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Psychologica 2004, 36, 15-32 Terapias feministas, intervengao psicolégica e violéncias na intimidad Uma leitura feminista critica RESUMO (0s procediments de aaiagho © de mevengso psicogics comuaments viizdos juno de riers vimas de violencia tem repesetao na Hlstria da Psicologia, na son geneaidads, ut {Enatve de remediar os preslemasasocadoe 8 vitmiaaio end subjacente um conjnto de rsioais teios que lens o sea caricer waumdtico« inepactant, ’hTnsaistggo cam os models tericoe wcicoals de avaliago ¢ de interven os stages de vitécia na incinidade mosivou a emerges deforms alters de intervir sire of process 4: vitizago ©. por inca, a rconceprinizacso do fenimeno tur da sun dimenso social. Este documents comega por indie ss questbes da erica Feminist piclogin tacoma fazendo em epidn ume tee referencia ho enquaament sic do aperecimento das trp feminists nt Duclos, Bem como wma descgho da sat crests cana. So ainda refers as implia- es rapeltanes A adopyao dette mtodoogis leraplucas ma intervene com mires vtimas de oleae) iatimidade, Puswnas-cve: Terpis ferinias; Vitis; Volos; Invimidade; Interven psc Introdugio © repovoamento dos discursos cientficos tradicionais da psicologia nos anos 70 € 80, por via da introdugio das questbes feministas © das quest6es eniticas aos meios scadétuicos, pulverizou as discusses toGricas, floséficas © epistemol6gicas sobre que ciéncia produsir e que conhecimento cientfico determinar como’ “verdadeiro” e vigvel (Stake, Roades, Rose, Ells & West, 1994; Amfncio, 200]; Nogueira, 2001). Nos ttimos , trina anos, os/es psicdlogoslas desenvolveram abordagens diversas para estadar as mu- Iheres e o género (Marecek, 2001) e, & medida que ideologias emergentes foram dese _fgpo, bes alias, o campo da psicologia fois expundindo em novas dresses Tnsituo de Edncayo © Psicologi, Unveridade do Minho. Email: aneves@ep mind p ‘Tee de Dowtramento eo curso finnniada pela FandasSo para Ciénia e Tecnologia. fatto de Bdocagto e Pacoogin, Universidade do Minho. E-mail: cnog@iepaminbo.r Neves, S.& Nogueira, . (Worl & Reet 200) ua “noe hstra da psclgia” (Fox & Prise, 1997) foi send escrita, ‘As mulheres dentro da psivologia, ¢ das ciéncias socials em geral, impulsionaram {ortemente esta expansio, entando demonstra como 0 espslio positvista havia represen- tado inadequadamente as mulheres (Keller, 1992), como Ihes tinha coarctado 0 acess0 ‘oportunidades e a direitos semelhantes eos dos homens e como necessitava Ser rectificado este formato pouco igualtiio e claramente androcéatrico de conceber 0 conhecimento cientifco. O viés androcfntrico foi mesmo uma das cxtcas mais ferozmente apontadas pelas abordagens feminists 3s cifncias sociais, considerando-se que a adope30 do sexo ‘masculino como norms e a assungio do sexo feminine como desvio contsibuiu sobrema- peira para a propagaclo do discurso de menoridade associado as mulheres. Por outro lado, © comportamento das mulheres, muico mais do que © comportamento dos homens, foi, durante muito tempo, explicado pela psicologia tradicional pelo indiio do fatalismo biolégico, tendo sido negligenciada toda e qualquer influéncia dos diferentes contextos socias nos comportamentos das mulheres e dos homens (Bohan, 1997; Kimmel & Crawford, 2001). Ao par a énfase na componente biolGgica associada a0 sexo e no entendiment© 4a sovializago assente no paradigma da dicotomia e da dualidade do sexo masculino & {do sexo feminino (Bem, 1993; Citeli, 2001), a ciéncia estabeleceu fronteiras entre as esferas pablicae privada, empurrando os homens para a primeira e arrumando as mulhe- res’para a segunda, iso 6, validando a manutengo da suposta hegemonis masculina ‘Amancio, 1994) e enaltecendo o estatuto de subalternizacéo feminina. Atéo ajustamento © © equilfbrio psicoldgico das mulheres foi conceptualizado em termos da conformidade a nommas estruturais de género, as quais serviam para limitar a autonomia das mulheres a sua oportunidade para evidenciar competéncia em virias reas do seu funcionamento (Kimmel & Crawford, 2001). Muito do trabalho de contestao destas préticas e proce- imentos foi efectivamente levado a cabo por mulheres pertencentes 2 comunidade académica, revelando a exclusio ¢ a subordinagio a que o sexo feminino estava relegado (Kamuf, 1990, eit. por Nogueira, 1996). Foi neste contexto de dentincia que se assstiu a um avango considerdvel na pro- dugio cientfica sobre as questées de género bem como nos estados sobre as raulheres, tendo sido notério também o aparecimento de cursos de formagdo, vocacionados espe cificamente para a apreciagio © desenvolvimento destas questies, promovidos por depar- tamentos de psicologis, e a fundagio.de Associagdes Profissionaisigualmente empenha- das exn reabilitar a importncia destes dominios. Comegaram a surgir assim as primeiras lusOes as terapias feministas e aos grupos feministas de intervengio ligados, por exem- plo, aos refigios que albergavam mulheres maliratadas (Whalen, 1996) ‘Uma das primeiras mulheres a iniciar esta jornada de denunciasio foi Naomi Weisstsin, em 1968, declarando que a psicologia nada tisha a dizer sobre como as smulheres so na realidad, sobre 0 que precisam ou sobre o que desejam, porque @ Psicologia nada sabia sobre essas questées (Crawford & Unger, 2000). Mais tarde, a ‘mesma autora viia @ acusar a psicologia de ter deixado de lado as mulheres, esquecendo- se de incluir também nas suas teoras, nas suas pritcas e nas suas inestigagdes dados acerca dos contextos sociais que circundavam os quotidianos desta mulheres (Whalen, 1996). Em Portugal, nos anos 70 80, 0 rensscimento da reivindicacio da igualdade encabegada pelos movimenins feminists traduziu-se, como refere Maria José Magalhes (2998), num exerecio de actividade politica em prol da emancipagdo e libertagéo das, “Terps fminiis, intervengsopsislgicn « vilEcias nm imimidade: ‘ina ern feminists exten mulheres. Ainda assim, a emergéacia do peasamento feminist critico na ciéncia nfo companhou de maneira tio explicta estes movimentos de Iuta, endo ainda difuso ‘pouco vistvel na actualidade. ‘Como sustenta Ligia Amancio (2002), “em Portugal, o tempo de vida curto das ciéncias soci adiou, por algum tempo, a reflexdo feminista. O esforgo de afirmacio piblica dos vétios saberes, tanto perante as institigles fimanciadoras da ciéncia como —— perante 0s publicos, © a consequente necessidade de demarcagdo dos seus terit6rios proprios, prvilegiando as lealdades disciplinarese insttucionais relativamente as proble- réticastransversais, nfo facltaram, inicialmente, nem a emergéncia da questéo feminis- tanem o olhar feminisa eitco sobre as formas de producto do conbecimento” (p. $5). Foi a partir de 1974 (com # Revolugio dos Cravos) que, a0 nivel das cigncias socisis, € dda Historia particularmente, se passou a viver uma fase de advento de novas areas de festudo © de renovago metodoldgica (Vaquinhas, 2002). Mas, no campo da Psicologia (da Psicologia Social concretamente), foi a autora Conceigio Nogueira, em 1996, 2 primeira a apresentar um trabalho de referéncia no nosso pals sobre a critica feminista 1Vcidncia psicoldgica e as abordagens essencialistas do género (Améncio, 2002)'. Vishum- ‘ra-se ainda um longo caminho a percorer, apesar das raizes do peasamento feminista critico comesarem paulatinamente a germinar nas comunidades académicas. © activismo feminista faz de facto a diferenga nos mundos académicos no que espeita A forma como procura evidenciar os efeitos que a discriminagao contra as ma- Theres provoca no modo como so desenvolvidos os estudos em psicologia sobre o Sexo feminino, Esta vido revoluciondria dentso da ciéncia vai possibilitando uma postara de ‘questionamento dos aspectos morais, politicos e cientificos da psicologia, a qual, por sua Yer, procura influencir © ter impacto ao nivel da prépria orientagio deste campo de saber (Fox & Prilleltensky, 1997, cit. por Crawford & Unger, 2000): O slogan feminista “p pessoal & politico”, propagandeado nos anos 70, aplicado & Psicologia significa que cla 6, de facto, um tereno fétl para a acglo feminista e que as quests potiticas dever ser equacionadas pela ciéncia psicol6gica (Fox, no prelo). 'A ingeréncia feminista na estruturago de uma Psicologia Feminista nio foi con- sensual mesmo entre alos feminists académicasfos, tendo estases trabalhado as ques: tes do género, das multiees e da igualdade a parr de posicionamentos epistemol6gicos Gistinos, 05 quais deram origem nlo a uma Psicologia Feminista, mas a vérias Psicolo tias Feministas. Aslos psicélogasios feministas afrontaram os enviesamentos existentes tna construgdo do conhecimento sobre as mulheres, na uilizagio das préticas terapéuticas @ de investigagao, na manobra de estereatipificagio do género e no tatamento dado aS Imalheres nas vérias dimensGes das suas vides (Marecek, 2001), mas nem sempre © fizeram adoptando argumentos feministas comuns. 'Na actualidade, aslos psioSloges/s feministas mais cépticaslos em relagdo & psi- cologia tradicional, ¢ mesmo em relagdo a um feminismo empiicsta e essencalista, tenformam 03 seus projectos de intervensio sob a forma de recursos provenientes do Construccionismo social, da teoria pés-medema e da psicologia critica: ao invés de "Gk Nogurirn C. (1996. Un novo oar sabre as relagdessciis de gener: Perspective fo risa erica na picloga social, Diveragio de Doutoranento, em Psicologia Soca, alo pbicads Brags Universidade do Minto. Neves S48 Nogosir, C perspectivarem a psicologia como desinteressade na procura da verade, questionam-se Sobre as ideias e 0s iteresses que slo sevidos peas suas investgagGes: 20 invés de aceitarem os métodos eos pradigmas acicamente,perguntam-se como é que 0s nics ‘que a psicologiaconsome para produzeciacia emolduram o conhecient; a0 iavés de asumirem 4 histra do progresso cientfic, imiscuem-se aos registos hstrios da discptnn e discutem as suas relagbs seins, seus esfrgos para ganar lepitimidade 0 sou lugar na vida cultural (Marecek, 2001). ‘Sendo uma varante da pscologiacrtice(¢entendemos agui a pscologia cstica, tal como fan Parker, em 1990, a defini, como um movimento que desi a psicologia 4 tabalhar em prl da emancigagio e da justga social ¢ a pie cobro 3 injusiga © 8 opressio), a psicologia feminist erica abre pasagem para uovas escolhas © novas teaject6rias de avaliagio e de intervengio psicolégicas. De acordo com Fox e Pile teasky (1997), 0 process interactive da exlicafortalece a psicoogia, tomando a oossa Drea de crtcamente examina os seus pressuposts e of seus métodos una teaaiva de produzir una cifacia intinsecamente mais posiiva, embora ess prétca estja mais reveatia de contariedades do que de faclidades 1A emergéncia das terapias feministas © tablho de objeto Aula inequna busva ds pes picoligios tnclonan led «cab plas dbordgers Rann, rnin nu io dors © de interes dissonant da Acar «8 quis acsvam a remfaia du econ toro do eeepe de gfortoo da nguogen sca repuament ct na le $x not models, na abordages ¢ not insiunente de aralagto de interven Dotclcoe Dute mins Sea, my onto feniias« perpen per Epplincaclinbas dream tam cela fincas, mals twos howl (scm, 1980) unin fill de apeigue, A medaaro da plslogi, a bjectiao dot tuo 0-0 ukamen aa tsps subjects 0 cooteed soc att a teak,» tlgaght do Saclay Uedigbo cs east pn br Oriana purclegicas (arco, 2001) e + perasene pleoloizaqte einlvdualizato dos Teac far cam queen ches rego fanaa o de nerve peo Vig lca foucm que iconlids, Quats qustbsrelcoeaat Coa Pres tpl de moves srl at iacrengcttphes com untars fen opts pelt American Prctoogcl Associa a) o rego don pela tenuis eaicona, da quant sexpetas sobre 8 capcaes das murs e sua respec deve In) 0 sn de on pis ©) tata orbs como oes sexual inculndo sed ds eet po pare os tapes (1374 por Good, Gilbert & Scher, 1990), se me is fs penpectas tpt cadcorl, do pots de id di ce fens diy burdens conscious socials, taba somo cee da vo Inervengio © Indvuo enguano focus dos problemas, desvano-se do papel que ss condigss CE Anstin, 5. & Priltoneky, 1.2001. Diverse ergs, common sims: The challenge of ext tial prybology. Radical Poychology, 2, 1-14 Terpias feminists, intrvengio picldgica ¢ volacas a itinidade: ‘Um letra feminisa ertica societas desempenham no despotetar de determinado tipo de constrangimentos pessoais (Hare Mustin & Marecek, 1997). Mais do que isso, a Idgica terapéutica cléssica na psi- ‘cologia incorporot inadvertidamente certas ideais e normas da cultura contemportnes, 25 ‘uals pivilegiam 0 enfoque na autonomia, na importincia da identidade pessoal ¢ 02 fhuto-realizagdo decortente das conquistas individuais © materisis (Cushman, 1995, cit. por Here-Mustin & Marecek, 1997). [Neste exercicio de argumentagio no seatido da perfilhago de inovadoras modali- dades trapéuticas na psicologia, a8 abordagens exticas foram assim coleccionando uma série de evidéncias que aponiava as préticas de saide mental em vigor como desade- Gquadas ¢ debiitantes, mormente para as mulheres (Crawford & Unges, 2000). Na ver Gade, todo o sistema de clasificasso das desordens mentais (com expecial destaque © Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ~ DSM ~ da Associagio Amex ‘cana de Psiquiatia), a posigéo minoritria dofa cliente face ao saber especialista do/a terapeuta e 2 tendéncia doslas técnicos/s para atribuir a causa das doengas & indivi- dvalidade ferminina, esquecendo-se de avaliar as circunsténcias extemas aos individvos, Consent que a soviedade patriarcal coatinuasse a fortalecer-se (Unger, 1998). As abor- ddagens wadicionalistas da satde psicolégica (Worrel, 2001) e fisica (Travis & Compton, 5001) derivam de miltiplas perspectivas centradas no sexo masculino (e este como sinénimo do homem ocidental, heterossexval, branco e de classe média) o que, como jé tivemos ocasio de evidencia, determinou uma leitra distorcida e altamente arbtrsia {dos fendmenos relacionados com a sade dos individuos ~ no que toca.a etiologia, a0 dagnéstico e 20 tatamento das patologias ~ excluindo-se sistematicamente 0 factor igénero (entre outros) desta andlise (Cermele, Daniels & Anderson, 2001; White, Russo & Travis, 200. ‘Oslas psicoterapeutas eram treinados/as para acreditar que as mulheres geralmente provocavam os ineidentes de que eram viimas (Walker, 1979) ~ reforgando a sua respon Eabilidade pessoal ~ bem como para crer que o tnico meio eficaz de sjudar os/as seus! Sues cliontes seria a “cura” (Nightingale & Neilands, 1997), 0 que oxientava todo 0 trabalho psicoterapéutico na deogio da intervencdo remediativa. A presuncio subjacente inaioria dos formatos de tratamento era a de que © que esté errado reside no interior o individuo, pelo que a tarefa dos/as psicslogos/as deveria ser apoiar as pessoas SGustarem-se as circunstincias, em ver de as apoiarem na transformagto dessa circuns- fincas, que nio s6 contribuem para a instalacfo do problema como sio objectivament numa parte dele (Hare-Mastin & Marecek, 1997). 10 efeito destas e de outras critica fez-se sentir a viios nfveis, sobretudo no que respeta a0 crescimento de novas 4reas do conhecimento dentro da psicologia, asim ‘como de extraégias diferenciadas de prevencio e de resolucto dos problemas humanos. Embora a formacio da disciplia “Psicologia da Mulher” tivesse decorrdo desta ampli- ficacto das ‘reas de conhecimento na psicologia e tivesse cooperado na promocio de ‘uma cigacia eplicada a0 aconselhamento e & terapia com mulheres (Worell & Remer, 12003), alguns/as autores/as imputem a esta disciplina o facto de conservar © mesmo ‘ardcter essencalista da psicologia tradicional (Nogueira, 2003) ‘Neste cenisio, e num petfodo em que 0 Movimento das Mulheres clamava 0 seu descontentamento com as préticas opressivas ditigidas ao sexo feminino (Israeli & Santor, 2000), as terapias feministas surpiram como uma resposta 203 desafios ¢ & necestidades emergentes des mulheres (Land, 1995; Herlihy & Corey, 2001), Segundo Neves, $.& Noguia, C Carolyn Enns (cit. por Seu & Heenan, 1998) a emergéncia das teraias feministas veri- ficou-se nos EUA, através da reproducio de grupos de promos do aumento de cons- ciéncia (conscioumess-raising groups). Estes grupos informais e politizados ocasionarsm. ‘que as mulheres pudessem melhor analisar as suas experiéncias pessoais c 08 contextos politicos onde essas experiéncias eram constaidas (Naples, 2003; Neves & Nogueira, 2003), No ambito desses grupos procurava-se anaisar “as estuturas insttucionais © a5 ‘norms sociis, assim como a8 atitudes e os comportamentosindividuais(..)", da mesma forma que se procurava pér em pritica nogGes de “paritha equitativa de recursos, de poder ¢ de responsabilidade (..)"(Kravetz, 1980, cit. por Seu & Heenan, 1998, 3). Com 0 objectivo explicito de efectivar esta partiha de recursos © de poder, grande parte ddas mulheres envolvidas nestes grupos comaprometeu-se na prossecugdo de actividades socinis e politica, oferecendo suporte e aconselhamento a outras mulheres sobre temas ‘come a violencia doméstica, os direitos reprodutivos e assuntos do foro da saide mental Enns (1993) refere, contude, que aio obstante 0 desafio politico e pessoal subjacente & formagio dos grupes de promocio do aumento de constiéncia © 3s acgdes pablicas por cles desenvolvidas, o efito que mus se fez sentir como consequeacia da sua actividad foi apenas o do aumento da conscientizagio das mulheres e o da melhoria das relapdes estabelecdas entze elas (cit. por Seu & Heevan, 1998). Na realidade, segunda a autora, ‘© impacto politico destas acs6es foi aparentemente muito reduzido, o que veio contrariar ‘uma das premissas bésicas destes grapos, o de impulsionar uma estratégia de anslise feminista pofunda face @ uma nova realidade socal (Whalen, 1996). Alguns/as autores, ingurgindo-se contra esta perspectiva, argumentaram que os grupos de promogéo do aumento de consciéncia s80 em si mesmos uma forma de aoeio politica, uma vez que ‘ctuam para transformar 0s individuos. Se “o pessoal € politico”, entdo os “grupos de promogéo do aumento de conscincia” sao um acto politico (Whalen, 1996). Para além ‘de erapéuicos (Brodsky, 1975, cit. por Seu & Heenan, 1998; Kravetz, Marecek & Finn, 1983), estes grupos foram igualmente considerados instrumeniais no sentido em que providenciaram bases importantes para a mudanga das estruturas socials opressivas © sexistas que caracterizavam a sociedade patriarcal (Worell & Remer, 2003) Embora a participasio das/dos terapeutas feministas nos grupos de promosio do ‘aumento de conscigneia tivesse sido tardia (por imposicso dos proprios grupos), esta teve come efeito, a médio-prazo, a fundacio de Institutos Profissionais de Terapia Feminista fe de Grupos de Terapia Feminista, bem como a disseminacio de projectos de apoio a mulheres maltatadss e vitimas de violéacia (Whalen, 1996). Herlihy & Corey (2001) ‘pontam, inclusive, estas forgas instucionais como indispenséveis 2 ufimagio das tera pias feministas nos meios académicos. Organizagées navionais e intemacionais foram ‘assim constinuidas para dar resposta as desigualdades cometidas no tratamento fisico © psicolégico prestado 3s mulheres, assim como para promover a metamorfose social (Worell & Remer, 2003). O “segundo sexo" foi introduzido na literatura médica © psicolégiea da época, novas “clientelas” foram “descobertas” ¢ probleméticas que até fentio eram invisveis e teoricamente inexstentes comecaram a ser alvo de ateng%o por parte das comunidades cientifica (ibidem). 0 investimento no desenvolvimento de novas > Desigagio dad so exo feminino por Simoae de Beauvoir na saa br com o mesmo tito Cf, Beawoin S. (1976) O Sepundo Sex, Lisboe Bares. “Terps feminists, intervengo psioliea vilécias na inimiide ‘Ua era feminists exten teorias e formas alteraivas de promover a investigagdo e a intervengio foi @ conse- éncia natural deste processo de tomada de consciéncia. aed nascimento das terapias feminists na Psicologia nfo foi indiferente As influén- cas da Psicandlise © da Psicologia Humanists, na medida em que algumas orentapbes insertas nestas abordageos colaboraram no desenvolvimento da propria ciéncia psi- coldgica feminista (Chaplin, 1999). Durante a década de 70, muitoslas psicanalistas fncluram prineipios feministas na sua prética profisional (adeptando algumas perspec- tivas desenvalvidas na obra de Juliet Mitchell sobre Psicandlise © Feminismo), tendo jnclusivamente alguts/as autores/as procarado usar alguns dos argumentos propostos por FFrend para autiliar as mulheres na compreensio das razSes que as levavam a cultivar padres auto-deprecativos, apesar de todo 0 processo de tomada de consciéneia em curso (Mitchell, 1975, et. por Chaplin, 1999) ‘Oslas psicdlogos/as humanistas, por seu lado, centraram a sua intervengio na rea- bilitagGo do potencial humano, assumindo uma visfo optimista da natureza humana ¢ defendendo uma sbordagem holistica em que 0 corpo e @ mente eram encarados como Sgualmente importantes. Nas perspectives humanists, mais do que procirar causes no passado ot na infincia, 0 que esté em causa é a compreensio do individuo como um ser Integrado ¢ sujito a infiuéneias do contexto envolvente. Muitosfas humanistas manifes- tam ne sua prética um compromisso activo com a igualdade e encorajam 2 disseminaga0 dos grupos de auto-ajude ¢ & implementacio da auto-resiligncia (Chaplin, 1999). Quer & landlise das diferencas de género (parcialmente subenteadida na teoria freudiana) quer @ assunglo do ser humano como um Ser social, cultural e hisoricamente integrado (percep tivel nas abordagens humanistas) foram efectivamente adoptadss pela psicologia femi- rista ©, mais particularmente pelas terapias feminists. ‘Bodemos salientar que, independentemente das orientagbes tericas, losficas ov epistemolégicas que presidiram 4 chegada das terapias feminist a psicologie, o sou terreno demarca-se dos demais pelo entendimento de que 2 intervengo nos problemas txige « accitagio de uma perspectiva sécio-cltural e de que 0 empowerment dos indi- ‘duos e as mudensas sociais sfo objectivos fulcrais na terapia(Hetihy & Corey, 2001). 2. Teraplas feminists ¢ intervengio psicoligiea ‘A designagio “terapias femipistas” nfo & consensual entre os/as teéricosias sles priticos/es que trabalham neste campo, dada a diversidade de filosofias que thes tstéadjacente. Nzo & sequer esclarecedor, para alguns/as autores/as, de que tipo de ftervengao psicolégice falamos quando usamos esta aomenclatura para adjectivar 0 trabatho terapéutico que executamos. Encontramos, ao entanto, na iterataa urn Conjunto de pressupostos que servem para justificar a adopyio desta terminologi, a qual partitha smo, jé que entendemos que tum terapia pode e deve ser qualficada de feminist sempre {que ver subjacente & sua prética e & sua terizagdo os principios feministas que com poem e dio suporte& construggo de uma ciéncia psicol6gica feminist. Estes principios io, na nossa Spica, os mesmios que foram descritos por Worell ¢ Remer, em 2003: 1) © principio da inclusividade que deriva do pressuposto de que 0 impacto social do igé0ero seatido e interpretado de forma desigual pelos diferentes grupos, tendo em conta a sua etnicidade, a sua cultura, a sua classe social, entre outros faciores; 2) O Neves, $.& Nogueim, C principio da igualdade que advém do reconhecimento de que as polticas de género afectam, de modo difereme, diferentes grupos sociis; 3) O principio da procura de conhecimentoinovador que reslla da necessidade de estarmos stentass & diversidade 88 especifcidades: 4) O principio do enquadramento contextual que redunda a leitara dos fendmenos tendo em conta 0 seus arpectos econdmicos,socaise politices: 5) O principio do conhecimento comprometido com valores que deriva dum recuss em evocar {Uneutalidade © 2 imparcalidade como premissas possiveis © desejéves dos discursos Clentficos: 6) O prinefpio da mudanca que provem do compromisso com a transforms {0 social em pol da justigae da iguldade; 7) O principio do respeito pelo processos [ualitdrias de tomada de decisao que cesta da crenga de que os processos de tomada de decisio que afecam as pessoas e ot gropos devem ser consonartes com os pesso- ostes feminists do espeto mituo e da valrizacao de todes as vozes e 8) O principio {i expansio da pritica psicoldyica ue assume que os principios feminist podem sec aplicados a todas as actividades profissionais nas quais estamos embrenhadas/os teorizago, prevengl, trap e aconselhamento,avaliag, pedagogia, desenvolvimento ccuriculr,investizngo,supevisio, lideranga e formagao profissiona. ‘AS mesma autos, j6 em) 1992, tnham sistematizado alguns objectives que deve- ram preside intervene psicteraptica feminist: a) tornar oss clientes coascientes do set prpio proceso de sciliagio baseado no género, b)apoiarosas clientes na identfcagao de mensagens iotemalzadas por elevas espeitantes 20s papéis de género ce na respective subsimigo dessas mensagens por erengas constructvas, ¢) ajar oss Clientes a perceber como os dscursos e as préticas sociis seistas e opresoras oss influenciam de forma negative, 4) apiar ovss clientes na aquisiglo de competncias ‘promotor da mudanga € e) orienta esas clientes na taefa de ampligo de compor- tamentoslivremente escolhios (cit. por Herlihy & Corey, 2001. ‘Sesan © Katzman (1998) afirmaram que as terapias feministes sko terapias que contribuem para o empowerment das mulheres, através do compromisso com o aumento 4a sua conscitnia, do estabelecimento de elabes terapeutiasigulsras, da valoriza- «fo do potencial das mulheres ¢ do envovimento dosas clientes na mudanga social (it Dor Seu & Heenan, 1998). Neste sentido, as terapias feministas opdem-se aos programas de trabalho terapéaico propostos pela trapias psicolégicas tradicionss, os quai cen- telizavam a sua actuagdo na reducio da sintomatologia dos/s pacientes. Este desafio passa por considerar mais do que os sntomas para incluie as candies contextsis onde ts Sana so devise co pot vb o att rao xo fralecimento © na resligncia (White, Russo & Travis, 2001) ¢ no apenas no aspecto remodiatvo e de cura Demo seas no ee [Na conceptalizagio da tapas fesnistas podemas apontar uma multplicidade de abordagens de técnicas de avaliago e de inervene0, drigidas quer a mulheres quet ‘homens (emboraclaramente se note ma literatura da ca tm maior comprometimento to deservolvimento de tbalbo terapéatico dlzigido a mulheres, uma yez que 0 sexo feminino ext idenicado, pela teoras feminists, como alvo preferencial de investdas diseriminatéeias em contextasterapticos). Oss terapeutas feminists, tal como osfas, invesigadores/as feminists, utlizam diferentes tipes de estatégias © de modelos pco- 1seicos, embora algumas ténices aparegam enuneiadas como as mais frequentemente usadas por ete tipo de terapeuas. Podemn zealgaese a andlse des papéis de género, & andlise do poder, 0s métodos de desmisifagdo (Worl & Remes, 2003), a ressocia- “Terapia feminists, interveaglo picolieae vildacias wa inimidade: ‘Uni letra feminist exten lieagdo © 0 acrivismo social (israeli & Santor, 2000), Através da analise dos papéis de genera, oslas clientes 840 apoiados/as na identificagéo de como as estrutura socias © as ‘expectaivas relacionadas com os papéis de género tradicionais influenciaram as suas vidas. Desta andlise faz parte também uma tentativa, por parte dos/as terapeutas, de analisr o impacto que 08 esterestipos sexuais tm nas suas proprias motivagSes para trabalhar com as familias, com os easais ou com os individuos separadamente, na escoths das suas intervenges © nas suas interpretagGes do que constitu um trabalho terapeutico ide sucesso* (Goodrich, Rampage, Ellma & Halstead, 1988, Hines & Hare-Mustin, 1978, cit. por Enns, 1988). Esta técnica de andlise de género serve inclusive de pilar & Gender “Aware Therapy (ma variant das terapias feminista), a qual procura avaliae a contebui- ‘elo que as formas, os costumes e as estrururas socials t&m para 0 desenvolvimento dos Individwos como mutheres e como homens (Good, Gilbert & Scher, 1990) 'A técnica da andlise do poder explora a diferenga de poder entre homens © m- Iheres (eu entre grupos domiinantes e optimidos) nas sociedades ocidentais, sendo coulas clientes assistidos/as no processo de entendimento sobre a utilizaglo negativa € positiva do poder pessoal ¢instnucional. Associada a esta andlse esté uma outra que tem 2 ver com as préprias relagdes de poder que se instituem no processo terapéutico. Os/es terapeutas slo encorajados/as a assegurar a escolha informada dosfas seus/suas clientes, rnegociando com eles/as 08 objectivos e as estatépias teraptuticas © discutindo 0s pos- ‘veis efeitos colateres decorrentes do uso de técnicas especificas (Enns, 1988). ela via da desmisificagdo é dada informago 2os/s clientes acerca dos procedi- mentosterapeaticos que vio ser tilizados nos seus casos e do processo de mudange que se vislumbra aleangar, bem como Ihes so facultados instramentos de avaliaglo e de Imonitorizagio dos seus prprios progressos, endo a sua opinio validada e legitimoda. Relag6es contratuais entre terapeuta e cliente clarficam a natureza e os parimetros dda terapia,cetifiam 0 balanceamento do poder em favor de uma maior igualdade fe constroem um conterto onde os/as clientes se respousabilizam pelos seus ganhos (Hare-Mastin, Marecek, Kaplan & Liss-Levinson, 1979, cit. por Enns, 1988). Os/as tera- peutas feministas acreditam na capecidade doslas seus/suas clientes de actuarem pré= Ffetivamente nos seus ambientes (Enns, 1988), trnsformando-os e conferndo-Ihes n0vos Significados. Do nosso ponto de viste, aqui reside o grande potencial do trabalho das terapias feministas na psi "A téenica da ressocializagdo envolve a reestraurasto (cognitiva) do sistema de crengas dos/as clientes, aprendendo estes/as a questonar os seus paps tradicionas ©, partir da, a desenvolver novas estratégias de coping (Dutton-Douglas & Walker, 1988, it por Israeli & Santor, 2000). Finalmente, através do activismo social oss clientes s80 ‘stimulados/as a participar em actividades exta-terap2uica, tis como protestos organi- dados, manifestagées ou em outro tipo de acpSes colectivas (Israeli & Santor, 2000), Esta & provavelmente, a técnica menos consensual entre os/as terapeutas feminists, pelo facto de poder pir em causa, segundo algunvas, 0 protocolo do tratamento psicol6gico * Oui exaputs deve ear consientes de gue se adoptarem ua posts de nouralide 20 conto de ineveaio,enao a faze uma delarag policasssumindo que a8 ops manta dos ‘ius nomeadanente cra tamnos dat divebes da taefas ma fafa, so puramente ama questio do fon peal (Avis, 1985, Jcsbeon, 1983, et. por Eas, 1988) nl uma imposigio compat News, $.& Noguis, C € viola algemas quesbes éticas do processo de intervenso terapéutic. Segundo Worl ‘¢ Remer (2003), mais recentzmente, perspectivas multculturas colocaram grande énfase ‘a importincia da andiise cultural, reconhecendo que a intervengio psicolégica deve fezerse sempre mama ligca de engudanento do contexts cata dol lens utlizagao destastéenicas e destas estratégias no exci o uso concomitante de racio- ais te6rioes diversos, que nfo feminists, como sejam os comportamentis, os cogni- Aves, os cognitivo-comportamentss, os humanists, of psicodinémicos ou quaisquer ‘outros. O que ovas terapetas feminists fazem é usurpar 0 potenial emancipatério de cada um deles a favor da concrtizagéo das assungdes feministas (Neves & Nogueira, 2003). Muitosas psicdlogosfs que uilizam diferentes tipos de terapias na sua prética profissional adequam a5 suas intervengdes aos prineipios feministas que defendem (Marecek & Kravetz, 1998), fundindo modelos mais ou menos tradicionis em proced- rmentos terapéuticos feminists. 3, Terapias feministas, intervengio psicoligiea e violéncias na intimidade Hisoiament, a viléaci que acone no context da fara ono Abita relapse, ob Toma de matesatos infant, de bs seal intl de vt Cia m0 amor, de manos congas ou de vilole arial tem si igre felegaa pra cfr “pra” nh apelidda de vilenca (Whit, Raso & Trevi 2001). A‘ustcn de seonecimento pblic do fetmen da clei ui, fate met cicada pelt fom fares a susentags de pits lets des 1S mulheres em contexos de nimidndse lagu, dante dass © deat, eso ao lie exo don sexs deo fundamentals, como o ito gala, iberade, Nema 2 rot ade manages Sci da Segunda Vega do Femiismo, qu sf rota sas dead de 6) e 70, preps incisive o parce do Movimento dss Muleres Bias (The Baered Women’s Move, al 8 posionon no selio de seal 2 instuasfo de uma sie de diecuzes plc to canpo da. vlenia cone a tutheres, expeilment a famfi. At ferns, a crete Movinento enaram 2 impotacn dese reconepiaizar a vlan dena forma gue reteset expe nas das murs (Meth, Fize de Browne, 1993 ch pc Mand Rasa, 199), Consderando como fcor de maior deaqu nes reconcepalasio a vival de Wilécia do pono de vista ds witias idem), A deninla Geum problema enciado Suranteséculs vio maa, como sponta Ls Siva (1955), una nova viagra hiv ds fant, so constr a desigualade de dros ent 0 sexo qv equvale 8 zr, so prem casa uta provminencia do poder mason diet do der das mulees es sas perverse consents * De vis forms, a5 anes ferns da Primeira Vaga sobre o fens ds vilécia contra iutheresj6 se tinham debrusado sobre incesto ea voléacia conjugal. Or movimedte fem nists da Segunda Vaga tetomaram essa andes © toraram-nas mais vee (Maynard Wi wa ‘vatveis (Mayaaed Winn, “erpias fini, intrvengio elcoligica« vilEnias ma intmidade: ‘Uma fea feminist ee |As teoras feministas sobre o fenémeno das vioencias contra as mulheres sempre se distinguiram das demais pela énfase que atribuem ao poder e ao controlo exercido pelo sexo masculino sobre o sexo feminino (Fineman, 1994; Markus, 1994 Holtworth- FMinnroe, Smutzler & Sandia, 1997), assim como 3 importincia deste factores 90 modo omo as desigualdades estruturais resltantes da discriminagio institucional suportam © estatuto de dominio do bomem (Dobssh & Dobash, 1979, cit. por Neves, 1999). As feministas nfo consideram as violéncias contra os mulheres neutras em termos de género (gender neutral), mas antes assumera-nas como formas de manutengio da domiodncia coercive de tim sexo em relagio ao outro (Ptacek, 1988, Jones & Schechter, 1992, Yilo, Gary, Newberges, Pandolfino & Schecbier, 1992 ct. por Buzawa & Buzawa, 1996). Nao 6-2 violencia na intimidade contra as mutheres adultes foi objecto de estudo por parte das. perspectivas feministas. Também 0 incesto, 0 abuso sexual, a violagio, 0 assédio Sexual, a pomografia e 0 homiciio conjagal figuraram entre as formas de violencia ‘nalisadas pelas feministas (Maynard & Winn, 1997). "A leitura feminista do fenémeno da violencia dirigida as owtheres adquiriu nota- bilidade especialmente porque procurou ayticular as varias experiéncias das mulheres (Mahoney, 1994) e, mais do qee iss0, procurou compreender as suas vivéncias indivi- ‘duals © sociais A luz de condicionalismos politicos. Essa leita, esseneial pera @ des- ‘constragio da concepsio romantizada do espaco privado, sugere que este tipo de violén- @ exercdo devido @ existéncia de crengas culturais em torno dos paptis de género & Ge normasinstitucionais que resultam da assimilaglo dessas crengas presentes, por exem- plo, no casamento e na familia patiarcal tradicional (Carlson, 1984). Na familia tradi- onal, como nos indica @ literatura feminist, ao homem cabe & autoridade para liderar, Gilpin, tomar decisbes e controlar tanto a vida da sua mulher como a dos/as seus/suas fithos/as (Whalen, 1996), o que the outorga poder para usar todas as estratégias & sua

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