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P. Gomes J. W. Marangon Lima M. Th. Schilling
ONS EFEI UFF
PALAVRAS-CHAVE: blecaute; operação; segurança; Estados afetados: Embora este número não
distúrbio; recomposição; sistema elétrico brasileiro. identifique de forma precisa a extensão do
distúrbio em termos de área geográfica, o seu
efeito político é importante porque ele registra o
1.0 – INTRODUÇÃO número de unidades da federação afetadas;
A crescente competição no setor elétrico tem sido Carga cortada: Este indicador está diretamente
o objetivo das recentes reestruturações em vários associado aos consumidores, visto que a falta de
países. A criação do mercado de energia elétrica energia é a maior preocupação para eles. Se
coloca consumidores e produtores frente a frente para maiores informações são fornecidas sobre os tipos
negociar preço e quantidade. Entretanto, os segmentos de consumidores cortados e também a duração da
monopolístas da transmissão e distribuição ainda interrupção, é possível mensurar economicamente
carecem de uma operação centralizada, devido às o malefício causado pelo distúrbio;
suas características físicas.
Tempo de recomposição: A duração do distúrbio
Com o redesenho do setor, onde há uma demanda é um dado importante em termos econômicos.
por uma maior flexibilização na operação do sistema Além disto, é uma indicação importante para
interligado, a ocorrência de eventos como os blecautes tomada de ações relacionada com a melhoria dos
tende a aumentar. O estudo de suas causas e o procedimentos de recomposição do sistema;
estabelecimento de ações para mitigar os seus efeitos
no sistema são preocupações inerentes do governo, do Severidade: É um indicador clássico para avaliar
ONS e do órgão regulador. O estabelecimento de distúrbios, adotado em diversos países. É dado
auditorias, punições (multas) e perda de concessão pela divisão da energia não servida em MWh, por
• Principais Lições: (i) os cortes de carga pelos • Principais Lições: (i) necessidade de modificar
ERACs podem provocar desligamentos em arranjos físicos de SEs e nos sistemas de
circuitos devido às sobretensões; (ii) os ajustes comando, proteção e controle; (ii) maior
dos ERACs devem ser dinâmico, devido à planejamento da manutenção para evitar a
variação da carga no sistema; (iii) ajustes dos exposição do sistema a riscos elevados de
ECEs devem ser mais seletivos. blecautes; (iii) melhorar os sistemas de
informação principalmente devido ao novo
5.4 Blecaute de 26.03.96 (09:18 h) ambiente do setor; (iv) necessidade de modernizar
os centros de controle; (v) necessidade de
• Sumário: A partir de uma manobra incorreta de implantação de esquemas de proteção para
chave seccionadora da Usina de Furnas, houve a contingências múltiplas, mesmo com
atuação acidental, decorrente de falha humana, da probabilidades reduzidas de ocorrências; (vi)
proteção diferencial daquele barramento, necessidade de reavaliação constante dos ECEs;
provocando o seu desligamento total. O (vii) melhoria dos dispositivos de análise de
desligamento provocou a saída simultânea de 7 perturbações.
linhas de transmissão de 345 kV, que por sua vez
ocasionou o desligamento de linhas que interligam 5.6 Blecaute de 16.05.99 (18:05 h)
as usinas do rio Grande e Paranaíba, incluindo o
transformador de Água Vermelha. A saída destes • Sumário: Durante a realização de manobras na SE
elementos separou do sistema interligado toda a Itumbiara para normalização da LT Itumbiara- P.
malha de suprimento aos estados de Minas Colômbia, que se encontrava isolada após
Gerais, Goiás e Brasília. A carga interrompida manutenção, a proteção diferencial de barra atuou
atingiu o montante de 5804 MW. ocasionando o desligamento de todos os circuitos
ligados a esta SE. Este desligamento provocou a
• Principais Lições: (i) reconhecida a importância da interrupção de 785 MW de potência que era
adição de mecanismos adicionais de proteção que escoada para a área Goiás-Brasília, incluindo
impeçam a atuação acidental da proteção Mato Grosso e Tocantins. Esta interrupção
diferencial de barras, mesmo com atuação errônea provocou o colapso no abastecimento destas
de seccionadoras; (ii) investir em reforços nas regiões.
redes de 500 e 440 kV para dar mais flexibilidade
operativa; (iii) melhorar monitoramento do sistema • Principais Lições: (i) necessidade de rever ajustes
para identificação de ilhamentos; (iv) formação e de proteções para evitar atuações indevidas
capacitação de equipes de operação e durante perturbações; (ii) aumentar as precauções
manutensão. quando da re-inserção no sistema de elementos
que estejam em manutenção.
• A opção pela otimização energética tem sido • Reavaliar as proteções de sobretensões das
prioritária algumas vezes, em detrimento da linhas de transmissão para aumentar a
segurança operativa. agilidade no processo de recomposição.
Em função das incertezas e da quantidade de [6] Fontoura Filho R.N., Schilling M. Th., Silveira M.A.N.,
estados operativos a serem analisados, os estudos de Soares N.H.M., Marangon Lima J.W., Mello J.C.O.,
planejamento normalmente não conseguem vislumbrar Planejamento do Sistema de Transmissão com Base
em Critérios Probabilísticos no Novo Contexto
as várias situações que podem ocasionar um blecaute. Institucional do Setor Elétrico Brasileiro, XV SNPTEE,
Contingências múltiplas não conseguem ser simuladas Grupo VII, GPL/02, Foz do Iguaçú, 17-22.Outubro 1999.
em função do número excessivo de casos.
[7] Gomes P.,Schilling M. Th., Marangon Lima J. W., Costa B.
Aspectos econômicos e financeiros, G., Novos Indicadores para o Monitoramento da
relacionados com as novas exigências que vêm se Qualidade da Frequência e Tensão de Energia
impondo às empresas de energia elétrica, poderão vir Elétrica, ELETROEVOLUÇÃO, CIGRÉ-BRASIL, no. 10,
a criar pressões para que estas passem a privilegiar pp. 50-53, Dezembro, 1997.
políticas de operação que promovam um maior retorno [8] Lefévre M.A.P., Silveira J.R., Blecautes: causas,
financeiro, que nem sempre corresponderia a uma impactos e medidas que podem evitá-los, Eletricidade
maior segurança operativa. Este novo ambiente Moderna, Nov 1996, pp.80-91.
contrasta com o tradicional no qual, após estabelecer
uma estratégia segura de operação, buscava-se a [9] Schilling M.Th., Gomes P., An Approach to Bulk Power
minimização dos custos. System Performance Assessment, Electric Power
Systems Research, Vol. 32, no. 2, pp. 145-151, 1995.
É inquestionável que os blecautes causam
[10] Vieira Filho X., Couri J.J.G., Gomes P., Baptista O.L.L.,
desconforto e prejuízos a uma nação além de serem Garcia A., A Experiência em Grandes Perturbações –
psicologicamente ruins para os cidadãos. Aflora, após Problemas Operacionais e Soluções Encontradas, IX
um blecaute, um sentimento de fragilidade e SNPTEE, 1987.
desconfiança no governo e meios básicos de
produção. A análise destas perturbações no sistema PERFIL DOS AUTORES
elétrico, associada à recomendação de medidas para
eliminá-las ou minimizá-las, é de suma importância, ENG PAULO GOMES formou-se pela UERJ em 1973, em
principalmente em momentos de reestruturação do Engenharia Elétrica, M.Sc. (1970) pela EFEI e está
setor elétrico brasileiro e de outros países. Apreender prestes a completar os requisitos para a obtenção do
com os erros e incorporar os ensinamentos para evitar D.Sc. (2001), pela EFEI. Trabalhou na Eletrobrás e
novas ocorrências são as ações que devem ser atualmente é Gerente do ONS (pgomes@ons.org.br).
perseguidas.
PROF. JOSÉ WANDERLEY MARANGON LIMA formou-se pelo
IME em 1979, em Engenharia Elétrica, M.Sc. pela EFEI
AGRADECIMENTOS: Registra-se o apoio do CNPq e do em 1990, D.Sc. pela COPPE/UFRJ em 1994. Foi
projeto 0626/96-SAGE, FINEP/RECOPE. Engenheiro da Eletrobrás, Assessor da Diretoria da
ANEEL e atualmente é Professor Titular da EFEI e
Coordenador do CESE (marangon@iee.efei.br).
9.0 - REFERÊNCIAS
PROF. MARCUS THEODOR SCHILLING formou-se pela
PUC/RJ em 1974, em Engenharia Elétrica, M.Sc. e
[1] Gomes P., Segurança Operativa dos Sistemas Elétricos
D.Sc. (1979, 1985) pela COPPE/UFRJ. Trabalhou em
em Ambiente Competitivo, Tese de D.Sc. (em Furnas, Eletrobrás, Universität Dortmund (Alemanha),
elaboração), EFEI, Itajubá, prev. 2001. Ontario Hydro (Canadá), PUC/RJ e CEPEL. Foi Chefe
da Divisão de Estudos Elétricos (DOEL) da Eletrobrás.
[2] Bianco A., Dornellas C.R.R, Martins N., Wey A., Pilotto Atualmente é Professor Titular da UFF
L.A.S., Mello J.C.O., Schilling M. Th., Almeida P.C., (schilling@ic.uff.br).
Power System Nodal Risk Assessment: Concepts and
Applications, VII SEPOPE, Curitiba, 21-26/05, 2000.