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Alberto Ribeiro de Barros A teoria da soberania de Jean Bodin § PNIMARCQ S80 Paulo 2001 A republica forma dese breve mét festa nos casos ntar as opinides dos fildsofos e dos idores sobre o governo e compararos impérios dos antigos com os 1nossos” (Método VI, p. 349 B). into, discutir as categorias juridicas ¢ politi- principalmente as definigdes aristotélicas, lo, que ocupa quae a metade ds pis Tis ele encom odin eso temps, 18 298.205, 200 adaptando-as a realidade do seu tempo: “Como convém pregaram o termo onto seja esclatecido, A defini smagistratura, di Ihe parece muito especttica assembiéias piblicas, ela nao devia ser tomada como referé 10 de magistrado, segundo Bodi a fungBes, que nfo eram de c define, de fat soberano: “Este comando supremo e no qual reside efiniu em nenhuma parte ando supremo em q\ Wieles chamou de poder ps 108, senhoria, e n6s, depois de ter sido sancionado pelo detentor da soberania. A det Repiiblica também Jhe parece incompleta, pois deixa de lado aquito que uma sociedade politica, que € a presenga de um poder confundia-se com ade (Método VI, p.351 A). p. 308. comega redefinindo Repiblica com le colégios submetidos a uma s6.e mesma autorida- .351 B). Definigdo que, aum primeiro momento, nfo *metidos a uma s6 e mesma autoridade: do odo, adverte Bodin, qite varios individuos reunidos sob um ibordinadios & autorida- , cinco colégios ou uma autoridade legtima’ A definigao inc que compiem a sociedad p “Repiiblica é 0 justo governo dev comum, com poder soberano” (Repiiblica 5.1 O justo governo Oprimeiro ek vo da sociedade pol justo governo, escl ead Se virtudes mais alto da felicidade humana esta no exercicio das telectuais e contemplativas ~ isso para Bodin significa a pratica bbem eo mal; da ciéncia, que se refere as coisas naturais e mostra a dife- renga entre 0 verdadeiro e 0 falso; e da verdadeira religio, que lida com ser, conelui Bodin, assegurar a seus membros a possibilidade da contem- plagao das coisas humanas, naturais ¢ divinas’ te para seus habitantes, um solo fértil, uma quantidade de animais para alimentar e vestir seus stditos; ¢ para os manter saudav um céu agradavel, uma boa temperatura, boas aguas; e para defendé-l ‘melhoramentos, como Bes de armas, para se defender dos assim como no se pensa em instruir mnbém as Repuiblicas ndo cuidardo das virtudes morais, muito menos da contemplagiio das coisas naturais, materiais” (Repidblica as, como defender os s Jjustiga, embora menos: se aleangar aquele fim A nogio de justo governo também é utilizada para diferenciar a Repiiblica de um bando de ladrdes e piratas com os quais, segundo Bodin, iio se pode manter relagdes de coméreio nem estabelecer tratados de amizade, jé que estes nfo respeitam os acordos realizados: “Quando se ade respeitar a palavra dada, de tratar da paz, de declarar a guerra, de estabelecer ligas respeitam a forga € cos + Bodin. O eco da tese agostiniana de que sem a presenca d: todo r uma grande pirataria, 6 mais do que evide formagao e de profissi0, Bodin nio i ica realizada pelos, bica, segundo a qual a verda igualdade unifor ra a reflexZo stituigdo e organizaco do Universo, cuja beleza e perfeicdo reside na ordenacao hierdrquica de seus compo- nen manece como o principal modelo para o homem e paraa soci- ‘home; "Jade, quando cada um de seus membros estiver cumprindo, con! reza, a fungio mais adequada para ‘0 bem do todo"? rior que governa a vida moral de cada ‘um que Bodin deseja tratar e sim caquela virtude social que determina jo ensina que cada um comece turar a justiga em si mesmo, cle estabelece na alma superior a prudéncia para regular o que € preciso buscar ou evitar, no coragiio ele coloca a forga e no figado, a temperanca; quanto a justica, ele a considera comum a todo organismo, a fim de que ela possa dar a cada elemento.o que Ihe convém, a autoridade a razio, a submissao a todo o resto. Mas é impréprio definir assim a justiga, a menos que a estejamos confundindo reservaram a palavra justica, em detrimento da tide que nos dita o que deve- mos dar a cada um” (Meétod Do mesmo modo, 20 se referira investigagao aristo tno livro V da Etica a Nicdmaco! dos que a palavra ju posigdo de cariter que leva os homens a cumprir as prescrigdes do Tegislador, que ordena a pritica de todas as virtudes, tambén ', Sua atengZo volta-se para aquele sentido a correta parti honras ¢ das pen conforme o direito” (Repiiblica V1, 6, p. 252). Portanto, a jus posigiio do diet. belece a reciprocidade, res entre os membros de uma sociedade pol € a virlude que garante a cada um o que que determina o ordenament Aplicada ordem social, 1¢ € devido, de acordo com o 205 A questio é saber como se re como se estabelece essa justa relag: se refere as duas espécies dle justiga pau ‘onsiderando apenas a dife- m de cortigi-lo: em matéria de com renga que ou dec 206, A replica alcangaram esta terceira espéci quanto para a adh ido dos negécios de estado de toda.a Rept ca” (Reptiblica VI, 6, p. 254). De fato, se a justica € considerada a correta repartigio das coisas entre as pessoas, estipulada por um juiz, a prética forense tomna-se real- ‘mente indispensdvel para entender sua realizacdo; ese seu estabelecimen- 10 depende necessariam pessoas, nada hé de estran 10 das coisas entre =C , de empréstimos, de consigna- 8, porque considera a igualdade entre as coisas, sem 3s, assim como alei€ a mesma para todos, a geoméirica casos de penas e recompensas, porque considera a as pessoas esti submetida a: ~B), conveniente a gies e de depi distingdio de pessi resultado da combinagiio das duas anteriores, as questdes em que ‘cessidade de levar em conta ta No ultimo capitulo da Repiiblica, reafirma a necessidade de t tese para alcancara verdadeira justica: a lei, sem a eqliidade, que cons ‘Segundo Bodi soberano, ac na declaragaio ou corregio da iso notar que a leve ser tomada de maneira diversa, pois a eqlidade de ipe ¢ declarar ou corrigir a lei, a de um magistrado é reduzir ou iecessério, e suprir seu defeito quando cla (Repiiblica V1, 6, p. 263). ce deve procurar extrair do sistema - De um lado, st6rico e econdmico, quedemanda uma solugiio especifica. Sua fungio ¢ conjugar esses dois elementos, restabe- Jecendo a harmonia ¢ instaurando novamente a ordem soci uma escala previ xecutor da deve ser punido: sendo proibido castigé-lo com mais de 40 208 julgar segundo seu disc ‘chicotadas, de acordo cor porgio aritmética proibe V1, 6, p. 296), antes e a proporcio ari sempre as mesmas razées; a proporgao harménica € composta das duas e, no entanto, diferente de umae de outra é intervalos ora determinados por diferencas iguais (4, 6, 8), ora por dife- rengas semethantes (3, 6, 12), englobando as outras duas proporedes smuma so. A referencia & proporgao han presses intervalo seria consonante, Aoestudar a progress#o ‘que representava os respectivos cumprimentos das cordas de um tetracsidio, ele verificou que a relagio 12:6 represt ‘CE Bodin 1 Rei CF Magna, Fle p. 73.42, Alberto Riel Bars oo ue correspondia & dis- ava, repousava sobre um. musical cra resu ce si*, igacao da estrutura do podiam ser reduzidos a cas, por que nao todas as coisas do universo? O3 'vam.que, como na miisica, as qualidades sensiveis ‘evelar as mesmas progresses numéticas, icas, comegaram aes- uma variedade inter- ina segundo a qual 0s sas e, conseqlientemen- os niimeros nao apenas a expres- lave as coisas, mas também bem pa diterenga ene guinta vine (3:2) e& quan (4:3), ‘ado na cosmologia. Para a escola pitagérica, 0 ia comegado com a unidade, o ntimero tado, cuja representago espa idade ea invariabil sto e, conseqiientemente, a mani mero 3, produto de 1+1+1, representado pel ‘40 surgimento de todos os planos, indispensdveis & existé ¢, finalmente, o niimero 4, composto de quatro unidades ¢ representado iImente pelo tetraedro, o mais simples dos s primeira unidade gerou, pelo ‘mers subseqiientes, cuja som ses, ‘a década perfeita, quanto as és dimen- A oitava, representada pela relagao 2: mo de harmonia, uma vez que o mimero d& tomava-se determinado pelo fato de c era composta de relagies mat movimento do cosmos e da Pousava sobre as mesmas progresses harménicas, reveladas pela ‘ca. Anogio de harmonia transcendia assim a terminologia t cal para designar também o prinefpio metafisico que une 0 itimitado, passando a ser uttizada na descrigdo da formagioe do Universo”. melhantes as da misica: cia, uma vez que possibi ndo-os ¢ ordenando-os™, quanto no sen- 0 unham: a harmonia se manifes- ido combinada de sons. Como somente nela. Ao mesmo tempo, ela par: gue eles, uma vez que era produto a posteriori de fatores materiais, 0 {etracérdio e suas cordas, por exemplo. Se, no seu sentido geral, a harmo- nia designava um acordo de elementos opostos por natureza, ela supt- ‘nha, no entanto, a existéncia de um principio segundo o qual se efetuava areaproximagao dos Dafanecessi ago material dessa harm ni do qual ela se coneretizava; este sim incorporal, invistvel, mente belo ¢ divino, da mesma espécie da imortalidade, que re- gulava todas as coisas, Platdo reconhecia esforgo de seus antecessotes em descobrir as relagdes numéricas existentes em todas as coisas, inclusive na mésica, ‘mas 0s repreendia por no terem ido além dos fendmenos, afim da aloan. a; Banguee 187 be i 5910; Time 88.89 212 lade se desdobrava a partir da ‘atematico”. Ao reafirmar a a, ele elevava a nogdo de harmonia regularidade de todas as coisas". O fat a apenas no sentido musical relagdes numéricas e aos nimeros ado pelo valor meta wamados ideais" ‘maravilhosa alianga e a reconhecer a importa de hrarmoni 1¢lo.e conservagdo do Univer- pelaeqilidadee sem a forma e a for universo nem sendo imperte' Os mateméticos q equivocos, herdados dos ant proporgao; # considerac: “6 CE Kousholf, G. Justie evihmaligee, ji Sendo as mais conhecidas forme o terino médio fosse >, geoméirico ou harménico. A partir delas, eles conceberam as {és progressées tratadas por Bodin como proporgées. Osegundo equivoco viria de uma tradi¢to que pode ser idemtificada no Timeu 36 a-b, em que a progressio harménica (1, 2,3, 4, 8,9, 16) € apresentada como a mistura de duas progresses geomeétricas, uma de razBo 2 (1, 2. 4, 8, 53, . Como Bodin amplamente pela Academia de Florenga". Além do Timeu, que jé tina co- Alberto Ribeiro de Barros 28) cas®: “B espantoso que entre os platonicos, gregos e latinos, nenhum, tenha até aqui mostrado por meio do exemplo de uma cidade a forgae a influéncia dos nimeros sobre a constituigdo dos impérios; € nao somente. :mento, atransformagéo co fim das Re- de Cicero, de Agostinho mheceu apenas mais trés di culo XII, e partes do Parinénides, com comentitios de Proclus, traduzidas no final do século XIU. No perfodo de Petrarca a Ficino, os didlogos dé ‘que o resultado de seu esforgo, deve-se destacat sua atitude metodol6gica, cuja finalidade era encontrar essa ordem matemiética que tudo rege, re- flexo daquela ordem escondida na harmonia do universo, que € regula do pel ina: “A lei de Deus, que ¢ a verdadeira just belo governo, esté sustentada pela proporeao harménica ‘VI, 6, p. 296). Bodin tambéin se aventura no campo matemstico: tenta deciftar os niimeros, revelar as leis numéricas que regem a vida hitmana e formar proporgées estéveis. Na Disposicdo, persegué uma ordem matem: Ostermos divisa busca de uma ordem mais positiva e menos sujeita a uma interpretagao subjetiva. Ao submeter toda reparticdo das coisas entre as pessoas a um tipo de proporgzo, deixa transparecer sua intencdo de tratar 0 problema da di em termos mateméticos. 5.2. A familia O segundo elemento da definigao bod deira da Repaiblica, ¢ seu blica},2,p.39). Assim cla assume a condigdo de parte consti e indispensavel na formagio da Repiblica: 0 elemento a partir do qual a iada e sem o qual ela no tem existéncia. Para Bod , como a parte esta inser se Xenofonte, por terem separado a admi- ‘como se fosse possfvel desmembrara parte No Método, além de levantar a possibilidade de epi, p née 1 eepbica rages de Bodin. Dentro de uma perspec mais sociolégica, ele descreve sucintamente seu surgi tado de um proceso de associagdo natural de vi de uma mul Ora, uma e on ‘sua plena ¢ inteira liberdade aos outros, para set ranamente, sem lei ou sob certas leis e condicis Reptiblica WV, 1, p.7)- A raaiio seria suficient para provar que na origem das Repablicas esté o uso da forga. Porém. se ela falhar, os testemun d variados historiadores e legisladores da antigliidade e dos textos sagrados mostram claramente que 0 inicio das sociedades politicas foi marcado pela violencia. Bodin denuncia 0 equivoco de Demé: Atistételes ¢ Cicero, que ao seguira opinito de Herddoto, teriam dito que 65 primeiros reis foram escolhidos por sua virtude e sua just ttério, a conquista pelas armas marcou o surgimento das (Repiiblica I, 6, p. 111). Mesmo nos raros casos de associagies voluntér as, elas nfo se deram propriamente por meio de um contrato entre indivi- meter ao mais forte, fosse para proteger a vida, fosse para manté-la em ‘methores condigdes”. do uma das partes reconheceu a derrota, assumindo seu lugar na estrutura social Jiberdade natural de viver sem constrangimentos, isto 6, oexerefcio 5 Ch Pom R Lace de Re do pleno comando sobre si mesn de, foi to transformada em servi téncia de um poder super tes. A partir desse mom. “soberano pode-se entender por que cidadio é definide como “o , dependente da soberania dle outrem” (Repiiblica I, 6p. 113) Na formagio da sociedade politica, ele fez parte do grupo de vencedores re, 0 cidado diferencia-se tanto do escravo, erdlade nem possui quaisquer direitos, quanto do vio pode ter os mesmos direitos privilégios, como ode tre outros. Mas esses di n tres ro, nobreza.e povo—e outras ainda mais especi- fem tetmos de as revel direito™. a 2 repdblice Se 0 cidadio possui certos € privilégios, € porque existe uma autoridade que os concede © garante sua posse. A cidadania nfo pode ser concebida sem a presenga de tal autoridade: “Portanto, o reco- nhecimento, a obediéncia do stdito livre para com o soberano, aj adefesa do soberano para como stidito € que fazem 0 eidadao” (Rey cal 6, spartida, essa autoridade s6 se con: da obediéncia do: obrigado a manter pela forga das armas e das leis seus ranga, guardar a pessoa, os bens ¢ a farnilia dos seus sti por obrigagio reofproca, devem ao principe f, sujeicio, age socorro” (Republica I, 6, p. 151). Um cidadao nio pode, asi submetido a mais de um soberano. Mesmo se ele mudar de pais, caso no pega naturalizaglo, permanece stidito de seu soberano natural, com seus direitos ¢ privilégios inalterados, de direitos e deveres recfprocos entre gover: que se encontrem no texto bs jjuramento de fidelidade e subn para com o soberano, elas no Renascimento, que no estabel real e concreto da vida social: “ iatural da humanidade® A familia 6 ainda 0 modelo natural ¢ concreto da Reptiblica: “As- 10a familia bem con ia Rept © 0 poder doméstico se assemelha ao poder soberano, assim também 0 direito de governar.a casa € 0 verdadeiro modelo do governo da Reptibli- ea” (Reptblica 1, 2, p. 40) is, Bodin identifica relagées nat € obediéncia, que so capazes de reve tureza da © grande Deus da natureza, sabia e justamen- {e, comand os Anjos, assim também os Anjos comandam os homens, os homens comandam 08 ai ais e bem defi- her” (Repuiblica I, 3, p. 62). existéncia de cldusulas em alguns ¢ }ormas encontradas nas Sagradas is diversos povos, que estipulam 0 podere a autoridade do marido sobre sua esposa. Para demonstrat a supe- 12; Locke, ae A replica rioridade do m: sido a lingua que Deus naria todas as coisas. que ochama de Bal é, senhor en quem compete o comando da fa tratando da esposa, aquela que € mulher legitima e propria no da concubina ou da amante, sobre as quais o homem © ignorante nda ao argumento ros ao invés de maté- se ladrdes, que se glorifi- waram. Comenta a crueldade ws mais duras pe 8s10 am A replica a vivencia em todos os grupos sociais de que faz parte. Assim, no se pode falar em agrupamento s so, que se estabelece quando a liberdade nat se vive de acordo cor saber bem comandar ¢ obedecer” (Republica I, 3, p.51). © poder doméstico revela também, para Bodin, a ne- cessidade da unidade de comando. Se a familia tiver mais de um chefe, haverd vérios comandos ea desordem sera el, pois no se sabera a qual deles obedecer: “A famifia s6 perm um mestre, um senhor; de outra forma, se ela tiver vétios chefes, os comandos serio con- trarios,¢ a familia se encontrard em perpétua de ” (Repiiblical, 3, p-52-53). Do mesmo modo, qualquer grupo social, inclusive a Reptbl cca, que tenha mais de um chefe néo teré essa unidade de comando, tio indispensavel & manutencio da ordem e da estabilidade. Embora semelhantes, os podleres domésticoe soberano nfio so idén- ticos, como o piiblico nao é idéntico ao privado.O poder de comando do chefe de familia permanece como modelo para o soberano, ¢ a obedi domestica serve de exemplo para os stiditos, mas o poder soberano € dé 0 esoberano ¢ aquela possui um poder particular e limitad 352A). Ao descrevero surgimento da cidadania, Bodin afirma que, quan- chefe de familia sai de sua casa, onde comanda, para tr jcOmuns com outros chefes de familia ele se despe d ara se tomar companheiro, par e associado: “{...] deixando sua familia * CE. Gress comparative King, 2 The ideology of ender: ASIST, Abe os para tratar dos paiblicos, 0 10). 0 poder doméstico, por mais absoluto que seja, re bros e as posses da fami a como a Repiblica é um reto governo de ‘edo que Ihes € comum, com poder soberano, assim a famnf- fia é um reto governo de varios sujeitos sob a obediéncia de um chefe de familia do que lhe é préprio; nisso reside a verdadeira diferenga daRe- (Repiblica I, 3, p. 45), s 5.3 A coisa ptblica Aeexist@ncia de algo em comum entre as vétias fa as penas € outras coisas semelhantes” (Repi A vida comunitaia, no ent ico da propriedade coletiva & duramente atacado por B Alguns argumentos sto retirados diretamente. sistema nao cria a af i A rspiblion para as possiveis desavengas entre 0s cidadios, gera sentimentos de Jae de 6 io as pri fontes das sedigdes e das guerras ci Assim, para que tenha antes algo de pa tuja conservagio acaba se tornando a pro- pria preservacao do pat ‘As Replicas estdo ordenadas por Deus para dar & Repiiblica 0 que € pablico, e a cada um o que Ihe é prdprio” Le tion desoeraiaet cia politica, de wa eoia a comuridade com uma precisojurdie, CF Mesnard Pe lamice dela Republce, 89-103, Alero Ribeiro ds Bares as 108 de comunicagio entre os diversos niveis hierarquicos da monarquia francesa: os corpos e colégios”?, Os colégios so definidos como agry dades civis que se diferenciam das familias; ‘o mesmo interesse ou a mesma preocupagio. A descrigdo de sua génese se dé, como a da sociedade politica, légico do que juridico: num tempo em que nfio havia~ ‘magistrados ou soberano, 2s familias viviam em constantes. causa de um pogo ou de uma terra; seus chefes passaram, ar, Fosse para se defender das invasoes, fosse para assaltar é ando a formar comunidades mais amplas, cujos membros eram requisitada entre os homens que a justiga” (Repit- Nelas,.os homens adquitiram o sentido do préximo e ‘amor fraterno. Blas tornaram-se, assim, uma etapa in- dispensivel para a , 40 preparar o futuro cidadao para a cola- boragio social, dando-the a dimensio da amizade, sem a qual nao é pos- lade: “Perguntar se 0s corpos € colégios so neces- sirios & Repiiblica é perguntar se a Repaiblica pode ser mantida sem amni- République de Jean odin: dex corp, clldges porta que o poder se VI, p. 351 B), Bodin acredita que este 6 oder soberano Poder soberano 30 08 espfritos di levar a efeito essa separagio?” (Teatro da Natureca XY, p. 727). Na tradigdo de Plotino, susterta que softe divisdes, es- tendendo-se por todo 0 corpo* ase estende por todo ocorpocomo, tuma forma se estende por sua materia’ (Teatro da Natureza XV, p. 715). Sua unidade nao impede, porém, pode exercer a liberdade, diferen submetidos & necessidade natural: conduzir sua agi festago des i ica” (Repriblic .8.p. 179), 6.1 Poder perpétuo e absoluto que o poder deve terao longo do tempo. Se tiver ca, por mais amplo que possa ser, no pode se da a ‘perp ‘a confusdo entre a pess certo que 0 rei ndo morre jam: prximo macho de sua estirpe assume o reino, post que seja coroado” (Reptiblica 1, 8, p. 227). Porém, ao a ‘a trono, parece cair no agente que oencarna, Equivoco que do proceso sucessério no se pe delegagio de lizes, a perpet to, por um certo t exerce mente Jo de possuidor, rosexercem de maneira prec revogado pela voutatle io € obrigado a restituiro poder e jurisdi eal, 8, 1 8,p. 186). Ao se que a ditadura er passava de um ada pelo povo, 26 Poder serene re5. 08 Portanto, 0 tentor de um pode no tempo. andlise sobre 0 us0 do adjetivo icteristicas de suy absoluto i npe” (Reptiblica l, 8, p. 181). Incondicional (Repiblica rerdade de em relagio a submetidos aos otegere g sovernar eansposigdo direta para 0 terreno politico, & mas teolgicos, como as afirmagées de que stabelecidas pelos seus predecessores, no (Repiiblica 1,8, p. 192). u 0 € feito como din lic 1.8, p. 228), em perigo” (Repriblica 1,8 p. 204). 6.2 As marcas da soberania Depois decriticar os superficial, os juristas medieva direitos da soberania®, Bo ddvida na id conhecer ayuele que & sobers ‘que niio podem ser comuns aos: wulo VI do Método, acre Jas ages d 10S Casos em que a lei nfo consi- -359B) ; rep S123, poder de 1 matea do principe soberano € 0 sua forga pouco parte do povo poder de espad: dos direitos da sobe reconhece, por exemp! der do m wvestitlos de poder soberano: soberania), muitas das questies p.359B) 6.3 Os limites de agio do soberano refere-se varias veze encontra ne Afétedo & 1.0 soberano deve se ins| pectos nna razaio que a lei do dle Deus” (Repiiblica I, 8, p37. pelos contratos realizados entre os ngem seus juramentos, que garantia das comunidades politica, 0s pi dio de prazos bem det le; a determinagéo de ro capaz de **, Mas sustenta gue a melhor garantia é 0 ascliusulase condi- 8" (Repiiblica V,6, p. 166). iediador ete. “O prin s sido blica I, 8p. beé merecedo pT, sano depois de ter ‘no pode derrogar as leis que No Método. Mayno (1435: 1am principe do nar 0 bem de outrem (Repiiblica 1,8, p.201) ast dependem da v por aos stiditos der de dar a lei € 0s priv 6 pele ser houver grande necessidade!. Nestes casos, a es 258284, Poser ‘io de impostos deper Estados Gerais® inte de uma situago de excegio, 0 $0- Repiiblica, sem este consenti- conservagi sigdes do que 0 neces: 0s sfio entio muito justas, po »* (Repiiblica V1, 2, p. 67). 4 um perigo eminente que coloque ago do estas? Pois nesses casos 0 sagrados da pose v de Deus ¢ da natureza’” (Republica II, 4, ‘Além das leis de Dé XIIl e XY, foi ext Série de disposigGes, que se c 596).CF TR bein de ‘Outra lei fundamental para {be aalienacao do dominio da Coroa, ser identifies sido resultado da pritica candni Vil decretou que escreveu ao areebispo de Kalocsa, par Hungri I, sobre direitos of 176. 289-296 Jeon Hosta 7 Exercicio do poder soberano alin com versee 2, 66407. © CE Miguel». Les grerire de trono de se de Médicis, 268 Ieago do, vez que todo. dedicat conosco, e de seus cargos, coise que Fagan 5 (stimigaa der respx rebel 78, possivel quando aplica da por u idades legalmente insttuidas. Ai excego a essa obediéncia ade superior, ¢ €esta que deve ser nossa prin cupagio: jamais dever de nossa obedigncia ao tinica eu devem se Shimer Sexundo Shiner, 267 's todas as suas ortiens cedem o lugar e diante de ijestade eles devem deitar por terra suns préprias insignias” (Insti- tiga da religi mais, em seus, tava-se no argui bem do reino. A nome essa tendénci: que defendia a tolerdncia 10 solugdes pare oconflito que pregoda endo ade eaté mesmo mo de equtvoce politico, S27. (1562), pelo exérc Amboise (1562), Longj as7)=n Mesmo quando guerra eclodiu procuraram justificara resistén bertar o jovem| selheiros, em especial dos Guise; e como resposta Aqueles que violaram 98 Eiitos que Ihes haviam concedido uma certa liberdade de culto. A situago, no entanto, se alterou a pattirde 24 de agosto de 1572, com 0 massacre da Noite de Sio Bartolomeu. Os pri Keres huguenotes estavam reunidos em Pat ‘ocasamento do principe pro- testante, Henrique de Bourbon, com a irma do rei, Marguerite de Valois, anunciado como um dos esforgos da réaleza para promovera pay. A fra- cassada tentativa de assassi influentes e de: icagdio Galliae et de jure riacons ve Tractatus de regimine re} fo como um estudo aprofundade da cnt de sere, ais doe ‘esaelcerana cone da Poipagondno penn pail it pion Ne TERE Var on tet tact Oey, erties ase Sa SEEM CbMy eB Bezehaviap : entre 1562 ¢ 1563, 4 is do duque de Guise, le foi o capetio, pe; entre 1573 € 1375, novamente, trado sta preocupagao coin a icis a civili magistrate p here di masta en m sea observar st outro jurament (Due droit des magistrats es de seu poder, toda ver. que eles so 6, Ca resisténcia, se neces SY Be, TD dit des og CE. Baze, Topi, p 40-80 20s ra 0 governo™; a outra, de caréter pe © povo prometia obediéncia, descle a guerra civil igo que nfo Ihes pertence € 0s ou nandi mais do que pode, e sejam castigados” (De la ¢legitime, p18). ° vina nfo é abandonado, escolhidos por Deus, os € para o povo, tendo de bem do povo: “E neces Deuses provém, ode obediente, Assim também o rei pro is de Deus. O vassalo perde o feudo se comete felos stiditos contra seus principes natu anérquica, que € pior do que a pref.,p. 14). (Repiiblica ‘Como, pari ‘Capeto eseus CL Varee, Mean Bodin ss a9 bondade, dog, is perigosas e pemiciosas do que a cerueldade de um pri que a bondade extrema resulta na impuni- ita dogura com paixdes ¢ encontran vela severidade do. s de fortes 5 prefes extremidades, ressalta Bodi yorque Os tempos, os wer coisas que parece! 108, Nao se pode, por ex: povo ou as. Jos, condena oregicidio sagrado para a Repi émais sagrado e deve s2 res — refer da questo em sustentar que os dda” (Republica ll, 5, p.99). (Replica 1,8, p. 198). ra ndver (Repiiblica M, (Repriblical,8, p. 199), adame! ss se deter do que a ordem do sober iq aad ce reconhece dezae de discemit ou de deliberar; assim o que a autorizar ou proibir, € tido por.lei, por n (Reptblica 1, 8, p. 198). 7.3 A representacao juridica do poder Ao lado dos autores que dof 28s "(Rep Jquanto storia de Roma, ‘como o primeiro Fraga, na segunda metade fons que conser fndamentls pare HS A= 73D, ica: 0 perfodo tratado (1215- wdos, a descrigao dios acontecimentos, o tom 0 texto de Maquiavel Aveta Ree do 287 4-Jo um grande hi Método V1, p. 381 A); “{...| eomete ‘bsoluto do Tesouro” (Método {estével, pois Maquiavel o cometeu realmente na Rela claro, porque niio se a cla possa 288 ido VI, p. 366 B). mento essas Re~ damentos de sua tese, ‘ver como um governo popular, é a mais notavel de toda: ‘até mesmo, no livro HII, em demonstrar que os estados populares sempre foram os mais bem governados” (Método VI, p. 412.A). notar que, enquanto a maioria dos seus conlempordneos o consid cursos sobre a primeirit senso cor tende o pod fazer, © (ci ser que de lo pelo seu poder abs expressa ele de (Co |. 0 destespeito poder que os. todos os seus comandos; e procedendo as cestima-se que Igo de mais conveniente ese comportar de acordo com o dite poder do principe que assim gove que aquele que governa si Machiavel, p.61). We Os textos de Bodin pode ser assim ‘wal e social. F interessante obser onststade tours sito abordados alguns assuntos prticos. Pa lises bodinianas sobre quest6es politica de Maquiavel, br para promovera paz inter intemacionais quando fosse do esses comentadores, as and que o bem da cor do individuo™, Bodin pen mesmo fi Ds reipe, quando dicisto da ql 008 do juga aisha gue lev ‘omaie” (Discos! screver @ realidade das r 10 deveri desejatratar de R vel se pro no clas sive 8 Soberania ¢ regimes politicos

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