetos
(n°) EPR LRR LMS SCE NSM
LR² (%)
(m/ano) (m/ano) (m/ano) (m) (m)
1 -4,09 -4,66 -6,39 196,84 -151,39 0,83
2 -3,92 -4,45 -6,24 199,17 -144,92 0,79
3 -3 -3,48 -5,61 172,98 -111,04 0,68
4 -1,99 -2,63 -4,38 132,72 -73,7 0,64
5 -1,26 -2,2 -3,79 113,97 -46,75 0,54
6 -1,94 -2,69 -4,75 147,8 -71,79 0,57
7 -3,26 -4 -6,39 201,82 -120,6 0,62
8 -3,49 -4,23 -6,39 194,54 -129,26 0,72
9 -2,98 -3,83 -6,32 189,54 -110,26 0,64
10 -3,16 -3,86 -6,39 192,3 -116,95 0,64
11 -3,24 -3,61 -5,61 166,6 -119,93 0,65
12 -1,91 -2,75 -5,09 127,28 -70,7 0,6
13 -0,49 -1,81 -0,84 126,31 -17,98 0,36
14 -1,6 -2,47 -1,6 108,06 -59,15 0,69
15 -2,96 -3,28 -2,92 127,92 -109,52 0,91
16 -3,99 -3,98 -1,53 176,89 -147,6 0,77
17 -3,25 -3,7 -5,74 194,97 -120,12 0,62
18 -2,43 -2,76 -4,41 136,65 -89,93 0,66
19 -2,92 -3,23 -4,75 149,29 -108,14 0,75
20 -2,86 -3,25 -4,75 158,58 -105,84 0,71
21 -3,3 -3,57 -4,66 165,14 -122,22 0,77
22 -4,11 -4,33 -5,09 187,15 -152,08 0,83
23 -4,95 -5,59 -7,22 241,83 -183,17 0,83
24 -5,28 -6,13 -8,4 261,38 -195,23 0,83
25 -5,15 -5,98 -8,24 247,06 -190,56 0,86
26 -4,65 -5,74 -8,14 229,75 -171,88 0,85
27 -3,1 -4,45 -4,04 179,66 -114,87 0,74
28 -3,4 -4,67 -7,02 203,48 -125,79 0,72
29 -4,16 -4,98 -7,22 221,38 -154,1 0,78
30 -3,64 -4,78 -7,22 226,04 -134,7 0,71
31 -3,72 -4,95 -7,22 229,01 -137,61 0,72
32 -4,08 -5,1 -8,14 241,04 -150,85 0,73
33 -4,14 -4,95 -7,22 240,91 -153,13 0,7
34 -4,46 -5,43 -8,14 256,68 -164,92 0,73
35 -4,49 -5,35 -4,41 235,13 -166,16 0,81
36 -3,3 -4,33 -6,25 187,4 -122,22 0,77
37 -2,83 -3,99 -2,89 181 -104,61 0,71
38 -2,94 -3,88 -6,24 177,44 -108,74 0,72
39 -3,62 -4,34 -6,39 206 -134,06 0,72
(Continua)
145

(Continuação)
40 -3,81 -4,35 -6,39 202,6 -140,97 0,74
41 -1,9 -2,9 -5,2 157,15 -70,3 0,55
42 -1,28 -2,13 -1,61 100,45 -47,27 0,6
43 -1,43 -2,34 -1,88 107,85 -52,8 0,62
44 -1,69 -2,55 -1,89 116,86 -62,42 0,67
45 -2,8 -3,43 -4,66 134,64 -103,74 0,86
46 -2,9 -3,78 -5,74 173,11 -107,13 0,72
47 -3,05 -3,69 -5,2 157,59 -112,9 0,8
48 -2,31 -3,42 -2,26 176,18 -85,55 0,59
49 -1,16 -3,36 -1,15 219,81 -42,97 0,31
50 -0,8 -2,07 -0,81 124,9 -29,76 0,38
51 -0,99 -2,09 -1 114,34 -36,54 0,45
52 -1,43 -2,54 -1,61 123,37 -53,06 0,57
53 -1,73 -2,84 -2,23 129,67 -63,92 0,64
54 -2,68 -3,81 -3,29 156,71 -99,05 0,75
55 -3,3 -4,14 -3,29 167,18 -121,94 0,84
56 -3,48 -4,14 -3,78 135,37 -128,76 0,92
57 -3,68 -4,12 -3,73 146,61 -136,22 0,95
58 -4,16 -4,45 -5,2 157,52 -153,76 0,96
59 -4,5 -4,73 -5,61 166,33 -166,33 0,97
60 -5,41 -5,92 -5,61 200,3 -200,3 0,98
61 -6,22 -6,33 -6,24 230,28 -230,28 0,99
62 -6,55 -6,64 -6,39 242,49 -242,49 0,97
63 -7,46 -7,76 -7,02 275,94 -275,94 0,95
64 -7,27 -7,67 -8,14 268,85 -268,85 0,97
65 -6,29 -7,59 -6,29 251,69 -232,68 0,85
66 -3,13 -4,65 -9,7 237,32 -115,71 0,49
67 -3,16 -4,88 -8,4 228,75 -116,82 0,56
68 -3,27 -5,19 -8,14 244,1 -120,98 0,59
69 -1,69 -4,19 -1,72 260,64 -62,64 0,41
70 -0,37 -3,53 -3,98 295,59 -13,62 0,24
71 -0,55 -3,92 -4,33 318,69 -20,45 0,25
72 -1,48 -4,71 -9,34 328,85 -54,82 0,32
73 -1,35 -4,35 -11,18 313,19 -49,92 0,25
74 0,43 -2,93 -9,7 313,27 15,93 0,11
75 -0,6 -3,86 -11,18 322,36 -22,09 0,19
76 -3,95 -6,86 -11,32 349,62 -146,13 0,55
77 -6,11 -8,17 -11,44 314,49 -226,1 0,77
78 -6,88 -8,76 -11,22 311,6 -254,57 0,82
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

A respeito do parâmetro EPR, registrou-se um recuo médio de -3,21 (m/ano).


Aplicando regressão linear nesse dado, esse valor apresentou uma taxa média de -4,28
146

(m/ano). Os valores extremos de caráter máximo e mínimo afetam diretamente o conjunto de


dados. Com a exclusão destes, a média final de recuo representou uma taxa de -5,59 (m/ao).
Para a variável EPR, o transecto 63 foi o que apresentou maior retração, com valor -7,56
(m/ano). Em termos de progradação, o transecto 74 foi o único a registrar acresção, esse está
localizado na porção Leste do setor e registrou um ganho de + 0,43 (m/ano) (Gráfico 38).

Gráfico 38 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano), no período chuvoso,


para o Setor 3 – EPR

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

Para a variável LRR, a partir de todas as linhas do horizonte de dados, registrou


para o transecto 77 a maior retração, de -8, 17 (m/ano), já para o ganho sedimentar, não houve
nenhum transecto (Gráfico 39). A principal mudança identificada foi a predominância dos
processos erosivos em todos os transectos (Mapa 13).

Gráfico 39 – Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano), no período


chuvoso, para o Setor 3 – LRR

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


147

Mapa 23 – Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o Setor 3

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


148

Analisando as mudanças globais, a partir da variável NSM, a qual considera as


linhas extremas do horizonte de dados, apresentaram um recuo médio de -118,80 (m),
máximo de -275,95 (m). Referente à acresção, apenas um transecto registrou ganho, situado
no setor Leste, com avanço de +15,93 (Gráfico 40).

Gráfico 40 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m),
no período seco, para o Setor 3 – NSM

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.

Em termos de variação líquida, a partir da variável SCE, identificou-se


movimentação média de 200,10 (m). As maiores variações são evidenciadas entre os
transectos 63 e 78 (Gráfico 41), situados na porção Leste. Na porção Oeste, encontraram-se
as menores variações, com valores situados próximos ao mínimo da série de dados da ordem
de 100,45 (m) (Mapa 24).

Gráfico 41 – Movimentação interdecadal da linha de costa (m), no período seco, para o


Setor 3 – SCE

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.


149

Mapa 24 – Variação total da linha de costa (m) – no período seco, para o Setor 3

Fonte: Elaborado pelo autor a partir, de dados Landsat e aplicação do DSAS.


150

7 APLICAÇÃO DO METODO DO POLÍGONO DE MUDANÇA (CHANGE


POLYGON) NA ANÁLISE MULTITEMPORAL EM ESCALA INTERDECADAL DA
LINHA DE COSTA (1979 – 2016)

Buscando aplicar um método diferenciado do DSAS, porém, com o mesmo


objetivo, a fim de comparar e validar os dados, aplicou-se o Change Polygon, desenvolvido
por Smith e Cromley (2012), associado à Taxa de Variação de Linha de Costa – TVLC,
desenvolvida por Dias et al (1994). A espacialização dos resultados seguiu o mesmo contexto
de setores e sazonalidade.

7.1 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA FACE PRAIAL


EXPOSTA (SETOR 1 - TRECHO SPIT ARENOSO)

Para o setor 1, no período chuvoso, houve um predomínio dos processos ligados à


progradação da linha de costa, com a ressalva do intervalo compreendido entre os anos 1979 –
1989, nos quais constatou-se uma leve sobre-elevação dos valores de retração (Gráfico 42).
Em termos espaciais, o spit arenoso apresentou um prolongamento no sentido E-W em todo o
período chuvoso, outro aspecto relevante foi o recuo lateral N-S (Mapa 25).

Gráfico 42 – Relação acresção e erosão (m²), no período chuvoso, para o Setor 1

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.

No intervalo entre os anos de 1979 – 1989, os processos de progradação


concentraram-se ao longo da face exposta à ação direta das ondas. Esse processo de ganho
sedimentar foi da ordem de 235,74 m², sendo que o processo de carreamento e deposição
possivelmente estão ligados às ações das correstes de deriva litorânea e que as ondas tratam
151

de remodelar de maneirar constate esses depósitos. Face as esses, as erosões representaram


retrações da ordem de 285,71 m².
No período 1989 – 1999, os processos de recuo concentraram-se na face exposta,
enquanto os de progradação, quase em sua totalidade, foram evidenciados na face praia
abrigada. Apresar de estarem presentes em uma área mais extensa, as áreas de recuo foram
menores que as de ganho. As áreas de erosão totalizaram 181,63 m² e as de progradação,
236,45.
No intervalo seguinte, 1999 – 2009, os processos de progradação seguiram como
no ano anterior, no entanto dois diferenciais foram identificados. O primeiro foi a elevação
das áreas de ganho, que foram da ordem de 326,97 m², porém as de erosão também se
elevaram para um total de 280,91 m². Outro diferencial foi o realinhamento da ponta do spit
arenoso no sentido SE-NW. Por fim, verificou-se a atuação de processos de recuo na face
abrigada e o constante prolongamento E-W.
O intervalo 2009 – 2016 deu prosseguimento aos dois anteriores, uma vez que a
tendência de progradação predominou com um total de 397,62 m², enquanto o recuo foi da
ordem de 180,4 m². A tendência de realinhamento SE-WE foi continuada e o prolongamento
E-W também, com uma extensão de 4.311 m.
No que condiz à TVLC, demostrou-se predominância dos processos de
progradação entre os anos de 1989 e 2016, com exceção do período inicial de 1979 – 1989.
Para as taxas de acresção, foi registrada uma taxa média de 0,012 m, para as de erosão, uma
média de -0,015 (Gráfico 43).

Gráfico 43 – Taxa de variação da linha de costa (m), no período chuvoso, para o Setor 1

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
152

Mapa 25 – Variação da linha de costa (m) – no período chuvoso, para o Setor 1

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
153

No período seco, houve um predomínio dos processos ligados à progradação da


linha de costa. Contudo, os processos erosivos foram mais expressivos que no período
chuvoso. Em termos de média geral, para o horizonte de dados, a progradação registrou 280
m² e a erosão, 197,72 m² (Gráfico 44). Relativo às condições espaciais, o spit arenoso
manteve o prolongamento no sentido E-W. como no período chuvoso, outro aspecto relevante
foi o recuo lateral N-S (Mapa 26).

Gráfico 44 – Relação acresção e erosão (m²), no período seco, para o Setor 1

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.

No intervalo entre os anos de 1979 – 1989, ocorreu o predomínio dos processos


de progradação, sobretudo na porção Oeste, com um total de 272,26 m². Denotou-se também
a remobilização de material na porção Leste. Os processos de recuo foram evidenciados na
face praial exposta, com total de 84,85 m².
No período 1989 – 1999, os processos de recuo concentraram-se efetivamente na
face exposta e recobriram uma extensão maior da linha de costa, entretanto os processos de
progradação se sobressaíram em termos de area total. Os processos de ganho totalizaram
166,51 m², enquanto os de erosão representaram 128,51 m². Por fim, nesse período ficou
evidente a estabilização do setor central ao longo do spit.
Entre 1999 – 2009, os processos erosivos foram mantidos na face praial exposta,
na direção predominante E-W. Em termo de prolongamento ao longo da linha de costa, esse
foi mais expressivo, porém inferior quanto à área total, onde esses totalizou 306,35 m²,
perante os 400,89 m² da área total. Os processos de progradação concentraram-se na porção
Oeste e na parte central da face abrigada.
No contexto de 2009 – 2016, observaram-se a estabilização do setor central e o
prolongamento ainda mais expressivo do spit arenoso, além do recuo lateral N-S, originado
154

pelos processos de erosão da face abrigada. Os processos de progradação totalizaram 283,36


m² e os de erosão somaram 271,18 m².
A respeito da TVLC, predominaram os de progradação na série completa, com
uma média geral de 0,029 m. A taxa foi mais expressiva no intervalo de 1979 – 1989,
chegando a 0,001 m, entre 2009 – 2016 (Gráfico 45).

Gráfico 45 – Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor 1

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
155

Mapa 26 – Variação da linha de costa (m) – no período seco, para o Setor 1

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
156

7.2 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA FACE PRAIAL


ABRIGADA (SETOR 2 - TRECHO PRAIA DE PARAJURU)

Para o setor 2, no período chuvoso, houve um predomínio dos processos ligados à


progradação da linha de costa, nos intervalos 1979 – 1989 e 2009 - 2016, e retração nos
intervalos 1989 – 1999 e 1999 – 2009 (Gráfico 46). Os processos de progradação foram
efetivos nos trechos Leste, Central e Oeste (Mapa 27).

Gráfico 46 – Relação acresção e erosão (m²), no período chuvoso, para o Setor 2

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.

No intervalo entre os anos de 1979 – 1989, os processos de progradação


concentraram-se ao longo da área imediatamente após a desembocadura do rio Pirangi. Os
principais fluxos desse processo de acresção estão possivelmente relacionados ao
carreamento de material sedimentar pelo fluxo hidráulico desse curso fluvial. Os totais
progradados são da ordem de 1.522 m². Os trechos de erosão se localizaram nas imediações
dos trechos de acresção, sendo também possíveis áreas fontes desse processo. O recuo nesse
período foi da ordem de 350 m².
No período 1989 – 1999, os processos de recuo foram mais efetivos no trecho
central e Oeste, com uma área de erosão de 228 m². As respostas de acresção se localizaram
imediatamente após a desembocadura do rio Pirangi, com um total acrescido de 46 m².
Entre 1999 – 2009, os processos de progradação foram praticamente nulos, as
áreas de erosão totalizaram 406 m². Esse fato possivelmente está relacionado a eventos de
alta energia, com ondas superiores a 3 metros.
Para o intervalo 2009 – 2016, houve uma retomada dos processos de progradação
157

e uma redução significativa dos processos de erosão. As áreas de erosão foram concentradas
no trecho Oeste do setor, com uma área total de 54 m², enquanto as de progradação situaram-
se no trecho central e Leste, com uma área total 219 m².
No que diz respeito à TVLC, demostrou-se predominância dos processos de
progradação, com uma média geral de 446,75 m², mediante a média de 259,50 m² dos
processos erosivos. Para as taxas de variação no contexto de acresção, foi registrada uma taxa
média de 0,0674 m, para as de erosão, uma média de -0,0655. Em termos gerais, a taxa de
variação 1979 – 2016 foi de 0,0010 m (Gráfico 47).

Gráfico 47 – Taxa de variação da linha de costa (m), no período chuvoso, para o Setor 2

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
158

Mapa 27 – Variação da linha de costa (m) – no período chuvoso, para o Setor 2

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
159

No período seco, houve um predomínio dos processos ligados à progradação da


linha de costa, onde os processos erosivos foram menos expressivos que no período chuvoso.
Em termos de média geral, para o horizonte de dados, a progradação registrou 451,66 m² e a
erosão, 201,50 m². (Gráfico 48).

Gráfico 48 – Relação acresção e erosão (m²), no período seco, para o Setor 2

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.

No intervalo entre os anos de 1979 – 1989, ocorreu o predomínio dos processos


de progradação, sobretudo na porção central, com um total de 1.488 m². Denotou-se também
a remobilização de material na porção Leste. Os processos de recuo foram evidenciados nas
mediações do trecho acrescido, com total de 111 m².
No período 1989 – 1999, os processos de recuo concentraram-se efetivamente na
face exposta, recobriram uma extensão maior da linha de costa e foram mais expressivos em
termos de área, com um total de 251 m². Os processos de ganho totalizaram 46 m², similar ao
período chuvoso para esse mesmo período.
Entre 1999 – 2009, os processos erosivos foram mais intensos do que no período
passado, com um total de 355 m². O pequeno trecho acrescido encontra-se na porção Leste e
totaliza 3,9 m² de progradação, concentra-se na porção Oeste e na parte central da face
abrigada.
No contexto de 2009 – 2016, observou-se a retomada significativa dos processos
de progradação do trecho Leste até quase o fim do setor no trecho Oeste, esse predomínio foi
da ordem de 268,73 m². O trecho de erosão se limitou na porção final do setor 2, no extremo
Oeste, com um total de 88,98 m².
No que diz respeito à TVLC, demostrou-se predominância dos processos de
progradação, com uma média geral de 0,079 m, mediante a média de –0,056 dos processos
160

erosivos. Em termos gerais, a taxa de variação 1979 – 2016 foi de 0,0115 m (Gráfico 49).

Gráfico 49 – Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor 2

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
161

Mapa 28 – Variação da linha de costa (m) – no período seco, para o Setor 2

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
162

7.3 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA FACE PRAIAL


EXPOSTA (SETOR 3 - TRECHO PRAIA DE PARAJURU)

Para o setor 3, no período chuvoso, houve um predomínio dos processos ligados à


progradação da linha de costa entre os anos de 1979-1989, 1989-199 e 2009-2016, com a
ressalva do intervalo compreendido entre os anos 1999–2009, nos quais se constatou uma leve
sobre-elevação dos valores de retração (Gráfico 50), ultrapassando os valores máximos
atingidos pela acresção.

Gráfico 50 – Relação acresção e erosão (m²), no período chuvoso, para o Setor 3

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.

No intervalo entre os anos de 1979 – 1989, os processos de progradação


concentraram-se ao longo de quase todo o setor, tendo o inicio e áreas com maiores
concentrações de progradação no trecho Leste, com área total de 878 m². Esse processo de
ganho sedimentar tem possível fonte nos processos erosivos ocorridos a Leste, onde
carreamento e deposição possivelmente estão ligadas às ações das correstes de deriva
litorânea e as ondas tratam de remodelar de maneira constate esses depósitos. Face a esses, as
erosões representaram retrações da ordem de 109,58 m².
Entre 1989 – 1999, houve um ressalto nos processos de recuo face aos de
progradação, que se limitaram na porção central do setor. As áreas de erosão totalizaram 35
m² e as de progradação, 277 m².
No intervalo seguinte, 1999 – 2009, os processos de erosão foram os únicos
atuantes, com uma área total de 949 m², desse total o trecho mais afetado situa-se na porção
Leste.
Para o intervalo 2009 – 2016, houve uma retomada dos processos progradacionais
163

de maneira mais efetiva, com uma área total de 456,3 m², distribuídos ao longo de todo o
setor 3. Os processos erosivos concentraram uma área de 19,5 m², situados na porção Leste.
No que diz respeito à TVLC, demostrou-se predominância dos processos de
progradação entre os anos de 1979 – 1989, 1989 – 1999 e 2009 – 2016, com uma taxa média
de 0,06 m, com exceção do período de 1999 – 2009, os quais se sobressairam os processos
erosivos, com uma taxa média de -0,12. Para o horizonte de dados, registrou-se uma taxa
média de 0,01 m (Gráfico 51).

Gráfico 51 – Taxa de variação da linha de costa (m), no período chuvoso, para o Setor 3

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
164

Mapa 29 – Variação da linha de costa (m) – no período chuvoso, para o Setor 3

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
165

No período seco, houve um predomínio dos processos ligados à erosão da linha


de costa, entre 1979 e 2009. Contudo, os processos de progradação foram mais no intervalo
2009 - 2016. Em termos de média geral, para o horizonte de dados, a erosão registrou 391 m²
e a progradação, 177,53 m² (Gráfico 52).

Gráfico 52 – Relação acresção e erosão (m²), no período seco, para o Setor 3

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.

No intervalo entre os anos de 1979 – 1989, ocorreram o predomínio dos


processos erosivos, sobretudo na porção central e Oeste, com um total de 341,40 m².
Denotou-se a progradação na porção Leste. Os processos de progradação foram evidenciados
com total de 212,10 m².
No período 1989 – 1999, os processos de recuo concentraram-se efetivamente por
quase toda extensão da linha de costa, entretanto os processos de progradação evidenciaram
na porção Oeste. Os processos de erosão totalizaram 463,60 m², enquanto os de acresção
representaram 78 m².
No intervalo seguinte, 1999 – 2009, os processos de erosão foram os únicos
atuantes, com uma área total de 746 m². Desse total, o trecho mais afetado situa-se na porção
Leste.
No contexto de 2009 – 2016, observou-se a estabilização do setor central e o
prolongamento ainda mais expressivo do spit arenoso, além do recuo lateral.
Para o intervalo 2009 – 2016, houve uma retomada dos processos progradacionais
de maneira mais efetiva, com uma área total de 420 m², distribuídos ao longo de todo o setor
3. Os processos erosivos concentraram uma área de 13 m², situados na porção Leste.
166

No que diz respeito à TVLC, demostrou-se predominância dos processos de


erosão entre os anos de 1979 – 1989, 1989 – 1999 e 1999 – 2009, com uma taxa média de -
0,052 m, com exceção do período de 2009 – 2016, os quais se sobressairam os processos
progradacionais, com uma taxa média de 0,049 m. Para o horizonte de dados, registrou-se
uma taxa média de -0,027 m (Gráfico 53).

Gráfico 53 – Taxa de variação da linha de costa (m), no período seco, para o Setor 3

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
167

Mapa 30 – Variação da linha de costa (m) – no período seco, para o Setor 3

Fonte: Elaborado pelo autor , a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
168

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste trabalho, na região da praia de Parajuru, em Beberibe, Litoral


Leste do estado do Ceará, Nordeste do Brasil, permitiu identificar e analisar a variação das
morfologias costeiras e detectar a existência de um cenário preocupante, em virtude da
tendência de aumento dos processos erosivos. Os múltiplos impactos decorrentes da erosão
costeira afetam o meio biótico, abiótico e antrópico, através, principalmente, da destruição de
habitats de inúmeras espécies e da destruição de estruturas voltadas ao turismo, pesca e
moradia.
Do ponto de vista do monitoramento sazonal, realizado através dos dois métodos
selecionados neste estudo, mostrou-se eficaz, pois as forçantes naturais atuantes na dinâmica
sedimentar e as respostas da linha de costa ocorrem de modo diferenciado para os diferentes
períodos, seco e chuvoso.
A partir da aplicação do DSAS, identificou-se para o setor 1, face praial
exposta/trecho spit arenoso, uma predominância dos processos erosivos, que tendem a se
intensificar no período chuvoso, sendo mais efetivos, sobretudo, no setor central, com um
recuo lateral N-S. Os processos progradacionais têm ocorrido com maior intensidade na
porção Oeste, através, principalmente, de um prolongamento do spit arenoso, na direção geral
L-W. Para o período chuvoso, foi encontrada uma taxa de variação média de -11,59 (m/ano) e
um recuo total de -24,36 m, enquanto que para o período seco a taxa de variação média foi da
ordem de -9,22 (m/ano) e recuo total de -7,39 m.
A partir da aplicação do método do polígono de mudança, identificaram-se para o
setor 1, face praial exposta/trecho spit arenoso, as mesmas tendências erosivas constatadas
pelo método anterior. Dessa forma, para o período chuvoso, obteve-se um saldo sedimentar de
área modificada de 67,03 m². A taxa de variação média, entretanto, foi mais conservadora,
com um valor de 0,01 m. Já para o período seco, o saldo sedimentar elevou-se para 88,03 m²,
com uma taxa de variação média da ordem de 0,02 m. Desse modo, a partir do método do
polígono de mudança, os processos erosivos foram expressivos ao longo de todo o período
analisado.
Conclui-se, portanto, que no setor 1 há uma tendência de prolongamento de
crescimento lateral do spit arenoso, na direção geral L-W e o subsequente recuo em N-S, com
predominância dos processos erosivos. Esse processo mais intenso culminou no rompimento
do spit arenoso no ano de 2017, sendo responsável pelo surgimento de uma ilha barreira na
porção Oeste. A atuação de eventos de alta energia, como ondas de tempestade e galgamentos
169

marinhos, é, ao que tudo indica, a forçante responsável pela intensificação dessa dinâmica.
A partir da aplicação do DSAS, identificou-se para o setor 2, face praial
abrigada/trecho praia de Parajuru, que os processos erosivos foram efetivos em ambos os
períodos, seco e chuvoso, ao passo que os processos progradacionais tendem a se concentrar
nos períodos secos. No período no chuvoso, a taxa de variação média foi de -4,24 (m/ano),
com recuo total de -40,91 m. No período seco, a taxa de variação média foi de -2,90 (m/ano),
com variação de 48,39 m.
A partir da aplicação do método do polígono de mudança, identificaram-se para o
setor 2, face praial abrigada/trecho praia de Parajuru, as mesmas tendências constatadas pelo
método anterior. No período chuvoso, obteve-se um saldo sedimentar de área modificada de
250,16 m², que está diretamente relacionado à grande alteração sofrida entre 1979-1989. A
taxa de variação média, entretanto, foi mais conservadora, com um valor de 0,0010 m. Já para
o período seco, o saldo sedimentar foi da ordem de 187,25m², com uma taxa de variação
média da ordem de 0,015 m.
A partir da aplicação do DSAS, identificou-se para o setor 3, face praial
exposta/trecho praia de Parajuru, a atuação mais intensa de processos erosivos para o período
seco, atingindo 100% de área total erodida em determinados períodos. No período chuvoso,
há tendência de predomínio dos processos de progradação. A taxa de variação média para o
período chuvoso foi de - 0,68 (m/ano), com recuo total de -1,64 m. No período seco, a taxa
de variação média foi da ordem de -5,59 (m/ano) e variação - 118,80 m.
A partir da aplicação do método do polígono de mudança para o setor 3, face
praial exposta/trecho praia de Parajuru, observou-se, para o período chuvoso, um saldo
sedimentar de área total modificada de 126,81 m². A taxa de variação média, entretanto, foi
mais expressiva em relação aos demais setores, com um valor de 0,012 m. Já para o período
seco, o saldo sedimentar foi da ordem de 213,48 m², com uma taxa de variação média da
ordem de 0,027 m, a maior registrada de toda a série de dados.
O setor 3, face praial exposta/trecho praia de Parajuru, tem apresentado as
evidencias mais preocupantes de erosão costeira ao longo de toda a área de estudo. Nesse
setor foram encontradas as mais elevadas taxas de erosão, evidenciadas in situ pela destruição
de uma série de estruturas, como residências e estabelecimentos comerciais. Além disso, esse
é o único setor onde são encontradas estruturas de proteção costeira, como enrocamentos e
bagwall, instaladas para salvaguardar as estruturas dispostas ao longo da linha de costa.
Tais medidas, entretanto, têm se mostrado insuficientes no controle dos processos
170

erosivos, uma vez que a acentuada dinâmica morfosedimentar e hidrodinâmica dessa região
do litoral cearense vem passando por intensas modificações de ordem antrópica, como a
instalação de barramentos ao longo do leito do rio Pirangi e do rio Jaguaribe (maior bacia
hidrográfica do estado do Ceará, exercendo forte influência no aporte de sedimentação
terrígena na área de estudo), infraestrutura para carcinicultura e parque eólico sobre a área de
by-pass de sedimentos, além do avanço da área urbanizada.
A aplicação do método do polígono de mudança (Change Polygon) e Digital
Shoreline Analysis System (DSAS), para análise das variações morfológicas sofridas pela
linha de costa em escala multitemporal, mostraram-se eficazes, rápidas e precisas,
apresentando resultados semelhantes. A principal diferença entre os dois métodos é o fato do
polígono de mudança ser mais conservador do que o DSAS, apesar de fornecer a mesma
informação no que diz respeito às tendências erosivas ou progradacionais. Outra diferença é a
quantidade de derivações estatísticas derivadas, que são mais elevadas no DSAS.
A adoção do intervalo temporal para a aplicação dos referidos métodos mostrou-
se eficaz para análise do comportamento evolutivo da linha de costa, considerando-se a noção
de sazonalidade climática, que influencia diretamente nos processos modeladores da linha de
costa.
Os resultados obtidos neste trabalho, através da aplicação dos métodos do
Polígono de Mudança e DSAS para análise da evolução da linha de costa, mostraram-se
satisfatórios, nos permitem sugeri-los para estudos similares, em função da sua eficiência,
interface de fácil utilização e boa acurácia na operacionalização dos dados.
A adoção destes métodos para análise da evolução da linha de costa pode ser
melhorada através da integração com dados acerca dos processos dinâmicos, tais como os
oceanográficos, hidroclimáticos e sedimentares.
Em função da carência de estudos desta natureza na área da praia de Parajuru, este
trabalho contribui para o melhor conhecimento da evolução da linha de costa no litoral
cearense, melhor orientando a aplicação da análise geoespacial de dados multiespectrais, no
estudo temporal da linha de costa.
171

REFERÊNCIAS

ABREU, F. L; MORAIS, J. O. de; SOUZA, J. M. N. de; PINHEIRO, L. de. S; PAULA, D. P. de.


Avaliação do uso potencial de áreas estuarinas a partir da identificação e caracterização do
comportamento de variáveis hidro-climáticas, oceanográficas e ambientais - estudos de caso:
rio Pirangi-CE. Fortaleza: Funceme, 2006. 219 p.
ALVES. A. L. Cartografia Temporal e Análise Geoambiental da Dinâmica da Foz do Rio
Piranhas-Açu, Região de Macau-RN, com Base em Imagens Landsat 5-TM. 2001. 103f.
Dissertação (Mestrado em Geodinâmica e Geofísica) - Programa de Pós-Graduação em
Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2001.
AMARO, V. E.; SANTOS, M. S. T.; SOUTO, M. V. S. Geotecnologias aplicadas ao
monitoramento costeiro: sensoriamento remoto e geodésia de precisão. Natal: UFRN, 2012. 118
p.
ANDERS, F.J.;BYRNES, M.R. Accuracy of shoreline change rates as determined from maps and
aerial photographs. Shore and Beach, Miami, v. 59, p. 17-26, 1991.
ANGULO, R.J; GIANNINI, P.C.F; KOGUT, J.S; PRAZERES FILHO, H.J; SOUZA, M.C.
Variação das características sedimentológicas através de uma sucessão de cordões holocênicos,
como função da idade deposicional, na Ilha do Mel (PR). Bol. Paranaense de Geociências,
Paraná, p. 77-86, 1996.
BEETS, D. J.; VAN DER SPEK, A. J. F. The holocene evolution of the barrier and back-barrier
basins of Belguim and the Netherlands as a function of late Weichselian morphology, relative sea-
level rise and sediment supply. Journal of Geosciences, Prague, p. 3-16, 2000.
BIRD, E. Coastal Geomorphology. San Franciso: Jonh Wiley & Sons, 2008. 317 p.
BOAK, E.H.; TURNER, I.L.Shoreline Definition and Detection: A Review. Journal of coastal
research, Flórida, v.21, n.4, p.688 – 703, 2005.
CÂMARA, G; DAVIS, C; MONTEIRO, M. Introdução à Ciência da Geoinformação. São José
dos Campos: INPE, 2001. 345 p.
CAMPOS, R.M.; CAMARGO, R.; HARARI, J. Caracterização de eventos extremos do nível do
mar em Santos e sua correspondência com as reanálises do modelo do NCEP no sudoeste do
Atlântico Sul. Revista brasileira de meteorologia, São José dos Campos v.25, n.2, p.175-184,
2010.
CAMARGO, M.B.P; CAMARGO, A.P. Representação gráfica informatizada do extrato do
balanço hídrico de Thornthwaite & Mather. Bragantia, Campinas, v.52, p.169-172, 1993.
CARVALHO, A. M.; COUTINHO, P. N.; MORAIS, J. O. de. Caracterização Geoambiental e
Dinâmica Costeira da Região de Aquiraz na Costa Leste do Estado do Ceará. Revista de
Geologia, Fortaleza, v. 7, p. 55-68, 1994.
CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. São Paulo: Edgar Blucher, 1980.
CROWELL, M., S.P. LEATHERMAN, M.K. BUCKLEY. Historical shoreline change: error
analysis and mapping accuracy. Journal of Coastal Research, Flórida, v. 7, n. 3, p. 839-852,
1991.
COWELL, P.J.; THOM, B.G. Morphodynamics of coastal evolution. In: CARTER, R.W.G.;
WOODROFFE, (Orgs.). Coastal evolution, late quaternary shoreline morphodynamics.
Cambridge: Cambridge University Press, 1994, cap. 1, p. 10 – 25.
172

CROSTA, A. P. Processamento Digital de Imagens de Sensoriamento Remoto. Campinas:


IG/UNICAMP, 1993, 170 p.
CROWELL, M., Douglas, B.C., LEATHERMAN, S.P. On forecasting future U.S. shoreline
positions— a test of algorithms. Journal of Coastal Research, Flórida, v. 13, n. 4, p. 1245-1255,
1997.
DALRYMPLE, R. W.; ZAITLIN, B. B.; BOYD, R. A Conceptual Model of Estuarine
Sedimentation. J. Sedim. Petrology, France, v. 62, p. 1130-1146, 1992.
DAVIS Jr, R.A. Barrier Island systems – A geologic overview. In: Davis Jr, R. (Org.). Geology of
Holocene Barrier Island Systems. Berlin: Spring-Verlag, 1994, cap. 1, p. 1-46.
DAVIS, Jr., R.A, 1985. Beach neashore zone. In Davis Jr. (Org.). Coastal sedimentary
environments. New York: Spring-verlag, 1985, cap. 2, p. 15-53.
DAVIDSON-ARNOTT, R. Introduction to Coastal Processes and Geomorphology.
Cambridge: Cambridge, 2010. 458p.
DIAS, J. M. A.; FERREIRA, O. M. F. C.; PEREIRA, A. P. R. R. Estudo sintético de diagnóstico
da geomorfologia e da dinâmica sedimentar dos troços costeiros entre Espinho e Nazaré.
Portugal. Edições Algarve, 1994.
DIAS, C. B. Dinâmica do sistema estuarino Timonha/Ubatuba (Ceará - Brasil): considerações
ambientais. 2005. 145f. Dissertação (Mestrado em Ciências Marinhas Tropicais) – Programa de
Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.
DOLAN, R., FENSTER, M.S., HOLME, S.J. Temporal analysis of shoreline recession and
accretion. Journal of Coastal Research, Flórida, v. 7, p. 723-744, 1991.
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Manual de classificação dos solos.
Brasília: CNPS, 1999.
FAIRBRIDGE, R. W. The estuary: its definition and geodynamic cycle. In Chemistry and
biogeochemistry of estuaries. Winchester: John Wiley, 1980.
FARIAS, E. G. D. Aplicação de técnicas de geoprocessamento para a análise da evolução da
linha de costa em ambientes litorâneos do Estado do Ceará. 2008. 123f. Dissertação
(Mestrado em Ciências Marinhas Tropicais) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas
Tropicais, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2008.
FERREIRA, A. G.; MELLO, N. G. S. Principais Sistemas Atmosféricos Atuantes sobre a Região
Nordeste do Brasil e a Influência dos Oceanos Pacífico e Atlântico no Clima da Região. Revista
brasileira de climatologia, Curitiba, v. 1, p. 15-26, 2005.
FRANCO, C. G. M.; AMARO, V. E.; SOUTO, M.V.S. Prognóstico da erosão costeira no litoral
sententrional no Rio Grande do Norte para os anos de 2020, 2030 e 2040. Revista de Geologia,
Fortaleza, v. 25, p. 37-54, 2012.
GENZ, A.S., FLETCHER, C.H., DUNN, R.A., FRAZER, L.N.; ROONEY, J.J.. The predictive
accuracy of shoreline change rate methods and alongshore beach variation on Maui, Hawaii.
Journal of Coastal Research, Flórida, v. 23, n. 1, p. 87-105, 2007.
GARRISON, T. Fundamentos de Oceanografia. São Paulo: Cengage, 2009.
GTL. Relatório do Grupo de Trabalho do Litoral: Gestão da zona costeira - O desafio da
173

mudança. Agência Portuguesa do Ambiente. Portugual, 2014, 355p.


GUILHER, A. Morfologia Litoral Y Submarina: Fuerzas que intervienen em La configuración
del litoral. Mudanzas de las orillas. Edificaciones coralinas. Classificación de lãs costas. Taludes y
cañones submarinos. Sedimentos. Relieve y estructura del fondo del mar. Fosas abisales.
Barcelona: Ediciones Omega, 1957.
HAPKE, C.J., REID, D., RICHMOND, B.M., RUGGIERO, P., LIST, J. National Assessment of
Shoreline Change part 3— Historical shoreline change and associated coastal land loss along
sandy shorelines of the California coast. Virginia: U.S. Geological Survey, 2006.
HIMMELSTOSS, E.A. “DSAS 4.0 Installation Instructions and User Guide”. Digital Shoreline
Analysis System (DSAS) version 4.0 — An ArcGIS extension for calculating shoreline change:
U.S. Geological Survey, 2009. *updated for version 4.3.Virginia: U.S. Geological Survey, 2009.
Disponível em: <http://woodshole.er.usgs.gov/project-
pages/DSAS/version4/images/pdf/DSASv4.pdf >. Acesso em: 16 ago. 2014.
HOEFEL, F. G.; Morfodinâmicas de praias arenosas, uma revisão bibliográfica. Itajaí: Editora
da Univali, 1998. 92 p.
HORN, D. Hydrology of the coastal zone. In: SCHWARTZ, M.L.. Encyclopedia of Coastal
Science. Dordrecht: Springer, 2005. p. 535-541.
HSU, J.R.C.; EVANS, C. Parabolic bay shapes and applications. Proceedings, Institution of
Civil Engineers, London, v. 87, n. 4, p. 557–570, 1989.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Banco de dados geomorfométricos do
Brasil. 2009.
JENSEN, J. R. Sensoriamento remoto do ambiente: uma perspectiva em recursos
terrestres. 2 ed. Tradução de José Carlos N, Epiphanio
Antonio R. Formaggio, Athos R. Santos, Bernardo F. T. Rudorff, Cláudia M. Almeida e
Lênio S. Galvão. São José dos Campos: Parêntese, 2009. 672 p.
KJERFVE, B. Estuarine Geomorfology and Physical Oceanography. Estuarine Ecology. New
York, p. 47-48. 1987.
KING, C. A. M. Beachs an Coasts. London: Edward Arnold, 2003. 559p.
KINSMAN, B. Wind waves. New York: Dover, 1984.
KLEIN, A.H.F. Variação da Morfologia Praial e Identificação de Zonas de Erosão Acentuada
(ZEA) na enseada do Itapocorói – SC. Brazilian Journal of Aquatic Science and Technology,
Itajaí, v.14, n.1, p.29-38, 2010.
KOMAR, P. D. Coastal Erosion – Underlying Factors and Human Impacts. Shore & Beach,
Mississippi, v. 68, n. 1, p. 3-16, 2000.
KRAUS, N.C. ROSATI, J.D. “Interpretation of shoreline – position data for coastal
engineering analysis.” Coastal Engineering Technical Note, CETN II-39, U.S. Army, Engineer
Research and Development Centre, Vicksburg, M.S, 1997.
LANG, S.; BLASCHKE, T. Análise da Paisagem com SIG. São Paulo: Oficina de Texto, 2009.
LANGFORD, E. Quartiles in elementary statistics. Journal of Statistics Education. Texas, 2006.
174

MAIA, L. P. Procesos costeros y balance sedimentario a lo largo de Fortaleza (NE - Brasil):


implicaciones para una gestión adecuada de la zona litoral. 1998. 281f. Tese (Doutorado em
Geologia) - Programa de Pós-Graduação em Geologia, Universidade de Barcelona, Barcelona,
1998.
MARTINS, L. R.; TABAJARA, L. L.; FERREIRA, E. R. Linha de Costa: problemas e estudos.
Gravel, Porto Alegre, n. 02, 2004.
MATIAS, A, A VILA-CONCEJO, FERREIRA, Ó. Ferreira, MORRIS, B., DIAS,J. A. Sediment
Dynamics of Barriers with Frequent Overwash. Journal of Coastal Research, Flórida, v. 25, p.
768 – 780, 2009.
MATIAS, A. FERREIRA, Ó. A VILA-CONCEJO. MORRIS, B. DIAS,J. A. Short-term
morphodynamics of non-storm overwash. Marine Geology, Mississippi, n. 274, p. 69–84, 2010.
MEIRELES, A. J. A.; MORAIS, J. O. de. Compartimentação geológica, processos dinâmicos e
uso e ocupação da planície costeira de Parajuru, município de Beberibe, litoral leste do Estado do
Ceará. Revista de Geologia, Fortaleza, v.7, p. 69-81, 1994.
MEIRELES, A.J.A. Impactos ambientais decorrentes da ocupação de áreas reguladoras do aporte
de areia: a planície Costeira da Caponga, município de Cascavel, litoral leste cearense. Confins,
2008.
MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil.
São Paulo: Oficina de Textos, 2007.
MIGUENS, A. P. – Navegação: A Ciência e a arte. Niterói: Editora DHN, 1996.
MIRANDA, L. B.; CASTRO, B. M.; KJERFVE, B. Princípios de Oceanografia Física de
Estuários. São Paulo: Edusp, 2002.
MOORE, L.J. Shoreline mapping techniques. Journal of Coastal Research, v. 16, p. 111-124,
2000.
MORAIS, J. O. de; MEIRELES, A. J. A. Riscos geológicos costeiros no município de Cascavel-
CE. Revista de Geologia, Fortaleza, v. 5, p. 209-247, 1992.
MORAIS, J. O. Processos e impactos ambientais em zonas costeiras. Revista de Geologia,
Fortaleza, v.9, p. 191-242, 1996.
MORTON, R.A., and Miller, T.L., 2005, National Assessment of Shoreline Change— part 2
Historical shoreline changes and associated coastal land loss along the U.S. southeast Atlantic
coast: U.S. Geological Survey Open- file Report 2005-1401.
MUEHE, D. Geomorfologia Costeira. In: GUERRA, A.J.T. & CUNHA, S.B. (eds),
Geomorfologia: Uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994.
MUEHE, D. Critérios Morfodinâmicos para o Estabelecimento de Limites da Orla Costeira para
fins de Gerenciamento. Revista Brasileira de Geomorfologia. Brasília, v.2, p 35 - 44, 2001.
MUEHE, D. Aspectos Gerais da Erosão Costeira no Brasil. Revista Mercator, Fortaleza, p.97 -
110p, 2005.
MUEHE, D.; LIMA, C. F.; BARROS, F. M. L. Rio de Janeiro. In: Dieter Muehe. (Org.). Erosão e
progradação do litoral brasileiro. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2006, v. 1, p. 265-
175

296.
NICHOLLS, M. M. Sediment accumulantion rates and relatives sea level rise in lagoons. Marine
Geology, Mississippi, p. 201 – 219, 1989.
NIELSEN, K.; TAYLOR, M.; HIBBINS, R.; JARVIS, M. Climatology of short-period
mesospheric gravity waves over halley, antarctica (76◦ s, 27◦w). Journal of Atmospheric and
Solar-Terrestrial Physics, Lomdon, v. 71, p. 991–1000, 2009.
OERTEL, G.F. Coasts, coastlines, shores, and shorelines. In: SCHWARTZ, M.L. Encyclopedia
of Coastal Science. Dordrecht: Springer, 2005 p. 323-327.
OTVOS, E. G. Coastal barriers — Nomenclature,processes, and classification issues.
Geomorphology, Florida, p. 139-140, 2012.
PAULA, D.P.; DIAS, J.M.A. ; FERREIRA, Ó. ; MORAIS, J.O. High-rise development of the
sea-front at Fortaleza (Brazil): Perspectives on its valuation and consequences. Ocean & Coastal
Management, Mississippi, v. 77, p. 14-23, 2013.
PAULA, D. P.; DIAS, J. M. A. (Org.). Ressacas do Mar/temporais e Gestão Costeira. 1. ed.
FORTALEZA: Premius, 2015. 448p
PAULA, D. P.; BENDÔ, A. R. R. ; LIMA, I. F. P.; ALVES, J. W.O. Mudanças de curto prazo no
balanço sedimentar da Praia do Icaraí (Caucaia, Ceará) durante uma ressaca do mar. Scientia
Plena, Texas, v. 12, p. 1-12, 2016.
PEREIRA, A.R.; VILLA NOVA, N.A.; SEDIYAMA, G.C. Evapo(transpi)ração. Piracicaba:
FEALQ, 1997. 183p.
PEREIRA, R.C.M; SILVA, E.V. Solos e Vegetação do Ceará: Caracterísitcas Gerais. In: SILVA,
J.B; CAVALCANTE, T; DANTAS, E.W. (Org.). Ceará: um novo olhar geográfico. 1 ed.
Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2005. p. 189-210.
PERILLO, M. E. G. Geomorfology and Sedimentology of Estuaries. Amsterdam: Elsevier
Science, 1995.
PETHICK, J. An introduction to coastal geomorphology.New York: Edward Arnold Publs,
1984. 260p.
PINHEIRO, D.R. Análise do comportamento hidrodinâmico e sedimentológico do Estuário
do Rio Pirangi - Ceará (NE/Brasil). 2003. 176f. Dissertação (Mestrado em Geociências) -
Programa de Pós-graduação em geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2003.
PINHEIRO, L. S. Compatibilização dos Processos Morfodinâmicos e Hidrodinâmicos com o
uso e ocupação da praia da Caponga-Cascavel-CE. 2000. 175f. Dissertação (Mestrado em
Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Estadual do Ceará,
Fortaleza, 2000.
PINHEIRO, L. S.; MORAIS, J. O.; PITOMBEIRA, E. S. Caponga shoreline rehabilitation
assesments. Journal of Coastal Research, Flórida, v. 35, p. 536-542. 2003.
PINHEIRO, L. S; MEDEIROS, C.; MORAIS, J.O. Erosive processes monitoring linked to the
estuarine evolution systems nearby Aguas Belas, Cascavel,Ceará, Brazil. Journal of Coastal
Research, Flórida, v. 39, n. 1, p. 1403-1406, 2006.
176

PILKEY, O.H.; DIXON, K.L. The corps and the shore. Washington: Island Press, 1996. p. 272.
PRITCHARD, D. W. Estuarine Circulation Patterns. New York: Academic Press, 1955. P. 243-
280.
PRITCHARD, D. W. Estuarine Hydrography: Advance in Geophysics. New York: Academic
Press, 1952. p. 243-280.
RIBEIRO, G. P. Tecnologias Digitais de Geoprocessamento no Suporte à análise Espaço-
Temporal em Ambiente Costeiro. 2005. 233f. Tese (Doutorado em Geografia) - Programa de
Doutorado em Geografia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2005.
ROLIM,G.S.,SENTELHAS,P.C.,BARBIERI, V. Planilhas no ambiente EXCEL TM para os
cálculos de balanços hídricos: normal, sequencial, de cultura e de produtividade real e potencial.
Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria ,v. 6,n.1,p133-137,1998.
ROSSETTI, D. F. Ambientes costeiros. In: FLOREZANO, T. G. (org). Geomorfologia:
conceitos e tecnologias atuais. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.
ROUSSEEUW, P.J. and Leroy, A.M. Robust regression and outlier detection. New York: John
Wiley and Sons, 1987.
SEGAR, D. A.; SEGAR, E. S. Introduction to ocean sciences. Belmont: Wadsworth, 1998.
SHEPARD, F. P. Nomenclature based on sand-silt-clay ratios: Journal Sedimentary Petrology,
Washington, v. 24, p. 151-158, 1954.
SHORT, A. D. Handbook of beach and shoreface morphodynamics. England: John Wiley &
Sons, 1999.
SILVA, J. M. O. Análise integrada na bacia hidrográfica do Rio Pirangi-ce: subsídios para o
planejamento e gestão ambiental. 2012. 273f. Tese (Doutorado em geografia) - Programa de
Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2012.
MAIA, L. P. Procesos costeros y balance sedimentario a lo largo de Fortaleza (NE - Brasil):
implicaciones para una gestión adecuada de la zona litoral. 1998. 281f. Tese (Doutorado em
Geologia) - Programa de Pós-Graduação em Geologia, Universidade de Barcelona, Barcelona,
1998.
SILVA, C. G.; PATCHINEELAM, S. M.; BAPTISTA NETO, J. A.; PONZI, V. R. A. Ambientes
de sedimentação costeira e processos morfodinâmicos atuantes na linha de costa. In:
BATISTA NETO, J. A et al (org). Introdução à Geologia Marinha. Rio de Janeiro: Interciência,
2004.
SILVESTER, R.; HSU, J.R.C.Coastal stabilization. Australia: Word Scientific, 1997. 578p.
SMITH, M. J.; CROMLEY, R. G. Measuring historical coastal change using gis and the change
polygon approach. Florida, Transactions in Gis, p.3-15, 2012.
SOUTO, M. V. S. Análise multitemporal dos elementos geoambientais da planície estuarina
de região de Ponta do Tubarão, área de influência dos campos petrolíferos de Macau e
Serra, município de Macau, RN. 2004. 130f. Dissertação (Mestrado Geodinâmica e Geofisica) -
Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofisica, Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Natal 2004.
SOUSA, P. H. G. O. Atuação dos Processos Costeiros e Vulnerabilidade à Erosão na Praia de
177

Paracuru – Ceará. 2007. 145f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-


Graduação em Geografia, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2007.
SOUZA, M. J. N. Análise geoambiental e ecodinâmica das paisagens do Estado do Ceará.
1998. 191f. monografia (Concurso de Professor Titular) - Curso de Geografia, Universidade
Estadual do Ceará, , Fortaleza, 1998.
SOUZA, W. D. Sensoriamento remoto e SIG aplicados à análise da evolução espaçotemporal
da linha de costado município de Icapuí, Ceará - Brasil. 2016. 135f. Dissertação (Mestrado em
SUGUIO, K. Tópicos de Geociências para o Desenvolvimento Sustentável: As Regiões
Litorâneas. Revista do Instituto de Geociências - USP, São Paulo, 2007.
SUGUIO, Kenitiro. Geologia sedimentar. São Paulo: Blucher, 2003.
STOCKDON, H.F.; SALLENGER, A.H.; LIST, J.H.; HOLMAN, R.A. Estimation of Shoreline
Position and Change Using Airborne Topographic Lidar Data. Journal of Coastal Research,
Florida, v. 18, n. 3, p. 502-513, 2002.
SUGUIO, K. Dicionário de Geologia Sedimentar e áreas afins. Rio de Janeiro: Bertrand do
Brasil, 1998. 1222 p.
SUGUIO, K. Tópicos de Geociências para o desenvolvimento sustentável: as
regiões litorâneas. São Paulo: Geologia USP, 2003.
SUGUIO, K. Dicionário de Geologia Marinha, com termos correspondentes em Inglês,
Francês e Espanhol. São Paulo: T. A. Queiroz, 1992.
TEIXEIRA, A. L. de A; MORETTI, E; CHRISTOFOLETTI, A. Introdução aos Sistemas de
Informação Geográfica. Rio Claro: Unesp, 1992. 80p.
TESSLER, M. G.; GOYA, S.C. Conditioning factors of coastal processes in the Brazilian Coastal
Area. Revista do Departamento de Geografia, São Paulo, v. 17, 2005.
THIELER, E.R.; DANFORTH W.W. Historical Shoreline Mapping (I): Improving Techniques
and Reducing Positioning Errors. Florida, Journal of Coastal Research, p. 549-563, 1994.
THIELLER, E. R.; MARTIN, D.; ERGUL, A. The Digital Shoreline Analysis System, version
2.3. Shoreline change measurement software extension ArcMap 9.0. USGS Open-File. 2005.
THORNBURY, W. D. Princípios de geomorfologia. Argentina: Ed. Kapelusz S.A, 1979.
THORNTHWAITE, C.W.; MATHER, J.R. The water balance. Publications in Climatology,
New Jersey, 104p. 1955.
TUBELIS, A. & NASCIMENTO, F. J. L. do. Meteorologia Descritiva. Fundamentos e
Aplicações brasileiras. São Paulo: Nobel, 1984. 374 p.
VALENTIN, H. Die kuste der erde. Petermanns Geographische Mitteilungen Erganzsungheft,
Germany, 246p, 1952.
VASCONCELOS, F. P; SENA NETA, M. A. de; SILVA, N. S. da ; MORAIS, J. S. D. de.
Avaliação Comparativa, Temporal e Cartográfica das Principais Lagoas Litorâneas De Fortaleza
(Ceará, Brasil). Revista Geografica de América Central, Costa Rica, v. 2, p. 1-12, 2011.
WHITE, S. Utilization of LIDAR and NOAA’s Vertical Datum Transformation Tool for Shoreline
178

Delineation. Oceans, Vancouver, p.1-6, 2007.


WOODROFFE, C.D. Coasts: form, process and evolution. Cambridge University Press,
Cambridge. 2002.
WRIGHT, L. D.; SHORT, A. D. Morphodynamic variability of surf zones and beaches: a syntesis.
Marine Geology, Amsterdam, v. 56, 1984.
YOUNG, I. R. Wind Generated Ocean Waves. Oxford-Elsevier, Amsterdan. 1999.
ZANELLA, M. E. As características climáticas e os recursos hídricos do Ceará. In: SILVA, J. B;
CAVALCANTE, T. C; DANTAS. E. W. (orgs.) Ceará: um novo olhar geográfico. Fortaleza:
Edições Demócrito Rocha, 2005.
ZAR, J.H. Biostatistical Analysis. London: Pearson, 1999.

You might also like