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Linguagem e letramento e m fo c o
Os falantes e as línguas:
multilingüismo e ensino
Eduardo Guimarães
Doutor em Letras pela USP. Professor Titular de Semântica
do Departamento de Lingüística do IEL/Unicamp
© Cefiel/IEL/Unicamp
É proibida a reprodução desta obra sem a prévia autorização dos detentores dos direitos.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Presidente: LUIS INÁCIO LULA DA SILVA
Ministro da Educação: FERNANDO HADDAD
Secretário de Educação Básica: FRANCISCO DAS CHAGAS FERNANDES
Diretora do Departamento de Políticas da Educação
Infantil e Ensino Fundamental: JEANETE BEAUCHAMP
Coordenadora Geral de Política de Formação: ROBERTA DE OLIVEIRA
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Sumário
Introdução / 5
1. Formação do espaço de enunciação brasileiro/ 7
Atividade 1-A / 10
Atividade 1-B / 14
2. O português no/do Brasil / 16
Atividade 2 / 18
3. O português enquanto língua nacional / 25
Atividade 3 / 26
4. Espaço de enunciação: línguas e falantes / 28
Atividade 4 / 29
5. Diversidade das línguas / 32
Atividade 5 / 33
5-A. Distribuição das línguas no/do Brasil / 33
Atividade 5-A / 34
5-B. Diversidade lingüística / 36
Atividade 5-B / 38
6. Sobreposição das línguas – Efeito no ensino / 41
Atividade 6 / 42
7. Texto e espaço de enunciação / 44
Atividade 7 / 46
Bibliografia / 48
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Introdução
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1. Formação do espaço
de enunciação brasileiro
1
O fascículo Multilingüismo: divisões da língua e ensino no Brasil, da coleção “Linguagem
e Letramento em Foco”, será, aqui, chamado de “fascículo teórico”.
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Primeiro período
Segundo período
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Terceiro período
Quarto período
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■ Atividade 1-A
Texto 1
Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha
“Senhor,
posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães
escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que
se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha
conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que – para o bem
contar e falar – o saiba pior que todos fazer!
Todavia tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual bem
certo creia que, para aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do
que aquilo que vi e me pareceu.
Da marinhagem e das singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa
Alteza – porque o não saberei fazer – e os pilotos devem ter este cuidado.
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em terra a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou a ir-
se para lá, acudiram pela praia homens aos dois e aos três, de maneira que,
quando o batel chegou à boca do rio, já lá estavam dezoito ou vinte.
Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas.
Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção
ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os
depuseram. Mas não pôde deles haver fala nem entendimento que aprovei-
tasse, por o mar quebrar na costa. Somente arremessou-lhe um barrete ver-
melho e uma carapuça de linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto.
E um deles lhe arremessou um sombreiro de penas de ave, compridas, com
uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de papagaio. E outro lhe
deu um ramal grande de continhas brancas, miúdas que querem parecer de
aljôfar, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza. E com isto
se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa
do mar.”
In http://www.cce.ufsc.br/~nupill/
literatura/carta.html. Acesso em 16/4/2007.
Texto 2
Iracema (Capítulo VII)
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resto da noite a seu lado. As emoções recentes, que agitaram sua alma, a
abriram ainda mais à doce afeição, que iam filtrando nela os olhos do
estrangeiro.
Desejava abrigá-lo contra todo o perigo, recolhê-lo em si como em um
asilo impenetrável. Acompanhando o pensamento, seus braços cingiam a
cabeça do guerreiro, e a apertavam ao seio.
Mas, quando passou a alegria de o ver salvo dos perigos da noite,
entrou-a mais viva inquietação, com a lembrança dos novos perigos que iam
surgir.
— O amor de Iracema é como o vento dos areais; mata a flor das arvo-
res: suspirou a virgem.
E afastou-se lentamente.”
Alencar, José. Iracema.
São Paulo: Clube do Livro, 1980.
■ Atividade 1-B
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2
Para saber mais sobre esses modos de funcionamento das línguas, consulte o site
http://www.labeurb.unicamp.br/elb/.
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■ Atividade 2
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TEXTO 1
Uma língua deve-se entender por não apenas em sua língua materna,
um código, culturalmente herdado, um mas também na língua do país de ori-
valor social, algo coletivo e uniforme, gem da escola. Para tal, professores
uma estrutura organizada que tem seus destes países têm a tarefa de realizar a
limites e é adquirida inconscientemente alfabetização na língua estrangeira e
pelo indivíduo imerso numa comunida- professores do país ensinam a língua
de social. materna.
Quando isto não ocorre de forma Esse sistema é especialmente
inconsciente, o aprendizado deve se importante para crianças que passam
dar consciente e sistematicamente, alguns anos em países diferentes de
como ocorre no ensino de uma língua seu país de origem, pois, neste caso,
estrangeira. quando a criança retornar à sua pátria,
Com a globalização, as fronteiras ela poderá dar continuidade aos estu-
têm sido cada vez menores, portanto dos sem grandes interrupções. E esta
há a necessidade de se conhecer ou- mesma porta está aberta a todos os
tras línguas e outras culturas para alunos, ou seja, qualquer criança pode
poder interagir com outros povos, que ser alfabetizada em duas línguas,
já não estão mais tão distantes. desde que alguns critérios sejam
Quem reside na cidade de São observados.
Paulo tem um interesse ainda maior em Quanto mais cedo melhor. Sabe-se
aprender um idioma estrangeiro, pois que uma segunda língua é mais facil-
aqui existe a maior concentração de mente aprendida durante a infância,
multinacionais do país. pois o cérebro ainda está em formação.
Procurando uma maior eficiência e O indivíduo com proficiência em um idi-
facilitação no ensino de línguas estran- oma não precisa traduzir de seu idioma
geiras, há uma grande quantidade de materno para o idioma estrangeiro para
escolas “internacionais”, nas quais os poder falar, ou seja, não precisa traduzir
alunos geralmente são alfabetizados da língua com que pensa para a língua
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com que quer falar, pois o uso desta depois de um ano, em média, as crian-
segunda língua já está automatizado. ças são instruídas apenas sobre as
É justamente essa automatização diferenças de uma língua para a outra
que as escolas bilíngües buscam no no que se refere às relações grafe-
uso da segunda língua. Tais escolas ma–fonema (letra–som).
objetivam que a língua estrangeira este- Mas há alguns cuidados a serem
ja tão automatizada quanto a língua tomados. Alunos com sinais claros de
materna. Além disso, aprendendo um dislexia devem receber uma atenção
idioma, faz parte do “pacote” todo um maior. Crianças com outros distúrbios
universo cultural, que quanto mais cedo de aprendizagem também devem rece-
se conhece, mais fácil fica interagir com ber atenção redobrada. Mas as grandes
as pessoas que trafegam nesta cultura. escolas bilíngües costumam ter profis-
A alfabetização bilíngüe pode se sionais especializados para detectar
dar de modo simultâneo ou seqüencial. estes casos e prestar a assessoria
Na simultânea, como o próprio nome já necessária.
diz, se dá simultaneamente nas duas
línguas. Na seqüencial, a alfabetização, Folha de S.Paulo, 12/4/2005.
inicialmente, se dá em uma língua e,
TEXTO 2
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TEXTO 3
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■ Atividade 3
Texto
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ras dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país,
os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se enten-
dem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas
polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma – usando
do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso
Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasi-
leiro. O suplicante, deixando de parte os argumentos históricos que militam
em favor de sua idéia, pede vênia para lembrar que a língua é a mais alta
manifestação da inteligência de um povo, é a sua criação mais viva e origi-
nal; e, portanto, a emancipação política do país requer como complemento
e conseqüência a sua emancipação idiomática. Demais, Senhores
Congressistas, o tupi-guarani, língua originalíssima, aglutinante, é verdade,
mas a que o polissintetismo dá múltiplas feições de riqueza, é a única capaz
de traduzir as nossas belezas, de pôr-nos em relação com a nossa natureza
e adaptar-se perfeitamente aos nossos órgãos vocais e cerebrais, por ser cri-
ação de povos que aqui viveram e ainda vivem, portanto possuidores da orga-
nização fisiológica e psicológica para que tendemos, evitando-se dessa forma
as estéreis controvérsias gramaticais, oriundas de uma difícil adaptação de
uma língua de outra região à nossa organização cerebral e ao nosso apare-
lho vocal – controvérsias que tanto empecem o progresso da nossa cultura
literária, científica e filosófica. Seguro de que a sabedoria dos legisladores
saberá encontrar meios para realizar semelhante medida e cônscio de que a
Câmara e o Senado pesarão o seu alcance e utilidade P. e E. deferimento’.
Assinado e devidamente estampilhado, este requerimento do major foi
durante dias assunto de todas as palestras. Publicado em todos os jornais,
com comentários facetos, não havia quem não fizesse uma pilhéria sobre
ele, quem não ensaiasse um espírito à custa da lembrança de Quaresma.
Não ficaram nisso; a curiosidade malsã quis mais.”
In http://www.odialetico.hpg.ig.com.br/literatura/tristefim.htm.
Acesso em 17/10/2006.
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4. Espaço de enunciação:
línguas e falantes
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■ Atividade 4
Samba do approach
Zeca Baleiro
Eu tenho savoir-faire
meu temperamento é light
minha casa é hi-tech
toda hora rola um insight
já fui fã do Jethro Tull
hoje me amarro no Slash
minha vida agora é cool
meu passado é que foi trash
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Eu tenho sex-appeal
saca só meu background
veloz como Damon Hill
tenaz como Fittipaldi
não dispenso um happy end
quero jogar no dream team
de dia um macho man
e de noite uma drag queen
3
Falante no sentido em que aparece nos itens “Língua e espaço de enunciação” e “A diver-
sidade do português do Brasil”, do fascículo teórico (páginas 8 e seguintes e 19 e seguin-
tes, respectivamente).
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RR AP
AM
PA
AMAZÔNICO
MA CE
RN
NORDESTINO PB
PI PE
AC AL
RO SE
INCARACTERÍSTICO TO
BA
BAIANO
MT
GO MG
MS
MINEIRO
ES
SULISTA FLUMINENSE
SP
RJ
PR
SC
RS
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REGISTRO FORMAL
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REGISTROS COLOQUIAIS DE PESSOAS ESCOLARIZADAS
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REGISTROS COLOQUIAIS DE PESSOAS NÃO-ESCOLARIZADAS
■ Atividade 5-A
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Carta ao Tom
Toquinho
Boladona
Tati Quebra-Barraco
Na madruga boladona,
sentada na esquina.
Esperando tu passar
altas horas da matina
Com o esquema todo armado,
esperando tu chegar
pra balançar o seu coreto
pra você de mim lembrar
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Boladona...
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Bibliografia
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