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Informativo 892-STF
Márcio André Lopes Cavalcante
Julgado excluído por ter menor relevância para concursos públicos e por ter sido decidido com base em peculiaridades
do caso concreto: ADPF 165/DF.
ÍNDICE
DIREITO CONSTITUCIONAL
ADPF
É possível celebrar acordo em ADPF.
DIREITO ELEITORAL
LEI DA FICHA LIMPA
É aplicável a alínea “d” do inciso I do art. 1º da LC 64/90, com a redação dada pela LC 135/2010, a fatos anteriores
a sua publicação.
DIREITO AMBIENTAL
CÓDIGO FLORESTAL
Análise da constitucionalidade do novo Código Florestal (Lei 12.651/2012).
DIREITO CIVIL
TRANSGÊNERO
Transgênero pode alterar seu prenome e gênero no registro civil mesmo sem fazer cirurgia de transgenitalização e
mesmo sem autorização judicial.
DIREITO PENAL
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
Em caso de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.
DIREITO CONSTITUCIONAL
ADPF
É possível celebrar acordo em ADPF
Importante!!!
Não tem nos livros!!!
É possível que seja celebrado um acordo no bojo de uma arguição de descumprimento de
preceito fundamental (ADPF)?
SIM. É possível a celebração de acordo num processo de índole objetiva, como a ADPF, desde
que fique demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente (implícito), que
comporta solução por meio de autocomposição.
Vale ressaltar que, na homologação deste acordo, o STF não irá chancelar ou legitimar
nenhuma das teses jurídicas defendidas pelas partes no processo.
O STF irá apenas homologar as disposições patrimoniais que forem combinadas e que
estiverem dentro do âmbito da disponibilidade das partes.
A homologação estará apenas resolvendo um incidente processual, com vistas a conferir
maior efetividade à prestação jurisdicional.
STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 892).
É possível que seja celebrado um acordo no bojo de uma arguição de descumprimento de preceito
fundamental (ADPF)?
SIM.
É possível a celebração de acordo num processo de índole objetiva, como a ADPF, desde que fique
demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente (implícito), que comporta solução
por meio de autocomposição.
Vale ressaltar que, na homologação deste acordo, o STF não irá chancelar ou legitimar nenhuma das
teses jurídicas defendidas pelas partes no processo.
O STF irá apenas homologar as disposições patrimoniais que forem combinadas e que estiverem dentro
do âmbito da disponibilidade das partes.
A homologação estará apenas resolvendo um incidente processual, com vistas a conferir maior
efetividade à prestação jurisdicional.
STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 892).
Exemplo:
As pessoas que tinham dinheiro em conta poupança nos anos de 1986 a 1991 foram prejudicadas pelos
planos econômicos editados neste período (Planos Cruzado, Bresser, Verão e Collor II). Isso porque esses
planos fizeram a conversão dos valores depositados de forma errada (os chamados “expurgos
inflacionários”).
Em razão disso, tais poupadores ingressaram com ações judiciais pedindo a correção disso e o pagamento
das diferenças. Além das ações individuais, também foram propostas ações coletivas ajuizadas por
associações de defesa do consumidor e por associações de poupadores.
Os juízes e Tribunais estavam todos decidindo em favor dos poupadores.
A fim de tentar reverter a situação, Confederação Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) ajuizou, no
Supremo Tribunal Federal (STF), a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 165,
pedindo, com eficácia erga omnes (para todos) e efeito vinculante, a suspensão de qualquer decisão
judicial que tivesse por objeto a reposição das perdas decorrentes dos planos econômicos.
Na ação, a CONSIF alegava a plena constitucionalidade dos referidos planos, de forma que os poupadores
não teriam nada a receber.
Ao longo da tramitação da ADPF, as várias associações de defesa do consumidor e dos poupadores, que
haviam ajuizado ações coletivas tratando do tema, pediram para intervir no processo na qualidade de
amicus curiae (ex: Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Associação Brasileira do Consumidor,
entre outras), o que foi aceito pelo STF.
Depois de quase 9 anos tramitando no STF, houve um acordo entre a CONSIF (autora da ADPF) e as
associações de defesa do consumidor/poupadores.
Vale ressaltar que a AGU atuou como mediadora desse ajuste (art. 4º da Lei nº 13.140/2015), por meio da
Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal.
Por meio desse acordo, os bancos aceitam pagar os poupadores segundo cronograma e condições que
estão no ajuste e, em troca, os correntistas desistem das ações individuais que possuíam contra as
instituições financeiras. Além disso, as associações de defesa do consumidor comprometeram-se a
peticionar nas ações civis públicas que ingressaram requerendo a extinção do processo pela transação
(art. 487, III, “b”, do CPC).
Os termos do acordo preveem o pagamento de mais de 12 bilhões de reais aos poupadores, que serão
inscritos em plataforma digital preparada pelo CNJ. Os bancos irão analisar os requerimentos dos
interessados. Os pagamentos serão feitos nas contas correntes dos beneficiários, que receberão os
respectivos valores à vista ou parceladamente, a depender do montante.
Terão direito à reparação todos que haviam ingressado com ações coletivas e individuais para cobrar das
instituições financeiras os valores referentes às correções. No caso das ações individuais, poupadores ou
herdeiros que ingressaram judicialmente dentro do prazo prescricional de 20 anos da edição de cada plano
também poderão receber os valores. Igualmente poderão aderir os poupadores que, com base em ações
civis públicas, requereram execução de sentença coletiva até 31/12/2016.
Apesar de a resolução da ADPF ter sido com resolução do mérito, ressalte-se, mais uma vez, que o STF, ao
homologar o acordo, não concordou com nenhuma das teses jurídicas defendidas pelas partes no
processo, ou seja, não disse que os poupadores ou que os bancos tinham razão. Isso não foi analisado na
homologação do acordo.
Existe previsão legal de que as associações autoras de ações civis públicas possam fazer transação
nessas ações?
NÃO. A Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos públicos podem fazer acordos nas
ações civis públicas em curso, não mencionando as associações privadas. Confira:
Art. 5º (...)
§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de
ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título
executivo extrajudicial.
Mesmo sem previsão legal as associações privadas podem transacionar em ações civis públicas
O STF afirmou que, mesmo sem previsão normativa expressa, as associações privadas também podem
fazer acordos nas ações coletivas.
Assim, a ausência de disposição normativa expressa no que concerne a associações privadas não afasta a
viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos
diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes privados
é dado fazer tudo que a lei não proíbe.
Para o Min. Ricardo Lewandoswki, “não faria sentido prever um modelo que autoriza a justiciabilidade
privada de direitos e, simultaneamente, deixar de conferir aos entes privados as mais comezinhas
faculdades processuais, tais como a de firmar acordos.”
DIREITO ELEITORAL
Importante!!!
A condenação por abuso do poder econômico ou político em ação de investigação judicial
eleitoral, transitada em julgado, “ex vi” do artigo 22, inciso XIV, da Lei Complementar 64/90,
em sua redação primitiva, é apta a atrair a incidência da inelegibilidade do artigo 1º, inciso I,
alínea "d", na redação dada pela Lei Complementar 135/2010, aplicando-se a todos os
processos de registros de candidatura em trâmite.
STF. Plenário. RE 929670/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado
em 1º/3/2018 (repercussão geral) (Info 892).
Desse modo, antes da Lei da Ficha Limpa, o político condenado por abuso de poder teria que ficar 3 anos
sem disputar novas eleições. Com a mudança, ele passou a ter que ficar 8 anos inelegível.
A Lei da Ficha Limpa somente foi aplicada a partir das eleições de 2010
A Lei da Ficha Limpa foi promulgada em 4 de junho de 2010. Como entrou em vigor menos de 1 ano antes
das eleições gerais de 2010, o STF entendeu que ela não poderia ser aplicada naquele pleito por força do
que dispõe o art. 16 da CF/88:
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
Essa decisão foi tomada no RE 633703, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/03/2011.
O processo transitou em julgado em 2004 e João cumpriu os 3 anos de inelegibilidade, conforme havia
sido determinado.
Nas eleições de 2008, já livre da inelegibilidade, ele concorreu e foi eleito para o cargo de Vereador. Ele
conseguiu concorrer porque já havia passado o prazo de 3 anos (2004 + 3 = 2007).
Nas eleições de 2012, ele tentou concorrer novamente ao mandato de Vereador, mas seu registro foi
indeferido sob o argumento de que entrou em vigor a Lei da Ficha Limpa e que aquela sua condenação
(que já transitou em julgado e que ele já cumpriu) aumentou de 3 para 8 anos. Assim, segundo a nova
redação do art. 1º, I, “d”, da LC 64/90, ele teria que ficar inelegível de 2004 até 2012 (2004 + 8 = 2012).
Resumindo:
• em 2004, João praticou abuso de poder econômico e foi condenado a uma inelegibilidade de 3 anos,
conforme previa a redação originária do art. 1º, I, “d”, da LC 64/90.
• esse processo transitou em julgado e, em 2007, João terminou de cumprir o prazo de inelegibilidade
para o qual foi condenado.
• em 2010, a Lei da Ficha Limpa (2010) aumentou a punição prevista no art. 1º, I, “d”, da LC 64/90 de 3
para 8 anos.
• a Justiça Eleitoral entendeu que, mesmo a Lei da Ficha Limpa tendo entrado em vigor após o fato
praticado por João, este novo diploma deveria ser aplicado ao caso concreto. Logo, a inelegibilidade de
João, que era de 3 anos (e que acabou em 2007), subiria para 8 anos (e a proibição permaneceria para as
eleições de 2012).
Recurso extraordinário
João não concordou com a decisão da Justiça Eleitoral e recorreu ao STF alegando que a inelegibilidade
constitui espécie de sanção, razão pela qual a mudança legislativa não poderia retroagir por se tratar de
lei mais grave (art. 5º, XXXVI, CF/88). Além disso, teria havido ofensa à coisa julgada.
Para reforçar a sua tese, João argumentou que a própria LC 64/90 prevê a inelegibilidade como sanção:
Art. 22 (...)
Informativo 892-STF (07/03/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 6
Informativo
comentado
XIV – julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos eleitos, o Tribunal
declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato,
cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos
subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato
diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder
de autoridade ou dos meios de comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério
Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, ordenando
quaisquer outras providências que a espécie comportar; (Redação dada pela LC 135/2010)
A pergunta que se faz é a seguinte: esse aumento trazido pela Lei da Ficha Limpa já se aplica para a
situação de João mesmo que o fato tendo ocorrido antes da vigência da nova Lei?
SIM. O STF entendeu que é possível aplicar o prazo de 8 anos de inelegibilidade, introduzido pela LC
135/2010 (Lei da Ficha Limpa), às condenações por abuso de poder, mesmo nos casos em que o processo
já tenha transitado em julgado quando a Lei da Ficha Limpa entrou em vigor.
O fato de a condenação nos autos de representação por abuso de poder econômico ou político haver
transitado em julgado, ou mesmo haver transcorrido o prazo da sanção de três anos, imposta por força
de condenação pela Justiça Eleitoral, não afasta a incidência da inelegibilidade constante da alínea “d” do
inciso I do art. 1º da LC 64/90, cujo prazo passou a ser de 8 anos.
Repercussão geral
Sobre esse tema, o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral:
A condenação por abuso do poder econômico ou político em ação de investigação judicial eleitoral,
transitada em julgado, “ex vi” do artigo 22, inciso XIV, da Lei Complementar 64/90, em sua redação primitiva,
é apta a atrair a incidência da inelegibilidade do artigo 1º, inciso I, alínea "d", na redação dada pela Lei
Complementar 135/2010, aplicando-se a todos os processos de registros de candidatura em trâmite.
STF. Plenário. RE 929670/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em
1º/3/2018 (repercussão geral) (Info 892).
Logo, as hipóteses de inelegibilidade previstas na LC 64/90 não possuem caráter sancionatório ou punitivo,
mesmo no caso descrito no art. 22, XIV.
Não existe no ordenamento jurídico brasileiro a figura da inelegibilidade-sanção.
• Retroatividade mínima: a nova lei altera as consequências jurídicas de fatos ocorridos antes da sua edição.
• Retrospectividade: a nova lei atribui novos efeitos jurídicos, a partir de sua edição, a fatos ocorridos
anteriormente.
DIREITO AMBIENTAL
CÓDIGO FLORESTAL
Análise da constitucionalidade do novo Código Florestal (Lei 12.651/2012)
Importante!!!
O STF analisou a constitucionalidade do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) e decidiu:
1) declarar a inconstitucionalidade das expressões “gestão de resíduos” e “instalações
necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais”,
contidas no art. 3º, VIII, b, da Lei nº 12.651/2012;
2) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, da Lei, de modo a se
condicionar a intervenção excepcional em APP, por interesse social ou utilidade pública, à
inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à atividade proposta;
3) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV, para fixar
a interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água intermitentes configuram
área de preservação permanente;
4) declarar a inconstitucionalidade das expressões “demarcadas” e “tituladas”, contidas no
art. 3º, parágrafo único;
5) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir
compensação apenas entre áreas com identidade ecológica;
6) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo a afastar,
no decurso da execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de
regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos ilícitos ambientais
praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, aplicando-se
extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a prescrição
ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva”.
Todos os demais dispositivos da Lei foram considerados constitucionais.
STF. Plenário. ADC 42/DF, ADI 4901/DF, ADI 4902/DF, ADI 4903/DF e ADI 4937/DF, Rel. Min. Luiz
Fux, julgados em 28/2/2018 (Info 892).
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Código Florestal
A Lei nº 12.651/2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, ficou conhecida como sendo o
novo Código Florestal.
Foram ajuizadas cinco ações discutindo a constitucionalidade desta lei: uma ADC e quatro ADIs.
O STF realizou o julgamento conjunto dessas ações.
Resultado
O STF decidiu:
1) declarar a inconstitucionalidade das expressões “gestão de resíduos” e “instalações necessárias à
realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b,
do novo Código Florestal;
2) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, de modo a se condicionar a intervenção
excepcional em APP, por interesse social ou utilidade pública, à inexistência de alternativa técnica e/ou
locacional à atividade proposta;
3) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV, para fixar a interpretação de
que os entornos das nascentes e dos olhos d´água intermitentes configuram área de preservação
permanente;
4) declarar a inconstitucionalidade das expressões “demarcadas” e “tituladas”, contidas no art. 3º,
parágrafo único;
5) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir compensação apenas entre
áreas com identidade ecológica;
6) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo a afastar, no decurso da
execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de regularização ambiental, o risco de
decadência ou prescrição, seja dos ilícitos ambientais praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções
deles decorrentes, aplicando-se extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo
o qual “a prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva”;
7) que todos os demais dispositivos do novo Código Florestal são constitucionais.
(...)
VIII - utilidade pública:
b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte,
sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos
Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão,
instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou
internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro
e cascalho;
Esse conceito de “utilidade pública” é utilizado em diversas partes da Lei nº 12.651/2012 com a finalidade
de excetuar a proteção às áreas de preservação permanente e de uso restrito. Veja, por exemplo:
Art. 8º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente
somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto
ambiental previstas nesta Lei.
§ 1º A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá
ser autorizada em caso de utilidade pública.
Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25° e 45°, serão permitidos o manejo florestal sustentável e o
exercício de atividades agrossilvipastoris, bem como a manutenção da infraestrutura física associada
ao desenvolvimento das atividades, observadas boas práticas agronômicas, sendo vedada a
conversão de novas áreas, excetuadas as hipóteses de utilidade pública e interesse social.
2) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, da Lei, de modo a se
condicionar a intervenção excepcional em APP, por interesse social ou utilidade pública, à inexistência
de alternativa técnica e/ou locacional à atividade proposta.
Veja o que diz a Lei:
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
(...)
VIII - utilidade pública:
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte,
sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos
Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão,
instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou
internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro
e cascalho;
c) atividades e obras de defesa civil;
d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções
ambientais referidas no inciso II deste artigo;
IX - interesse social:
a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como
prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção
de plantios com espécies nativas;
b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural
familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura
vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área;
c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e
culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabelecidas
nesta Lei;
d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente por
população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas, observadas as condições estabelecidas
na Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009;
e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados
para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade;
f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela
autoridade competente;
g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento
administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta,
definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal;
Conforme já explicado no item anterior, em casos de utilidade pública ou interesse social, seria possível a
“mitigação” da proteção ambiental, como no exemplo do art. 8º:
Art. 8º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente
somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto
ambiental previstas nesta Lei.
§ 1º A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá
ser autorizada em caso de utilidade pública.
3) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV, para fixar a
interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água intermitentes configuram área de
preservação permanente.
Veja o que diz a Lei:
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
(...)
XVII - nascente: afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá início a um
curso d’água;
Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos
desta Lei:
(...)
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação
topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;
A definição de nascente envolve perenidade (característica do que é perene = duradouro). Ocorre que o
STF afirmou que não se pode negar proteção também aos entornos das nascentes e dos olhos d´água
intermitentes.
Assim, a interpretação deve ser a de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água, mesmo que
intermitentes, também configuram área de preservação permanente.
4) são inconstitucionais as expressões “demarcadas” e “tituladas”, contidas no art. 3º, parágrafo único.
Veja o que diz a Lei:
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
(...)
V - pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal
do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de
reforma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3º da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006;
(...)
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, estende-se o tratamento dispensado aos imóveis a que se
refere o inciso V deste artigo às propriedades e posses rurais com até 4 (quatro) módulos fiscais
que desenvolvam atividades agrossilvipastoris, bem como às terras indígenas demarcadas e às
demais áreas tituladas de povos e comunidades tradicionais que façam uso coletivo do seu
território.
5) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir compensação
apenas entre áreas com identidade ecológica.
Veja o que diz a Lei:
Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica
de direito público ou privado, mediante termo assinado pelo titular da CRA e pelo adquirente.
(...)
§ 2º A CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imóvel rural situado no mesmo
bioma da área à qual o título está vinculado.
6) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo a afastar, no
decurso da execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de regularização
ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos ilícitos ambientais praticados antes de
22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, aplicando-se extensivamente o disposto no § 1º do art.
60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão
da pretensão punitiva”.
O art. 59, §4º e 5º conferiu uma espécie de anistia aos proprietários que cometeram ilícitos ambientais
relacionados com a supressão irregular de vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de Reserva
Legal e de uso restrito, desde que cumpridos alguns requisitos. Confira:
Art. 59. A União, os Estados e o Distrito Federal deverão, no prazo de 1 (um) ano, contado a partir
da data da publicação desta Lei, prorrogável por uma única vez, por igual período, por ato do Chefe
do Poder Executivo, implantar Programas de Regularização Ambiental - PRAs de posses e
propriedades rurais, com o objetivo de adequá-las aos termos deste Capítulo.
(...)
§ 4º No período entre a publicação desta Lei e a implantação do PRA em cada Estado e no Distrito
Federal, bem como após a adesão do interessado ao PRA e enquanto estiver sendo cumprido o
termo de compromisso, o proprietário ou possuidor não poderá ser autuado por infrações
cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação em Áreas de
Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito.
§ 5º A partir da assinatura do termo de compromisso, serão suspensas as sanções decorrentes das
infrações mencionadas no § 4º deste artigo e, cumpridas as obrigações estabelecidas no PRA ou
no termo de compromisso para a regularização ambiental das exigências desta Lei, nos prazos e
condições neles estabelecidos, as multas referidas neste artigo serão consideradas como
convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente,
regularizando o uso de áreas rurais consolidadas conforme definido no PRA.
22 de julho de 2008 foi a data da edição do Decreto nº 6.514/2008, que regulamentou a Lei nº 9.605/98
(lei que trata sobre sanções penais e administrativas relacionadas com o meio ambiente).
O STF afirmou que esses dispositivos são válidos, mas que se deve evitar a prescrição e a decadência.
Assim, deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo que, durante a
execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de regularização ambiental, não corra o
prazo de decadência ou prescrição.
Aplica-se aqui a mesma solução prevista no § 1º do art. 60 da Lei nº 12.651/2012:
Art. 60. A assinatura de termo de compromisso para regularização de imóvel ou posse rural
perante o órgão ambiental competente, mencionado no art. 59, suspenderá a punibilidade dos
crimes previstos nos arts. 38, 39 e 48 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, enquanto o
termo estiver sendo cumprido.
§ 1º A prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva.
§ 2º Extingue-se a punibilidade com a efetiva regularização prevista nesta Lei.
ARGUMENTOS INVOCADOS PELO STF PARA A DECLARAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DOS DEMAIS DISPOSITIVOS
Meio ambiente como direito e dever
O art. 225 da Constituição Federal estabelece que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Sob essa perspectiva, o meio ambiente assume função dúplice no microssistema jurídico, na medida em que
representa simultaneamente um direito e um dever dos cidadãos, os quais se posicionam, paralelamente,
também de forma simultânea, como credores e como devedores da obrigação de proteção respectiva.
Políticas ambientais devem estar em harmonia com o mercado de trabalho e com o desenvolvimento social
Por outro lado, as políticas públicas ambientais devem conciliar-se com outros valores democraticamente
eleitos pelos legisladores, como o mercado de trabalho, o desenvolvimento social, o atendimento às
necessidades básicas de consumo dos cidadãos etc.
Dessa forma, não é adequado desqualificar determinada regra legal como contrária ao comando constitucional
de defesa do meio ambiente (art. 225), ou mesmo sob o genérico e subjetivo rótulo de “retrocesso ambiental”,
ignorando as diversas nuances que permeiam o processo decisório do legislador, democraticamente investido
da função de apaziguar interesses conflitantes por meio de regras gerais e objetivas.
Não se deve desprezar que a mesma Constituição que protege o meio ambiente também afirma que o
Estado brasileiro deve garantir a livre iniciativa (arts. 1º, IV, e 170) e o desenvolvimento nacional (art. 3º,
II), erradicar a pobreza e a marginalização, e reduzir as desigualdades sociais e regionais (arts. 3º, III, e 170,
VII), proteger a propriedade (arts. 5º, “caput” e XXII, e 170, II), buscar o pleno emprego (arts. 170, VIII, e
6º) e a defender o consumidor (arts. 5º, XXXII, e 170, V).
DIREITO CIVIL
TRANSGÊNERO
Transgênero pode alterar seu prenome e gênero no registro civil mesmo
sem fazer cirurgia de transgenitalização e mesmo sem autorização judicial
Importante!!!
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de
transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o
direito à alteração do prenome e do gênero (sexo) diretamente no registro civil.
STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado
em 28/2 e 1º/3/2018 (Info 892).
Transgênero
Transgênero é o indivíduo que possui características físicas sexuais distintas das características psíquicas.
Informativo 892-STF (07/03/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 16
Informativo
comentado
Transexual
Da mesma forma, o transexual também possui características físicas sexuais distintas das características
psíquicas. Ele também não se identifica com o seu gênero biológico.
Não existe ainda uma uniformidade científica, no entanto, segundo a posição majoritária, a diferença
entre o transgênero e o transexual é a seguinte:
Resumindo:
• transgênero: quer poder se expressar e ser reconhecido como sendo do sexo oposto, mas não tem
necessidade de modificar sua anatomia.
• transexual: quer poder se expressar e ser reconhecido como sendo do sexo oposto e deseja modificar
sua anatomia (seu corpo) por meio da terapia hormonal e/ou da cirurgia de redesignação sexual
(transgenitalização).
Identidade de gênero
Significa a maneira como alguém se sente e a maneira como deseja ser reconhecida pelas demais pessoas,
independentemente do seu sexo biológico.
“A identidade de gênero se refere à experiência de uma pessoa com o seu próprio gênero. Pessoas
transgênero possuem uma identidade de gênero que é diferente do sexo que lhes foi designado no
momento de seu nascimento.
Uma pessoa transgênero ou trans pode identificar-se como homem, mulher, trans-homem, trans-mulher,
como pessoa não-binária ou com outros termos, tais como hijra, terceiro gênero, dois-espíritos, travesti,
fa’afafine, gênero queer, transpinoy, muxe, waria e meti. Identidade de gênero é diferente de orientação
sexual. Pessoas trans podem ter qualquer orientação sexual, incluindo heterossexual, homossexual,
bissexual e assexual.” (Nota Informativa das Nações Unidas. Disponível em https://unfe.org/system/unfe-
91-Portugese_TransFact_FINAL.pdf?platform=hootsuite)
Se o transexual faz a cirurgia de transgenitalização, ele poderá alterar o prenome e o sexo/gênero nos
assentos do registro civil?
SIM. Essa possibilidade já foi reconhecida há muitos anos pelo STJ:
(...) A interpretação conjugada dos arts. 55 e 58 da Lei n. 6.015/73 confere amparo legal para que
transexual operado obtenha autorização judicial para a alteração de seu prenome, substituindo-o por
apelido público e notório pelo qual é conhecido no meio em que vive. (...)
STJ. 4ª Turma. REsp 737.993/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/11/2009.
Sendo realizada a retificação do registro, os documentos serão alterados e neles não constará nenhuma
menção quanto à troca do sexo.
Alegou que sofre muitos transtornos porque sente-se como mulher, veste-se como mulher, mas os dados
que constam em seus documentos são masculinos (nome e sexo).
Na ação, Mário pediu para que seu prenome seja alterado para Mariana e seu sexo para feminino.
Contudo, o empecilho que encontrou foi pelo fato de que não fez a cirurgia de transgenitalização nem
deseja realizar.
A questão jurídica enfrentada, portanto, pelo STJ foi a seguinte: é possível que o transgênero altere seu
nome e o gênero no assento de registro civil mesmo que não faça a cirurgia de transgenitalização?
SIM. Inicialmente o STJ decidiu que:
O direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro civil não é condicionado
à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.626.739-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/5/2017 (Info 608).
Agora, o STF avançou sobre o tema e, de forma mais ampla, utilizou a expressão transgênero, afirmando que:
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da
realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e
do gênero (sexo) diretamente no registro civil.
STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
28/2 e 1º/3/2018 (Info 892).
Fundamentos jurídicos:
Constituição Federal
• direito à dignidade (art. 1º, III, da CF);
• direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem (art. 5º, X, da CF).
Pacto de São José da Costa Rica
• direito ao nome (artigo 18);
• direito ao reconhecimento da personalidade jurídica (artigo 3);
• direito à liberdade pessoal (artigo 7.1 do Pacto);
• o direito à honra e à dignidade (artigo 11.2 do Pacto).
Opinião Consultiva 24/17 da Corte Interamericana de Direitos Humanos, sobre “Identidade de Gênero e
Igualdade e Não Discriminação a Casais dos Mesmo Sexo”, publicada em 24.11.2017, na qual se definiram
as obrigações estatais em relação à mudança de nome, à identidade de gênero e os direitos derivadas de
um vínculo entre casais do mesmo sexo. Veja trecho da Opinião Consultiva:
“(...) a Corte Interamericana deixa estabelecido que a orientação sexual e a identidade de gênero, assim
como a expressão de gênero, são categorias protegidas pela Convenção.
Por isso está proibida pela Convenção qualquer norma, ato ou prática discriminatória baseada na
orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero da pessoa. Em consequência, nenhuma
norma, decisão ou prática do direito interno, seja por parte das autoridades estatais ou por particulares,
podem diminuir ou restringir, de modo algum, os direitos de uma pessoa à sua orientação sexual, sua
identidade de gênero e/ ou sua expressão de gênero”. (par. 78).
“O reconhecimento da identidade de gênero pelo Estado é de vital importância para garantir o gozo pleno
dos direitos humanos das pessoas trans, incluindo a proteção contra a violência, a tortura e maus tratos,
o direito à saúde, à educação, ao emprego, à vivência, ao acesso a seguridade social, assim como o direito
à liberdade de expressão e de associação.”
O STF, contudo, afirmou que se deve fazer uma nova interpretação desse art. 58 à luz da Constituição
Federal e do Pacto de São José da Costa Rica.
Vimos acima que o transgênero não precisa fazer cirurgia para requerer a alteração do prenome e do
sexo. Ok. Uma última pergunta, apenas para não ficar dúvidas: a pessoa transgênera precisa de
autorização judicial para essa alteração?
Informativo 892-STF (07/03/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 19
Informativo
comentado
NÃO. O STF entendeu que exigir do transgênero a via jurisdicional para realizar essa alteração
representaria limitante incompatível com a proteção que se deve dar à identidade de gênero.
O pedido de retificação é baseado unicamente no consentimento livre e informado do solicitante, sem a
necessidade de comprovar nada.
RECURSOS
Não cabe recurso extraordinário contra decisão do TST que julga PAD
Não cabe recurso extraordinário contra decisão do TST que julga processo administrativo
disciplinar instaurado contra magistrado trabalhista.
Compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as “causas” decididas em única ou
última instância (art. 102, III, da CF/88).
O vocábulo “causa” referido no inciso III do art. 102 da CF/88 só abrange processos judiciais,
razão pela qual é incabível a interposição de recursos extraordinários contra acórdãos
proferidos pelos Tribunais em processos administrativos, inclusive aqueles de natureza
disciplinar instaurados contra magistrados.
STF. 2ª Turma. ARE 958311/SP, rel. org. Min. Teori Zavaski, red.p/ac. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 27/02/2018 (Info 892).
O vocábulo “causa” referido no inciso III do art. 102 da CF/88 só abrange processos judiciais, razão pela
qual é incabível a interposição de recursos extraordinários contra acórdãos proferidos pelos Tribunais em
processos administrativos, inclusive aqueles de natureza disciplinar instaurados contra magistrados.
No mesmo sentido:
O recurso extraordinário, para revelar-se processualmente cabível, pressupõe, dentre outros requisitos, a
existência de “causa”, que tenha sido decidida, em única ou última instância (CF, art. 102, III), por órgão
do Poder Judiciário, no exercício da atividade jurisdicional.
A decisão emanada de órgão judiciário, proferida em sede materialmente administrativa, de que haja
resultado a imposição de sanção disciplinar, não se expõe à possibilidade de direta impugnação mediante
recurso extraordinário, pelo fato de o procedimento disciplinar - em cujo âmbito o Poder Judiciário
desempenha função de índole correcional - não se qualificar como “causa”, eis que deliberações adotadas
na esfera meramente administrativa não se revelam impregnadas de caráter jurisdicional.
STF. 2ª Turma. AI 316458 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 19/03/2002.
Em suma:
Não cabe recurso extraordinário contra decisão do TST que julga processo administrativo disciplinar
instaurado contra magistrado trabalhista.
Compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as “causas” decididas em única ou última
instância (art. 102, III, da CF/88).
O vocábulo “causa” referido no inciso III do art. 102 da CF/88 só abrange processos judiciais, razão pela
qual é incabível a interposição de recursos extraordinários contra acórdãos proferidos pelos Tribunais
em processos administrativos, inclusive aqueles de natureza disciplinar instaurados contra magistrados.
STF. 2ª Turma. ARE 958311/SP, rel. org. Min. Teori Zavaski, red.p/ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em
27/02/2018 (Info 892).
Importante!!!
Não tem nos livros!!!
A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o réu e pedir
a extinção do processo, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC.
O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos públicos podem
fazer acordos nas ações civis públicas em curso, não mencionando as associações privadas.
Apesar disso, a ausência de disposição normativa expressa no que concerne a associações
privadas não afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita
unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que
a lei determina, ao passo que aos entes privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe.
STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 892).
Existe previsão legal de que as associações autoras de ações civis públicas possam fazer transação
nessas ações?
NÃO. A Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos públicos podem fazer acordos nas
ações civis públicas em curso, não mencionando as associações privadas. Confira:
Art. 5º (...)
Mesmo sem previsão legal as associações privadas podem transacionar em ações civis públicas
O STF afirmou que, mesmo sem previsão normativa expressa, as associações privadas também podem
fazer acordos nas ações coletivas.
Assim, a ausência de disposição normativa expressa no que concerne a associações privadas não afasta a
viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos
diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes privados
é dado fazer tudo que a lei não proíbe.
Para o Min. Ricardo Lewandoswki, “não faria sentido prever um modelo que autoriza a justiciabilidade
privada de direitos e, simultaneamente, deixar de conferir aos entes privados as mais comezinhas
faculdades processuais, tais como a de firmar acordos.”
Resumindo:
A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o réu e pedir a extinção
do processo, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC.
STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 892).
DIREITO PENAL
Importante!!!
Atualize seus livros!
A Súmula 608 do STF permanece válida mesmo após o advento da Lei nº 12.015/2009.
Assim, em caso de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública
incondicionada mesmo após a Lei nº 12.015/2009.
STF. 1ª Turma. HC 125360/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 27/2/2018 (Info 892).
CÓDIGO PENAL
Antes da Lei nº 12.015/2009 Depois da Lei nº 12.015/2009
Art. 225. Nos crimes definidos nos capítulos Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II
anteriores, somente se procede mediante queixa. deste Título, procede-se mediante ação penal
§ 1º Procede-se, entretanto, mediante ação pública: pública condicionada à representação.
I - se a vítima ou seus pais não podem prover às Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante
despesas do processo, sem privar-se de recursos ação penal pública incondicionada se a vítima é
indispensáveis à manutenção própria ou da família; menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.
Informativo 892-STF (07/03/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 22
Informativo
comentado
O estupro pode ser praticado mediante grave ameaça ou violência. Se o estupro é praticado mediante
violência real, qual será a ação penal neste caso?
Em 1984, o STF editou uma súmula afirmando que se trata de ação pública incondicionada. Confira:
Súmula 608-STF: No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública
incondicionada.
Com a edição da Lei nº 12.015/2009, a maioria da doutrina defendeu a ideia de que esta súmula teria sido
superada. Isso porque o caput do art. 225 do Código Penal falou que a regra geral no estupro é a ação
pública condicionada. Ao tratar sobre as exceções nas quais o crime será de ação pública incondicionada,
o parágrafo único do art. 225 não fala em estupro com violência real. Logo, para os autores, teria havido
uma omissão voluntária do legislador.
O STF acatou esta tese? Depois da Lei nº 12.015/2009, o estupro praticado mediante violência real passou
a ser de ação pública condicionada? Com a Lei nº 12.015/2009, a Súmula 608 do STF perdeu validade?
NÃO. O tema ainda não está pacificado, mas a 1ª Turma do STF decidiu que:
A Súmula 608 do STF permanece válida mesmo após o advento da Lei nº 12.015/2009.
Assim, em caso de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.
STF. 1ª Turma. HC 125360/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
27/2/2018 (Info 892).
Faça essa observação nos seus livros porque a esmagadora maioria deles diz o contrário.
Vale ressaltar que é dispensável a ocorrência de lesões corporais para a caracterização da violência real
nos crimes de estupro. Em outras palavras, mesmo que a violência praticada pelo agressor não deixe
marcas, não gere lesões corporais na vítima, ainda assim a ação será pública incondicionada. Nesse
sentido: STF. 2ª Turma. HC 102683, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 14/12/2010.
E no caso de estupro que resulta lesão corporal grave ou morte (art. 213, §§ 1º e 2º)? Qual será a ação
penal nestas hipóteses?
A doutrina também defende que neste caso a ação penal seria pública condicionada.
A Procuradoria-Geral da República ajuizou até mesmo uma ADI contra a nova redação do art. 225 do
Código Penal, dada pela Lei nº 12.015/2009.
Na ação, a PGR pede que o caput do art. 225 seja declarado parcialmente inconstitucional, sem redução
de texto, apenas “para excluir do seu âmbito de incidência os crimes de estupro qualificado por lesão
corporal grave ou morte, de modo a restaurar, em relação a tais modalidades delituosas, a regra geral da
ação penal pública incondicionada (artigo 100 do Código Penal e artigo 24 do Código de Processo Penal)”.
Em outras palavras, a PGR pediu que o STF interprete o art. 225 do CP dizendo que o estupro que resulte
lesão corporal grave ou morte será crime de ação pública incondicionada.
O processo é a ADI 4301, que deve ser julgada ainda este ano.
Vale ressaltar que, com a decisão acima explicada (HC 125360/RJ), ganha força essa ADI proposta pela
PGR e a tendência é que ela seja julgada procedente.
HABEAS CORPUS
Em regra, não cabe habeas corpus contra decisão transitada em julgado
A orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que o habeas corpus não se
revela instrumento idôneo para impugnar decreto condenatório transitado em julgado.
STF. 1ª Turma. HC 143445 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 05/02/2018.
Os autos noticiam o trânsito em julgado da condenação imposta ao paciente, sendo certo que o habeas
corpus não pode ser utilizado como sucedâneo de revisão criminal.
STF. 2ª Turma. HC 148631 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 01/12/2017.
O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça não têm admitido o habeas corpus como
sucedâneo do meio processual adequado, seja o recurso ou a revisão criminal, salvo em situações
excepcionais, quando manifesta a ilegalidade ou sendo teratológica a decisão apontada como coatora.
STJ. 5ª Turma. HC 418.896/MA, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/02/2018.
O manejo de habeas corpus após o trânsito em julgado da condenação, visando reconhecer eventual
ilegalidade na dosimetria da pena, questão não suscitada em momento algum pela defesa, durante a
tramitação do processo penal, importa em indevida supressão de instância e de manejo do writ de modo
indevido, com feições de revisão criminal.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 420.097/ES, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 07/11/2017.
EXERCÍCIOS
Julgue os itens a seguir:
1) Não é possível que seja celebrado um acordo no bojo de uma arguição de descumprimento de preceito
fundamental (ADPF) tendo em vista a impossibilidade de desistência desse tipo de ação. ( )
2) A condenação por abuso do poder econômico ou político em ação de investigação judicial eleitoral,
transitada em julgado, “ex vi” do artigo 22, inciso XIV, da Lei Complementar 64/90, em sua redação
primitiva, é apta a atrair a incidência da inelegibilidade do artigo 1º, inciso I, alínea "d", na redação dada
pela Lei Complementar 135/2010, aplicando-se a todos os processos de registros de candidatura em
trâmite. ( )
3) Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da
realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e do
gênero (sexo) no registro civil mediante autorização judicial. ( )
4) Cabe recurso extraordinário contra decisão do TST que julga processo administrativo disciplinar
instaurado contra magistrado trabalhista. ( )
5) A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o réu e pedir a extinção
do processo, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC. ( )
6) A Súmula 608 do STF permanece válida mesmo após o advento da Lei nº 12.015/2009. Assim, em caso
de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada mesmo após a Lei
nº 12.015/2009. ( )
Gabarito
1. E 2. C 3. E 4. E 5. C 6. C
O Tribunal assinalou, ainda, que a ausência de disposição normativa expressa no que concerne a associações
privadas não afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita unicamente quanto
aos entes públicos diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos
entes privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe.
Estabeleceu haver cinco pontos passíveis de exame pelo julgador quanto à viabilidade do acordo: a) se
realmente houve declaração de vontade de reconhecer o pedido, de renunciar ao direito ou de ajustar
mútuas concessões entre as partes; b) se a matéria comporta ato de disposição; c) se os contratantes são
titulares do direito do qual dispõem total ou parcialmente; d) se são capazes de transigir; e e) se estão
adequadamente representados.
Constatou que os requisitos previstos nos itens “a”, “b” e “d” estão preenchidos. Por sua vez, no que se refere
ao item “c”, ante previsão no acordo que, supostamente, prolongaria, por mais dois anos, a suspensão
processual à qual estão sujeitas as ações relativas aos planos econômicos, deduziu não ser correta a
interpretação. A aludida cláusula prevê, apenas, que decorrido o prazo de dois anos, não será mais possível
aderir ao acordo, hipótese em que ações judiciais prosseguirão em seu normal andamento. Como não foram
as partes que convencionaram a suspensão dos processos, elas não teriam competência para fazer persistir
ou cessar a suspensão.
A respeito do item “e”, o Colegiado afirmou que o acordo foi firmado por entidades com relevante histórico
de defesa dos interesses de seus associados e com notório interesse e participação em ações coletivas
relativas ao tema dos planos econômicos. Ressalvou que representatividade adequada não previne maus
acordos, mas consiste em salvaguarda para proteger os interesses de natureza coletiva. A esta salvaguarda,
somam-se outras de igual envergadura nos presentes autos: a) publicidade ampla a todos os atos processuais
e ao acordo coletivo; b) admissão de inúmeros “amicus curiae”; e c) a complementação da atuação das partes
pela fiscalização do Ministério Público, com legitimidade ampla e independência funcional para tutelar
direitos coletivos.
Apesar da existente controvérsia sobre a justiça do acordo, a incerteza sobre o resultado final do litígio e a
existência das mencionadas salvaguardas recomendam a homologação da avença, com a possibilidade de os
interessados aderirem a ela se desejarem.
Além disso, a disseminação das lides repetitivas no cenário jurídico e a possibilidade de solução por meio de
processos coletivos estimula o STF a estabelecer parâmetros importantes para inúmeros casos análogos,
conferindo maior previsibilidade a esses litígios.
No que tange aos honorários advocatícios, a despeito da racionalidade firmada no acordo, segundo a qual a
efetivação dos direitos coletivos é, em regra, individualizada, evoluções na legislação processual conduzem
a interpretação no sentido de ser possível e recomendável a execução coletiva mandamental.
As disposições do acordo que estabelecem percentuais fixos a serem pagos a título de honorários, quando
confrontadas com casos em que a verba foi fixada judicialmente em valor superior, portanto, não violam
direitos dos causídicos.
Isso porque, em primeiro lugar, para os autores individuais e para os exequentes das ações coletivas
transitadas em julgado, o caráter voluntário do acordo está integralmente preservado. Além disso, se a parte
e seu advogado decidirem, em conjunto, aderir ao acordo, o ato é duplamente voluntário. Se, entretanto,
apenas a parte aderir, cabe um acordo privado entre ela e seu advogado, ou solução por meio das regras
relativas ao contrato de mandato.
No que tange aos exequentes individuais de ações coletivas ainda não transitadas em julgado, em que a
adesão é obrigatória e o título executivo judicial não está plenamente formado, exige-se atenção
diferenciada, porque o Ministério Público tem atuado de forma preponderante no processo coletivo. A
excepcionalidade da tutela privada de interesses públicos por meio de ações coletivas decorre da ausência
de incentivos financeiros para a atuação da sociedade civil.
Assim, é responsabilidade do Judiciário superar as deficiências do sistema processual coletivo. O acordo em
análise representa oportunidade de firmar incentivos reais para estimular as associações a assumir papel
mais ativo na atuação processual coletiva, já que elas dispõem de vantagens institucionais para agir em nome
do particular lesado.
O acordo deve ser, portanto, homologado como proposto, de maneira a pacificar a controvérsia espelhada
nos autos, sem que isso implique qualquer comprometimento do STF com as teses jurídicas nele veiculadas,
especialmente aquelas que pretendam, explícita ou implicitamente, vincular terceiras pessoas ou futuras
decisões do Judiciário.
ADPF 165/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 1º.3.2018. (ADPF-165)
OUTRAS INFORMAÇÕES
CLIPPING DA R E P E R C U S S Ã O G E R A L
DJe de 26 de fevereiro a 2 de março de 2018
INOVAÇÕES LEGISLATIVAS
26 DE FEVEREIRO A 2 DE MARÇO DE 2018
Medida Provisória n° 821, de 26.2.2018 - Altera a Lei nº 13.502, de 1º de novembro de 2017, que
dispõe sobre organização básica da Presidência da República e dos Ministérios, para criar o Ministério
Extraordinário da Segurança Pública. Publicada no DOU, Seção 1, Edição n° 39, p.1, em 27.2.2018
Decreto n° 9293, de 26.2.2018 - Concede indenização a família de pessoa desaparecida ou morta em
razão de participação ou acusação de participação em atividades políticas, no período de 2 de setembro de
1961 a 5 de outubro de 1988. Publicada no DOU, Seção 1, Edição 39, p.2, em 27.2.2018
Secretaria de Documentação – SDO
Coordenadoria de Jurisprudência Comparada e Divulgação de Julgados – CJCD
CJCD@stf.jus.br