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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA

COMARCA DE LAGUNA-SC

JOÃO DA SILVA, brasileiro, 49 anos, casado, Médico, inscrito no CPF/MF nº


009.847.143-58, portador do RG-SSP/SC nº 1.234.567, residente e domiciliado à Rua
da bonança, nº 456, Castelinho, CEP 89.458-140, Tubarão-SC,
joaozinho@cardiologiadobem.com.br, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, por meio de seus advogados devidamente constituídos, com endereço
profissional à Avenida Stan Lee, nº 2034, Centro, CEP 88.654-201, Tubarão-SC,
heroisdaterra@mundonet.adv.br, propor

AÇÃO DE DESPEJO C/C COBRANÇA DE ALUGUÉIS E ACESSÓRIOS

em face do supermercado VENDE BEM LTDA, inscrito no CGC/MF sob nº


83.258.854/0001-87 e inscrição Estadual nº 2357.468, estabelecido à Rua do Golpe, nº
22, Centro, CEP 78.154-187, Joinville-SC, na pessoa do seu representante legal, pelos
motivos e razões que passa a expor:
I. DOS FATOS

O Autor possui imóvel localizado na cidade de Laguna/SC, estando este


locado para o Réu, a fim de conseguir custear suas despesas mensais.
Desta forma, foi celebrado um contrato de locação 1 entre as partes,
estipulando o valor do aluguel mensal em R$850,00 (oitocentos e cinquenta reais),
tendo seu vencimento todo o décimo dia do mês subsequente ao vencido. Também fora
acordado que tal valor seria depositado na conta de titularidade do autor e, em caso de
atraso, incidiria, sobre o valor, atualização monetária pelo INPC, juros de mora de 1%
(um por cento) ao mês e multa de 10% (dez por cento) do valor em atraso, tendo como
data de início o dia 01/08/2017 e término após o prazo de 30 (trinta) meses.
Desde o décimo dia do mês de dezembro de 2017 o Réu não vem
cumprindo com suas obrigações contratuais, estando atualmente com três aluguéis em
atraso e permanecendo inerte, mesmo após ter sido realizada uma notificação formal2
pelo Autor.
Importante ressaltar que o Autor faz uso de medicamento contínuo e é
aposentado por invalidez, contando com o benefício de apenas um salário mínimo,
dependendo do valor do aluguel para seu sustento e garantia de uma mínima qualidade
de vida.

II. DO DIREITO

No momento em que o Réu deixa de pagar os aluguéis na data estipulada


no contrato firmado entre as partes, ele deixa de cumprir com uma das suas obrigações
contratuais, uma vez que o locatário é obrigado a pagar pontualmente o aluguel e os
encargos contratualmente exigíveis, conforme disposto no artigo 23, inciso I, da Lei
8.245/91, cuja ementa ora é transcrita:
Art. 23. O locatário é obrigado a:
I - pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou
contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o
sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando
outro local não tiver sido indicado no contrato;

1
Doc. 1
2
Doc. 2
O inadimplemento do Requerido, que por três meses não vem efetuando o
pagamento dos aluguéis, possibilita ao Requerente findar o contrato de locação que fora
firmado, conforme disposto no art. 9º, incisos II e III, da Lei 8.245/91.
Art. 9º A locação também poderá ser desfeita:
[...]
II - em decorrência da prática de infração legal ou contratual;
III - em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais
encargos;
Diante da necessidade do autor em rescindir o contrato e reaver seu imóvel,
a ação cabível é a de despejo, nos termos do artigo 5º da Lei 8.245/91.
“Art. 5º Seja qual for o fundamento do término da locação, a
ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo”.
No que diz respeito à rescisão do contrato de locação em decorrência da
falta de pagamento de aluguel e demais encargos, Almeida Guilherme, na doutrina
Comentário à Lei de Locações (18,2017), nos ensina:
III-em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais
encargos;
Causa de resolução por inexecução voluntária do contrato, ou seja,
finda-se a relação ex locato pelo inadimplemento da obrigação
contratual (arts. 398 e segs., CC), ensejando ao locatário a propositura
de ação de despejo por falta de pagamento, cujo fundamento jurídico
encontra-se no art. 5o desta lei, que se apresenta como saída única
para se proceder à retomada do imóvel.
O artigo 62, inciso I, da Lei 8.245/91 possibilita a cumulação da cobrança
de aluguéis, quando esta tiver como fundamento a falta de pagamento de aluguel e
acessórios da locação, apresentando cálculo discriminado do valor do débito até o
momento.
Art. 62. Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de
aluguel e acessórios da locação, de aluguel provisório, de diferenças de
aluguéis, ou somente de quaisquer dos acessórios da locação, observar-
se-á o seguinte:
I – o pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado com o pedido
de cobrança dos aluguéis e acessórios da locação; nesta hipótese, citar-
se-á o locatário para responder ao pedido de rescisão e o locatário e os
fiadores para responderem ao pedido de cobrança, devendo ser
apresentado, com a inicial, cálculo discriminado do valor do débito;
II.I DA LIMINAR

Nos contratos de locação, será concedida liminar para desocupação em 15


(quinze) dias, desde que seja prestada uma caução no valor equivalente a três meses de
aluguel e a ação esteja fundamentada exclusivamente no rol do artigo 59, §1º, da Lei
8245/91.
Diante do fato de que o contrato não possui garantia locatícia e tem como
fundamento exclusivo a falta de pagamento de aluguel e acessórios, a presente ação
enquadra-se no inciso IX do artigo 59, §1°, da Lei supracitada, cuja ementa ora é
transcrita:
Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de
despejo terão o rito ordinário.
§ 1º Conceder - se - á liminar para desocupação em quinze dias,
independentemente da audiência da parte contrária e desde que prestada
a caução no valor equivalente a três meses de aluguel, nas ações que
tiverem por fundamento exclusivo:
[...]
IX – a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação no
vencimento, estando o contrato desprovido de qualquer das garantias
previstas no art. 37, por não ter sido contratada ou em caso de extinção
ou pedido de exoneração dela, independentemente de motivo.

II.II DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Conforme art. 98 do CPC/2015, toda pessoa com insuficiência de


recursos para o pagamento das despesas vinculadas ao processo tem o direito à
gratuidade de justiça.
“Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários
advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei”.
O Autor encontra-se aposentado por invalidez, percebendo apenas o
benefício de um salário mínimo e o aluguel que não vem sendo pago pelo Réu. Diante
desta condição, não possui recursos para arcar com despesas processuais e honorários
advocatícios, sem que isto traga prejuízo para seu sustento.
Neste sentido, junta-se declaração de hipossuficiência 3 e extrato do
pagamento dos três últimos benefícios 4.

3
Doc. 3
4
Doc. 4
II.III DO VALOR CORRIGIDO

Conforme estabelecido em contrato, os valores em atraso sofrem uma


atualização monetária pelo INPC, juros de mora de 1% (um por cento) ao mês e multa
de 10% (dez por cento) do valor em atraso.
Diante deste fato, os valores a receber foram atualizados e até o momento
encontram-se conforme demonstrado na tabela abaixo:
VENCIMENTO VALOR ATUALIZAÇÃO JUROS MULTA TOTAL
10/12/2017 R$850,00 R$853,48 R$23,85 R$87,73 R$965,06
10/01/2018 R$850,00 R$851,32 R$15,11 R$86,64 R$953,08
10/02/2018 R$850,00 R$850,98 R$6,43 R$85,74 R$943,15

II.IV DO CÁLCULO DO VALOR DA CAUSA

Existe muita discussão acerca do valor da causa nas ações de despejo


cumuladas com cobrança de aluguéis. Almeida Guilherme (75. 2017), nos traz o seguinte
entendimento:
No caso de pedidos cumulados, o novo Código de Processo Civil, em
seu art. 292, VI, estabelece que o valor da causa corresponderá à soma
de cada pedido. Aplicando tal entendimento à Lei de Locações, a
princípio, parece ser o caso do valor da causa na ação de despejo
cumulada com cobrança de alugueres, em que o valor da causa seria, na
prática, de doze meses de aluguel (referentes à ação de despejo),
somado ao valor do débito efetivamente perseguido.
Contudo, o novel artigo reproduz quase a literalidade do artigo
correspondente na legislação anterior (art.259, II, do CPC/73).
Enquanto vigente o dispositivo anterior, o STJ firmou entendimento no
sentido de que a Lei de Locações deve prevalecer. Dessa forma, o valor
da causa deve se restringir a doze meses de aluguel, ainda que nos casos
de pedidos cumulados (REsp n. 673.231/SP, 6a T., rei. Min. Hamilton
Carvalhido, j. 30.06.2005, DJ29.08.2005, p.459).
Assim, em que pese o novo CPC ser legislação mais recente, por sua
especialidade, a Lei de Locações deve continuar a prevalecer.
A lei 8.245/91 informa que nas ações de despejo, o valor da causa
corresponderá a doze meses de aluguel, conforme art. 58, III, cuja ementa ora é transcrita:
Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 1º,
nas ações de despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório
da locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação, observar -
se - á o seguinte:
[...]
III - o valor da causa corresponderá a doze meses de aluguel, ou, na
hipótese do inciso II do art. 47, a três salários vigentes por ocasião do
ajuizamento;

III. DO PEDIDO

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:


a) A citação do requerido por meio postal, nos termos do art. 246,
inciso I, do CPC/2015;
b) O deferimento dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art.
98 e seguintes, do CPC/2015;
c) A designação de audiência prévia de conciliação, nos termos do
art. 319, VII, do CPC/2015;
d) Procedência do pedido para condenar o Réu ao pagamento dos
aluguéis e demais encargos atrasados, com as devidas correções
estipuladas em contrato, acrescidos de juros e correção monetária;
e) A concessão de liminar para desocupação no prazo de quinze dias,
conforme previsto no art. 59, §1º, inciso IX, da Lei 8.245/91;
f) A utilização do débito referente aos três meses de aluguel em atraso
como garantia na prestação da caução necessária para a concessão
da liminar;
g) A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios.
h) Provar o alegado por todos os meios de prova admitidos.

IV. DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 10.200,00 (dez mil e duzentos reais).

Nesses termos, requer deferimento.


Tubarão, 05 de março de 2018.

ADRIANO CARAPETO GEOVANIO BATISTA ANDRÉ


OAB nº: 17125 OAB nº: 17226

MICHEL
OAB nº: 17327

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