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A Didática como norteadora do espaço-tempo escolar e sua relação com a escola-

professor-aluno.

Os textos bases para esta primeira etapa da disciplina produz um sentimento de que ser
professor é algo técnico-científico, assim como remonta o surgimento das escolas, com acesso
à população como um todo, na Modernidade. De fato, ainda não temos toda a população
frequentando escolas, cada realidade local tem seus contrastes que permitem ou não atingir
este objetivo. O que vale a pena ressaltar é que a maneira como a escola é interpretada
socialmente também se alterou com o tempo, com a democratização ao acesso vieram as
divergências sócio-culturais e a relação professor-aluno necessitou ser repensada de forma a
garantir a qualidade no ensino, fato que até hoje não foi alcançado.
Particularmente corroboro com a eficácia de técnicas e constante evolução destas, a
partir de avaliações periódicas, para um trabalho docente mais efetivo. Como citado no texto
parafraseio Libâneo, que ""considera a Didática como sendo um ramo da ciência pedagógica
que tem por objeto de estudo o “processo de ensino no seu conjunto, no qual os objetivos,
conteúdos, métodos e formas organizativas da aula se relacionam entre si de modo a criar as
condições e os modos de garantir aos alunos uma aprendizagem significativa"". Tendo como
principal características o planejamento, a execução e a avaliação.
Em minha história escolar passei por vários professores, os que foram mais eficazes
em seus objetivos eram os que estavam abertos ao diálogo, seja da disciplina em questão ou
de fatos do cotidiano. Houveram discentes que somente passavam o conteúdo na lousa, dando
a ideia de que a cópia traria o conhecimento, uma professora de história da quinta série (hoje
sexto ano) nos fazia decorar seu resumo e o cobrava na prova, digo prova porque não
considero a memorização de algo como uma avaliação coerente com o que devemos aprender
sobre história. Na mesma disciplina, já no ensino médio, tive o primeiro professor negro,
apesar de ainda haver uma parcela pequena de professores negros nas escolas, houve um
aumento significativo, talvez pelas políticas públicas de acesso à universidade dos últimos
anos, este preferia dialogar, refletir, expor e ouvir exposições sobre os temas apresentados. A
postura do segundo se enquadra mais ao que penso quando organizo minhas aulas.
Tive uma professora de matemática que acompanhou a turma por sete anos, assim
conseguiu dar continuidade àquilo que desempenhava, havia repetição nos exercícios, não da
forma de decorar as operações matemáticas, mas no sentido de aplicá-las em diferentes
situações, apesar das situações nem sempre trazerem problemas cotidianos, de algum modo
fazia a imaginação fluir e evoluir a partir de diálogos de lógica em eu e meus pensamentos.
Houve também um professor de filosofia que lecionou somente por um ano, mas foi o
suficiente para marcar de forma eficaz sua passagem, mantinha praticamente um ordem
militar na sala, mas explanava os conceitos com muita clareza e cumplicidade com aquilo que
se propunha, nos fez ler os próprios textos dos filósofos, acredito que seja o único professor
de ensino médio que faça (ou fazia) isto, todavia foi importante lidar com a complexidade da
linguagem que foi imposta.
Como professor de física, adotei como base teórica a pedagogia histórico-crítica, me
baseava de fato na organização do professor de filosofia, numa espiral evolutiva de repetição
de conceitos científicos e operações matemáticas da professora de matemática, e na busca da
reflexão crítica e diálogo de que entender conceitos científicos, saber enquadrá-los de forma
histórica e social. Situar o tempo e espaço do indivíduo e da sociedade ocidental, assim como
perceber as diferenças sociais possibilitadas por cada período de desenvolvimento tecnológico
era um dos focos.
Sendo assim, vejo a didática norteando o espaço-tempo da sala de aula, tem um tempo,
um espaço, um grupo de indivíduos que divergem em suas trajetórias de vidas e objetivos
concretos ou abstratos. A cada cinquenta minutos é necessário inventar um início-meio-fim de
algo que se deseja compartilhar, e este objetivo deve ser acompanhado e constituído com os
diferentes universos que se encontram naquela singularidade de aula ou sequência de aulas.

Marcio C. Bortoloti

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