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Primeiros Cristãos
Uma análise da Igreja moderna sob a luz do
cristianismo primitivo
David W. Bercot
Primeira Edição
www.LMSdobrasil.com.br
São Paulo – SP
LMS
2013
QUE F ALEM OS P RIMEIROS CRIS TÃOS
Uma análise da Igreja moderna sob a luz do cristianismo primitivo
David W. Bercot
Traduzido com permissão expressa da Scroll Publishing Co. Todos os
direitos reservados. O copyright© da edição original em inglês é
mantido pela Scroll Publishing Co., 22012 Indian Spring Tr.,
Amberson, PA 17210 USA. Fone: 717 340 7033 –
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A não ser que se indique o contrário, todas as citações bíblicas foram
tiradas da versão Corrigida Fiel de João Ferreira de Almeida. Usado
com permissão da Sociedade Bíblica Trinitariana.
Impresso no Brasil
Versão impressa disponível de:
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O prisioneiro
Um amor incondicional
Em nenhuma outra fase do cristianismo o amor esteve tão
presente quanto nos três primeiros séculos. A sociedade
romana percebeu isso. Tertuliano informou que os romanos
costumavam dizer: “Vejam como eles amam uns aos
outros!”6
Justino Mártir definiu o amor cristão da seguinte maneira:
Nós que valorizávamos a aquisição de riquezas e posses acima
de tudo agora entregamos o que temos para um fundo comum,
que é dividido com qualquer um que necessite. Costumávamos
odiar e destruir uns aos outros, recusando-nos a fazer associação
com qualquer pessoa de outra raça ou nacionalidade, mas agora,
por meio de Cristo, vivemos junto com essas pessoas e oramos
por nossos inimigos. 7
Clemente escreveu sobre a pessoa que encontra Deus:
Ela se torna pobre por amor, para que tenha certeza de que
nunca irá negligenciar um irmão em necessidade, principalmente
se souber que pode suportar a pobreza mais que seu irmão.
Também sente a dor do outro como se fosse sua. Se acaso passar
alguma dificuldade por haver se tornado pobre, ela não reclama.8
Depois que uma praga devastadora atingiu o mundo antigo
no terceiro século, os cristãos foram os únicos que cuidaram
dos enfermos, mesmo correndo o risco de contrair a doença.
Enquanto isso, os pagãos jogavam os infectados de suas
próprias famílias nas ruas, ainda vivos, a fim de se
protegerem da peste.9
Eis outro exemplo que ilustra o amor fraternal dos cristãos
e seu compromisso inflexível com Jesus como seu Senhor:
um ator pagão se tornou cristão e percebeu que teria que
mudar de profissão, já que a maioria das peças que encenava
falava sobre imoralidades e estava cheia da idolatria pagã.
Além do mais, às vezes, o teatro transformava garotos em
homossexuais, para que eles pudessem encenar os papéis
femininos com maior perfeição. Já que o ator não possuía
nenhuma outra habilidade profissional, pensou em abrir uma
escola de dramaturgia para os pagãos que quisessem estudar
teatro. No entanto, ele primeiro levou sua ideia para os
líderes da igreja e lhes pediu conselho.
Os líderes lhe disseram que se a dramaturgia era uma
profissão imoral, então não seria certo ensiná-la aos outros.
Todavia, como aquela era uma situação nova para eles,
escreveram a Cipriano em Cartago, pedindo sua opinião.
Então, Cipriano concordou que uma profissão que não servia
para um cristão também não deveria ser ensinada por ele,
mesmo que fosse seu único meio de sustento.
Quantos de nós ficaríamos tão preocupados em fazer o que
é certo que submeteríamos uma decisão tão importante como
nosso emprego (e meio de sustento) à comissão da igreja? E
quantos líderes da igreja se preocupariam tanto em não
ofender a Deus que assumiriam uma posição tão inflexível
assim?
Mas a história não acaba aqui. Cipriano também disso
àqueles irmãos que eles deveriam sustentar o ator, caso ele
não tivesse outro meio para se manter, do mesmo modo que
sustentavam os órfãos, viúvas e outros necessitados. E ele
foi além: “Se a igreja não tiver condições de sustentá-lo, ele
deve se mudar para cá, para que possamos providenciar tudo
o que ele precisar.”10 Cipriano e sua igreja sequer
conheciam aquele ator, mas estavam dispostos a sustentá-lo
só porque era um irmão na fé. É como um cristão disse aos
romanos: “Nós nos amamos com amor mútuo, simplesmente
porque não sabemos odiar.”11 Será que se os cristãos de hoje
fizessem esse tipo de declaração o mundo acreditaria?
O amor dos cristãos primitivos não era limitado aos seus
irmãos na fé. Eles também ajudavam os que não eram
cristãos: os pobres, os órfãos, os idosos, os enfermos, os
abatidos e até seus perseguidores.12 Jesus disse: “Amai os
vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mateus
5:44). Os cristãos primitivos tomaram isso como um
mandamento de seu Senhor, em vez de um ideal que não pode
ser praticado na vida real.
Lactâncio escreveu:
Se todos somos originados de um só homem criado por Deus,
então somos uma só família. Assim, o ódio a outro ser humano
deve ser considerado abominação, não importando quão culpado
seja. Por essa razão, Jesus decretou que não devemos odiar
ninguém, mas devemos, sim, rejeitar o ódio. Deste modo,
podemos confortar nossos inimigos, lembrando-lhes da nossa
relação mútua. Pois se todos viemos à vida por meio do mesmo
Deus, o que mais somos senão irmãos? … Por sermos todos
irmãos, Deus nos ensina a nunca fazermos mal uns aos outros,
somente o bem. Devemos ajudar os oprimidos e os que estão em
dificuldade e também alimentar os famintos. 13
A Bíblia ensina que um cristão não deveria levar seu
irmão ao tribunal. Em vez disso, deve sofrer injustiça nas
mãos de seu irmão, se necessário for (leia 1 Coríntios 6:7).
Contudo, como advogado, vejo que os cristãos não hesitam
em processar seus irmãos na fé. Recentemente, aconteceu um
caso muito perturbador na cidade onde moro. Um aluno de
uma escola cristã local trabalhava em seu tempo livre para
ajudar a pagar seus estudos. Certo dia, ele foi atingido pelo
vapor de um inseticida que estava pulverizando no prédio da
escola e precisou ser hospitalizado imediatamente.
Aparentemente, o método de pulverização da escola era
inapropriado. Sabe o que aconteceu? Os pais do aluno
processaram a escola em mais de meio milhão de dólares!
Os cristãos primitivos, ao contrário, não apenas se
recusavam a levar seus irmãos ao tribunal, como recusavam
levar qualquer um a julgamento, já que viam a todos como
irmãos.
Não é de admirar que o cristianismo tenha se espalhado
tão rápido pelo mundo antigo, mesmo havendo poucos
programas evangelísticos organizados ou programas
missionários. O amor que eles viviam chamava a atenção de
todos, como Jesus disse que aconteceria.
O povo da cruz
Ninguém gosta de sofrer. Recentemente, li uma pesquisa
com o povo norte-americano sobre sua opinião em relação
ao déficit no orçamento nacional. Praticamente todos os
entrevistados concordaram que o déficit tinha que ser
reduzido. Mas, ao mesmo tempo, quase três quartos deles
eram contra aumentar os impostos ou cortar gastos
governamentais. Em outras palavras, eles queriam que o
déficit diminuísse sem que houvesse nenhum sofrimento.
Nenhum sofrimento! É assim que queremos que o
cristianismo seja. Porém, Jesus disse aos seus discípulos: “E
quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de
mim. Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia,
perde a vida por minha causa achá-la-á” (Mateus 10:38 e
39). Apesar do que nosso Mestre nos disse, a mensagem da
cruz não é muito popular hoje em dia. Quando falamos do
evangelho às pessoas, raramente mencionamos as palavras
de Jesus sobre ter que carregar a cruz. Na verdade, damos a
impressão que uma vez que a pessoa aceite a Cristo sua vida
será repleta de felicidade.
Nos tempos da igreja primitiva, a mensagem que os novos
convertidos ouviam era bem diferente: “Ser cristão é sofrer.”
A declaração de Lactâncio era bem comum:
Aquele que escolhe viver bem pela eternidade, terá uma vida
de desconforto no presente. Estará sujeito a todo tipo de fardo e
problema aqui na Terra, para que no fim receba o consolo
celeste. Por outro lado, aquele que escolhe viver bem no
presente vai ficar mal durante toda a eternidade.10
Jesus fez uma alegoria parecida quando contrastou o
caminho estreito e apertado que leva à vida com a estrada
larga e espaçosa que conduz à destruição (leia Mateus 7:13 e
14).
Inácio, bispo (supervisor) da igreja de Antioquia e
companheiro do apóstolo João, foi preso por causa de seu
testemunho como cristão. Enquanto estava sendo levado para
Roma para ser executado, escreveu cartas de advertência e
encorajamento para várias congregações cristãs. Ele disse a
uma dessas igrejas:
Portanto é necessário não somente ser chamado pelo nome de
‘cristão’, mas ser um cristão de verdade… Se não estivermos
dispostos a passar pelo mesmo sofrimento de Cristo, sua vida
não está em nós11 (leia João 12:25).
Para outra congregação, ele escreveu:
Que tragam o fogo e a cruz. Que soltem as matilhas de animais
selvagens. Que quebrem e desloquem meus ossos e cortem
meus membros. Que mutilem todo o meu corpo. Na verdade, que
tragam todas as torturas diabólicas de Satanás. Mas deixem que
eu me apegue a Cristo!… Eu prefiro morrer por Cristo que
ganhar todos os reinos deste mundo.12
Logo depois de escrever essas palavras, Inácio foi levado
diante de uma multidão enlouquecida no Coliseu de Roma,
onde foi despedaçado por animais selvagens.
Tertuliano encorajou um grupo de cristãos que padecia
numa masmorra romana com as seguintes palavras:
Vejam tudo o que tiverem que sofrer como uma disciplina para
sua mente e corpo. Vocês estão prestes a passar por uma luta
nobre, em que o Deus vivo é quem os dirige e o Espírito Santo é
quem os treina. O prêmio é uma coroa eterna e angelical, a
cidadania celeste e a glória infinita… A prisão faz para o cristão
o mesmo papel que o deserto fez para o profeta. O próprio Jesus
passou muito tempo sozinho, para que tivesse maior liberdade
para orar e se manter afastado do mundo… Os pés não sentem
as correntes quando a mente está no céu.13
No entanto, a maioria dos cristãos não precisava ser
avisada do sofrimento que viria, pois já tinham visto tudo
com seus próprios olhos. Na realidade, um dos meios mais
poderosos de evangelismo da época era o testemunho dos
milhares de cristãos que passavam por sofrimento e morte
apenas para não renunciar ao seu Senhor.
Em sua primeira apologia, Tertuliano relembrou aos
romanos que a perseguição deles apenas fortalecia os
cristãos:
Quanto mais vocês nos matam, mais crescemos em
quantidade, pois o sangue cristão é como uma semente… Pois
quando pensam sobre o assunto, qual de vocês não fica curioso
em saber o que está por trás disso tudo? E quando perguntam por
aí, quem é que não acaba adotando nossos ensinamentos? E
depois que os adotam, como não sofrer também para receber
conosco a glória de Deus?14
Evangelho pleno
Hoje em dia, este termo muito comum chegou a significar
“pentecostal” ou “carismático”. Porém, um dos problemas
da igreja atual é que raramente ouvimos o evangelho pleno
sendo pregado, sejamos nós carismáticos ou não. Geralmente
os sermões falam sobre as bênçãos de ser cristão, mas quase
nunca mencionam o sofrimento por Cristo.
Estamos tão distantes da mensagem da igreja primitiva,
que a maioria de nós não tem a menor ideia do que é sofrer
por Cristo. Anos atrás, ouvi um sermão de um pastor sobre
1 Pedro 4:16: “Mas, se sofrer como cristão, não se
envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse
nome”. O pastor comentou que a maioria dos cristãos
modernos não entende o conceito de sofrer por Cristo.
Depois do culto, eu estava conversando com o pastor
quando um diácono se aproximou e lhe agradeceu pela
mensagem. O diácono concordou que a maioria dos cristãos
não compreende o que é sofrer por ser cristão. Contudo, o
diácono disse que ele sabia exatamente o que o pastor quis
dizer. Então, passou a descrever a dor e o sofrimento que ele
passou alguns anos antes durante uma cirurgia. Enquanto
voltava para casa, fiquei pensando na maneira como o
diácono ilustrou tão bem o ponto de vista que o pastor estava
tentando mostrar: que os cristãos modernos não sabem o que
significa sofrer por Cristo. Achamos que quando enfrentamos
as mesmas tribulações que todo mundo enfrenta, estamos
sofrendo por Cristo.
É claro que há outros meios de carregar nossa cruz,
diferentes de sofrer perseguição. Clemente comenta que para
um cristão comum a cruz pode ser representada por um
casamento em que o cônjuge não é cristão, ou ter que
obedecer a pais que não creem em Deus, ou ainda, ser
empregado de um patrão descrente. Mas embora todas essas
situações trouxessem muito sofrimento físico e emocional,
elas eram uma cruz mais leve para carregar para os que já
tinham se comprometido a sofrer tortura e morte por amor a
Cristo (leia Romanos 8:17; Apocalipse 12:11).
No passado, os cristãos suportavam casamentos dolorosos
com descrentes por toda a vida, mas hoje, milhares de
cristãos se divorciam de seus cônjuges crentes sem
pestanejar, pelo simples fato de seus casamentos não serem
aquilo que idealizaram. Essas pessoas preferem desobedecer
a Deus que carregar uma cruz tão leve. Já houve cristãos que
me disseram que simplesmente não conseguiam continuar
suportando um casamento cheio de brigas. Fico imaginando
o que essas pessoas dirão no dia do juízo, quando se
encontrarem com cristãos que preferiram ter os olhos
queimados com brasas vivas, ou seus braços arrancados, ou
ainda sua pele rasgada a desobedecer a Deus. Por que será
que aqueles cristãos eram capazes de suportar tamanho
sofrimento enquanto nós mal conseguimos manter um
casamento fracassado? Talvez seja porque não aceitamos a
responsabilidade de carregar nossa cruz.
Há muitos anos, uma mulher me contou que estava se
divorciando de seu esposo, pois os dois já não se davam
bem. Ela me disse, com lágrimas nos olhos: “Não quero ser
obrigada a viver assim pelo resto da minha vida.” Mais
tarde, comecei a pensar na expressão que ela tinha usado:
“pelo resto da minha vida”. Lembrei-me das muitas vezes
que eu mesmo havia dito aquelas palavras. O uso de tal
expressão me mostrou que o céu não era uma realidade para
mim, ao menos não no mesmo sentido da minha vida
terrestre.
Os cristãos primitivos aceitavam o sofrimento físico,
porque seus olhos estavam fixos na eternidade. Eles não
pensavam que o sofrimento duraria “pelo resto de suas
vidas”, mas por no máximo cinquenta ou sessenta anos, já
que o “resto de suas vidas” seria passado com Jesus na
eternidade. Se comparado a isso, o sofrimento presente é
irrelevante. Assim como Tertuliano, eles entendiam que “os
pés não sentem as correntes quando a mente está no céu”.
********
Uma das doutrinas contidas nos ensinamentos da Igreja é que há
um Deus justo. Isso encoraja aqueles que acreditam a viverem de
maneira virtuosa, rejeitando o pecado. Essas mesmas pessoas
reconhecem que as coisas dignas de louvor e culpa estão sob
nosso controle.
É nossa responsabilidade viver corretamente. Deus nos pede
isso, não como se isso dependesse dele, ou de qualquer outra
pessoa, ou do destino (como alguns acreditam), mas como se
dependesse de nós mesmos. O profeta Miquéias demonstrou isso
ao dizer: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que
o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e a ames e
andes humildemente com o teu Deus?” (Miquéias 6:8). E
Moisés disse: “Te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a
maldição” (Deuteronômio 30:15).
Observe como Paulo também fala com a compreensão de que
temos livre arbítrio e que nós mesmos somos a causa da nossa
ruína ou da nossa salvação. Ele diz: “Ou desprezas tu as riquezas
da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando
que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento? Mas,
segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras
ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus; O
qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: A
vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem,
procuram glória, honra e incorrupção; Mas a indignação e a
ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e
obedientes à iniquidade” [Romanos 2:4–8].
Mas algumas declarações do Antigo e Novo Testamento
poderiam levar à conclusão oposta: a de que não depende de nós
guardarmos os mandamentos e sermos salvos. Ou transgredi-los e
nos perdermos. Então, vamos examiná-las uma a uma.
Primeiro, as declarações sobre Faraó têm deixado muitos
incomodados. Deus declarou em várias ocasiões: “Endurecerei o
coração do Faraó” (Êxodo 04:21). É claro que se o Faraó
endureceu o coração por causa de Deus e pecou por ter o coração
endurecido, ele não foi a causa de seu próprio pecado. Então, ele
não tinha o livre arbítrio.
Junto com esta passagem, vamos também dar uma olhada na
seguinte passagem de Paulo: “Mas, ó homem, quem és tu, que a
Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a
formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder
sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra
e outro para desonra?”(Romanos 9:20–21).
Uma vez que acreditamos que Deus é justo e bom, vamos ver
como o bom e justo Deus poderia endurecer o coração do Faraó.
Talvez possamos mostrar através de uma ilustração utilizada pelo
apóstolo na epístola aos hebreus que Deus pode mostrar
misericórdia para com um homem enquanto endurece o coração
de outro, mesmo não tendo a intenção de fazê-lo. Paulo diz:
“Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai
sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é
lavrada, recebe a bênção de Deus; Mas a que produz espinhos
e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é
ser queimada” (Hebreus 6:7–8).
Pode parecer estranho que ele que produz a chuva diga: “Eu
produzi frutos e os espinhos da terra”. Mas, embora pareça
estranho, é verdade. Se a chuva não tivesse caído, não haveria
frutas nem espinhos. Portanto, a bênção da chuva caiu até em
terras improdutivas. Mas como a terra foi abandonada e não foi
cultivada, produziu espinhos e abrolhos. Então, os atos
maravilhosos de Deus são como a chuva e os diferentes
resultados são como a terra cultivada e a terra abandonada.
Os atos de Deus também são como o sol, que poderia dizer:
“Eu abrando e endureço”. Embora essas ações sejam contrárias,
o sol não estaria mentindo, pois assim como o calor derrete a
cera, ele endurece o barro. Mas por outro lado, os milagres
realizados por Moisés endureceram o coração do Faraó por causa
de sua própria maldade. Mas suavizaram alguns egípcios, que
saíram do Egito junto com os hebreus.
Vejamos outra passagem: “Assim, pois, isto não depende do
que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece”
(Romanos 9:16). Paulo não nega que algo tem que ser feito pelos
humanos. Mas reconhece que é Deus, que completa a obra. O
simples desejo humano não é suficiente para atingir o objetivo,
assim como o simples fato de correr não faz com que o atleta
ganhe o prêmio. Nem permite aos cristãos obter o precioso
chamado de Deus em Cristo Jesus. Essas coisas só são alcançadas
com a ajuda de Deus.
Paulo disse como se estivesse falando sobre o cultivo da terra:
“Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por
isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas
Deus, que dá o crescimento” (1 Coríntios 3:6–7). Então não
podemos dizer que a semeadura é um trabalho só do agricultor.
Também não é só do irrigador. No fim das contas, é um trabalho
de Deus. Do mesmo modo, não é como se não tivéssemos
nenhum papel em nosso crescimento espiritual rumo à perfeição.
No entanto, não somos nós que terminamos a obra, pois Deus
produz a maior parte. O mesmo vale para a nossa salvação. O que
Deus faz é infinitamente maior do que o que nós fazemos.7
********
Deus pode prever o futuro?
Apesar de não acreditarem em predestinação, os cristãos
primitivos acreditavam na soberania de Deus e em sua
capacidade de prever o futuro. Por exemplo, eles entendiam
que a profecia divina sobre Esaú e Jacó era resultado de sua
habilidade de prever o futuro e não resultado de predestinar,
arbitrariamente, aqueles homens para um determinado
destino. Mas os primeiros cristãos viam uma distinção muito
clara entre prever alguma coisa e fazê-la acontecer.
8
Prosperidade: bênção ou
maldição?
Os perigos da prosperidade
Aplicando alguns dos versículos citados, Hermes
escreveu:
Na verdade, estes são os que têm fé, mas também as riquezas
deste mundo. Quando vem a prova, negam o Senhor por causa de
sua riqueza e de seus negócios… Portanto, aqueles que são ricos
neste mundo não podem ser úteis ao Senhor, a menos que
primeiro reduzam suas riquezas. No seu caso, primeiro
aprendam isso. Quando vocês eram ricos, eram inúteis. Mas
agora são úteis e aptos para a vida.2
Então, aconselhou:
Abstenham-se dos muitos negócios e evitarão o pecado.
Aqueles que estão ocupados com muitos negócios também
cometem muitos pecados e acabam se distraindo com o trabalho
em vez de servir ao Senhor.3
Clemente alertou:
A riqueza por si só pode ensoberbecer e corromper a alma dos
que a possuem, desviando-os do caminho da salvação… [A
riqueza é] um fardo que deve ser removido como se fosse uma
doença perigosa e mortal.4
Cipriano, um homem rico que deu todos os seus bens aos
pobres para se tornar um cristão, repreendeu os membros da
congregação com estas palavras:
O amor às propriedades tem enganado muitos. Como eles
poderiam estar preparados para abandonar esta terra [por
perseguição], se suas riquezas os mantêm acorrentados aqui?…
Portanto, o Senhor, que só ensina coisas boas, disse, prevendo o
futuro: ‘Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e
dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-
me’ (Mateus 19:21). Se os ricos fizessem isso não pereceriam
por causa de suas riquezas… ‘Porque onde estiver o vosso
tesouro, aí estará também o vosso coração’ (Mateus 6:21).
Aquele que não tem nada no mundo não pode ser vencido pelo
mundo e poderia seguir ao Senhor, livre e sem restrições, como
fizeram os apóstolos… Mas como podem seguir a Cristo se
estão presos pelas correntes da riqueza?… Eles acham que
possuem, quando na verdade são possuídos. Eles não são
senhores do seu dinheiro, mas sim escravos dele.5
Usando a ilustração de Jesus sobre o caminho estreito e o
caminho largo, Lactâncio advertiu sobre aqueles que
prometem riqueza e prosperidade:
Satanás, ao inventar as falsas religiões, afastou os homens dos
caminhos celestes, conduzindo-os ao caminho da ruína. Esse
caminho parece ser plano e largo, adornado com todo tipo de
flores e frutos. Pois Satanás coloca nele todas as coisas que são
valorizadas na terra: riqueza, honra, diversão, prazer e todo tipo de
atração. Mas, escondido ao lado deles também estão a injustiça, a
crueldade, o orgulho, a luxúria, o conflito, a ignorância, a
falsidade, a mentira e outros vícios. Mas o final deste caminho é
o seguinte: quando chegam a um ponto em que não conseguem
mais voltar atrás, a estrada desaparece com toda sua beleza. Tudo
acontece tão rápido que ninguém consegue prever o golpe antes
que caia de cabeça em um profundo abismo…
Em comparação, o caminho celeste parece difícil, acidentado e
cheio de espinhos e pedras. Então, todos devem andar com o
máximo de cuidado e cautela para evitar a queda. Neste caminho,
Deus colocou justiça, temperança, paciência, fé, pureza, domínio
próprio, paz, conhecimento, verdade, sabedoria e outras virtudes.
Mas ao lado deles estão a pobreza, a humildade, o trabalho, a dor
e todo tipo de dificuldade. Pois aqueles que colocam sua
esperança além desta vida e escolhem coisas melhores não terão
os bens desta terra. Como carregam pouca bagagem e estão livres
de estorvos, eles podem superar as dificuldades do caminho. Pois
é impossível para o homem que foi cercado por toda a pompa
real, ou que possui muitas riquezas, entrar no caminho ou
perseverar diante dessas dificuldades (Mateus 7:13–14; 19:23–
24).6
Mas os cristãos primitivos não só falavam de pobreza,
como a maioria deles era realmente pobre. Os romanos os
ridicularizavam por isso. Por exemplo, um romano zombou
dos cristãos, dizendo:
Perceba — que muitos de vocês, na verdade, como vocês
mesmos admitem, são em sua maioria necessitados, passam frio
e fome e têm trabalhos difíceis. No entanto, o seu Deus permite
isso.7
O advogado cristão Marcus Félix, admitindo a verdade da
acusação, respondeu:
Sermos chamados de pobres não é a nossa desgraça, mas sim a
nossa glória. Pois assim como a mente relaxa numa vida de luxo,
ela se fortalece na pobreza. Mas quem pode ser pobre se não
anseia por coisa alguma? Se não deseja as posses de outros?
Mais pobre é aquele que apesar de ter muito quer sempre mais.8
A mensagem antimaterialista dos cristãos primitivos era
tão estranha para os romanos, que eles ridicularizavam o
cristianismo. Celso, o crítico romano, perguntou aos
cristãos:
Como poderia Deus ordenar que os judeus, através de Moisés,
acumulassem riquezas, estendessem seu domínio de terras,
enchessem a terra e matassem seus inimigos… Enquanto, seu
Filho, o Homem de Nazaré, instituiu leis totalmente contrárias a
isso? Ele declarou que ninguém pode ir ao Pai se amar o poder,
as riquezas ou a glória. Além disso, ele disse que os homens não
deviam se preocupar em obter comida mais que os corvos. Que
deviam se preocupar menos com suas vestes que os lírios do
campo.9
Alguém pode dizer que esses cristãos viviam na pobreza
simplesmente porque rejeitavam a prosperidade de Deus e
doavam suas riquezas. Mas como é que alguém pode dar
mais que Deus? Se a riqueza vem de Deus, um cristão não
pode perdê-la por obedecer à Sua Palavra e partilhar sua
riqueza com os pobres.
O moralismo do Antigo
Testamento ainda é válido?
Mas o cristão não tem uma responsabilidade para com seu país?
“Quer dizer que os cristãos não podem defender seu
país?” você pode estar se perguntando. Os cristãos
primitivos teriam respondido: “Sim, mas de uma maneira
bem diferente da do mundo.” Os romanos fizeram a mesma
pergunta aos cristãos, ao que eles responderam:
********
Somos incentivados a “ajudar o rei com toda nossa força, a lutar
com ele pela preservação da justiça, guerrear por ele, e, se
necessário for, lutar sob seu comando ou liderar um exército ao
seu lado”.
Nossa resposta é que ajudaremos o rei quando necessário, mas
do modo divino, “vestindo a armadura de Deus”. Fazemos isso em
obediência à ordem do apóstolo: “Admoesto-te, pois, antes de
tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações
de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que
estão em eminência” (1 Timóteo 2:1-2). Quanto mais alguém se
destaca espiritualmente, mais eficiente será sua ajuda aos reis, até
mais eficiente que a ajuda dos soldados que saem para a guerra e
matam quantos inimigos puderem assassinar.
Para nossos inimigos que exigem que levantemos nossas armas
em nome do imperador e matemos seres humanos, nós
respondemos: “Não é verdade que os sacerdotes que cuidam [dos
seus deuses]… mantêm suas mãos limpas de sangue, a fim de
oferecerem sacrifícios aos seus deuses com as mãos livres de
manchas do sangue humano?” Mesmo quando a guerra é contra
vocês, vocês não convocam os sacerdotes para lutar. Então, se
esse é um costume louvável, quanto mais que nós cristãos
façamos como os sacerdotes quando há uma guerra, mantendo
nossas mãos livres de sangue… Mas com nossas orações,
derrotamos todos os demônios que provocam a guerra… Deste
modo, somos muito mais úteis ao rei que aqueles que vão para o
campo de batalha… E ninguém luta melhor pelo rei do que nós.
No entanto, nos recusamos a lutar sob seu comando, mesmo que
ele exija isso. Porém, lutamos a seu favor, formando um exército
especial, o “exército da justiça”, que oferece orações a Deus.10
********
Podemos ter a tendência de considerar esse ponto de vista
um tanto irreal, porém os cristãos primitivos chamavam isso
de confiança. Mas afinal, quem está certo? A história mostra
que provavelmente esses cristãos não eram tão ingênuos
quanto parecem. Do período que vai do nascimento de Jesus
ao início do terceiro século, o Império Romano não
experimentou sequer uma invasão bem-sucedida em suas
fronteiras. Os historiadores chamam isso de “Pax Romana”
(paz romana) e o consideram um período extraordinário na
história da civilização ocidental. Por 200 anos, o mundo
mediterrâneo antigo experimentou um período de paz, o que
nunca tinha acontecido antes da Pax Romana e nunca mais
voltou a acontecer. É claro que nenhum historiador secular
atribuiria isso à presença e às orações dos cristãos, mas os
cristãos primitivos acreditavam piamente que aquilo era
fruto da intervenção divina.
Por exemplo, Orígenes perguntou aos romanos:
Então como foi possível que a doutrina do evangelho de paz
tenha prevalecido no mundo? Esta doutrina que não permite que
os homens se vinguem de seus inimigos, que chegou quando
Jesus veio ao mundo em espírito de paz. Vocês não acreditam
que ele mudou essas coisas?11
Em contraste, depois do império de Constantino, quando
os mestres cristãos como Agostinho passaram a ensinar a
doutrina da “guerra santa” e os cristãos começaram a apoiar
Roma com espadas, todo o Império Romano ocidental decaiu
em poucas décadas. O Império Romano caiu porque a igreja
mudou sua posição em relação à guerra? Ninguém pode
responder a essa pergunta com certeza. Mas no fim das
contas, é uma grande coincidência que Roma tenha
prosperado e ficado segura enquanto os cristãos serviram
como um “exército da justiça” especial, confiando somente
em Deus para proteger o império, e que assim que os
cristãos passaram a lutar na guerra física, Roma decaiu.
A vantagem do tempo
A igreja primitiva enfrentava um impasse com os
gnósticos que era bem parecido com a indecisão que temos
acerca dela. Tanto os cristãos primitivos quanto os gnósticos
diziam que tinham o evangelho verdadeiro. Sobre isso,
Tertuliano escreveu:
Eu digo que o meu evangelho é o verdadeiro. Mas Marcião
[um líder gnóstico] diz que o dele é que é. Porém, eu digo que o
evangelho de Marcião é adulterado. Ele diz que é o meu. E agora
como podemos resolver esse impasse? Só se usarmos o
princípio do tempo. De acordo com esse princípio, a autoridade
fica com o evangelho que surgiu primeiro. Ele é baseado na
verdade elementar de que a corrupção (da doutrina) está no
evangelho que surgiu posteriormente. Já que o erro é a
falsificação da verdade, a verdade deve preceder o erro.1
O “princípio do tempo” de Tertuliano é um dos principais
critérios usados pelos historiadores modernos para avaliar
explicações históricas contraditórias. As explicações
escritas no período mais próximo ao evento, geralmente são
aquelas para as quais eles dão crédito, em vez de outra que
tenha sido escrita muito tempo depois. O mesmo princípio se
aplica aos manuscritos bíblicos. Afinal, quanta credibilidade
tem um manuscrito que difere muito dos outros e que, além
disso, foi escrito 1.400 anos depois da morte dos apóstolos?
Principalmente se você tiver em mãos um manuscrito
compilado poucas décadas depois que os apóstolos
morreram. Então, por que escolhemos doutrinas escritas no
mínimo 1.400 anos depois que eles morreram, em vez de
escolher aquelas que foram escritas pouco tempo depois da
vida deles?
Silenciando os hereges!
O mundo também tinha um jeito diferente de lidar com os
hereges. Constantino ponderou que a igreja seria muito mais
saudável se não houvesse hereges que pudessem enganar o
povo. Assim, ele tentou usar seu poder para erradicar a
heresia, baixando o seguinte decreto:
Entendam, pelo presente estatuto, vocês novacianos,
valentinianos, marcionistas, paulicianos, montanistas e todos os
demais que apoiam e divulgam heresias através de suas
assembleias privadas… Que suas ofensas são tão detestáveis e
atrozes que um só dia não bastaria para contá-las… Já que não é
possível tolerar seus erros mortais, eu os advirto a não se
reunirem mais de hoje em diante. Por isso, ordeno que seus
locais de reuniões sejam confiscados. E vocês estão
expressamente proibidos de fazer suas reuniões supersticiosas e
inúteis, nem em público, nem em particular, ou em qualquer
outro lugar.14
Poucas décadas antes, era crime ser cristão. Agora, o
crime era ser herege. A igreja aceitou todas essas mudanças
em silêncio. Afinal, era bem mais fácil usar o poder do
estado para silenciar os hereges, do que ter que argumentar
com eles.
Mas logo, muitos segmentos da igreja começaram a acusar
uns aos outros de heresia, usando a espada uns contra os
outros. Por fim, um número muito maior de cristãos foi morto
pela espada da igreja do que todos os que foram
assassinados pelos romanos.
É triste dizer que quando o exército mulçumano invadiu o
Egito em 639 d.C., muitos cristãos dali os receberam como
seus libertadores, pois se sentiam melhor estando nas mãos
dos muçulmanos, do que nas mãos de seus companheiros
cristãos.
As sequelas de Niceia
Do ponto de vista humano, parecia que Constantino tinha
feito algo fantástico. A igreja nunca mais seria dividida por
conflitos e costumes decisivos! Os representantes em Niceia
se regozijavam com sua grande conquista. Mas a alegria
durou pouco. Trezentos anos de conservadorismo não
podiam ser desfeitos em tão pouco tempo. Quando os bispos
voltaram a suas igrejas e estas começaram a refletir mais
seriamente sobre o decreto de Niceia, logo surgiu um
movimento conservador contrário ao Édito. Devido a esta
oposição, Eusébio achou por bem escrever uma carta
explicando o motivo pelo qual ele havia assinado o tratado.6
Os conservadores ainda equacionavam a mudança com o
erro e ficaram bastante incomodados com o fato de o Credo
Niceno usar uma terminologia que não estivesse nas
Escrituras Sagradas. Também estavam perturbados porque os
credos locais que tinham sido usados por centenas de anos
seriam abolidos. Por fim, quando vários hereges passaram a
se esconder atrás do Credo Niceno para propagar suas
crenças não ortodoxas, o grupo conservador começou a
insistir para que o Credo fosse revisto e ampliado, a fim de
explicar mais precisamente as crenças que a igreja vinha
seguindo há anos.
Talvez esse movimento de contra fluxo em relação às
mudanças tivesse sido bem-sucedido, não fosse pela
persistência de um homem: Atanásio. Ele havia sido diácono
na igreja de Alexandria na época da desavença com Ário e
também tinha ido ao concílio, apesar de não ter tido um
papel relevante nele. O Credo Niceno tinha a intenção de
preservar o que a igreja acreditava sobre a pessoa de Cristo
e, aparentemente, a intenção original de Atanásio era manter
a teologia ortodoxa dos cristãos primitivos.
Contudo, com o passar do tempo, manter o Credo se
tornou mais importante para Atanásio do que conservar a
teologia ortodoxa. Ele ficou obcecado com a ideia de que o
Credo não podia ser alterado de forma alguma, por mais
ortodoxas que essas modificações pudessem ser. Afirmava
que o Credo tinha sido inspirado por Deus, colocando-o no
mesmo nível da Bíblia. Assim, embora Atanásio tivesse
começado como um grande defensor da ortodoxia cristã, no
final, ele acabou contradizendo muitos dos ensinos da igreja
primitiva e conseguiu arrastar grande parte de igreja com
ele.
A revolução wesleyana
Na Inglaterra, a Reforma tomou um rumo diferente da
Reforma na Alemanha. Assim como Lutero, a maioria dos
reformistas ingleses buscava reformar a instituição igreja-
estado. Contudo, enquanto Lutero leu as Escrituras através
dos olhos de Agostinho, muitos reformistas ingleses se
baseavam nos escritos da igreja pré-nicena.1 Um deles
escreveu:
A Bíblia Sagrada é a fonte viva que contém em abundância a
pura Água da Vida, assim como tudo o que é necessário para
levar o povo de Deus à salvação… A voz e o testemunho da
igreja primitiva são um guia e uma norma ministerial
subordinada, para nos preservar e dirigir à interpretação correta
da Bíblia.2
Infelizmente, nem sempre os reformistas ingleses seguiram
este princípio da interpretação bíblica. Se tivessem feito
isso, nunca teriam tentado comprimir o cristianismo dentro
de uma instituição estatal. Como os cristãos primitivos
reconheciam, o Reino de Deus não é desse mundo e não
pode se unir aos reinos terrestres.
Apesar de ter defeitos, a Reforma inglesa preparou o
território para um pastor inglês que virou a Inglaterra do
século XVIII de cabeça para baixo. Este pastor era João
Wesley. Nos anos 1700, a igreja na Inglaterra tinha
regressado a uma igreja letárgica, feita para os cultos,
educados e ricos. Descontente com a situação, Wesley
começou a levar o evangelho para os asilos, vilarejos e
campos abertos, a fim de alcançar as pessoas comuns. Assim
como aconteceu com os cristãos primitivos, a pregação de
João Wesley mudou milhares de vidas. O evangelho da
salvação pela graça virou a Inglaterra e a América de ponta
cabeça.
Diferentemente dos muitos reformadores que o
precederam, Wesley entendeu que uma revolução espiritual
deve começar dentro do ser humano. O Espírito Santo tem
que mudar a pessoa de dentro para fora. Não há como voltar
para o cristianismo primitivo sem a obra fortalecedora do
Espírito Santo. Wesley também entendeu que quando o
Espírito Santo habita na pessoa, a mudança externa acontece
naturalmente. Ninguém que vive no Espírito anda de acordo
com o mundo.
Wesley tinha grande admiração pelos escritos dos cristãos
primitivos. Ele escreveu:
Pode-se desculpar alguém que passa vários anos nos assentos
da aprendizagem e não inclui os Pais em suas leituras? Os Pais
são os mais autênticos comentaristas das Escrituras, pois
estiveram mais perto da fonte e estavam cheios do Espírito, que
foi quem inspirou a Bíblia. Você perceberá que estou falando
especialmente daqueles que escreveram antes do Concílio de
Niceia.3
O ministério de João Wesley deu início, não apenas à
Igreja Metodista, mas a inúmeras igrejas cristãs, das quais
muitas têm seu foco na volta ao cristianismo apostólico.
Além disso, o movimento wesleyano, que tinha ênfase no
relacionamento pessoal com Cristo e no fortalecimento
através do Espírito Santo, influenciou centenas de igrejas
fora do círculo wesleyano.
Outros movimentos que se focavam no cristianismo
primitivo
Houve outro movimento que restaurou o cristianismo
primitivo e que surgiu dentro da igreja presbiteriana nos
Estados Unidos, no início do século XIX. Cansado de tantas
disputas teológicas, da predestinação rígida, da tirania
eclesiástica e das frequentes discórdias que assolavam a
igreja presbiteriana, Barton W. Stone, um pastor
presbiteriano, iniciou um movimento no estado de Kentucky
para restaurar o cristianismo apostólico. O principal
objetivo de Stone era restaurar a vida santificada e a
separação do mundo vividas pelos cristãos primitivos.4
Na década de 1820, o movimento de Stone se fundiu com
outro movimento, iniciado por Thomas e Alexander
Campbell, que também queriam restaurar o cristianismo
primitivo. Um dos principais objetivos de Alexander era
unir todos os cristãos. Ele sentia que esta unidade só
aconteceria se todos os cristãos esquecessem os credos e
tradições feitos pelos homens e se voltassem para a forma, a
estrutura e as doutrinas da igreja apostólica. Com este
propósito, os membros do movimento Campbell-Stone
voltaram a praticar a comunhão semanal, a autonomia
congregacional e um ministério pluralista em cada
congregação, praticados anteriormente pelos cristãos
primitivos. Embora o movimento se focasse mais nas
doutrinas e nas ordenanças primitivas, em vez de na vida
santificada e na vida interior, ele conseguiu promover a
renovação espiritual de milhares de pessoas em todo o país.
Mas não podemos falar sobre movimentos religiosos sem
mencionar o Movimento Oxford no início dos anos 1800,
apesar de ele ter sido um movimento mais reformista que
restauracionista.[1] Tudo começou com uma cruzada dos
professores e pastores da Universidade de Oxford. Eles
chamavam os cristãos para voltar à fé e aos costumes da
igreja antiga. Através de seu trabalho, os líderes do
movimento chamaram a atenção para a igreja primitiva,
fazendo com que os cristãos se interessassem pelo assunto.
Na verdade, eles até publicaram alguns dos escritos dos
cristãos primitivos na forma de folhetos, disponibilizando-os
aos cristãos a um custo de dois centavos por panfleto. Pela
primeira vez na história, o povo inglês podia ler por si
mesmo o relato do martírio de Policarpo a um preço
acessível.
Edward Pusey, um dos principais líderes do movimento,
lançou pessoalmente uma coleção de traduções, constando
de 50 volumes, dos escritos dos cristãos primitivos,
chamando-a de A Biblioteca dos Pais. Na realidade, é
através do movimento Oxford que hoje existem traduções
dos cristãos primitivos em inglês a um custo acessível.
Devido ao fundamento lançado pelos homens de Oxford, os
cristãos comuns de hoje podem descobrir por si mesmos
como era o cristianismo primitivo.
Muitos grupos ainda buscam o cristianismo primitivo nos
dias de hoje. Muitas dessas igrejas são enormes, enquanto
outras não passam de duas ou três pessoas reunidas em uma
casa. Seja um grupo grande ou pequeno, os cristãos que
buscam o cristianismo primitivo podem aprender muito com
um dos movimentos mais significativos na história da igreja:
a Reforma Radical.
[1]
Um movimento restauracionista busca restaurar a igreja
apostólica. Já um movimento reformista quer melhorar a
instituição religiosa já existente.
18
O fogo anabatista
A história se repete
O paralelo entre os anabatistas e os cristãos primitivos vai
além dos costumes e crenças. O declínio espiritual de ambos
foi similarmente marcante. Enquanto foram perseguidos, os
anabatistas brilharam com um fervor e espírito cristãos que
não deixavam a desejar em nada para os cristãos primitivos.
Apesar de serem foras-da-lei, eram os evangelistas mais
incansáveis da Reforma. E assim como os cristãos
primitivos, seu sangue era a semente que fazia seu
movimento crescer.
Mas também como a igreja primitiva, o movimento
anabatista decaiu quando seus perseguidores passaram a
tolerá-los. Em geral, o governo era tolerante, desde que eles
não pregassem mais. Como consequência desse acordo, a
maioria dos anabatistas passou a se retirar para seus
conclaves, tornando-se “os silenciosos da terra”. Dentro de
poucas gerações, grande parte dos anabatistas já tinha
perdido o interesse em compartilhar sua visão com os
outros, mesmo quando tinham liberdade para fazê-lo. Sua
ética de trabalho duro fez com que muitos deles
prosperassem e se tornassem cada vez mais interessados nas
coisas desta vida e menos nas coisas da vida porvir.
Uma vez mais, assim como os cristãos primitivos, quando
os anabatistas perderam o senso de comprometimento, se
viram envolvidos em calorosas disputas internas. Mas
diferentemente dos conflitos da igreja primitiva, as
controvérsias dos anabatistas eram em geral sobre assuntos
relacionados à disciplina, em vez da teologia. Logo, o
movimento foi fragmentado por uma interminável cadeia de
divisões e rupturas. Embora os anabatistas originais
enfatizassem a transformação do ser interior, o movimento
foi se focando cada vez mais no exterior. Com frequência, as
roupas e adornos do cristão se tornavam mais importantes do
que aquilo que ele era por dentro.
Capítulo 1
*
A cena descrita neste capítulo foi retirada da Carta À Igreja de
Esmirna referente ao martírio de Policarpo.
Capítulo 2
1. Outro termo que eu poderia definir é romanos. Quando eu usar a
palavra romanos neste livro, estarei me referindo aos cidadãos
pagãos do Império Romano e não às pessoas que tinham
nacionalidade romana ou italiana.
2. Ireneu. Contra Heresias, volume 3, capítulo 3.
3. Justino. Diálogo com Trifão, capítulo 8, parafraseado.
4. Como alternativa, é possível que Tertuliano tenha sido presbítero
da igreja de Roma, antes de se mudar para Cartago.
Capítulo 3
1. Autor desconhecido. Epístola a Diogneto, capítulo 5.
2. Justino. Primeira Apologia, capítulo 11.
3. Homilia sem título atribuída a Clemente, capítulos 5 e 6.
4. Cipriano. Carta a Donato, seção 14.
5. FELIX, Marco M. Octavius, capítulos 8 e 12.
6. Tertuliano. Apologia, capítulo 39.
7. Justino. Primeira Apologia, capítulo 14.
8. Clemente. Miscelâneas, livro 7, capítulo 12.
9. Eusébio. História Eclesiástica, livro 7, capítulo 22.
10. Cipriano. Epístola a Eucrates, epístola 60.
11. FELIX. Octavius, capítulo 31.
12. Tertuliano. Apologia, capítulo 39; Clemente. Miscelâneas, livro
7, capítulo 12.
13. Lactâncio. Instituições Divinas, livro 6, capítulo 10.
14. Clemente. Miscelâneas, livro 4, capítulo 7.
15. FELIX. Octavius, capítulo 38.
16. Clemente. Miscelâneas, livro 5, capítulo 1.
17. FELIX. Octavius, capítulo 8, parafraseado.
18. Orígenes. Contra Celso, livro 8, capítulo 70.
19. Ibidem, capítulo 68.
Capítulo 4
1. Tertuliano. Aos Pagãos, livro 2, capítulo 1.
2. Tertuliano. Apologia, capítulo 6.
3. Hermes. O Pastor, livro 2, volume 4, capítulo 1.
4. Orígenes. Comentário ao Evangelho de Mateus, livro 14,
capítulo 17, parafraseado.
5. Justino. Primeira Apologia, capítulo 15; Atenágoras. Presbeia,
capítulo 33.
6. SCOTT, Cynthia. Divorce Dilemma, Moody Monthly (Setembro,
1981): 7.
7. FELIX, M. Octavius, capítulo 30.
8. Atenágoras. Presbeia, capítulo 35.
9. Tertuliano. Apologia, capítulo 9.
10. PANATI, Charles. Extraordinary Origins of Everyday Things.
Nova York: Harper e Row. 1987, p. 223.
11. Clemente. O Instrutor, livro 2, capítulo 11, parafraseado.
12. Ibidem.
13. Clemente. O Instrutor, livro 3, capítulo 5; Cipriano. Da
Vestimenta das Virgens, capítulo 19; Constituição dos Santos
Apóstolos, livro 1, século III, capítulo 9.
14. Clemente. O Instrutor, livro 3, capítulo 5.
15. Ibidem; Cipriano. Da Vestimenta das Virgens.
16. Lactâncio. Instituições Divinas, livro 6, capítulo 20,
parafraseado.
17. Tertuliano. The Shows, capítulos 17, 21.
18. Lactâncio. Instituições Divinas, livro 6, capítulo 20,
parafraseado.
19. Arnóbio. Contra os Pagãos, livro 1, capítulo 31.
20. Lactâncio. Instituições Divinas, livro 6, capítulo 10.
21. Orígenes escreveu: “[Celso] dá crédito às histórias dos bárbaros e
gregos, respeitando a antiguidade dessas nações. Mas mostra a
história desta única nação [Israel] como sendo falsa… Observem,
pois, o proceder arbitrário deste indivíduo, que acredita na
história dessas nações por serem cultas e considera outras como
ignorantes… Assim, parece que Celso não faz essas declarações
por amor à verdade, mas sim por ódio, tendo como objetivo
desprezar o cristianismo, que está diretamente ligado ao
judaísmo… Então, deve-se considerar os egípcios como sábios,
isso por considerarem os animais como divindades. Contudo, se
algum judeu, que manifesta seu interesse pela Lei e por Aquele
que a instituiu, atribuir todas as coisas ao Criador do universo —
e único Deus — será considerado um ser inferior na opinião de
Celso e daqueles que pensam como ele.” Orígenes. Contra
Celso, livro 1, capítulos 14 a 20.
22. Clemente. O Instrutor, livro 2, capítulo 13.
23. Lactâncio. Instituições Divinas, livro 5, capítulos 15 e 16.
24. WINER, Bart. Life in the Ancient World, Nova York: Random
House, Inc., 1961, p. 176.
25. FELIX, M. Octavius, capítulo 24.
26. Tertuliano. Prescrição Contra os Hereges, capítulo 41.
27. FELIX, M. Octavius, capítulo 16.
28. Clemente. O Instrutor, livro 1, capítulo 4.
Capítulo 5
1. DONNE, John. Devoções Para Ocasiões Emergentes. 1624.
2. Cipriano. Sobre a Unidade da Igreja, seção 5.
3. Clemente. Maximus, sermão 55.
4. FELIX, M. Octavius, capítulos 8 e 12; Tertuliano. The Shows,
capítulos 20 e 24.
5. Tertuliano. Apologia, capítulo 39.
6. Lactâncio. Instituições Divinas, livro 4, capítulo 23.
7. Cipriano. Cartas, episódio 67, capítulos 4 e 5.
8. Ibidem, episódio 65.
9. Hermes. O Pastor, livro 2, volume 11; Clemente. Miscelâneas,
livro 1, capítulo 1; Apolônio. Contra Montano; Tertuliano,
Hereges, capítulo 41.
10. Lactâncio. Instituições Divinas, livro 7, capítulo 5.
11. Inácio. Epístola aos Magnésios, capítulo 5.
12. Inácio. Epístola aos Romanos, capítulo 5.
13. Tertuliano. Para os Mártires, capítulos 2 e 3.
14. Tertuliano. Apologia, capítulo 50.
15. Menno Simons, contemporâneo de Lutero, deu a seguinte
descrição sobre a Alemanha luterana no auge da Reforma:
“Vamos prestar atenção ao modo como ele [Lutero] ensina, pois
com esta mesma doutrina, eles [os luteranos] têm levado pessoas
descuidadas e ignorantes, importantes e humildes, que vivem no
campo ou na cidade, a uma vida sem frutos e não regenerada,
dando-lhes rédeas tão soltas, que não seríamos capazes de
encontrar um estilo de vida tão abominável e sem espiritualidade
nem mesmo entre os turcos e os tártaros. Seus atos testemunham
sobre a gula e bebedeira, a pompa e o esplendor, a fornicação, a
mentira, o adultério, a maldição; as juras em nome do sangue de
Cristo, pelos sacramentos e sofrimentos do Senhor, o
derramamento de sangue e as lutas.” SIMONS, Menno. The
Complete Writings of Menno Simons, traduzido por J. C.
Wenger: True Christian Faith, Herald Press, 1956, p. 333.
Pastores e historiadores seculares descreveram um quadro
semelhante. Leia, por exemplo, Pia Desideria de Jacob Spener.
16. Hermes. O Pastor, livro 2, volume 12, capítulo 4.
17. Orígenes. Contra Celso, livro 7, capítulo 42.
18. Clemente. A Salvação do Homem Rico, capítulo 21.
19. Orígenes. Os Princípios, livro 3, capítulo 1, seção 5.
20. Clemente. A Salvação do Homem Rico, capítulo 25.
21. Lactâncio. Instituições Divinas, livro 5, capítulo 13.
Capítulo 6
1. Francis Schaeffer, “Como Viveremos” (Ed. Cultura Cristã, 2003)
2. “No décimo segundo ano do mesmo reinado, Clemente sucedeu
Anacleto, que havia sido supervisor da igreja de Roma por doze
anos. Na Carta aos Filipenses, Paulo nos informa que Clemente
era um de seus colaboradores, quando diz: ‘Também com
Clemente e com os demais cooperadores meus, cujos nomes se
encontram no Livro da Vida.’ (capítulo 4, verso 3) Há também
uma epístola de Clemente que é verdadeira.” (Eusébio, História
da Igreja, livro 3, capítulos 15 e 16).
Ireneu também escreveu sobre Clemente: “Este homem, que viu os
apóstolos e conviveu com eles deve ainda ter seus ensinamentos
ecoando [em seus ouvidos] e suas tradições diante dos olhos”
(Ireneu. Contra Heresias, livro 3, capítulo 3, seção 3).
Já Clemente de Alexandria tratava a Epístola aos Coríntios escrita
por Clemente de Roma como parte das Escrituras e se referia ao
apóstolo como “um discípulo dos apóstolos”. (Orígenes. Os
Princípios, livro 2, capítulo 3, seção 6).
“(30 d.C. a 100 d.C.) É bem provável que Clemente fosse romano e
gentio. Ele esteve em Filipos, quando essa primeira igreja
ocidental enfrentava alguns problemas.” (COXE, A. Cleveland.
The Ante-Nicene Fathers, vol. 1, Introductory Note to the First
Epistle of Clement to the Corinthians. Grand Rapids, 1985, p. 1).
3. Clemente de Roma. Epístola aos Coríntios, capítulos 34 e 35.
4. Policarpo. Epístola aos Filipenses, capítulo 2.
5. Barnabé. Epístola de Barnabé, capítulo 21.
6. Hermes. O Pastor, livro 2, volume 7; livro 3, sim, 10, capítulo 2.
7. Justino. Primeira Apologia, capítulo 10.
8. Clemente. Exortação aos Pagãos, capítulo 11.
9. Clemente. A Salvação do Homem Rico, capítulos 1 e 2.
10. Orígenes. Os Princípios, prefácio, capítulo 5.
11. Hipólito. Fragmentos de Comentários Sobre Provérbios.
12. Hipólito. Contra Platão, seção 3.
13. Cipriano. A Unidade da Igreja, seção 15.
14. Lactâncio. Instituições Divinas, livro 7, capítulo 5.
15. Clemente de Roma. Epístola aos Coríntios, capítulo 32.
16. Policarpo. Epístola aos Filipenses, capítulo 1.
17. Barnabé. Epístola de Barnabé, capítulo 5.
18. Justino. Diálogo com Trifão, capítulo 111.
19. Clemente. Miscelâneas, livro 6, capítulo 13.
20. Ibidem, livro 1, capítulo 7.
21. McDOWELL, Josh. Evidências Que Exigem Um Veredito, Ed.
Candeia, 1997
22. Ireneu. Contra Heresias, livro 4, capítulo 27, seção 2.
23. Tertuliano. A Penitência, capítulo 6.
24. Cipriano. Sobre a Unidade da Igreja, seção 21.
25. Tertuliano. A Ressurreição da Carne, capítulo 4; Contra os
Valentinianos, capítulos 24 a 30; Contra Marcião, livro 1,
capítulos 2, 13, 17-21; Ireneu. Contra Heresias, livro1,
capítulos 5, 6, 24-27; livro 4, capítulos 28 e 29.
Capítulo 7
1. LUTERO, Martinho. “Da Vontade Cativa” em Obras Selecionadas
de Martinho Lutero. Editora Sinodal, 1993.
2. Justino. Primeira Apologia, capítulo 43.
3. Clemente. Miscelâneas, livro 1, capítulo 17.
4. Arquelau. Disputa com Mani, seções 32 e 33.
5. Metódio. Banquete das Dez Virgens, discurso 8, capítulo 16.
6. LUTERO, Martinho. “Da Vontade Cativa” em Obras Selecionadas
de Martinho Lutero. Editora Sinodal, 1993.
7. Orígenes. Os Princípios, livro 3, capítulo 1, parafraseado e
abreviado.
Capítulo 8
1. Ireneu. Contra Heresias, livro 1, capítulo 21, seção 1.
2. Justino. Diálogo Com Trifão, capítulo 44.
3. Ireneu. Fragmentos de Escritos Perdidos, número 34.
4. Clemente. O Instrutor, livro 1, capítulo 6.
5. Cipriano. Carta a Donato, seção 3.
6. Tertuliano. A Penitência, capítulo 6.
7. Justino. Primeira Apologia, capitulo 61.
Capítulo 9
1. CHO, Paul Yonggi. Salvation, Health and Prosperity. Creation
House, 1987, p. 51.
2. Hermes. O Pastor, livro 1, vis.3, capítulo 6.
3. Ibidem, livro 3, sim. 4.
4. Clemente. A Salvação do Homem Rico, seção 1.
5. Cipriano. On the Lapsed, seções 11 e 12, parafraseado.
6. Lactâncio. Instituições Divinas, livro 6, capítulo 4, parafraseado.
7. FELIX M. Octavius, capítulo 12.
8. Ibidem, capítulo 36.
9. Orígenes. Contra Celso, livro 7, capítulo 18.
10. HAGIN, Kenneth. How God Taught Me About Prosperity.
RHEMA Bible Church, 1985, pp. 17-19. Os itálicos do autor
foram omitidos.
11. Eusébio. História Eclesiástica, livro 7, capítulo 30.
12. Cipriano. Sobre a Mortalidade, seção 8, parafraseada.
Capítulo 10
1. CALVINO, João. “Tratados Contra os Anabatistas e os Libertinos”
em A Instituição da Religião Cristã. Ed. UNESP, 2007.
2. Clemente. Miscelâneas, livro 7, capítulo 8.
3. Tertuliano. A Idolatria, capítulo 11.
4. “Há mandamentos nos evangelhos que admitem que sem dúvida se
devem ou não ser observados, tais como… “Por isso lhes digo
não jureis de modo algum.” Orígenes. Os Princípios, livro 4,
capítulo 1, seção 19; Veja também, Cipriano. Sobre a
Mortalidade, capítulo 4, e Eusébio, História Eclesiástica, livro
6, capítulo 5.
5. Justino. Primeira Apologia, capítulo 39.
6. Tertuliano. A Coroa, capítulo 11.
7. Orígenes. Contra Celso, livro 3, capítulo 7.
8. Cipriano. Carta a Donato, seção 6.
9. Arnóbio. Contra os Pagãos, livro 1, seção 6.
10. Orígenes. Contra Celso, livro 8, capítulo 73.
11. Ibidem, livro 2, capítulo 30.
12. Leia, Tertuliano. Primeira Apologia, capítulos 5 e 42; Eusébio.
História Eclesiástica, livro 6, capítulo 5; livro 7, capítulo 11.
13. Lactâncio. Instituições Divinas, livro 6, capítulo 20.
Capítulo 11
1. Tertuliano. Contra Marcião, livro 4, capítulo 4, parafraseado.
2. Clemente de Roma. Epístola aos Coríntios, capítulos 5 e 44 (veja
também: capítulo 6, fn. 2, supra).
Capítulo 12
1. Tertuliano. A Prescrição dos Hereges, capítulos 6 e 21.
2. Ireneu. Contra Heresias, livro 3, prefácio e capítulo 1.
3. “Escreveu-se isso a respeito de Tiago, que dizem ser o autor da
primeira das epístolas católicas, como são chamadas. Mas temos
que levar em conta que isso ainda está em discussão, ao menos
não muitos dos antigos mencionam isso.” Eusébio. História
Eclesiástica, livro 2, capítulo 23.
4. Lutero. Works of Martin Luther - The Philadelphia Edition, vol.
6: Preface to the New Testament. Grand Rapids, 1982, pp. 439-
444.
5. Arquelau. Disputa Com Mani, capítulo 40.
6. A igreja do terceiro século era mais bem estruturada que a do
segundo século. Além disso, o papel do bispo tinha crescido em
importância, enquanto que o poder do corpo de anciãos decaiu.
7. Ireneu. Contra Heresias, livro 3, capítulo 4, seção 1.
8. Tertuliano. Prescrição Contra os Hereges, capítulos 27, 28,
parafraseado.
Capítulo 13
1. Veja On the Lapsed e Commodianus Instruction on Christian
Discipline de Cipriano.
2. “E neste aspecto, estou justamente indignado com essa evidente
loucura de Estevão (supervisor de Roma), pois ele, que se
orgulha tanto do seu episcopado, afirma ter a sucessão de Pedro,
sobre quem os fundamentos da igreja foram estabelecidos.”
Firmiliano Para Cipriano (epístola 74), capítulo 17.
3. JOHNSON, Samuel. Boswell’s Life of Johnson, Vol. 1, p. 348.
4. Eusébio. História Eclesiástica, livro 8, capítulo 1.
5. Eusébio. Vida de Constantino, livro 1, capítulo 28.
6. Veja Contra Celso de Orígenes, livro 8, capítulos 24, 55, etc.
7. Eusébio. História Eclesiástica, livro 10, capítulo 5.
8. Ibidem, capítulos 5 e 7.
9. Eusébio. Vida de Constantino, livro 2, capítulo 44; livro 4,
capítulo 56.
10. Ibidem, livro 3, capítulo 1.
11. Ibidem, capítulo 15.
12. Eusébio. História Eclesiástica, livro 10, capítulo 4.
13. Sócrates. History, livro 2, capítulo 13. Leia também livro 1,
capítulo 24.
14. Eusébio. Vida de Constantino, livro 6, capítulos 64 e 65,
parafraseado.
15. Eusébio. História Eclesiástica, livro 10, capítulo 4.
16. Sócrates. History, livro 1, capítulo 17.
17. Gregório. Great Letter to Constantine (episódio 30).
18. Ibidem.
Capítulo 14
1. Sócrates. History, livro 1, capítulo 8.
2. Ibidem, capítulo 9.
3. Credo Niceno, cânones 6 e 7.
4. Ibidem, cânone 20.
5. Sócrates. History, livro 1, capítulo 9.
6. Ibidem, capítulo 8.
7. NAZIANZO, Gregório de. On The Holy Spirit, capítulo 26.
8. Credo de Calcedônia.
Capítulo 15
1. Agostinho. Da Natureza do Bem, capítulo 42.
2. Agostinho. De peccatorum meritis et remissione et de baptismo
parvolorum, livro 1, capítulo 21.
3. Agostinho. Enquirídio, capítulos 26 e 34.
4. Agostinho. A Cidade de Deus, livro 1, capítulo 21.
5. Ibidem, livro 20, capítulo 7.
6. Agostinho. Enquirídio, capítulo 65; sobre o casamento e a
concupiscência.
7. Agostinho. Contra os Donatistas, capítulo 5.
8. GONZALEZ, Justo L. A History of Christian Thought, vol. 2.
Abingdon Press, 1970, p. 53; CAIRNS, Earle E. Christianity
Through the Centuries. Grand Rapids: Zondervan Publishing
House, 1954, p. 161.
9. Agostinho. Euquirídio, capítulo 110.
10. Agostinho. Contra os Donatistas, capítulo 2.
11. Ibidem.
12. Agostinho. Da Natureza do Bem, capítulos 8 e 49
13. Agostinho. A Predestinação dos Santos.
Capítulo 16
1. LUTERO, Martinho. Works of Martin Luther-The Philadelphia
Edition, tradução: C. M. Jacobs, vol. 1: Letter to the Archbishop
Albrecht of Mainz. Grand Rapids: Baker Book House, 1982, p.
26.
2. Ibidem, vol. 1: Disputation on the Power and Efficacy of
Indulgences, p. 36.
3. LUTERO, Martinho. A Escravidão da Vontade, pp. 171-174.
4. Ibidem, p. 44.
5. LUTERO, Martinho. Works of Martin Luther-The Philadelphia
Edition, tradução: C. M. Jacobs, vol. 4: Against the Robbing
and Murdering Peasants, pp. 252, 253.
6. Ibidem, volume 6, Prefácio aos Romanos, p. 447.
7. Ibidem.
8. Ibidem, volume 6, Prefácio aos Hebreus, p. 476.
Capítulo 17
1. Quando digo “reformistas ingleses”, estou me referindo a homens
como Francis White, William Laud, Lancelot Andrewes e seus
descendentes espirituais.
2. WHITE, Francis. “A Treatise of the Sabbath Day” em Anglicanis.
Ed. Paul Elmer More and Frank Leslie Cross. London, SPCK,
1957, pp. 8 e 9.
3. WESLEY, João. The Works of John Wesley, 3ª ed. Peabody:
Hendrickson Publishers, escrito em ingles contemporâneo.
4. ALLEN, C. Leonard e HUGHES, Richard T. Discovering Our
Roots. Abilene: ACU Press, 1988, p. 103.
Capítulo 18
1. SIMONS, Menno. The Complete Writings of Menno Simons.
Tradução: J. C. Wenger: Reply to False Accusations. Herald
Press, 1956, p. 574.
2. Ibidem, p. 558 e 559.
3. Ibidem, Foundation of Christian Doctrine, p. 109 e 110.
4. Ibidem, Reply to False Accusations, p. 555; Foundation of
Christian Doctrine, p. 175.
5. Ibidem, Confessions of the Distressed Christians, pp. 517- 521.
6. Ibidem, Reply to False Accusations, p. 566.
Capítulo 19
1. SHELER, Jeffery L. “Reuniting the flock,” U. S. News & World
Report, 4 de março de 1991, p. 50.
2. Justino. Diálogo com Trifão, capítulo 80, parafraseado.
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