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Profetas
Material Teórico
Profetas no Pós-Exílio I (538 a 165 a.C.)
Revisão Textual:
Profa. Ms. Natalia Conti
Profetas no Pós-Exílio I
(538 a 165 a.C.)
• O Retorno
• Contexto Histórico
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer o contexto e os novos atores do período do pós-exílio.
· Destacar as principais características dos profetas do período do
pós-exílio.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Profetas no Pós-Exílio I (538 a 165 a.C.)
O Retorno
A geração que viveu a experiência do exílio, de estar desterrada, de ver a queda
de sua cidade, de ter destruído o seu Templo e sentir-se abandonada até mesmo
por Deus já não existe mais. Tudo isso faz parte do passado e muitos dos que
foram deportados já estão mortos. Porém, os seus “filhos foram embalados em
berços com cantos de ódio à Babilônia e com versos repassados de esperança pelo
regresso à pátria”. (Sicre, 2002, p. 315)
Os atores políticos desse período são outros, é uma nova chance para a geração
que foi alentada pelas promessas do Dêutero- Isaías!
Contexto Histórico
Os profetas que atuam nos anos do pós-exílio são vários, com poucas diferenças
cronológicas entre eles. O contexto no qual exercem sua atividade nos ajuda a
compreender a mensagem transmitida, na maioria das vezes, por meio de oráculos.
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Os textos dão poucas informações sobre os motivos da escolha de Sesbasar
para liderar o grupo de retornados, bem como sobre suas origens e sua função.
Alguns acreditam que talvez ele não fosse judeu. Corrobora para esta opinião o
fato de que em alguns textos, como os de Zacarias e Ageu, sobretudo, a função de
reconstruir o templo seja atribuída a Zorobabel em detrimento de Sesbasar. O fato
é que ao chegar se depararam com uma situação “lamentável: cidades em ruínas,
campos abandonados ou em mãos de outras famílias, muralhas derrubadas, o
templo incendiado” (Sicre, 2002, p. 315). Ao que parece, serão pouco numerosos
os judeus que retornam a Judá nos primeiros anos.
Ciro será sucedido pelo filho Cambises I (530-522), que matará um dos irmãos
para assumir o trono do império da Pérsia. Ele será alvo da antipatia do povo e dos
dirigentes, e é apontado como um tirano cruel, caprichoso e doente. Seu governo
será marcado por revoltas internas e conflitos com os povos vizinhos. Após sua
morte – provavelmente assassinado – será sucedido pelo irmão Dario I. E será
sobre a administração deste que o projeto de reconstrução do templo será levado a
cabo. Temos notícias desta etapa do retorno pelos registros de alguns dos profetas
cuja atuação coincide com esse período.
Ageu
Ageu é um desses profetas de quem quase nada, ou muito pouco, se sabe. Não
existem registros sobre sua origem, se nasceu na Palestina ou se é um daqueles
que retornaram da Babilônia. Ele é mencionado, assim como Zacarias, no livro de
Esdras (5,1; 6,14).
A obra não tem título e considerando o conteúdo dos dois capítulos do livro é
possível datar o seu período de atuação. Sua atividade compreende o período entre
o primeiro dia do sexto mês do ano segundo de Dario até o dia vinte e quatro do
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mês nono. Os estudiosos divergem sobre o ano, enquanto uns apontam para as
datas entre 27 de agosto a 18 de dezembro de 520, outros acreditam que o ano
correto seja o de 521.
O Livro
A primeira dificuldade encontrada pelos estudiosos é definir a quantidade de
oráculos no livro. Para uns são quatro enquanto outros afirmam que são cinco
oráculos no pequeno livro de Ageu.
I II
Crítica ao povo 1, 1-5
2,10-14
Descrição da miséria 1,6-11 2,15-17
Volta à bênção 1,12-14 2,18-19
Oráculo messiânico 2,2-9 2,20-23
Há quem questione a autoria da redação final do livro e acredite que, por estar
redigido em terceira pessoa, possa ser obra de um dos discípulos do profeta.
Zacarias, assim como Ageu atuou no projeto de reconstrução do tempo*, e alguns
estudiosos entendem que a precisão em mencionar as datas é para demonstrar que
a atividade de Ageu é anterior à de Zacarias, porém este dedicou pouca atenção ao
templo e os outros registros não deixam transparecer rivalidades entre os profetas.
* Você sabia que existe um projeto para a construção de um novo templo em Jerusalém?
Pesquise e descubra como os idealizadores pretendem concretizar esta grandiosa obra!
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Dois temas envolvem a pregação de Ageu: o templo e a irrupção da era escatoló-
gica. A preocupação principal é com a reconstrução do templo, pois dele depende a
intervenção de Deus no mundo. E, seguindo a tradição de Ezequiel, Ageu preocupa-
-se com as questões práticas e não se limita a esboçar no papel o templo futuro,
glorioso, mas atua com realismo e se esforça por iniciar a tarefa. O cuidado que o
povo dedicará ao templo reflete a atitude que será adotada a favor ou contra Javé.
O povo, por várias razões, inclusive econômicas, não se preocupa com o atraso na
reconstrução, pois “ainda não era tempo” de executá-la (Ag 1,2).
Zacarias
Com relação ao livro de Zacarias, a opinião de que a autoria não pode ser atribuída
a um único autor é consenso entre os estudiosos. A Zacarias, propriamente dito,
coube a redação dos oitos primeiros capítulos. As muitas diferenças de conteúdo,
de estilo, de objetivo dos capítulos nove ao catorze levam a crer na autoria de um
ou vários profetas distintos de Zacarias. Este grupo de texto é conhecido como
“coleções anônimas”.
Zacarias começou sua atividade poucos dias antes de Ageu concluir a sua e se
prolonga até o dia 4 do mês nono do ano quarto de Dario, ou até 7 de dezembro
de 518 (519). De qualquer forma, ele deve ter atuado por cerca de dois anos e
pouco se sabe a seu respeito. Em Zc 1, 1.7 lê-se que era filho de Baraquias e neto
de Ado. A despeito das discussões em torno das traduções de outros textos que
apresentam um Zacarias como filho e não neto de Ado, se este Zacarias é o mesmo
filho de Ado do qual se fala em Ne 12,16, este profeta teria origem sacerdotal.
Não se pode afirmar com certeza a idade de Zacarias e quando se deu sua vocação,
contudo sabe-se que sua atividade profética terminou por volta de dezembro de
518. As circunstâncias e o contexto em que atuou coincidem com o de Ageu e, por
isso, suas preocupações se assemelham: o templo e a restauração escatológica. A
diferença é que Zacarias dará ênfase ao segundo tema – a restauração escatológica,
pouco desenvolvido por Ageu. O que tornará Zacarias um autor célebre, porém,
será o seu esplêndido desenvolvimento literário do gênero das visões.
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Nas visões de Zacarias estão plasmadas as esperanças trazidas pelo povo que
viveu a experiência do exílio: “Deus torna-se benigno para com o seu povo, castiga
os adversários dele, enche de glória a Jerusalém, elimina os malfeitores e concede-
-lhe governantes dignos da nova situação” (Sicre, 2002, p. 320). A mensagem de
Zacarias inspira-se no profeta Ezequiel e desenvolve a temática de Ageu. Para ele,
não conta apenas o futuro, mas também o presente precisa ser mais do que cons-
truído materialmente. Para Zacarias é fundamental converter-se (1,1-6) e tal tarefa
exige um compromisso ético (7,9-10; 8,16-17), pois o culto por si só não é suficiente
(7,4-7). Ao observarmos todos os detalhes da obra de Zacarias, vemos que ele é um
ponto de cruzamento de diversas linhas proféticas – de Amós, Isaías ou Miqueias
com sua marcada tônica social, Ezequiel e sua preocupação com a restauração
política e cultual, e é isso que torna a sua pessoa e mensagem tão interessantes.
Sobre Zacarias, Sicre (2002, p. 321) conclui: “sua abertura a todas as correntes,
sua capacidade de unificá-las e sintetizá-las sem simplismos, fazem dele um modelo
para não interpretar de forma unilateral a tradição profética”.
Joel
O livro de Joel inicia um período de difícil datação na história da profecia em
Israel. Embora a abertura do livro atribua sua autoria a Joel ben Fatuel, nada
menciona sobre a pessoa dele ou em que período atuou. A partir da leitura dos textos
deixados por ele deduz-se que era judeu, pregou e atuou em Jerusalém. O fato de
demonstrar um profundo conhecimento da vida no campo não confirma que era
camponês, e quando se consideram suas qualidades poéticas, seu conhecimento
dos profetas que o precederam é possível situá-lo num ambiente bastante elevado
culturalmente. Há até quem o considere um profeta cultual, dado o seu interesse
pelo templo e pelo clero.
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As divergências na datação da obra levam os estudiosos a situá-lo em diferentes
períodos. Porém a tendência dominante é a de situá-lo na época pós-exílica. Muitas
opiniões admitem a possibilidade de serem os últimos anos da monarquia (fins do
século VII e começos do VI) os tempos de sua atuação.
Nos capítulos seguintes, Joel atribui todo o sucesso ao “dia de Javé”, quando Deus
realiza castigos públicos, castigando ou salvando. Os temas dos sinais no céu e na
terra (3,3-4; 4,15-16a), da salvação de Judá (3,5; 4,16b), da manifestação a nível político
na libertação dos estrangeiros (4,17) e a nível econômico na prosperidade e bem-estar
do país (4,18) são prescindidos pela efusão do espírito. Por fim, no vale de Josafá, no
vale da Decisão, as nações estrangeiras que oprimiram e dispersaram o povo serão
julgadas e condenadas por Deus (4,1-3.9-14), podendo também ser ali inseridos os cas-
tigos a Tiro, Sidônia e Filistéia em 4,4-8 e contra o Egito e Edom em 4,19.
Jonas
Dentre os personagens do Antigo Testamento, Jonas talvez tenha uma das
biografias mais conhecidas, o que não significa dizer que as pessoas saibam,
exatamente, quem foi este profeta. As afirmações sobre ele se resumem à história
de um homem que, em viagem para uma cidade – Nínive, foi engolido por uma
baleia e viveu dentro dela.
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O que poucos sabem é que essa biografia não pertence a um personagem real.
Atualmente poucos discordam que Jonas sequer existiu como figura histórica e
que a personagem foi uma obra de ficção, como já sugeriam figuras como São
Gregório Nazianzeno (século IV). A maioria dos estudiosos atuais vê o livro como
uma parábola, embora ainda não estejam de acordo sobre o que se quer ensinar no
livro. Em meios a várias sugestões, uma parece se impor: aquela que apresenta o
livro de Jonas como chamado ao universalismo, ante o nacionalismo e à xenofobia
do período pós-exílico.
Sua Mensagem
Na mensagem do livro há dois aspectos a serem destacados, o primeiro deles
trata-se de um convite para converter-se e outro para aceitar que Deus os perdoe.
O primeiro diz respeito aos opressores e o segundo a Israel. O autor insiste no
segundo tema, pois, depois de tanto sofrimento, dor, exploração e exílio, o povo
foi se habituando a fomentar o ódio e espera que Deus intervenha de forma terrível
contra os inimigos. Mas isto não acontecerá e, por isso, Jonas, que na parábola
representa o povo, prefere morrer a aceitar que Deus perdoe os opressores.
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Malaquias
Entre os últimos livros dos Doze Profetas Menores, aparece o livro de Malaquias.
Ele faz parte de três coleções de textos que começam com o mesmo título:
“Oráculo. Palavra do Senhor...” (Zc 9,1; 12,1; Ml 1,1). Malaquias* porém, não é
nome de profeta, mas sim um título que significa “meu mensageiro”. Os estudiosos
concluem, portanto, que o editor dos doze acrescentou ao último profeta (Zacarias)
três coleções de oráculos anônimos e a terceira delas acabou por se tornar o livro
de “Malaquias”.
Originalmente, o livro de Malaquias era uma das coleções dos textos de Zacarias
11,4-7 e 13,7-9 e que, utilizando a alegoria dos dois pastores, tem como tema o mal.
Este grupo de textos é bem diferente das duas outras coleções cujos autores também
são desconhecidos, mas que se configuram como parte do livro de Zacarias: a
primeira (9,1-10,2) que desenvolve os temas típicos do hino ao Deus guerreiro e a
segunda (10,3 – 11,3) que repete temas parecidos.
Mensagem
Os problemas da época, teóricos ou práticos, estão presentes na obra de
Malaquias e, justamente por isto, ele está inserido na linha dos antigos profetas.
Schökel (2002, p. 1243), assim resume a mensagem do texto:
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Se a sua mensagem não atinge, por vezes, horizonte tão vasto como o
daqueles, isso se deve, em grande parte, ao fato de a época não oferecer
mais dados de si própria. Ao lermos esta obra temos a impressão de
que a Palavra de Deus se torna pequenina, que ela se adapta às míseras
circunstâncias de seu povo. Como se ela não tivesse nada de novo e
importante a dizer, limitando-se a recordar a pregação do Deuteronômio
ou a dos antigos profetas.
Abdias
Pouco se sabe sobre o texto do profeta Abdias e muito se discute sobre os 21
versículos a ele atribuídos. As controvérsias passam pela relação com Jeremias 49,
pois muitos estudiosos sustentam que Abdias copiou Jeremias. Porém há quem, ao
discutir a autoria desse capítulo de Jeremias, defenda que o texto original seja o de
Abdias. E há ainda os que defendem que ambos os textos dependem do oráculo
contra Edom que era transmitido oralmente, no qual se denunciava, sobretudo, o
orgulho desse país.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade, faça uma pesquisa
sobre os profetas bíblicos chamados de “Doze Profetas Menores” e veja os motivos
dessa nomenclatura.
Para aprofundar seus estudos sobre os profetas, confira as sugestões abaixo:
Profetismo em Israel: O Profeta, Os Profetas
SICRE, José Luis. Profetismo em Israel: o profeta, os profetas. A mensagem. Petró-
polis: Vozes, 2002.
Introducción al Profetismo Bíblico
SICRE, José Luis. Introducción al profetismo bíblico. Estella (Navarra), Espanha:
Editorial Verbo Divino, 2011.
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Referências
BALANCIN, Euclides Martins. História do Povo de Deus. 2ª ed. São Paulo:
Paulinas, 1989.
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