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AS MACRORREGRAS:
• As macroestruturas de um texto são obtidas ao se aplicar as macrorregras a uma série de proposições. Vejamos a quatro principais
macrorregras:
• I. OMITIR
• II . SELECIONAR
• III . GENERALIZAR
• IV . CONSTRUIR ou INTEGRAR
• Estas 4 macrorregras devem cumprir o principio denominado implicação semântica (entailment).
• Ou seja, cada macroestrutura, obtida mediante as macrorregras, deve estar implicada semanticamente em seu conjunto pela
série de proposições às que se aplicam a regra. Desta forma uma macroestrutura deve resultar, quanto ao conteúdo, da
microestrutura (ou de outra macroestrutura inferior).
• Além disso, como já vimos, cada macroestrutura deve obedecer às condições de coesão/coerência normais para series de
proposições. Disto resulta, dentre outras coisas, que nunca podemos omitir uma proposição por uma pressuposição para uma outra
proposição de mesmo macronível, pois por isso o nível já não seria completamente interpretável, haveria uma lacuna irrecuperável.
• 1ª MACRORREGRA: OMITIR
• É a mais simples de todas e significa que toda informação de pouca importância e não essencial pode ser omitida.
• Segundo o esquema (37) (i) significa que quando temos uma série de proposições [α, β, γ ] podemos simplesmente eliminar γ e se
as outras duas proposições não têm uma função anterior no texto, por exemplo ser pressuposto para as proposições seguinte.
Vejamos um exemplo: Passou uma moça de vestido amarelo, esta oração contém as seguintes proposições:
• (38) exemplo
• (i) Passou uma moça.
• (ii) Vestia um vestido.
• (iii) O vestido era amarelo.
• Segundo a regra I (OMITIR) esta oração pode reduzir-se a:
• (39) (i) Passou uma moça./ (ii) Vestia um vestido.
• E, finalmente a:
• (40) Passou uma moça.
• Para a interpretação do texto restante não é necessário saber que a moça usava um vestido e tampouco a cor do vestido. Este é o
tipo de informação considerada não importante em relação ao texto inteiro. Isto não significa que a informação em si não seja
importante, mas que ao final se revela secundária para o significado ou para a interpretação em um nível mais global. Mais tarde
veremos que estas proposições secundárias realmente são esquecidas tão logo se inicia a elaboração cognitiva.
• As proposições omitidas são não essenciais no sentido de que as características que elas assinalam nas proposições são casuais e
não inerentes. O fato de que vestia um vestido não é parte do conceito esencial de ver uma moça, tampouco pode se considerar
característica essencial de um vestido o fato de ser amarelo. Assim que aplicamos a regra I perdemos por completo uma parte da
informação; a regra não pode ser aplicada de forma inversa para se obter de volta os mesmos detalhes.
2ª MACRORREGRA: SELECIONAR
• Não obstante, na 2ª regra, SELECIONAR , poderemos reconstruir inversamente a informação omitida (quando aplicada a
macrorregra I).Também neste caso se omite certa quantidade de informação segundo (37), mas neste caso, a relação entre as séries
de proposições se dá muito mais claramente.
• (41)
• (i) Pedro foi até seu carro.
• (ii) Entrou.
• (iii) Chegou a Frankfurt
• De acordo com a regra II, podemos omitir as proposições 41 (i) e 41(ii), pois são condições, parte integrante ou consequências de
outra proposição não omitida em 41(iii).
• Devido ao nosso conhecimento geral sobre transporte e automobilismo sabemos que para ir de carro a algum lugar temos de ir
até onde o carro está e entrar nele.
• Da mesma forma podemos omitir também a proposição “Chegou a Frankfurt”, pois é evidente que se alguém viaja, chega a algum
lugar. Se este não fosse o caso, não poderíamos omitir essa informação, e a proposição (mas nunca chegou) teria, obviamente, uma
importância semântica para todo o texto, por exemplo, em uma parte sobre um acidente de automóvel que aconteceu com Pedro em
seu camino a Frankfurt.
• Portanto, a regra II exige que a proposição β implique a série anterior (α e γ), a raiz de conhecimentos gerais sobre situações,
atuações e sucessos (marcos), ou devido a postulados semânticos para conceitos.
• Contrariamente à regra I, a informação omitida pode recuperar-se reduzida (recoverable): se possuímos a informação de que
alguém viajou de carro a Frankfurt, podemos deduzir que esta pessoa caminhou até onde o carro está estacionado, entrou nele e
partiu. Uma parte desta informação é constitutiva para o conceito ou marco aludido, outras informações, no entanto, não são
essenciais em circunstancias normais, por ex. Que antes de partir tenha feito uma faxina ou tenha feito uma reserva de bilhetes (se
tivesse viajado de trem.)
3ª MACRORREGRA: GENERALIZAR
• Também omite informações essenciais, mas não o faz de modo que se percam (como na regra I). Se omitem componentes
essenciais de um conceito ao substituir uma proposição por outra nova, segundo o esquema 37 (ii):
• (42)
• (i) Havia uma boneca no chão.
• (ii) Havia um trenzinho de madeira no chão.
• (iii) Havia legos no chão.
• Estas proposições podem ser substituídas por: (43) Havia brinquedos no chão.
• Como todas as proposições de (42) implicam conceitualmente (43), uma série de conceitos são substituídos por um superconceito
(hiperônimo) que define o conjunto abarcado. As palavras “canario, gato, cachorro, etc” podem ser substituídas segundo esta regra
pelo conceito de “animal doméstico” – “pet”.
• A diferença da 3ª regra em relação à 1ª consiste em que na 3ª se omitem características constitutivas (essenciais) típicas dos
referentes, e não características casuais. Nas generalizações deste tipo se produz também aquilo que normalmente chamamos de
ABSTRAÇÃO. O sentido desta operação se assenta no fato de que os traços típicos mais peculiares de uma série de objetos se
tornam relativamente pouco importantes no MACRONÍVEL.
• A regra não se limita apenas às predicações que em uma língua se expressam por meio de substantivos (canários, gatos,
cachorros, etc.), mas, sobretudo, se refere às que se expressam mediante verbos e adjetivos. As predicações como “prometer,
recomendar, tranquilizar” podem abstrair-se por exemplo, com “dizer”.