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“O que sou eu? Uma substância que pensa. O que é uma substância que
pensa? É uma coisa que duvida; que concebe; que afirma; que nega; que
quer; que não quer; que imagina e que sente.”
Descartes
1 – INTRODUÇÃO
O ser humano vive desde seus primórdios vive uma busca incessante por compreender a si
mesmo e o mundo a sua volta. Tanto que a preocupação inicial da filosofia era a origem e ordem
do mundo (kósmos). Pouco a pouco passou a indagar o que era o cosmos, qual o princípio
eterno que o ordenava e que o mantinha estável mesmo com todas as mudanças.
Dessa inquietação nasceu a Teoria do conhecimento. A teoria do conhecimento se
interessa pela investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as questões
principais que ela tenta responder estão as seguintes. O que é o conhecimento? Qual o
fundamento do conhecimento? Como nós o alcançamos? É possível ter conhecimento
verdadeiro? Podemos conseguir meios para defendê-lo contra o desafio cético?
Sendo assim, a teoria do conhecimento investiga as origens, as possibilidades, os
fundamentos a extensão e o valor do conhecimento.
2.2 – REALISMO
O Realismo considera que o objeto determina o conhecimento e que as coisas seriam reais
e o sujeito as conhece tal como são, pois a realidade é tal como é, independente, portanto, do
sujeito que a observa.
O termo Realismo no sentido epistemológico considera que o objeto determina o
conhecimento e que as coisas seriam reais e o sujeito as conhece tal como são, pois a realidade
é tal como é, independente, portanto, do sujeito que a observa.
Essa perspectiva foi desenvolvida pelo filósofo alemão Immanuel Kant. O representa uma
tentativa de superar o impasse causado pelo ceticismo e o dogmatismo. Tal como o dogmatismo
defende a possibilidade de conhecimento, mas se pergunta pelas reais condições nas quais esse
conhecimento seria possível. Admite a possiblidade de conhecer, porém tal conhecimento é
limitado e ocorre sob condições específicas.
A palavra racionalismo vem do latim “ratio” que significa “razão”. O racionalismo atribui
confiança exclusiva a razão humana para conhecer a verdade. Da mesma forma combate a
experiência por entender que ela é uma fonte constante de erros e confusões sobre a complexa
realidade do mundo.
Em outras palavras, é a corrente que afirma que tudo que existe tem uma causa inteligível
(compreensível) sendo a razão, ou o pensamento, como a principal fonte do conhecimento
humano. Seu método é a dedução. Seu conhecimento só é aceito como racional se possuir em
seus juízos necessidade lógica e validade universal, sem precisar do uso da experiência.
No racionalismo, percebe-se a influencia da matemática, pois esta é um
conhecimento inteligível, puramente dedutivo e conceitual, com validade universal e necessária,
deste modo, pode-se enxergar, pois, que, a maioria dos racionalistas são matemáticos.
Para os racionalistas o conhecimento verdadeiro seria adquirido através da aplicação de
princípios lógicos por parte da razão humana. Para eles os princípios lógicos eram inatos ao ser
humano. Dessa forma, se algo podia ser explicado racionalmente, de forma lógica, então haveria
de ser verdade, mesmo sem comprovação da experiência.
Na visão racionalista o intelecto, através da razão, concatena os fatos levando-nos a uma
conclusão sobre determinado assunto, e assim se chega à validação do conhecimento. Dessa
forma, se a razão julga que um conhecimento é verdadeiro, é porque deve ser e sendo autêntico
esse conhecimento e de validade universal.
“Sabendo que nossos sentidos com frequência nos enganam, quis imaginar que nada existisse
que correspondesse ao que acreditamos. Mas, enquanto desejava considerar tudo falso, eu era
obrigado a pensar que eu, ao pensar, fosse alguma coisa. Percebi então que a verdade “penso,
logo existo” era sólida e verdadeira.”
(René Descartes)
Kant afirmava que todo conhecimento começava com a experiência, mas ela sozinha não
nos dava conhecimento. Segundo o filósofo existem no ser humano certas faculdades ou
estruturas denominadas “formas de sensibilidade e entendimento” que possibilitam a experiência
e determinam o conhecimento.
Para o filósofo a experiência fornecia a matéria do conhecimento (os seres do mundo)
enquanto a razão organizava essa matéria, ou seja, dava sua forma, de acordo com categorias
ou “conceitos básicos” existentes a priori no pensamento humano (razão).
Na visão de Kant o material do conhecimento apresentava-se desorganizado e o
pensamento, através dessas categorias, se encarregava de dar ordem às informações recebidas
relacionando os conteúdos entre si.
Sendo assim, as categorias são “formas vazias” que só podem ser preenchidas pela
“matéria do conhecimento” (o que se quer conhecer) e essas matérias, por suas vez, só podem
ser pensadas dentro das categorias. O filósofo enumera 12 categorias divididas em 4 grupos
como segue:
1. QUANTIDADE: Unidade, Pluralidade e Totalidade...
2. QUALIDADE: Realidade, Negação e Limitação...
3. RELAÇÃO: Substância, Causalidade e Comunidade...
4. MODALIDADE: Possibilidade, Existência e Necessidade...
As categorias são independentes e anteriores a experiência, ou seja, são a priori. E atuam
como “recipientes vazios” que são preenchidos com os “conteúdos” provindos da experiência.
Dessa forma, o material do conhecimento provém da experiência, mas a forma que este material
adquire está no pensamento.
Assim, o processo de compreensão da realidade ocorria à medida que o pensamento
empregava essas categorias que, por sua vez, só poderiam ser aplicadas à experiência do que
acontece no espaço e no tempo.
Na visão de Kant no processo de conhecimento o pensamento sempre era anterior à
experiência e organizava o processo de conhecimento. Por isso a teoria de conhecimento de
Kant é denominada apriorismo.
Outro conceito importante na teoria do conhecimento kantiana é o Númeno e Fenômeno. O
Númeno é a natureza última da realidade, a essência ou a “coisa em si”. É o real tal como existe
em si mesmo, de forma independente da perspectiva subjetiva do observador. O fenômeno, por
sua vez, é tudo o que se observa no espaço e no tempo e aparece em nossa mente como uma
representação do que foi observado.
O Númeno não depende do sujeito para existir. Equivale ao real absoluto independente da
percepção humana, ou seja, é a realidade objetiva. Desse modo, o Númeno é um conceito
oposto ao conceito de fenômeno, pois enquanto o primeiro é objetivo, o segundo é subjetivo.
Para Kant só o Fenómeno pode ser conhecido.
O conceito Númeno é eminentemente filosófico e faz parte da terminologia implantada por
Immanuel Kant em suas reflexões sobre o conhecimento humano. A visão de Kant deve ser
entendida como um idealismo transcendental, isto é, a consideração de que o conhecimento
pode referir-se apenas aos fenômenos e não ao que são as coisas por si só.