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Avaliação

Institucional

Raquel Cristina Ferraroni Sanches


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2009
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© 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização
por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

S211 Sanches, Raquel Cristina Ferraroni. / Avaliação Institucio-


nal. / Raquel Cristina Ferraroni Sanches. — Curitiba:
IESDE Brasil S.A., 2009.
172 p.

ISBN: 978-85-387-0763-9

1. Ensino superior - Avaliação. 2. Universidades e faculdades –


Avaliação. 3. Ensino superior – Avaliação institucional. I. Título.

CDD 378.01

Capa: IESDE Brasil S.A.


Imagem da capa: Jupiter Images/DPI Images

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Raquel Cristina Ferraroni Sanches

Possui Doutorado em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de


Mesquita Filho (2007), Mestrado em Educação pela Universidade Estadual Pau-
lista Júlio de Mesquita Filho (1998) e Graduação em Pedagogia pela Universida-
de Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1992). Atualmente é Coordenadora
da Seção de Avaliação Institucional da Fundação de Ensino Eurípides Soares da
Rocha, Coordenadora Pedagógica e Pró-reitora de Graduação do Centro Universi-
tário Eurípides de Marília - UNIVEM. Tem experiência na área de gestão com ênfase
em Avaliação da Aprendizagem e educação de adultos, atuando principalmente
nos seguintes temas: ensino-aprendizagem, Avaliação Institucional, Projeto Pe-
dagógico, qualidade, conteúdos, institucional, CPA e Sinaes.

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Sumário
Educação Superior e Avaliação Institucional......................13
O século XXI, a Educação Superior e o contexto atual................................................. 13
O papel do Estado e a expansão da Educação Superior.............................................. 15
Avaliação....................................................................................................................................... 18
Avaliação Institucional: uma necessidade........................................................................ 21
Avaliação Institucional: histórico.......................................................................................... 23

Avaliação Institucional......................................................................33
Avaliação Institucional e seus pressupostos.................................................................... 33
Avaliação dos níveis de ensino.............................................................................................. 35
Avaliação Institucional: avaliar ou medir?......................................................................... 37
Avaliação Institucional: processo......................................................................................... 39
Avaliação Institucional: quantitativo X qualitativo........................................................ 41

Procedimentos de Avaliação
Institucional à luz do Sinaes.......................................................53
Avaliação Institucional: objetivos......................................................................................... 53
A LDB e a avaliação da Educação Superior....................................................................... 55
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior: Sinaes.................................. 57
Sinaes e seus princípios........................................................................................................... 59
Sinaes e Avaliação Institucional............................................................................................ 60

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Avaliação Institucional:
necessidade contemporânea............................................... 71
Autoavaliação das instituições de Educação Superior................................................. 71
Avaliação externa....................................................................................................................... 75
Meta-avaliação............................................................................................................................ 76
Bases de informações............................................................................................................... 78

Roteiro para processo de


Avaliação Institucional de acordo com Sinaes.................. 93
Avaliação Institucional segundo orientações do Sinaes:
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior................................................. 93
Avaliar a dimensão 1: missão
e o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI)......................................................... 96
Avaliar a dimensão 2: a política para o ensino,
a pesquisa, a extensão e a pós-graduação........................................................................ 98
Avaliar a dimensão 3: responsabilidade social...............................................................103
Avaliar a dimensão 4: comunicação com a sociedade.................................................105
Avaliar a dimensão 5: política de pessoal –
docentes e corpo técnico-administrativo.......................................................................107
Avaliar a dimensão 6: organização e gestão da instituição........................................110
Avaliar a dimensão 7: infraestrutura física........................................................................111
Avaliar a dimensão 8: planejamento e avaliação...........................................................114
Avaliar a dimensão 9: política de atendimento aos estudantes...............................115
Avaliar a dimensão 10: sustentabilidade financeira.....................................................119

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Avaliação Institucional e Projeto Pedagógico...............133
Projeto Pedagógico: institucional e de cursos...............................................................133
Avaliação e Projeto Pedagógico: relação dialética.......................................................137
Projeto Pedagógico: documento articulador.................................................................140
A busca pela superação.........................................................................................................142
Avaliação formativa.................................................................................................................146

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Apresentação

O contexto político e social atual, imerso em constantes mudanças, vive a


exigência indiscutível de responder às diferentes necessidades da sociedade e,
em consequência exige das Instituições de Educação Superior o cumprimento
de suas finalidades científicas e sociais. A educação é compreendida, assim, como
a alternativa de resgate da formação humana, proporcionando que a cidadania
seja garantida e os espaços de participação social e política, ampliados.
As Instituições de Educação Superior devem, além de garantir a formação
humana, proporcionar aos seus integrantes a transformação do conhecimento
em meio de realização da humanidade e interferência no meio em que vivem de
modo mais justo e solidário.
Para tanto, é necessário orientar as Instituições de Educação Superior no sen-
tido do autoconhecimento, para que elas busquem a melhoria de suas ações e
o aprimoramento em seus projetos. Fortalecer seu compromisso social enquan-
to instância que é palco de ensino, pesquisa e extensão é outra necessidade a
ser contemplada. Considerando-se que a qualidade é um juízo valorativo que se
constrói socialmente, é inevitável considerar a relação da qualidade com os pro-
cessos de Avaliação Institucional.
O pressuposto de que a Avaliação Institucional deve ser um processo inin-
terrupto de busca pela qualidade, exige que os atores estejam preparados para
participar de processos de reconstrução. Se tudo muda num ritmo acelerado,
também os processos que envolvem instituições, como é o caso das universida-
des, devem acompanhar esse dinamismo exigido pelos meios científicos, tecno-
lógicos, culturais, organizacionais, políticos e sociais.
Observaremos ao longo das aulas que a preocupação inicial é discutir como a
Educação Superior está configurada no cenário nacional e qual a relevância das
atividades de Avaliação Institucional para melhoria da qualidade da educação.
Em seguida, serão abordados os pressupostos da Avaliação Institucional e qual a
importância do processo avaliativo para as Instituições de Educação Superior na
busca da superação das dificuldades atuais.
A terceira aula será dedicada a discutir que no contexto atual se faz imprescin-
dível compreender quais são as orientações legais do Sistema Nacional de Avalia-
ção da Educação Superior (Sinaes) para o processo de Avaliação Institucional.
Abordar a necessidade dos processos avaliativos para regular e assegurar
qualidade aos processos de formação na Educação Superior será o tema norte-
ador da aula seguinte. Sendo de igual importância apresentar, na quinta aula, os
principais indicadores que norteiam o processo de Autoavaliação Institucional de
acordo com as concepções e orientações do Sinaes. Finalizando, na sexta aula
será discutida a importância da articulação entre o processo de Avaliação Institu-
cional e os Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC).

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Todas essas abordagens têm como preocupação principal proporcionar reflexões
que favoreçam às Instituições de Educação Superior prestar contas à sociedade da sua
atuação, da contribuição que realizam e da qualidade do ensino que oferecem, atenden-
do às exigências legais do contexto atual. Nesse cenário, o processo de Avaliação Institu-
cional ocupa uma posição de destaque na atual lista de preocupações das instituições.
Assim, a iniciativa de discussão sobre Avaliação Institucional é um indício de que
ainda é possível sonhar com um processo respaldado por reflexões sérias, que não seja
indiferente às mudanças postas pela realidade mundial e que envolva os corresponsá-
veis pela Educação Superior na definição de um padrão de qualidade, que, por sua vez,
não será único, mas que terá legitimidade no contexto em que a instituição estiver inse-
rida, pois acompanhará a evolução dos tempos, os avanços tecnológicos, as exigências
mercadológicas, as mudanças políticas e econômicas.
A Avaliação Institucional é, nesse contexto, o processo que proporciona à instituição
a construção de conhecimentos sobre si mesma e, desse modo, a identificação tanto
de seus pontos fracos, como de seus pontos fortes, e, ainda, de suas potencialidades,
podendo ser um processo contínuo de alimentação de análises, reflexões e ações, que
subsidiarão a condução de seus processos.
Quando discutimos que a Avaliação Institucional deve ultrapassar as iniciativas frag-
mentadas e se constituir em um processo de construção crítica e envolvente de todos os
segmentos institucionais, queremos dizer que a avaliação só será possível se for imple-
mentada e consolidada em um espaço acadêmico participativo, contando com o envol-
vimento de seus atores, assim como na construção e implementação de seus Projetos
Pedagógicos.
Esse importante papel reflexivo da Avaliação Institucional oferece subsídios para a
tomada de decisão, isto é, para a formulação de ações pedagógicas e administrativas,
constituindo-se na base para a condução dos Projetos Pedagógicos. Esse processo dialé-
tico que alimenta tanto os processos de Avaliação Institucional como os Projetos Peda-
gógicos deve resultar numa articulação de autoconhecimento e reconstrução institucio-
nais mediados pela realidade social.
Para que essas reflexões deixem o papel, é preciso criar um contexto em que as insti-
tuições sejam ágeis, valorizem a si próprias e sejam capazes de se questionar. Projetar o
futuro e aspirar excelência as constituirá em instituições dispostas a reconhecer, a apren-
der com seus erros e, num processo harmonioso de correção de rumos, a envolver toda
a sua comunidade, fortalecendo a si e seus atores.

Raquel Cristina Ferraroni Sanches

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Procedimentos de Avaliação
Institucional à luz do Sinaes

Avaliação Institucional: objetivos


A necessidade de redimensionamento das Instituições de Educação
Superior no âmbito da realidade histórico-social brasileira, atribui à Ava-
liação Institucional importância de instrumento gerencial e pedagógico.
Sob essa ótica, a Avaliação Institucional deixa de lado a compreensão de
objeto de caráter apenas burocrático e controlador para assumir uma di-
mensão institucionalizada e processual, marcando um ponto de partida
para a análise e reflexão acerca das reais necessidades da instituição.

O problema é que a maioria das discussões sobre os processos de Ava-


liação Institucional nas Instituições de Educação Superior se resume ao
seu conteúdo visível, às questões mais técnicas, instrumentais. Entretanto,
as questões de fundo que atingem diretamente o destino das Instituições
de Educação Superior, ou seja, da sociedade, acabam relegadas a um se-
gundo plano, ou mesmo nunca são abordadas.

De acordo com Dias Sobrinho (1997), a principal função da Educação


Superior é a formação e a Avaliação Institucional, nesse contexto não se
pode contentar-se em apenas levantar dados e quantificá-los, embora
sejam importantes indicadores, é fundamental que um processo avaliati-
vo carregue em si, possibilidades de transformação.

Entretanto, não basta a intencionalidade na adoção e condução dos


processos de Avaliação Institucional, pois para construir a abordagem e
concepção é necessário que se adotem procedimentos adequados. Dias
Sobrinho (2000, p. 103-107) nos apresenta alguns conceitos que auxiliam
na tomada de decisões sobre os melhores procedimentos. São eles:
1. Institucionalidade, como princípio explicativo. Pensamos que a avaliação é
institucional no triplo sentido do sujeito e do objeto e do modo como funciona.

2. Globalidade, como princípio heurístico. A Avaliação Institucional deve pretender


estender uma visão global sobre a universidade, em toda sua complexidade. Isto
não significa deixar de lado as visões mais detalhadas de aspectos parciais.

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Avaliação Institucional

3. Qualidade, como objetivo. A qualidade não está nos fragmentos, na separação, mas sim na
integração, nas relações de conjunto.

4. A avaliação deve ser um processo pedagógico. Referida à educação, inscreve-se num tempo
total. [...] É um processo formativo que, para além do conhecimento de aspectos particulares
e de críticas episódicas, produz uma visão de conjunto da instituição e procura as melhores
formas e meios para articulação das funções, dos fins e das estruturas organizacionais,
científicas e pedagógicas.

5. Avaliação interna, externa, (re)avaliação: dimensões complementares e interativas. A Avaliação


Institucional tem várias etapas que se desenvolvem não necessariamente como uma
sucessão temporal. Todas cumprem funções específicas importantes, mas é na articulação
entre elas que reside sua força maior.

6. Avaliação quantitativa e qualitativa: ênfases e combinações. Nesse processo amplo e


abrangente, cada ação ou informação tem sentido e se justifica à medida que integra
ao todo. Não se trata de opor quantidade a qualidade, mesmo porque não há uma sem
a outra. Como opção metodológica, não se deve excluir uma ou outra, e sim tratá-las
complementarmente e combinadamente. (grifos do autor)

Respeitados esses procedimentos, se observa o evidenciamento da dimen-


são política e filosófica que embasam tanto os processos avaliativos como as
universidades. Quando essas dimensões são motivos de discussões, revelam
tensões e interesses políticos só possíveis no âmbito das universidades, uma vez
que as mesmas são consideradas como locus ideal para a formação humana,
diretamente relacionada com a vida das pessoas e o destino da sociedade.

Nesse cenário, muitos são os objetivos que se pode eleger, porém o objetivo
que merece maior destaque é o de promover o desenvolvimento e o aperfeiço-
amento das pessoas e das instituições.

Para tanto, a Avaliação Institucional deve ser norteada pelos demais obje-
tivos de construir sentidos, repensar a instituição, objetivando compreender o
processo de construção do conhecimento e de formação humana, buscando
alternativas para a melhoria da qualidade dos serviços oferecidos, fortalecen-
do seu compromisso social. Assim, os objetivos da Avaliação Institucional não
devem ser apenas o de promover o conhecimento da instituição seu projeto,
seu perfil e ações, mas também propor mudanças, constituindo-se, assim, num
processo político-pedagógico em busca de emancipação.

Compreende-se, então, que para cumprir com objetivos emancipatórios e


tentar evitar traços de autoritarismo e conservadorismo, uma avaliação necessita
ser diagnóstica e transformadora. Quando compreendida como transformado-
ra, ela própria se constitui em instrumento dialético de avanço, de identificação
de novos rumos, assumindo, assim, “importância fundamental no planejamento

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Procedimentos de Avaliação Institucional à luz do Sinaes

e na gestão das organizações educacionais” (BORDIGNON, 1995, p. 404). Ainda


segundo o autor, para que Avaliação Institucional atinja esse estágio de relevân-
cia, é preciso apresentar para as instituições, os seguintes pressupostos:

 ser considerada um processo crítico e dialógico, que se dá por meio da


negociação entre atores, respeitando a pluralidade de vozes;

 buscar atribuir valores a meios e processos (não às pessoas), superando a


atual prática autoritária;

 alcançar, por meio dos objetivos institucionais, a qualidade do ensino e a


educação cidadã;

 ser referencial de qualidade na crítica da realidade;

 cumprir a função diagnóstica na identificação das dificuldades;

 promover mudanças na realidade;

 promover a cultura do sucesso institucional.

E, dentre os vários objetivos da Avaliação Institucional, um outro que se des-


taca é de rever o Projeto Pedagógico de cada curso, assim como o institucional,
favorecendo um permanente processo de reflexão que resulta em melhoria da
qualidade para a instituição. Isso é possível na medida em que determinadas
ações podem ser colocadas em prática.

A LDB e a avaliação da Educação Superior


Na década de 1980, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) já demonstra-
va a preocupação de promover a avaliação da Educação Superior para buscar a
melhoria da qualidade do ensino.

A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 206, inciso VII, define que um dos
princípios fundamentais à educação no Brasil é a garantia de padrão de qualidade.

Outro ponto que merece destaque na Constituição de 1988 é a forma como


se refere à autonomia universitária, tratando-a como um bem jurídico, destacado
em seu artigo 207: “As universidades gozam de autonomia didático-científica,
administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio
de indissociabilidade entre ensino-pesquisa e extensão” (RANIERI, 1994, p. 105).

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Avaliação Institucional

A Lei 9.131, de novembro de 1995, criou o novo Conselho Nacional de Educa-


ção (CNE), e propunha como atribuição do MEC, com a colaboração do CNE, da
Câmara da Educação Básica (CEB) e pela Câmara da Educação Superior (CES) “for-
mular e avaliar a política nacional de educação, zelar pela qualidade do ensino e
velar pelo cumprimento das leis que o regem”. Para tanto, essa mesma Lei previu
a criação de um conjunto de avaliações para a Educação Superior.

As avaliações previstas envolviam processos de autorização para criação de


novos cursos e avaliação de cursos já em andamento, credenciamento e recre-
denciamento de instituições, reconhecimento de cursos e de habilitações, reco-
nhecimento periódico de cursos de mestrado e doutorado.

Além dessas avaliações, também foram instituídos exames nacionais para


cada curso, tomando como base os conteúdos mínimos, que posteriormente
foram substituídos por Diretrizes Curriculares. Tais exames procuravam aferir co-
nhecimentos e competências adquiridos pelos alunos ao longo dos cursos.

Muitas e pertinentes foram às preocupações com a qualidade da Educação


Superior. E para aprimorar o controle estatal e a supervisão, diferentes experiên-
cias foram realizadas, diversos mecanismos de avaliação foram implementados,
porém alguns funcionaram apenas como instrumentos de classificação das Ins-
tituições de Educação Superior.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9.394 de 20 de de-


zembro de 1996, além de ser importante marco de transformações para a Edu-
cação Superior, priorizou os processos avaliativos como caminho mais seguro
para a melhoria da qualidade de ensino e as políticas educacionais passaram a
valorizar ainda mais a avaliação da Educação Superior.

Em seu artigo 9.°, destaque-se o inciso V dizendo que cabe à União “coletar,
analisar e disseminar informações sobre educação”. O inciso VII é ainda mais
direto nas incumbências da União no que tange à avaliação da Educação Su-
perior: “assegurar processo nacional de avaliação das Instituições de Educação
Superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre
esse nível de ensino”.

No inciso IX, está claro que cabe ao Governo Federal “autorizar, reconhecer,
credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das Instituições
de Educação Superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino”.

Esse cenário avaliativo estimula e obriga que as instituições vivenciem novas


posturas de avaliação. O Plano Nacional de Educação (PNE), publicado pela Lei

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Procedimentos de Avaliação Institucional à luz do Sinaes

10.172, de 9 de janeiro de 2001, dispõe em seu artigo 4.° que a União “instituirá
o Sistema Nacional de Avaliação e estabelecerá os mecanismos necessários ao
acompanhamento das metas constantes do Plano Nacional da Educação”.

O PNE, então, estabeleceu para cada nível de ensino, diretrizes, objetivos e


metas. Dentre essas diretrizes, definiu o processo de regulação do sistema de
ensino, objetivando garantir a qualidade do ensino ministrado mediante a ne-
cessária expansão do sistema.

Ao longo dos próximos anos, verificou-se um reordenamento das competên-


cias de avaliação no âmbito do MEC e demais órgãos federais sob sua tutela.
Mas, a construção de um Sistema Nacional de Avaliação, exigiu que os diferentes
sistemas de ensino colaborassem entre si para um acordo que aprimorasse um
Plano Nacional de Avaliação da Educação Superior.

Em abril de 2003, foi criada a Comissão Especial de Avaliação da Educação


Superior (CEA) com a tarefa de realizar estudos e propor reformulações nos
processos de avaliação da Educação Superior. Nasce dessa Comissão o Siste-
ma Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), com a principal ca-
racterística de articular a ação reguladora do Estado com a dimensão educativa
e formativa que os processos de avaliação devem garantir.

Um ano depois, em abril de 2004, foi promulgada a Lei 10.861, do Sinaes, que
busca assegurar a integração das dimensões internas e externas da avaliação do
Ensino Superior, ressaltando a ideia da integração, a articulação e a participação
da comunidade universitária e da sociedade civil.

Sistema Nacional de Avaliação


da Educação Superior: Sinaes
Destacadas as iniciativas avaliativas do Estado e sua necessidade de avalia-
ção e regulação da Educação Superior, observou-se que, ainda que essas inicia-
tivas sejam diversas e amparadas por leis e decretos, não conseguiam envolver
as Instituições de Educação Superior na sua globalidade. Diante desse cenário,
foram realizados estudos objetivando construir um novo sistema, que buscasse
assegurar, entre outras coisas, a integração das dimensões internas e externas,
particular e global, somativa e formativa, quantitativa e qualitativa e os diversos
objetos e objetivos da avaliação.

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Avaliação Institucional

O Sinaes foi instituído com o objetivo de garantir qualidade ao processo na-


cional de avaliação das Instituições de Educação Superior, dos cursos de gradu-
ação e do desempenho acadêmico de seus estudantes.

Como característica principal, a proposta do Sinaes aponta a Avaliação Insti-


tucional como centro do processo avaliativo, sendo a responsável pela integra-
ção de diversos instrumentos com base em uma concepção global e no respeito
à identidade e à diversidade institucionais. Tais características possibilitam levar
em conta a realidade e a missão de cada instituição, ressaltando o que há de
comum e universal na Educação Superior, bem como naquilo que são conside-
radas especificidades das áreas de conhecimento.

O processo de Avaliação Institucional das Instituições de Ensino Superior,


apresentado pelo Sinaes, compreende:

 Avaliação das Instituições de Educação Superior (Avalies):

a. autoavaliação, coordenada pela Comissão Própria de Avaliação (CPA),


cujo modelo deve se pautar nas orientações gerais elaboradas a par-
tir de diretrizes estabelecidas pela Comissão Nacional de Avaliação da
Educação Superior (Conaes);

b. avaliação externa in loco, realizada por Comissão Externa de Avaliação


Institucional designada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep).

 Avaliação dos Cursos de Graduação (ACG);

 Avaliação do Desempenho dos Estudantes (Enade).

Além desses itens, também são considerados instrumentos complementares


para o Sinaes:

 dados gerais e específicos das Instituições de Ensino Superior constantes


do Censo da Educação Superior e do Cadastro de Instituições de Educação
Superior;

 dados do Questionário Socioeconômico dos Estudantes, coletados na apli-


cação do Enade;

 relatório da Comissão de Acompanhamento do Protocolo de Compromis-


so, quando for o caso.

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Procedimentos de Avaliação Institucional à luz do Sinaes

A regulamentação do Sinaes aponta que o mesmo tem por finalidade a me-


lhoria da qualidade da Educação Superior, a orientação da expansão de sua
oferta, o aumento permanente da sua eficácia institucional e efetividade aca-
dêmica e social e, especialmente, a promoção do aprofundamento dos compro-
missos e das responsabilidades sociais das Instituições de Educação Superior,
por meio da valorização de sua missão pública, da promoção dos valores demo-
cráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da autonomia e
das identidades institucionais.

Sinaes e seus princípios


Para desenvolver as diretrizes para avaliação externa das Instituições de Edu-
cação Superior, o Sinaes pautou-se por princípios e concepções de orientação,
predominantemente, formativa.

São eles:

 a responsabilidade social com a qualidade da Educação Superior.

Tendo em vista que a educação é um direito social, as Instituições de Educa-


ção Superior devem primar e responder pela qualidade de suas ações e re-
sultados. Além de prestar contas à sociedade sobre a formação de seus alu-
nos, sobre as pesquisas que desenvolve e suas contribuições, sobre o avanço
da ciência. Se um dos objetivos da Educação Superior é formar o cidadão
para atuar e contribuir para a construção de uma sociedade cada vez mais
democrática, a qualidade dos conhecimentos produzidos é muito impor-
tante, o que pode ser verificado quando os processos avaliativos se consti-
tuem em práticas sociais, participativa e negociada e de construção coletiva.
Ou seja, a avaliação é uma prática social, de significado ético e com o com-
promisso de melhorar e aumentar a qualidade dos serviços educacionais.

 o reconhecimento da diversidade do sistema.

Existem hoje, diferentes tipos de Instituições de Educação Superior. Por


reconhecer essa diversidade, foi necessário que o Sinaes elaborasse ins-
trumentos que permitissem que as diferentes estruturas fossem avaliadas
sem prejuízos e levando em consideração todas as suas especificidades,
evitando assim que o processo sofra rupturas ou fragmentações.

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Avaliação Institucional

 o respeito à identidade, à missão e à história das instituições.

Se cada Instituição de Educação Superior apresenta sua forma de orga-


nização não significa que esteja desobrigada de atender às responsabili-
dades enquanto instituição universitária, submetida às normas oficiais de
regulação e avaliação. Ao mesmo tempo, deve exercitar sua autonomia no
sentido da autorregulação e da autoavaliação, por isso é tão importante
que cada instituição elabore e vivencie seu processo de Autoavaliação Ins-
titucional.

 a globalidade institucional pela utilização de um conjunto significativo de


indicadores considerados em sua relação orgânica.

Ressalte-se que é de fundamental importância que todo processo de ava-


liação permita uma visão global do sistema, de forma que os resultados
sejam confiáveis nas informações que fornece ao Estado para regulação e
insumos para políticas de melhorias da Educação Superior. As instituições
devem promover processos que sejam globais e combinem as avaliações
externas com as autoavaliações internas. A referência primeira para as ins-
tituições deve ser a sua missão e sua responsabilidade social.

A noção de globalidade também se aplica aos sujeitos participantes no


processo de avaliação, ou seja, todos os atores sociais da comunidade aca-
dêmica devem participar.

 a continuidade do processo avaliativo como instrumento de política edu-


cacional e o sistema de Educação Superior em seu conjunto.

Um processo que pretende promover a responsabilidade social, respei-


tando as diversidades, as características de cada instituição e global, ne-
cessita também de continuidade, tanto no que se refere ao tempo como à
articulação, criando assim uma cultura de avaliação que conduza a comu-
nidade acadêmica a assumir responsabilidades nos processos de constru-
ção de qualidade.

Sinaes e Avaliação Institucional


Antes de discutir a proposta do Sinaes para a Avaliação Institucional é impor-
tante destacar que, a propositura do Ministério da Educação é que:

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Procedimentos de Avaliação Institucional à luz do Sinaes

O sistema de avaliação deve articular, de forma coerente, concepções, objetivos, metodologias,


práticas, agentes da comunidade acadêmica e de instâncias do governo. Resguardadas as
especificidades, os graus de autoridade e as responsabilidades de cada grupo de agentes,
o sistema de avaliação é uma construção a ser assumida coletivamente, com funções de
informação para tomadas de decisão de caráter político, pedagógico e administrativo,
melhoria institucional, autorregulação, emancipação, elevação da capacidade educativa e do
cumprimento das demais funções públicas. (BRASIL, 2004d, p. 83-84)

Quando as Instituições de Educação Superior implementam um processo


de Avaliação Institucional, elas o fazem norteadas por duas faces bem distintas:
a Autoavaliação (avaliação interna) e a avaliação externa, enfatizando que não
devem ser premiadas as ações isoladas.

O antigo Paiub estabelecia as etapas desse processo como: sensibilização,


diagnóstico, Autoavaliação, avaliação externa e reavaliação. O atual Sinaes esta-
belece três grandes eixos de trabalho assim constituídos:

1.º Eixo: Preparação

 Constituição de CPA

 Sensibilização

 Elaboração do projeto de avaliação

2.º Eixo: Desenvolvimento

 Ações

 Levantamento de dados e informações

 Análise das informações: relatórios parciais

3.º Eixo: Consolidação

 Relatório

 Divulgação

 Balanço crítico

Nesses eixos, a contribuição das etapas a serem observadas é muito positiva,


pois a Avaliação Institucional é complexa, perscruta o impenetrável, insinua-se
para a gestão e acena como um imperativo para as Instituições de Educação
Superior.

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Avaliação Institucional

Evidentemente, não se está dizendo que este seja um processo tranquilo,


sem alterações em sua organização. Na realidade, é um processo que acaba por
se envolver em conflitos e disputas existentes no seio das instituições, uma vez
que, embora se apresente como o locus mais propício às reflexões, o processo
em si ainda não deriva da cultura de aplicar uma conduta reflexiva em seus
próprios processos.

Um processo de Avaliação Institucional se tornará duradouro na medida em


que busca a qualidade da Educação Superior, pois essa qualidade deve ser com-
patível com a filosofia institucional, com sua missão e seus valores, assim sendo,
em permanente construção. Essa construção para ser consistente deverá, ainda,
ser útil e beneficiar a todos os envolvidos, ser viável em aplicabilidade e execu-
ção, confiável e reflexiva.

O Sinaes compreende a Avaliação Institucional como:


[...] impulsionadora de mudanças no processo acadêmico de produção e disseminação de
conhecimento, que se concretiza na formação de cidadãos e profissionais e no desenvolvimento
de atividades de pesquisa e de extensão. Neste sentido, contribui para a formulação de
caminhos para a transformação da Educação Superior, evidenciando o compromisso desta
com a construção de uma sociedade mais justa e solidária e, portanto, mais democrática e
menos excludente.

Para tanto, a Avaliação Institucional deve possibilitar a construção de um projeto acadêmico


sustentado por princípios como a gestão democrática e a autonomia, que visam consolidar
a responsabilidade social e o compromisso científico-cultural da IES. Em consequência,
os resultados das avaliações previstas no Sinaes, além de subsidiarem as ações internas e
a (re)formulação do projeto de desenvolvimento de cada instituição, formarão a base para
a implementação de políticas educacionais e de ações correspondentes no que se refere à
regulação do sistema de Educação Superior. (BRASIL, 2004d, p. 10)

Para isso, a Avaliação Institucional, tanto no que se refere à autoavaliação


quanto à avaliação externa, constitui-se em condição básica para o necessário
aprimoramento do planejamento e da gestão da instituição, uma vez que propi-
cia a constante reorientação de suas ações.

A Avaliação Institucional externa tem como referência os relatórios das auto-


avaliações, coordenadas pelas Comissões Próprias de Avaliação, e os padrões de
qualidade para a Educação Superior, expressos nos instrumentos de avaliação.

A partir das diretrizes do Sinaes, as atividades das etapas de desenvolvimento


dos processos avaliativos em cada instituição serão desenvolvidas em sintonia
com o documento de Orientações Gerais, que oferecerá às instituições – para
além do núcleo de tópicos comuns – possibilidades e caminhos para a constru-
ção de processos próprios de Autoavaliação Institucional.

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Procedimentos de Avaliação Institucional à luz do Sinaes

O Brasil vem adotando um modelo de concepção holandesa, cuidando para


que ações de Avaliação Institucional não sejam punitivas nem premiativas, res-
peitando-se a não-neutralidade que a envolve, pressupondo a responsabilidade
de cada indivíduo que dela participa direta ou indiretamente. A ação educativa
se faz presente a partir da consciência individual e coletiva do comprometimen-
to da instituição e seus integrantes.

Com o Sinaes, o processo de Avaliação Institucional vem se firmando paulati-


namente, com uma filosofia própria, mas com a consciência de que é um proces-
so sem volta diante do objetivo de promover a melhoria da Educação Superior
e envolvendo questões de responsabilidade social. Dessa maneira, o Sinaes pro-
cura se diferenciar do Paiub principalmente no que se refere ao envolvimento e
à abrangência dos processos avaliativos.

É possível traçar um rápido paralelo entre o Paiub e o Sinaes, no qual se com-


preende que o Paiub foi o precursor da avaliação da educação e o Sinaes sinaliza
as decisões que podem resultar em maior qualidade, oportunidade e resultados
para a Educação Superior.

Apontadas as diferentes abordagens para avaliação e regulação da Educação


Superior, compreende-se que ao Estado cabe estimular e estabelecer diretrizes/
objetivos para os processos avaliativos. Coloca-se então a questão: como fica a
questão da autonomia das universidades? Cabe a elas, em sua autonomia, deci-
dir como fazer, como levantar os dados, como apresentar os resultados e como
encaminhar as propostas de mudanças.

Nesse caminho, uma prática viável é investir em propostas de Avaliação


Institucional apoiadas em princípios democráticos, fugindo de modelos cen-
tralizadores e reprodutores de correntes internacionais, com vistas apenas ao
mercado. Importa nutrir a autonomia das Instituições de Educação Superior com
avaliações que objetivem o alcance das missões de cada instituição, tornando-se
um processo amplo, participativo e de caráter social.

Faz-se necessário destacar Dias Sobrinho (2002, p. 61), que nos orienta a
responder algumas questões para que o modelo adotado seja coerente com
a concepção de educação e de sociedade que a instituição tenha: Qual socie-
dade queremos construir: qual educação ou qual formação é adequada para essa
construção social: que tipo de instituição a sociedade pode construir para seu
desenvolvimento?

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Avaliação Institucional

Exercer a autonomia das instituições universitárias passa, também, pela com-


preensão do que exatamente se compreende por educação e quais as finalida-
des da avaliação, compreendendo que avaliar não se circunscreve apenas à sua
capacidade de julgar, mas principalmente de provocar reflexões coletivas e re-
sultar em transformações.

Texto complementar

Introdução
O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), um dos ins-
trumentos do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes),
teve sua primeira versão realizada em todo o país em 7 de novembro de
2004, com a aplicação do Exame a treze áreas do conhecimento (Agronomia,
Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Me-
dicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Serviço Social, Terapia
Ocupacional e Zootecnia).

A avaliação do Enade incluiu grupos de estudantes dos referidos cursos,


selecionados por amostragem, os quais se encontravam em momentos dis-
tintos de sua graduação: um grupo, considerado ingressante, que se encon-
trava no final do primeiro ano; e outro grupo, considerado concluinte, que
estava cursando o último ano. Os dois grupos de estudantes foram submeti-
dos à mesma prova.

O Enade foi operacionalizado por meio de quatro instrumentos:

1. A prova, aplicada aos ingressantes e concluintes de cada curso;

2. O Questionário de Impressões sobre a Prova, preenchido pelos


participantes juntamente com a prova;

3. O Questionário Socioeconômico, questionário com 103 questões, en-


viado aos estudantes antes do dia da prova e entregue por eles no dia
do Exame;

4. O Questionário aplicado aos Coordenadores de Curso, respondido por


eles on-line até quinze dias após a aplicação do Exame.

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Procedimentos de Avaliação Institucional à luz do Sinaes

A prova, como parte integrante do Sistema Nacional de Avaliação da Edu-


cação Superior (Sinaes) e, conforme reza a Lei 10.861, de 14 de abril de 2004,
tem por objetivo aferir o desempenho dos estudantes em relação aos conte-
údos programáticos previstos nas diretrizes curriculares do respectivo curso
de graduação, às suas habilidades para ajustamento às exigências decorren-
tes da evolução do conhecimento e às suas competências para compreender
temas exteriores ao âmbito específico de sua profissão, ligados à realidade
brasileira e mundial e a outras áreas do conhecimento, contribuindo assim
para a avaliação dos cursos de graduação.

O Questionário de Impressões sobre a Prova tem por objetivo verificar


como o estudante se posiciona com relação a aspectos específicos da prova,
seu formato, seu tamanho, seu nível de dificuldade, a natureza das questões.

A finalidade da aplicação do Questionário Socioeconômico é compor o


perfil dos estudantes, integrando informações do seu contexto às suas per-
cepções e vivências, e a de investigar a percepção desses estudantes frente
à sua trajetória no curso e na Instituição de Educação Superior (IES) por meio
de questões objetivas que exploram a função social da profissão e os aspec-
tos fundamentais da formação profissional. Por fim, o Questionário do Coor-
denador do Curso tem por objetivo colher as impressões dos coordenadores
de curso tanto sobre aspectos da prova quanto sobre o Projeto Pedagógico
e as condições gerais de ensino em seu curso.

A prova teve características diferenciadas de outras avaliações já realiza-


das para esse fim. Sua ênfase não recai exclusivamente sobre o conteúdo,
uma vez que abrange amplamente o currículo e investiga temas contextuali-
zados e atuais, problematizados em forma de estudo de caso, situações-pro-
blema, simulacros e outros. Foi composta de duas partes: a primeira parte,
denominada formação geral, apresentou-se como componente comum às
provas das diferentes áreas, que investigou competências, habilidades e co-
nhecimentos gerais que os estudantes já teriam desenvolvido no seu reper-
tório, de forma a facilitar a compreensão de temas exteriores ao âmbito es-
pecífico de sua profissão e à realidade brasileira e mundial; a segunda parte,
denominada componente específico, contemplou a especificidade de cada
área, tanto no domínio dos conhecimentos quanto nas habilidades espera-
das para o perfil profissional.

Os resultados do Enade/2004 são expressos mediante sete relatórios dis-


tintos, de acordo com o público preferencial a que se destinam:

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Avaliação Institucional

1. O Relatório de Área, específico de cada uma das 13 áreas do conheci-


mento, disponibilizados na página do Inep, e que apresenta, em gran-
de detalhe, além da mensuração quantitativa do desempenho dos es-
tudantes na prova e de inúmeras correlações estatísticas, uma análise
qualitativa acerca das características desejáveis à formação do perfil
profissional pretendido. O seu público preferencial são os professores
e especialistas das áreas do conhecimento que tiveram os seus estu-
dantes submetidos à prova;

2. O Relatório dos Cursos, enviado a cada um dos coordenadores de cada


um dos 2.184 cursos participantes do Enade 2004, com análises do de-
sempenho de ingressantes e concluintes do curso e da área no Brasil
e nas diferentes regiões do país, nas diferentes organizações acadê-
micas e dependências administrativas. Os leitores preferenciais deste
relatório são os coordenadores de curso, os professores atuantes no
curso e os estudantes, ingressantes e concluintes, que nele estudam;

3. O Relatório da Instituição, enviado aos dirigentes máximos de cada


instituição, informando o desempenho dos estudantes dos vários cur-
sos da instituição que participaram do Exame. O acesso a este relatório
está temporariamente restrito ao pesquisador institucional indicado
pelo dirigente máximo da instituição;

4. O Boletim de Desempenho do Estudante, informando a cada um dos


143.170 indivíduos participantes o seu desempenho médio e o de seus
colegas de curso e de área. Este relatório, que tem por objetivo permi-
tir que o ingressante e o concluinte, através da comparação com o de-
sempenho de seus colegas de área e de curso, compreendam melhor
o seu próprio desempenho na prova é privativo do estudante, com o
acesso disponibilizado pela internet mediante senha individual;

5. A Tabela de Desempenho e de Conceitos dos Cursos (Tabelão), apre-


sentando o desempenho médio de ingressantes e concluintes de cada
curso e a relação dos conceitos de cada curso. Estas informações estão
apresentadas em ordem alfabética, por instituição, e serão inicialmen-
te disponibilizadas aos coordenadores de curso e dirigentes das IES,
na página do Inep, e, em breve, para toda a sociedade;

6. O presente Resumo Técnico, que também será disponibilizado na pá-


gina do Inep e amplamente distribuído aos órgãos de imprensa, e cujo

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Procedimentos de Avaliação Institucional à luz do Sinaes

objetivo é apresentar, de forma simples e resumida, uma análise glo-


bal dos dados sobre o desempenho dos estudantes na prova e sobre
a avaliação que ingressantes e concluintes fazem de seus cursos, no
que diz respeito aos professores, ao projeto didático-pedagógico, às
instalações e às suas expectativas como futuros profissionais atuantes
na área e como cidadãos atuantes na sociedade;

7. O Relatório Técnico-Científico, que será disponibilizado nos próximos


meses e que tem por objetivo analisar com profundidade e rigor cien-
tífico cada uma das 40 questões de cada uma das 13 provas, além de
cada uma das questões dos diversos questionários aplicados, buscan-
do verificar, através de cruzamentos estatísticos, entre outras, o seu
grau de confiabilidade e a sua capacidade de testar as habilidades,
competências e conteúdos propostos. O seu público-alvo preferencial
é a comunidade de especialistas em exames de larga escala e os pes-
quisadores em geral. Este conjunto de relatórios será complementa-
do por simpósios temáticos e por seminários com coordenadores de
curso e com as comissões assessoras de áreas, além de especialistas
nas várias áreas do conhecimento, com o objetivo de garantir o mais
amplo uso dos resultados no melhoramento dos processos de ensino-
aprendizagem e no aperfeiçoamento constante das condições de en-
sino e do próprio sistema de avaliação dos cursos de graduação.

(Trecho: Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Enade 2004 – Resumo


Técnico, 2005.)

Dica de estudo
Leia a Revista sobre Avaliação, Revista da Rede de Avaliação Institucional da
Educação Superior. Raies – v. 9, nº. 1, mar. 2004. A revista compila um conjunto de
matérias sobre o Sinaes que vai desde suas raízes históricas até os debates realiza-
dos no âmbito interno das comissões de estudos para implantação do Sinaes.

Atividades
1. Dentre os vários objetivos de um processo de Avaliação Institucional, qual é
aquele que merece maior destaque?

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Avaliação Institucional

2. Quais devem ser os principais passos para elaboração de um processo de


Avaliação Institucional?

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Procedimentos de Avaliação Institucional à luz do Sinaes

3. O processo de Avaliação Institucional das IES, orientado pelo Sinaes, compre-


ende, diferentes momentos avaliativos. Cite quais são eles e que outros instru-
mentos são considerados para compor a avaliação de uma dada instituição?

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Gabarito

Procedimentos de Avaliação Institucional à luz do Sinaes


1. Ressalte-se que muitos são os objetivos que se pode eleger, mas o que
precisa ser destacado é o de promover o desenvolvimento e o aperfei-
çoamento das pessoas e das instituições.

2. Ao traçar as principais ações que devem ser desencadeadas em pro-


cesso de Avaliação Institucional, tomar o cuidado e apontar os três
grandes eixos sugeridos pelo Sinaes:

1.º Eixo: preparação

 Constituição de CPA.

 Sensibilização.

 Elaboração do Projeto de Avaliação.

2.º Eixo: desenvolvimento

 Ações.

 Levantamento de Dados e Informações.

 Análise das Informações: relatórios parciais.

3.º Eixo: consolidação

 Relatório.

 Divulgação.

 Balanço Crítico.

3. Os processos são:

 Avaliação das Instituições de Educação Superior (Avalies):

a) Autoavaliação, coordenada pela Comissão Própria de Avaliação


(CPA), cujo modelo deve se pautar nas orientações gerais elaboradas

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Avaliação Institucional

a partir de diretrizes estabelecidas pela Comissão Nacional de Avaliação da


Educação Superior (Conaes);

b) Avaliação externa in loco, realizada por Comissão Externa de Avaliação Ins-


titucional designada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa-
cionais (Inep).

 Avaliação dos Cursos de Graduação (ACG);

 Avaliação do Desempenho dos Estudantes (Enade).

Além desses itens, também são considerados instrumentos complementares


para o Sinaes:

 dados gerais e específicos da IES constantes do Censo da Educação Supe-


rior e do Cadastro de Instituições de Educação Superior;

 dados do Questionário Socioeconômico dos Estudantes, coletados na


aplicação do Enade;

 relatório da Comissão de Acompanhamento do Protocolo de Compromis-


so, quando for o caso;

 relatórios e conceitos da Capes para os cursos de pós-graduação da IES,


uma vez que a instituição pesquisada tem dois mestrados;

 documentos sobre o credenciamento da IES e seu último recredencia-


mento. (BRASIL, 2004a).

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