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FORTALEZA-CEARÁ
2018
FILIPE MACIEL DE MOURA
FORTALEZA-CEARÁ
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Sistema de Bibliotecas
.
“...os comunistas não se rebaixam a ocultar suas
opiniões e os seus propósitos. Declaram abertamente
que os seus objetivos só poderão ser alcançados pela
derrubada violenta de toda ordem social existente.
Que as classes dominantes tremam à idéia de uma
revolução comunista. Nela, os proletários nada tem a
perder a não ser suas prisões, tem um mundo a
ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!...”
(Karl Marx)
Qualitative studies from the morphological variations of the coastline are widely adopted in
the determination of erosive or progradational cycles, constituting an essential element in the
management, mitigation, and prevention of risks in the coastal zone. The application of the
geospatial analysis in multispectral data, glimpsing the knowledge of these morphological
variations, has been intensely applied since it allows an adoption of a past, present, and future
scenario’s scale. Based on these premises, this dissertation’s aim is to perform an analysis on
the coastline development of a sandy coastal system stemming from the application of the
change polygon method and the Digital Shoreline Analysis System (DSAS). The materials
and methods consist on the use of Landsat 2.5 and 8 data, delimited temporally between 1979
and 2016, comprising a data horizon of 38 years. These data were submitted to remote sensing
techniques, without ArcGis® software version 10.0, to determine the evolution of the
coastline. The study area is located in the region of Parajuru, in the city of Beberibe, state of
Ceará, Northeast from Brazil. It is a sandy coastal system that comprises three different
subsystems: sandy spit, sheltered sandy beach, and exposed sandy beach. Erosion and
sediment accretion sections were identified into the different analyzed periods. To the sector 1
of exposed beach face, which includes the sandy spit with the DSAS, a change average rate of
-11.59 (m/ year) was observed for the rainy season. To the dry period the change average rate
was from the order of -9.22 (m / year). With the change polygon method, in the rainy season,
it was obtained a variation average rate from the order of 0.01 m, and in the dry period 0.02
m. To sector 2 of the sheltered coastal area with the DSAS, a change average rate of -4.24 (m
/ year) was observed in the rainy season. To the dry period the change average rate was from
the order of -2.90 (m / year). With the change polygon method in the rainy season, it was
obtained a change average rate from the order of 0.0010 m, and in the dry period 0.015 m.
Finally, the area 3 of the beach face, exposed with the DSAS, the change average rate was of -
0.68 (m / year) to the rainy season. To the dry period the change average rate was from the
order of -5, 59 (m/ year). With the change polygon method in the rainy season, it was
obtained a change average rate from the order of 0.0012 m, and in the dry period 0.027m. It
was verified the predominance of erosive tendencies, which are probably related to anthropic
interventions, such as dams and physical structures for shrimp farming along the river bed of
the Pirangi River, reducing the contribution of continental sedimentation, as well as natural
events such as high waves energy.
Keywords: Coastline. Change Polygon Method. Digital Shoreline Analysis System. Remote
Sensing. Sandy Spit.
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 19
1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................................................... 24
1.2 OBJETIVOS.................................................................................................... 24
1.2.1 Geral............................................................................................................... 24
1.2.2 Específicos...................................................................................................... 24
1.3 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS............................................................
24
2 BASES CONCEITUAIS NO ESCOPO DAS ANÁLISES DOS
AMBIENTES COSTEIROS......................................................................... 25
2.1 DINÂMICA DO LITORAL E PROCESSOS ATUANTES........................... 25
2.1.1 Ondas.............................................................................................................. 27
2.1.2 Marés.............................................................................................................. 29
2.1.3 Correntes litorâneas...................................................................................... 30
2.1.4 Ventos............................................................................................................. 31
2.2 PLANÍCIE LITORÂNEA E MORFOLOGIA DO AMBIENTE PRAIAL.... 32
2.3 LINHA DE COSTA........................................................................................ 34
2.4 CICLOS RETROGRADANTES E PROGRADANTES DA LINHA DE
COSTA............................................................................................................ 37
2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS FACES PRAIAIS A PARTIR DO GRAU DE
EXPOSIÇÃO À AÇÃO DAS ONDAS........................................................... 42
2.6 MORFOLOGIAS ASSOCIADAS ÀS BARREIRAS COSTEIRAS.............. 44
2.6.1 Spits arenosos................................................................................................. 44
2.6.2 Ilhas barreira................................................................................................. 46
2.7 MÉTODOS DE ANÁLISES DA VARIAÇÃO DA LINHA DE COSTA...... 47
2.7.1 Digital Shoreline Analysis System (DSAS).................................................. 49
2.7.2 Change Polygon (polígono de mudança)..................................................... 54
3 PROCEDIMENTOS TÉCNICO-OPERACIONAIS................................. 57
3.1 DADOS GEOCARTOGRÁFICOS................................................................. 57
3.1.1 Dados vetoriais............................................................................................... 57
3.1.2 Dados matriciais............................................................................................ 58
3.1.3 Dados alfanuméricos..................................................................................... 60
3.2 DADOS BIBLIOGRÁFICOS......................................................................... 61
3.3 SOFTWARES UTILIZADOS......................................................................... 62
3.4 METODOLOGIAS PARA ANÁLISE DA VARIAÇÃO TEMPORAL DA
LINHA DE COSTA........................................................................................ 63
3.4.1 Análise de dados matriciais.......................................................................... 63
3.4.2 Compartimentação da área monitorada e delimitação da linha de
costa................................................................................................................ 65
3.4.3 Digital Shoreline Analysis System (DSAS).................................................. 65
3.4.4 Change Polygon (Polígono de mudança)..................................................... 66
4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA ÁREA DE ESTUDO........................ 66
4.1 ASPECTOS HIDROCLIMÁTICOS E HIDROLÓGICOS............................. 66
4.1.1 Variáveis climáticas....................................................................................... 67
4.1.2 Balanço hídrico.............................................................................................. 70
4.1.3 Comportamento pluviométrico.................................................................... 73
4.1.4 Hidrologia....................................................................................................... 80
4.2 QUADRO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO......................................... 82
5 DINÂMICA COSTEIRA ASSOCIADA ÀS VARIAÇÕES
MORFOLÓGICAS DA LINHA DE COSTA DA PRAIA DE
PARAJURU................................................................................................... 95
6 APLICAÇÃO DO MÉTODO DIGITAL SHORELINE ANALYSIS
SYSTEM (DSAS) NA ANÁLISE MULTITEMPORAL EM ESCALA
INTERDECADAL DA LINHA DE COSTA (1979 - 2016)....................... 99
6.1 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 1 - TRECHO SPIT ARENOSO)......... 100
6.1.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 - 2016) - Setor 1................ 102
6.1.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 1...................... 109
6.2 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL ABRIGADA (SETOR 2 - TRECHO PRAIA DE
PARAJURU)................................................................................................... 115
6.2.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 – 2016) – Setor 2............... 117
6.2.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 2...................... 125
6.3 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 3 - TRECHO PRAIA DE
PARAJURU)................................................................................................... 132
6.3.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 – 2016) – Setor 3............... 135
6.3.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 3...................... 143
7 APLICAÇÃO DO METODO DO POLÍGONO DE MUDANÇA
(CHANGE POLYGON) NA ANÁLISE MULTITEMPORAL EM
ESCALA INTERDECADAL DA LINHA DE COSTA (1979 –
2016)................................................................................................................ 150
7.1 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 1 - TRECHO SPIT ARENOSO)......... 150
7.2 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL ABRIGADA (SETOR 2 - TRECHO PRAIA DE
PARAJURU)................................................................................................... 156
7.3 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 3 - TRECHO PRAIA DE
PARAJURU)................................................................................................... 162
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 168
REFERÊNCIAS........................................................................................... 171
19
1 INTRODUÇÃO
marés, correntes e regime de ventos), além dos fatores de ordem antropogênica, que atuam de
forma direta ou indireta, acentuando tais processos, como no caso da erosão costeira.
A movimentação da linha de costa está relacionada a diversos fatores, destacando-se a
atuação das ondas e das correntes marinhas. No caso da atuação das ondas, a movimentação
ocorre principalmente pela incidência frontal no perfil praial, originando o transporte
transversal. A ação combinada de ondas e marés pode potencializar os episódios erosivos
ocorridos na linha de costa, conforme Tessler & Goya (2005), originando eventos extremos,
por exemplo, através da sobreelevação de ondas com maior poder destrutivo.
Na atuação das correntes marinhas longitudinais ou de deriva litorânea, que no Ceará
tem orientação geral de leste para oeste, há o transporte longitudinal de sedimentos ao longo
do perfil praial. A partir dessa dinâmica, há a formação e o remodelamento de uma série de
feições geomorfológicas, cujas características podem fornecer importantes registros da
evolução do litoral.
O litoral cearense apresenta, em sua vasta extensão, os traços dessa dinâmica
evolutiva, seja nas unidades morfológicas atuais (praias, dunas, corredores de deflação eólica,
falésias), seja nos paleoambientes (paleomangues, paleodunas, terraços fluviais e marinhos).
Considerando-se, portanto, a importância dos estudos acerca da evolução costeira e
das variações morfológicas associadas e com o intuito de aplicar as ferramentas inseridas nas
geotecnologias para dimensionar as variações da linha de costa, tomou-se como área de
estudo o setor costeiro situado na localidade de Parajuru, no município de Beberibe, Litoral
Leste do Estado do Ceará.
A escolha da área de estudo foi fundamentada em três fatores principais. O primeiro
baseia-se na existência de um sistema de spit arenoso bem desenvolvido, que está associado à
linha de costa e desembocadura fluvial, e cuja localização influencia diretamente a dinâmica
deposicional costeira. O segundo baseia-se na intensificação de eventos de alta energia, como
o overwash, que tem acentuado a ação dos processos erosivos. E, por fim, a carência de
estudos específicos acerca da análise geoespacial no estudo temporal da linha de costa nesse
trecho do litoral cearense.
acordo com COGERH (2001), a bacia desse leito fluvial apresenta uma área de 4374,1 km² e
perímetro de 360 km, com largura média variando de 35 km, no alto e médio curso, a 55 km,
no baixo curso. O acesso à área de estudo, a partir da capital do estado, é feito através da CE-
040 (Mapa 1).
Foram definidos três setores para aplicação dos métodos de determinação da evolução
costeira, com base em critérios geomorfológicos, (11.922,90 m²). O primeiro setor
corresponde à área do spit (3.886,98 m²), localizado na desembocadura do rio Pirangi. O
segundo setor corresponde ao trecho abrigado da linha de costa, à retaguarda do referido spit,
(1.494,39 m²), enquanto que o terceiro setor corresponde ao trecho exposto da linha de costa,
situado a oeste do referido spit, (6.541,53 m²), conforme apresentado na Tabela 1 e nos Mapas
1 e 2.
La. dos
Cavalos
BEBERIBE
A
!
A
!
A
A
!
!
A
!
!
A A !
A!
A
!
A
!
A
Oceano
Atlântico /
4°21'45"S
4°21'45"S
!
A! A
A
!
A!
A
!
!
A!
A
!
A
!
La. Córrego da
La.
Negra Paripueira !
.
Floresta
Arataca
Praia de Parajuru !
.
Rio !
.
Riacho Pirangi Pontal
Legenda
La. do do Lôlo do Maceió
Umari La. Xarabiçu
Limites Municipais Recursos Hídricos
Córrego da
Corpos D'água Amarela Córrego do Guajiru !
.
4°26'0"S
4°26'0"S
Área de Estudo Riacho das Campestre
Córrego Umburanas FORTIM
!
. Localidades Costeiras do Camará Rio La. do !
.
La. do La. Olho Córrego Campestre Rio Barra
Riacho Tapuio D'Água do Félix Jaguaribe ARACATI
A
! Parque Eólico
Córrego
Córrego
Ezequiel
!
.
38°3'0"W 37°58'45"W 37°54'30"W 37°50'15"W 37°46'0"W
69°30'0"W 47°24'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W
41°0'0"W 40°0'0"W 39°0'0"W 38°0'0"W 37°0'0"W
±
AQUIRAZ
±
Oceano PINDORETAMA
4°0'0"S
Atlântico Oceano
1°36'0"S
1°36'0"S
4°14'20"S
Praia de
CE
Parajuru
3°0'0"S
5°0'0"S
CHOROZINHO
PI 0 25 50
BEBERIBE RN
Oceano Pacífico
km
23°42'0"S
23°42'0"S
4°28'40"S
FORTIM 0 1 2 4 6 8
OCARA km
Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator Sistemas de
MORADA
ARACATI Coordenadas Geográficas
0 375 750 1,500 km 0 5 10 NOVA20 Datum Horizontal: SIRGAS 2000
PALHANO Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
km RUSSAS ITAIÇABA Paralelo de Referência: -6°
69°30'0"W 47°24'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W Bases Cartográficas
Região Demais IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) - 1:250.000
América do Sul Ceará Demais Municipios Beberibe
Nordeste Estados COGERH - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (2008) - 1:100.000
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados Landsat (2016), IBGE (2010) e COGERH (2008).
Mapa 2 - Carta-imagem dos setores de determinação da evolução costeira 23
4°20'25"S 37°52'55"W 37°50'50"W 4°22'30"S 37°48'45"W
Setor 3 - Face Praial Exposta/ Trecho Setor 1 - Face Praial Exposta/ Trecho
/
Praia de Parajuru Spit Arenoso
4°20'25"S
1 6 5
# 2 # #
#
3 4
4°24'35"S
# #
37°55'0"W
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados Landsat (2016) e fotos de arquivo pessoal
24
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Geral
1.2.2 Específicos
Estabelecer a evolução da linha de costa dos três setores individualizados para a área
de estudo, no intervalo temporal compreendido entre 1979 e 2016;
Elaborar mapas espaço-temporais da variação da linha de costa e spit arenoso na
escala interdecadal para os períodos chuvosos e secos nos anos elencados.
Analisar as respostas numéricas da variação morfológica derivadas das ferramentas
Digital Shoreline Analysis System – DSAS e Change Polygon (Polígono de Mudança);
Indicar as tendências de erosão e progradação da linha de costa.
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em USGS (2013) e IBGE (2010).
27
2.1.1 Ondas
Associados aos efeitos de fundo marinho, três processos passam a atuar sobre as
ondas, sendo esses empinamento, refração e difração (HOEFEL, 1998). O empinamento
representa a modificação na altura da onda, objetivando a conservação do fluxo de energia, no
qual, quando há uma retração na velocidade das ondas, devido aos efeitos de redução da
profundidade, a energia aumenta representada na altura da onda (NIELSEN, 2009). A
refração esboça a alteração na direção de propagação das ondas, a partir de deformações
originadas por mudanças na velocidade, a partir das modificações de fundo (NIELSEN,
2009). Desse modo, temos que na incidência oblíqua, em uma profundidade irregular, as
ondas deparam-se com variações de profundidade, dando origem ao fato de que ondas que se
propagam em ambientes mais rasos tendem a apresentar velocidades reduzidas, quando em
comparação com áreas mais profundas, como exposto na Figura 2 (KOMAR, 2000).
29
2.1.2 Marés
As ondas incidentes na zona surf dissipam uma fração da energia, dando origem
às correntes longitudinais e/ou transversais à costa (GUILCHER, 1957). As correntes
litorâneas incluem fluxos unidirecionais, desenvolvidos ao longo da costa, e correntes de
retorno, como exposto na Figura 4 (SHEPARD e INMAN, 1950).
As correntes longitudinais desenvolvem-se entre a praia e a zona de arrebentação.
Essas correntes condicionam o transporte de material sedimentar paralelo à linha de costa,
também conhecida como deriva litorânea, resultante da incidência oblíqua das ondas
(GUILCHER, 1957).
Garrison (2010) aponta que o mecanismo é simples: na superfície da praia, as
partículas de areia, transportadas pela água que chega, descrevem um movimento de
‘ziguezague’ na mesma direção da corrente de deriva litorânea, de tal modo que cada onda as
movimenta em um pequeno trecho ao longo da praia. Na água, ocorre o mesmo: as ondas
podem levantar os grãos de areia e a corrente de deriva litorânea imprime a esses grãos um
31
2.1.4 Ventos
durante a noite. Já entre maio e agosto, há uma efetivação da alternância da ação das brisas
marinhas-terrestres, predominando ventos ENE-E, durante o dia, e E-SE, durante a noite. Por
fim, entre agosto e dezembro, predominam dos ventos alísios de E (PINHEIRO, 2003).
Para o litoral do Ceará, nos meses de março e abril, ápices do período chuvoso,
predominam ventos de SE (120°- 150°), ao longo do dia, passando a SSES (150°- 180°),
durante a noite. O período entre maio e agosto é de transição, no qual o ciclo térmico diurno
terra-oceano passa a alternar brisas marinhas e terrestres, resultando em ventos de ENE-E
(60°- 90°), durante o dia, e E-SE (90°- 150°), durante a noite. Entre agosto e dezembro, a
direção predominante varia de E a SE, com predomínio dos ventos alísios de E (PINHEIRO,
2003. MORAIS 1996).
preamar e a linha de baixamar. Muehe (1994), por sua vez, adota o termo shoreface limitada
geograficamente pelo prisma praial submerso. Baseando-se em Niedoroda et al. (1985), essa
divergência foi contornada, dividindo-se a antepraia em superior (foreshore) e inferior
(shoreface). No meio científico brasileiro, como aponta Christofoletti (1980), a partir de uma
adaptação, adota-se a divisão do sistema praial da seguinte forma: backshore (pós-praia),
foreshore (estirâncio) e shoreface (antepraia).
O sistema praial surge, então, a partir de uma complexa rede de interações. O
ambiente praial, de acordo com Hoefel (1998), é
(...) um depósito de sedimentos não coesivos e inconsolidados sobre a zona costeira,
dominado primariamente por ondas e limitado internamente pelos níveis máximos
de ação de ondas de tempestade ou pelo início da ocorrência de dunas fixadas ou de
qualquer outra alteração fisiográfica brusca, caso existam; e externamente pela
profundidade de fechamento de interna.
essa simples definição não supre o embasamento necessário para explicar os fenômenos
resultantes, como avanço ou recuo da linha de costa. Desse modo, como aponta Oertel (2005),
deve-se considerar a linha de costa como um indicador unidimensional, sem espessura e
diâmetro, servindo como indicador de posição da praia ao longo do tempo.
Temos, então, que a linha de costa representa um limite, o qual pode ser detectado
a partir de uma série de indicadores (OERTEL, 2005). Desse modo, autores como Pilkey e
Dixon (1996), Silvester e Hsu (1997) e Oertel (2005), sugerem que a linha de costa é o limite
entre as áreas secas e molhadas da praia. Contudo, os autores recomendam a consideração da
influência das marés na variação e na alteração dessas áreas.
Já Crowell (1991) afirma que a linha de costa corresponde simplesmente à linha
de interface entre a terra e a água. Logo, esse conceito deve ser entendido como um perímetro
flutuante, isto é, que possui um posicionamento geográfico variável na escala espaço-
temporal.
De maneira diferente, Horn (2005) adota linha de costa como sendo o
“posicionamento onde o nível médio da superfície da água atinge a primeira porção semi-
emersa da praia, denominada de face da praia”.
Temos, assim, que a complexidade em definir a linha de costa reside na infinidade
de indicadores que podem ser utilizados para sua identificação. Os indicadores são resultantes
da interação de vários agentes, podendo ser tomados como base os originados pela ação dos
agentes físicos, como as feições geomorfológicas resultantes da dinâmica praial, além de
estruturas antropogênicas (BOAK E TURNER, 2005, p. 690). Visando agrupar esses
indicadores de maneira mais usual e prática, os mesmos autores os dividiram em dois grupos:
1° Grupo - Indicadores relacionados ao nível de água: consideram a interação
entre o perfil praial e a interação com a maré e o espraiamento das ondas;
2° Grupo - Indicadores relacionados a feições costeiras discerníveis visualmente:
i. Indicadores alinhados em estruturas construídas pelo homem
(enrocamentos, molhes, muros, calçadas, referenciais de nível topográfico);
ii. Feições morfológicas indicadoras (escarpa, berma superior);
iii. Indicadores referentes à posição da linha d’água (linha seca-molhada,
espraiamento).
É de fundamental importância que o pesquisador, ao definir o indicador que
tomará como base para identificar a linha de costa, represente a realidade da área estudada.
Além disso, o indicador deve estar de acordo com os dados disponíveis e com as respectivas
escalas aplicadas (BOAK e TURNER, 2005). Nesse contexto, como apontam Stockdon et al.
36
Milênios Geológica
Séculos
Histórica
Décadas
Anos
Eventos
Estações
Dias
Horas
Instantânea
Segundos
0 01 1 10 100
Comprimento (km)
Ainda com base em Nicholls (1989) e em suas exposições, torna-se evidente que
estado de equilíbrio entre demanda e oferta de carga sedimentar são fatores de cunho
desencadeador da evolução da costa. Na busca de apresentar de maneira esquemática e de
39
promover melhor entendimento para os envolvidos com as questões ligadas ao litoral, o autor
desenvolveu uma diagramação, como exposta na Figura 8. No diagrama são apresentados os
três estágios possíveis, a partir da relação entre demanda e oferta de material sedimentar.
No caso 1, evidenciam-se os casos de ciclos progradantes, nos quais a demanda é
menor do que a oferta. O caso 2 apresenta o estado de equilíbrio, no qual demanda e oferta
são praticamente iguais. Por fim, no caso 3, demonstram-se os casos de recuo da linha de
costa, ocasionados pela ineficiência da oferta em suprir a demanda sedimentar para
estabilização ou progradação.
Outro fato importante é que o recuo da linha de costa não está associado apenas
aos processos erosivos, mas a fatores como a elevação do nível mar. Porém, com os processos
de recarga sedimentar em equilíbrio, mesmo com o avanço do nível do mar, o litoral pode se
apresentar estável (VALETIN, 1989).
Nesse contexto, outro aspecto fundamental relativo aos ciclos retrogradantes e
progradantes da linha de costa são as células sedimentares, ambientes pelos quais todos os
fluxos de ganho e perda de material sedimentar são controlados. De acordo com Van Rijn
(2010), essas células são definidas como
[...] uma unidade relativamente autônoma dentro da qual o sedimento circula. Uma
célula contém um ciclo completo de sedimentação, incluindo fontes, caminhos de
transporte e sumidouros. Seus limites separam as partes da costa que são
interdependentes daqueles que são independentes em termos de processos físicos.
costeiro de Parajuru, esse fluxo está alinhado no sentido Leste-Oeste. A Figura 10 esboça a
diagramação do modelo de celular sedimentar de Van Rijn (2010).
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em imagens Quickbird R3G2B1 2016 (Esri Basedata).
As faces praias expostas, de acordo com Muehe (2001, p 41), “são ambientes
expostos a ação direta da energia das ondas”. Na área de estudo, delimitaram-se dois trechos
43
costeiros com essas características, em específico, o trecho do spit arenoso e o trecho da praia
de Parajuru, situada imediatamente a Oeste (Figuras 12 e13).
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em imagens Quickbird R3G2B1 2016 (Esri Basedata).
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em imagens Quickbird R3G2B1 2016 (Esri Basedata).
Com base na literatura (HAYES, 1979; DAVIS, 1994; BIRD, 2000; SALES et al
2003), as barreiras representam extensões de areias sempre emersas que se alongam de forma
paralela à faixa de praia, das quais são separadas por extensões aquáticas ou anfíbias, como
lagunas, canais de marés, braços de mar ou segmentos fluviais abandonados.
Ainda segundo os autores, essas feições, em sua grande maioria, têm dimensões
superiores a 1 km, que resultam da acumulação de sedimentos na zona infralitorânea em
resposta à ação das ondas e correntes litorâneas (em particular as correntes longitudinais e de
marés), representando formas naturais de proteção das praias em relação à ação abrasiva do
mar (e.g. DAVIS, 1990; BIRD, 1996). Como ocorre em outros ramos das ciências, os estudos
das barreiras arenosas geram um debate complexo.
Segundo a proposta de Beaumont (1885), as barreiras resultam da emersão e
migração de barras arenosas (sand bars) em direção à praia, sendo formadas a níveis pouco
profundos da zona infralitorânea.
Em contraponto, Gilbert (1885) considerou que as barreiras (e, em particular, as
ilhas-barreiras ou barrier islands, que representam cordões litorâneos completamente
desconectados da praia nas duas extremidades) evoluiriam pela ação de correntes
longitudinais (a deriva litorânea), tendo como ponto de partida a formação de flechas
litorâneas (“esporões”, barrier spits, correspondendo a cordões litorâneos, apresentando uma
extremidade conectada com a faixa de praia ou continente).
Sales et al., (2003) destacam que, apesar desta controvérsia, esses conceitos
preliminares deram base para uma evolução conceitual tipológica acerca das barreiras
arenosas, como é o caso proposto por Johnson (1919), que considerou as hipóteses de
emersão de barras arenosas e formação de flechas litorâneas pela ação de correntes litorâneas.
Além desse, cabe destacar o trabalho de Hoyt (1967), que demostrou outro contexto evolutivo
associado ao afogamento de cordões litorâneos pré-existentes.
Segundo Sales et al., (2003), atualmente esses três pressupostos continuam sendo
aceitos de forma relativamente antagônica. Considerando, no entanto, que uma grande parte
da controvérsia foi alimentada por ausência de estudos estratigráficos susceptíveis de
subsidiar os cenários evolutivos propostos, a maior disponibilidade de tais estudos nos dos
últimos decênios vem permitindo criar certo consenso acerca de algumas das condições
45
com o continente. Elas são encontradas em diversas costas do mundo e, conforme Davidson-
Arnott (2010), podem formar cadeias de ilhas separadas do continente por canais de maré,
lagunas ou baías.
De acordo com Otvos (2012), elas são um dos tipos de barreiras costeiras mais
recorrentes, cuja presença no sistema costeiro é extremamente importante, por serem fontes
supridoras de sedimentos para o litoral adjacente e, principalmente, por funcionarem como
uma primeira barreira de proteção da costa contra a ação de ondas de tempestades e eventos
de alta energia, da mesma forma que os spits arenosos.
Mudança), desenvolvido por Smith e Cromley (2012). A tabela 3 destaca os principais e mais
atuais trabalhos direcionados na aplicação desses métodos, a nível da região Nordeste do
Brasil.
pages/DSAS/version4/>.
As variáveis referentes às variações de linha de costa fornecidas pelo DSAS são
confiáveis, desde que os dados de entrada referentes às linhas temporais sejam bem definidos,
seguindo um indicador preciso e visível em todas as imagens multiespectrais (ANDERS e
BYRNES, 1991; CROWELL et al, 1991; THIELER e DANFORTH, 1994 e MOORE, 2000).
O operador das análises tem a possibilidade de atribuir um valor geral de incerteza
para cada linha, um valor positivo ou negativo em metros que representará o grau de incerteza
de posição e medição. Esse grau de incerteza é aplicado nos cálculos de erro padrão, o
coeficiente de correlação e os intervalos de confiança, que são fornecidos pela regressão
linear simples e ponderada (MORTON et al, 2004; MORTON e MILLER, 2005; HAPKE et
al, 2006; e HAPKE E REID, 2007 e HIMMELSTOSS, 2009),
Essa ferramenta funciona como extensão integrada no software ArcGis, através do
qual se processam cálculos estatísticos, baseados em linhas de costas de períodos previamente
determinados. As derivações estatísticas são expressas por seis parâmetros principais: (1) End
Point Rate - EPR, (2) Linear Regression Rate - LRR, (3) Shoreline Change Envolope - SCE,
(4) Net Shoreline Moviment - NSM, (5) Weighted Linear Regression - WLR e (6) Least
Median of Squares - LMS. Além desses, são calculados quatro parâmetros auxiliares, os quais
apresentam derivações relativas à acurácia dos parâmetros principais, sendo estes: (A) R-
squared of Linear Regression - LR², (B) Confidence of End Point Rate - ECI, (C) Confidence
Interval of Linear Regression - LCI e (D) Standard Error of Linear Regression - LSE
(HIMMELSTOSS, 2009).
- PARÂMETROS PRINCIPAIS:
(1) End Point Rate – EPR: essa variável é alcançada através da divisão da distância entre a
linha mais antiga e a mais recente do conjunto de dados pelo tempo decorrido entre estes. Os
valores são expressos em metros/ano. Na Figura 14 é apresentado um exemplo de distribuição
de linhas de costa de diferentes períodos e a aplicação do EPR, no qual aplicando a fórmula e
apenas os dados dos anos de 2005 e 1936, chegou-se a um valor de 1,09 m/ano
(HIMMELSTOSS, 2009).
51
(2) Linear Regression Rate – LRR: em contrapartida, o LRR considera todas as linhas de
costa do conjunto de dados nos cálculos e é expresso em m/ano. Esse parâmetro baseia-se em
uma taxa de mudança de regressão linear, que pode ser determinada ajustando uma linha de
regressão de mínimos quadrados a todos os pontos da costa para um transecto específico.
Como destaca Himmelstoss (2009, p. 48),
a linha de regressão é colocada de modo que a soma dos resíduos quadrados
(determinada pelo quadrado da distância de deslocamento de cada ponto de dados da
linha de regressão e adicionando os resíduos quadrados em conjunto) seja
minimizada, sendo a taxa de regressão linear a inclinação da linha.
(3) Shoreline Change Envolope – SCE: essa variável informa uma distância, diferentemente
das outras variáveis, que resultam numa taxa. O SCE expressa em metros a distância entre a
linha mais antiga e a mais recente (Figura 15). Sendo, então, apresentada a mudança total da
52
linha de costa para todo o horizonte de dados (HIMMELSTOSS, 2009). Tem como principal
potencialidade apresentar um panorama geral de todo conjunto de dados, porém, tem como
principal limitação, apresentar apenas valores positivos, o que não permite identificar se está
ocorrendo um ciclo progradacional ou retrogradacional (DOLAN et al, 1991).
(4) Net Shoreline Moviment – NSM: o NSM representa o movimento líquido do litoral,
através da distância expressa em metros entre a linha de costa mais antiga e a mais recente
(Figura 16). A principal potencialidade desse parâmetro é a visualização de valores positivos
e negativos, permitindo identificar se está ocorrendo um ciclo progradacional ou
retrogradacional (DOLAN et al, 1991). Por sua vez, a limitação está no fato de influenciar os
valores dos ciclos progradacionais ou retrogradacionais.
(5) Weighted Linear Regression – WLR: essa variável expressa uma regressão linear
ponderada, na qual os dados mais confiáveis recebem maior ênfase ou peso para determinar
uma linha de melhor ajuste, ou seja, em dados multiespectrais, quanto maior a resolução
espacial, maior será o peso, e menores valores de incerteza (HIMMELSTOSS, 2009). Como
ressaltam Genz et al (2007), “no cálculo das estatísticas da taxa de mudança das costas, é
dada maior ênfase aos pontos de dados para os quais a incerteza da posição é menor”.
A WLR considera todo o conjunto de dados, além de permitir a aplicação de
dados multiespectrais de diferentes resoluções, uma vez que pondera o grau de precisão de
cada dado da série. No entanto, é recomendado utilizar dados de precisão similares, para não
afetar os produtos finais, como cartas e gráficos (DOLAN et al, 1991).
(6) Least Median of Squares – LMS: esse parâmetro objetiva ajustar a linha a partir da
minimização da soma dos resíduos quadrados. Esse método é um estimador de regressão mais
robusto que minimiza a influência de um outlier anômalo na equação de regressão geral, no
qual o processo de ajuste da linha segue a mesma lógica do LRR (HIMMELSTOSS, 2009). O
LMS é determinado por um processo iterativo que calcula todos os valores possíveis de
inclinação (a taxa de mudança) dentro de uma faixa restrita de ângulos, seguindo uma
abordagem descrita em Rousseeuw e Leroy (1987).
- PARÂMETROS AUXILIARES:
R-squared of Linear Regression - LR²: a estatística R-quadrado representa, através de
porcentagem, a variância nos dados a partir de uma regressão. É, desse modo, um índice
adimensional que varia de 1,0 a 0,0 e mede quão bem sucedida a linha de melhor ajuste
explica a variação nos dados (ROUSSEEUW e LEROY, 1987; HIMMELSTOSS, 2009). Os
autores ressaltam que há, desse modo, duas situações:
Valores R² próximos de 1,0: indicam que a linha de melhor ajuste explica a maior
parte da variação na variável dependente. Se x e y estão perfeitamente relacionados,
não há variação residual e a razão de variância seria 1,0.
Valores de R² próximos de 0,0: indicam que a linha de melhor ajuste explica pouco da
variação na variável dependente e pode não ser um modelo útil. Se não houver relação
entre as variáveis x e y, então a proporção da variabilidade residual da variável y para
a variância original é igual a 0,0.
54
Confidence of End Point Rate – ECI: Segundo Himmelstoss (2009, p. 52), “as incertezas do
litoral para as duas posições usadas no cálculo do ponto final são cada uma ao quadrado e
depois juntas (soma dos quadrados). A raiz quadrada do somatório dos quadrados é dividida
pelo número de anos entre as duas linhas”.
Confidence Interval of Linear Regression – LCI: esse parâmetro representa o erro padrão
da inclinação com intervalo de confiança (LCI, para regressão linear ordinária, e WCI, para
regressão linear ponderada) e descreve a incerteza da taxa relatada (HIMMELSTOSS, 2009).
Durante a análise, é possível definir níveis de confiança entre 68.3, 90, 95, 95.5 ou
99.7 por cento. As taxas LRR e WLR são determinadas por uma linha de regressão de melhor
ajuste através dos dados da amostra. A inclinação dessa linha é a taxa de mudança relatada
(em metros/ano). O intervalo de confiança (LCI ou WCI) é calculado multiplicando o erro
padrão (também chamado de desvio padrão) da inclinação pela estatística de teste de duas
colunas na porcentagem de confiança especificada pelo usuário (ZAR, 1999).
Standard Error of Linear Regression - LSE: o LSE analisa os valores previstos (ou
estimados) de y (a distância da linha de base), são calculados para cada ponto do litoral
usando os valores de x (data da linha de costa) aplicados à equação para a linha de regressão
de melhor ajuste. O erro padrão da estimativa avalia a precisão da linha de regressão de
melhor ajuste na predição da posição de uma linha costeira para um determinado ponto no
tempo (HIMMELSTOSS, 2009).
Antes de iniciar as etapas, deve-se escolher os dados multiespectrais de duas ou mais datas
distintas, em que a mais antiga representará a linha de base. A primeira e a segunda referem-
se à vetorização das linhas de costa dos diferentes períodos. Na terceira, é realizado o
cruzamento das linhas. Na quarta etapa, as regiões espacialmente localizadas entre as duas
linhas são poligonizadas, a fim de fechar todas as extremidades entre elas.
Os polígonos podem ser representados de modo composto ou decomposto. Na
quinta e última etapa, são definidos os polígonos erosivos e progradacionais. Os erosivos
representam os setores nos quais a linha mais recente recuou em relação à linha base, já os
progradacionais englobam os setores nos quais a linha mais recente avançou por sobre a mais
antiga.
Figura 17 - Etapas do método Change Polygon
SD = AC – AE (I)
3 PROCEDIMENTOS TÉCNICO-OPERACIONAIS
corresponde aos dados da missão Sentinel. Foram utilizados os dados do satélite Sentinel – 2
Sensor MSI –, compreendidos entres os anos de 2015 e 2017. Por fim, foi incluído, no banco
de dados, imagem do satélite Quickbird para o ano de 2009, sendo cedida pela
Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE.
A etapa posterior à organização dos dados foi a seleção desses a partir de critérios pré-
estabelecidos, os quais permitem que o usuário possa filtrar os dados por um período (faixa de
resolução temporal) a ser aplicado. Neste Trabalho consideraram-se dois critérios: cobertura
de nuvens de cada cena e o critério de microescala, fundamentado na sazonalidade climática.
Fonte: Elaborado pelo autor, com base nos dados da ANA - Agência Nacional de Águas.
Fonte: Elaborado pelo autor, com base nos dados da ANA - Agência Nacional de Águas.
extensão Digital Shoreline Analysis System – DSAS. Essa ferramenta é uma rotina
computacional e realiza operações geométricas, baseada na biblioteca MATLAB Component
Runtime (MCR), funcionado em conjunto com o ArcGis. O DSAS foi desenvolvido pelo
United States Geological Survey – USGS – e é distribuído gratuitamente por meio do link
<http://woodshole.er.usgs.gov/ project-pages/dsas/do>.
As análises estatísticas, produção de gráficos e tabelas foram realizadas no software
LibreOffice Calc, também distribuído de maneira gratuita.
Para a elaboração dos diagramas de fluxo dos processos envolvidos na análise e
produção dos produtos cartográficos, fez-se uso do software ArgoCASEGEO versão 3.0,
desenvolvido pelo Departamento de Informática da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e
distribuído gratuitamente. Esse software é uma ferramenta e baseia-se no modelo conceitual
UML-GeoFrame, que é específico para aplicações de Sistemas de Informação Geográfica
(SIG).
Processamento: nesta etapa foram selecionadas as bandas espectrais a serem empregadas nas
análises. Inicialmente, realizou-se o empilhamento das bandas em um único arquivo para cada
ano e mês, posteriormente, empregou-se cálculo estatístico, a fim de determinar a extensão de
correlação entre as diferentes bandas espectrais e validar as que destaquem melhor as
morfologias analisadas. Em um terceiro momento, executou-se composição colorida dos
dados, com base no sistema de cores aditivas RGB, referentes às cores: vermelho (red) - verde
(green) – azul (blue), no qual, a partir da associação de três bandas espectrais, cada uma
inserida num canal de cor, resulta em um produtor final com uma falsa-cor. Desse modo,
adotou-se o seguinte padrão RGB 546, 543 e 654, respectivamente, para os satélites Landsat 2,
5 e 8. Por fim, aplicou-se realce de contraste linear e fusão da imagem Landsat 8, para ganho
de resolução espacial, nesse caso, de 30 m para 15 m.
A análise geoespacial da linha de costa foi realizada por meio da ferramenta Digital
Shoreline Analysis System (DSAS), desenvolvida por Thieler et al, (2009) e já amplamente
utilizada em estudos no litoral do estado do Ceará, como nos trabalhos de Farias e Maia
(2010), Marino e Freire (2013) e Souza et al. (2016). Essa ferramenta atua como
complemento no software ArcGis®, e realiza operações geométricas baseadas na biblioteca
MATLAB® Component Runtime (MCR). A sua aplicação neste estudo obedeceu às seguintes
etapas, para os três setores de estudo:
66
VI. Definição dos parâmetros estatísticos, - Shoreline Change Envelope (SCE), 2- Net
Shoreline Movement (NSM), 3 - End Point Rate (EPR), 4 - Linear Regression (LRR),
5 - Weighted Linear Regression (WLR), e 6 - Least Median of Squares (LMS); e
V. Aplicação da taxa de variação de linha de costa TVLC desenvolvida por Dias et al,
(1994).
A praia de Parajuru sofre maior influência de fatores climáticos locais, como latitude e
maritimidade. Em virtude da baixa latitude, aproximando-se dos 4º 24’66’’ em relação ao
Equador, há alta incidência de radiação solar, com temperaturas elevadas, sendo atenuadas
pela maritimidade, disponibilizando maior umidade e atenuação das temperaturas.
Além desses fatores, há que se destacar a sazonalidade da precipitação na área
investigada, regida pelos sistemas atmosféricos que atuam no litoral leste do estado do Ceará.
Dentre estes sistemas, têm-se como os principais a Zona de Convergência Intertropical
(ZCIT) – formada pela confluência dos ventos alísios do hemisfério norte com os ventos
alísios do hemisfério sul e uma dos principais responsáveis pela precipitação –, as ondas de
leste (OL), os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), as brisas continentais, dentre
outros mecanismos (FERREIRA E MELO, p. 5, 2005).
Para a caracterização das variáveis climáticas, foram utilizados os dados da estação
meteorológica localizada em Jaguaruana, que apresenta uma amplitude de dados entre os anos
de 1970 a 2015, com exceção dos dados pluviométricos, que foram utilizados os dados do
posto Aracati, devido a sua proximidade com a área de estudo e sua amplitude de dados
delimitada entre 1960 a 2016. As similaridades nos valores de precipitação foram
apresentadas e justificadas no item 1.1.3.
Seguindo a classificação de Mendonça e Danni-Oliveira (2007), a área de estudo
apresenta o clima Tropical Quente Semiárido, dispondo uma pluviosidade de 850 a 1.000
milímetros e com temperaturas que variam de 21ºC a 32° C. A quadra chuvosa concentra-se
entre os meses de fevereiro a maio, com o período seco ocorrendo no segundo semestre do
ano (Tabela 7).
68
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.
69
Para a mesma estação, porém, referente à precipitação e sua relação com a temperatura
média, denota-se o decaimento das precipitações de praticamente 99,90% dos valores médios,
no período de agosto a dezembro, para esse mesmo período os valores de temperatura média
apresentam o processo inverso, elevando seus valores mesmo que em uma diferença percentual
pequena (Gráfico 4).
Gráfico 4 - Relação dos valores médios, mínimos e máximos das variáveis precipitação e
temperatura
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.
A pressão atmosférica mostra-se homogênea ao longo do ano, variando menos de 3,20
hPa, em média, tendo os meses de julho e agosto com maior média de pressão atmosférica
(1.012,1 e 1.011,7 hPa) e o meses de janeiro e fevereiro as com menores valores médio média
(1.009,0 hPa). Em termos anuais, a pressão atmosférica média na região é de 1.010,1 hPa.
A insolação total anual média é 2.800,2 horas de brilho solar. Numa escala mensal, a
insolação média varia entre 121,5 horas de brilho solar, em junho, e 296,8 horas, no mês de
outubro.
A evaporação para a área de estudo, como ocorre quase como padrão na região
Nordeste, apresenta médias bastante elevadas, com um valor total anual para a série de
2.007,2 mm, variando desde o valor mínimo de 90,9 mm, no mês de abril, a um máximo de
231,3 mm, no de outubro. Os valores mais baixos estão delimitados na quadra chuvosa
(fevereiro a maio). Observou-se, então, uma relação inversamente proporcional entre essas
duas variáveis (Gráfico 5).
70
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.
2016. Para os cálculos e diagramação dos gráficos, utilizou-se a planilha desenvolvida por
Rolim et al. (1998, p. 133 – 137.), essa planilha baseia-se no método de Thornthwaite e
Mather (1955).
O balanço hídrico climatológico elaborado por Thornthwaite e Mather (1955)
representa uma das possibilidades no monitoramento da variação do componente hídrico no
solo. Esse método estatístico baseia-se no cálculo mediante a entrada de duas variáveis
principais, a temperatura média mensal do ar e a chuva total média mensal para um intervalo
temporal pré-estabelecido. Vale ressaltar que este método tem boa consistência na
representação dos dados e é amplamente utilizado por autores como Camargo (1973) e Pereira
et al., (1997).
O principal resultado desse método é resumo estatístico representado pelo balanço
hídrico normal (Tabela 8). Nesse resumo são apresentadas as seguintes variáveis:
evapotranspiração potencial (ETP), precipitação menos evapotranspiração potencial (P-ETP),
negativo acumulado (NEG-AC), armazenamento de água no solo (ARM), alteração no
armazenamento (ALT), evapotranspiração real (ETR), deficiência hídrica (DEF) e excedente
hídrico (EXC), todos na escala mensal.
A análise dos dados indicou que na área da praia de Parajuru os índices pluviométricos
médios anuais giram em torno dos 959,72 mm. Para esse cenário, apresenta-se um balanço hídrico
marcado por um déficit hídrico de 855,27 concentrando-se nos meses de janeiro, fevereiro, e junho
72
a dezembro. O excedente de hídrico registrado foi de 84 mm, delimitado nos meses de abril e maio
(Gráfico 7).
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.
Sintetizando essas informações, a partir do Gráfico 9, fica evidente que a relação das fases
de reposição e excedente hídrico estão temporalmente delimitadas na quadra chuvosa, na qual o mês
de fevereiro marca o início da reposição, mesmo de maneira pouco expressiva, e o ápice do
excedente hídrico ocorre no mês de abril. O fim da quadra chuvosa é iniciado no mês de junho e
73
marca os processos de retirada de água do solo, atingindo o ápice de deficiência hídrica nos meses
de novembro e dezembro.
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.
O comportamento pluviométrico da praia de Parajuru foi caracterizado com base nos dados
do posto Aracati (437000). Os dados delimitam-se entre os anos de 1960 – 2016, representando uma
série temporal de 57 anos.
A partir das análises estatísticas realizadas (Tabela 9), registrou-se, para a série de dados, a
precipitação média anual de 959,72 mm. Desse total, a quadra chuvosa compreendida entre os
meses de fevereiro a maio concentra um valor médio de 740,80 mm (77%). Os maiores desvios em
relação à média mensal situam-se entre os meses de janeiro e maio.
volumosas e outros seis de chuvas bem menos volumosas. Cabe ressaltar que essa transição decorre
de maneira gradual, porém apresenta picos de decaimento na pluviometria nos meses de setembro e
novembro.
Dentro dessa caracterização, distinguiu-se a pré-quadra chuvosa, iniciada em dezembro,
indo até janeiro, na qual concentra-se um acumulado de 13% (121,69) mm das precipitações anuais.
Já a quadra chuvosa delimitada entre os meses de fevereiro e maio concentra um acumulado de 77%
(740 mm), e por fim a pós-quadra, que representa o decaimento mais brusco das precipitações,
registra apenas um percentual de 10% (97,23 mm) das precipitações registradas ao longo do ano.
O mês que apresentou as maiores médias de chuvas, ao longo de toda a série histórica na
área de estudo, foi abril, com mínimo de 15,40 mm no ano de 1998 e máximo 650,5 mm no ano de
1973, o que gera uma amplitude de aproximadamente 635,10 mm. Em oposição, o mês de setembro
foi o que apresentou menor precipitação ao longo da série, com o mínimo de 0 mm em 77% dos
anos alisados, e uma máxima de 33 mm no ano de 1974.
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.
Da série de 57 anos, um total de 3 anos (1972, 1976 e 2006) ficou enquadrado na média
pluviométrica de 959,72 mm, representando um percentual de 5%. Um total de 40% dos anos
(1961, 1963, 1964, 1965, 1967, 1971, 1973, 1974, 1975, 1977, 1984, 1985, 1986, 1988, 1989, 1994,
1995, 2002, 2003, 2004, 2007, 2008 e 2009) situou-se acima do valor médio. Por sua vez, um total
31 anos (1960, 1962, 1966, 1968, 1969, 1970, 1978, 1979, 1980, 1981, 1982, 1983, 1987, 1990,
75
1991, 1992, 1993, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2005, 2010, 2011, 2012, 2013,2014, 2015,
2016) representa um percentual de 54% abaixo da média (Gráfico 11).
Essa variação na distribuição da pluviometria está diretamente ligada à ocorrência dos
fenômenos El niño e La ninã e suas respectivas intensidades de atuação, como apresenta o CPTEC
2017, e a fenômenos meteorológicos, como a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e Ondas
de Leste (ZIL).
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.
No contexto geral da distribuição anual da série de dados, a área de estudo apresentou uma
precipitação mínima de 220 mm no ano de 1993 e uma máxima 2.614,10 mm para o ano de 1985
(Gráfico 12). A máxima representa um valor de 277% acima da média, enquanto a mínima apenas
um valor de 23% em relação à média.
76
Gráfico 12 - Distribuição pluviométrica e representatividade percentual da quadra chuvosa - posto Aracati - (1960 - 2016)
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.
77
Observando essa alta dispersão nos valores máximos e mínimos na distribuição da série,
optou-se por aplicar uma análise estatística adequada, para homogeneizar os dados em períodos
similares, a partir dos totais precipitados. Para atingir esse objetivo, utilizou-se a metodologia dos
anos padrões desenvolvida por Galvani, E. Luchiari, A. (2004). Essa metodologia baseia-se na
análise estatística da série de dados por meio de aplicação de quartis, por definição, como aponta
Langford, (2006) os quartis
são os valores que dividem um conjunto de dados em quatro partes iguais. Uma vez
ordenado o conjunto de dados, o segundo quartil (Q2 - também conhecido como mediana) é
o valor que fica a meio dos valores dos elementos do conjunto de dados, isto é, o valor que
divide o conjunto de dados em duas partes iguais (metades). Depois o primeiro quartil (Q1)
será o valor que fica a meio da primeira metade do conjunto de dados e o terceiro quartil
(Q3) será, analogamente, o valor que fica a meio da segunda metade do conjunto de dados.
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.
79
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados da ANA - Agência Nacional de Águas.
80
4.1.4 Hidrologia
Fonte: Elaborado pelo autor com base em IBGE (2010) e COGERH (2008).
82
Praia do
/
ENb Canto Oceano
BEBERIBE Verde
sem nome !
. Atlântico
La. dos
4°20'15"S
4°20'15"S
Cavalos
PRcn
Q2e
La.
Negra Córrego da
La.
Arataca Floresta Praia
Q2m !
.
Paripueira de Parajuru
!
.
Pontal do
Rio Maceió
Pirangi !
.
La. do Riacho
Umari do Lôlo
4°26'40"S
Tapuio La. Olho La. do
Córrego
ENb - Formação Barreiras D'Água do Félix Campestre
Córrego
Q2m - Depósitos Fluviomarinhos e Marinhos
Ezequiel Q2a
La. da La. da !
.
Q2a - Depósitos Aluvionares
Córrego do Marmota Viçosa Fortim
Salgadinho Riacho das ARACATI
PRcn - Complexo Ceará - Unidade Canindé Umburanas Córrego José
dos Santos
± ±
PINDORETAMA
O
Oc
HORIZONTE km
A t c ee a
A
O
Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator
O cc ee aa nn oo
3°50'0"S
3°50'0"S
t ll â a nn
â nn oo A
A tt ll ââ nn tt ii cc oo Sistemas de Coordenadas Geográficas
tt i PACAJUS
4°14'20"S
4°14'20"S
i cc Datum Horizontal: SIRGAS 2000
oo
CASCAVEL
Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
Paralelo de Referência: -6°
CHOROZINHO Bases Cartográficas
CE CPRM - Atlas Digital de Geologia do Estado do Ceará (2003) - 1:250.000
5°40'0"S
5°40'0"S
4°28'40"S
FORTIM
Legenda / Covenções Cartográficas
PI
PB OCARA Limites Estaduais Enquadramento da Área Rio
7°30'0"S
7°30'0"S
ARACATI
0 50 100
PE 0 5 10 20
MORADA
NOVA
Limites Municpais !
. Localidades Costeiras Riacho
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Umari
4°26'40"S
La. Olho Córrego Campestre
La. do
D'Água do Félix Barra
Tapuio
Córrego
Ezequiel FORTIM Fortim
Unidades Geomorfológicas (CPRM - 2003)
La. da La. da !
.
Marmota Viçosa
Campo de Dunas e Faixa de Praia Riacho das
Umburanas
Tabuleiro Litorâneo
Córrego do Córrego
Planícies Flúvio-Marinhas Salgadinho José dos
La. do
Junco Santos Rio Jaguaribe
Planícies Fluviais e Flúvio-Lacustres
Rio da
Casca
Superfícies Aplainadas Degradadas ARACATI Córrego Aroeiras
± ±
PINDORETAMA
O
Oc
HORIZONTE km
A t c ee a
A
O
Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator
O cc ee aa nn oo
3°50'0"S
3°50'0"S
t ll â a nn
â nn oo A
A tt ll ââ nn tt ii cc oo Sistemas de Coordenadas Geográficas
tt i PACAJUS
4°14'20"S
4°14'20"S
i cc Datum Horizontal: SIRGAS 2000
oo
CASCAVEL
Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
Paralelo de Referência: -6°
CHOROZINHO Bases Cartográficas
CE CPRM - Atlas Digital de Geologia do Estado do Ceará (2003) - 1:250.000
5°40'0"S
5°40'0"S
4°28'40"S
FORTIM
Legenda / Covenções Cartográficas
PI
PB OCARA Limites Estaduais Enquadramento da Área Rio
7°30'0"S
7°30'0"S
ARACATI
0 50 100
PE 0 5 10 20
MORADA
NOVA
Limites Municpais !
. Localidades Costeiras Riacho
km km PALHANO
RUSSAS
40°40'0"W 38°50'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W
Beberibe Corpos D'água Córrego
A faixa de praia de Parajuru apresenta uma largura média (N-S) de 75m. Em termos
de detalhe, a zona de estirâncio apresenta-se bem desenvolvida lateralmente (N-S), englobando
65% da largura média da faixa de praia (Figura 20).
No que diz respeito à composição morfossedimentar, Silva (2012) destaca que esse
setor se caracteriza pela acumulação de sedimentos de idade Holocênica, tendo granulometria
predominantemente formada por areias e cascalhos.
Antepraia Estirâncio
Berma
De acordo com Meireles e Morais (1994), as ondas nesse setor costeiro chegam à
faixa de praia obliquamente com direção predominante SE-NW. O autor destaca ainda a presença
de depósitos de paleomangues aflorando no setor de estirâncio (Figuras 21 e 22).
Esses afloramentos demonstram as oscilações climáticas e a consequente variação do
nível do mar. No caso de Parajuru, as evidências remontam a um nível maior do que o atual
(MEIRELES e MORAIS, 1994).
86
Estirâncio Berma
Paleomangue
Paleomangue
A respeito das dunas nesse setor costeiro, Meireles e Morais (1994) ressaltam que
essas encontram-se dispostas espacialmente de maneira paralela à linha de costa, e são
formadas por areias quartzosas de granulometria de média a fina. Quanto às tipologias
dunares no setor de estudo, concentram-se três tipos básicos: as fixas, as móveis e as nebkkas
ou rebdous (Figuras 24, 25, 26).
Dunas Fixas
Dunas Móveis
Planície Flúviomarinha
Planície Fluviomarinha
Dunas Móveis
Praia do
/
sem
nome
Canto Verde
!
. Oceano
La. dos
4°20'15"S
4°20'15"S
Cavalos
Atlântico
La.
Negra Córrego da
La.
Arataca Floresta Praia
!
. Paripueira de Parajuru
BEBERIBE !
.
Pontal do
Maceió
Riacho Rio !
.
La. do do Lôlo Pirangi
Umari
La. Xarabiçu
Córrego
Córrego da Córrego do . Guajiru
!
Amarela
do Camará La. do
Campestre
La. do
FORTIM Barra
Tapuio Campestre !
.
4°26'40"S
4°26'40"S
Modelo Digital de Elevação (m) Riacho das
La. Olho Córrego
D'Água do Félix
Umburanas Rio
Jaguaribe
0
0
0
Córrego
-2
-3
-4
40
-1
Ezequiel
>
10
20
30
!
.
0
La. da La. da
Marmota Viçosa Fortim
Córrego
do Salgadinho Córrego José ARACATI
38°5'5"W 37°58'40"W 37°52'15"W dos Santos 37°45'50"W
40°40'0"W 38°50'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W 0 1 2 4 6
± ±
PINDORETAMA
O
Oc
HORIZONTE km
A t c ee a
A
O
O cc ee aa nn oo
Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator
3°50'0"S
3°50'0"S
t ll â a nn
â nn oo
tt i A
A tt ll ââ nn tt ii cc oo Sistemas de Coordenadas Geográficas
PACAJUS
4°14'20"S
4°14'20"S
i cc Datum Horizontal: SIRGAS 2000
oo
CASCAVEL Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
Paralelo de Referência: -6°
CHOROZINHO Bases Cartográficas
CE INPE - Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil (2009)
5°40'0"S
5°40'0"S
4°28'40"S
7°30'0"S
ARACATI
0 50 100 0 5 10 20
MORADA
km
PE NOVA
km
Limites Municpais !
. Localidades Costeiras Riacho
PALHANO
RUSSAS
40°40'0"W 38°50'0"W 38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W
Beberibe Corpos D'água Córrego
/
Canto
. Verde
! Oceano
Atlântico
4°20'15"S
4°20'15"S
Paripueira Praia
!
. de Parajuru
BEBERIBE !
.
Pontal do
Maceió
!
.
Guajiru ! FORTIM
.
Declividade (Graus) Barra
!
.
4°26'40"S
4°26'40"S
0° - 3° ARACATI
3° - 8°
8° - 20° !
.
Fortim
> 20°
± ±
PINDORETAMA
O
Oc
HORIZONTE km
A t c ee a
A
O
O cc ee aa nn oo
Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator
3°50'0"S
3°50'0"S
t ll â a nn
â nn oo
tt i A
A tt ll ââ nn tt ii cc oo Sistemas de Coordenadas Geográficas
PACAJUS
4°14'20"S
4°14'20"S
i cc Datum Horizontal: SIRGAS 2000
oo
CASCAVEL Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
Paralelo de Referência: -6°
CHOROZINHO Bases Cartográficas
CE INPE - Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil (2009)
5°40'0"S
5°40'0"S
4°28'40"S
7°30'0"S
ARACATI
0 50 100
PE 0 5 10 20
MORADA
NOVA
Limites Municpais !
. Localidades Costeiras Riacho
km km PALHANO
RUSSAS
40°40'0"W 38°50'0"W
Beberibe Corpos D'água Córrego
38°20'20"W 38°6'0"W 37°51'40"W
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em CPRM (2003).
95
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados Quickbird (2016) – Esri Basedata
Para a área de estudo, entende-se como verão o período delimitado entre os meses
de dezembro a março. O inverno, por sua vez, compreende o intervalo entre os meses de
junho a agosto. Ao considerar o modelo proposto por Manso et al, (1995) e ao compará-lo aos
dados encontrados na área de estudo, demonstrou-se que, em alguns casos, como no setor 2,
esse modelo se aplica.
Além da variável climática, essa dinâmica sazonal está condicionada à ação dos
ventos e das ondas. Os ventos na praia de Parajuru apresentam velocidades mínima (0,4 m/s),
média (1,66 m/s) e máxima (5,4 m/s), e direção predominante NE no período da manhã, já no
período da tarde prevalece NE e NNE, com algumas ocorrências W (PINHEIRO, 2003).
97
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados Quickbird (2016) – Esri Basedata
99
Os Resultados foram estruturados em uma escala que trata das variações totais em
um contexto interdecadal (1979 – 2016), na qual se aplicou o DSAS e o Change Polygon para
cada setor, nos períodos secos e chuvosos. Em nível de comparação dos dois métodos,
utilizou-se a variável EPR (DSAS) e a TVLC (Change Polygon). Acerca da classificação dos
anos padrões para a série de dados, esses se intercalam em secos (1979, 1999 e 2016) e
úmidos (1989 e 2009).
Spit Arenoso
Os transectos têm seu ponto inicial na porção leste do quadrante do setor próximo
ao pontal do Maceió. O ponto final, por sua vez, situa-se na área de entorno imediata à porção
desconectada do spit (Mapa 10).
101
A variável LRR, por sua vez, considerou as linhas do horizonte de dados, para o
qual se aplicou análise por regressão linear, fornecendo, desse modo, resultados mais
ajustados, incidindo sobre a redução dos totais. A taxa de retração registrou um máximo valor
de -7,91 (m/ano) similar a do EPR. A progradação, por sua vez, apresentou um valor máximo
de +3,77 (m/ano), reduzindo drasticamente em relação ao EPR. Em termos percentuais, os
transectos de recuo totalizaram 75% e os de progradação 12%. Em relação a ambientes sem
modificação, nenhum transecto registrou esse contexto.
105
Gráfico 18 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m) no
período chuvoso para o Setor 1 – NSM
Mapa 12 – Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor 1
Diferentes níveis de
solapamento lateral
controlados pela
variação da maré
Gráfico 22 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m),
no período seco, para o Setor 1 – NSM
Mapa 14 – Variação total da linha de costa (m) – no período seco, para o Setor 1
O segundo setor de análise representa uma face praial abrigada da ação direta da
incidência de ondas, em virtude da função protetora exercida pelo spit arenoso. Porém, o grau
de proteção varia de acordo com a dinâmica evolutiva do spit, tanto que as maiores variações,
nesse setor, foram entre 1979 e 1989, período em que o spit se encontrava pouco
desenvolvido (Figura 32).
Os transectos têm seu ponto inicial na porção leste do quadrante do setor nas
imediações da desembocadura do rio Pirangi. O ponto final, por sua vez, situa-se na área de
fim, face abrigada (Mapa 15).
116
Paleomangues
A partir do ajuste linear através do parâmetro LRR para os mesmo dados, obteve-
se uma suavização nas médias. Nesse caso, os transectos erosivos representaram 56% da série
de dados, enquanto os progradacionais, apenas 44% (Mapa 16). A taxa de variação média
para a variação média da linha de costa para o horizonte de dados foi -2,35 (m/ano).
121
Com base na variável NSM, que resultou do cruzamento das linhas dos anos de
123
1979 e 2016, obteve-se uma variação total expressa em metros, dessa forma houve equilíbrio
entre as retiradas e o ganho, em que os valores máximos de recuo foram da ordem de -500,08
m e progradação de +504,32m (Gráfico 27). Em termos percentuais, houve uma leve
predominância dos processos de progradação no total de transectos, com um percentual de
53%, já os erosivos apresentam um valor de 47%. Em relação à estabilidade (= 0), não foi
detectado nenhum transecto (Mapa 17).
Gráfico 27 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m),
no período chuvoso, para o Setor 2 – NSM
Mapa 17 – Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso, para o Setor 2
Para o período seco, no setor 2 registrou-se uma variação significativa nas taxas,
com elevação das de recuo e redução nas de progradação, situadas entre – 9,8 e +14,03
(m/ano). Baseado nas linhas de costas extremas, chegou a uma variação total entre -362,45 a
+519,24 m (Tabela 22).
Tabela 22 – Resumo estatístico interdecadal para o setor 2 – período seco
Parâmetro
Parâmetros Principais
Auxiliar
Valores
SCE NSM
EPR (m/ano) LRR (m/ano) LMS (m/ano) LR² (%)
(m) (m)
Mínimo -9,8 -9,37 -11,18 69,31 -362,45 0
Médio 1,30 -0,56 -2,90 284,46 48,39 0,36
Máximo 14,03 10,15 3,29 593,95 519,24 0,86
Desvio
7,10 5,62 3,10 164,55 262,03 0,32
Padrão
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.
entre -9,8 a +14,03 (m/ano). Semelhante ao período chuvoso, entre os transectos 1 e 11,
registraram-se processos de acresção à linha de costa, porém com uma redução significativa
na taxa, passando de + 3,83 (m/ano) a +1,21 (m/ano). Outra alteração verifica-se no transecto
15, que, para o período chuvoso, registrou recuo e, para o seco, registrou progradação. Outra
alteração de mesmo caráter ocorreu entre os transectos 22 a 31, que no chuvoso tinham
caráter erosivo e no seco assumiram características progradacionais. Os transectos incluídos
entre o 38 e 43, por sua vez, passaram de caráter progradacional a erosivo (Gráfico 29).
Para o ajuste por regressão, expresso pelo parâmetro LRR, os dados passaram por
uma suavização, principalmente nos valores extremos máximos e mínimos. Desse modo, os
transectos erosivos representaram um total de 60% das séries, enquanto os progradacionais
40%. A taxa de regressão ficou delimitada entre -9,37 e +10,15 (m/ano). Em nível de valor
médio, obteve-se -0,56 (m/ano), como exposto no Gráfico 30.
A partir da análise de todas as linhas de costas do horizonte de dados, pelo
parâmetro LRR, verificou-se uma predominância dos processos de recuo da costa nos
transectos iniciais 3 e 14, com uma taxa média de -1,76 (m/ano), assim como na porção
extrema Oeste, na qual a taxa média foi de -5,97 (m/ano). Na perspectiva progradacional,
ressaltam-se os transectos entre 19 e 29, onde foi registrada uma acresção média da ordem de
+6,56 (m/ano) (Gráfico 30 e Mapa 18).
128
Por fim, a taxa LMS delimitou-se entre -11,18 e +3,29 (m/ano). Os valores de LR²
para o horizonte representaram uma média de 36,6%. No entanto, os transectos de 2 a 3, 15 e
31 registraram baixa variação, o que findou por afetar o percentual final. Com a exclusão
desses, o valor de LR² demonstra um valor de 57,7%.
129
Gráfico 31 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m),
no período seco, para o Setor 2 – NSM
Por fim, a variação líquida da linha de costa, através da variável SCE, constatou a
maior variação entre os transectos 19 e 29, uma variação média de 284,46 m. A porção inicial
Leste computou as menores variações, com uma média de 103,64 m. Em contrapartida, a
porção Oeste computou uma leve alteração em relação a Leste, com uma média de 240,88 m
(Mapa 19 e Gráfico 32).
Gráfico 32 – Movimentação interdecadal da linha de costa (m), no período seco, para o
Setor 2 – SCE
Mapa 19 – Variação total da linha de costa (m) – no período seco, para o Setor 2
variação para o período chuvoso delimitaram-se entre -4,37 e +7,86 (m/ano). Já no seco, essa
mesma taxa variou entre -7,46 e +0,86 (m/ano). No que diz respeito à quantidade de
transectos e à dinâmica atuante, o período seco concentrou o maior número de transectos, com
caráter de retração da linha de costa entre 99% e 100%. Já no período chuvoso, os transectos
erosivos variaram entre 59% e 58%, os transectos que demonstraram maior variação de
situação na porção Oeste do setor, nas imediações do parque eólico, onde uma série de
problemáticas podem ser observadas como, por exemplo, a destruição de estruturas disposta
ao longo do ambiente praial (Tabela 19 e Figura 38).
Evidências erosivas
Parque eólico
comprimento, saindo de 9,14 km, em 1979, para 7,94, em 2016, ambos no período seco. Em
termos de média, a linha de costa da face praial abrigada apresentou uma extensão média de
8,10 km, no período seco, e 8,35 km, no chuvoso (Gráfico 33).
(Continua)
137
(Continuação)
observou-se a predominância dos processos de retração da linha de costa, com uma média de -
1,49 (m/ano), em face da média geral de recuo, que representa uma taxa de -0,04 (m/ano). No
transecto subsequente n°11, registra-se processo de acresção da linha de costa. Entre os
transectos 12 e 24, há a retomada dos processos erosivos, com uma taxa média de -2,10
(m/ano). No restante dos transectos, foram registrados processos de progradação nos
transectos entre 25 a 28, 39 a 56, 68 a 71 e 74 a 78, com uma média de +2,48 (m/ano), os
erosivos foram demarcados entre os transectos 29 a 38, 58 a 67 e 72 a 73, com uma média de
-2,08 (m/ano) (Gráfico 34).
Desse modo, detectou-se na variável EPR que 59% dos transectos foram de
caráter erosivo. Em contrapartida, em 41% predominaram taxas de progradação da linha da
costa. As taxas de retração situaram-se entre -4,37 a +7,86 (m/ano), e uma amplitude de 12,23
(m/ano). Não foi identificado nenhum transecto estável, ou seja, com variação igual a 0.
Para a variável LRR, a taxa de retração registrou um máximo valor de –5,26
(m/ano), acima do EPR. A progradação, por sua vez, apresentou um valor máximo de +4,65
(m/ano), reduzindo em relação ao EPR. Em termos percentuais, os transectos de recuo
totalizaram 67% e os de progradação 33%. Em relação a ambientes sem modificação, nenhum
transecto registrou esse contexto (Mapa 21 e Gráfico 35).
139
Mapa 22 – Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso, para o Setor 3
(Continuação)
40 -3,81 -4,35 -6,39 202,6 -140,97 0,74
41 -1,9 -2,9 -5,2 157,15 -70,3 0,55
42 -1,28 -2,13 -1,61 100,45 -47,27 0,6
43 -1,43 -2,34 -1,88 107,85 -52,8 0,62
44 -1,69 -2,55 -1,89 116,86 -62,42 0,67
45 -2,8 -3,43 -4,66 134,64 -103,74 0,86
46 -2,9 -3,78 -5,74 173,11 -107,13 0,72
47 -3,05 -3,69 -5,2 157,59 -112,9 0,8
48 -2,31 -3,42 -2,26 176,18 -85,55 0,59
49 -1,16 -3,36 -1,15 219,81 -42,97 0,31
50 -0,8 -2,07 -0,81 124,9 -29,76 0,38
51 -0,99 -2,09 -1 114,34 -36,54 0,45
52 -1,43 -2,54 -1,61 123,37 -53,06 0,57
53 -1,73 -2,84 -2,23 129,67 -63,92 0,64
54 -2,68 -3,81 -3,29 156,71 -99,05 0,75
55 -3,3 -4,14 -3,29 167,18 -121,94 0,84
56 -3,48 -4,14 -3,78 135,37 -128,76 0,92
57 -3,68 -4,12 -3,73 146,61 -136,22 0,95
58 -4,16 -4,45 -5,2 157,52 -153,76 0,96
59 -4,5 -4,73 -5,61 166,33 -166,33 0,97
60 -5,41 -5,92 -5,61 200,3 -200,3 0,98
61 -6,22 -6,33 -6,24 230,28 -230,28 0,99
62 -6,55 -6,64 -6,39 242,49 -242,49 0,97
63 -7,46 -7,76 -7,02 275,94 -275,94 0,95
64 -7,27 -7,67 -8,14 268,85 -268,85 0,97
65 -6,29 -7,59 -6,29 251,69 -232,68 0,85
66 -3,13 -4,65 -9,7 237,32 -115,71 0,49
67 -3,16 -4,88 -8,4 228,75 -116,82 0,56
68 -3,27 -5,19 -8,14 244,1 -120,98 0,59
69 -1,69 -4,19 -1,72 260,64 -62,64 0,41
70 -0,37 -3,53 -3,98 295,59 -13,62 0,24
71 -0,55 -3,92 -4,33 318,69 -20,45 0,25
72 -1,48 -4,71 -9,34 328,85 -54,82 0,32
73 -1,35 -4,35 -11,18 313,19 -49,92 0,25
74 0,43 -2,93 -9,7 313,27 15,93 0,11
75 -0,6 -3,86 -11,18 322,36 -22,09 0,19
76 -3,95 -6,86 -11,32 349,62 -146,13 0,55
77 -6,11 -8,17 -11,44 314,49 -226,1 0,77
78 -6,88 -8,76 -11,22 311,6 -254,57 0,82
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do DSAS.
Gráfico 40 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m),
no período seco, para o Setor 3 – NSM
Mapa 24 – Variação total da linha de costa (m) – no período seco, para o Setor 3
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
Gráfico 43 – Taxa de variação da linha de costa (m), no período chuvoso, para o Setor 1
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
152
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
153
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
Gráfico 45 – Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor 1
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
155
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
156
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
e uma redução significativa dos processos de erosão. As áreas de erosão foram concentradas
no trecho Oeste do setor, com uma área total de 54 m², enquanto as de progradação situaram-
se no trecho central e Leste, com uma área total 219 m².
No que diz respeito à TVLC, demostrou-se predominância dos processos de
progradação, com uma média geral de 446,75 m², mediante a média de 259,50 m² dos
processos erosivos. Para as taxas de variação no contexto de acresção, foi registrada uma taxa
média de 0,0674 m, para as de erosão, uma média de -0,0655. Em termos gerais, a taxa de
variação 1979 – 2016 foi de 0,0010 m (Gráfico 47).
Gráfico 47 – Taxa de variação da linha de costa (m), no período chuvoso, para o Setor 2
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
158
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
159
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
erosivos. Em termos gerais, a taxa de variação 1979 – 2016 foi de 0,0115 m (Gráfico 49).
Gráfico 49 – Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor 2
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
161
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
162
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
de maneira mais efetiva, com uma área total de 456,3 m², distribuídos ao longo de todo o
setor 3. Os processos erosivos concentraram uma área de 19,5 m², situados na porção Leste.
No que diz respeito à TVLC, demostrou-se predominância dos processos de
progradação entre os anos de 1979 – 1989, 1989 – 1999 e 2009 – 2016, com uma taxa média
de 0,06 m, com exceção do período de 1999 – 2009, os quais se sobressairam os processos
erosivos, com uma taxa média de -0,12. Para o horizonte de dados, registrou-se uma taxa
média de 0,01 m (Gráfico 51).
Gráfico 51 – Taxa de variação da linha de costa (m), no período chuvoso, para o Setor 3
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
164
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
165
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
Gráfico 53 – Taxa de variação da linha de costa (m), no período seco, para o Setor 3
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
167
Fonte: Elaborado pelo autor , a partir de dados Landsat e aplicação do Change Polygon.
168
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
marinhos, é, ao que tudo indica, a forçante responsável pela intensificação dessa dinâmica.
A partir da aplicação do DSAS, identificou-se para o setor 2, face praial
abrigada/trecho praia de Parajuru, que os processos erosivos foram efetivos em ambos os
períodos, seco e chuvoso, ao passo que os processos progradacionais tendem a se concentrar
nos períodos secos. No período no chuvoso, a taxa de variação média foi de -4,24 (m/ano),
com recuo total de -40,91 m. No período seco, a taxa de variação média foi de -2,90 (m/ano),
com variação de 48,39 m.
A partir da aplicação do método do polígono de mudança, identificaram-se para o
setor 2, face praial abrigada/trecho praia de Parajuru, as mesmas tendências constatadas pelo
método anterior. No período chuvoso, obteve-se um saldo sedimentar de área modificada de
250,16 m², que está diretamente relacionado à grande alteração sofrida entre 1979-1989. A
taxa de variação média, entretanto, foi mais conservadora, com um valor de 0,0010 m. Já para
o período seco, o saldo sedimentar foi da ordem de 187,25m², com uma taxa de variação
média da ordem de 0,015 m.
A partir da aplicação do DSAS, identificou-se para o setor 3, face praial
exposta/trecho praia de Parajuru, a atuação mais intensa de processos erosivos para o período
seco, atingindo 100% de área total erodida em determinados períodos. No período chuvoso,
há tendência de predomínio dos processos de progradação. A taxa de variação média para o
período chuvoso foi de - 0,68 (m/ano), com recuo total de -1,64 m. No período seco, a taxa
de variação média foi da ordem de -5,59 (m/ano) e variação - 118,80 m.
A partir da aplicação do método do polígono de mudança para o setor 3, face
praial exposta/trecho praia de Parajuru, observou-se, para o período chuvoso, um saldo
sedimentar de área total modificada de 126,81 m². A taxa de variação média, entretanto, foi
mais expressiva em relação aos demais setores, com um valor de 0,012 m. Já para o período
seco, o saldo sedimentar foi da ordem de 213,48 m², com uma taxa de variação média da
ordem de 0,027 m, a maior registrada de toda a série de dados.
O setor 3, face praial exposta/trecho praia de Parajuru, tem apresentado as
evidencias mais preocupantes de erosão costeira ao longo de toda a área de estudo. Nesse
setor foram encontradas as mais elevadas taxas de erosão, evidenciadas in situ pela destruição
de uma série de estruturas, como residências e estabelecimentos comerciais. Além disso, esse
é o único setor onde são encontradas estruturas de proteção costeira, como enrocamentos e
bagwall, instaladas para salvaguardar as estruturas dispostas ao longo da linha de costa.
Tais medidas, entretanto, têm se mostrado insuficientes no controle dos processos
170
erosivos, uma vez que a acentuada dinâmica morfosedimentar e hidrodinâmica dessa região
do litoral cearense vem passando por intensas modificações de ordem antrópica, como a
instalação de barramentos ao longo do leito do rio Pirangi e do rio Jaguaribe (maior bacia
hidrográfica do estado do Ceará, exercendo forte influência no aporte de sedimentação
terrígena na área de estudo), infraestrutura para carcinicultura e parque eólico sobre a área de
by-pass de sedimentos, além do avanço da área urbanizada.
A aplicação do método do polígono de mudança (Change Polygon) e Digital
Shoreline Analysis System (DSAS), para análise das variações morfológicas sofridas pela
linha de costa em escala multitemporal, mostraram-se eficazes, rápidas e precisas,
apresentando resultados semelhantes. A principal diferença entre os dois métodos é o fato do
polígono de mudança ser mais conservador do que o DSAS, apesar de fornecer a mesma
informação no que diz respeito às tendências erosivas ou progradacionais. Outra diferença é a
quantidade de derivações estatísticas derivadas, que são mais elevadas no DSAS.
A adoção do intervalo temporal para a aplicação dos referidos métodos mostrou-
se eficaz para análise do comportamento evolutivo da linha de costa, considerando-se a noção
de sazonalidade climática, que influencia diretamente nos processos modeladores da linha de
costa.
Os resultados obtidos neste trabalho, através da aplicação dos métodos do
Polígono de Mudança e DSAS para análise da evolução da linha de costa, mostraram-se
satisfatórios, nos permitem sugeri-los para estudos similares, em função da sua eficiência,
interface de fácil utilização e boa acurácia na operacionalização dos dados.
A adoção destes métodos para análise da evolução da linha de costa pode ser
melhorada através da integração com dados acerca dos processos dinâmicos, tais como os
oceanográficos, hidroclimáticos e sedimentares.
Em função da carência de estudos desta natureza na área da praia de Parajuru, este
trabalho contribui para o melhor conhecimento da evolução da linha de costa no litoral
cearense, melhor orientando a aplicação da análise geoespacial de dados multiespectrais, no
estudo temporal da linha de costa.
171
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