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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES.


PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA & ESPAÇOS.
HISTORIOGRAFIA, MÉTODOS E ESPAÇOS.
DOCENTE: RAIMUNDO ARRAIS.

Janaína Porto Sobreira1

Considerações sobre o texto: Holocaustos Coloniais – Mike Davis.

O autor considera importante elementos de uma história ambiental para entender


as ocupações imperialistas como a Índia no final do século XIX ocupada pelos ingleses.
O texto constrói uma narrativa em torno dos desastres ambientais ocasionados por
sucessivas secas no país e de como isso fortaleceu a exploração da Índia pelo capital
estrangeiro.
Davis faz uma narrativa do terceiro mundo tomando por base as consequências da
série de políticas hostis implantadas nos países sob o domínio britânico revelando a face
sombria e opressora da Inglaterra vitoriana. O texto desenvolve-se à medida que o autor
vai articulando em ordem cronológica os fenômenos ambientais intensificados pelo El
Niño. A partir disso articula ideias em torno de uma espécie de indústria da fome que
deixam marcas no país.
Vai relatando a falta de poder aquisitivo das populações atingidas para compra de
grãos nos locais atingidos pela escassez das chuvas. As inúmeras denúncias de desvio de
dinheiro do Fundo da Fome para financiamento de conflitos – guerra afegã; (p.152) O
autor também discute como as más políticas estabelecidas na índia propiciaram uma das
mais devastadoras secas na região Noroeste e Central. Organização de criação de locais
de isolamento – capelas. Os conflitos por grãos tornam-se comuns a ponto de fazer
agricultores saquearem depósitos de armazenamento. (p.154)
Ao mesmo tempo, as manchetes dos jornais internacionais sobre o estado de
calamidade da população indiana ganham mais força na medida em que denunciam a má
administração britânica no país.
Em alguns momentos pode parecer que o autor nutra uma preocupação em sua
escrita em revelar um aspecto de denúncia. Uma escrita comprometida com a análise não
só de suas fontes, mas a defesa de um ponto de vista. Quer dizer, Davis faz um retrato de

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Aluna do PPGH – UFRN.
uma Índia devastada por fatores climáticos, ecológicos mas também mostra como a
exploração inglesa intensificou esse processo e fomentou entre os camponeses a luta pela
sobrevivência, além das desigualdades no país.
Por outro lado, poderíamos constatar que por se tratar de um tema que exija muita
sensibilidade, o autor compreende o processo de ocupação da Índia colonial e revela seus
traços definidores sem abrir mão de qualquer rigor teórico metodológico. Em todo caso,
se utiliza de elementos geográficos partindo das particularidades de cada região afetada e
vai percebendo os mecanismos que se fizeram úteis para a manutenção das catástrofes no
país.

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