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GESTÃO DE CUSTOS
Bambuí
2008
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SUMÁRIO
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GESTÃO DE CUSTOS – Prof. Érik Campos Dominik
A seguir, serão vistos alguns conceitos básicos, necessários para o desenvolvimento da disciplina Gestão de
Custos.
1.1.1 Gastos
Os gastos são um termo geral dos componentes da apuração de custos da organização. Constituem-se nos
sacrifícios financeiros realizados para se obter um produto ou serviço. São gastos desde a simples compra de
matéria-prima para a fábrica ou de uma caixa de canetas para o escritório até o pagamento de juros de um
empréstimo ou a aquisição de um sofá para a sala de recepção da empresa. O que se conhece popularmente por
custos, as saídas financeiras das empresas, na verdade são gastos.
Os gastos subdividem-se em investimentos, custos e despesas, conforme o Quadro 1.
Os investimentos são os gastos que a empresa realiza para obter bens patrimoniais, sejam eles ativos
permanentes ou circulantes, ou bens de consumo que não serão consumidos imediatamente, ou seja, que serão
estocados até o efetivo consumo. Os investimentos são divididos em três grupos: estrutura, aplicação financeira e
bens não consumidos imediatamente (Quadro 2).
No primeiro grupo, encontram-se os bens adquiridos para a montagem ou reposição da estrutura funcional
da organização, como máquinas, equipamentos, móveis, imóveis, veículos, instalações, entre outros, desde que não
tenham sido adquiridos com fins especulativos. Compõem o ativo permanente operacional da empresa.
Os investimentos de aplicações financeiras são aqueles bens ou serviços obtidos com o fim de se auferir
mais recursos a partir de um investimento financeiro. Pode-se citar, como exemplo, títulos, ações, fundos de
investimento, caderneta de poupança, imóveis, veículos, jóias, quadros, desde que tenham sido adquiridos com fins
puramente especulativos.
E ainda há os investimentos em estoques de longo prazo, ou seja, os bens não consumidos imediatamente e
que serão classificados posteriormente como custos ou despesas quando forem efetivamente consumidos.
Exemplo: o empresário percebe grande oportunidade de comprar mais matéria-prima do que o de costume em
virtude de um preço atraente. Enquanto estiver no almoxarifado, a matéria-prima adquirida antecipadamente nada
mais é que um investimento, que poderia ter sido feito em aplicação financeira, por exemplo. Mas, quando
efetivamente consumido, torna-se um custo. O mesmo aconteceria com materiais de escritório, por exemplo, em
relação à despesa.
Os investimentos, por não serem considerados gastos de resultado, apenas de distribuição dos lucros, não
são componentes das demonstrações de resultado do exercício, somente no balanço patrimonial em forma de ativo
permanente (móveis, imóveis, veículos, máquinas e equipamentos) ou circulante (estoques), a não ser que estes
últimos passem a ser consumidos no mesmo exercício.
Se, teoricamente, gastos podem ser determinados por G (gastos) = I (investimentos) + C (custos) + D
(despesas), na prática da gestão de custos, mediante demonstração de resultado do exercício, gastos são G = C + D,
já que os investimentos figuram apenas no balanço patrimonial.
1.1.3 Custos
Os custos são os gastos realizados para a produção de bens ou serviços ou realizados para a obtenção da
mercadoria para posterior revenda e para tudo o que for estreitamente ligado a ela (Figura 1).
Para entender esse conceito, é preciso fazer distinção entre os três setores da economia (Quadro 3).
No setor primário (agropecuária e extrativismo), custo é todo gasto que for realizado para a produção dos
produtos agropecuários e extrativistas. Esse custo é chamado de Custo do Produto Vendido (CPV).
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No setor secundário (indústria), é todo gasto ligado à fabricação de produtos. Neste setor, o custo total
também é chamado de CPV. Como exemplo, pode-se citar salário do supervisor da fábrica, salários e encargos dos
operários, matéria-prima, embalagem, energia elétrica da fábrica, aluguel da fábrica, seguro da fábrica, entre
outros.
No setor terciário (comércio e serviços), o conceito é diferentemente tratado no comércio e nos serviços. No
caso do comércio, os gastos com a mercadoria adquirida do fornecedor para posterior revenda (por exemplo, gastos
com a mercadoria em si e o frete para dentro da loja) são chamados de Custo da Mercadoria Vendida (CMV). Nos
serviços, os gastos com a atividade em si são chamados de Custo do Serviço Prestado (CSP).
O CMV e o CPV podem ser medidos por meio da seguinte fórmula:
CMV / CPV = EI + C – EF
Ou seja, estoque inicial + compras – estoque final, resultado este que permite conhecer o custo somente das
mercadorias/produtos vendidos em determinado período ou mesmo da matéria-prima consumida.
1.1.4 Despesas
As despesas são os gastos realizados com o fim de obtenção de receitas ou de manutenção do negócio,
vinculados às áreas comercial, financeira e administrativa. Nos setores primário e secundário e de serviços, despesa
é todo gasto associado à manutenção do negócio da empresa (escritório) e à venda de mercadorias (loja ou setor de
vendas). No comércio, à exceção do CMV, as despesas são todos os demais gastos da loja. Como exemplos, estão
os salários e comissões dos vendedores, material de escritório, seguro da loja, gastos com pessoal administrativo,
impostos fixos, juros de empréstimos, fretes para entrega (de dentro para fora da loja) (Figura 1).
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1.1.5 Desembolsos
O desembolso não é um gasto, mas todo gasto implica um desembolso. Todo gasto contratado tem saída de
dinheiro do banco ou caixa, seja em que exercício for. Esta saída financeira é conhecida como desembolso.
Nos regimes contábeis, há diferença de tratamento no que se refere ao desembolso. No regime de caixa, o
gasto só é contabilizado na época do desembolso, ou seja, quando se paga efetivamente o gasto e não quando ele é
contratado. No regime de competência, ao contrário, o gasto é contabilizado quando é contratado,
independentemente de quando será o desembolso.
Tal distinção faz diferença quando a contratação do gasto e o desembolso ocorrem em exercícios diferentes.
No regime de caixa, tanto o gasto quanto o desembolso seriam contabilizados no mesmo exercício. No regime de
competência, cujo princípio contábil é reconhecido pela legislação fiscal brasileira, o gasto é contabilizado, neste
caso, no exercício anterior ao desembolso.
Na prática, tanto perdas quanto desperdícios podem ser considerados perdas para a empresa. Mas,
teoricamente, a natureza de tais conceitos é diferente.
Perda significa qualquer consumo de bem ou serviço de maneira anormal, não intencional, fora das suas
atividades, por causa de fatores externos ao operacional. Como exemplo, pode-se citar prejuízos causados por
incêndios, greves, inundações, roubo etc. Neste caso, recomenda-se subtrair diretamente do resultado do período.
Já o desperdício é o gasto desregular em operações normais da empresa, como ociosidade de funcionários,
queda da produtividade média da empresa, operações mal planejadas, defeitos de produtos, entre outros. O
desperdício geralmente já é lançado como custo ou despesa convencionais, não podendo ser lançado novamente
com o risco de se duplicar. Também há a possibilidade de lançar o desperdício subtraindo o resultado do período,
mas esta ação poderá ocultar a falta de eficácia e eficiência da empresa, já que são gastos operacionais.
Tanto num caso como noutro, deve-se levar em consideração a duplicidade de lançamentos, já que tanto as
perdas como os desperdícios podem ter sido lançados como custos ou despesas anteriormente. Exemplo: uma
fábrica de extrato de tomate usa certa quantidade de kg de tomate para fabricação de um fardo, mas 2 kg se
estragaram no transporte de um setor para outro. Neste caso, se a compra de mais 2 kg de tomate para suprir o
desperdício for considerada na apuração dos custos diretos anteriormente, não poderá ser lançado novamente em
outro local.
Para prosseguir no conhecimento dos componentes básicos dos gastos, é necessário classificar tanto custos
quanto despesas, de forma a proporcionar clareza na estruturação dos gastos nas demonstrações financeiras que
serão estudadas mais adiante (Quadro 4).
Os custos podem ser classificados quanto á mensuração e quanto ao volume de produção.
Quanto à mensuração, eles podem ser diretos (ou primários) e indiretos. Os custos diretos são aqueles
mensuráveis objetivamente em relação aos produtos. Como exemplo, pode-se citar os salários e encargos da mão-
de-obra direta (MOD), os gastos com materiais diretos (MD) etc.
Os custos indiretos (ou CIF, custos indiretos de fabricação) são aqueles que não são mensuráveis por
produto, sendo gastos gerais da empresa ou aqueles materiais de valor insignificante ou irrelevante quando
mensurados por produto ou mesmo de difícil mensuração. Exemplo: aluguel da fábrica, salário do supervisor da
fábrica (mão-de-obra indireta), seguro da fábrica, depreciação da fábrica, materiais secundários irrelevantes
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(materiais indiretos)1, entre outros. Tais custos necessitam de aproximações para serem mensurados, ou seja, o
processo não é exato, sendo concluído por meio de rateio.
Na demonstração de resultado, utiliza-se a classificação quanto à mensuração, ou seja, gastos diretos ou
indiretos.
Os custos também são classificados quanto ao volume de produção ou de vendas. Podem ser divididos em
fixos, variáveis, semifixos e semivariáveis.
Os custos fixos são aqueles que, em certa capacidade instalada da organização, não variam ou variam pouco
conforme o volume de produção. Podem ser considerados fixos gastos como aluguel da fábrica, depreciação da
fábrica, IPTU, seguro da fábrica etc.
Os custos variáveis são aqueles cujo valor se altera proporcionalmente ou bastante com as variações do
volume de produção. Basicamente, os custos variáveis são formados pelos materiais diretos (MD) – a matéria-
prima, a embalagem e os materiais secundários diretos – e pela mão-de-obra direta (MOD).
Os custos semifixos são os custos que são fixos até certo ponto e, depois, passam a alterar com a produção,
como a conta de água.
Finalmente, os custos semivariáveis são aqueles que acompanham a variação da produção aos saltos,
mantendo-se fixos em certo ponto. Exemplo: contratação de novo supervisor de fábrica a partir de certo nível de
produção e depreciação de mais máquinas a partir de alterações no volume de produção.
Para efeitos didáticos e contábeis, serão considerados apenas os custos fixos e variáveis. Os semifixos e
semivariáveis serão considerados fixos ou variáveis conforme a sua condição particular.
Com raras exceções, como os materiais indiretos irrelevantes e a energia elétrica fabril não mensurável –
que são custos variáveis e indiretos, os custos diretos são associados com os custos variáveis e os custos indiretos
com os fixos. Em outras palavras, geralmente os custos diretos são variáveis e os custos indiretos são fixos. Na
demonstração do resultado do exercício (DRE), serão considerados os custos diretos e os indiretos.
As despesas são classificadas em função do volume de vendas, analogamente à classificação dos custos,
como despesas fixas e despesas variáveis. Não há classificação de despesas diretas e indiretas, já que não existem
despesas estreitamente ligadas aos produtos, o que seriam classificadas como custos e não como despesas. Na
DRE, entretanto, figuram como despesas diretas (as variáveis) e indiretas (as fixas).
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Os materiais indiretos são aqueles materiais secundários que não são mensuráveis por produto por simples dificuldade de mensuração ou
por terem valor tão insignificante por produto que são classificados como custos indiretos. Estes últimos são chamados de materiais
secundários relevantes.
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As despesas variáveis são aquelas que variam proporcionalmente ou bastante com as variações do volume
de vendas. Salários, encargos e comissões dos vendedores, fretes de entregas2 e taxas de administração das vendas
com cartão de crédito são exemplos de despesas variáveis. Estas despesas serão classificadas como diretas na DRE
desde que sejam mensuráveis por produto.
Há muita polêmica quanto aos impostos sobre o faturamento serem despesas. Podem até ter natureza como
tal, mas na DRE não são lançados como tal, apenas diminuem a receita bruta. Aqui, pois, considera-se tais somente
como impostos sobre o faturamento.
As despesas fixas, ao contrário, são aquelas que não variam ou variam pouco em relação ao volume de
vendas. Como exemplos, tem-se energia elétrica do escritório ou da loja, aluguel da loja, material de escritório,
salários e encargos dos funcionários administrativos, pró-labore, honorários de contador, IPTU, alvará de
funcionamento, mensalidade da administradora de cartão de crédito, mensalidades de filiação em associações, entre
outras.
Estrutura
Aplicações
Investimento
financeiras
s Estoques de LP
Fixas
Gastos Despesa
s Variáveis
Gastos gerais de fabricação
Fixos
Mão-de-obra direta (MOD)
Variáveis
Custos Materiais diretos (MD)
Diretos
Indiretos
Materiais indiretos (MI)
Figura 2 Classificação de gastos, custos, despesas e investimentos
Fonte: elaborado pelo autor (2008). Gastos gerais de fabricação
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O frete de entrega também pode ser uma despesa indireta quando a empresa não alterar o seu itinerário de entrega e seus gastos se
mantiverem, independente do volume de vendas ter aumentado em significativa proporção ou quando um mesmo caminhão faz diversas
entregas, de vários produtos.
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Exercícios de fixação
1.1) Classifique os elementos a seguir em despesas fixas (DF), despesas variáveis (DV), custos fixos (CF),
custos variáveis (CV), despesas indiretas (DI), despesas diretas (DD), custos diretos (CD), custos indiretos
(CI), investimento (I) e/ou perda ou desperdício (P/D)? (Obs.: os elementos podem ter mais que uma
alternativa).
Elemento DF DV CF CV DI DD CI CD P/D I
a) material de escritório
b) aluguel da fábrica
c) fretes de entrega
d) energia elétrica da fábrica
e) embalagem de produtos fabris
f) matéria-prima na produção de batatas fritas
g) diárias de viagem do pessoal administrativo
h) material secundário de valor relevante
i) sobras de matéria-prima
j) depreciação de móveis das lojas
k) depreciação das máquinas industriais
l) aquisição de máquinas industriais
m) seguro da fábrica
n) salários e comissões dos vendedores
o) limpeza e conservação das lojas
p) material secundário de valor irrelevante
q) alvará de funcionamento
r) supervisão de produção
s) ociosidade de mão-de-obra
t) honorários do contador da empresa
u) telefone fixo
v) vale transporte e refeição para o pessoal da fábrica
w) salários e encargos administrativos
x) IPTU
y) gastos com propaganda
z) taxas de administração do cartão de crédito por venda
A receita bruta ou faturamento da empresa corresponde à soma das multiplicações de preço x quantidade de
cada produto ou serviço oferecido pela organização. Ou, simplesmente: å (P x Q). A receita bruta de um produto
ou serviço é apenas P x Q. A receita unitária é o preço de venda do produto ou serviço.
A receita líquida será a receita bruta diminuída dos impostos sobre o faturamento (como Super Simples,
ICMS, IPI etc.).
Por outro ponto de vista, receita também é igual à soma de custos e lucros (normalmente, é usado o termo
genérico “custos” para definir os gastos. Subentende-se, nesse tipo de análise que as despesas estejam também
incluídas).
O lucro da empresa é dado pela fórmula L = R – C – D (demonstração do resultado do exercício), onde
L = lucro, R = receita, C = custo e D = despesa. Por conseguinte, pode-se concluir que Lun = Run – Cun – Dun ,
onde Lun = lucro unitário ou margem de lucro em unidades monetárias, Run = receita unitária ou preço de venda,
Cun = custo unitário e Dun = despesa unitária.
O lucro percentual sobre o preço de venda ou, no caso, a margem de lucro líquida, é dado por Lun% = Lun /
Run , onde Lun% = lucro unitário percentual ou margem de lucro percentual.
A margem de lucro líquida é a participação percentual do lucro líquido sobre o preço de venda.
A margem de lucro bruta é a participação percentual do lucro bruto sobre o preço de venda.
A margem de lucro operacional é a participação percentual do lucro operacional sobre o preço de venda.
Exemplo:
Ex. 1.1: A fábrica de detergentes Brilha Bem vende seus produtos por um preço unitário igual a $ 3,00. Os custos
.unitários da empresa são de $ 1,80 e as despesas unitárias iguais a $ 0,60. Qual a margem de lucro da empresa em
unidades monetárias e em percentual? (BRUNI e FAMÁ, 2004, p. 30)
Lun = Run – Cun – Dun
Lun = 3,00 – 1,80 – 0,60 = 0,60. Ou seja, a empresa lucra $ 0,60 por cada unidade vendida.
Lun% = Lun / Run
Lun% = 0,60 / 3,00 = 0,20 = 20%. Ou seja, a empresa lucra 20% dos valores auferidos por meio de suas vendas.
O lucro sobre o custo do produto (ou mark-up divisor) é dado por Lun% = Lun / (Cun + Dun)
O mark-up multiplicador gasto-lucro é o multiplicador aplicado sobre o custo. Mkup = (Cun + Dun) / Lun
O mark-down é a participação percentual dos custos e despesas sobre o preço de venda.
Mkdw% = [(Cun + Dun) / Run ] x 100
Como já visto, os gastos (custos e despesas) fixos são aqueles que não se alteram ou se alteram pouco
conforme a variação da produção ou das vendas. Já os gastos variáveis são os que se alteram proporcionalmente ou
bastante em relação à variação da produção ou das vendas. Os gastos fixos sofrem a influência de ambos os gastos,
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ou seja, possuem a variação proporcional dos gastos variáveis, mas a partir de gastos fixos que existem mesmo
antes e independentes da variação da produção e das vendas.
Esta relação pode ser melhor visualizada mediante o seguinte exemplo: imagine um viajante a negócios que
precise pegar um táxi do aeroporto até o hotel. O táxi cobra “bandeirada” de $3,00, que é uma taxa fixa que o
passageiro paga, independemente de quanto se andar, e mais $1,00 por quilômetro rodado. Nesta situação, ter-se-ía
a função linear y = 3 + x, sendo y o preço total da corrida e x a quantidade de quilômetros rodados. Apenas para
entrar no veículo, com x = 0, o passageiro pagaria $3,00, com 1 km rodado pagaria $4,00, com 2 km pagaria $5,00
e assim por diante, como no gráfico a seguir:
custo variável
5
4
custo fixo
3
2
1
1 2 Km rodado
No gráfico, que representa a função y = 3 + x, a curva de custo total possui coeficiente linear 3, partindo
dos custos fixos, e de coeficiente angular 1, variando conforme os gastos variáveis, em curva paralela.
No âmbito organizacional, gastos como o aluguel da fábrica, seguro da fábrica, salário e encargos do
supervisor da fábrica e depreciação de máquinas, por exemplo, são os custos fixos, existentes independente de se
estar produzindo ou não, correspondendo ao preço da “bandeirada” no exemplo do táxi. Os custos variáveis, por
sua vez, como salário e encargos dos operários e matéria-prima, só existem se a empresa produzir e aumentam
conforme a produção, como também variou o preço total com cada quilômetro rodado.
Os gastos fixos totais e unitários têm um comportamento inverso aos dos gastos variáveis totais e unitários.
Enquanto os gastos fixos totais são constantes, os gastos fixos unitários tendem a declinar com o aumento da
produção / vendas. Já os gastos variáveis totais variáveis sobem proporcionalmente ao aumento da produção /
vendas, mas os gastos variáveis unitários tendem a ficar constantes.
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1.2.4 Demonstrações contábeis
O Balanço Patrimonial é a demonstração financeira que traz todos os ativos e passivos que demonstram a
“riqueza” ou o “estoque” financeiro da entidade naquele determinado momento. Ao contrário, a Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE) traz as receitas, custos e lucros, representando, analogamente, a “renda” ou o
“fluxo” financeiro da empresa em certo período de tempo.
No Patrimônio Líquido, entram os investimentos feitos com ativos (títulos, bens móveis e imóveis, estoque,
etc.), que já não são contabilizados na DRE, onde somente constam, entre os gastos, os custos e as despesas.
Em seguida, as Demonstrações do Resultado do Exercício (DRE) pelos métodos de custeio por absorção e
direto, com suas especificações.
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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) (simplificado) (em $ mil)
PELO MÉTODO DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO
A economia de escala acontece quando a empresa, aproveitando-se do seu porte e do que já está instalado,
gera menor gasto em cada novo bem ou serviço produzido / vendido ou para cada nova atividade ou operação da
empresa. Por exemplo, certa organização, por realizar diversos serviços, paga uma empresa de malotes para levar
documentos operacionais de uma pequena cidade a uma metrópole, onde está situada a sua sede. Se a empresa
precisar comprar uma peça para uma máquina ou enviar um ofício para a matriz, aproveita o serviço de malotes já
anteriormente pago. Está ocorrendo aí um exemplo de economia de escala.
O efeito contrário leva à deseconomia de escala, ou seja, quando o aumento da produção / venda leva a um
aumento do gasto por bem ou serviço produzido / vendido ou de operação / atividade.
A maior e mais comum economia de escala que a empresa pode ter é a diluição dos gastos fixos unitários
nas quantidades produzidas/vendidas continuamente aumentando. Isso pode ser compreendido por simples análise
da fórmula a seguir:
Sendo P ou Run à preço ou receita unitária, GVun à gasto variável unitário ou médio, GFun à gasto fixo
unitário ou médio, Lun à lucro unitário.
Se o preço de venda e o gasto variável unitário forem constantes ao longo de certo período e o gasto fixo
unitário cair, em virtude do aumento da produção/vendas e da diluição dos gastos fixos totais nos bens
produzidos/vendidos, então ocorrerá a transferência de valor do gasto unitário fixo para o lucro unitário.
.
P ou Run = GVun + GFun + Lun
Exemplo: inicialmente, um produto possuía o preço de venda de $9,00, o gasto variável unitário $5,00 e o
gasto fixo unitário $3,00 e obtinha um lucro de $1,00. Num segundo momento, o produto sofreu um aumento em
sua produção/vendas e, desse modo, o gasto fixo unitário caiu para $2,50, mantendo constantes o preço de venda e
o gasto variável unitário. O lucro unitário, então, subirá para $1,50, demonstrando os efeitos da economia de
escala.
1º momento (antes do aumento da produção): P ou Run = GVun + GFun + Lun à 9 = 5 + 3 + 1.
2º momento (depois do aumento da produção): P ou Run = GVun + GFun + Lun à 9 = 5 + 2,50 + 1,50.
Houve, aqui, a transferência de $0,50 por unidade do gasto fixo unitário para o lucro unitário, afetando o
resultado do lucro total daquele produto.
Em seguida, um exemplo de fábrica em expansão de atividades.
Exemplo 2.1: A fábrica de bombons Estocolmo produz e vende seu bombom com o preço de R$1,00 e um gasto
variável unitário de $0,40, sendo o gasto fixo total de $1000,00. Na tabela abaixo, com quantidades sortidas,
observa-se a evolução de várias quantidades produzidas no resultado da organização
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Quant. Preço RT GFT GFun GVT GVun GT LT Lun
(Q) (P) (Q x P) (GFT/Q) (Q x 0,40) (GFT + GVT) (RT – GT) (LT / Q)
1 1,00 1,00 1000,00 1000,00 0,40 0,40 1000,40 -999,40 -999,40
10 1,00 10,00 1000,00 100,00 4,00 0,40 1004,00 -994,00 -99,40
100 1,00 100,00 1000,00 10,00 40,00 0,40 1040,00 -940,00 -9,40
1000 1,00 1000,00 1000,00 1,00 400,00 0,40 1400,00 -400,00 -0,40
1500 1,00 1500,00 1000,00 0,67 600,00 0,40 1600,00 -100,00 -0,07
1600 1,00 1600,00 1000,00 0,63 640,00 0,40 1640,00 -40,00 -0,03
1667 1,00 1667,00 1000,00 0,60 666,80 0,40 1666,80 0,20 0,00
3334 1,00 3334,00 1000,00 0,30 1333,60 0,40 2333,60 1000,40 0,30
Observa-se que, à medida que a produção / vendas foi aumentando, o gasto fixo unitário caiu
significativamente, de $1000 para $0,30, enquanto o lucro unitário subiu em mesma proporção, de $–999,40 para
$0,30. Se o P ou Runit e CV unitário são constantes ou estáveis no curto prazo e o gasto fixo unitário cai a cada
unidade produzida/vendida, essa diferença será revertida para diminuir o prejuízo por unidade ou aumentar o lucro
por unidade. Por conseqüência, o lucro total passou de $–999,40 para $1.000,40, aumentando consideravelmente,
cujo aumento também se deve ao aumento da receita total.
2.1.1 Cálculo do lucro total no curto prazo com preços e gastos variáveis unitários constantes
ΔLT = ΔQ . (P – GVun)
ou
ΔLT = ΔQ . (MCun)
Sendo ΔLT à variação no lucro total, ΔQ = variação na quantidade produzida / vendida, P = preço
unitário, GVun à gasto variável unitário, MCun à margem de contribuição unitária (P – GVun).
No exemplo 2.1, se for analisada a diferença de lucro total entre produção / vendas de 1667 e 1500, ter-se-á:
ΔLT = ΔQ . (P – GVun)
ΔLT = 167 . (1 – 0,40)
ΔLT = 167 . 0,60
ΔLT = $100,20
LT(1667) = LT(1500) + ΔLT
LT(1667) = – 100 + 100,20 = $0,20.
2.1.2 Cálculo do lucro total no curto prazo com alterações nas quantidades, nos preços e/ou nos gastos
variáveis unitários.
Sendo: MCun1 à margem de contribuição unitária no momento final (ou momento 1), MCun0 à margem
de contribuição unitária no momento inicial (ou momento 0), Q1 à quantidade produzida / vendida final, Q0 à
quantidade produzida / vendida inicial.
Utilizando ainda o exemplo 2.1, com variação no preço de $1 para $2 e do gasto variável unitário de $0,40
para $0,70, entre as produções / vendas de 1500 e 1667, ter-se-á:
A capacidade da empresa de produzir ou comercializar bens ou serviços envolve três conceitos distintos:
capacidade instalada, capacidade utilizada e capacidade ociosa.
A capacidade instalada é a capacidade máxima e potencial da organização com todos os seus recursos
materiais (máquinas, equipamentos, instalações, materiais de consumo etc.), tecnológicos, humanos e financeiros
(créditos, disponibilidade etc.) operando perfeitamente. Se a empresa está funcionando com toda a sua capacidade,
diz-se que está operando com 100% da capacidade instalada.
A capacidade utilizada se refere a quanto da capacidade instalada está funcionando. Por exemplo, se a
empresa opera com 80% da capacidade instalada, esta, portanto, é a sua capacidade utilizada.
A capacidade ociosa é a capacidade não utilizada, isto é, é o quanto dos recursos da empresa que não estão
operando perfeitamente. No exemplo acima, a capacidade ociosa é de 20%, já que 80% da capacidade instalada
está sendo utilizada.
Neste caso, continuando a seguir o exemplo, na organização empresa que possui 20 máquinas, a capacidade
instalada, 16 estão sendo utilizadas e 4 estão ociosas.
A capacidade, para efeitos de teoria econômica e também de gestão de custos, é considerada fixa no curto
prazo. Isto significa que mudanças de capacidade instalada afetam apenas o médio e longo prazos, não alterando
condições de produção e comercialização em períodos de curto prazo. Isso também significa, por conseguinte, que
a depreciação também é fixa no curto prazo.
Capacidade
Capacidade utilizada ociosa
Capacidade instalada
16
Figura 6 Capacidade instalada, utilizada e ociosa
Fonte: elaborada pelo autor (2008)
2.3.1 Cálculo do lucro total no longo prazo com alterações nas quantidades, nos preços e/ou gastos variáveis
unitários e nos gastos fixos totais
Se o gasto fixo total, no longo prazo, aumenta, exigindo maior capacidade instalada das empresas, o cálculo
do lucro total com variações no preço, nos gastos variáveis e nos gastos fixos se modifica em relação ao curto
prazo. Portanto:
Para variações nas quantidades, gastos fixos totais e preços e/ou gastos variáveis unitários.
Seguindo o exemplo 2.1, supondo variação no preço de $1 para $2, do gasto variável unitário de $0,40 para
$0,70, do gasto fixo total de $1000 para $2000 entre as produções / vendas de 1500 e 1667, ter-se-á::
Para que a organização possa simular seus resultados a partir da análise de volumes, é necessária a
construção da DRE simples, de apenas um produto, comparando volumes diferentes de produção / vendas. Os
componentes totais são calculados multiplicando os unitários pela quantidade e vice-versa.
Exemplo 2.2: a empresa Tijolos Furados Ltda. vende tijolos ao preço de $50,00 o milheiro e possui um custo
variável unitário de $27,00. Se os custos fixos são de $20.000,00 e as despesas fixas de $10.000,00, analise as
produções / vendas de 1.500 e 2.000 por meio da DRE e calcule os impactos sobre o lucro bruto e sobre o lucro
operacional. Calcule o lucro total também pela forma direta.
Neste exemplo, por causa da economia de escala, os custos indiretos unitários caíram de $13,33 para
$10,00, fazendo com que o lucro bruto unitário aumentasse de $9,67 para $13,00. Como as despesas indiretas
também caíram de $6,67 para $5,00, o lucro operacional teve aumento proporcional ainda maior, de $3,00 para
$8,00. Com os efeitos da economia de escala e com o aumento da receita total, o lucro operacional total subiu de
$4.500,00 para $16.000,00.
Para analisar com mais propriedade, podem ser construídas tabelas de valores em unidades monetárias e
percentuais, comparando todos os componentes do resultado, como segue:
18
Os custos diretos totais crescem linearmente com as vendas, 33,33%. Mas os custos indiretos unitários
caíram quase 25% e os custos unitários totais, influenciados também pelos custos diretos unitários constantes,
caíram somente 8,26%, o que foi suficiente para que o lucro bruto unitário subisse 34,44% e o lucro total
aumentasse 79,31%. Como as despesas indiretas unitárias caíram também cerca de 25%, o lucro operacional
unitário aumentou 37,50% e o lucro total, também influenciado pelo aumento da produção / vendas e da receita
total, cresceu 255,55%.
Utilizando a forma direta de cálculo da variação do lucro total, tem-se:
ΔLT = ΔQ . MCun
ΔLT = 500 . (50 – 27)
ΔLT = 500 . 23
ΔLT = 11.500
Exemplo 2.3: A fábrica de ampulhetas Areias do Tempo Ltda. tem capacidade ociosa de 35%. Os produtos têm
preço de venda de $7,00 e custo variável unitário de $4,00. Os custos fixos da empresa são de $20.000,00 e a
quantidade produzida / vendida de 15.000. A empresa constatou que, caso reduzisse seus preços em 12%,
aumentaria suas vendas em 30%. Valeria a pena reduzir o preço? Construa a DRE para ambas as quantidades,
analise os resultados e calcule o novo lucro bruto total estimado pela forma direta.
Não compensaria aumentar a produção em 30%, reduzindo os preços em 12%. O custo indireto unitário
cairia muito pouco (23%) para que o lucro bruto unitário aumentasse o suficiente para compensar a queda no preço
de venda. O resultado seria a diminuição no lucro bruto unitário de 30,50% e do lucro bruto total de 9,6%.
Calculando pela forma direta:
ΔLT = MCun1 . Q1 – MCun0 . Q0
ΔLT = (6,16 – 4) . 19500 – (7 – 4) . 15000
ΔLT = 2,16 . 19500 – 3 . 15000
ΔLT = 42.120 – 45.000
ΔLT = – $2.880,00
19
Exemplo 2.4: A fábrica Queijo de Isca produz 10.000 armadilhas de rato por ano a $12,50 e possui um custo
variável unitário de $7,50 e custos fixos totais de $18.000,00. Sua capacidade instalada permite que produza apenas
12.000, sendo que, a partir daí, com novos investimentos, passará a ter um custo fixo total de $25.000,00, o que
obrigaria a empresa a aumentar os preços para $13,50. Supondo que os custos variáveis unitários subam para
$8,00, compare e analise produções de 10.000, 12.000, 12.100 e 15.000, calculando os novos lucros brutos totais
também pela forma direta.
Para ultrapassar a capacidade instalada de 12.000 e realizar novos investimentos, não compensa produzir /
vender apenas 12.100 produtos, mesmo aumentando o preço em 8%. Nessa situação, o lucro bruto total caiu de
$42.000,00 para $41.550,00 (–1,07%). Quando a produção aumenta para 15.000, compensa produzir, pois o lucro
bruto sobe para $57.000,00 (36,9% em relação à produção de 12.000).
Calculando pela forma direta:
Produção de 12.000 (em relação a 10.000):
ΔLT = ΔQ . (P – GVun)
ΔLT = 2.000 . (12,50 – 7,50)
ΔLT = 2.000 . 5
ΔLT = $10.000,00
LT(12.000) = LT(10.000) + ΔLT
LT(12.000) = 32.000 + 10.000 = $42.000,00
20
Produção de 15.000 (em relação a 12.100):
ΔLT = ΔQ . (P – GVun)
ΔLT = 2.900 . (13,50 – 8)
ΔLT = 2.900 . 5,50
ΔLT = $15.950,00
LT(15.000) = LT(12.100) + ΔLT
LT(15.000) = 41.550 + 15.950 = $57.500,00
ár ΔLT = ΔQ . (MCun)
Curto Prazo: para ΔQ
Exercícios de fixação
2.1) A Digisom tem um custo fixo de $10.000,00 e cada produto (jingles) tem um custo variável unitário de
$25,00. Se o preço do jingle é $40,00 e considerando produções de 1.000, 1.500 e 2.500 jingles, construa o
DRE da empresa utilizando o quadro abaixo, analise os resultados e calcule os novos lucros brutos totais
também pela forma direta.
21
Quantidade = 1.000 unidades Quantidade = 1.500 unidades Quantidade = 2.500 unidades
Unitário ($) Total ($) Unitário ($) Total ($) Unitário ($) Total ($)
Receita
Custos Diretos
Custos Indiretos
Custos Totais
Lucro Bruto
2.2) A empresa Come-se Bem produz 5.000 pratos de porcelana por mês e pretende aumentar a produção em
40%. O preço do produto é $6,00, o custo variável unitário é $3,50 e os custos fixos montam em
$13.500,00 e as despesas fixas em $2.000,00. Construa a DRE da empresa, analisando os resultados e
utilizando também a forma direta.
2.3) O Abatedouro Vacas Magras produz 1.000 kg de carne por um preço unitário de $10,00, sendo o custo
variável unitário de $7,00 e os custos fixos totais $10.000,00. Em momentos posteriores, a empresa
resolveu produzir 1.500 kg, 3.000 kg e 3.500 kg. Calcule a DRE e analise os resultados, utilizando também
a forma direta.
2.4) A empresa Filtros Solares Ltda. produz 1.000 unidades mensais de um bronzeador que custa $30,00 e cujos
custos variáveis unitários são de $21,00. Deseja produzir 3.000, mas sua capacidade instalada é de 2.500.
Valeria a pena produzir bronzeadores além da capacidade instalada se, para tanto, o custo fixo total passaria
de $9.000,00 para $13.000,00? Analise as produções de 1.000, 2.500 e 3.000 pela DRE e pela forma direta.
2.5) A Olaria Barro Preto produz filtros de cerâmica cujo preço de venda é de $20,00 e os custos variáveis
unitários de $14,00. A produção é de 5.000 e a capacidade instalada de 6.000. O empresário, apostando na
melhora do mercado e no crescimento da economia, deseja produzir 7.000, aumentando o preço para
$24,00 e estimando custos variáveis unitários de $15,00. Se os custos fixos totais passarem de $15.000,00
para $25.000,00 e as despesas fixas totais de $3.000,00 para $5.000,00, qual a melhor das três situações
para a empresa? Analise construindo a DRE e pela forma direta.
2.6) A fábrica de sofás Sente-se Bem Ltda. produz 3.000 unidades anuais, cujo preço de venda é de $500,00 e
cujos custos variáveis unitários são de $380,00. Mesmo com a capacidade instalada de 3.800 unidades,
deseja produzir 4.200 num primeiro momento e 4.500 num segundo momento, aproveitando a montagem
na cidade de grande loja no setor moveleiro. Valeria a pena produzir sofás além da capacidade instalada se,
para tanto, o custo fixo total passaria de $148.000,00 para $242.000,00 e as despesas fixas totais de
$83.000,00 para $110.000,00? Analise as produções de 3.000, 3.800, 4.200 e 4.500 pela DRE e pela forma
direta.
22
RESPOSTA: Lucros totais de: $129.000,00; $225.000,00, $152.000,00; e $188.000,00
2.7) A fábrica de ventiladores Brisa Fresca Ltda. produz atualmente 4.000 unidades por um preço de venda de
$50,00, sendo os custos variáveis unitários de $32,00. Espera-se que o mercado de ventiladores melhore no
próximo verão, já que fará muito calor, segundo pesquisa, e estima-se que haverá um crescimento na
demanda de 2.000 ventiladores. Mas a capacidade instalada da empresa só permite que sejam fabricadas
5.000 unidades. Quando ultrapassar o limite, o preço aumentará para $56,00, os custos variáveis unitários
serão de $37,00 e os custos fixos totais passarão de $30.000,00 para $45.000,00 e as despesas fixas totais de
$5.000,00 para $9.000,00, qual a melhor das três situações para a empresa? Analise construindo a DRE e
pela forma direta.
2.8) A fábrica de guarda-chuva Chuvisco Ltda. está trabalhando com capacidade ociosa de 40%. Seus produtos
têm custo variável igual a $ 3,00 por unidade, preço de venda igual a $ 6,50 cada, o que gera um custo
variável total igual a $ 50.700,00. Os custos fixos da empresa são estimados em $19.000,00. Após contratar
uma empresa de pesquisa mercadológica, a empresa verificou que, caso reduzisse seus preços em apenas
15%, aumentaria suas vendas em 35%. Valeria a pena reduzir o preço? (BRUNI e FAMÁ, 2004, p. 245)
2.9) A fábrica de sorvetes Sabor Gelado apresenta custos fixos anuais iguais a $40.000,00 e despesas fixas no
mesmo valor. Seus custos variáveis são iguais a $13,50 por caixa e o preço de venda médio é de $22,00.
Supondo produções de 10.000 e 20.000 caixas, calcule: a) receitas totais; b) custo total e unitário; c) custo
fixo total e unitário; d) custo variável total e unitário; e) lucro bruto total e unitário. Construa o DRE da
empresa e analise os resultados (BRUNI e FAMÁ, 2004, p. 42).
2.10) José Severino possui uma fábrica tijolos furados chamada Esfarela Fácil, cujo preço de venda do cento de
tijolos é $50,00. O custo variável unitário do lote é de $30,00 e os custos fixos da empresa montam em
$20.000,00. A fábrica produz atualmente 850 centos de tijolos e quer aumentar a produção para 1.000 e
depois para 1.100 centos de tijolos. Monte a DRE da empresa e analise os resultados.
RESPOSTA: Lucros totais de: –$3.000,00; $0,00e $2.000,00
2.11) Tião Macalé tem uma fábrica de pregos chamada Martelo Torto. O preço de venda do milheiro é $17,00, o
custo variável unitário do lote é $11,00 e os custos fixos da empresa são de $15.000,00. Com produções de
23
1.000, 1.500, 2.000, 2.500, 3.000 e 3.500 milheiros de pregos, monte a DRE da empresa e analise os
resultados.
RESPOSTA: Lucros totais de: –$9.000,00; –$6.000,00; –$3.000,00; $0,00; $3.000,00; e $6.000,00
2.12) A fábrica de algodão anti-séptico Nuvens Negras produz 8.000 caixas e quer aumentar a produção em 30%.
Se o preço de venda da caixa é $4,00, o custo variável unitário é $2,50 e os custos fixos são de $17.000,00,
monte a DRE da empresa e analise os resultados.
3 SISTEMA DE CUSTEIO
Antes de decidir o método de custeio mais apropriado para a organização, é necessário aos gestores admitir
qual o objetivo primordial para a construção de planilhas de custos dentro da empresa: se meramente contábil para
cumprir as obrigações fiscais, para se ter a noção gerencial de como está a saúde financeira da empresa ou para
controlar os gastos de maneira sistemática, com o fim de reduzi-los sempre que possível. Em outras palavras, deve-
se criar um sistema de custeio.
O conceito de sistema de custeio é distinto do de método de custeio, que seria apenas a técnica para se
mensurar os gastos e o resultado da organização. A criação de um sistema de custeio vai desde a decisão de se criar
um sistema de apuração de gastos, passando pela contratação ou designação de funcionários, até a escolha de um
método apropriado para se realizar a apuração e a mensuração dos gastos.
O custo-benefício da implantação de um sistema de custeio complexo deve ser levado em conta dentro da
empresa, haja vista a necessidade de pessoal qualificado e o bom envolvimento deste com todos os setores da
organização. O sistema de custeio deve ser adequado à realidade da empresa, sempre objetivo e conciso, na medida
dos interesses organizacionais.
As micro e pequenas empresas, geralmente gerenciada pelos sócios-gerentes, poderão ater-se às
demonstrações de resultados contábeis e/ou gerenciais, pela falta de recursos disponíveis para contratação de
consultoria ou montagem de uma equipe. As médias empresas podem criar um sistema um pouco mais rígido, com
pessoas ocupadas especificamente para a apuração de gastos e planilhas mais complexas. As grandes empresas,
pelo seu porte peculiar, devem associar a sua apuração de gastos à contabilidade, com ganho de escala de coleta e
digitação de dados.
Um sistema de custeio, que visa apurar e controlar os gastos da organização, pode ser realizado por meio de
vários métodos, alguns dos quais serão tratados adiante. Antes disso, porém, é preciso dar algumas informações
relevantes de implantação do referido sistema, mediante os passos abaixo descritos.
De posse das decisões estratégicas, os representantes do nível tático resolverão problemas do tipo:
24
· A equipe de gestão de custos será externa (consultoria externa), interna ou mista?
· Se interna ou mista, serão necessários (e quantos) estagiários, contadores, administradores,
economistas, auxiliares administrativos?
· Quem comandará o processo e qual será a equipe?
3.1.4 Reunião da equipe com o nível tático e operacional e com as chefias de departamento
Começa a coleta de dados. Esta deve ser sistemática, pragmática e visando atingir os objetivos propostos
pela equipe. Os maiores gastos serão merecedores de um maior controle, enquanto os menores terão controle
menos rígido, o que significa que estes últimos poderão ser estimados por critérios que garantam boa aproximação,
caso a coleta seja mais onerosa e complexa que o previsto.
Respondidos os formulários, geralmente restarão pendências a serem resolvidas, como aparelhos sem
consumo de energia especificado e/ou sem placa de patrimônio, valores a depreciar, entre outras. As pendências
podem ser atacadas pontualmente no final do processo, se assim convier para o andamento dos trabalhos da equipe.
De posse dos dados coletados, inicia-se a digitação dos dados no aplicativo. Devem ser observados alguns
critérios:
· As informações devem sempre ser direcionadas para, dentro do aplicativo, serem transformadas em
unidades monetárias, com o fim de apuração econômica dos gastos.
· Deve-se padronizar as unidades de medida de informações do mesmo tipo, para evitar erros no
aplicativo. Por exemplo, considerar sempre materiais em uma única medida (g ou kg, ml ou l, mm
ou cm), ou providenciar maneiras de transformá-las na medida padrão, pois o preço unitário do
material será lançado em apenas uma unidade.
· Deve haver conferência austera no lançamento de dados, feita por pessoas diferentes no processo.
O aplicativo deve emitir demonstrativos de resultados, baseados no(s) método(s) de custeio escolhido(s),
além de fornecer relatórios gerenciais analíticos e sintéticos.
26
3.2 INVENTÁRIO DE MATERIAL PERMANENTE
Na parte física, além do nome do bem, podem ser informados o código do bem (se o inventário for mais
detalhado, deve-se colocar o código de cada unidade daquele bem ou número de patrimônio, conferindo a placa de
patrimônio do bem com o código do inventário), a marca e modelo do bem, o número de série (para relatórios
detalhados), o consumo de energia elétrica do bem e o estoque existente na empresa.
Na parte contábil, os bens sofrem a depreciação. Abate-se do valor atual total do bem um valor residual,
restando um valor depreciável, que será dividido pela vida útil do bem, cujo resultado é a depreciação, em quota no
mesmo período em que se mediu a vida útil.
27
3.2.2 Energia elétrica
Muitos dos bens permanentes gastam energia elétrica. A energia elétrica será indireta se imensurável por
produto e direta se mensurável. Não é difícil mensurar a energia elétrica desde que observadas algumas variáveis.
Toda máquina que consome energia elétrica possui um nível de consumo de energia estabelecido em seus
manuais. Uma unidade de referência deve ser utilizada como padrão, por exemplo, kW/h. Se cada máquina tem um
período de funcionamento em horas por dia, não seria difícil mensurar o custo de energia elétrica em um dia se
forem multiplicados a quantidade de kW/h que gasta cada máquina, as horas de funcionamento por dia e o custo
(incluindo impostos) de cada kW/h cobrado pela empresa fornecedora de energia elétrica.
Supondo que um espectrofotômetro atômico gaste 0,1 kW/h de energia elétrica e funcione durante 6 horas
por dia em uma organização. Se o preço de 1 kW/h for de $0,675012 (já com os impostos, por exemplo), basta
multiplicar os valores para achar o custo diário de energia elétrica, ou seja: 0,1 x 6 x 0,675012 = $0,405 de energia
diária. Se a referida empresa trabalhar durante 264 dias em um ano, então: 0,405 x 264 = $106,92 por ano.
3.3 MATERIAIS
Os materiais podem ser divididos em materiais diretos e indiretos. Entre os materiais diretos, estão matéria-
prima, embalagem e materiais secundários relevantes. Os materiais indiretos seriam os materiais secundários
irrelevantes, o material de escritório, o material de limpeza, entre outros.
3.3.1 Estoques
Geralmente, os materiais são sujeitos a serem estocados. Por isso mesmo, estão passivos a mudarem de
exercício sem serem utilizados. Quando isso acontece, podem ser considerados investimentos. À medida que são
utilizados, transformam-se em custo ou despesa. Porém, somente se tem certeza da quantidade utilizada de
materiais quando se realiza um eficiente controle de estoques.
Por esse motivo, entre outros, é que, no final do exercício, geralmente é realizado um balanço de todo o
estoque da organização. Balanços sucessivos darão ao gestor, com exatidão, a parte que cabe aos materiais do custo
do produto vendido (CPV) ou o custo do serviço prestado (CSP), ou seja, o consumo dos materiais. No caso do
comércio, em situação análoga com os produtos acabados comercializados, ter-se-á o custo das mercadorias
vendidas (CMV). A diferença entre estoques de exercícios subseqüentes mais o que foi adquirido no exercício
fornece o que foi consumido efetivamente. Esta relação é dada pela equação já anteriormente vista, adaptada aqui
para os materiais:
Consumo de materiais = EI + C – EF
Supondo que certa empresa use vários rebites na produção de cadeiras. Em 31 de dezembro de 20X1,
realizou o balanço e percebeu que tinha ainda 250 rebites de estoque, sendo este o estoque inicial. Comprou, no
28
ano de 20X2, 1.700 rebites para a produção e, no final do ano, sobraram 170 rebites. O preço do rebite era de $0,09
no ano de 20X1 e de $0,10 no ano seguinte. Pela equação, o CPV da empresa (supondo que seja representado
apenas pelos rebites) seria CPV = 250 x $0,09 + 1.700 x $0,10 – 170 x $0,10 = 22,50 + 170 – 17 = $175,50, que
foi o valor gasto pela empresa com rebites.
O mesmo raciocínio pode ser utilizado para os produtos em processo, os produtos acabados e as
mercadorias em estoque, que entram na empresa com preços diferentes em exercícios diferentes, independente se
os primeiros que entrarem forem os primeiros a sair (PEPS) ou se os últimos a entrarem forem os primeiros a sair
(UEPS) ou for realizada média (custo médio ponderado).
O inventário de material de consumo deve ser realizado sempre que possível, a fim de detectar falhas no
processo e prever ausências inesperadas de estoque.
Dois princípios devem ser observados:
· Padronização de unidades de medida: as unidades devem ser padronizadas para evitar que erros de
medida se transformem em erros monetários adiante.
· Custo médio ponderado: se os materiais forem adquiridos com preços diferentes dentro de um mesmo
exercício, pode-se realizar um custo médio ponderado, sem prejuízo para o custo total dos insumos.
Como exemplo, pode-se ser utilizado um laboratório de solos, que faz análise de solos para produtores
rurais. Dois dos reagentes utilizados e encontrados no estoque são o acetato de cálcio e o ácido fosfórico. O
primeiro custou para a empresa $9,00 por pacote de 500g, encontrando-se 5 kg por mês, ou seja, 10 pacotes. O
segundo foi comprado a preços diferentes, 2 litros por $65,00 a unidade e 3 litros por $70,00 cada. Com média
ponderada (2 x 65,00 + 3 x 70,00 = 340,00 à 340,00 / 5 = 68,00 à 5 pacotes de $68,00), reduzir-se-á futuras
dificuldades com grandes movimentações em um aplicativo de apuração de custos.
Uma sugestão de ficha para o inventário de material de consumo seria assim:
Em produções / vendas que utilizam frações, deve-se ter o cuidado de transformar as medidas, no aplicativo
de apuração de custos, para uma unidade de referência, de preferência a menor unidade. Sabendo o preço do grama
(g) ou do mililitro (ml), por exemplo, de determinado material, será relativamente mais fácil mensurar o custo por
produto em determinado período de tempo.
Um cálculo interessante que se pode fazer é relacionar desperdício e o consumo de material direto. É
perfeitamente possível mensurar o quanto se gasta de material direto em cada bem produzido. Ora, se foram
produzidos, por exemplo, 5.000 produtos por ano em determinada empresa e se gasta $20,00 de material direto em
cada unidade, ou seja, perfazendo um total de $100.000,00, caso os preços sejam mantidos, mas foram gastos
$108.000,00 durante o ano, então, conclui-se, obviamente, que $8.000,00 foram devidos ao desperdício. Este
sintoma é boa medida da ineficiência e/ou ineficácia da empresa.
3.4 MÃO-DE-OBRA
29
A mão-de-obra pode ser também direta ou indireta na medida em que é mensurada ou não por produto.
Enquanto o supervisor da fábrica ou o gerente da loja, por exemplo, supervisionam todo o estabelecimento, não é
possível mensurar o seu salário e encargos por produto, portanto, é mão-de-obra indireta, sendo custo no primeiro
caso e despesa no segundo. O mesmo não se pode dizer de boa parte dos operários e dos vendedores, cujos salários
e encargos costumam ser mensuráveis por produto.
No caso da mão-de-obra direta, é possível estabelecer também unidades de referência para se apurar custos.
Antes, é preciso entender a composição dos custos da mão-de-obra. A remuneração do funcionário durante o ano
pode ser assim resumida:
Deve-se tomar cuidado com alguns equívocos que podem gerar duplicidade de gastos na apuração de
custos, como por exemplo:
· A parte do INSS que se desconta do empregado não pode ser lançada se o salário-base inteiro já foi
considerado. Somente o INSS patronal (parte que cabe ao empregador) deve ser lançado à parte.
· O mesmo acontece com os repousos semanais remunerados, que já são pagos ao trabalhador com o
salário-base.
· O valor de 1/30 do salário, que é descontado uma vez por ano para os sindicatos como contribuição
sindical não pode ser deduzido dos gastos nem lançado à parte, já que também faz parte do salário-base.
Uma vez descobertos os gastos com a mão-de-obra direta anuais, pode-se calcular o valor da hora-trabalho
do funcionário dividindo o total dos salários e encargos pelas horas trabalhadas no ano. Se foram 2.112 (ou seja,
264 dias úteis aproximadamente x 8 horas diárias), por exemplo, o valor da hora-trabalho seria $22.500,00 / 2.112
= $10,65.
Se o trabalhador realiza diversas atividades durante o seu dia útil de trabalho, os gastos com a mão-de-obra
podem ser mensurados por meio das horas ou mesmo minutos trabalhados em cada bem ou serviço, mesmo
mediante média simples se as atividades variam conforme o dia de trabalho.
No caso da mão-de-obra direta, um nível de produtividade média em determinado período abaixo do padrão
estabelecido pela empresa poderia ser considerado desperdício. O mesmo ocorreria com a ociosidade por motivos
operacionais, podendo ser mensurada em valores de hora-trabalho.
No caso de empresas que produzem e/ou comercializam somente um produto, a alocação dos custos
indiretos ao único produto é simples: todos os custos totais e as despesas totais já são apenas daquele produto e a
transferência para cada unidade de produto vai da pura divisão dos custos e despesas pela quantidade produzida.
Mas quando a empresa produz e/ou comercializa muitos produtos, há a necessidade da utilização de algum
critério, para que haja a apropriação dos gastos indiretos aos diferentes produtos e serviços. Portanto, para se apurar
os gastos totais e os lucros por produto, é preciso que os gastos indiretos sejam estimados. Esta estimativa (e, sendo
estimativa, é inexata) deve ocorrer, utilizando um critério que tenha exatidão e reflita a distribuição por produto da
melhor e mais justa forma possível. Este critério é denominado critério de rateio.
30
Geralmente, os critérios de rateio mais empregados são receita, horas-máquina, mão-de-obra direta,
materiais diretos, custo direto ou alguma referência que já tenha exatidão na apropriação aos produtos.
A escolha de um bom critério de rateio que aloque com justiça os gastos indiretos aos produtos é muito
importante para o sucesso da apuração dos gastos. Supondo que, por exemplo, certa empresa venda, em 1 semana,
100 automóveis e 2.000 bonés promocionais. Ratear o aluguel da organização pelas quantidades produzidas pode
superestimar o valor do aluguel para o produto boné, gerando um prejuízo irreal para o produto, e subestimar o
valor do aluguel para o produto automóvel gerando um lucro irreal para este bem.
Nada impede que vários critérios de rateio possam ser escolhidos na mesma apuração para diferentes gastos
em um sistema de custeio, cada qual utilizado conforme a particularidade do gasto indireto correspondente no
âmbito da empresa.
É uma decisão muito importante a escolha do critério de rateio, já que irá definir quais produtos estão
obtendo lucro ou prejuízo e, por isso mesmo, o resultado advindo dessa escolha poderá ser base para criação de
estratégias de melhoria para este ou aquele produto.
Em sorveterias pequenas, por exemplo, em que a máquina de fazer sorvete opera bem mais que a mão-de-
obra familiar, que poderá estar ocupada em servir os clientes, a matéria-prima ou o consumo de energia elétrica, se
mensurável por produto, poderia ser um bom critério de rateio para apropriar os gastos indiretos.
Em fábricas de calçados artesanais, em que a mão-de-obra pesa mais que a utilização da máquina na
transformação do produto, a mão-de-obra direta seria um critério der rateio interessante.
Já nas indústrias com larga produção em escala, em que os materiais diretos e a mão-de-obra direta fazem
parte igualmente da transformação, ambos seriam bons critérios, além do custo direto, que é a soma da mão-de-
obra direta com os materiais diretos.
Em lojas de móveis, os custos das mercadorias vendidas (CMV) e até as comissões dos vendedores podem
ser utilizados como critérios, desde que sejam boas referências básicas.
Cabe ao gestor de custos e sua equipe refletirem sobre qual ou quais critérios deverão adotar para que a
apuração inexata dos gastos indiretos seja melhor estimada possível.
Exercícios de fixação
4 MÉTODOS DE CUSTEIO
Diversos são os chamados métodos de custeio que norteiam a estrutura de custos da organização. Os
principais e mais utilizados historicamente são o método de absorção e o de custeio direto ou variável, embora o
método de custeio ABC e o custeio meta estejam lançando-se como paradigmas no processo de mensuração dos
custos. No quadro abaixo, encontra-se uma comparação do cálculo do custo final nos métodos de custeio.
31
GASTO INDIRETO
DIRETO GASTO DIRETO + PLENO = GASTO Anos
TOTAL 40 a 80
ABC GASTO POR GASTO POR ATIVIDADE GASTO Anos
ATIVIDADE + = TOTAL 80 e 90
META PREÇO LUCRO DESEJADO GASTO Anos 90 e
FINAL – = TOTAL 2000
Fonte: Dominik (2005)
Segundo Dominik (2005), o método de custeio por absorção acontece quando os custos indiretos são
transferidos aos produtos ou serviços. É realizado um rateio, ponderado por algum item que seja capaz de fornecer
pesos distintos pertinentes a tais produtos ou serviços, que pode ser o material direto, a mão-de-obra direta ou as
horas-máquina utilizadas ou até a receita bruta auferida por cada um dos itens produzidos, entre outros pesos. A
partir daí, somam-se os custos diretos e os custos indiretos rateados, cuja soma é subtraída da receita para alcançar
o lucro bruto. A partir deste método, pode-se mensurar os custos diretos e indiretos para cada um dos produtos e
para a produção de toda a empresa. As críticas a este método giram em torno do fato de que o rateio nem sempre é
apropriado para garantir que um ou outro produto teve a participação sugerida no custo da energia elétrica ou do
aluguel da fábrica, por exemplo. Em outras palavras, conforme Galloro e Galloro (2000) in Silva Jr. (2000):
(...) custeio por absorção é o sistema realizado sob a ótica da contabilidade de custos tradicional. Nele, todos
os custos de produção (fixos e variáveis) são incluídos no custo do produto para fins de custeio dos estoques
e, por sua vez, todas as despesas administrativas, financeiras e de vendas, fixas ou variáveis são excluídas do
custo do produto.
As principais vantagens do custeio por absorção, conforme Viveiros (2000) in Silva Jr. (2000) apud
Dominik (2005), é que ele atende a legislação fiscal e permite a apuração do custeio por produto. A desvantagem
maior está justamente no fato de que essa apuração do custo por produto, através de rateios, pode não refletir o
resultado da forma mais correta, já que tem que se optar por algum tipo de ponderação nem sempre objetiva,
ignorando os demais.
O método tradicional de custeio, o chamado custeio por absorção, foi o primeiro paradigma científico
acerca dos cálculos de custeio e dominante entre as primeiras décadas do século XX até os anos 1940. Segundo
Cogan (1999) apud Dominik (2005), o método que se contrapôs ao método de absorção foi o método de custeio
direto, sendo o segundo paradigma entre as décadas de 1940 e 1980, introduzindo a distinção entre custos fixos e
variáveis.
O método de custeio direto ou variável, que não faz rateio dos custos indiretos, apropria apenas os custos
diretos aos produtos ou serviços. Diminuindo a receita unitária dos custos diretos unitários e despesas diretas
unitárias, tem-se a margem de contribuição3 de cada item e, somando as margens de contribuição individuais,
forma-se um bolo que, subtraído dos custos fixos, faz encontrar o lucro bruto da empresa. Se o método do custeio
direto não realiza o criticado rateio, também não mensura os custos totais por produto. Segundo Tafner e Faustino
Jr. (2000) in Silva Jr. (2000) apud Dominik (2005), “embora com relativa utilidade para efeitos de orçamento,
esse sistema não é aceito pelo Fisco e pelos Procedimentos Contábeis Geralmente Aceitos – PCGA’s e deve ser
adaptado para efeito de Demonstrações Financeiras”.
O custeio direto, para Viveiros (2000) in Silva Jr. (2000) apud Dominik, possui o benefício de apurar a
lucratividade real de cada produto, enfocando o custo unitário de produção, e ainda sob uma forma mais
simplificada de cálculo, sem o rateio utilizado no custeio tradicional. A principal crítica a ser feita ao método, além
deste não ser aceito pelo Fisco, é que há a necessidade da distinção dos custos e despesas em fixos e variáveis,
3
A margem de contribuição representa o quanto cada produto ou toda a produção contribui para a cobertura dos custos fixos. O lucro bruto da empresa
se dá a partir de um ponto de equilíbrio, em que a soma das margens de contribuição individuais supera os custos fixos totais.
32
dificultando sua mensuração. Outra crítica é o fato de não conseguir mensurar o custo total por unidade, já que os
custos e despesas indiretas são lançadas diretamente no resultado (Quadro 2).
O terceiro paradigma, que surgiu no final dos anos 1980 e prosseguiu na década de 1990, diz respeito ao
custeio baseado em atividades ou, como é mais conhecido, o método ABC (Activity Based Costing), que transfere o
custo das atividades da empresa aos produtos ou serviços ali fabricados ou prestados (Quadro 2). Segundo Cogan
(1999) apud Dominik (2005), no sistema ABC, “todos os custos em cada centro de atividades funcionam como se
variáveis fossem (mantendo proporcionalidade com a respectiva atividade)”. A principal vantagem de se medir o
custo baseado em atividades é a extinção dos processos de rateio, como no custeio por absorção, enquanto a
principal restrição é o fato de necessitar de grande conhecimento contábil e de um grande número de informações
gerenciais, podendo inviabilizar sua aplicação.
O custeio meta, o quarto paradigma, surgido nos anos 1990, inverteu o caminho do cálculo de custo
(Quadro 1). Enquanto os demais métodos partem do custo do produto para, após lançarem o lucro, chegar ao preço
final, o custeio-meta, ao contrário, parte do preço de mercado, subtrai o lucro desejado e alcança o custo permitido
para aquele produto. Segundo Cogan (1999) apud Dominik (2005), com o novo paradigma, “tudo que conta é que
o custo unitário total não poderá exceder o custo permitido/custo meta considerando-se que o lucro desejado
esteja sendo atendido. (...). A forma como se trabalha pode ter que mudar a fim de se reduzir custos”.
Para Grell e Belloli (2000) in Silva Jr. (2000) apud Dominik (2005), o cálculo do custeio meta é realizado,
resumidamente, da seguinte forma: a) define-se o mercado e a participação que se deseja obter; b) faz-se uma
análise detalhada do mercado, concorrentes, preços praticados etc.; c) define-se as condições de atuação da
empresa (preço de venda, prazos para pagamento etc.) e as despesas variáveis de venda (impostos, comissões,
fretes etc.); d) apura-se o investimento necessário para consumir e comercializar as quantidades desejadas; e)
calcula-se o valor do retorno esperado; f) calcula-se o custo meta, subtraindo as despesas variáveis de venda e o
lucro desejado do preço.
A principal vantagem do método do custeio meta está na possibilidade da utilização de ferramentas
para a definição de metas para reduzir o custo no curto prazo e, após deduzi-lo do preço de mercado, também
indiretamente do lucro desejado. A crítica está no fato de que nem sempre estão disponíveis as informações
necessárias, principalmente para uma análise de curto prazo, não permitindo a antecipação de resultados antes que
o processo de ciclo de vida do produto aconteça.
33
4.1 CUSTEIO POR ABSORÇÃO OU TRADICIONAL
Método de custeio que acontece quando os gastos indiretos são apropriados / absorvidos / transferidos aos
produtos ou serviços através de rateios (divisão dos gastos indiretos por produto através de uma aproximação /
estimativa com base em um critério que pode ser apurado com exatidão.
Em seguida, um roteiro resumido acerca da apuração dos custos pelo método de custeio por absorção.
1) Dados os custos e despesas diretas e a receita, calcular os percentuais de rateio conforme o critério
escolhido / estabelecido (dividir o valor por produto pelo valor total do item usado como critério).
2) Ratear os custos e despesas fixas através desses percentuais (multiplicar os percentuais pelos custos ou
despesas indiretas totais).
3) Calcular os custos totais (custos diretos ou variáveis + custos indiretos ou fixos) por produto (unitário e
total) e total da empresa.
4) Calcular o lucro bruto (receita – custos totais) por produto e total.
5) Calcular o lucro operacional (lucro bruto – despesas totais) por produto e total.
6) Calcular o lucro antes do imposto de renda (lucro operacional – despesas não operacionais) por produto e
total.
7) Calcular o lucro líquido (lucro antes do imposto de renda – imposto de renda) por produto e total.
Antes de realizar exercícios através do método de custeio por absorção, contudo, é preciso aprender a
técnicas de rateio.
No caso de uma empresa que produz e/ou comercializa somente um produto, a alocação dos custos
indiretos é simples: todos os custos e as despesas já são apenas daquele produto e a transferência para cada produto
vai da pura divisão dos custos e despesas pela quantidade produzida. Mas quando a empresa produz e/ou
comercializa muitos produtos, há a necessidade da aplicação do rateio, por meio das alocações aos diferentes
produtos e serviços. Segundo Bruni e Famá (2004):
Um dos maiores problemas da contabilidade de custos consiste na forma de transferir os custos indiretos de
fabricação aos produtos, processo este genericamente denominado rateio. Comumente, os critérios de rateio
podem envolver horas-máquina, mão-de-obra direta, materiais diretos, custo primário [ou direto] ou alguma
outra referência básica.
A escolha de um bom critério de rateio que aloque com justiça os custos indiretos aos produtos é muito
importante para o sucesso da apuração de custos. Supondo que, por exemplo, uma empresa venda, em 1 semana,
100 automóveis e 2.000 bonés promocionais. Ratear o aluguel da organização pelas quantidades produzidas pode
superestimar o valor do aluguel para o produto boné, gerando um prejuízo irreal, e subestimar o valor do aluguel
para o produto automóvel.
Vários critérios de rateio podem ser utilizados, como custo direto, material direto, mão-de-obra direta,
horas-máquina, receita bruta de cada produto, entre outros. Cada qual pode ser utilizado conforme a particularidade
do gasto indireto no âmbito da empresa.
Exemplo:
Ex. 3.1: A Empresa Cheira Bem Ltda. Produz dois produtos, o Gambá Cheiroso (GC) e o Odor Natural (ON).
Supondo que o material direto é de $ 10.000,00 para o primeiro e $ 5.000,00 para o segundo e a mão-de-obra direta
é de $ 4.000,00 para o GC e $ 3.000,00 para o ON, faça o rateio dos custos indiretos de $ 8.000,00 pelos custos
diretos.
34
Descrição Gambá Cheiroso Odor Natural Total
Material direto 10.000,00 5.000,00 15.000,00
Mão-de-obra direta 4.000,00 3.000,00 7.000,00
Custo direto 14.000,00 8.000,00 22.000,00
% rateio 63,6363...% 36,3636...% 100%
Custos Indiretos 5090,91 2909,09 8.000,00
Se o critério escolhido foi o custo direto, 63,6363...% significa quanto dos custos diretos do GC
representam em relação aos custos diretos totais, ou seja, 14.000/22.000 = 0,6363... Do mesmo modo, 36,3636...%
significa a representação do ON, isto é, 8.000/22.000 = 0,3636. Obs.: usar todas as casas decimais.
O rateio se concretiza quando se multiplica o percentual atribuído a cada produto pelo custo indireto total.
Ou seja: 0,636363... x 8.000,00 = $ 5.090,91 para o GC e 0,363636... x 8.000,00 = 2.909,09 para o ON.
Ex. 3.2:
Produto X Produto Y Total da Empresa
Custos Diretos 400,00 600,00 1.000,00
Percentuais de Rateio 400 / 1000 = 0,4 600/1000 = 0,6 1,0
Custos Indiretos 0,4 x 500 = 200,00 0,6 x 500 = 300,00 500,00
Ex. 3.3: A fábrica de cosméticos Beleza Artificial produz dois produtos: shampoo e condicionador. Baseando-se
nos dados do quadro abaixo, construa a DRE da empresa pelos métodos de custeio por absorção e direto,
considerando o custo direto como critério de rateio.
ABSORÇÃO
Item Shampoo Condicionador
Unitário Total Unitário Total Total
Receita 5,00 5.000,00 3,00 9.000,00 14.000,00
MOD 1,00 1.000,00 0,50 1.500,00 2.500,00
MD 2,00 2.000,00 1,00 3.000,00 5.000,00
Custo direto 3,00 3.000,00 (40%) 1,50 4.500,00 (60%) 7.500,00
Custo indireto 2,00 2.000,00 1,00 3.000,00 5.000,00
Custo total 5,00 5.000,00 2,50 7.500,00 12.500,00
Lucro bruto 0,00 0,00 0,50 1.500,00 1.500,00
Rateio pelo custo diretoà 3.000 / 7.500 = 0,4 à 0,4 x 5.000 = 2.000,00.
4.500 / 7.500 = 0,6 à 0,6 x 5.000 = 3.000,00
A mão-de-obra do shampoo pode estar muito alta, já que representa 20% da receita, enquanto a mão-de-
obra do shampoo representa apenas 16,67%. O mesmo acontece em relação aos materiais diretos, 40% do primeiro
contra 33,33% do segundo, o que faz com que o custo direto do shampoo seja 60% em relação à receita e o custo
direto do condicionador apenas 50%. Além disso, a fabricação do shampoo está baixa relativamente, já que espera-
se que venda mais shampoo do que condicionador.
35
DIRETO
Item Shampoo Q = 1.000 Condicionador Q = 3.000
Unitário Total Unitário Total Total
Receita 5,00 5.000,00 3,00 9.000,00 14.000,00
MOD 1,00 1.000,00 0,50 1.500,00 2.500,00
MD 2,00 2.000,00 1,00 3.000,00 5.000,00
Custo direto 3,00 3.000,00 1,50 4.500,00 7.500,00
Margem Contrib. 2,00 2.000,00 1,50 4.500,00 6.500,00
Custo indireto 5.000,00
Lucro operac. 1.500,00
Pelo método de custeio direto, ambos os produtos contribuem para pagar os gastos indiretos (margens de
contribuição de $2.000,00 e de $4.500,00). Se, pelo método de absorção, o shampoo somente continuaria a ser
produzido pela identificação com o condicionador e por carregar um pouco do gasto indireto, no método de custeio
direto é importante contribuinte para pagar os gastos indiretos. Porém, os problemas apontados pelo método de
custeio por absorção em relação aos gastos diretos também encontram razão aqui.
Exercícios:
4.1) A indústria de Confecções Pepê Ltda. enfrenta problemas relacionados à baixa lucratividade da empresa.
Provavelmente, um de seus produtos fabricados e comercializados (toalhas de mesa e toalhas de banho) estaria
afetando a lucratividade da empresa. No mês passado, a empresa produziu 100 toalhas de mesa e 400 toalhas de
banho. Com base na tabela a seguir e sabendo que a empresa usa a MOD como critério de rateio, pede-se: a) com
base no DRE por produto e elaborado com base no método do custeio por absorção, determine qual produto
apresenta problemas relacionados à baixa lucratividade; b) este produto deveria ser eliminado das linhas de
produção da empresa? (BRUNI e FAMÁ, 2004, p.222) Faça também pelo método de custeio direto.
Descrição $
Preço unitário da toalha de mesa 34,00
Consumo de material direto de cada toalha de mesa produzida 8,00
Aluguel da fábrica 3.200,00
Mão-de-obra direta consumida com a produção de toalhas de banho 600,00
Mão-de-obra direta consumida com a produção de toalhas de mesa 400,00
Preço unitário da toalha de banho 10,00
Consumo de material direto de cada toalha de banho produzida 3,00
Depreciação dos equipamentos da fábrica 800,00
4.2) Sabendo que a empresa Talheres Garfo & Faca Ltda. produziu no mês anterior 380 unidades do Faqueiro York
(FY) por $ 170,00 e 600 unidades do Faqueiro London (FL) por $ 225,00 e que os gastos estão na tabela a seguir,
calcule o lucro bruto total e unitário por produto da empresa e analise os resultados. O rateio é pelos custos diretos.
(BRUNI e FAMÁ, 2004, p. 225) Faça também pelo método de custeio direto.
Descrição $
Matéria-prima unitária do Faqueiro York 39,00
Matéria-prima unitária do Faqueiro London 48,00
Material de embalagem unitário do Faqueiro York 3,00
Material de embalagem unitário do Faqueiro London 4,00
Mão-de-obra direta unitária do Faqueiro York 108,00
Mão-de-obra direta unitária do Faqueiro London 54,00
Energia elétrica consumida unitária na fabricação do Faqueiro York 6,00
Energia elétrica consumida unitária na fabricação do Faqueiro London 5,00
Custos indiretos de fabricação 42.824,00
36
4.2 CUSTEIO DIRETO OU VARIÁVEL
Método de custeio que ocorre quando, no cálculo dos produtos ou serviços produzidos, apenas os custos
diretos – isto é, os que estão associados de forma clara aos produtos – são incorporados. Os custos indiretos são
lançados diretamente na DRE, não sendo incorporados ao cálculo do custo dos produtos e serviços. Não há rateios.
Em seguida, o roteiro simplificado para o cálculo da apuração dos custos pelo método de custeio direto.
1) Dados os custos e despesas diretas e a receita, calcular a margem de contribuição (receita – gastos diretos)
por produto (unitário e total) e total da empresa.
2) Calcular o lucro operacional (margem de contribuição – gastos indiretos) total.
3) Calcular o lucro antes do imposto de renda (lucro operacional – despesas não operacionais) total.
4) Calcular o lucro líquido (lucro antes do imposto de renda – imposto de renda) total.
Exemplo:
Ex.3.3: a Indústria de Brindes Surpresa comercializa lapiseiras e canetas. Com base nos dados da tabela a
seguir, calcule o lucro bruto da empresa pelo método do custeio direto e pelo método de absorção (rateio pela
MOD). Analise a diferença entre os métodos. Considerando que as despesas operacionais foram de $25,00, os
juros de $10,00 e o imposto de renda foi de $30,00, calcule também o lucro operacional e o lucro líquido pelo
método do custeio direto. (BRUNI e FAMÁ, 2004, p.208)
Dado fornecido Lapiseira Caneta
Preço de venda unitário $ 0,50 $ 0,70
Quantidade comercializada 1.000 unidades 1.000 unidades
Material direto total $ 100,00 $ 400,00
Mão-de-obra direta total $ 140,00 $ 60,00
Custos Indiretos de Fabricação $ 400,00
Método de custeio direto
Descrição Lapiseira Caneta
Total Unitário Total Unitário Total
Receita 500,00 0,50 700,00 0,70 1.200,00
MD 100,00 0,10 400,00 0,40 500,00
MOD 140,00 0,14 60,00 0,06 200,00
Margem de contribuição 260,00 0,26 240,00 0,24 500,00
CIF 400,00
Lucro bruto 100,00
Despesas operacionais 25,00
Lucro Operacional 75,00
Despesas financeiras (juros) 10,00
Lucro antes do IR 65,00
Imposto de Renda 30,00
Lucro Líquido 35,00
Método de custeio por absorção
Descrição Lapiseira Caneta
Total Unitário Total Unitário Total
Receita 500,00 0,50 700,00 0,70 1.200,00
(- ) MD 100,00 0,10 400,00 0,40 500,00
(- ) MOD 140,00 0,14 60,00 0,06 200,00
MOD % 70% 30% 100%
CIF 280,00 0,28 120,00 0,12 400,00
37
Soma dos Custos 520,00 0,52 580,00 0,58 1.100,00
Lucro bruto (20,00) (0,02) 120,00 0,12 100,00
Pelo método de custeio por absorção, a lapiseira deveria ser eliminada da produção, já que consome 70%
dos custos de mão-de-obra direta e, isoladamente, dá prejuízo. Pelo método de custeio direto, nenhum produto
deveria ser eliminado, já que ambos contribuem para arcar com os custos fixos e para dar lucro.
Exercícios
4.4) A fábrica de Manteiga Saborosa produz dois produtos, com marcas Suave e Sabor. Os dados financeiros estão
na tabela a seguir. O consumo de matéria-prima distribui-se com os percentuais 40% e 60% para os produtos Suave
e Sabor, respectivamente, e os gastos com mão-de-obra foram atribuídos meio a meio. Sabendo que foram
produzidas em determinado período 50.000 unidades do produto Sabor e 60.000 unidades do produto Suave e que
os preços unitários de venda foram respectivamente iguais a $ 4,00 e $ 3,50, construa o DRE com base no custeio
direto e com base no método de absorção (rateio pelo custo direto), verificando as diferenças. (BRUNI e FAMÁ,
2004, p.224)
Descrição Valor ($)
Consumo de matéria-prima 180.000,00
Gastos com depreciação da fábrica 30.000,00
Gastos com fretes para entrega do produto Suave 20.000,00
Consumo de embalagem Sabor 10.000,00
Despesas fixas de propaganda 8.000,00
Gastos com mão-de-obra direta 40.000,00
Consumo de embalagem Suave 15.000,00
Gastos com frete para entrega do produto Sabor 35.000,00
4.5) Luana tem uma fábrica de roupas jeans, produzindo 800 saias e 500 blusas. Segundo o quadro abaixo, calcule
o DRE da empresa conforme o método por absorção (rateio pelo custos diretos) e pelo método de custeio direto.
Analise os resultados e proponha soluções de melhora.
4.6) Refaça o exercício acima com preços de $7,50 e $6,00. Analise os resultados e proponha soluções.
4.7) A empresa Fubá Azedo produz dois produtos, a Milharina (MI) e o Amido de Milho (AM). O preço de venda
do fardo de MI é $15,00 e do AM é $18,00, sendo 3.000 e 2.000 as quantidades produzidas. O gasto com mão-de-
obra é de $5,00 e $8,00 por unidade e de matéria-prima são de $6,00 para ambos os produtos. Se os gastos
administrativos da empresa são de $5.000,00 e a depreciação da fábrica é de $1.000,00, calcule a DRE pelos
métodos de custeio por absorção (rateio pela mão-de-obra) e direto, analisando os resultados.
As análises vertical e horizontal são instrumentos simples, mas interessantes na busca de uma melhor
compreensão da situação da empresa. São comparações percentuais entre os componentes do resultado em um
mesmo período ou entre períodos diferentes de uma mesma empresa.
38
A análise vertical realiza comparações entre os componentes do resultado em um mesmo período ou
exercício em relação à receita bruta. Para fazer o cálculo, basta dividir todos os componentes pela receita bruta e
multiplicá-los por 100, sendo que a receita bruta sempre fica em 100%. É possível fazer esta análise produto a
produto ou pelo total da empresa.
A análise horizontal compara épocas diferentes (anos, por exemplo) de uma mesma empresa para deixar
mais claro em percentuais as variações dos componentes do resultado entre os períodos ou exercícios. Para fazer o
cálculo, basta fixar o ano base em 100% para todos os componentes e, a partir deles, realizar a mesma operação de
porcentagem da análise vertical, mas em sentido horizontal, em relação ao mesmo componente do ano base.
Exemplo
Tomar-se-á como exemplo uma empresa fictícia para a qual serão analisados os exercícios de 20X5, 20X6 e
20X7. A primeira parte da tabela mostrará uma DRE normal e a segunda parte, a análise vertical e horizontal.
Observe que a empresa, no geral, não está bem, pois o lucro máximo nestes três anos é somente de 8,87%
sobre a receita total, podendo melhorar. Não obstante, algumas observações podem ser feitas.
Em primeiro lugar, a soma dos impostos (ICMS de 18% e 3% de Simples) com os custos diretos oneram
sobremaneira a empresa (mais de 80% da receita total). Em 20X7, a empresa obteve um lucro maior que em 20X5,
mesmo obtendo uma receita menor. Isso se deve ao fato de que os custos totais diminuíram (de 68,53% para
66,29%, apesar das despesas terem aumentado (7,01% para 7,04%). Percebe-se também que 20X6 teve um
aumento de receita de 8,74% em relação a 20X5, mas um aumento de lucro de 179,92%, o que foi conseguido,
além do aumento da receita, por um esforço de redução dos custos totais em relação à receita de 68,53% para
63,38%, o que não foi obtido com o mesmo êxito em 20X7, cujo percentual foi de 66,29%.
39
Exercícios
4.8) Tendo por base as informações do quadro abaixo da empresa Espelho Meu Ltda., complete-o com as análises
vertical e horizontal e comente os resultados.
O método de custeio por atividades ou ABC (Activity Based Costing), ao contrário dos métodos mais
tradicionais (absorção e direto), não aloca os custos diretamente aos produtos, mas, sim, às atividades, para, depois,
alocá-los aos produtos. Isso faz com que este método seja um importante rastreador de gastos na medida em que se
pode encontrar onde se consome mais dentro de uma organização. O mesmo raciocínio do custeio por atividade
pode ser usado para fazer o custeio por departamento.
A Indústria de Tecidos Artepano Ltda. produziu, em determinado mês, 280.000 metros quadrados de
algodão e 60.000 metros quadrados de linho e os seus custos diretos de seus produtos são:
40
Descrição do gasto Tecido de algodão Tecido de linho
Materiais diretos 140.000,00 65.000,00
Mão-de-obra direta 360.000,00 135.000,00
Total 500.000,00 200.000,00
Analisando cada departamento individualmente, a empresa detectou que a maior atividade prestada
internamente pelo Almoxarifado consiste no controle, processamento e entrega dos lotes solicitados. No mês
analisado, foram processados 20 lotes para o departamento de Manutenção, 30 lotes para o departamento de
Produção, 90 lotes relacionados à produção de tecidos de algodão e 60 lotes associados aos tecidos de linho.
O departamento de Manutenção identificou que os serviços prestados poderiam ser quantificados pelas
horas de manutenção alocadas (cost driver4 da Manutenção). No caso, 50 horas foram prestadas ao departamento
de Manutenção, 170 horas à fabricação de tecidos de algodão e 80 horas à produção de tecidos de linho.
O setor produtivo verificou que seu direcionador de custo fundamental consiste nas horas de produção
trabalhadas durante o mês. No caso, 800 horas foram consumidas pelo processo de fabricação de tecidos de
algodão e 1.200 horas pelos tecidos de linho.
Levando em conta todas as informações acima, poderia ser construída a seguinte matriz:
44
Cost driver: direcionador de custos.
41
4.5 PROPOSIÇÃO DE SOLUÇÕES OU DE MELHORIA
Abaixo, estão algumas proposições que irão nortear as análises. As proposições estão numa ordem mais ou
menos lógica dentro da análise empresarial, mas não necessariamente tendo que segui-la.
1) Aumentar quantidade produzida e/ou vendas à Em linhas gerais, a primeira hipótese imaginada para a
melhoria da situação de uma empresa é aumentar a quantidade produzida e/ou as vendas. Com o aumento
da produção e/ou da produtividade da empresa, a tendência são os custos e/ou despesas fixas relativas
diminuírem a cada nível de produção (retorno crescente de escala) e permitirem um lucro maior. Caso haja
condições favoráveis, abaixar o preço dos produtos pode favorecer o aumento da quantidade vendida.
2) Aumentar o preço à Se a produção esbarrar na necessidade da montagem de uma nova planta de fábrica,
com a aquisição de novas máquinas e veículos etc., e o custo fixo relativo aumentar em vez de diminuir,
(retorno decrescente de escala) a segunda hipótese seria aumentar o preço, a fim de suportar o alto gasto.
3) Diminuir gastos à Se a concorrência com o preço de mercado não permitir aumentar o preço do produto,
a terceira hipótese seria a diminuição dos custos e despesas, com o objetivo de manter a margem de lucro.
4) Diminuir a margem de lucro à A quarta hipótese é a diminuição da margem de lucro para manter o
produto e a empresa no mercado.
5) Eliminar o produto da linha de produção ou da comercializaçãoà Caso ainda assim um produto tiver
prejuízo, deve-se analisar a importância deste produto em relação à comercialização de outros produtos. Se
não houver influência ou esta for reduzida, eliminar o produto da linha de produção ou comercialização.
6) Fechar a empresa à Se todas essas hipóteses forem vencidas e a empresa como um todo, durante um
determinado tempo, não obtiver os resultados esperados, é melhor evitar um prejuízo maior.
5 PONTO DE EQUILÍBRIO
5.1 INTRODUÇÃO
Para uma tomada de decisão consistente, é fundamental conhecer a ferramenta do ponto de equilíbrio, que
permite conhecer alguns dos pontos críticos da produção ou vendas da empresa.
A partir do método do custeio direto, corresponde ao ponto em que a receita é suficiente para cobrir os
custos variáveis e fixos, ou seja, quando o lucro operacional é nulo ou pouco significante. A partir daí, um aumento
da produção, mantendo-se o preço, pode gerar lucro. Este conceito refere-se ao Ponto de Equilíbrio Contábil,
representado na Figura 3.
Já o Ponto de Equilíbrio Econômico leva em conta, além dos custos fixos e variáveis, um lucro desejado
pelo empresário, constituindo-se em uma análise de meta para a empresa.
42
Figura 3 – Ponto de equilíbrio contábil.
Fonte: Bruni e Famá (2004), adaptado pelo Autor (2006)
Tanto o Ponto de Equilíbrio Contábil como o Ponto de Equilíbrio Econômico podem ser calculados para a
quantidade e o faturamento de equilíbrio. O Ponto de Equilíbrio de Quantidade (PEQ) deve ter o valor arredondado
para cima, caso não seja inteiro, pois, com raras exceções, não há quantidade decimal. Tem-se:
Exemplos:
Ex. 5.1: A fábrica de rações Cão Feliz especializou-se em ração canina, fabricando um só produto. Considerando
que o preço de venda da ração é de $15,00, o material direto é $3,00, a mão-de-obra direta é $ 3,50, a comissão dos
vendedores de $1,00, a alíquota do Simples 3% e os custos indiretos de fabricação $2.300,00, calcule o PEQ e o
PEF contábil e econômico da empresa e monte o DRE da empresa até o lucro bruto para as quantidades e receitas
encontradas e para 250 e 350 unidades e considerando que o empresário deseja obter $ 1.000,00 de lucro e analise
os resultados.
Descrição 1 unidade 327 unidades 469 unidades 250 unidades 350 unidades
Unitário ($) Total ($) Total Total Total
Receita 15,00 4905,00 7035,00 3750,00 5250,00
MD 3,00 981,00 1407,00 750,00 1050,00
MOD 3,50 1144,50 1641,50 875,00 1225,00
Impostos 0,45 147,15 211,05 112,50 157,50
Comissões vended. 1,00 327,00 469,00 250,00 350,00
Custo Direto 7,95 2599,65 3728,55 1987,50 2782,50
Margem de 7,05 2305,35 3306,45 1762,50 2467,50
Contribuição
CIF 2.300,00 2.300,00 2.300,00 2.300,00
Lucro Bruto 5,35 1.006,45 (537,50) 167,50
PEQc = GI/ MCunit à PEQc = 2.300 / 7,05 = 326,24 = 327 unidades.
PEFc = GI / MC% à PEFc = 2.300 / 0,47 = $ 4893,62 (a diferença em relação aos $4.905,00 está por conta do
arredondamento feito nas unidades). A MC% se dá pela divisão da margem de contribuição unitária pela receita
unitária (no caso, 7,05/15 = 0,47).
PEQe = (GI + LD) / MCunit à 3.300 / 7,05 = 468,09 = 469 unidades
PEFe = (GI + LD) / MC% à 3.300 / 0,47 = $ 7021,28
44
O ponto de equilíbrio de 327 unidades é suficiente para cobrir os gastos indiretos. A partir daí, gera lucro
para a empresa, como no caso de 350 unidades produzidas. Fabricando 250 unidades, a empresa tem prejuízo de
$537,50. Produzindo 469 unidades, a empresa tem o lucro esperado de $ 1.000,00.
Ex.5.2: Usando os dados do exemplo 3.3, calcule o PEQ e o PEF da lapiseira e da caneta, considerando gastos
fixos de $400,00 para a empresa, e monte o DRE até o lucro bruto para a quantidade e receita encontrados.
Suponha que o empresário deseja um lucro de 100 para a lapiseira e 200 para a caneta.
Descrição Lapiseira Caneta
Total Unitário Total Unitário Total
Receita 500,00 0,50 700,00 0,70 1.200,00
MD 100,00 0,10 400,00 0,40 500,00
MOD 140,00 0,14 60,00 0,06 200,00
CD 240,00 0,24 460,00 0,46 700,00
Margem de contribuição 260,00 0,26 240,00 0,24 500,00
Resolução:
%receita à 500/1200 = 0,41666666... e 700/1200 = 0,58333333...
Rateio GI à 0,4166666...*400 = 166,67 e 0,5833333...*400 = 233,33.
MC% à 0,26/0,50 = 0,52 e 0,24/0,70 = 0,34.
PEQc lapiseira à GI / Mcunit = 166,67 / 0,26 = 641,04 = 642 unidades.
PEQc caneta à GI / MCunit = 233,32 / 0,24 = 972,21 = 973 unidades.
PEQe lapiseira à (GI + LD) / Mcunit = (100 + 166,68) / 0,26 = 1025,65 = 1026 unidades
PEQe caneta à (GI + LD) / Mcunit = (200 + 233,32) / 0,24 = 1805,54 = 1806 unidades
PEFc lapiseira à GI / MC% = 166,68 / 0,52 = $ 320,52
PEFc caneta à GI / MC% = 233,32 / 0,342857... = $ 680,55
PEFe lapiseira à (GI + LD) / MC% = (100 + 166,68) / 0,52 = $ 512,83
PEFe caneta à (GI + LD) / MC% = (200 + 233,32) / 0,342857... = $ 1263,88
Exercícios:
5.1) Calcule o DRE do exemplo 4.2, considerando 799 unidades para cada produto e 850 unidades para cada
produto e analise os resultados em relação aos totais encontrados.
5.2) Maria Delma tem uma fábrica de móveis que produz apenas cadeiras. Sabendo que o preço de venda é de
$70,00, o material direto unitário é de $30,00, a mão-de-obra direta unitária é de $10,00 e os gastos fixos são de
$3.700,00, calcule os pontos de equilíbrio contábil e econômico de quantidade e de faturamento e monte o DRE da
empresa com as quantidades encontradas. Considere que a empresária deseja $2.000,00 de lucro em determinado
período.
45
5.3) Adriana Cássia tem uma fábrica de perfumes, onde se produz 100 unidades do Vida Suave e 200 unidades do
Aroma Natural. Sabendo que o lucro desejado pela empresária é de $1000,00 para o primeiro produto e de
$2.000,00 para o segundo, calcule os pontos de equilíbrio e monte o DRE conforme as informações do quadro
abaixo:
5.4) Baseando-se nos dados do exercício 3.1, calcule os PEQ e PEF e monte o DRE da empresa. Suponha lucro de
$ 2.000,00 para o primeiro produto e $ 3.000,00 para o segundo.
5.5) Idem para o exercício 3.4. Suponha lucro desejado de $ 1.000,00 para o primeiro produto e $ 1.000,00 para o
segundo.
5.6) Idem para o exercício 3.5. Suponha lucro desejado de $ 3.000,00 para o primeiro produto e $ 4.000,00 para o
segundo.
5.7) Idem para o exercício 3.7. Suponha lucro desejado de $ 2.000,00 para o primeiro produto e $ 3.000,00 para o
segundo.
5.8) A empresa Beba com Moderação Ltda. produz 2 produtos, o Whisky Paraguaio (WP) e o Vinho do Aeroporto
(VA), cujos preços de venda são $35,00 e $18,00, respectivamente. Construa a DRE atual da empresa, calcule os
pontos de equilíbrio contábeis e econômicos e monte a DRE com as quantidades encontradas, conforme as
informações do quadro abaixo.
Item WP VA Total
Qtde. produzida atual 1.000 3.000
MOD 6,00 4,00
Matéria-prima 8,00 7,00
Embalagem 2,00 2,00
Aluguel 1.500,00
Fretes 3,50 2,50
Salário dos vendedores 2.000,00 1.500,00
Salário supervisor fábrica 2.000,00
Material de escritório 800,00
IPTU 200,00
Lucro desejado 2.000,00 3.000,00
6 FORMAÇÃO DE PREÇOS
6.1 INTRODUÇÃO
Um dos mais importantes aspectos financeiros de qualquer entidade consiste na fixação dos preços dos
produtos e serviços comercializados.
Os rendimentos da empresa nada mais são que o resultado da equação RT = PV x Q, ou seja, receita total é
igual à multiplicação do preço de venda do produto pela quantidade total produzida. E, segundo Carvalho (1991)
apud Dominik (2005), “(...) a Receita Média da firma é constituída pelo próprio preço de venda do produto”.
46
Conhecer o preço de venda ideal para servir de base para a maximização de seus lucros é um dos desafios do
empresariado.
Em relação ao processo de formação de preços, segundo Bruni e Famá (2004), quatro objetivos básicos
podem ser apresentados:
· Proporcionar, a longo prazo, o maior lucro possível (lembrando que, nem sempre o maior preço significa
maior lucro, por causa da retração natural da demanda em preços maiores).
· Permitir a maximização lucrativa da participação de mercado (além do faturamento, deveria-se aumentar
também o lucro das vendas, além do faturamento, eliminando gargalos que poderiam ser excesso de
estoques, fluxo de caixa negativo, concorrência agressiva, sazonalidade etc.).
· Maximizar a capacidade produtiva, evitando ociosidade e desperdícios operacionais (ganhar com a
economia de escala).
· Maximizar o capital empregado para perpetuar os negócios de modo auto-sustentado (garantir o retorno do
capital investido através dos lucros ao longo do tempo).
Com os objetivos estabelecidos, deve-se conhecer os limites em que pode se situar o preço, segundo Perez
Jr., Oliveira e Costa (1999):
· O preço mínimo será, no curto prazo, aquele igual aos gastos variáveis para se produzir e vender uma
unidade do produto.
· Acima do preço mínimo, gera-se uma margem de contribuição, que irá ajudar a cobrir os gastos fixos da
empresa e, depois, gerar lucro.
· O preço máximo será aquele estabelecido pela demanda do consumidor.
Não basta somente levar em conta a existência de duas forças (oferta e demanda) para se determinar o
preço. Conforme Bruni e Famá (2004), a formação de preços deve ser capaz de considerar a qualidade do produto
em relação às necessidades do consumidor, a existência de produtos substitutos a preços mais competitivos, a
demanda esperada do produto, o mercado de atuação do produto, o controle de preços imposto pelo governo, os
níveis de produção e vendas que se pretende ou podem ser operados e os custos e despesas de fabricar, administrar
e comercializar o produto, além da capacidade e disponibilidade de pagar do consumidor e os ganhos e perdas de
gerir o produto (custo de oportunidade, investimentos, capital de giro).
As condições que conduzem à formação dos preços podem ser mencionadas por meio das seguintes
características, ainda segundo Bruni e Famá (2004):
· Forma-se um preço-base;
· critica-se o preço-base à luz das características existentes do mercado, como preço dos concorrentes,
volumes de vendas, prazo, condições de entrega, qualidade, aspectos promocionais etc.;
· testa-se o preço às condições do mercado, considerando-se as relações custo-volume-lucro, além de
aspectos econômicos e financeiros;
· fixa-se o preço mais apropriado com condições diferenciadas para atender a volumes diferentes, prazos não
uniformes de financiamento de vendas, descontos para financiamentos (prazos concedidos) mais curtos,
comissões sobre vendas para cada condição.
Basicamente, segundo Dominik (2008), o tripé da formação de preços pode ser formado pelas três variáveis
seguintes:
1) Custo mínimo à gastos + lucro.
2) Demanda e oferta.
3) Concorrência (que também pode ser considerado um componente especial da variável 2).
São inúmeros os processos de formação de preços utilizados pelas empresas, com conceitos bastante
diferentes. Segundo Dominik (2005), os principais são: o preço com base no custo pleno, o preço com base no
custo de transformação e o preço com base na taxa de retorno exigida sobre o capital investido.
47
O preço com base no custo pleno soma todos os custos e despesas diretas de certo produto, rateia os custos
e despesas fixas e, a partir da soma total, adiciona-se o lucro percentual desejado, resultando no preço da
mercadoria. É realizado através do método de custeio por absorção e é um dos mais usuais.
Já o preço com base no custo de transformação desconsidera dos cálculos do preço o material direto,
adicionando um percentual maior aos custos de transformação, como, por exemplo, a mão-de-obra direta. Desse
modo, é privilegiado no preço aquele produto que obteve, proporcionalmente, maior custo de transformação e, não
necessariamente, o que obteve maior custo com material direto. Bruni e Famá (2004) afirmam que: “como os
esforços da empresa estão concentrados, basicamente, nos custos de transformação, esse método propõe-se a
formar preços com base, apenas, nos custos de transformação, não considerando nos cálculos os custos com
materiais diretos.”.
Por sua vez, o preço com base na taxa de retorno exigida sobre o capital investido baseia-se em uma taxa
desejada de lucro5 sobre o capital empregado. Somam-se os custos totais e o lucro desejado, cuja divisão pelo
volume de produção resultará no preço de venda a ser praticado, como na fórmula seguinte:
P = (CT + R% x CI) / V,
onde P = preço sugerido de vendas, CT = custos totais, CI = capital investido, R% = lucro percentual desejado sobre
o capital investido e V = volume de vendas.
Nesse método, os preços são estabelecidos com base nos custos plenos ou integrais – custos totais de
produção, acrescidos das despesas de vendas, de administração e da margem de lucro desejada. É realizado a partir
do método de custeio de absorção, ou seja, é necessário fazer o rateio para se descobrir os gastos fixos unitários,
principalmente quando se tratar de uma empresa que fabrica e vende mais de um produto.
A formação de preços com base nos custos plenos ou integrais é uma DRE invertida feita pelo método de
custeio por absorção. A partir dos custos e despesas oriundos da apuração de gastos e o estabelecimento de um
lucro desejado, forma-se o preço. O preço formado passa a constar da DRE como receita unitária e o lucro
desejado aparecerá como o lucro líquido ou o líquido operacional, no caso de não haver despesas não-operacionais
e imposto de renda.
Depois de calculado o gasto total (ou custo integral), o preço final é calculado da seguinte forma:
Ex. 6.1: A Verde Vale Ltda. produz e comercializa arranjos com flores ornamentais. Sabe-se que os custos com
materiais diretos para cada arranjo comercializado são iguais a $3,40. Os custos com MOD direta são
aproximadamente iguais a $2,20. Custos indiretos de fabricação são apropriados com base em 300% da MOD.
Despesas administrativas, com vendas e fretes de entregas alcançam $1,80. Se a empresa desejasse obter um lucro
de $1,20 por arranjo, qual deveria ser o preço praticado? (BRUNI e FAMÁ, 2004, p. 324). A empresa é isenta de
impostos.
5
Por taxa desejada de lucro neste processo, entende-se a soma do custo de oportunidade do capital investido e da taxa de risco da atividade.
48
Componente Valor ($)
MD 3,40
MOD 2,20
CIF 6,60
Custo total 12,20
Despesas 1,80
Gasto total 14,00
Lucro desejado 1,20
Preço a praticar 15,20
6.1) Com base nos dados anuais da empresa Pula-Pula S/A na tabela abaixo e considerando que a empresa fabrica e
vende 15.000 unidades por ano e deseja obter anualmente um lucro de $3.600,00, qual deveria ser o preço
praticado pela empresa? Considere-a isenta de impostos. (BRUNI e FAMÁ, 2004, p. 325)
Ex. 6.2: A empresa Cana Verde produz dois tipos de cachaça artesanal, Engasga-Gato e Sossega Leão, com
quantidades de 800 e 500 litros, respectivamente. Com base nos dados abaixo, forme o preço dos produtos e
construa a DRE correspondente.
Resolução:
Primeiramente, deve-se dividir o custos e despesas totais de cada produto pela quantidade produzida a fim
de encontrar os custos e despesas unitárias. A partir daí, constrói-se o preço aplicando o lucro desejado de 20%
sobre o gasto total e incide-se o imposto sobre o faturamento.
49
Componente Engasga-Gato Sossega-Leão
MD 1,00 3,00
MOD 0,75 2,00
Custos diretos 1,75 5,00
Custo indiretos 0,27 0,46
Custo total 2,02 5,46
Despesas diretas 0,40 0,70
Despesas indiretas 0,15 0,25
Despesa total 0,55 0,95
Gasto total 2,57 6,41
Lucro desejado 0,83 2,07
Impostos 0,75 1,86
Preço a praticar 4,15 10,34
Engasga-Gato Sossega-Leão
Descrição Unitário Total Unitário Total Total
Receita Bruta 4,15 8.300,00 10,34 10.340,00 18.640,00
Impostos 0,75 1.500,00 1,86 1.860,00 3.360,00
Receita Líquida 3,40 6.800,00 8,48 8.480,00 15.280,00
MD 1,00 2.000,00 3,00 3.000,00 5.000,00
MOD 0,75 1.500,00 2,00 2.000,00 3.500,00
Custos diretos 1,75 3.500,00 5,00 5.000,00 8.500,00
Custos indiretos 0,27 540,00 0,46 460,00 1.000,00
Custo total 2,02 4.040,00 5,46 5.460,00 9.500,00
Lucro Bruto 1,38 2.760,00 3,02 3.020,00 5.780,00
Despesas diretas 0,40 800,00 0,70 700,00 1.500,00
Despesas indiretas 0,15 300,00 0,25 250,00 550,00
Despesa total 0,55 1.100,00 0,95 950,00 2.050,00
Gasto total 2,57 5.140,00 6,41 6.410,00 11.550,00
Lucro Operacional 0,83 1.660,00 2,07 2.070,00 3.730,00
6.2) Forme o preço e construa a DRE com os dados do exercício 3.1, considerando um lucro desejado de 30% e a
soma das alíquotas dos impostos sobre o faturamento de 16%.
6.3) Idem para o exercício 3.4, com lucro desejado de 25% e impostos 14%.
6.4) Idem para o exercício 3.7, com lucro desejado de 20% e impostos 12%.
6.3 PREÇO COM BASE NA TAXA DE RETORNO EXIGIDA SOBRE O CAPITAL INVESTIDO
Este método permite estimar o preço com base em taxa predeterminada de lucro sobre o capital investido.
Uma das fórmulas mais simples para a obtenção do preço de venda é a seguinte:
50
P = (CT + R% * CI) / V
Onde: P = preço sugerido de venda; CT = custos totais; CI = capital investido; R% = lucro percentual
desejado sobre o capital investido; e V = volume de vendas
Exemplo:
Ex. 6.3: A padaria do Sr. Manoel necessita de um investimento de $50.000,00 em máquinas, equipamentos,
aquisição e reforma do imóvel e capital de giro. Estimativas indicam que o capital investido no negócio deveria
apresentar uma taxa de retorno anual igual a, no mínimo, 20%. Com base na tabela a seguir de custos anuais da
empresa e sabendo que a empresa deverá fabricar e vender cerca de 800 mil pãezinhos de 50g por ano, estime o
preço mínimo a ser cobrado por pãozinho, de forma que o negócio seja lucrativo. (BRUNI e FAMÁ, 2004, p.334)
Exercício:
6.5) Para montar a fábrica de Tramboleques, foram investidos $5.000.000,00 pelos sócios. Os acionistas estimam
que o retorno anual do investimento deveria ser de, no mínimo, 14%aa. Responda: a) Sabendo que a empresa
possui custos da ordem de $600.000,00 e pretende fabricar 2.000,00 unidades por ano, qual deveria ser o preço
praticado para cada unidade vendida? b) Se as características do mercado permitem que seja cobrado um valor
unitário máximo igual a $620,00, qual deveria ser o custo máximo da empresa? (BRUNI e FAMÁ, 2004, p. 335)
Para se chegar ao preço praticado, muitas vezes pode-se empregar o mark-up, índice multiplicador (também
há o divisor, menos usual) que, aplicado sobre os gastos de determinado bem ou serviço, permite a obtenção do
preço de venda. Genericamente, a obtenção do mark-up pode ser vista no quadro abaixo. Basicamente, é usado em
empresas comerciais.
51
Exemplo:
Ex. 6.4: A Loja de Móveis Forte Como Aço Ltda. costuma comprar e revender conjuntos de móveis para
escritórios formados por mesa e cadeira giratória. Os dados financeiros estão na tabela abaixo. (BRUNI e FAMÁ,
2004, p.343)
Descrição Valor
Custo de aquisição do conjunto $ 340,00
Frete do fornecedor para a loja 12%
Alíquota de ICMS (já considerando créditos fiscais) 9%
Comissão de vendas 7%
Despesas fixas (estimadas em função do volume de vendas) 22%
Sabendo que a empresa desejaria obter um lucro igual a 20% do preço de venda, calcule o preço a ser praticado.
Mark-up = 1 / 1 – (soma das taxas percentuais) = 1 / 1 – (0,20 + 0,12 + 0,09 + 0,07 + 0,22) = 3,3333
Aplicando o mark-up sobre o custo variável: 3,3333 * 340 = $1.133,33.
Exercícios:
6.6) A empresa ABC gostaria de vender seus produtos com uma margem igual a 10%. Sabe-se que o custo variável
da empresa é igual a $540,00 por unidade. As demais taxas associadas ao preço são iguais a 40%, incluindo custos
fixos, demais despesas e impostos. Pede-se: a) Qual deveria ser o mark-up correspondente? b) Qual deveria ser o
preço praticado? (BRUNI e FAMÁ, 2004, p. 344)
6.7) A Comercial Bike Mania monta bicicletas e comercializa diferentes produtos relacionados ao ciclismo. Para
produtos nacionais, a margem de lucro líquida é de 25% e para os importados, 40%. Alem dos gastos mencionados,
a empresa possui outros gastos indiretos que equivalem a 30% da receita de vendas. Os demais dados financeiros
estão na tabela a seguir. (BRUNI e FAMÁ, 2004, p. 344)
52
7 TABELA DE VIDA ÚTIL DE BENS DEPRECIÁVEIS
Segundo Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal – IN SRF nº 162, de 31 de dezembro de
1998, a vida útil dos principais bens depreciáveis é a seguinte:
53
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNI, Adriano Leal; FAMA, Rubens. Gestão de custos e formação de preços. São Paulo: Atlas, 2004, 3 ed.
DOMINIK, Érik Campos. Custeio ponderado e formação de preços: uma aplicação em uma microempresa do ramo de tintas. Lavras:
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DOMINIK, Érik Campos. Gestão de custos: apuração, análise e tomadas de decisão. (No prelo), 2008.
DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana; SOUZA, Luiz Eurico; Gestão de custos e formação de preços: conceitos, modelos e instrumentos:
abordagem do capital de giro e da margem de competitividade. São Paulo: Atlas, 2006.
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PEREZ JR., José Hernandez; OLIVEIRA, Luís Martins; COSTA, Rogério Guedes. Gestão estratégica de custos. São Paulo: Atlas, 1999.
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VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de; GARCIA, Manuel Enriquez. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2000.
PLANEJAMENTO
1º ENCONTRO (1ª E 2ª AULAS): ESTUDO DIRIGIDO PARA ENTREGAR JÁ NO PRIMEIRO ENCONTRO: FAZER OS
EXERCÍCIOS DA PÁGINA 09 E UM RESUMO DO ITEM 3 TODO, CADA ALUNO COM SUAS PALAVRAS. AULA
EXPOSITIVA.
2º ENCONTRO (3ª E 4ª AULAS): AULA EXPOSITIVA E PROVA.
3º ENCONTRO (5ª AULA): APRESENTAÇÃO TRABALHO DE CUSTOS.
54